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Direito das Pessoas A2 - Gabriel

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
Gabriel Manges Coelho – 20191102977 
Direito das Pessoas
CABO FRIO 2020
Da Pessoa Jurídica - fichamento 
4.1 INTRODUÇÃO. CONCEITO DE PESSOA JURÍDICA. REGRAS GERAIS
“As pessoas jurídicas, também denominadas pessoas coletivas, morais, fictícias ou abstratas, podem ser conceituadas, em regra, como conjuntos de pessoas ou de bens arrecadados, que adquirem personalidade jurídica própria por uma ficção legal.” (pág. 370)
“[...] o conceito de pessoa jurídica apontado por Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, como “o grupo humano, criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica própria, para a realização de fins comuns” (Novo..., 2003, v. I, p. 191). Os doutrinadores, da nova geração de civilistas, buscam a teoria que procura justificar a existência das pessoas jurídicas, lecionando que tanto a codificação anterior quanto a atual adotaram a teoria da realidade técnica. Essa teoria constitui um somatório entre as outras duas teorias justificatórias da existência da pessoa jurídica: a teoria da ficção – de Savigny – e a teoria da realidade orgânica ou objetiva – de Gierke e Zitelman. Para a primeira teoria, as pessoas jurídicas são criadas por uma ficção legal, o que realmente procede. Entretanto, mesmo diante dessa criação legal, não se pode esquecer que a pessoa jurídica tem identidade organizacional própria, identidade essa que deve ser preservada (teoria da realidade orgânica).’’ (pág. 370/371)
“Não se pode negar que a pessoa jurídica possui vários direitos, tais como alguns relacionados com a personalidade (art. 52 do CC/2002), com o Direito das Coisas (a pessoa jurídica pode ser proprietária ou possuidora), direitos obrigacionais gerais (tendo a liberdade plena de contratar como regra geral), direitos industriais quanto às marcas e aos nomes (art. 5.º, XXIX, da CF/1988), e mesmo direitos sucessórios (a pessoa jurídica pode adquirir bens mortis causa, por sucessão testamentária).” (pág 371)
“A pessoa jurídica deve ser representada por uma pessoa natural de forma ativa ou passiva, manifestando a sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Em regra essa pessoa natural que representa a pessoa jurídica é indicada nos seus próprios estatutos. Na sua omissão a pessoa jurídica será representada por seus diretores.” (pág 373)
4.2 PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES GERAIS DA PESSOA JURÍDICA 
“4.2.1 Quanto à nacionalidade 
Pessoa jurídica nacional – é a organizada conforme a lei brasileira e que tem no Brasil a sua sede principal e os seus órgãos de administração. 
Pessoa jurídica estrangeira – é aquela formada em outro país, e que não poderá funcionar no Brasil sem autorização do Poder Executivo, interessando também ao Direito Internacional Privado. “ (pág 374)
“4.2.2 Quanto à estrutura interna
Corporação – é o conjunto de pessoas que atua com fins e objetivos próprios. São corporações as sociedades, as associações, os partidos políticos e as entidades religiosas. 
Fundação – é o conjunto de bens arrecadados com finalidade e interesse social.” pág 375)
 “4.2.3 Quanto às funções e capacidade 
Pessoa jurídica de Direito Público – é o conjunto de pessoas ou bens que visa atender a interesses públicos, sejam internos ou externos. De acordo com o art. 41 do CC/2002 são pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios, os Municípios, as autarquias e as demais entidades de caráter público criadas pela lei. Seu estudo é objetivo mais do Direito Administrativo do que do Direito Civil.” (pág 375)
4.3 DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. FIGURAS PREVISTAS NO ART. 44 DO CC
4.3.1 Das fundações particulares
“As principais características das fundações parecem ser quatro e se relacionam: a) com a finalidade; b) com a origem; c) com a estrutura; e d) com o modo de administrar. Essas características ganham relevo se as pomos em confronto com a outra espécie de pessoa jurídica de direito privado, a saber, as sociedades ou associações.”
“No que concerne à estrutura, é de se ressaltar, na fundação, o papel primacial do patrimônio. É sobre este que o instituidor, ao separar uma porção de seus bens, determinando-lhe finalidade específica, erige todo o arcabouço da fundação, diferentemente do que se passa na sociedade, onde a união moral das pessoas constitui o alicerce fundamental.”
“constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.”
“A constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no CC, art. 62, parágrafo único”
“A encerrar o estudo das fundações, tornando-se ilícita, impossível, imoral a finalidade de uma fundação; se a mesma não atender às finalidades sociais a que se destina; for impossível a sua manutenção ou vencer o prazo de sua existência poderá ocorrer a sua dissolução, efetivada pelo Ministério Público ou por qualquer interessado (art. 765 do CPC/2015).” (pág.377 a 382)
4.3.2 Das associações
“Conforme disciplina o art. 53 do CC/2002, inovação em total sintonia com o princípio da simplicidade: “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos”. As associações, pela previsão legal, são conjuntos de pessoas, com fins determinados, que não sejam lucrativos. Assim deve ser entendida a expressão “fins não econômicos”
“Como exemplos de associações, podem ser citados os clubes esportivos recreativos, típicos das cidades do interior do Brasil, e algumas entidades de classe.
No âmbito jurídico, entre as últimas, podem ser mencionados, como ilustração, o Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), a Associação dos Advogados de São Paulo (AASP) e o Instituto Brasileiro de Direito Civil (IBDCivil).”
“A associação deve sempre ser registrada, passando com o registro a ter aptidões para ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil. Como ocorre com todas as pessoas jurídicas, a associação também tem identidade distinta dos seus membros
(teoria da realidade orgânica, nos termos do art. 20 do CC/1916).”
“Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, [...] Esse último comando legal confirma a tese de que a admissão na associação é ato personalíssimo.”
“A exclusão do associado somente será admissível havendo justa causa para tanto (cláusula geral), “assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos do previsto no estatuto”. (p. 382 a 391)
4.3.3 Das sociedades
“Como foi antes exposto, a finalidade lucrativa é o que distingue uma associação de uma sociedade, ambas constituindo espécies de corporação (conjunto de pessoas).”
“Sociedades empresárias – são as que visam a uma finalidade lucrativa, mediante exercício de atividade empresária [...] O Código Civil anterior denominava tais sociedades como sociedades comerciais ou mercantis.”
“Sociedades simples – são as que visam, também, a um fim econômico (lucro), mediante exercício de atividade não empresária [...] As sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas juntas comerciais”
“Havendo previsão contratual, é possível aos sócios deliberar a exclusão de sócio por justa causa, pela via extrajudicial, cabendo ao contrato disciplinar o procedimento de exclusão, assegurado o direito de defesa, por aplicação analógica do art. 1.085; b) As deliberações sociais poderão ser convocadas pela iniciativa de sócios que representem 1/5 (um quinto) do capital social, na omissão do contrato. A mesma regra aplica-se na hipótese de criação, pelo contrato, de outros órgãos de deliberação colegiada”. (pág.391 a 393)
4.3.4 Das organizações religiosas e dos partidos políticos. Corporações sui generis
“Conforme foi comentado, a Lei 10.825, de 22 de dezembro de2003, alterou a redação do art. 44 do CC, que passou a tratar, nos seus incisos IV e V, das organizações religiosas e dos partidos políticos.”
“Inicialmente, observa-se que o dispositivo legal em questão dá tratamento diferenciado aos partidos políticos e às entidades religiosas, não sendo previstos como espécies de associação como dantes. Essa alteração, a nosso ver, tem conotação política, para afastar que tais entidades tenham que se adaptar às regras previstas no Código Civil de 2002 quanto às associações, tidas por muitos como complexas e burocráticas.”
“De volta às entidades religiosas e partidos políticos, analisando friamente o intuito do legislador, repise-se que há, na modificação do dispositivo, razões políticas, não podendo tais entidades ser tratadas mais como associações, motivo pelo qual este autor opta pela expressão corporações “sui generis” ou especiais.”
“A alteração promovida pela Lei 10.825/2003 traz também outras regras, prescrevendo que o Poder Público não pode impedir o funcionamento das entidades religiosas, bem como o seu registro, diante da liberdade de associação religiosa constante da Constituição Federal [...]”
“Quanto aos partidos políticos, serão eles regidos por lei específica, que no caso é a Lei 9.096/1995, norma regulamentadora dos arts. 14, § 3.º, inc. V, e 17 da CF/1988.”
“Em suma, nota-se que a questão da autonomia de tais pessoas jurídicas está em debate no Direito Civil Brasileiro.” (pág.393 a 396)
4.3.5 Das Empresas Individuais de Sociedade Limitada (EIRELI)
“Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no País [...]” 
“A nova categoria foi instituída visando à diminuição de burocracia para a constituição de empresas em nosso país. O tema, mais uma vez, interessa mais ao
Direito Empresarial do que ao Direito Civil, sendo objeto da primeira matéria ou disciplina. “De qualquer maneira, cumpre fazer uma breve anotação na presente obra, com relevância metodológica ao estudo da Parte Geral do Código Civil.”
“Deve ficar claro que essa natureza diferenciada não veda a subsunção de regras fundamentais previstas para as pessoas jurídicas, caso da desconsideração da personalidade jurídica, que ainda será estudada. Anote-se que a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica da EIRELI foi reconhecida por enunciado aprovado [...]”
“Com certeza, nos anos sucessivos de vigência da inserção legislativa, outras dúvidas e esclarecimentos surgirão a respeito da nova modalidade de pessoa jurídica, que será amplamente debatida e aplicada pela comunidade jurídica nacional” (pág.396 a 398)
4.4 REGRAS DE DIREITO INTERTEMPORAL QUANTO ÀS PESSOAS JURÍDICAS
 “As regras de direito intertemporal são aquelas que têm o escopo de sanar eventuais conflitos surgidos pela edição de uma lei nova, como é o caso da atual codificação privativa. No Código Civil de 2002 estão previstas entre os seus arts. 2.028 a 2.046. ” (pág.398) 
“As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, teriam o prazo de dois anos para se adaptarem às disposições do Código Civil de 2002, a partir de sua vigência. ” (pág.398)
“Conforme a Medida Provisória 79, de novembro de 2002, o art. 2.031 do CC não alcança as entidades desportivas.” (pág.398)
“Em 28 de junho de 2005, entrou em vigor a Lei 11.127/2005, que alterou mais uma vez o art. 2.031 do Código Civil em vigor para prever que “As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, bem como os empresários deverão se adaptar às disposições desse Código até 11 de janeiro de 2007”(destacamos). Observa-se que não há mais referência à data de 11.01.2006.” (pág.399)
“O art. 2.032 do CC/2002 que “As fundações, instituídas segundo a legislação anterior, inclusive as de fins diversos dos previstos no parágrafo único do art. 62, subordinam-se, quanto ao seu funcionamento, ao disposto neste Código” (pág.399)
“Para as dissoluções parciais de sociedade, continuam merecendo aplicação, eventualmente, as regras do Decreto 3.708/1919 (Sociedades por quotas de responsabilidade limitada), da Lei 6.404/1976 (Lei das S.A.) e do Código Comercial de 1850. “ (pág.400)
4.5 DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS
“A pessoa jurídica, assim como a pessoa natural, também tem domicílio, que é a sua sede jurídica, local em que responderá pelos direitos e deveres assumidos. Essa é a regra que pode ser retirada do art. 75 do Código Civil.” (pág.400)
“Os Municípios têm domicílio no lugar onde funciona a sua administração. Já a pessoa jurídica de Direito Privado tem domicílio no lugar onde funcionam as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos.” (pág.400)
“se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder (art. 75, § 2.º, do CC).” (pág.400)
4.6 EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA E DESTINAÇÃO DOS BENS
“No que concerne ao término da existência da pessoa jurídica, interessante dividir o estudo quanto às corporações e fundações. ” (pág. 401) 
“Como bem ensina Maria Helena Diniz, é primaz notar que a extinção da pessoa jurídica não se opera de modo instantâneo. Qualquer que seja o fator extintivo, tem-se o fim da entidade...” (pág.401)
“No caso de dissolução de uma associação, seus bens arrecadados serão destinados para entidades também de fins não lucrativos, conforme previsto nos estatutos (art. 61 do CC/2002).” (pág. 402)
“Não existindo no Município, Estado, Distrito Federal ou Território em que a associação dissolvida tiver sede outra entidade com fins não econômicos, os bens remanescentes deverão ser devolvidos à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União (art. 61, § 2.º, do CC).” (pág. 402)
4.7 DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
“Como visto, pelo seu conceito, a pessoa jurídica é capaz de direitos e deveres a ordem civil” (pág. 402)
“[...] em relação à desconsideração da personalidade jurídica, a doutrina aponta a existência de duas grandes teorias: a teoria maior e a teoria menor.” (pág. 406)
“Em suma, constata-se que a divisão entre a teoria maior e a menor consolidou-se na civilística nacional, mesmo com críticas formuladas pelo próprio Fábio Ulhoa Coelho, um dos seus principais precursores.” (pág. 408)
“Em suplemento, a aplicação da teoria menor é mais eficiente para a defesa dos interesses dos consumidores.” (pág. 409)
“Sobre o tema, mencione-se o belo e pioneiro trabalho de Rolf Madaleno que trata da teoria da disregard no Direito de Família” (pág. 410)
“Em resumo, não se pode esquecer que, para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, especialmente pela teoria maior, devem ser utilizados os parâmetros constantes do art. 187 do CC/2002, que conceitua o abuso de direito como ato ilícito.” (pág. 413)
“como evolução da desconsideração da personalidade jurídica tem-se adotado a teoria da sucessão de empresas, também denominada desconsideração econômica ou indireta [...]” (pág. 414/415)
“Como se pode notar, existem peculiaridades que devem ser observadas nos processos trabalhistas para o citado incidente de desconsideração da personalidade jurídica. ” (pág. 430)
“Enuncia-se, por fim, que a instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de que trata o art. 301 do CPC/2015” (pág. 430)
4.8 - Entes ou grupos despersonalizados
''[...] são meros conjuntos de pessoas e de bens que não possuem personalidade própria ou distinta, não constituindo pessoas jurídicas[...]'' (pág. 430)
''A família, base da sociedade, é mero conjunto de pessoas não possuindo sequer legitimidade ativa ou passiva, no campo processual''(pág. 431)
''Espólio – é o conjunto de bens formado com a morte de alguém, em decorrênciada aplicação do princípio saisine (art. 1.784 do CC/2002).Possui legitimidade, devendo ser representado pelo inventariante. Entretanto, não deve ser considerado pessoa jurídica.''(pág. 431)
''[...] não deixando a pessoa sucessores, os seus bens devem ser destinados ao Poder Público, sendo certo que a massa formada pela morte do de cujus em casos tais também não pode ser tido como pessoa jurídica.''(pág. 431)
''Massa falida – é o conjunto de bens formado com a decretação de falênciade uma pessoa jurídica. Não constitui pessoa jurídica, mas mera arrecadação de coisas e direitos.''(pág. 431)
''Sociedade de fato – são os grupos despersonalizados presentes nos casos envolvendo empresas que não possuem sequer constituição (estatuto ou contrato social), bem como a união de pessoas impedidas de casar, nos casos de concubinato, nos termos do art. 1.727 do CC/2002.''(pág.431)
''Sociedade irregular – é o ente despersonalizado constituído por empresas que possuem estatuto ou contrato social que não foi registrado, caso por exemplo de uma sociedade anônima não registrada na Junta Comercial estadual. É denominada pelo Código Civil “sociedade em comum”. Prevê o art. 986 do CC que “Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples”.(pág. 431)
''Condomínio – é o conjunto de bens em copropriedade, com tratamento específico no livro que trata do Direito das Coisas. Para muitos doutrinadores, constitui uma pessoa jurídica o condomínio edilício, o que justifica a sua inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas). Essa a conclusão a que chegaram os juristas participantes da I e III Jornadas de Direito Civil, promovidas pelo CJF e pelo STJ (Enunciados 90 e 246). Entretanto, a questão não é pacífica. Na primeira edição deste trabalho, apontamos que o condomínio edilício não seria pessoa jurídica. Isso porque não se enquadraria como corporação, não havendo união de pessoas; muito menos como fundação, já que não há uma das finalidades previstas no art. 62, parágrafo único, do CC. Entretanto, mudamos de entendimento, pois o rol do art. 44 do CC, que elenca as pessoas jurídicas de Direito Privado, é exemplificativo (numerus apertus), e não taxativo (numerus clausus). Na verdade, como o atual Código Civil adota um sistema aberto, baseado em cláusulas gerais e inspirado na teoria de Miguel Reale, não há como defender que essa relação é fechada. De qualquer modo, a questão é controvertida, implicando, por exemplo, a possibilidade de o condomínio edilício adjudicar unidades nos casos de não pagamento das cotas devidas. Para a adjudicação, deve-se reconhecer a sua personalidade jurídica. A questão está aprofundada no Volume 4 da presente coleção, que é o melhor momento, do ponto de vista metodológico, para a análise dessa intrincada questão. A propósito do reconhecimento da personalidade jurídica do condomínio edilício, recomenda-se ainda a leitura da tese de pósdoutorado defendida por Frederico Viegas de Lima na Suíça, recentemente publicada (LIMA, Frederico Henrique Viegas de. Condomínio..., 2010). Por fim, anote-se que alguns juristas preferem definir o condomínio edilício como uma quase pessoa jurídica, uma quase fundação ou uma pessoa jurídica especial.''(pág. 431/432)
4.9 - Resumo Esquemático
''Conceito de pessoa jurídica – Em regra, com exceção da EIRELI, trata-se do conjunto de pessoas ou de bens arrecadados, com existência distinta dos membros que o compõem. O atual Código Civil adota a teoria da realidade técnica que seria constituir uma conjunção da teoria da ficção e da teoria da realidade orgânica.''(pág. 433)
''Desconsideração da personalidade jurídica – prevista no art. 50 do CC (disregard of the legal entity), quebra com a regra tradicional pela qual a pessoa jurídica não se confunde com os seus membros. Assim, nos casos de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial, o sócio ou administrador que agir em abuso de direito pode ser responsabilizado.''(pág. 434)
''A desconsideração deve ser utilizada com o devido cuidado técnico. A jurisprudência, muitas vezes, estende a responsabilidade de uma empresa para outra, também em casos de abuso, teoria que é conhecida como sucessão de empresas. Na opinião deste autor, não há qualquer óbice para a desconsideração da personalidade das novas Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada (EIRELI).''(pág. 434)
''Entes ou grupos despersonalizados não constituem pessoas jurídicas'' (pág. 434)

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