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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DO TARABALHO DE CUIABÁ/MT. MELVIO RIBEIRO DE ANDRADE, maior, casado, Operador de Máquina, portador do RG nº xxxxxx e inscrito no CPF/MF sob o nº xxxxxxx, residente e domiciliado a xxxxxxxxxxxxx, Campo Verde/MT, por intermédio de sua advogada devidamente constituída, ao final assinado, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, propor: RECLAMAÇÃO TRABALHISTA C/C REPARAÇÃO DE DANO DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO. Em face de SÓ BAGAÇO Ltda, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita no CNPJ sob o nº xxxxxxxxx, situada a xxxxxxxxxxxxxxx, Cuiabá/MT, pelos motivos que a seguir se expõe: PRELIMINAR - DO DIREITO AO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Pleiteia o Autor, que lhe seja deferido o benefício de assistência judiciária gratuita, eis que, é pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não dispondo de meios para custear a presente demanda sem prejuízo da própria sobrevivência, pois atualmente se encontra sequelado por acidente de trabalho, percebendo mínimo garantido, tendo altos custos para tratamento médico, sequer possuindo meios para buscar fontes extras de receita, em verdade, atualmente se encontra invalido, diante ter amputado a mão direita, ademais, motivo pelo qual, pede que lhe seja concedido os benefícios da Justiça Gratuita, nos termos do artigo 98 do Código de Processo Civil e art. 5º, LXXIV, da Constituição da República. DOS FATOS Melvio Ribeiro de Andrade, ora Autor, trabalhava na fazenda da Empresa Só Bagaço Ltda, localizada na cidade de Cuiabá/MT, desde 05 de fevereiro de 2019, como operador de máquinas. No dia 07 de junho de 2019, mesmo diante de sua experiência como operador de máquinas, ele sofreu um acidente de trabalho, em que a correia da máquina cortou gravemente a sua mão direita, pois o equipamento estava com a trava de proteção quebrada. No momento foi lhe prestado todo o socorro necessário e encaminhado ao hospital, onde passou por uma cirurgia de amputação da sua mão direita e iniciou um longo processo de recuperação, cabe ressaltar que o Autor é destro. Por ocasião do acidente a empregadora emitiu a CAT (comunicação de acidente de trabalho) e Melvio recebeu auxilio-doença acidentário até 05 de outubro de 2020. Quando de sua alta previdenciária, ele também passou a receber auxilio acidente, em 04 de fevereiro de 2021, a empregadora o dispensou, alegando que ele já estava recuperado. Ocorre que, por ter perdido a sua mão direita, Melvio ficou completamente incapacitado para trabalhar. Pois bem diante disso, o Autor ainda teve despesas de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), com tratamento médico e remédios, conforme fazem provas as notas fiscais e recibos de pagamentos em seu favor. Conclui-se então que os danos sofridos pelo Autor são de naturezas morais e materiais. Requer ainda, nesta oportunidade Vossa Excelência, pensão vitalícia para Melvio, pois como veremos é de direito do mesmo. DAS VERBAS RESCISORIAS O reclamante prestou serviços para a Reclamada entre 05/02/2019 a 04/02/2021, data em que foi despedido sem justa causa, sem receber nenhuma verba rescisória, o qual fere a CLT senão vejamos: Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento Diante disso, o Reclamante, faz jus aos haveres trabalhistas daí decorrentes – saldo de salário, aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, 13º salário proporcional, férias integrais simples acrescidas do terço constitucional, férias proporcionais acrescidas do terço constitucional, depósito do FGTS, multa de 40% do FGTS, liberação do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho, liberação das guias do seguro-desemprego, multas do artigo 467 e 477, § 8º da CLT. DOS DANOS MORAIS E MATERIAIS Diante dos fatos acima relatados, mostra-se patente a configuração dos “danos morais e materiais” sofridos pelo Reclamante. A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive amparada pelo art. 5º, inc. V, da carta magna/1988: Art. 5º (omissis): V – É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; Igualmente, o art. 186 e o art. 927, do código civil de 2002, assim estabelecem: Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927 – aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.” Da situação narrada na presente peça é importante ressaltar que a empresa desenvolve atividade de risco, devido ao emprego de maquinários, deve então reconhecer a sua responsabilidade objetiva no acidente de trabalho, ficando nítido que o Autor obteve seu direito a perceber a indenização, decorrendo em dano moral e material. A indenização por acidente de trabalho, independentemente dos benefícios acidentários está prevista expressamente na CRFB/88, o que, com efeito, estabelece o artigo 7º “São direitos dos trabalhados urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXVIII – seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”. Antes mesmo de se adentrar no mérito em si, insta salutar que o Empregador é responsável pela integridade física do Empregado quando em operações e processos sob a sua responsabilidade e, segundo disposições de aplicação universal, deve promover condições justas e favoráveis ao desenvolvimento do trabalho, sendo que, a proteção dos Empregados, não deve se limitar ao fornecimento de equipamentos de proteção individual, haja vista a proteção em si ser mais ampla, tanto porquê, a Empresa é responsável pela manutenção de máquinas e equipamentos que oferecem risco ao Trabalhador, além de ter a obrigação de fornecer treinamento adequado aos empregados com o objetivo de evitar acidentes de trabalho. DO DANO MORAL - ESTÉTICO No caso em tela o acidente causou amputação da mão direita do Autor, o que nos leva ao Dano Estético, com isso averigua-se o direito a indenização moral. Ressalta-se que a reparação por dano moral deve envolver também e necessariamente, a ideia de uma compensação pela agressão a valores, tais como: paz, tranquilidade de espírito, liberdade, direitos de personalidade, afetividade, sendo justamente esse o caso dos autos. Pois bem, o Reclamante nunca mais poderá exercer funções simples com sua mão direita, levando em consideração sua posição de destro, deverá ainda reaprender a utilizar a mão esquerda para tentar continuar com sua vida normalmente, cabendo assim efetiva indenização moral e estética. DO QUANTUM INDENIZATÓRIO MORAL Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da fixação da reparação, vez que não existem critérios determinados e fixos para a quantificação do dano moral, a reparação do dano há de ser fixada em montante que desestimule o ofensor a repetir o cometimento do ilícito. Para tanto, o valor a ser arbitrado não pode ser meramente simbólico, ou seja, num patamar tão insignificante que não represente agravo ao agente lesante, notadamente, quando cometido por instituições financeiras que possuem grande porte econômico (função punitiva), além disso, a responsabilização deve dissuadir o responsável pelo dano a cometer novamenteas mesmas modalidades de violações e prevenir que outra pessoa pratique ilícito semelhante (função dissuasória ou preventiva), sugere-se, portanto, a fixação do quantum no montante de, no mínimo, R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) para o autor. DO DANO MATERIAL Diante do exposto é nítido o dano material causado, os gastos médicos não foram poucos, ou seja, prejuízos foram inegavelmente causados ao autor, o qual anexa aos autos notas fiscais e recibos de pagamentos relativos à quantia necessária ao ressarcimento. DO QUANTUM INDENIZATÓRIO MATERIAL Como exposto no tópico acima o autor anexou aos autos notas ficais e recibos de pagamentos com o intuito de constatar a dimensão dos danos materiais que sofreu por ocasião do acidente de trabalho. Portanto, com o fim de evitar qualquer controvérsia, o autor pugna pela fixação do quantum indenizatório que lhe é de direito em R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), isto é, correspondentemente ao conjuntos dos gastos apresentados, sendo certo que tal valor haverá de sofrer correção monetária e acréscimo de juros moratórios desde a data do evento danoso. DA PENSAO VITALICIA O direito previdenciário e do trabalho sempre apresentaram (e ainda apresentam) muita proximidade. Prova desse liame, dentre tantas outras, é que o conceito (e contornos) do acidente de trabalho é extraído da própria Lei de Benefícios (arts. 19 a 21), assim como a estabilidade provisória acidentária (art. 118). Dessa correlata relação do direito previdenciário com o direito do trabalho, podemos sintetizar que aquele volta os seus olhos para o futuro do trabalhador e este ao presente. Contudo, entendemos que é impositiva a distinção entre os dois ramos do direito quando o assunto é a fixação da indenização pelo pensionamento mensal vitalício (agora previsto no art. 950 do CC; antes, no art. 1.539 do CC/16). A EC 45/04, ao incluir o inciso VI no art. 114 da CF/88, trouxe para a justiça do trabalho a competência material para o processamento e julgamento das ações de indenização patrimonial ou moral decorrentes da relação de trabalho. Por conta disso, ocorrido o acidente do trabalho (arts. 19 a 21 da Lei de Benefícios), e presentes os demais pressupostos da responsabilidade civil, é obrigação do empregador indenizar o trabalhador pelos danos morais, estéticos e materiais (danos emergentes e lucros cessantes) causados. Para os fins restritos deste estudo, importa apenas atentarmos quanto aos critérios da indenização da incapacidade permanente (total ou parcial) decorrente do acidente do trabalho. Oportuno referir que a CLT não traz nenhum dispositivo pertinente à pensão vitalícia, mas, por força do seu art. 8º, parágrafo único, é aplicável a regra do art. 950 do CC às relações de trabalho. No campo da responsabilidade civil, a legislação é menos rigorosa do que aquela da Lei 8.213/91 (arts. 42, 59 e 86). A noção de incapacidade permanente é outra. E essa conclusão é inarredável após a leitura do art. 950 do CC (parte final), in verbis: Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. É manifesto que o parâmetro utilizado pelo citado dispositivo para mensurar a incapacidade permanente (seja total, seja parcial) é tão-somente a incapacidade para o trabalho que era realizado na data do acidente do trabalho. Logo, mesmo que seja possível a reabilitação para outra atividade, mas desde que não possa mais desempenhar aquela habitualmente exercida, a indenização será fixada na integralidade da remuneração auferida pelo obreiro. Diante tais fundamentos, ficou demonstrado que, diante a amputação de sua mão o Autor apresenta sequela definitiva, impossibilidade permanente de exercer suas atividades laborativas e grande dependência de terceiros para atividades rotineiras. Isto posto, deve se levar em consideração o salário de R$ xxxxxx como percepção salarial, isso sem atualização monetária no tempo, o qual será apurada em sede de liquidação, considerando ainda o tempo em que o Empregado continuaria laborando na Reclamada em sua atual função até efetivamente se aposentar, o que desde já requer a condenação da Reclamada no montante apurado de xxxxxxxxx, devendo o quantum sofrer atualização monetária no tempo. DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS Diante da necessidade de ingresso judicial para recebimento das verbas acima pleiteadas, e considerando as disposições dos artigos 133 da Constituição Federal, artigos 85 e seguintes do Código de Processo Civil e bem como Art. 791-A da CLT, requer seja acrescido na condenação da Reclamada, Honorários de Sucumbência em percentual de 15 % (quinze por cento) sobre todo o valor atualizado devido na presente reclamação trabalhista. “Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. (Constituição Federal/88)” “Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.” Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. DOS PEDIDOS Por todo o exposto e infortúnio aqui demonstrado e fundamentado, requer que: 1. Seja deferida a assistência judiciária gratuita ao Reclamante; 2. Seja a Reclamada notificada para comparecer à audiência de conciliação e instrução, para, querendo, apresentar sua defesa, sob pena de revelia e confissão; 3. Que seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento a título de indenização por danos morais e estéticos decorrente de acidente de trabalho no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais); 4. Que seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento a título de indenização por dano material decorrente de acidente de trabalho no valor de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais) a serem corrigidos monetariamente; 5. Que seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento a título de indenização por dano material por pensão vitalícia decorrente de acidente de trabalho no valor de R$ xxxxxxx; 6. Seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento das verbas rescisórias no montante de R$ xxxxxxxx; 7. Seja a Empresa Reclamada condenada ao pagamento doas custas processuais e honorários advocatícios no importe de 15% sobre o valor da causa; 8. Que todas as verbas aqui pleiteadas sofram juros e correção monetária na forma da lei, a serem apuradas especificamente em sede de liquidação de sentença. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, especialmente pelo depoimento pessoal de representante legal das Reclamadas, oitiva de testemunhas, sem prejuízo de outras eventualmente cabíveis. Dá se a causa o valor de R$ XXXXXX. Nestes termos, pede deferimento. XXXXXXXX, XX de XXXXXX de 2.02X. ADVOGADA/OAB