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0 
 ENFERMAGEM 
EM 
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 
 
 
 
 
 
Organização 
Profª Drª Stael Silvana Bagno 
 
Colaboração 
Prof. Vagner de Lima Assis 
 
2020 
 
 
 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ETEC Dr. Demétrio Azevedo Júnior 
Disciplina: Enfermagem em Urgência e Emergência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
 
 
Material compilado a partir das bibliografias citadas ao final, e organizado para uso exclusivo em sala de aula. 
Proibida a comercialização ou reprodução do material. Todas as figuras usadas para ilustrar foram retiradas do Google 
images. 
 
Figura ilustrativa da capa extraída do site https://www.flaticon.com/free-icons/urgency-and-emergency 
 
 
 
 
 2 
 
INTRODUÇÃO 
 
Foi a partir da promulgação da Constituição Federal, em 1988, que a saúde passou 
a ser direito de todos e dever do Estado, prevendo a redução do risco de doenças e outros 
agravos e acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e 
recuperação da saúde, que devem ser garantidos por meio da adoção de políticas públicas, 
sociais e econômicas. 
A organização da rede de serviços de saúde, de forma regionalizada (local, 
municipal, regional, estadual e federal) e hierarquizada (atenção básica, atenção de média 
e alta complexidade ambulatorial e hospitalar), se deu com a implantação do Sistema 
Único de Saúde (SUS), que foi regulamentado em 19 de setembro de 1990 através da lei 
nº 8.080. 
Esta lei define o funcionamento do SUS, instituindo-o legalmente como um sistema 
dinâmico de organização contínua e crescente das ações de atenção à saúde do povo 
brasileiro. 
Fazem parte do SUS as equipes de Saúde da Família; as Unidades Básicas de Saúde 
(UBS); hospitais públicos municipais, estaduais e federais – incluindo os universitários; 
fundações e institutos de pesquisa (como Butantã, Adolfo Lutz e Vital Brasil); laboratórios; 
hemocentros (bancos de sangue); serviços de Vigilância Sanitária, Vigilância 
Epidemiológica e Vigilância Ambiental; além de hospitais e serviços privados de saúde 
contratados ou conveniados pelo Poder Público. 
 
 
 
1. POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS 
 
Historicamente, o pronto atendimento era realizado pelos municípios. Em 2003, 
quando foi instituída a política de atenção às urgências em nível nacional, diversos 
municípios já tinham serviço de urgência e emergência estruturado. 
Por exemplo, no Estado de São Paulo, no período de 1983 a 1988, foi implantada a 
Comissão de Recursos Assistenciais de Prontos-socorros (CRAPS), visando constituir um 
sistema inter-hospitalar para integrar o atendimento médico na Região Metropolitana de 
São Paulo (RMSP). 
Em 1992, com apoio do Ministério da Saúde e participação da Secretaria de Estado 
da Saúde e de todos os municípios da RMSP, foi criado um grupo de trabalho com a 
finalidade de elaborar uma proposta de regionalização e hierarquização do atendimento 
médico de urgência. Em julho de 1992 foi criado o Programa Integrado de Atendimento 
Médico de Urgência (PAMU), fundamentado no Acordo Básico Interinstitucional celebrado 
entre as três esferas de Governo Federal, Estadual e Municípios da Região Metropolitana 
(Manual do Programa Integrado de Atendimento Médico de Urgência, 1993). 
A Política Nacional de Atenção às Urgências foi instituída por meio da Portaria nº 
1.863/GM, em 29 de setembro de 2003, que rege a implantação dos serviços de 
atendimento móvel de urgências nos municípios brasileiros e da Portaria nº 2.972/GM, de 
9 de dezembro de 2008, que orienta a continuidade do Programa de Qualificação da 
Atenção Hospitalar de Urgência no Sistema Único de Saúde. 
 3 
Pode-se afirmar que os atendimentos das urgências e emergências têm como base 
quatro estratégias que devem estar interligadas, como engrenagens de um motor, que 
são: 
 
✓ Estratégias promocionais 
✓ Organização de redes assistenciais 
✓ Humanização Qualificação e educação permanente 
✓ Central de regulamentação médica de urgências 
 
A Política Nacional de Atenção às Urgências faz parte do SUS e sua organização é 
orientada pelas portarias do Ministério da Saúde e legislação do SUS. 
 
1.1 SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA (SAMU) – 192 
 
O Ministério da Saúde vem concentrando esforços no sentido de implementar a 
Política Nacional de Atenção às Urgências, da qual o SAMU 192 é componente 
fundamental. Tal Política prioriza os princípios do SUS, com ênfase na construção de 
redes de atenção integral às urgências regionalizadas e hierarquizadas que permitam a 
organização da atenção, com o objetivo de garantir a universalidade do acesso, a 
equidade na alocação de recursos e a integralidade na atenção prestada. 
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) tem como objetivo 
chegar precocemente a vítimas em situação de urgência ou emergência, que possam 
levar a sofrimento, a sequelas ou mesmo à morte. Trata-se de um serviço pré-hospitalar, 
que visa conectar as vítimas aos recursos que elas necessitam e com a maior brevidade 
possível. O SAMU 192 é um serviço gratuito, que funciona 24 horas, por meio da 
prestação de orientações e do envio de veículos tripulados por equipe capacitada, 
acessado pelo número "192" e acionado por uma Central de Regulação das Urgências. O 
SAMU realiza os atendimentos em qualquer lugar: residências, locais de trabalho e vias 
públicas, e conta com equipes que reúne médicos, enfermeiros, auxiliares de 
enfermagem e condutores socorristas. 
 
1.1.1 ORGANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO DO SAMU 
 
O atendimento do SAMU 192 começa a partir do chamado telefônico, quando 
são prestadas orientações sobre as primeiras ações. A ligação é gratuita, para telefones 
fixo e móvel. Os técnicos do atendimento telefônico que identificam a emergência e 
coletam as primeiras informações sobre as vítimas e sua localização. Em seguida, as 
chamadas são remetidas ao Médico Regulador, que presta orientações de socorro às 
vítimas e aciona as ambulâncias quando necessário. 
 
 
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=zdxfgcKVy0U 
 4 
As ambulâncias do SAMU 192 são distribuídas estrategicamente, de modo a 
otimizar o tempo-resposta entre os chamados da população e o encaminhamento aos 
serviços hospitalares de referência. A prioridade é prestar o atendimento à vítima no 
menor tempo possível, inclusive com o envio de médicos conforme a gravidade do caso. 
As unidades móveis podem ser ambulâncias, motolâncias, ambulanchas ou aeromédicos, 
conforme a disponibilidade e necessidade de cada situação, sempre no intuito de 
garantir a maior abrangência possível. 
 
Em quais situações se deve chamar o SAMU? 
• Na ocorrência de problemas cardiorrespiratórios; 
• Intoxicação exógena e envenenamento; 
• Queimaduras graves; 
• Na ocorrência de maus tratos; 
• Trabalhos de parto em que haja risco de morte da mãe ou do feto; 
• Em tentativas de suicídio; 
• Crises hipertensivas e dores no peito de aparecimento súbito; 
• Quando houver acidentes/traumas com vítimas; 
• Afogamentos; 
• Choque elétrico; 
• Acidentes com produtos perigosos; 
• Suspeita de Infarto ou AVC (alteração súbita na fala, perda de força em um lado do 
corpo e desvio da comissura labial são os sintomas mais comuns); 
• Agressão por arma de fogo ou arma branca; 
• Soterramento, Desabamento; 
• Crises Convulsivas; 
• Transferência inter-hospitalar de doentes graves; 
• Outras situações consideradas de urgência ou emergência, com risco de morte, 
sequela ou sofrimento intenso. 
 
Em quais situações NÃO se deve chamar o SAMU? 
• Febre prolongada; 
• Dores crônicas; 
• Vômito e diarreia; 
• Levar pacientes para consulta médica ou para realizar exames; 
• Transporte de óbito; 
• Dor de dente; 
• Transferência sem regulação médica prévia; 
• Trocas de sonda; 
• Corte com pouco sangramento, 
 5 
• Entorses; 
• Cólicas renais; 
• Transporte inter-hospitalar de pacientes de convênio; 
• Todas as demais situações onde não se caracterize urgência ou emergênciamédica. 
Nestes casos e em todos os casos sem caracterização de urgência ou emergência, o 
paciente poderá ser encaminhado ao posto de saúde ou então as Unidades de Pronto 
Atendimento (UPAs) mais próximas. 
1.1.2 Tipos de veículos de transporte 
 
As especificações do veículo terrestre são orientadas por normas técnicas da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 
A Portaria nº 2.048/GM, de 20 de novembro de 2002, classifica as ambulâncias em 
tipos A, B, C, D, E, e F, e normatiza sua utilização por grau de gravidade. A avaliação pelo 
critério do ABCDE classifica o cliente/ paciente pelo quadro clínico crítico ou não crítico, 
sendo este considerado critério absoluto para escolha do transporte adequado. 
Todo e qualquer deslocamento deve sempre ocorrer com autorização médica, pois 
este é o responsável em caracterizar o tipo de transporte mais adequado para o paciente. 
 
▪ TIPO A: Ambulância de transporte. 
▪ TIPO B: Ambulância de suporte básico. 
▪ TIPO C: Ambulância de resgate. 
▪ TIPO D: Ambulância de suporte avançado. 
▪ TIPO E: Aeronave de transporte médico. 
▪ TIPO F: Embarcação de transporte médico: 
 
→VEÍCULO DE INTERVENÇÃO RÁPIDA: Veículos leves, rápidos. São utilizados p/ transporte 
de médicos c/ equipamentos, acesso nas ambulâncias do Tipo A, B, C e F. 
 
▪ TIPO A e B: motorista e Técnico ou auxiliar de enfermagem; 
▪ TIPO C: 03 profissionais militares, sendo um motorista e os outros dois profissionais 
com capacitação e certificação em salvamento e suporte básico de vida; 
▪ TIPO D: 03 profissionais: sendo um motorista, um enfermeiro e um médico. 
▪ TIPO E: 03 profissionais: piloto, médico, enfermeiro. 
▪ TIPO F: 02 ou 03 profissionais, condutor, técnico ou auxiliar de enfermagem 
(suporte básico), ou enfermeiro e médico (suporte avançado). 
 
 
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=BNcXCfNUjTA 
 6 
 
 1.1.3 Componente pré-hospitalar móvel 
 
O componente pré-hospitalar móvel foi estruturado e organizado para prestação 
de serviços de saúde à pessoa que necessita de socorro em locais como domicílios, vias 
públicas, estabelecimentos comerciais, entre outros. 
Ao pedir ajuda por meio da central de regulação 192 (SAMU) ou 193 (Corpo de 
Bombeiro), o socorrista, parentes da vítima ou a própria vítima recebe orientações do 
médico regulador que decide pelo envio de ambulância de suporte básico ou avançado 
com equipe habilitada em atendimento a situações de urgência, caso avalie que seja 
necessário disponibilizar esse recurso. O médico regulador autoriza o transporte do cliente 
diante do problema de saúde relatado pela equipe local de atendimento pré-hospitalar 
(APH), por meio de comunicação por telefone ou rádio. Em se tratando de situações não 
caracterizadas como risco iminente de vida, cabe ao médico regulador dar orientações 
sobre outras medidas a serem efetuadas pelo solicitante. 
As equipes de saúde do APH são compostas por médico, enfermeiro, técnico e/ou 
auxiliar de enfermagem, que recebem habilitação específica para esta atividade. É 
necessário que conheçam suas atribuições, normas e rotinas operacionais, bem como 
desenvolvam seu trabalho baseado em protocolos de atendimento. A educação 
permanente desses profissionais é primordial para assegurar a qualidade na prestação da 
assistência. Outros profissionais como telefonista, operador de rádio, condutor de 
ambulância ou de veículos aquáticos e aéreos fazem parte da equipe de APH. 
As equipes são capacitadas para tripular veículos terrestre, aquático ou aéreo que 
se destine ao transporte de enfermos, atendendo a classificação da Portaria nº 2.048/GM. 
No APH, os encaminhamentos para os serviços hospitalares são designados pelo sistema 
regulador. Esses profissionais são habilitados por meio de cursos de resgate e emergências 
médicas (REM), participando de capacitações periódicas para o bom desempenho de sua 
função. 
 
Suporte Básico de Vida (SBV) Suporte avançado à Vida (SAV) 
Auxiliar ou técnico de enfermagem 
Condutor de veículo 
 
Enfermeiro 
Médico 
Condutor de veículo 
 
Bombeiro militar* 
 
Bombeiro militar* 
 
Atendimento de baixa 
complexidade, não realizando 
procedimentos invasivos, em casos de 
vítimas de menor gravidade. 
 
Atendimento de urgência e 
emergência de alta complexidade, realizando 
procedimentos não invasivos e invasivos, em 
casos de vítimas graves. 
 
* É facultado ao bombeiro realizar o atendimento pré-hospitalar conforme protocolo 
institucional. 
 
 
 7 
Primeiros socorros: 
Atendimento prestado, inclusive por leigos, para manter a vida e evitar o 
agravamento das condições até o recebimento da assistência especializada. 
 
Atendimento pré-hospitalar: 
Atendimento prestado por profissionais da área da saúde, treinados e capacitados 
para prover os cuidados iniciais ao cliente, de forma organizada e sistematizada, seguido 
de transporte até serviço de saúde que proporcionará o tratamento definitivo. 
 
Resgate: 
Consiste na retirada do indivíduo de um local, por vezes de difícil acesso, de onde o 
mesmo não possa sair sozinho em segurança. Pode ser necessário o uso de materiais e 
equipamentos especiais para efetuar a retirada, além de treinamento específico para 
realizar esses procedimentos. 
 
Cada veículo é equipado com materiais e equipamentos específicos, tripulado por 
profissionais com diferentes atribuições que compõem as equipes, segundo o tipo de 
atendimento destinado a prestar, no caso, suporte básico de vida (SBV) ou suporte 
avançado de vida (SAV). Os veículos de SAV são equipados com materiais médico-
hospitalar, equipamentos e medicamentos, permitindo a estabilização do cliente e seu 
transporte para o hospital. Profissionais da área de segurança, como policiais rodoviários e 
bombeiros identificam situações de risco e realizam manobras de salvamento, resgate e, 
quando necessário, o suporte básico de vida (SBV). 
Para a segurança dos profissionais e do paciente, é necessário que todos os 
princípios de biossegurança sejam aplicados. É importante promover a limpeza terminal 
ou concorrente do interior da ambulância e a desinfecção adequada de materiais e 
equipamentos. 
 
→Atendimento hospitalar: Pronto socorro deverá apresentar infraestrutura superior a 
unidade não hospitalar de atendimento as urgências e emergências. 
 
→Transferências e transporte inter-hospitalar: Serviços especializados e de maior 
complexidade deverão ser referência para um ou mais municípios de menor complexidade. 
 
 
1.2 Unidade de Emergência 
 
“Estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência a doentes, com ou sem 
risco de vida, cujos agravos à saúde necessitam de atendimento imediato. Funciona 
durante as 24 horas do dia e dispõe apenas de leitos de observação". 
 
1.2.1 Estrutura, organização e funcionamento 
 
Quando uma pessoa sofre agravo agudo à saúde, deve ser acolhido em Serviço do 
SUS mais próximo de sua ocorrência, seja numa Unidade de Saúde da Família, pronto 
atendimento ou pronto socorro. 
 8 
Caso haja necessidade de tratamento de maior complexidade, as centrais de 
regulação têm a responsabilidade de identificar, dentre os recursos disponíveis no 
território de abrangência, aquele que possa dar melhor resposta à demanda e redirecionar 
o atendimento. 
Compete, portanto, ao Poder Público, ordenar o atendimento às urgências e 
emergências, possibilitando acolhimento, atenção qualificada e resolutiva para pacientes 
com qualquer nível de gravidade. 
Os componentes pré-hospitalar fixo e móvel, hospitalar e pós-hospitalar. 
 
 
1.2.1.1 Componente pré-hospitalar fixo 
 
A Portaria GM/MS nº 2.048 de 05 de novembro de 2002, estabelece o acolhimento 
de clientes com quadros agudos em unidades de saúde de baixa complexidade, como os 
estabelecimentos da atenção primária, denominados pré-hospitalar fixo. 
Na estrutura física do componente pré-hospitalar fixo estabelecido pela Portaria 
GM/MS nº 1.020/2009, revogado pela Portarianº 1.601/2011, estabelece diretrizes para a 
implantação do componente Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) e o conjunto de 
serviços de urgência 24 horas da Rede de Atenção às Urgências, em conformidade com a 
Política Nacional de Atenção às Urgências. Os casos de urgência devem ser acolhidos em 
ambiente previamente estabelecido e organizado. 
É necessário que todos os membros da equipe técnica e administrativa, 
especialmente a equipe de enfermagem, conheçam a sala para o atendimento de 
urgência. É atribuição da equipe de enfermagem organizar os materiais médico-
hospitalares como laringoscópio com lâminas adulto e infantil, cânula endotraqueal, 
material para realização de punção venosa, sondas de aspiração e outros. Manter 
disponíveis medicamentos utilizados em caso de parada cardiorrespiratória (PCR) e 
insuficiência respiratória, materiais e equipamentos para oxigenioterapia, aspiração 
traqueal ventilação, desfibrilador externo automático (DEA) e outros deverão estar 
disponibilizados. Os recursos organizados permitem o atendimento e estabilização do 
cliente até que seja transferido, de forma adequada para uma unidade de maior 
complexidade. 
Os profissionais médicos, enfermeiros técnicos e auxiliares de enfermagem que 
atuam no pré-hospitalar fixo são capacitados para estabilizar e encaminhar 
adequadamente o cliente. A criação de protocolos e rotinas e a sua aplicação auxiliam no 
tratamento, melhorando os resultados e contribuindo para melhor organização do 
trabalho e salvando vidas. 
Serviços de média complexidade ou intermediária podem funcionar até 24 horas, 
são estruturados para acolher pacientes com quadros agudos ou crônicos agudizados, e 
funcionam à noite e finais de semana, diminuindo a sobrecarga dos hospitais de maior 
complexidade. 
Em alguns Estados do Brasil encontramos as Unidades de Pronto Atendimento 
(UPA); no Estado de São Paulo temos o pronto atendimento (PA) e, na cidade de São 
Paulo, a Assistência Médica Ambulatorial (AMA). Estes recursos foram implantados com 
base nos dados epidemiológicos de cada região. A equipe médica é composta de clínico 
geral e pediatra, podendo ser ampliado com ortopedistas e cirurgiões, equipe de 
 9 
enfermagem, equipe de apoio diagnóstico (laboratório e radiologia) e profissionais da área 
administrativa. 
São disponibilizados medicamentos, leitos de observação de 6 a 24 horas em 
algumas unidades e ambulância para o transporte. A estrutura física e organização de 
fluxos devem funcionar de forma integrada, agilizando o desenvolvimento do trabalho. 
São necessários, para estes estabelecimentos, recursos como monitor cardíaco com 
desfibrilador e marca-passo externo, bomba de infusão, respirador, entre outros. 
Medicamentos como antibióticos injetáveis, drogas vasoativas e psicotrópicos fazem parte 
dos recursos pela condição clínica dos clientes acolhidos. 
A retaguarda hospitalar deve ser assegurada por meio de pactuações prévias entre 
gestores para garantir o acesso a hospitais de alta complexidade. 
 
1.2.1.2 Fluxograma de atendimento 
 
Uma vez iniciado o atendimento pré-hospitalar, a assistência continua ao longo do 
transporte até a chegada ao pronto-socorro. As informações do atendimento são 
transmitidas à equipe do hospital, responsável pelo tratamento definitivo, e conforme o 
caso e a gravidade, o paciente é encaminhado para a sala de emergência, centro 
obstétrico, centro cirúrgico ou ao consultório. 
 
 
 
1.2.1.3 Atendimento hospitalar 
 
As unidades de emergência hospitalares ou prontos-socorros oferecem 
atendimento imediato e ininterrupto aos pacientes adultos ou crianças em estado crítico 
ou potencialmente crítico. 
O atendimento hospitalar é definido por grau de complexidade - tipo I, II e III. 
Toda infraestrutura referente a recursos materiais, equipamentos e medicamentos 
deve estar de acordo com as normas e compatível com serviço de emergência. 
As áreas físicas são estruturadas conforme a complexidade do hospital, 
considerando-se os tipos I, II e III. Assim, hospitais que recebem clientes de maior 
complexidade oferecem recursos humanos, materiais e tecnológicos compatíveis com a 
necessidade de cada caso. A estrutura física adequada é normatizada pela Resolução de 
Diretoria Colegiada (RDC), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Portaria 
RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002, estabelece normas técnicas para elaboração de 
 10 
projetos da estrutura física, arquitetônica, símbolos gráficos, desenho técnico e toda 
organização física para estabelecimentos assistenciais de saúde. 
De acordo com a Anvisa, há a necessidade de área física ampla, com número 
mínimo e suficiente de salas e quartos ou boxes com divisórias para acomodar os clientes 
com conforto e privacidade. As dependências são projetadas conforme as normas 
estabelecidas pela legislação, considerando-se o fluxo de pessoas que circulam no local. 
Essa área deve ter revestimento lavável, em cor clara e com cantos arredondados, como 
também dispor de boa iluminação e ventilação; as considerações de segurança e conforto 
incluem um ambiente tranquilo, com a minimização de ruídos e agentes estressantes. 
A unidade de emergência é caracterizada pelo fluxo intenso de pessoas que 
circulam nessa área, em razão da rotatividade dos pacientes que procuram o serviço 
devido à gravidade das condições em que se encontram, motivadas por trauma, afecções 
não traumáticas, alterações de comportamento, entre outras. 
A variedade dos agravos apresentados por esses pacientes justifica a diversidade 
de profissionais que atuam nessa unidade, com equipe multidisciplinar composta por 
profissionais de enfermagem, assistente social, fisioterapeuta, médicos de diferentes 
especialidades, entre outros, bem como a avançada tecnologia presente com 
equipamentos de alta precisão. 
Essa complexidade exige a capacitação permanente dos profissionais que nela 
atuam. 
 
Hospital tipo I – Especializados: contam com recursos tecnológicos e humanos 
adequados para atendimento de urgência de natureza clínica e cirúrgica, nas áreas de 
pediatria ou traumato-ortopedia ou cardiologia. 
 
Hospital tipo II - hospitais gerais: dispõem de unidade de emergência, recursos 
tecnológicos e humanos adequados para o atendimento geral de urgência clínica e 
cirúrgica. 
 
Hospital tipo III - hospital geral: contam com recursos tecnológicos e humanos 
adequados para atendimento de urgências clínicas, cirúrgicas e traumáticas. 
Desempenham ações de capacitação, aprimoramento e atualização para todos os 
profissionais envolvidos no atendimento de urgência, conhecido como hospitais 
universitários ou de ensino. 
 
 
Na estrutura organizacional do serviço, contamos com o responsável técnico (RT) 
de cada categoria profissional, que será o responsável em promover as capacitações em 
parceria com serviço de educação hospitalar. 
Ao realizar intervenções orientadas no tratamento e na prevenção de outros 
agravos, é fundamental a destreza, a capacidade de observação, de trabalho em equipe e 
o desenvolvimento do pensamento crítico orientador na tomada de decisão. 
Entretanto, o atendimento prestado com rapidez pode ser comprometido por 
fatores como fadiga, falta de atenção e desrespeito às normas de biossegurança, e 
predispõe o profissional aos riscos de acidentes e doenças ocupacionais. 
 11 
O processo de trabalho na unidade de emergência requer sólida fundamentação 
científica e prontidão no cumprimento imediato das atribuições por parte de cada 
profissional da equipe de atendimento. Ressaltamos, porém, que as situações imprevistas 
com as quais se deparam os profissionais nesses serviços requerem atenção não apenas no 
aspecto técnico-científico. A equipe multidisciplinar precisa estar preparada 
emocionalmente para a vivência de situações limítrofes que impactam os serviços de 
urgência em relação ao binômio vida e morte. O equilíbrio em lidar com essas situações 
tem repercussão na vida do paciente e de seus familiares, que sesentirão apoiados e mais 
seguros em relação ao atendimento que recebem da equipe. 
Rotinas organizacionais, operacionais e técnicas devem ser de conhecimento de 
toda a equipe de trabalho da emergência, para que haja melhor desempenho operacional 
e alcance da qualidade na assistência do cliente em situação de urgência. 
A qualidade da assistência prestada por profissionais que atuam nos serviços de 
urgência está diretamente relacionada à capacitação técnica da equipe de emergência e à 
organização do serviço dentro da instituição. Protocolos institucionais devem ser 
implementados e atualizados a cada quatro anos e sempre que necessário. 
 
 
1.2.1.4 Organização da Planta Física de um Pronto Socorro 
 
A unidade de emergência deve estar situada em locais próximos à entrada do 
hospital e bem sinalizada, para facilitar o acesso e a movimentação adequada e segura de 
clientes e profissionais. Deve-se manter salas específicas para o atendimento de pediatria 
por exemplo. A entrada da emergência sempre deve estar livre de obstáculo, e a porta de 
acesso ao interior deve permanecer desimpedida, para entrada rápida. 
A cada unidade existirá uma ou várias salas: recepção e espera, sala de triagem, 
sala de emergência, sala de observação, consultórios, posto e chefia de enfermagem, 
coleta de exames, sala de gesso, sala de inalação, ECG e RX, sala de medicações e balcão 
de informações. 
 
 1.2.1.5 Atribuições do Técnico em enfermagem de acordo com o setor de emergência 
 
 
 O Técnico em enfermagem, conforme a Lei do exercício profissional, deve assistir 
ao enfermeiro no planejamento de atividades de assistência no cuidado ao paciente em 
estado grave, exercendo atividades tais como: 
- Controlar sinais vitais do paciente 
- Auxiliar na recepção dos pacientes, 
- Realizar curativos 
- Transportar paciente 
- Auxiliar durante o processo de RCP 
- Monitorar pacientes graves, instalar bombas de infusão e monitorar 
- Realizar curativos de pequena e média complexidade 
 
Sala de triagem 
→ Recepcionar o paciente 
→ Anotar queixas 
 12 
→Verificar sinais vitais (PA, P, R, T e dor) 
 
Sala de medicação 
→Manter a sala limpa e organizada 
→Providenciar materiais e medicamentos 
→Realizar checagem 
→Checar data de validade 
→Preparar e administrar medicamentos 
→Realizar punção venosa 
→Realizar coleta de exames 
→Orientar os pacientes 
→Realizar anotações de enfermagem 
 
Sala de Observação 
→ Acolher o paciente 
→Verificar os sinais vitais 
→ Realizar anotações de enfermagem 
→ Verificar os acessos sanguíneos 
→ Monitorizar o paciente 
→ Preparar e administrar medicamentos conforme a prescrição médica 
→ Realizar cuidados com a higiene pessoal do paciente 
→ Observar e anotar eliminações 
→ Coletar e encaminhar exames 
 
Sala de inalação 
→ Preparar e administrar medicação prescrita pelo médico 
→ Manter a limpeza e organização do setor 
→ Realizar anotações de enfermagem 
→ Providenciar materiais e medicamentos 
→ Verificar prazos de validades dos medicamentos 
→ Encaminhar o paciente para atendimento médico ou alta hospitalar 
 
Sala de sutura e curativo 
→ Providenciar kit de sutura 
→ Auxiliar o médico na oferta de material e medicamentos 
→ Encaminhar o material sujo para a central de material esterilizado (CME) 
→ Verificar datas de validade 
→ Realizar curativo 
 
Sala de emergência 
→ Acolher o paciente e familiares de forma humanizada 
→ Checar materiais e medicamentos 
→ Manter o local limpo e organizado 
→ Checar a rede de gases 
→ Realizar punção venosa 
→ Realizar curativo 
→ Realizar medicação conforme prescrição médica 
 13 
→ Realizar o monitoramento do paciente 
→ Realizar anotações de enfermagem 
→ Auxiliar o médico nos procedimentos ofertando os materiais descartáveis 
→ Realizar checagem e conferência de bandejas: intubação, flebotomia, punção lombar, 
punção abdominal, kit de cateterização vesical e kit de cateter gástrico. 
→ Coletar e encaminhar exames. 
 
 
1.2.1.6 Recursos Materiais 
 
Todas as salas deverão dispor do material necessário para cada atendimento 
(pontos de oxigênio, ar comprimido e vácuo), assim como dos equipamentos como 
monitores, respiradores (ventilador mecânico), desfibriladores, aparelho para tomografia, 
ressonância magnética e outros exames diagnósticos, macas, cadeiras de rodas, suportes 
de soro, todas em quantidade suficiente. 
 
 
1.2.1.7 Triagem 
 
Alguma forma de triagem sempre foi feita em serviços de urgência e emergência 
em nosso meio, seguindo, no entanto, a lógica de exclusão. Triagem significa classificação 
ou priorização de itens e classificação de risco não pressupõe exclusão e sim estratificação. 
A triagem é realizada para classificar o cliente, realizar uma avaliação prévia 
(verificar SSVV, nível de consciência), coletar alguns dados importantes e encaminha-lo de 
acordo com a necessidade e prioridade. Nos casos de cliente inconsciente, os dados 
deverão ser coletados com um familiar. A classificação poderá ser: emergência ou 
urgência nos casos de: Parada respiratória; parada cardíaca; dificuldade respiratória 
associada ou não à dor torácica; politraumatismo e grandes hemorragias; queimaduras de 
grande extensão; rebaixamento do nível de consciência; intoxicações ou dosagem 
excessiva de drogas; Ferimento por arma de fogo ou Ferimento por arma branca; estado 
de choque; estado febril (acima de 40ºC); emergências ou complicações na gestação. 
 
1.2.1.8 O Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco de Vida na Unidade 
Urgência/Emergência 
 
➔ Acolhimento: Acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), 
que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para 
fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. O acolhimento possui uma 
postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu 
protagonismo no processo de saúde e adoecimento, e na responsabilização pela resolução, 
com ativação de redes de compartilhamento de saberes. É o ato de acolher, ou 
recepcionar o usuário a um atendimento que o auxilia, protege ou socorre, que nos leva a 
entender a mudança de relacionamento entre o usuário e o profissional de saúde, através 
de parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade, reconhecendo 
o usuário como pessoa participante ativa no processo de produção da saúde. 
 14 
A classificação de risco é um dispositivo da PNH, uma ferramenta de organização 
da “fila de espera” no serviço de saúde, para que aqueles usuários que precisam mais 
sejam atendidos com prioridade, e não por ordem de chegada. 
 
Acolhimento não é triagem 
 
Todos os profissionais de saúde fazem parte do acolhimento. Entretanto as portas 
de entrada dos serviços de saúde (Pronto Socorro) podem demandar a necessidade de um 
grupo preparado para promover o primeiro contato com o usuário; uma postura de escuta 
e compromisso em dar respostas às necessidades de saúde trazidas pelo usuário que 
inclua sua cultura, saberes e capacidade de avaliar riscos; avaliação de necessidade do 
usuário em função de seu risco, proporcionando a priorização da atenção e não o 
atendimento por ordem de chegada. 
 
➔ Classificação de Risco: É um processo dinâmico de identificação dos pacientes que 
necessitam de tratamento imediato, de acordo com o potencial de risco, agravos a saúde 
ou grau de sofrimento. 
Uma vez que não se trata de fazer um diagnóstico prévio nem de excluir pessoas 
sem que tenham sido atendidas pelo médico, a classificação de risco é realizada por 
profissional de enfermagem de nível superior, que se baseia em consensos estabelecidos 
conjuntamente com a equipe médica para avaliar a gravidade ou o potencial de 
agravamento do caso, assim como o grau de sofrimento do paciente. Os protocolos de 
classificação são instrumentos que sistematizam a avaliação – que, em muitos casos, é 
feita informalmente pela enfermagem – e devem ter sempre respaldo médico. 
No âmbito da equipe de enfermagem, segundo Art 1º da Resolução Cofen311/2007, o Enfermeiro é o único profissional da equipe que pode atuar no processo de 
classificação de risco e priorização da assistência à saúde, desde que tenha a devida 
qualificação, conforme citado anteriormente. Ou seja, a classificação de risco é uma 
atividade PRIVATIVA do Enfermeiro. 
 
➔ Objetivos da Classificação de Risco 
 
- Avaliar o paciente logo na sua chegada ao PS humanizando o atendimento. 
- Diminuir a superlotação. 
- Reduzir o tempo para o atendimento médico, fazendo com que o paciente seja visto 
precocemente de acordo com a sua gravidade. 
- Determinar a área de atendimento primário, devendo o paciente ser encaminhado 
diretamente às especialidades conforme protocolo. Exemplo: ortopedia, ambulatórios, etc. 
- Informar os tempos de espera. 
- Promover ampla informação sobre o serviço dos usuários. 
- Retornar informações aos familiares. 
 
A classificação foi criada para melhor organizar o fluxo de pacientes que procuram 
as portas de entradas com necessidades de urgências/emergências das Unidades 
Básicas, Prontos Atendimentos e Hospitais, garantindo um atendimento resolutivo e 
humanizado aqueles em situação de sofrimento agudo ou crônico de qualquer natureza. 
 
 15 
A classificação de risco se dará nos seguintes níveis: 
 
 
FONTE: redehumanizasus.net (2016) 
2. Conceito de Urgência e Emergência 
 
Segundo o Conselho Federal de Medicina, em sua Resolução CFM n° 1.451, de 10 de 
março de 1995, urgência significa a ocorrência imprevista de agravo à saúde, com ou sem 
risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata. Define 
ainda, a emergência como sendo constatação médica de condições de agravo à saúde que 
impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, 
tratamento médico imediato. Note-se que esses conceitos estão relacionados ao fator 
tempo como determinante do prognóstico vital. 
Entretanto, esses termos podem ter outra interpretação, como imprevisto ou 
interrupção de ordem do curso da vida para pacientes e familiares, perturbação de sua 
organização para as instituições, e outras ainda, como (...) relativo a emergir, ou seja, 
alguma coisa que não existia, ou que não era vista, e que passa a existir ou ser manifesta, 
representando, dessa forma, qualquer queixa ou novo sintoma que um paciente passe a 
apresentar. Assim, tanto um acidente quanto uma virose respiratória, uma dor de dente 
ou uma hemorragia digestiva, podem ser consideradas emergências (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2006). 
Como podemos ver, o uso desses termos pode causar dúvidas. Pensando nisso, a 
Coordenação Geral de Urgência e Emergência, do Ministério da Saúde, propôs a utilização 
do termo urgência para todos os casos que necessitem de cuidados agudos, deixando de 
lado a diferenciação da terminologia urgência e emergência. 
 
3. Materiais e equipamentos para atendimento de urgência e emergência 
 
 
O carro de emergência pode ser definido como uma estrutura móvel constituída por 
gavetas providas com materiais, medicamentos e equipamentos necessários para o 
atendimento do cliente em situações de urgências ou emergências médicas. 
 16 
A padronização desse carro objetiva homogeneizar o conteúdo e quantidade de 
materiais e medicamentos, retirando o desnecessário e acrescentando o indispensável, de 
forma a agilizar o atendimento de emergência e reduzir o desperdício. Este é 
indispensável para a assistência nas diversas unidades, tais como, Unidades de Terapia 
Intensiva (UTI), centros cirúrgicos, enfermarias, serviços de urgências, emergências 
hospitalares e extra-hospitalares (PONTES et al., 2010, p.1 apud COREN-SP, 2013). 
É fundamental que exista uma lista com todos os itens presentes no carro de 
emergência para que estes possam ser checados quanto à presença, integridade, validade 
e conformidade com a padronização (KNOBEL, 2006 apud COREN-SP, 2013). 
 
• Monitor Cardíaco; 
• Eletrocardiógrafo; 
• Respirador Mecânico; 
• Bomba De Infusão; 
• Cama Fowler; 
• Carro De Emergência; 
• Material Para Intubação Endotraqueal - Adulto/ Infantil/ Neonatal; 
• Oxímetro De Pulso; 
• Conjunto De Nebulização Em Máscara; 
• Conjunto Padronizado De Beira De Leito: Termômetro; Esfigmomanômetro; 
Estetoscópio; Ambu Com Máscara. 
• Cilindros de Oxigênio (Transporte); 
• Ventilador Para Transporte; 
• Aspirador de secreções; 
• Negatoscópio; 
• Otoscópio; 
• Máscara Venturi com diferentes concentrações de gases; 
• Pontos de oxigênio e ar comprimido medicinal com válvulas reguladoras de 
pressão e pontos de vácuo para cada leito; 
• Capacete para oxigenioterapia (pediátrico e neonatal); 
• Incubadora para transporte; 
• Bandejas para procedimentos: 
cateter central (intracath) 
drenagem de tórax 
pequena cirurgia 
curativos 
flebotomia 
punção lombar 
cateterismo vesical 
intubação endotraqueal: adulto / infantil/ neonatal 
 
4. Montagem do carrinho de emergência 
 
Baseado na Diretriz da AHA (2003), o conteúdo dos carros foi dividido em níveis de 
prioridade: 
✓ Nível 1- itens essenciais, que devem estar disponíveis IMEDIATAMENTE; 
 17 
✓ Nível 2- itens altamente recomendados, que devem estar disponíveis, no máximo, 
em 15 minutos; 
✓ Nível 3 – itens recomendados, mas opcionais. 
 
Caso as drogas e equipamentos classificados como nível 2 não possam estar 
disponíveis NA UNIDADE para acesso em ATÉ 15 minutos, devem PERMANECER nos carros 
de emergência. A quantidade de drogas e equipamentos deve ser estipulada conforme 
necessidade da área e rotina institucional. 
O carrinho de emergência fica localizado em todas as unidades de atendimento 
emergencial, e pode ser facilmente transportado sempre que houver necessidade. 
Este carrinho é de responsabilidade privativa do enfermeiro, que deve averiguar sua 
montagem. O técnico, supervisionado pelo enfermeiro, deve realizar sua reposição e 
checagem diária. Por conter medicações de alta vigilância (controladas), deve ser mantido 
lacrado, com identificação de todos os itens que o compõem. Toda vez que o lacre for 
rompido, significa que foi usado e precisa ser reposto. 
 
Somente utilize esses materiais em casos de emergência. 
 
Cada hospital deve se adequar conforme suas necessidades, essa é uma lista de 
materiais, equipamentos e medicamentos básicos, podendo ser modificado seguindo as 
necessidades de cada local. 
• O carro de emergência equipado deverá estar posicionado em local estratégico 
e de fácil acesso e mobilidade; 
• A quantidade de carro de emergência por unidade variará de acordo com o 
número e nível de complexidade dos clientes assistidos e da estrutura física do local; 
• As gavetas do carro de emergência deverão estar identificadas com tarjas de 
cores padronizadas, com a descrição de suas respectivas composições; 
 * O carro de emergência que não estiver em uso deverá permanecer 
lacrado/fechado. A retirada do lacre deverá ocorrer mediante situações de atendimento 
às urgências e emergências clínicas, ou quando conferência e/ou auditoria; 
 * As composições dos materiais e dos medicamentos do carro de emergência - 
seguindo as recomendações da Diretriz de Apoio e Suporte Avançado de Vida em 
Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Cardiologia, e adequada a realidade institucional 
e ao perfil da clientela assistida – serão classificados em três (3) categorias: BLOCO 
ADULTO; BLOCO PEDIÁTRICO (neonatal e pediátrico) e BLOCO AMBULATORIAL. 
 
 
 
 
 
 0 
FLUXOGRAMA DE CONFERÊNCIA E TESTAGEM DO CARRO DE EMERGÊNCIA NOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS FEDERAIS 
 
 
 
18 
 1 
FLUXOGRAMA DE ROTINA DE CONFERÊNCIA E TESTAGEM DO CARRO DE EMERGÊNCIA UTILIZADO NOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS FEDERAIS 
 
 
 
 
 
19 
 20 
 
 
 
 
A configuração dos carros de emergência pode variar pois existem vários modelos. 
O correto é sempre conhecer bem cada parte do carro disponível na sua instituição de 
saúde. 
Um dos modelos de configuração pode ser:BASE SUPERIOR – Desfibrilador, estetoscópio, cilindro de O2, Bolsa-válvula-máscara, tábua 
rígida. 
1ª. GAVETA – Fármacos de primeira linha em situações de emergência. 
2ª. GAVETA – Material para acesso de vias aéreas. 
3ª. GAVETA – Material para acessos venosos. 
4ª. GAVETA – Demais materiais: soros, equipos... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21 
 
 
 
 
 
 
 22 
 
 
 
 
 
 
 23 
 
 
 
 24 
 
 
 
Cuidados de enfermagem 
• Manter o carro de emergência organizado 
• Verificar data de validade de materiais e medicamentos 
• Realizar checagem dos materiais 
• Checar equipamentos, tais como monitor, ECG e desfibrilador 
• Checar a bandeja de intubação, testar o funcionamento do laringoscópio. 
• Verificar o funcionamento do respirador artificial (ambu). 
 
 
5. Farmacologia 
 
Denomina-se acidentes com medicamentos todos os incidentes, problemas ou 
insucessos, inesperados ou previsíveis, produzidos ou não por erros, consequência ou 
não de imperícia, imprudência ou negligência, que ocorrem durante o processo de 
utilização dos medicamentos. Este conceito engloba toda a sequência de 
procedimentos técnicos ou administrativos, que causem ou não danos ao paciente. 
São, portanto, todos os eventos adversos relacionados aos medicamentos, os quais, 
por sua vez, dividem-se em reações adversas e erros de medicamentos. 
O potencial de risco para erros de medicação existente no setor de emergência é 
observado, principalmente, pela quantidade de medicamentos que são prescritos e 
administrados durante a fase crítica do atendimento. Além disso, alguns agentes, 
como as drogas vasoativas e os eletrólitos, requerem o cálculo rigoroso da dose e da 
velocidade de infusão. Por outro lado, esse risco estende para as demais fases do 
sistema de medicação e se agrava mediante o quantitativo de pacientes. 
 
 
 
 
 
 25 
5.1 Medicamentos usados em emergência 
 
Para diluição: 
Água bidestilada ampola com 5ml e 10ml; Cloreto de sódio – ampola de 10ml a 
20%. 
Demais medicamentos: 
* Aminofilina - Ampola de 10 ml com 240mg (24mg/ml). 
* Atropina - Ampola de 1 ml com 0,5mg. 
* Bicarbonato de sódio - Ampola de 10ml a 8,4%. 
* Cloreto de potássio (KCl) - Ampola de 10 ml a 10%. 
* Diazepam - Ampola de 1 ml com 10 mg; Ampola de 2 ml com 10 mg. 
* Dopamina - / Revivan Ampola de 10 ml com 50mg (5mg/ml) 
* Epinefrina / Adrenalina - Ampola 1mg/1ml. 
* Hidantal / Fenitoína sódica - Ampola de 5ml a 5% (50mg/ml). 
* Amiodarona / Ancoron - Ampola de 3 ml com 150mg (50mg/ml). 
* Fentanil - Frasco de 10 ml com 0,0785 mg/ml. 
* Gardenal / Fenobarbital - Ampola de 1 ml com 200mg. 
* Furosemida / Lasix - Ampola de 2ml com 20mg (10mg/ml). 
* Prometazina / Fenergan - Ampola de 2 ml com 50mg. 
* Sulfato de magnésio - Ampola de 10ml a 50%. 
* Hidrocortisona / Solu-cortef - Frasco-ampola com 500mg + diluente (2ml). 
* Heparina / Liquemine - Frasco 5 ml; 
* Midazolan / Dormonid - Ampola de 3 ml com 15mg. Ampola de 1 ml com 5mg 
* Haldol / Haloperidol - Ampola de 1ml com 5mg 
* Adalat / Nifedipina - Cápsula sublingual 10mg 
* Isordil - Cápsula sublingual 10mg. 
* Gluconato de cálcio - Frasco-ampola com 10ml a 10% (100mg/ml). 
* Glicose hipertônica - Ampola de 20ml a 50%. 
* Cloridrato de lidocaína / Xylocaína. 
 
SOROS 
• Glicosado 5%: é uma solução isotônica; 
• Fisiológico: também é uma solução isotônica; 
• Ringer lactato: usado para substituir fluidos e eletrólitos em pessoas que têm 
baixo volume de sangue ou pressão arterial baixa. 
 
6. Assistência de enfermagem em emergências 
 
6.1 Distúrbio ácido-básico 
 
A regulação dos líquidos do organismo compreende a manutenção de 
concentrações adequadas de água e eletrólitos para melhor funcionamento celular. A 
distribuição dos líquidos corpóreos está dividida em dois compartimentos que são o 
intracelular (40% do peso corpóreo) e o extracelular. O espaço extracelular, por sua vez, 
compreende o espaço intersticial (20% do peso corpóreo) e o espaço intravascular (15% do 
peso corpóreo). 
 26 
A água contida nos compartimentos intracelular, intersticial e intravascular 
representa o volume total de água do organismo. 
Os líquidos orgânicos contêm nutrientes, colesterol, oxigênio, gás carbônico, 
aminoácidos, proteínas e eletrólitos – sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, entre 
outras substâncias. 
O balanço entre a ingestão e a excreção de líquidos representa o líquido corpóreo. 
A captação é feita pelo trato digestório e a eliminação pelos pulmões, rins, fezes e também 
pela transpiração. 
Os fluidos corpóreos e os eletrólitos se transportam para outros compartimentos, o 
que facilita os processos corporais e têm como objetivo final o metabolismo celular. Esses 
processos bioquímicos são a osmose, a difusão, o transporte ativo e a filtração. 
Nível muito elevado ou muito reduzido de eletrólitos ou de volume é incompatível 
com a vida e requer intervenção imediata para a reversão do quadro. 
 
6.1.1-Alterações de Volume 
 
A diferença dos componentes dos líquidos intracelulares e extracelulares é mantida 
pela membrana celular, que é totalmente permeável à água e semipermeável às outras 
substâncias. A manutenção do equilíbrio dos líquidos intravascular e extravascular é feita 
por meio da diferença de pressão entre os dois compartimentos. 
A reposição de líquidos dependerá da volemia e poderá ser feita com soluções 
isotônicas ou hipertônicas. 
 
Cabe ao técnico de enfermagem vigilância constante em relação ao turgor da pele, 
aspecto das mucosas, volume de diurese e resultados de exames laboratoriais. 
 
A reposição da volemia e dos eletrólitos deve ser feita de forma gradual, 
acompanhada da análise dos resultados dos exames e da resposta clínica do paciente. 
Distúrbios eletrolíticos mais comuns evidenciados em pacientes em estado crítico 
são hiponatremia (-Na), hipernatremia (+Na), hipocalemia (-K), hipercalemia (+K). 
 
É fundamental que o técnico de enfermagem conheça o motivo da reposição de 
eletrólitos. É necessário, portanto, estar atento aos resultados dos exames laboratoriais. 
 
 
6.1.2 Equilíbrio e desequilíbrio acidobásicos 
 
Para a manutenção adequada do funcionamento celular é necessário que os 
líquidos orgânicos estejam em harmonia nos compartimentos intracelular e extracelular. A 
água, os eletrólitos, os íons de hidrogênio (H+), os ácidos e as bases presentes nesses 
líquidos são capazes de manter o equilíbrio. 
Na tentativa de ajustar o desequilíbrio, o organismo utiliza-se de mecanismos de 
compensação. Quando ocorre um distúrbio metabólico ele se autocorrige com um 
distúrbio respiratório contrário e vice-versa. 
 
 27 
 
 
A avaliação do desequilíbrio acidobásico é feita pela análise da gasometria arterial. 
Esse exame de sangue indica a quantidade de oxigênio e dióxido de carbono, o valor do 
pH, a saturação de oxigênio, o excesso de base e o bicarbonato. 
Os valores normais são: 
 
 
 
O sistema tampão é também uma maneira do pH ser equilibrado. Por exemplo: a 
hiper acidez do estômago é combatida com um sal popularmente conhecido como 
bicarbonato. O ácido do estômago interagindo com o bicarbonato (alcalino) provoca um 
efeito tampão dentro do estômago, de forma que o pH esteja e permaneça na faixa 
normal do estômago, mesmo com alterações naturais do sistema digestivo. 
Os desequilíbrios possíveis de acontecer são metabólicos e respiratórios. Quando 
houver uma diminuição do valor do pH caracteriza-se uma acidose, ou seja, um aumento 
de ácidos e uma diminuição de base. Quando houver um aumento do valor do pH 
caracteriza-se uma alcalose, ou seja, um aumento de base e uma diminuição de ácidos. 
Resumindo, os desequilíbrios são: Acidose metabólica (BIC↓), Alcalose metabólica 
(BIC↑), Acidose respiratória (CO2↑), Alcalose respiratória (CO2 ↓). 
 
A Resolução Cofen 390/2011 que normatiza a execução, pelo enfermeiro, da 
punção arterial tanto para fins de gasometria como para monitorização de pressão arterial 
invasiva, traz o seguinte texto: 
Art. 1º No âmbito da equipe de Enfermagem,a punção arterial tanto para fins de 
gasometria como para monitorização da pressão arterial invasiva é um procedimento 
privativo do Enfermeiro, observadas as disposições legais da profissão. 
 
6.2 Cardiovascular 
 
6.2.1 Estado de Choque 
O choque é um estado grave em que ocorre diminuição do volume de sangue para 
os tecidos resultando em perfusão inadequada com a redução de oxigênio celular, 
ocasionando prejuízos para as funções vitais. 
 
 28 
→ Sinais e sintomas 
Hipotensão; pulso filiforme, fraco e rápido (taquicardia); palidez; pele fria e 
pegajosa; diminuição da perfusão periférica; dificuldade respiratória (cianose); alteração 
da consciência; débito urinário diminuído ou ausente; e hipotermia (exceto o choque 
séptico). 
 
6.2.1.1 Choque Hipovolêmico 
Ocorre quando o volume sanguíneo é insuficiente no vaso, provocado pela perda 
de sangue, plasma e líquidos do organismo. 
As causas mais comuns são hemorragias, queimaduras e desidratação. 
Os sinais e sintomas variam de acordo com a taxa de perda sanguínea ou de 
líquido. 
Na hemorragia, além da redução do volume de sangue, há perda de hemoglobina. 
Na monitoração hemodinâmica, ocorre diminuição da PVC e do trabalho cardíaco. 
 
6.2.1.2 Choque Cardiogênico 
O choque cardiogênico ocorre por falência do coração como bomba, ou seja, ele 
não consegue bombear sangue suficiente para os tecidos. 
As causas mais comuns são: infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca 
congestiva, arritmias graves, embolia pulmonar e hipertrofia ventricular esquerda, com 
risco de edema pulmonar. A alteração do fluxo sanguíneo no cérebro pode alterar o nível 
de consciência. 
 
6.2.1.3 Choque Anafilático 
É o resultado de uma reação súbita, ou seja, uma resposta aguda do sistema 
imunológico (reação antígeno-anticorpo), na presença de uma substancia à qual o 
organismo já tenha sido sensibilizado, como iodo, penicilina, picada de abelha, etc. 
Qualquer substancia estranha pode provocar o choque anafilático. As reações fatais 
podem ocorrer em minutos. 
Observam-se alterações cutâneas, circulatórias e brônquicas, com edema de glote 
e dificuldade respiratória. A gravidade da reação é proporcional ao grau de sensibilidade 
do cliente, à via de entrada do alergeno e ao tempo de absorção. 
 
6.2.1.4 Choque Séptico 
É o resultado de processos infecciosos graves, com função celular inadequada e 
alteração no padrão hemodinâmico. O choque séptico é causado por septicemia (na 
maioria das vezes, por bactérias gram-negativas). Nesse tipo de choque, é comum o 
cliente apresentar hipertermia. O choque séptico pode evoluir para falência múltipla dos 
órgãos e morte. 
 
6.2.1.5 Choque Neurogênico 
O choque neurogênico pode ser causado por lesões do tronco cerebral, bloqueio de 
impulsos vasomotores, aumentando a pressão intracraniana com a perda de tonicidade 
simpática, uso de drogas, hipoglicemia, anestesias, medo ou dor excessiva. É caracterizado 
por um quadro agudo, podendo causar lesões isquêmicas no encéfalo e PCR. 
 
 29 
6.2.1.6 - Assistência de enfermagem 
 Tratar a causa básica do choque é fundamental. 
Mantenha preparado o material para procedimentos de descompressão torácica e 
pericárdica. 
Observe a coloração e temperatura da pele, qualidade do pulso (frequência, 
amplitude e ritmo) e perfusão capilar. 
É importante que o técnico de enfermagem fique atento aos sangramentos, 
realizando a compressão nos ferimentos externos. 
Caso o paciente necessite de sedação, é importante conhecer a ação e efeitos 
colaterais das drogas. O intuito é diminuir a agitação e o consumo de oxigênio. 
A reposição volêmica é feita por meio da infusão de soluções intravenosas como 
ringer lactato e soro fisiológico 0,9%. Ao instalar os dois acessos venosos periféricos, é 
necessário atentar para o calibre dos cateteres periféricos (14G ou 16G), sempre na região 
ante cubital. 
O controle do débito urinário é um parâmetro essencial de resposta ao tratamento 
do choque, sendo importante que você realize a sondagem vesical de demora (SVD) assim 
que possível. 
Auxiliar e/ou coletar exames laboratoriais, ficando atento aos resultados e 
possíveis correções dos distúrbios metabólicos e respiratórios. Esse desequilíbrio pode 
responder pelo agravamento do quadro e causar a morte do cliente. 
 
 6.2.1.7 - São atribuições de enfermagem: 
 -Fazer uma rápida avaliação e estabelecer prioridade. 
 -Monitorar continuamente os sinais vitais. 
 -Manter acesso venoso permeável para a infusão de drogas, reposição hídrica, 
transfusão sanguínea etc. 
 -Manter cliente aquecido. 
 -Retirar próteses e manter as vias respiratórias desobstruídas. 
 -Promover oxigenoterapia por cateter, máscara ou IOT. 
 -Em anafilaxias provocadas por drogas, interromper a infusão imediatamente. 
 -Nos casos de hipoglicemia, administrar glicose conforme prescrição médica. 
 -Nos casos hemorrágicos, localizar e controlar o ponto de sangramento. 
 -Auxiliar na cateterização central para o controle de pressão venosa central (PVC). 
 -Na suspeita de lesão cerebral, manter o cliente em posição Fowler (45 graus), para 
prevenir edema cerebral e aumento de pressão intracraniana. 
 -Administrar medicamentos conforme prescrito. 
 -Proceder a coleta de sangue para exames. 
 -Fazer balaço hídrico. 
 -Utilizar sonda vesical de demora para controle de débito urinário. 
 -Iniciar manobras de reanimação, se necessário. 
 
 Tratamento medicamentoso 
Dopamina (bolus), Dobutamina (bolus), Noradrenalina(bolus), Hidrocortizona. 
 
 
 
 
 30 
6.2.2 Infarto Agudo do Miocárdio 
 
Incluído entre as principais Síndromes Coronarianas Agudas (SCAS). Caracterizado 
pela destruição tecidual do miocárdio (necrose), decorrente da insuficiência de suprimento 
sanguíneo das artérias coronárias devido a sua oclusão. 
As causas mais comuns do IAM são: doença coronariana oclusiva de alto grau, 
como aterosclerose; oclusão total de uma artéria coronária normal, devido a um êmbolo, 
trombo ou vasoespasmo; redução súbita e acentuada do fluxo sanguíneo coronariano nos 
estados de choque. Também está relacionado a tabagismo, estresse, sedentarismo, 
obesidade, hipertensão etc. 
O primeiro passo a ser dado pela equipe de enfermagem face a um paciente que 
chega com um problema cardíaco consiste na correta avaliação para determinar a 
alteração e poder iniciar o protocolo de cuidados para este tipo de problema. No caso de 
dores torácicas, é imprescindível o conhecimento de cada tipo de dor e suas 
características. Para excluir outras dores e conhecer a dor precordial, estabeleceremos 
uma avaliação geral do paciente, fazendo-lhe diferentes perguntas dirigidas à 
determinação do tipo de dor que o acomete. 
1. Onde se situa a dor? 
2. Como é essa dor? É como uma sensação de opressão? 
3. A dor irradia-se para qualquer outra parte do organismo? 
4. Estava realizando alguma atividade quando começou a sentir a dor? 
5. Já lhe tinha acontecido antes algo parecido? 
6. Tem sensação de aperto ou dificuldade para respirar? 
Todas estas perguntas serão acompanhadas por uma revisão do paciente na 
procura de alterações vegetativas, como náuseas, vomito, hipotensão, palidez e sudorese. 
Após ouvir as suas respostas, poderemos determinar quando se trata de um 
paciente com uma alteração cardíaca isquêmica, uma vez que, neste caso: 
* dor pode localizar-se na região precordial; não pode ter a sua origem noutra região mais 
distante. 
*característica mais típica da dor precordial é a sua forma, a opressão. Os pacientes 
referem-se sempre a uma dor que “aperta” ou como “uma laje em cima” etc. Esse tipo de 
dor apenas pode ser de origem cardíaca. 
*dor cardíaca irradia-se para várias regiões, sendo os locais mais frequentes: 
-Ombro e MSE 
-Ombro e MSD 
-Pescoço (regiões carotídeas) 
-Maxilar 
-Peito 
-Região Interescapular 
-Região occipital e região posterior do pescoço. 
-Epigástrio 
 
*Muitas vezes, o aparecimento da dor precordial coincide com a realização de algum tipo 
de exercício físico (sobretudo em pacientesjovens entre 35 e 55 anos); no entanto outras 
vezes a dor aparece de forma súbita com o paciente em repouso (mais habitualmente em 
pacientes mais velhos). 
 31 
*É normal que os pacientes que recorrem a um serviço de emergência por uma dor 
torácica, tenham apresentado este quadro em outras ocasiões, o que faz pensar no 
diagnóstico feito então. 
*Dispneia pode não ser um primeiro sintoma a aparecer na cardiopatia isquêmica, mas 
pode ocorrer quando a função do coração se encontra diminuída por outras alterações 
associadas. 
Após a avaliação geral do paciente e a indagação acerca deste tipo de dor, deve-se 
realizar a primeira prova diagnóstica da cardiologia: o eletrocardiograma. 
 
6.2.2.1 - ELETROCARDIOGRAMA (ECG) 
 
É realizado com o uso de um eletrocardiógrafo que permite registrar a atividade 
elétrica do coração, sobre um papel milimetrado. 
Para realizar um eletrocardiograma, colocam-se dispositivos (eletrodos) sobre a 
pele do paciente, em regiões predeterminadas das extremidades superiores, inferiores e do 
tórax, obtendo-se as 12 derivações eletrocardiográficas. 
- Derivações bipolares (DI, DII e DIII) 
- Derivações unipolares (AVR, AVL, AVF) 
- Derivações unipolares (V1, V2, V3, V4, V5, V6) 
Cada derivação mostra um aspecto da atividade cardíaca, porque o eletrodo 
permite captar a atividade elétrica do coração desde diferentes ângulos. 
 
 
 
 
 
 
 32 
 
 
 
 
6.2.2.2 - Cuidados de enfermagem: 
- Explicar ao paciente, como será realizado o procedimento; 
- Pedir que retire anéis e pulseiras ou qualquer objeto de metal, pois os mesmos 
poderão provocar alguma interferência no exame; 
- Pedir que deixe o tórax exposto, para posicionar eletrodos e fios corretamente; 
- Evitar os músculos e as mamas, nas mulheres, pois podem captar a atividade 
muscular, interferindo no resultado do traçado; 
- Limpar o local de fixação dos eletrodos com álcool a 70%, removendo o máximo 
de gordura da pele, para obter boa aderência; 
- Se for necessário, faça a tricotomia nos locais onde serão fixados os eletrodos; 
- Solicitar a cooperação do paciente que fique o mais imóvel possível. 
 
6.2.2.3 - Tratamento de emergência: 
-Manter repouso absoluto em ambiente tranquilo. 
-Realizar ECG com 12 derivações e amostra de sangue para exames (enzimas). 
-Prevenir choque e outras complicações. 
-Manter acesso venoso para administração de drogas. 
-Promover oxigenoterapia, conforme orientação médica. 
-Administrar analgésicos para controle da dor. 
-Manter controle rigoroso dos sinais vitais, com monitoração cardíaca. 
 33 
-Oferecer dieta fracionada e de fácil digestão. 
-Manter conforto e cuidados higiênicos. 
-Comunicar arritmias e outros sintomas. 
-Fazer balanço hídrico. 
-Observar sangramentos. Preparar o cliente para exames específicos 
(cinecoronariografia). 
 
6.2.2.3.1 - Tratamento Medicamentoso 
 
M O N A B 
 
1-Morfina (em solução decimal) 
2-Oxigênio 
3-Nitroglicerina 
4-Aspirina 
5-Beta Bloqueador (metoprolol) 
 
Obs.: A fibrinólise é feita com medicamentos específicos de acordo com o início do infarto, 
extensão e outros parâmetros estabelecidos pelo médico. Os medicamentos mais 
utilizados no atendimento pré e intra-hospitalar são: AAS, Clopidogrel, Heparina, Nitratos, 
Beta-bloqueadores, Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), Estatinas e 
Tenecteplase. 
 
 
6.2.3 Angina 
 
Também se configura como uma das Síndromes Coronarianas Agudas (SCAS). É 
uma doença cardíaca aterosclerótica caracterizada por dor intensa, aguda e súbita na 
parte anterior do tórax (precordialgia) relacionada a atividades físicas, mais ou menos 
intensas ou causada por transtornos emocionais, excesso de alimentação, exposição ao 
frio etc., devido à má irrigação (irrigação) e consequentemente, hipóxia do miocárdio. 
Devido a placa de ateroma, há uma diminuição no fluxo sanguíneo das artérias coronárias. 
Pode ser estável, instável e variante. A causa mais comum é a insuficiência coronariana 
por aterosclerose, que consiste no acúmulo de lipídios e de tecido fibroso na parede das 
coronárias (placas de ateroma). Os cuidados são semelhantes aos realizados no IAM. 
 
6.2.4 Hemorragias 
 
Perda constante de sangue, ocasionada pelo rompimento de um ou mais vasos 
sanguíneos (veias ou artérias), decorrentes de cortes, amputações, fraturas etc. Seus 
efeitos dependem do estado geral do cliente e do volume de sangue perdido. 
A importância do sangue é inquestionável. O sangue é o meio onde é realizado o 
transporte de oxigênio e nutrientes para as células e gás carbônico e outras excretas para 
os órgãos de eliminação. 
O corpo humano possui normalmente um volume sanguíneo de aproximadamente 
70ml/Kg de peso corporal para adultos e 80ml/Kg para crianças, ou seja, um indivíduo 
com 70ml/Kg possui aproximadamente 4.900ml de sangue. 
 34 
Geralmente a perda de sangue não pode ser medida, mas pode ser estimada 
através da avaliação do paciente (sinais de choque compensado ou descompensado). 
Quanto mais rápida a hemorragia, menos eficientes são os mecanismos 
compensatórios do organismo. Um indivíduo pode suportar a perda de um litro de 
sangue, que ocorre em um período de horas, mas não tolera esta mesma perda se ela 
ocorrer em minutos. Os mecanismos normais que o corpo possui para limitar as 
hemorragias são as contrações da parede dos vasos sanguíneos, diminuindo o tamanho da 
abertura por onde o sangue está escapando e a coagulação do sangue, que é uma série de 
reações químicas. Formando o trombo ou coágulo, que bloqueia o escape de sangue pelo 
orifício de vaso lesado. 
Estes mecanismos têm como objetivo a hemostasia, ou seja, o controle do 
sangramento pelo organismo isoladamente defendendo-o, ou em associações com 
técnicas de tratamento médico básicas e avançadas (cirúrgicas). 
Os pacientes com distúrbios no mecanismo de coagulação, por exemplo, os 
hemofílicos, podem apresentar hemorragias graves por traumas banais. 
 
6.2.4.1 - Classificação 
Hemorragia interna: ocorre internamente, ou seja, o sangue não se exterioriza, 
sendo de difícil identificação. Algumas vezes, pode exteriorizar-se pela boca, em golfadas. 
Pode-se suspeitar de hemorragia interna por meio de estado de choque, no caso de um 
acidente. 
Hemorragia externa: é a hemorragia visível, sendo, portanto, de identificação mais 
fácil. A hemorragia pode ser arterial ou venosa. De acordo com o volume sanguíneo 
perdido, pode levar ao estado de choque. Na arterial, há saída de sangue vivo e em alto 
fluxo, acompanhando os batimentos cardíacos. Na venosa, o sangue é mais escuro e sai 
continuamente. 
 
 
Tipos de Hemorragias externas. Fonte: www.manualscout.cl/ppa/clashemo.gif 
 
6.2.4.2 - Consequências das Hemorragias 
As hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do estado de 
choque. As hemorragias lentas e crônicas (através de uma úlcera, por exemplo), causam 
anemia (ou seja, quantidade baixa de glóbulos vermelhos). 
O quadro clínico varia de acordo com a quantidade perdida de sangue, velocidade 
do sangramento, estado prévio de saúde e idade da vítima. 
Perdas de até 15% do volume sanguíneo (750ml em adultos), geralmente não 
causam alterações. São totalmente compensadas pelo corpo (exemplo: doação de 
sangue). Perdas maiores que 15% e menores que 30% (750 a 1.500ml) geralmente causam 
estado de choque (sem hipotensão arterial). Os sinais e sintomas são: ansiedade, sede, 
 35 
taquicardia, pulso radial fraco, pele fria, palidez, suor frio, taquipneia, enchimento capilar 
lentificado. 
Perdas acima de 30% (maiores que 1.500) levam ao choque descompensado com 
hipotensão. Os sinais e sintomas são: alterações das funções mentais, agitação, confusão 
ou inconsciência, sede intensa, pele fria, palidez, suor frio, taquicardia, pulso radial 
ausente, taquipneia importante, enchimento capilar lento. 
A perda de mais de 50% do volume sanguíneo causa morte. 
 
6.2.4.3 - Reconhecimento das HemorragiasAs hemorragias externas podem muitas vezes ser reconhecidas na inspeção. O 
sangue pode ser absorvido pelas vestes da vítima, pelo solo ou tapetes, dificultando a 
avaliação pelo profissional de emergência. Os pacientes politraumatizados com sinais de 
choque e lesões externas pouco importantes provavelmente apresentam lesão interna. Os 
locais mais frequentes de hemorragia interna são: o tórax e o abdome. 
Observar presença de lesões perfurantes, e equimoses ou contusões na pele sobre 
estruturas vitais. Os órgãos abdominais que mais frequentemente produzem 
sangramentos graves são: o fígado e o baço. 
Algumas fraturas, especialmente de quadril e fêmur, podem produzir hemorragias 
internas graves. Observar extremidades com deformidade e dolorosas e instabilidade 
pélvica. A distensão abdominal com dor após traumatismo deve sugerir hemorragia 
interna. 
Algumas hemorragias internas podem se exteriorizar. Por vezes hemorragias do 
tórax produzem hemoptise, que é à saída de sangue através das vias aéreas. O 
sangramento do esôfago, estômago e duodeno podem se exteriorizar através da 
hematêmese, que é a saída de sangue com o vômito; o sangue eliminado pode se 
vermelho vivo ou estar parcialmente digerido, com aparência de borra de café. Neste caso, 
o socorrista pouco pode fazer no pré-hospitalar para controlar a hemorragia. As condutas 
visam ao suporte da vida, principalmente via aérea e respiração, até o hospital. 
 
 
 
FONTE: ImageShack, share photos img168.imageshack.uslookfordiagnosis.com 
 
 36 
 
 
 
6.2.4.4 - Sinais e sintomas 
Hipotensão; dispneia; taquipneia; hipotermia; pulso rápido e filiforme; palidez 
cutânea; sede. 
 
6.2.4.5 - Assistência de enfermagem 
 
Hemorragia interna 
1-Avaliar a gravidade da hemorragia. 
2-Nos casos em que o cliente apresentar sinais de choque, realizar o atendimento 
específico, evitando uma parada cardiorrespiratória. 
 
Hemorragia externa 
1-Proteger-se com luvas (sempre que em contato com sangue ou fluidos 
corpóreos). 
2-Identificar o local exato da hemorragia, pois o atendimento pode estar sendo 
realizado no local errado. 
3-Colocar compressa estéril no local do ferimento que ocasiona a hemorragia. 
4-Fazer curativo compressivo, sem prejudicar a circulação do membro. 
5-Se a hemorragia for em braço ou perna e não houver fraturas, elevar o membro. 
6-Pressionar a área com os dedos (ponto de pressão) para ajudar a estancar a 
hemorragia. 
7-Administrar medicamentos conforme prescrição médica. 
8-Avaliar constantemente os SSVV. 
9-Caso o sangue continue saindo após a realização do curativo compressivo, 
colocar outro pano limpo em cima e uma nova atadura, evitando interferir no processo de 
coagulação. 
10- Os torniquetes são usados essencialmente nos casos de amputação ou 
esmagamento de membros e só podem ser colocados no braço ou na perna. Último 
recurso, usado quando todos os outros métodos falharem. Pode levar à perda do membro. 
Anotar o horário em que o torniquete foi iniciado. Considerá-lo em casos de destruição 
completa ou amputação de extremidades com sangramento severo. Afrouxe o torniquete 
entre 5 e 15 minutos. 
 
6.2.5 Arritmias 
 
As arritmias são alterações na frequência e/ou ritmo do coração. A descarga 
rítmica que dá início a cada batimento tem origem no nó sinoatrial, que se encontra na 
parede do átrio direito. A parte do sistema nervoso que regula automaticamente a 
frequência cardíaca é o sistema nervoso autónomo, que compreende os sistemas 
nervosos simpático e parassimpático. O sistema nervoso simpático acelera a frequência 
cardíaca; o parassimpático a diminui. 
Só quando o ritmo é inadequadamente rápido (taquicardia) ou lento (bradicardia), 
ou quando os impulsos elétricos seguem vias ou trajetos anômalos, se considera que o 
 37 
coração tem um ritmo anormal (arritmia). Os ritmos anormais podem ser regulares ou 
irregulares. 
A maneira mais exata de comprovar e registrar uma arritmia é por meio de um 
diagnóstico preciso, que inclui, além da auscultação, inúmeras técnicas de investigação, 
quase todas eletrônicas. 
A conduta de emergência estabelecida pelo médico levará em conta uma análise 
criteriosa do tipo de arritmia e do estado do paciente. 
Os cuidados de enfermagem serão estabelecidos de acordo com os parâmetros 
médicos, diagnóstico de enfermagem (enfermeiro), mas são semelhantes aos cuidados 
prestados a pacientes com outras cardiopatias. 
 
Alguns cuidados gerais: 
 
◼ Repousar o paciente 
◼ Observar continuamente o pulso e as ondas do eletrocardiograma 
◼ Disponibilizar unidade ou equipe de reanimação cardiopulmonar 
◼ Disponibilizar aparelho de desfibrilação/cardioversão elétrica 
◼ Avaliar continuamente a pressão arterial 
◼ Instalar e manter acesso intravenoso periférico com SG5% ou SF 
◼ Administrar oxigênio continuamente (5 l/min) 
 
 
6.2.6 Parada Cardiorrespiratória (PCR) e Ressussitação Cárdiopulomonar (RCP) 
 
A Parada Cardiorrespiratória (PCR) é a interrupção da circulação sanguínea que 
ocorre em consequência da interrupção súbita e inesperada dos batimentos cardíacos ou 
da presença de batimentos cardíacos ineficazes. Após uma PCR o indivíduo perde a 
consciência em cerca de 10 a 15 segundos devido à parada de circulação sanguínea 
cerebral. 
Caso não haja retorno à circulação espontânea e o paciente não seja submetido a 
ressuscitação cardiopulmonar, a lesão cerebral começa a ocorrer em cerca de 3 minutos e 
após 10 minutos de ausência de circulação as chances de ressuscitação são próximas a 
zero. 
 
ECG Normal 
 
 
 
 
 
Ritmos de Parada Cardiorrespiratória 
ONDAS DO ELETROCARDIOGRAMA EM RÍTMO SINUSAL 
 38 
 
A Parada Cardiorrespiratória pode ocorrer na presença de três ritmos cardíacos diferentes: 
• Fibrilação Ventricular ou Taquicardia Ventricular sem Pulso: Ritmo de PCR mais 
frequente em PCR fora do hospital, responsável por cerca de 80% dos episódios. 
Caracteriza-se por um ritmo cardíaco rápido, irregular e ineficaz. 
 
 
 
 
• Assistolia: Ausência de ritmo cardíaco, nesse ritmo há interrupção da atividade 
elétrica do músculo cardíaco. 
 
 
• Atividade Elétrica sem Pulso: Nesse ritmo existe a presença de atividade elétrica no 
músculo cardíaco, porém, os batimentos não são eficazes e não há circulação 
sanguínea. 
 
 
 Fases da parada cardiorrespiratória (PCR) : Elétrica, circulatoria e metabólica. 
 
I - Elétrica (mudanca na atividade elétrica do coração a principal causa é FV(Fibrilaçao 
ventricular) 
 II - Circulatória se o sangue não chega ao cerebro não adianta chocar e nem ventilar 
 III - Metabólica (principalmente hipotermia) 
 
 - No 1 min (se foi presenciada a parada) = choque e depois compressão externa e 
ventilação. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fibrilha%C3%A7%C3%A3o_ventricular
 39 
 - De 4 a 10 min, primeiro faz compressão e ventilação e depois o choque. 
 - Mais de 10 min, a vítima entra em hipotermia e tem alteraçao metabólica(morte 
cerebral). 
 
Quando ocorre uma parada cardíaca ou alguma emergência que ponha a vida em 
risco, uma resposta rápida e hábil pode fazer a diferença entre vida e morte e entre a 
sobrevivência intacta e as sequelas. Este documento resume as evidências atuais para o 
reconhecimento e resposta aos eventos que colocam a vida em risco, particularmente 
morte súbita em vítimas de qualquer idade. 
 
ETAPAS DO ATENDIMENTO: 
 
- Reconhecimento imediato da Parada cardiorrespiratória (PCR) e acionamento do Serviço 
de Emergência; 
- A reanimação cardiopulmonar precoce, com ênfase nas compressões torácicas; 
- Rápida desfibrilação com uso do desfibrilador externo automático (DEA); 
 
Desfibrilador Automático Externo (DEA) - Equipamento capaz de efetuar a leitura da 
ocorrência de Fibrilação Ventricular (FV), efetuando desfibrilação automática com choque 
monofásico de 360 Joules ou Bifásico de 200 Joules. 
 
 
Técnica de Desfibrilação: 
-Verificar o corretofuncionamento do desfibrilador e colocá-lo em posição neutra 
ou de registro. 
-Aplicar gel ou pasta condutora sobre as pás; 
-Carregar o desfibrilador com a potência determinada; 
-Colocar uma das pás à direita da porção superior do esterno e a outra à esquerda 
e abaixo do mamilo esquerdo; 
 40 
-Fazer a pressão sobre as pás de modo a haver um bom contato com a pele e 
evitando que as pás possam escorregar. Verificar o diagnóstico elétrico no monitor; 
-Avisar o choque para que possam se afastar do paciente, evitando tocar-lhe; 
-Pressionar os botões de ambas as pás de forma simultânea para produzir a 
descarga; 
-Verificar através do traçado eletrocardiográfico se existe ou não atividade 
cardíaca eficaz, verificando também o batimento carotídeo. 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
 
 
 
 
 
 
Circulação: Deve-se providenciar um ou mais acessos venosos, por cateter central 
ou periférico, para a administração das devidas drogas. 
Existem as drogas que também podem ser administradas pelo tubo endotraqueal, 
como epinefrina, lidocaína e atropina. 
 
Medicamentos utilizados na reanimação 
Oxigênio: melhora a oxigenação tecidual e corrige a hipoxemia. 
Adrenalina: droga vasoconstritora que aumenta a resistência vascular sistêmica e o 
estado contrátil no miocárdio, e melhora o fluxo coronariano e cerebral durante a 
massagem cardíaca, possibilitando, portanto, a restauração da circulação espontânea. 
 42 
Atropina: aumenta a automaticidade do nódulo AS e a condução AV. Atua sobre o 
coração, acelerando o ritmo de descarga elétrica (aumenta a frequência cardíaca). 
Lidocaína: corrige as arritmias ventriculares (efeito antiarrítmico). 
Ancoron: antiarrítmico de ação potente e boa duração. 
Bicarbonato de sódio: tem efeito alcalinizante. Corrige acidose metabólica e 
restabelece o equilíbrio ácido base. 
 
Suspensão da RCP: 
- Quando o paciente recupera o pulso e a respiração espontâneos, em cujo caso se 
submeterá a cuidados pós-reanimação (UTI durante 24hs). 
- Quando nenhum sinal de ritmo elétrico retorna após 15min do início das manobras nos 
casos em que o ritmo inicial é a assistolia. 
- Na presença de fibrilação ventricular os esforços devem ser mantidos, podendo-se não 
prolongar as manobras de RCP, além dos 20min habituais, quando há a certeza de que os 
sintomas se iniciaram há mais de 15min. 
- Quando o médico responsável pela reanimação determina que a parada é irreversível, ao 
comprovar que não existe qualquer sinal de atividade elétrica após a aplicação, durante 30 
minutos, de uma RCP adequada. 
 
Ressuscitação ou Reanimação Cardiopulmonar Pediátrica: A parada cardíaca em 
crianças, na maioria das vezes, é consequência de problemas respiratórios ou circulatórios, 
sendo a parada cardíaca primária, diferentemente do adulto, evento raro nessa faixa 
etária. Assim, em crianças frequentemente se observam várias doenças e lesões 
traumáticas, desencadeando hipoxemia e acidose progressivas, que levam à parada 
cardíaca em assistolia. FV ocorre na minoria dos casos de PCR em crianças (menos de 10%) 
e é observada mais comumente em portadores de doença cardíaca congênita prévia. O 
prognóstico da assistolia cardíaca é bastante reservado. Os índices de sobrevida são 
reduzidos e, frequentemente, os sobreviventes desenvolvem sequelas neurológicas graves. 
Assim, conclui-se que a prevenção da PCR é essencial na faixa etária pediátrica, implicando 
no emprego imediato de terapia adequada a cada doença. A monitorização dos 
parâmetros clínicos - frequência respiratória, FC, coloração das mucosas e perfusão 
periférica - é obrigatória em todas as crianças que apresentem algum risco, mesmo que 
mínimo, de desenvolverem insuficiência respiratória ou circulatória. 
As diretrizes da RCP de 2015 recomendam que a RCP convencional (15 ou 30 
compressões para 2 ventilações) sempre deve ser usada na parada cardíaca pediátrica. 
 
 
6.3 Pulmonares 
 
6.3.1 Edema Agudo de Pulmão 
 
 O edema agudo de pulmão é uma situação grave, que requer atenção imediata. 
 Edema agudo de pulmão é causado por um aumento súbito na pressão dos 
capilares pulmonares, levando ao extravasamento de líquido para os alvéolos, deixando o 
pulmão menos elástico e com menos superfície de contato para a troca de gases, 
manifestando-se por dificuldade respiratória. 
 43 
 
 6.3.1.1 - Assistência de enfermagem 
 
- É importante que você se antecipe à prestação dos cuidados, posicionando o paciente em 
decúbito elevado, preferencialmente com as pernas pendentes, para diminuir o trabalho 
respiratório e o retorno venoso. 
- A permeabilidade vascular nos casos não cardiogênicos pode ser alterada devido à 
presença de toxinas, uso inadequado de aporte de oxigênio em pacientes portadores de 
doenças respiratórias pré-existentes, entre outras. 
- Assegure a permeabilidade das vias aéreas realizando a aspiração de secreções e 
instalando cateter ou máscara de oxigênio ou, ainda, auxiliando a equipe multiprofissional 
a ofertar oxigênio por meio de outra modalidade. 
- Em pacientes que apresentam o quadro de descompensação cardíaca evidenciados com 
o EAP, o suporte ventilatório não invasivo com pressão positiva por meio de máscara de 
CPAP ou Bipap apresenta benefício na melhora da dispneia e redução da necessidade de 
intubação orotraqueal e o uso de ventilador mecânico. 
 
 
- Monitorize o paciente e instale oximetria de pulso para facilitar a visualização dos níveis 
de saturação e lembre-se que, na vigência de má perfusão periférica, a eficácia pode ficar 
prejudicada. 
- Puncione o acesso venoso para coleta de exames laboratoriais tais como dosagem de 
eletrólitos, função renal, marcadores cardíacos, hemograma e administração de 
medicamentos. 
- Oriente o paciente em casos de internação. 
 
De imediato, diuréticos de alça, nitratos e analgésicos potentes propiciam a 
melhora do quadro respiratório pela diminuição da congestão pulmonar causando 
vasodilatação e minimizando a ansiedade do paciente. 
 
Oxigenoterapia 
A oxigenoterapia pode ser definida como a administração de oxigênio superior à 
encontrada na atmosfera com objetivo de minimizar o déficit de oxigênio que o organismo 
está necessitando. O tratamento com diferentes dispositivos está vinculado ao grau de 
 44 
severidade da incapacidade respiratória que o paciente apresenta. Tem como papel 
principal prevenir ou aliviar a hipoxemia na vigência de má perfusão tissular. 
A oxigenoterapia para paciente em EAP pode ser por meio de cateter de O2, 
máscara de Venturi e ainda por meio de suporte ventilatório não invasivo com pressão 
positiva (CPAP ou Bipap) e ventilação mecânica invasiva (ventilador mecânico). O oxigênio 
é um gás inodoro, insípido e transparente. Para sua utilização, é necessário o uso de 
fluxometro ou de um regulador de pressão para ser liberado. 
A máscara de Venturi é uma máscara facial fenestrada que possui sistema de alto 
fluxo. O oxigênio passa por um orifício, sob pressão, permitindo a aspiração do ar 
ambiente para o interior da máscara, o que provoca a mistura de ar ambiente e oxigênio. 
É considerado um método eficaz por permitir o controle da quantidade exata de O2 por 
meio de adaptadores coloridos e removíveis, atingindo até 50% de concentração de 
oxigênio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 45 
Ventilação mecânica invasiva 
 
A ventilação mecânica invasiva é a assistência ventilatória por meio de respirador 
mecânico. 
As principais indicações são a diminuição do consumo de oxigênio exigido pelo 
músculo cardíaco na vigência de cardiopatia, bloqueio neuromuscular para a realização de 
procedimentos invasivos e diminuição da hipoxemia para pacientes que apresentam 
insuficiência respiratória. 
Vários são os tipos de respirador mecânico no mercado, porém, é necessário que a 
escolha, bem como os parâmetros, esteja de acordo com a necessidade do paciente. 
A ventilação mecânica fornece o gás ao pulmão por meio de pressão positiva a 
uma determinada frequênciae essa a quantidade de ar pode ser limitada pelo tempo, pela 
pressão e pelo volume. 
É importante que os parâmetros do ventilador sejam ajustados levando-se em 
consideração o resultado da gasometria, que indica valores de oxigênio e gás carbônico; 
radiografia de tórax e patologia de base. Entre eles estão o pico de pressão inspiratória; 
relação entre a inspiração e expiração; a modalidade respiratória, que varia de acordo 
com o nível de dependência do paciente; frequência respiratória; pressão expiratória 
positiva final (Peep) - responsável pela manutenção da distensão alveolar no final da 
expiração; e a fração inspiratória de oxigênio (FiO2). 
 
6.3.1.2 - Tratamento medicamentoso 
 
 Morfina; Furosemida; Aminofilina: Isossorbida: Hidrocortizona: Dobutamina. 
 
Os cuidados de enfermagem incluem: 
- Vigilância constante, 
- Alarmes ligados ininterruptamente, 
- Auxílio na fixação do tubo traqueal, 
- Avaliação da perfusão periférica para verificar a eficácia da perfusão tecidual, 
- Instalação da oximetria de pulso, 
- Observação da expansibilidade torácica em sincronia com o ventilador mecânico e a 
avaliação da necessidade de analgesia e sedação. 
- Mudança de decúbito para evitar atelectasia e otimização da expansibilidade torácica, 
- Higiene oral para diminuição da proliferação bacteriana 
 
Não se esqueça de estabelecer a comunicação efetiva com todos os pacientes que estão 
em ventilação mecânica, incluindo aqueles que se apresentam sedados. 
 
A incidência de pneumonia relacionada à assistência à saúde é maior em paciente com 
ventilação mecânica. 
 
 
6.3.2 Enfisema - DPOC 
Doença pulmonar caracterizada pela destruição dos alvéolos, alargamento das vias 
aéreas e perda do suporte das vias aéreas pelo parênquima pulmonar. O paciente 
enfisematoso geralmente tem histórico de tabagismo e tosse crônica. 
 46 
 
A assistência de enfermagem inclui: 
▪ Manter o paciente em Fowler; 
▪ Administrar medicamentos e inalações conforme prescrição; 
▪ Observar os horários dos medicamentos para que o ciclo deles não seja 
prejudicado; 
▪ Verificar e anotar SSVV com atenção especial à respiração; 
▪ Manter acesso venoso de grosso calibre. 
▪ Providenciar internação. 
 
 
 
 
6.3.3 Derrame Pleural 
Define-se pelo excesso e líquido no espeço pleural. As causas mais frequentes são ICC, 
pneumonia, câncer e embolia pulmonar. 
 
6.3.3.1 - Cuidados de enfermagem: 
 
▪ Ligar oxímetro de pulso; 
▪ Tranquilizar o paciente; 
▪ Oxigenioterapia conforme solicitação médica; 
▪ Encaminhar para exames radiológicos; 
▪ Auxiliar drenagem s/n. 
▪ Preparar internação s/n. 
 
 
 47 
 
 
 
 Dreno de Portovac 
 
 
6.3.4 Pneumotórax e Hemotórax 
 
Pneumotórax é a presença de ar no espaço pleural, enquanto hemotórax é a 
presença de sangue na cavidade pleural. 
 
6.3.4.1 - Cuidados de enfermagem 
▪ Manter paciente sentado ou semiereto; 
▪ Fornecer O2 conforme pedido médico ou rotina; 
▪ Não remover qualquer objeto do tórax do paciente; 
▪ Auxiliar na drenagem imediata (agulha); 
▪ Auxiliar na colocação do dreno torácico; 
▪ Manter o frasco do dreno abaixo do nível do tórax e com o nível de água 
adequado. 
▪ Tranquilizar o paciente; 
 48 
▪ Se o pneumotórax for aberto, pedir ao paciente para expirar ao máximo e ocluir o 
ferimento, com gaze e esparadrapo, até o atendimento médico definitivo; 
▪ Estabelecer acesso venoso; 
▪ Encaminhar para exames de RX; 
▪ Solicitar coleta de exames de laboratório (gasometria). 
 
 
6.4 Gastrointestinal 
 
6.4.1 Hemorragia digestiva alta e baixa 
 
Sangramento do trato gastrintestinal, que pode ter origem em qualquer estrutura 
do tubo digestório (da boca aos anus). 
Classifica-se como hemorragia digestiva alta (HDA), sangramento do esôfago, 
estômago e duodeno e hemorragia digestiva baixa (HDB), sangramento dos cólons, reto e 
ânus. 
Estas hemorragias podem apresentar-se como: 
-Hematêmese: vômito com sangue, que pode ser vivo quando o sangramento é 
ativo e em grande quantidade, ou semelhante a borra de café quando o sangramento é de 
baixa intensidade e sofreu ação do suco gástrico. 
-Melena: fezes enegrecidas com odor fétido, provenientes de sangramento do TGI 
alto, que passou por todo processo de digestão. 
-Enterorragia: sangramento vivo do TGI baixo, geralmente por sangramento ativo. 
É a expulsão de sangue vivo pelo ânus ao defecar. São provocadas por sangramentos da 
porção final do tubo digestivo, cólon e reto e, entre as suas causas mais frequentes, 
podemos citar as diverticulites, neoplasias, hemorroidas e fissuras anais. 
 
6.4.1.1 - Assistência de enfermagem 
1-Manter o cliente em jejum absoluto. 
2-Monitorar sinais vitais e comunicar sinais de choque e PCR. 
3-Manter acesso venoso calibroso ou cateter central e instalar terapêutica 
volêmica, de acordo com orientação médica. 
4-Auxiliar em casos de exames específicos: EDA, colonoscopia e procedimentos 
como passagem de balão esofágico e tampão anal. 
5-Anotar aspecto e frequência dos vômitos e evacuações. 
 
 
6.4.2 Abdome agudo 
Dor abdominal, em geral de início súbito, progressiva que costuma associar-se a 
doenças de resolução cirúrgica. Necessita de avaliação médica urgente. Algumas causas 
de abdome agudo são apendicite, colecistite, pancreatite, etc. 
 
São solicitados exames para diagnóstico, tais como: 
- Exames de sangue e urina; 
- Radiografia de abdome; 
- USG 
- Laparoscopia 
 49 
 
6.4.2.1 - TIPOS DE ABDOME AGUDO 
 
◼ Abdome Agudo inflamatório = apendicite, colecistite… 
◼ Abdome Agudo Obstrutivo = neoplasia de colon, hérnia encarcerada… 
◼ Abdome Agudo Perfurativo = Úlcera gástrica/duodenal perfurada, perfuração de 
alça intestinal… 
◼ Abdome Agudo Hemorrágico = gravidez ectópica rota, ruptura de vísceras… 
◼ Abdome Agudo Vascular = trombose arterial periférica… 
 
6.4.2.2 - Cuidados de enfermagem 
◼ Tranquilizar o paciente; 
◼ Estabelecer acesso venoso; 
◼ Administrar medicação conforme prescrição médica; 
◼ Sondagem nasogástrica; 
◼ Providenciar encaminhamento para exames diagnósticos (US, RX, endoscopia, 
ECG…); 
◼ Verificar SSVV. 
◼ Preparar internação. 
 
 
6.5 Neurológica 
 
6.5.1 Traumatismo Crânioencefálico (TCE) 
 
Os indivíduos podem sofrer muitos tipos de traumatismos crânio-encefálicos 
como, por exemplo, fraturas, concussões, contusões e lacerações cerebrais e 
hematomas intracranianos. 
 
6.5.1.1 - Cuidados Imediatos 
◼ Controle dos SSVV. 
◼ Observar ondas do ECG 
◼ Atentar para alterações no padrão respiratório 
◼ Informar imediatamente ao medico se observar rinorréia (perda de líquor pelo 
nariz) 
◼ Instalação de cateter de oxigênio ou de respirador mecânico se respiração difícil. 
◼ Auxiliar o médico nos procedimentos. 
◼ Verificação do nivel de consciência e reações motoras a estímulos (pupilas e 
membros) – médico. 
◼ Se o paciente estiver inconsciente, instalar sonda vesical de demora (sob 
supervisão do enfermeiro); SNG 
◼ Monitorar balanço hídrico 
◼ Encaminhar o paciente para tomografia ou para Ressonância Magnética. 
◼ Administrar medicação prescrita (sedativos e analgésicos). 
◼ Providenciar internação. 
 
 
 50 
6.5.2 - ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO/CEREBRAL (AVE/AVC) 
 
Iniciaremos explicando a denominação dada a essa patologia. Por que “Acidente 
Vascular Encefálico” (AVE)? Primeiramente, por se tratar de mal súbito com evolução 
rápida que acomete um ou vários vasos sanguíneos responsáveis pela irrigação do 
encéfalo, ocasionando alterações histopatológicas e resultando em déficits neurológicos. 
Esse acometimento vascular inclui aspectos funcionais e estruturais, bem como o fluxo 
sanguíneo e distúrbios de coagulação, podendo originar duas situações: o AVE isquêmico, 
que corresponde de 80% a 85% dos casos, e o AVE hemorrágico, que acomete em torno de 
10% a 15% da população. Ambos causam sequelas distintase de extensão variável, 
conforme a região afetada. 
O AVE isquêmico é caracterizado por uma área de infarto cerebral devido à 
interrupção do fluxo sanguíneo, que acarreta em dano estrutural irreversível. 
Conjuntamente, ocorre uma região de instabilidade, denominada zona de penumbra, cujas 
sequelas dependerão da magnitude do dano e de sua repercussão futura. Na fase aguda 
da isquemia, essa região tem sua irrigação diminuída, mas suficiente para manter a 
viabilidade celular temporariamente. 
A principal causa do AVE isquêmico é o tromboembolismo arterial em decorrência 
de embolias cardíacas ou ainda de grandes vasos, que incluem as artérias aorta, carótida e 
vertebrais. Situações de oclusão de pequenos vasos, vasculites, dissecção vascular e ainda 
discrasias sanguíneas, enxaqueca, cardiopatias congênitas também são consideradas 
fatores etiológicos. 
Quando falamos do AVE hemorrágico, é necessário distinguir o local da ocorrência 
da hemorragia. 
Hemorragia intraparenquimatosa (HIP) e hemorragia subaracnóidea (HSA) são 
distintas devido às alterações clínicas evidenciadas, etiologia e abordagem terapêutica a 
ser utilizada. Na HIP, a principal causa é a hipertensão arterial que, ao longo de sua 
evolução, desencadeia alterações patológicas crônicas na parede de pequenas artérias 
levando à formação de microaneurismas (aneurismas de Charcot-Bouchard). Outras 
causas incluem ruptura de aneurismas, malformações arteriovenosas, vasculites e 
discrasias sanguíneas. 
Para as HSA, destaca-se a ruptura de aneurisma sacular intracraniano como 
principal causa de prognóstico sombrio, levando à morte em mais de 50% das ocorrências. 
As seguintes manifestações neurológicas podem estar presentes: alterações do 
nível de consciência, déficit motor e sensitivo, alterações de coordenação de visão, da 
linguagem, fala e memória. 
Por acometimento de nervos cranianos, o paciente pode apresentar diplopia, 
nistagmo, ptose palpebral e paralisia facial. Tonturas, vertigens, cefaleia e vômitos podem 
estar presentes. 
A tomografia computadorizada deve ser realizada o mais rápido possível para 
evidenciar o tipo de acometimento. Em casos de indefinição ou piora das condições clínicas 
do paciente, deve ser repetida em um prazo de 24 a 48 horas. O Doppler de carótidas, a 
angiografia cerebral e a ressonância magnética podem colaborar para elucidação do caso. 
Exames laboratoriais como hemograma, dosagem de sódio e potássio, ureia e creatinina 
sérica, glicemia, coagulograma, somados à radiografia do tórax e ao eletrocardiograma 
complementam a investigação diagnóstica. Por vezes, a punção liquórica pode ser 
 51 
realizada quando há suspeita de hemorragia subaracnóidea não diagnosticada na 
tomografia de crânio. 
Ao proceder a venopunção, assegure-se de que a infusão de fluidos seja controlada, 
evitando sobrecargas volêmicas desnecessárias. 
Verificar a glicemia capilar é importante, pois, em geral, a maioria dos pacientes 
acometidos pelo AVE é idoso e pode apresentar outras comorbidades. É necessário que a 
equipe do APH realize a avaliação neurológica, utilizando a escala de coma de Glasgow, 
escala de Cincinnati ou outras, conforme o protocolo instituído no serviço. Fique atento, 
pois, dentre as alterações neurológicas que acompanham esse agravo, o paciente pode 
apresentar convulsões. 
Em virtude da gravidade, os aspectos preventivos e de detecção precoce devem ser 
divulgados, pois quanto maior o número de pessoas orientadas e capazes de iniciar as 
ações imediatas de socorro, maior é a chance de sobrevida e qualidade de vida da 
população acometida. Por isso, é importante que a comunidade seja instruída quanto à 
possibilidade de um indivíduo apresentar AVE e como providenciar socorro apropriado. 
Para facilitar o reconhecimento, utiliza-se as escalas padronizadas como as escalas 
de Cincinnati (Cincinnati Pre-hospital Stroke Scale) e de LAPSS (Los Angeles Pre-hospital 
Stroke Screen). 
 
 
 
 
 
Interpretação: Se o paciente tiver 1 destes 3 sinais anormal, a probabilidade de AVE 
é de 72%. Se tiver 2 dos 3 sinais, a probabilidade aumenta para 85%. 
Antes da aplicação da escala, certifique-se de que o paciente não apresentou AVE 
anteriormente, pois as sequelas podem dificultar a avaliação do estado atual. 
O valor preditivo positivo do LAPSS é muito maior que o de Cincinnati. O paciente 
com achados positivos nos 8 critérios tem 97% de probabilidade de te um AVC. 
 
 52 
 
 
 
Puncione um acesso venoso calibroso para a administração de medicamentos tais 
como trombolíticos, anticonvulsivantes, anticoagulantes, entre outros, que colaboram na 
prevenção dos agravos como edema, hemorragia e convulsão. 
Esteja atento à variação do nível de consciência, a alterações de motricidade, 
sensibilidade e a modificações pupilares que podem significar uma piora do quadro 
neurológico. A passagem de sonda gástrica e de sonda vesical de demora facilita o 
controle de débitos e do balanço hídrico. 
A decisão quanto ao tratamento clínico ou cirúrgico dependerá do tipo de AVE e da 
evolução do paciente, cabendo à equipe de enfermagem prepará-lo para unidade 
especializada. 
 
 53 
 
 
6.5.2.1 - Assistência de Enfermagem 
 
- Se o cliente estiver inconsciente, coloque-o deitado de lado para possibilitar que as 
secreções drenem e para evitar a broncoaspiração; se necessário aspire as secreções. 
- Auxilie o médico durante a introdução de uma via respiratória artificial (intubação) e 
administre o oxigênio suplementar, quando pedido. 
- Monitore a pressão arterial, o nível de consciência, as alterações pupilares, as funções 
motoras (movimentos voluntários e involuntários) e sensoriais, a fala, a cor da pele, a 
temperatura, sinais de aumento da PIC e rigidez de nuca ou flacidez. 
 
Lembre-se: se o AVC/AVE for iminente, a pressão arterial sobe repentinamente, o pulso 
apresenta-se rápido e forte e o paciente pode queixar-se de dor de cabeça intensa. 
Anote suas observações e avise o médico se houver quaisquer alterações significativas. 
 
- Observar o balanço hídrico. 
- Administre os fármacos de acordo com a prescrição e fique atento e avise se houver 
reações adversas. 
- Mantenha as grades laterais do leito elevadas o tempo todo. 
 
 
 
PESQUISAR A AVALIAÇÃO DO NATIONAL INSTITUTE OF 
HEALTH STROKE SCALE (NIH) – Escala de avaliação de AVC 
 
 54 
 
 
 
 
 
 
 55 
6.5.3 - Traumatismo raquimedular 
 
Consiste nas lesões apresentadas nas vértebras cervicais (5a.,6a.,7a.), torácica (12a.) e 
lombar (1a.), decorrentes de acidentes e traumas. Essa lesão pode ser desde uma 
concussão transitória até uma transecção completa da medula. Pode ocorrer perda 
sensorial total e paralisia motora abaixo da lesão. As lesões em C2 e C3 geralmente são 
fatais. 
 
 
OBS: esses sinais e sintomas só ocorrem se houver lesão medular. Lesões ósseas de 
vértebras podem ser assintomáticas ou estarem ligadas apenas à dor. 
 
 
6.5.3.1 - Cuidados Imediatos 
 
◼ Manter o paciente em maca sem movimentação da coluna; 
◼ Puncionar acesso venoso; 
◼ Verificar sinais vitais; 
◼ Manter material de sondagem vesical à mão; 
◼ Auxiliar o médico durante o exame; 
◼ Cuidados rigorosos durante o transporte; 
◼ Providenciar internação. 
 
6.5.3.2 - Principais objetivos no tratamento de paciente com TRM 
→Imobilização da coluna cervical para prevenir lesões neurológicas adicionais 
→Cirurgia para redução de fraturas com descompressão medular e raízes 
→Realinhamento de coluna com fixação externa ou interna 
 56 
 
6.5.4 - Escala de Coma de Glasgow 
 
A escala atualizada (2018) considera três fatores principais e determina uma 
pontuação de acordo com o nível de consciência apontada em cada um desses casos 
(espontaneamente ou através de estímulo). São eles: Abertura ocular, Resposta 
verbal e Melhor resposta motora. Após a análise desses fatores, a publicação de 2018 
indica mais um ponto a ser observado: a Reatividadepupilar, que é subtraída da 
pontuação anterior, gerando um resultado final mais preciso. 
 
Abertura Ocular: 
 
 
 
(4) Espontânea: abre os olhos sem a necessidade de estímulo externo. 
(3) Ao som: abre os olhos quando é chamado. 
(2) À pressão: paciente abre os olhos após pressão na extremidade dos dedos 
(aumentando progressivamente a intensidade por 10 segundos). 
(1) Ausente: não abre os olhos, apesar de ser fisicamente capaz de abri-los. 
 
Resposta Verbal: 
 
 
 
https://www.iespe.com.br/wp-content/uploads/2017/03/pequena-blog-escala-de-coma-de-glasgow-3.jpg
 57 
(5) Orientada: consegue responder adequadamente o nome, local e data. 
(4) Confusa: consegue conversar em frases, mas não responde corretamente as perguntas 
de nome, local e data. 
(3) Palavras: não consegue falar em frases, mas interage através de palavras isoladas. 
(2) Sons: somente produz gemidos. 
(1) Ausente: não produz sons, apesar de ser fisicamente capaz de realizá-los. 
 
Melhor Resposta Motora: 
 
 
 
(6) À ordem: cumpre ordens de atividade motora (duas ações) como apertar a mão do 
profissional e colocar a língua para fora. 
(5) Localizadora: eleva a mão acima do nível da clavícula em uma tentativa de 
interromper o estímulo (durante o pinçamento do trapézio ou incisura supraorbitária). 
(4) Flexão normal: a mão não alcança a fonte do estímulo, mas há uma flexão rápida do 
braço ao nível do cotovelo e na direção externa ao corpo. 
(3) Flexão anormal: a mão não alcança a fonte do estímulo, mas há uma flexão lenta do 
braço na direção interna do corpo. 
(2) Extensão: há uma extensão do braço ao nível do cotovelo. 
(1) Ausente: não há resposta motora dos membros superiores e inferiores, apesar de o 
paciente ser fisicamente capaz de realizá-la. 
 
Reatividade Pupilar (atualizada em 2018) 
 
 
(2) Inexistente: nenhuma pupila reage ao 
estímulo de luz 
(1) Parcial: apenas uma pupila reage ao 
estímulo de luz. 
(0) Completa: as duas pupilas reagem ao 
estímulo de luz. 
 58 
6.6 Oftalmológica 
 
6.6.1 - Descolamento de retina 
Descolamento de retina é a separação de duas camadas da retina: a parte sensorial 
(relacionada com a visão) se separa da camada pigmentada da retina (relacionada com a 
nutrição). 
 
 
 
 
 
 
6.6.1.1 - Cuidados de enfermagem 
◼ Auxiliar o médico durante o exame; 
◼ Providenciar a oclusão da vista até que seja tratado definitivamente. 
◼ Deixar o paciente em ambiente calmo e mantido em repouso. 
◼ Providenciar internação. 
 
 
 
 
 
 59 
6.6.2 Corpo estranho 
 
As lesões oculares mais comuns são as da esclera, da córnea e da conjuntiva 
(revestimento das pálpebras), causadas por corpos estranhos. Embora a maioria dessas 
lesões sejam de pouca importância, algumas (p.ex., perfuração da córnea ou infecção 
secundária a um corte ou a um arranhão da córnea) podem ser graves. A fonte mais 
comum de lesões superficiais talvez sejam as lentes de contato. 
 
6.6.2.1 - Tratamento 
◼ Remoção por médico com auxílio de instrumento e iluminação especial. 
◼ Colírios especiais contendo fluoresceína (um corante) tornam o objeto mais visível 
e revelam qualquer abrasão superficial. 
◼ Colírios anestésicos podem ser utilizados para anestesiar a superfície do olho. 
◼ Frequentemente, ele pode ser retirado da superfície com o auxílio de um cotonete 
estéril umedecido. 
◼ Algumas vezes, o corpo estranho pode ser eliminado através da lavagem do olho 
com água estéril. 
 
6.6.2.2 - Cuidados de enfermagem 
◼ Providenciar material para retirada do corpo estranho. 
◼ Auxiliar o médico, especialmente se for criança. 
◼ Providenciar material de curativo. 
◼ Orientar os cuidados posteriores. 
◼ Providenciar internação s/n. 
 
 
6.7 Otorrinilaringológica 
 
As emergências e urgências em Otorrinolaringologia mais frequentes são: 
sangramento nasal (epistaxe), corpo estranho (ouvido, nariz e garganta) e trauma facial. 
 
6.7.1 Perfuração de tímpano 
 
A ruptura do tímpano (perfuração) pode ser causada por uma pressão contra a 
membrana, exercida por um instrumento pontiagudo (cotonete, grampo, palito) ou 
pela pressão anormal de um jato de água ou de ar para dentro do canal do ouvido. 
Uma infecção no ouvido médio com acúmulo progressivo de secreção purulenta 
também pode causar ruptura da membrana timpânica. 
Há diminuição da audição e dor, podendo haver zumbido e sangramento pelo canal do 
ouvido. O diagnóstico é feito através da história do paciente e do exame da 
membrana timpânica com otoscópio. O grau de perda auditiva é avaliado pela 
audiometria. Uma perfuração pequena pode fechar em algumas semanas. Perfurações 
maiores podem necessitar cirurgia reconstrutiva do tímpano. 
 
6.7.1.1 - Cuidados de enfermagem 
◼ Tranquilizar o paciente; 
◼ Auxiliar o médico na conduta (remoção do corpo estranho, exame do tímpano); 
 60 
◼ Preparar todo o material a ser usado pelo médico: 
◼ Preparar material para curativo; 
◼ Medicar conforme solicitação médica; 
◼ Encaminhar para unidade de observação ou internação (casos cirúrgicos). 
◼ Orientar quanto aos cuidados posteriores (proteger da água). 
 
6.7.2 Corpo estranho 
 
Corpo estranho em otorrinolaringologia é qualquer material inanimado ou 
animado que se encontre em cavidade nasal e seios paranasais, orofaringe, laringe ou 
conduto auditivo externo e que não faça parte dessas estruturas em condições normais. 
É normalmente introduzido voluntariamente por crianças em si mesmas ou por 
terceiros, sendo também frequente em crianças institucionalizadas e em pacientes 
psiquiátricos. 
Deve-se ressaltar também a possibilidade de introdução acidental de corpos 
estranhos durante quedas, acidentes automobilísticos e migração de insetos durante o 
sono. 
A primeira tentativa de remoção de qualquer tipo de corpo estranho é, 
normalmente, a de maior sucesso devendo, portanto, ser realizada com iluminação 
adequada, por profissional habilitado e de preferência com auxílio de um microscópio. 
 As tentativas de remoção do corpo estranho sem sucesso podem agravar o 
quadro; o uso de pinças inapropriadas pode introduzir o objeto mais profundamente, o 
qual pode ser empurrado em direção à membrana timpânica, rompê-la e cair no ouvido 
médio. 
 Uma orientação importante é que não se utilize qualquer tipo de solução no 
conduto auditivo, pois grãos e sementes quando hidratados aumentam de volume e ficam 
mais difíceis de serem removidos. 
 Uma conduta muito utilizada pelos pacientes menos informados é a ingestão de 
alimentos sólidos para a progressão mais rápida do objeto para as vias digestivas mais 
baixas. Tal conduta não é recomendada, pois objetos pontiagudos, espinhas e ossos de 
frango podem lacerar e perfurar os tecidos, esôfago e alças intestinais causando infecções 
graves 
 61 
 
 
Corpo estranho em vias aéreas: a) Bateria de relógio em conduto auditivo; b) Objeto 
plástico em fossas nasais; c) Agulha em seios maxilar; d) e e) rinolito em fossa nasal; f) 
haste de madeira em orofaringe; g) fragmento de brinquedo em orofaringe; h) osso de 
frango na laringe; i) presilha de cabelo em esôfago 
 
 
6.7.3 Epistaxe 
Hemorragia nasal, ocasionada pela ruptura dos vasos. Acontece frequentemente, 
porque o nariz é muito vascularizado. Pode ser causada por trauma digital, uso de 
anticoagulantes, traumatismos, HAS e fatores ambientais, como excesso de sol etc. 
 
6.7.3.1 - Assistência de enfermagem 
1-Avaliar a gravidade do sangramento. 
2-Realizar a compressão da narina contra o septo nasal por no mínimo 10 minutos. 
3-Manter o cliente sentado e solicitar que assoe o nariz, para a retirada de 
coágulos. 
4-Auxiliar nos casos de tampão nasal, com solução vasoconstritora e/ou 
cauterização. 
 
 
 
 
 
 62 
6.8 Aneurismas 
 
6.8.1 - Aneurisma abdominal: Aneurisma abdominal é uma dilatação anormal da 
parede arterial, que geralmente ocorre na aorta, entre as artérias renais e os ramos 
ilíacos. Esses aneurismas podem serfusiformes (em forma de fuso) ou saculares (em forma 
de saco) e desenvolvem-se lentamente. 
 
 
 6.8.1.1 - Causas: cerca de 95% dos aneurismas da aorta abdominal devem-se a 
arteriosclerose ou aterosclerose; os casos restantes são atribuídos a necrose a 
traumatismo, sífilis e outras causas inflamatórias ou infecciosas. 
 6.8.1.2 - Tratamento: em geral, o aneurisma abdominal deve ser removido e o 
segmento aórtico afetado deve ser substituído por um enxerto ou prótese. 
 
 
 
 
 63 
 
 6.8.1.3 - Assistência de enfermagem 
 -Ofereça apoio emocional ao cliente e seus familiares. 
 -Se a condição for aguda ou piorar, prepare-se para que ele seja internado na UTI. 
 -Administre os fármacos prescritos para controlar a progressão do aneurisma. Se o 
cliente tiver dor, administre analgésicos para atenuá-la. 
 -Prepare o cliente para cirurgia eletiva ou de emergência se houver ruptura, 
realizando punção venosa periférica, além da sondagem vesical de demora (enfermeiro ou 
sob supervisão dele). 
 -Verifique os sinais vitais do cliente, especialmente a pressão arterial, a cada 4 
horas ou a intervalos menores, dependendo da gravidade da sua situação. 
 -Fique atento a quaisquer sinais de sangramento agudo: redução da pressão 
arterial, aumento da frequência cardíaca e respiração; pele fria e úmida; agitação e 
rebaixamento do nível de consciência. 
 
 6.8.2 - Aneurisma Cerebral 
 Essa dilatação localizada em uma artéria cerebral é causada pelo enfraquecimento 
da parede arterial. Os aneurismas cerebrais geralmente rompem e causam hemorragia 
subaracnóidea. Em alguns casos, o sangramento pode também estender-se para dentro 
dos tecidos cerebrais, e em seguida, formar um trombo. Isso pode acarretar aumentos 
potencialmente fatais da pressão intracraniana (PIC) e lesão de tecidos cerebrais. 
 Os aneurismas cerebrais são mais comuns em adultos do que em crianças. A 
incidência é ligeiramente maior nas mulheres do que nos homens, principalmente ao final 
da quarta década ou no início da quinta década de vida; contudo esses aneurismas podem 
ocorrer em qualquer idade. Em cerca de 20% dos clientes, há ocorrência de vários 
aneurismas cerebrais. 
 Em geral o prognóstico é reservado, mas depende da idade e das condições 
neurológicas do cliente, da existência de outras doenças e da extensão e localização do 
aneurisma. Cerca de metade dos clientes que sofrem hemorragias subaracnóideas morre 
imediatamente. 
 
 6.8.2.1 - Causas: O aneurisma cerebral, deve-se a malformação congênita da 
parede vascular, traumatismo craniano, doença vascular hipertensiva, idade avançada, 
infecção ou aterosclerose, que pode enfraquecer a parede vascular. 
 64 
 6.8.2.2 - Tratamento: O tratamento de emergência inicial inclui oxigenação e 
ventilação. Em seguida, para reduzir o risco de recidiva do sangramento, o médico pode 
tentar reparar o aneurisma. Em geral, a reparação cirúrgica é realizada com aplicação de 
clipes, ligadura ou envolvimento do colo aneurismático com músculo. 
 Após a reparação cirúrgica, a condição do cliente dependerá da extensão da lesão 
causada pelo sangramento inicial e do grau de sucesso do tratamento das complicações 
resultantes. A cirurgia não pode melhorar a condição neurológica do cliente, a menos que 
remova o hematoma ou reduza o efeito compressivo. 
 Há um tratamento alternativo experimental para a operação dos clientes 
selecionados. Conhecida como radiocirurgia com bisturi gama, essa técnica não é invasiva. 
Quando a correção cirúrgica acarretar muito risco (nos clientes muito idosos e em 
indivíduos com doença cardíaca, pulmonar ou outras enfermidades graves), quando o 
aneurisma estiver situado em um local particularmente perigoso, ou quando o 
vasoespasmo exigir a postergação da cirurgia, o cliente pode receber tratamento paliativo, 
que inclui o seguinte: 
 -Repouso no leito em quarto silencioso, com cabeceira de cama nivelada ou 
elevada a menos de 30 graus; se a cirurgia imediata não for possível, este repouso no leito 
pode ser mantido por 4 a 6 semanas; 
 -Evitar cafeína, outros estimulantes e ácido acetilsalicílico; 
 -Administrar codeína ou outra analgésico de acordo com a necessidade e a 
prescrição médica; 
 -Hidralazina ou outro agente anti-hipertensivo, se o cliente tiver hipertensão; 
 -Vasoconstritor para manter a pressão arterial no nível ideal (20 a 40 mmHg acima 
do normal), se necessário; 
 -Corticóides para reduzir o edema cerebral e a irritação meníngea; 
 -Fenobarbital ou outro sedativo para manter o cliente relaxado. 
 
 6.8.2.3 - Assistência de enfermagem 
 -Estabeleça e mantenha as vias respiratórias pérvias, quando necessário; 
 -Administre oxigênio suplementar; 
 -Posicione o cliente de modo a facilitar a drenagem pulmonar e evitar obstrução 
das vias respiratórias superiores. 
 - De acordo com a rotina da unidade da internação, aspire as secreções das vias 
respiratórias se necessário; 
 -Controle os níveis de oximetria do pulso e gasometria arterial conforme 
recomendação. 
 -Prepare o cliente para uma craniotomia de emergência, se esse procedimento 
estiver indicado; 
 -Se não for possível realizar a cirurgia imediatamente, institua as precauções 
indicadas para reduzir o risco de recidiva do sangramento e evitar a elevação do PIC 
(pressão intracraniana) do cliente com ruptura de aneurisma. 
- Limite as visitas ao cliente, restrinja a ingestão de líquidos e instrua-o a evitar a 
realização das manobras de valsava; 
 
 65 
 
 
 -Mude a posição do cliente a intervalos frequentes. Ajude-o a levantar-se da cama; 
 -Implemente medidas de higiene oral a intervalos frequente; 
 -Administre os líquidos de acordo com a prescrição e registre as infusões IV para 
evitar hidratação excessiva, que pode aumentar a PIC; 
 -Se o cliente tiver fraqueza facial, ajude-o a fazer suas refeições; avalie seu reflexo 
de engasgo e coloque os alimentos no lado normal da boca; 
 -Se o cliente não conseguir engolir, introduza uma sonda nasogástrica (SNG) 
conforme prescrição e administre lentamente todas as refeições pela sonda; 
 -Institua medidas para evitar lesão de pele; 
 -Eleve as grades laterais do leito para proteger o cliente de acidentes. Se for 
possível, evite usar contenções, porque isso pode provocar agitação e aumentar a PIC; 
 -Ofereça apoio emocional ao cliente e seus familiares. 
 
 
 6.8.3 - Aneurisma de aorta torácica 
 Caracterizado pela dilatação anormal da parte ascendente, transversa ou 
descendente da aorta, o aneurisma de aorta torácica é uma doença potencialmente fatal. 
Esse aneurisma pode ser sacular – dilatação da parede arterial com um colo estreito 
envolvendo apenas uma parte da circunferência do vaso; ou fusiforme envolvendo toda a 
circunferência da aorta. 
 A parte ascendente da aorta torácica é a localização mais comum desses 
aneurismas, que ocorrem principalmente em homens de menos de 60 anos e hipertensão 
associada ou aterosclerose. Os aneurismas da parte descendente da aorta torácica são 
mais comuns em clientes mais jovens vítimas de traumatismos torácicos. 
 
 6.8.3.1 - Assistência de enfermagem 
- Quando o cliente tiver o diagnóstico de portador de um aneurisma torácico fora da 
situação de emergência, permita-lhe expressar seus medos e suas preocupações. 
- Ofereça apoio emocional ao cliente e seus familiares. 
- Em uma situação aguda, administre analgésicos para aliviar a dor, conforme prescrição; 
 66 
- Administre soroterapia e antibióticos conforme prescrição; 
- Utilize cateter IV exclusivo para a infusão; 
- Ajuste a dose diminuindo lentamente a taxa de infusão. 
- Quando houver suspeita de sangramento de um aneurisma, administre transfusões 
sanguíneas de acordo com prescrição. 
- Prepare o cliente para a reparação vascular do aneurisma torácico, quando houver 
indicação. 
 
6.9 Queimaduras 
 
A pele é o órgão mais extenso do corpo, atuando como barreira de proteção contra 
agressores externos e na retenção de líquidos e controle térmico. 
O conceitode queimadura é bem amplo. Pode-se dizer que é a lesão causada por 
ação direta ou indireta de fogo, eletricidade, substancias químicas ou radiação, com 
manifestações variadas (desde uma pequena bolha até lesões mais graves) e mortalidade 
muito elevada, pois desencadeia respostas sistêmicas proporcionais à gravidade da lesão. 
A profundidade da queimadura da queimadura depende do agente causador e do 
tempo de exposição da vítima. 
 
6.9.1 - Classificação 
 
6.9.1.1 - As queimaduras são classificadas de acordo com o agente causador, 
podendo ser: 
-Térmicas (provocadas por calor, líquidos e objetos quentes, vapor); 
-Químicas (provocadas por ácidos e bases); 
-Elétricas (provocadas por raios e correntes elétricas); 
-Radioativas (provocadas por radiação nuclear). 
 
6.9.1.2 - De acordo com a profundidade, as queimaduras podem ter a seguinte 
graduação: 
-1º Grau: atingem somente a epiderme: a pele apresenta hiperemia, edema e há 
ardor local; 
-2º Grau: atingem a epiderme, estendendo-se até a derme. A pele apresenta 
flictemas, dor local intensa, hiperemia e edema (podem ser superficiais ou profundas); 
-3º Grau: atingem a derme, a epiderme e a hipoderme e, muitas vezes, a bainha 
muscular. Por afetar os nervos, são menos dolorosas, porém, são muito graves pela 
dificuldade de regeneração do tecido lesado, que apresenta deformidade, requerendo a 
realização de enxertos; 
 
6.9.1.3 - De acordo com a extensão (área corpórea atingida), dividem-se os clientes 
queimados em: 
-Grande queimado: mais de 25% da superfície corporal atingida; 
-Médio queimado: entre 15 e 25% da superfície corporal atingida; 
-Pequeno queimado: até 15% da superfície corporal atingida. 
 
 
 
 67 
 
 
Regra dos nove 
 
É uma regra cuja finalidade é classificar a queimadura quanto a sua extensão. 
Embora não seja muito precisa, é prática e de fácil memorização. De acordo com a regra, 
para cada segmento do corpo atribui-se um valor de 9% ou seu múltiplo, a saber: 
Cabeça e pescoço 9% 
Tronco (face anterior) 18% 
Tronco (face posterior) 18% 
Membro superior direito 9% 
Membro superior esquerdo 9% 
Membro inferior direito 18% 
Membro inferior esquerdo 18% 
Genitais 1% 
 
Total 100% 
 
 
 
 
6.9.1.4 - Sinais e sintomas 
 
As lesões locais sobre a superfície cutânea dependem de alterações vasculares, 
dando origem a quatro manifestações importantes: dor, perda local de líquidos, destruição 
de tecidos e infecção. 
 68 
-Dor: resulta, inicialmente, da ação do calor sobre a superfície do corpo e, 
posteriormente, das lesões que atingem terminações nervosas sensitivas. Nas 
queimaduras de 3º grau, também há destruição das terminações nervosas. 
-Perda local de líquidos: depende do aumento da permeabilidade vascular da área 
queimada, o que provoca extravasamento de líquido, formando edema e bolhas. 
-Destruição dos tecidos: resulta da ação direta do calor sobre os tecidos, que pode 
ser de maior ou menor intensidade. 
-Infecção: é uma manifestação que não depende diretamente da ação do calor 
sobre a pele, mas do fato de que a área queimada oferece condições propícias ao seu 
aparecimento. 
Também podem ocorrer formigamento e perda de funções dos membros afetados, 
isquemia e necrose vascular, alterações respiratórias, sintomas de choque pela perda de 
líquidos, alterações neurológicas, como convulsões e arritmias, nos casos de queimaduras 
por corrente elétrica, complicações como insuficiência renal aguda, infecção generalizada, 
edema agudo de pulmão e para cardiorrespiratória. 
 
6.9.1.5 - Tratamento de emergência 
 
 1-Fazer a avaliação primária da vítima. 
2-Identificar o tipo, o grau e a extensão da queimadura e seu agente causador. 
3-A queimadura é uma lesão estéril; por isso, deve-se ter cuidado ao manuseá-la, 
evitando ao máximo sua contaminação. 
4-Manter a via aérea desobstruída, principalmente em queimaduras de face e 
pescoço. 
5-Administrar oxigênio e auxiliar na intubação orotraqueal, se necessário. 
6-Eliminar fontes de calor, removendo as roupas. 
7-Irrigar a lesão com solução salina, principalmente em queimaduras químicas. 
8-Manter acesso venoso calibroso para reposição de volume e coletar sangue para 
exames. 
9-Monitorar continuamente os sinais vitais. 
10-Administrar analgésicos e manter o cliente em ambiente tranquilo. 
11-Aquecer a vítima para evitar hipotermia. 
12-Verificar a pele pelos ferimentos de entrada e saída, nos casos de queimaduras 
elétricas. 
13-Avaliar o comprometimento neurovascular (parestesias, presença de pulso, etc). 
14-Iniciar manobras de reanimação, se necessário. 
15-Manter técnica asséptica para prevenção de infecções. 
16-Fazer curativo com sulfadiazina de prata, conforme prescrição médica. 
17-Encaminhar para procedimento cirúrgico (debridamento e limpeza). 
18-Realizar profilaxia para tétano com vacinação. 
 
 
 
 
 
 
 
 69 
10. OUTRAS EMERGÊNCIAS 
 
10.1 - O PACIENTE POLITRAUMATIZADO 
 
É considerado um paciente politraumatizado aquele que sofre uma agressão 
externa resultando em uma ou várias lesões que ponham em risco sua vida. Estas lesões 
podem ser provocadas por violência externa, o que determina habitualmente alterações 
ósseas, articulares, dérmicas, vasculares e lesões internas, que será conveniente pesquisar 
e avaliar desde a recepção do indivíduo. 
Quase todos os politraumatizados ocorrem na via pública (acidentes de viação, 
quedas, atropelamentos etc). As circunstâncias que rodeiam estes acontecimentos 
produzem um nervosismo generalizado, impedindo o correto atendimento do ferido e 
atrasando o início do tratamento, que sobretudo nestes pacientes é vital. 
 
10.1.1 - AVALIAÇÃO E CUIDADOS COM O PACIENTE POLITRAUMATIZADO 
 
A maneira de iniciar este atendimento será sempre seguindo a ordem apresentada 
a seguir pelo ABCDE, definida internacionalmente como: 
a) Airway maintenance with cervical spine control (Manutenção da permeabilidade das 
vias aéreas e estabilização da coluna cervical); 
b) Breathing and ventilation (Respiração e ventilação); 
c) Circulation with hemorrhage (Circulação com controle de hemorragia); 
d) Disability - Neurological status (incapacidade - Estado neurológico); 
e) Exposure - Completely undress the patient (exposição – despir completamente o 
paciente com controle da hipotermia). 
É a aplicação de uma série de técnicas que nos proporcionam dados suficientes 
acerca do estado do paciente e do seu tratamento correto de emergência. 
 
Indicações 
Indica-se em todos os pacientes admitidos em circunstancias que nos fazem 
suspeitar de um politraumatismo (escoriações, feridas, fraturas, luxações, etc., 
acompanhadas ou não de perda de consciência). 
 
Material necessário 
Estetoscópio, Esfigmomanômetro, material de PCR, termômetro, gazes, 
esparadrapo, lanterna, monitor, eletrodos autoadesivos, kit para intubação, kit para 
passagem de intracath ou cateter monolúmen (acesso venoso central), kit de cateterismo 
vesical, sonda nasogástrica, lubrificante, material de imobilização (colar cervical, talas 
pneumáticas dos membros, mesa de imobilização, algodão, ataduras e gesso), trações 
cutâneas e ósseas, antisséptico, curativos, garrote, cateteres para vias periféricas, sistema 
de ventilação(bolsa-válvula-máscara), máscara de O2, óculos nasais, ataduras elásticas e 
luvas. 
 
Cuidados com o paciente politraumatizado 
 
Se realizarmos uma boa avaliação e chegamos até este ponto com um paciente 
estável, os nossos cuidados deverão centrar-se na manutenção da estabilidade e na 
 70 
realização de todas as atividades encaminhadas no sentido de completar o estudo do 
paciente, começando o seu tratamento de recuperação até o seu ingresso no serviço de 
internação. 
De início, a atuação será dirigida à observação constante do paciente para prevenir 
possíveis alterações do seu estado geral. Esta observação compreende: vigilância 
neurológica continua mediante a utilização de uma escala de Coma de Glasgow(ver 
avaliação do paciente com um problema neurológico),contínua monitoração 
eletrocardiográfica para poder observar alterações cardíacas em qualquer 
momento(alterações do ritmo ou diminuição brusca do débito cardíaco), manutenção 
hemodinâmica através de soroterapia e/ou hemoterapias prescritas, com monitoração de 
PA e pulso contínuos; por ultimo, realiza-se a manutenção óssea encaminhada para o 
alinhamento e estabilização de fraturas existentes, ou a redução e imobilização de 
luxações (se houver), exploração radiológica prévia, que compreenderá também: crânio, 
tórax, coluna, abdome e membros(e qualquer região suscetível de ser examinada após a 
avaliação feita). Ao longo de toda esta atuação, o paciente será constantemente 
observado, adotando-se as medidas que possam ser necessárias face a qualquer alteração 
importante da sua situação (PCR, diminuição do nível de consciência, alterações 
respiratórias etc.). Deve existir um registro rigoroso de todos os cuidados e da avaliação do 
paciente (medicação, infusão, sinais vitais etc.), que servirá para nos dar uma imagem da 
sua linha de evolução. 
 
Apoio psicológico 
Um dos grandes problemas destes pacientes é o estado de ansiedade gerado pela 
situação que vivem. Não devemos esquecer que a maioria deles se encontrava num estado 
normal de saúde, vendo-se repentinamente numa situação de ameaça vital, após um 
choque. 
Por isso, é função da equipe de enfermagem informar e tranquilizar o paciente 
enquanto lhe são aplicadas todas as técnicas. Não devemos esquecer que o paciente deve 
estar sempre informado de cada uma das técnicas que lhe vai ser aplicada. Desta forma 
compreenderá melhor a sua situação, se sentirá mais seguro e facilitará nosso trabalho. 
 
10.2 - CONVULSÃO 
Clínica bastante frequente, que se manifesta tanto em patologias neurológicas 
como acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico e encefalite é a convulsão. 
Pode ocorrer como evento isolado em decorrência de doenças sistêmicas tais como 
distúrbios hidroeletrolíticos, insuficiência renal, insuficiência hepática, septicemia, estado 
hiperglicêmico, entre outros. 
Considerada uma condição multifatorial, a crise convulsiva pode ser definida como 
uma desordem na transmissão dos impulsos elétricos cerebrais, que se manifesta por 
espasmos involuntários dos grupos musculares com ou sem perda da consciência, sendo 
limitada em relação ao tempo. 
Devido à alteração paroxística da atividade cerebral, que se inicia em um grupo de 
neurônios ou ainda se espalha por uma área generalizada, as convulsões se caracterizam 
por movimentos musculares involuntários e súbitos, de forma generalizada ou 
acometendo um segmento do corpo. 
Podem ser classificadas em tônicas, quando caracterizadas por sustentação e 
imobilização das articulações; clônicas, quando se apresentam de forma ritmada, com 
 71 
períodos de contração e relaxamento; ou ainda tônico-clônicas, que se caracterizam pelas 
duas formas descritas, com perda da consciência e do controle esfincteriano. 
 
 
A convulsão é uma resposta a uma descarga elétrica anormal no cérebro. O termo 
crise convulsiva descreve várias experiências e comportamentos e não é o mesmo que 
convulsão, embora utilizados como sinônimos. Segundo Araújo (2006), esse termo é usado 
para designar um episódio isolado. Qualquer coisa que irrite o cérebro pode produzir uma 
crise convulsiva. Dois terços dos indivíduos que apresentam uma crise jamais voltam a 
apresentá-la, enquanto o outro grupo continuará a apresentá-las repetidamente 
(epilepsia). 
Para indivíduos com epilepsia (cerca de 20%), a convulsão pode ser precedida por 
auras com sensação de que a crise vai se manifestar, experiências diferenciadas de 
sensações de odores ou sabores. Alguns ainda podem referir alterações visuais. 
Além das crises convulsivas, é importante destacar outra condição neurológica de 
maior gravidade. O status epileticus, ou estado de mal convulsivo, pode ser definido como 
atividade convulsiva contínua de duração superior a cinco minutos ou ainda a ocorrência 
de duas ou mais convulsões entre as quais não há completa recuperação da consciência. 
As convulsões febris acontecem em crianças com idade que variam de três meses a 
cinco anos. Essas crianças apresentam uma probabilidade maior de desenvolver epilepsia 
com o decorrer da idade. Como terapia medicamentosa, é indicada a administração de 
fenobarbital em substituição ao diazepam, pois este pode provocar hemorragia cerebral 
em recém-nascidos. 
O período de duração de uma crise convulsiva é de aproximadamente de 2 a 5 
minutos, podendo sobrevir a cefaléia, confusão mental, dores musculares e fadiga. 
A investigação diagnóstica é fundamentada na história pregressa e atual do 
paciente, complementando com exame de tomografia computadorizada e 
eletroencefalograma. Há necessidade de exames laboratoriais para pesquisa de possíveis 
alterações bioquímicas e metabólicas para auxiliar no diagnóstico. 
O tratamento é baseado na manifestação clínica, com intuito de minimizar as 
contrações musculares por meio da administração de medicamentos miorrelaxante por via 
endovenosa. Por vezes, é necessária a infusão contínua ou intermitente de medicamento 
anticonvulsivante para prevenção de novos episódios. 
No estado pós-convulsivo podem ocorrer injúrias como broncoaspiração, coma, 
hipóxia, acidose metabólica, entre outras. 
A atuação do técnico de enfermagem frente à convulsão se inicia com a segurança 
do paciente, afastando os objetos e condições que representem risco, orientando às 
pessoas que se mantenham afastadas, pois a curiosidade provoca uma aglomeração de 
 72 
pessoas e pode dificultar o atendimento inicial. É fundamental que você promova a 
proteção do paciente a fim de reduzir danos em virtude dos espasmos musculares, uma 
vez que a contenção física dos movimentos não é recomendada. 
Certifique-se de que esse indivíduo não sofreu uma queda, pois essa condição 
modifica a sua ação na abordagem em situação de trauma, visando, então, preservar a 
integridade da coluna cervical. 
Durante a crise convulsiva, coloque algo macio sob a cabeça do paciente, se 
encontrado deitado no chão, apoiando-a cuidadosamente a fim de evitar traumas. Se 
possível, remova ou afrouxe a roupa apertada, observe se há adornos no pescoço que 
possam dificultar a respiração. 
Avaliar o padrão respiratório e condições hemodinâmicas, permanecendo atento 
durante o episódio convulsivo, inclusive em relação ao tipo de contração (tônica, clônica 
ou ambas), horário de início e término do episódio, frequência (um ou mais), liberação de 
esfíncter vesical e/ou intestinal. Durante a convulsão, administrar a oxigênio e droga 
miorrelaxante. A via de administração preferencial é a endovenosa. Na impossibilidade ou 
insucesso da venopunção, a opção é por via intraóssea, procedimento de atribuição do 
enfermeiro. 
Após a cessação das contrações, reavaliar a permeabilidade das vias aéreas e 
eventual necessidade de aspiração de secreções, administração de outras medicações, 
controle da glicemia capilar e realizar a higiene proporcionando o conforto. Em presença 
de prótese dentária, remova assim que possível. 
Em pacientes idosos, é importante considerar que a história clínica, bem como a 
ocorrência do fato descrita por familiares ou outrem que presenciaram a convulsão, seja 
considerada em virtude da avaliação do evento. A hipótese da queda pela fragilidade 
óssea ou vice-versa podem acarretar em danos neurológicos tendo como manifestação a 
convulsão. A atenção deve estar voltada para prevenção e antecipação do evento por 
meio de medidas simples como iluminação adequada, diferenciação visível entre degraus, 
instalação de corrimão para apoio, conservação dos pisos, retirada de tapetes ou fixação 
dos mesmos, entre outros. 
A convulsão ainda é vista por muitos leigos, e até por profissionais da área da 
saúde, com preconceito que carrega consigo a desinformação e falta de conhecimento. 
Culturalmente, essa patologia é encarada comoalgo transmissível e, portanto, passível de 
contaminação principalmente com a “baba”. Somente com educação da população é que 
esse paradigma pode ser mudado. Um cuidado humanizado prestado por você garante ao 
paciente uma assistência livre de constrangimento. 
 
10.2.1 - Assistência de enfermagem 
1-Proteger o paciente: deve-se evitar que o paciente bata nos objetos que o 
rodeiam, afastando-o o mais possível de quinas, móveis ou paredes. 
2-Colocar o paciente em posição de defesa: uma vez que a crise pode ser 
acompanhada de vômito, expulsão de sangue e mesmo sialorréia, manter o paciente em 
decúbito lateral para evitar a sua aspiração. 
3-Proteger a boca e isolar as vias respiratórias: tentar retirar as próteses dentárias, 
se existirem e, se possível, colocar um lenço ou compressa dobrada entre os dentes. 
Também pode ser usada uma cânula orofaríngea, a qual permite posteriormente aspirar o 
conteúdo da boca e orofaringe; embora este passo deva ser dado no início da crise, 
enquanto ela dure, não se devem introduzir os dedos dentro da boca do paciente. 
 73 
4-Administrar oxigênio: pode ser através de máscara, um tubo orotraqueal, ou 
cateter nasal. 
5-Controlar movimentos do paciente, segurando-o com cuidado. Assim se evitam 
lesões. 
6-Aplicar tratamento farmacológico de acordo com o estabelecido pelo médico do 
paciente. Se a convulsão o permite, puncionar uma veia. O fármaco mais utilizado durante 
a crise é o diazepan em injeção EV lenta. 
7-Após a crise, manter a vigilância dos sinais vitais do paciente. Deve-se atentar 
para as possíveis lesões produzidas, registrando no prontuário do paciente as 
características da crise: forma de início, duração, tipo de convulsões, pródromos, tempo de 
crise, características pós crise e lesões observadas, além da medicação administrada e 
cuidados prestados. 
 
10.3 - FRATURAS 
 
Considera-se como fratura qualquer solução de continuidade (ruptura) de um osso, 
ou superfície articular, que determina uma série de alterações anatômicas e funcionais. 
 
As causas mais comuns de fraturas são: 
-Acidentes de transito ou de trabalho; 
-Traumatismo direto ou indireto; 
-Contração muscular brusca de esportes ou esforço maior; 
-Quedas. 
 
As fraturas classificam-se, segundo a sua forma, em: 
-Transversas (1): são aquelas cuja linha de fratura atravessa o osso num plano 
perpendicular ao do eixo ósseo. São as que, com maior facilidade, produzem fragmentos 
que se incrustam, e as que mais frequentemente ficam como fratura estável. 
-Oblíquas (2): neste caso, a linha de fratura estende-se em direção oblíqua. Pode 
provocar problemas ao afetar as partes moles, já que podem ter fragmentos em ponta de 
flauta que se desprendem com facilidade, podendo cortar estruturas vizinhas. 
-Espirais (3): são fraturas que podem ter a sua origem na torção do osso. Por isso, a 
linha de ruptura segue uma direção em espiral relativamente ao eixo do osso. Podem 
chegar a apresentar o terceiro fragmento: nesse caso, denominam-se fraturas em asa de 
borboleta. 
-Cominutiva (4): são fraturas em que o osso se estilhaça em vários fragmentos. 
Podem dar-se como consequência de um golpe direto de grande intensidade. 
-Por compressão (5): é o tipo de fratura que mais pode afetar os corpos vertebrais. 
Também se podem denominar fraturas por esmagamento e pressupõem a diminuição 
traumática do volume do osso. 
-Em galho verde (6): é a típica fratura que se produz em crianças e na qual não 
chega a romper-se a totalidade do osso, tendo o aspecto de um tronco meio partido. 
 
 
 74 
 
 
-Fraturas expostas: são aquelas em que o foco de fratura se encontra em contato 
com o exterior da pele, quer seja por ferida provocada pelo golpe, quer por lesão causada 
pelo deslocamento de um dos fragmentos ósseos. 
-Fraturas fechadas: neste tipo, não existe contato com o exterior. Assim, tem 
melhor prognóstico uma vez reduzido o perigo de infecção do foco de fratura. 
 
Outra classificação das fraturas baseia-se no mecanismo de produção de golpe: 
-Fraturas por golpe direto: quando o golpe se produz no mesmo local onde ocorre a 
fratura; por exemplo, um ponta-pé sobre a tíbia, se produz a fratura no local do golpe. 
-Fraturas por transmissão (ou golpe indireto): neste caso, a fratura produz-se num 
local distinto daquele que se recebeu o golpe, devido a transmissão desta energia através 
dos ossos. Por exemplo, a fratura por esmagamento de um corpo vertebral após uma 
queda de pé desde um local elevado (pára-quedistas). 
-Fraturas por torção: dão-se quando as forças que atuam sobre o osso em forma de 
rotação e em sentido contrário. 
-Fraturas por sobrecarga: produzem-se quando um osso se encontra submetido a 
um trabalho intenso durante um tempo prolongado. 
 
10.3.1 - Sinais e sintomas 
 
Dor, hipersensibilidade loca, edema, deformidade, incapacidade ou perda da 
função do membro, hematomas, crepitações ao atrito das superfícies fraturadas e 
inflamação local. 
 
10.3.2 - Tratamento hospitalar 
 
1-Redução: restabelecimento da continuidade do osso na posição anatômica e 
alinhamento correto. 
2-Fixação cirúrgica: realizada com placas, parafusos, fios metálicos e materiais de 
osteossíntese, para estabilizar diferentes fraturas sem provocar imobilidade das 
articulações. 
 75 
3-Imobilização: aplicação de ataduras ou talas de gesso, com a finalidade de 
imobilizar a fratura. 
4-Tração esquelética: introdução de um fio metálico no osso, acoplado a um 
estribo, por meio de uma roldana na qual coloca-se um peso (geralmente 10% do peso do 
cliente), quando é necessária a tração em longo prazo. 
5-Tração cutânea: aplicam-se, sobre a pele, ataduras adesivas paralelas ao eixo da 
perna, ligadas a um estribo e, por meio de uma roldana, coloca-se um peso suficiente para 
exercer tração indireta sobre o esqueleto. 
 
10.3.3 - Outros traumatismos Musculoesqueléticos 
 
A) Contusão 
Lesão das partes moles, sem solução de continuidade da pele. Apresenta-se com 
dor local, edema, hematoma ou equimose. O tratamento consiste em elevação da parte 
afetada, aplicação local de gelo, repouso e aplicação de compressas quentes após 24 
horas. 
B) Distensão 
Estiramento dos ligamentos adjacentes a uma articulação, podendo ser leve (sem 
perda da função), moderada (com alguma perda da função) ou grave (ruptura completa 
do ligamento, com perda total da função), com dor local e edema. Deve-se manter 
repouso, aplicação local de gelo e avaliação da necessidade de correção cirúrgica. 
C) Luxação 
Deslocamento das superfícies articulares entre os ossos. Apresenta-se com dor 
local, deformidade, edema progressivo e perda da função. O tratamento consiste em 
redução e imobilização, com repouso e controle da dor. 
 
 
 
 
 
 
 76 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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Curso Didático de enfermagem: módulo 1. Andréa Porto da Cruz – organizadora. São 
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https://www.youtube.com/watch?v=zdxfgcKVy0U

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