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AULA 03-OS PRIMEIROS GOVERNOS CIVIS E A PACIFICAÇÃO DOS MILITARES 1894-1902

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HISTÓRIA DO BRASIL REPUBLICANO
OS PRIMEIROS GOVERNOS CIVIS E A 
PACIFICAÇÃO DOS MILITARES (1894-
1902)
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Olá!
O dia 15 de novembro de 1894 é um momento de transição na história dos primeiros anos de vida da República
brasileira. Quando o paulista Prudente de Morais assumiu o governo do Brasil, começou a ser posto em prática
um projeto de saneamento político e econômico do país. Os novos governantes acreditavam que já era o
momento de a República navegar em águas mais tranquilas; as oposições monarquistas já haviam sido
devidamente silenciadas, e as novas instituições já estavam plenamente consolidadas. Para isso, havia sido
fundamental a atuação política do Exército, particularmente do governo do Marechal Floriano Peixoto. Contudo,
apesar de reconhecer a importância da administração militar para a consolidação do novo regime, os governos
civis acreditavam que a agenda política deveria mudar: o Brasil precisava se apresentar perante a opinião
pública internacional como um país estável, com instituições sólidas e democráticas. Isso não seria possível se a
República continuasse a ser comandada por uma ditadura militar. Enfim, havia o consenso entre as principais
oligarquias agrárias, destacando-se aqui a paulista, de que os militares precisavam ser reconduzidos ao quartel e
que sua atuação política era não somente dispensável mas também profundamente indesejável. Temos aqui a
reconfiguração dos conflitos políticos que até então caracterizavam a história da República brasileira: não mais
monarquistas x governo militar, mas sim governo civil x jacobinos. Examinar a dinâmica desse conflito e as bases
do governo oligárquico fundado no período de 1894 a 1902 é o principal objetivo desta aula.
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar as principais diferenças entre os primeiros governos civis da República brasileira e os governos
militares que comandaram o Brasil no período da República das Espadas;
2- Relacionar os primeiros governos civis da República brasileira com o fortalecimento do princípio do “soldado
profissional”, que definia o militar como um profissional obediente, e não como sujeito político ativo;
3- Identificar as principais características do mecanismo de “rotinização do poder” que caracterizou os primeiros
governos civis da República brasileira;
4- Relacionar os conflitos entre os “jacobinos” e os governos civis com o projeto de desmilitarização da política
que caracterizou o período.
1 Trabalhando com a documentação de época
“O lustro da existência, que hoje completa a República Brasileira, tem sido de lutas quase permanentes com
adversários de toda espécie, que têm tentado destruí-la, empregando para isso todos os meios (...) essa luta foi
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travada pela coligação de todos os inimigos, a vitória da República foi decisiva para provar a estabilidade das
novas instituições, que tiveram para defendê-las a coragem, a pertinácia e a dedicação do benemérito chefe de
estado, auxiliado eficazmente pelas forças de terra e mar. Graças a Deus e aos esforços do saudoso Floriano
Peixoto a República hoje navega em águas mais calmas. A tempestade passou. É chegado o momento da
liberdade e da democracia!”
(Prudente de Morais, presidente da República entre 1894 e 1898, em manifesto publicado em O Paiz, imprensa
carioca, em 16 de novembro de 1894).
“Conto com a dedicação de todo pessoal da escola para o bom êxito de sua administração, certo de que os seus
intuitos de bem servir ao governo que ora dirige os destinos da nação serão eficazmente secundados por aquele
glorioso estabelecimento militar, que em seu passado foi sempre um elemento de ordem e respeito ao princípio
da autoridade, a que a força armada principalmente tem por dever acatar e obedecer; condições estas
imprescindíveis para a tranquilidade da pátria e estabilidade de seus governos”.
(Jacques Ourique, Gazeta de Notícias, 2 de fevereiro de 1895).
2 O grande projeto idealizado
Tanto as palavras de Prudente de Morais quanto as de Jacques Ourique são fundamentais para esta aula na
medida em que traduzem aquele que foi o grande projeto idealizado pelo grupo político que assumiu a
Presidência da República brasileira em novembro de 1894.
Ambos acreditavam que a República já estava consolidada; realmente, salvo raras exceções, os monarquistas
inconformados foram desmobilizados pela violenta repressão desenvolvida pela ditadura florianista.
Floriano Vieira Peixoto (Maceió, 30 de abril de 1839 — Barra Mansa, 29 de junho de 1895 ) foi um militar e
político brasileiro. Primeiro vice-presidente e segundo presidente do Brasil, presidiu o Brasil de 23 de novembro
de 1891 a 15 de novembro de 1894, no período da República Velha. Foi denominado "Marechal de Ferro" e
"Consolidador da República“.
O marechal Floriano encarnava uma visão da República não identificada com as forças econômicas dominantes.
Pensava construir um governo estável, centralizado, vagamente nacionalista, baseado sobretudo no exército e na
mocidade das escolas civis e militares. Essa visão chocava-se com a da chamada "República dos Fazendeiros",
liberal e descentralizada, que via com suspeitas o reforço do Exército e as manifestações da população urbana do
Rio de Janeiro.
Floriano Peixoto, em seus três anos de governo como presidente, enfrentou a Revolução Federalista no Rio
Grande do Sul, iniciada em fevereiro de 1893. Ao atacá-la, apoiou Júlio Prates de Castilhos. O apelido de
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"Marechal de Ferro" se popularizou devido à força com que o presidente suprimiu tanto a "Revolução"
Federalista, que ocorreu na cidade de Desterro (atual Florianópolis), como a Segunda Revolta da Armada.
O culto à personalidade de Floriano – o florianismo – foi o precursor dos demais "ismos" da política do Brasil: o
getulismo, o ademarismo, o janismo, obrizolismo, o malufismo e o lulismo.
3 Prudente de Morais
Sou Prudente no nome, prudente por princípios, e prudente por hábito.
Sou também prudente, procurando evitar questões pessoais odiosas.”
Prudente José de Morais Barros
Prudente de Morais, sucessor de Floriano Peixoto, reconheceu a importância da “coragem, a pertinácia e a
dedicação do benemérito marechal” para a consolidação das novas instituições.
Contudo, ao mesmo tempo que o primeiro presidente civil manifestou publicamente sua gratidão a seu
antecessor, deixou claro qual seria o principal desafio dos civis, que, ligados diretamente aos interesses das
oligarquias cafeicultoras, controlariam a partir de então, e até 1930, os rumos da República brasileira: pacificar a
conduta política do Exército e reconduzir os militares à caserna, retirando-os da arena política.
4 Escola Militar da Praia Vermelha
O novo diretor da Escola Militar da Praia Vermelha, General Jacques Ourique, assumiu o comando da mais
importante instituição de ensino militar do Brasil - após a exoneração do General Francisco Raimundo Ewerton
Quadros - , empossado no cargo por Floriano Peixoto, em dezembro de 1892, e deixou claro, desde o início, que
era fiel ao novo governo.
Jacques Ourique iniciou um programa de disciplinarização da conduta política dos alunos da Escola Militar, a que
o General Teixeira Jr., diretor da escola no quadriênio Campos Sales, deu prosseguimento.
Esse empreendimento não se mostrou bem-sucedido, visto que, depois de anos de indisciplina, a escola foi
fechada em 1904, após o envolvimento de seus alunos na Revolta da Vacina (Carvalho, 1987 ).
A Revolta da Vacina foi uma revolta popular ocorrida na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 10 e 16 de
novembro de 1904. Ocorreram vários conflitos urbanos violentos entre populares e forças do governo (policiais
e militares).
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A principal causa foi a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, realizada pelo governo brasileiro e
comandada pelo médico sanitarista Dr. Oswaldo Cruz. A grande maioria da população, formada por pessoas
pobres e desinformadas, não conheciam o funcionamento de uma vacina e seus efeitos positivos. Logo, nãoqueriam tomar a vacina.
O clima de descontentamento popular com outras medidas tomadas pelo governo federal, que afetaram
principalmente as pessoas mais pobres.
Entre estas medidas, podemos destacar a reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil),
que desalojou milhares de pessoas para que cortiços e habitações populares fossem colocados abaixo para a
construção de avenidas, jardins e edifícios mais modernos.
Abordaremos essa revolta mais detidamente na próxima aula.
5 Desenvolvimento do projeto político
O desenvolvimento do projeto político esteve longe de ser harmônico. Prudente de Morais administrou as Forças
Armadas de forma completamente diferente de como havia feito Floriano Peixoto.
O primeiro presidente civil da República brasileira reduziu os efetivos do Exército, prestigiou a brigada policial,
dando-lhe o caráter de força de segurança privada, promoveu oficiais contrários à participação castrense na
política e negou promoções aos que dela participavam.
Isso desagradou profundamente os jacobinos, que, como vimos na aula anterior, foram a principal base de apoio
popular a Floriano Peixoto, e gerou atritos constantes entre eles e o governo civil.
6 Sucessão presidencial
Como vimos na aula anterior, um acordo tático entre Floriano e a elite política de São Paulo determinou os
rumos da sucessão presidencial.
Dispondo de poucas bases de apoio, entre as quais se encontravam os jacobinos, Floriano não teve força política
suficiente para indicar seu sucessor, que, muito provavelmente, seria o General Moreira César.
Prevaleceu assim o nome do paulista Prudente de Morais, eleito em 1o de março de 1894. O marechal
demonstrou sua contrariedade não comparecendo à posse.
A sucessão presidencial marcou o fim da presença de figuras do Exército na presidência da primeira República,
com exceção do Marechal Hermes da Fonseca, eleito para o quadriênio 1910-1914. Além disso, a atividade
política dos militares como um todo declinou.
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O clube militar, que coordenava essas atividades, ficou fechado entre 1896 e 1901. Nos governos de Prudente de
Morais e Campos Sales, radicalizou-se a animosidade ― já existente no governo de Floriano Peixoto ― entre as
oligarquias civis e o republicanismo militar dos jacobinos, concentrados no Rio de Janeiro.
A ação urbana dos jacobinos era organizada pelos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha, a “mocidade
militar”, como falavam os contemporâneos. A imprensa da época é repleta de notícias a respeito dos meetings
promovidos pelos jovens alunos.
7 Eduardo Prado - um dos principais adversários políticos 
da ditadura florianista
Eduardo Prado, um dos principais adversários políticos da ditadura florianista, criticou a enorme influência de
Floriano Peixoto entre os estudantes da Escola Militar.
Mesmo após sua morte, em junho de 1895, Floriano continuou sendo muito estimado pelos alunos da Escola
Militar.
A litografia do marechal era presença obrigatória nas manifestações que eles organizavam.
Logo após sua chegada à Europa, o escritor paulista, na condição de foragido político, deu uma entrevista ao
periódico português Jornal do Comércio.
Reproduzida em vários jornais brasileiros, essa entrevista foi importantíssima para fazer de Prado uma das
figuras mais odiadas pelo grupo dos jacobinos.
Publicada entre 4 e 11 de dezembro de 1894 no jornal jacobino A Bomba, nessa entrevista o escritor criticou
violentamente o governo de Floriano Peixoto, acusando o marechal de ter “contaminado a mocidade da escola
militar com seu jacobinismo rubro (...)”.
Prado afirma:
“É correto que o governo queira empregar a mocidade para efetuar prisões políticas mandando depois os alunos
militares ser carcereiros dos deportados, cumprimentando que mais hábeis e ferozes se mostram como
verdugos e fuziladores? Pois Floriano pela distribuição de dinheiro e de postos entre estes jovens conseguiu isso.
A mocidade em toda parte é clemente e generosa: no Brasil, graças a Floriano, os verdugos são mancebos, às
vezes imberbes. Benjamin Constant corrompeu a inteligência da mocidade ensinando-lhe a doutrina
endeusadora da tirania, que se chama positivismo; Floriano rematou a corrupção transformando-a em agentes
de suas crueldades os alunos da Escola Militar”.
(A Bomba, 9 de novembro de 1894)
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8 Recepcionando o regimento de cavalaria
O interesse do governo em se aproximar do Exército ficou claro em 27 de janeiro de 1895, quando o primeiro
regimento de cavalaria retornou de Santa Catarina, onde lutara por dez meses contra os federalistas.
Em carta ao Ministro da Guerra, General Bernardo Vasques, que ocupou o cargo após a exoneração, em
dezembro de 1894, do General Carlos Machado Bittencourt, que foi um dos baluartes do governo de Floriano
Peixoto, Prudente de Morais solicitou a organização de uma grande festa para receber o regimento comandado
pelo Coronel Martinho da Silva.
General Vasques,
Não poupe esforços na recepção da força comandada pelo coronel Martinho Silva. É grande o interesse que o
governo tem de mostrar aos seus irmãos de farda que não somos seus inimigos. Desejo uma grande festa, mande
chamar as crianças, os jornais e as praças; é preciso o congraçamento.
(Coleção Adyr Guimarães; cx. 3, doc. 12).
O ministro da Guerra atendeu ao pedido do presidente da República e uma grande festa foi organizada para 
recepcionar o regimento de cavalaria.
Os militares chegaram ao porto conduzidos por embarcações do arsenal de guerra e foram ovacionados por uma
multidão na praça XV de Novembro, onde uma banda do Exército tocou músicas militares.
De acordo com o historiador Rodrigo Perez Oliveira, o projeto de desmilitarização da política nacional não foi
idealizado e efetivado apenas pelos governos civis; contou com a colaboração de segmentos do próprio Exército,
destacando-se aí nomes como Jacques Ourique e Nepomuceno Mallet.
Veja o antes e o depois da Praça XV de novembro:
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9 Arraial de Canudos
Não foi somente o jacobinismo dos alunos da Escola Militar que criou dificuldades ao governo de Prudente de
Morais.
Desde meados de 1893, formava-se no sertão norte da Bahia, em uma fazenda abandonada, uma povoação
conhecida como “Arraial de Canudos”.
Seu líder era Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro. Vamos examinar a
Revolta de Canudos mais detidamente na próxima aula.
Antônio Vicente Mendes Maciel (Quixeramobim, 13 de março de 1830 - Canudos, 22 de setembro de 1897), mais
conhecido na História do Brasil como Antônio Conselheiro, que se autodenominava "o peregrino", foi um líder
religioso brasileiro.
Figura carismática, adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, um pequeno vilarejo no
sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, e que foi
destruído pelo Exército da República na chamada Guerra de Canudos em 1897.
A imprensa dos primeiros anos da República e muitos historiadores, para justificar o genocídio, retrataram-no
como um louco, fanático religioso e contra-revolucionário monarquista perigoso.
As casas do arraial eram muito simples. Na maioria, eram construções de pau-a-pique com telhados de palha e
apenas uma minúscula saleta, um quarto e uma cozinha.
Agrupavam-se sem nenhuma ordem ao redor de algumas praças e das duas igrejas, a velha e a nova.
Isso fazia de Canudos um labirinto. E também uma fortaleza: a disposição das casas acabou sendo muito
importante quando o arraial teve de se defender, pois dificultou a penetração das forças invasoras..
10 Desafios no Governo Campos Salles
Apesar do esforço empreendido, Prudente de Morais não conseguiu entregar a seu sucessor, o também paulista
Campos Sales, uma República pacificada.
Eleito em 1o de março de 1898, quando derrotou Lauro Sodré, candidato do (Partido Republicano Federal),PRF
que contou com o apoio dos jacobinos, Campos Sales herdou um cenário de grave crise econômica e de grande
instabilidade política.O principal desafio para o novo presidente foi a consolidação da hegemonia das oligarquias cafeicultoras. Para
tal, era imprescindível dar continuidade ao projeto de pacificação da conduta política dos militares iniciado no
governo de Prudente de Morais.
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Se a devassa promovida pelo governo anterior havia desmobilizado os clubes jacobinos, os alunos da Escola
Militar da Praia Vermelha continuaram se manifestando contra a liderança política dos civis.
Os conflitos entre a mocidade militar e as forças do governo foram constantes também no governo de Campos
Sales. Por isso, o presidente da República, contando com a fidelidade de setores do oficialato do Exército,
prosseguiu tentando controlar as ações dos estudantes militares e enfraquecer a influência do jacobinismo
florianista entre eles.
11 O Governo de Campos Sales e a restruturação 
econômica
O governo de Campos Sales (1898-1902) promoveu a consolidação da República liberal-oligárquica. Após
grandes esforços, a elite política dos grandes estados triunfou.
Para tanto, o Presidente Campos Sales precisou reestruturar a economia, em crise desde os últimos anos da
monarquia, e estabilizar a política, sobretudo naquilo que se referia à participação dos militares.
No plano financeiro, o governo republicano herdara do Império uma dívida externa que consumia grande parte
do saldo da balança comercial. O quadro se agravou ao longo da década de 1890, com o aumento do déficit
público.
O apelo ao crédito internacional foi utilizado com frequência, e a dívida cresceu aproximadamente 30% entre
1890 e 1897, gerando novos compromissos de pagamento.
Em junho de 1898, foi acertado o penoso funding loan.
Foi um acordo com os credores que resultou em novos empréstimos destinados ao pagamento dos juros do
montante dos empréstimos anteriores.
O Brasil deu em garantia aos credores as rendas da Alfândega do Rio de Janeiro e ficou proibido de contrair
novos empréstimos até junho de 1901.
Comprometeu-se ainda a cumprir um duro programa de austeridade econômica caracterizado pela restrição
interna do crédito e pelo corte dos gastos públicos. Esse pacote econômico se tornou bastante impopular e
comprometeu a imagem do governo perante a sociedade.
12 O Governo Campos Sales e as estratégias políticas
O governo de Campos Sales foi marcado pela criação de uma estratégia política destinada a dificultar a atuação
das oposições no Congresso Nacional.
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A enorme importância atribuída aos estados provocou, muitas vezes, conflitos entre facções locais. O governo
federal aí intervinha, usando de seus controvertidos poderes estabelecidos na Constituição. Isso tornava incerto
o controle do poder central em alguns estados e reduzia as possibilidades de um acerto entre estes e a União.
Acrescente-se o fato de que o Poder Executivo encontrava extremas dificuldades em se impor ao Legislativo.
Diante disso, Campos Sales idealizou um arranjo político conhecido como “política dos governadores”.
Por meio de uma alteração artificiosa do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, assegurou-se que a
representação parlamentar de cada Estado corresponderia ao grupo regional dominante.
Ao mesmo tempo, garantiu-se maior subordinação da Câmara ao Poder Executivo.
O propósito da política dos governadores, apenas em parte alcançado, foi eliminar as disputas entre as facções
nos estados, reforçar o Poder Executivo e inaugurar a “rotinização do poder” na Primeira República.
Campos Sales e seus aliados entenderam bem que a origem da instabilidade política não estava na ordem
jurídica, mas sim na dificuldade dos governos em garantir o respeito à sua autoridade e à ordem constituída.
Por isso, o governo desse presidente desenvolveu a “política dos governadores” (conhecida também como
“política dos estados”). Tratou-se de um acordo entre o presidente da República e os presidentes dos estados,
que hoje corresponderiam aos governadores.
Em termos gerais, o governo central dava ampla autonomia aos governos estaduais, que, por sua vez, ajudavam a
controlar as eleições legislativas, fazendo com que apenas candidatos da base de apoio chegassem ao Congresso
Nacional.
Na falta de uma justiça eleitoral autônoma, quem reconhecia os diplomas dos candidatos eleitos era a própria
Câmara, o que era feito de acordo com os interesses do governo federal.
13 Reflexão crítica de Rui Barbosa
O governo federal entregava cada um dos Estados à facção que dele primeiro se apoderasse. Contanto
que se pusesse nas mãos do presidente da República, esse grupo de exploradores privilegiados receberia
dele a mais limitada outorga, para servilizar, corromper e roubar as populações. (...). A hipótese da
intervenção federal não o inquietaria nunca mais. O governador da União não ousaria dela mais nunca, a
não ser e quando a quadrilha protegida a solicitasse, para ultimar, em nome da autonomia estadual, a
escravidão, a desonra e a pilhagem do Estado.
(Rui Barbosa. Jornal do Brasil, 13 de junho de 1901).
(Rui Barbosa. Jornal do Brasil, 13 de junho de 1901).
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Nesse trecho, Rui Barbosa desenvolve uma reflexão crítica a respeito da política dos governadores, apontando
aquela que era sua principal característica: o acordo entre os governos central e estadual.
14 Campos Sales e à administração militar
Naquilo que se refere à administração militar, Campos Sales enfrentou os mesmos problemas que
caracterizaram o governo de Prudente de Morais: o conflito com militares exaltados, especificamente os alunos
da Escola Militar da Praia Vermelha.
A mocidade militar continuou a promover dificuldades ao governo civil. Eram comuns os conflitos entre a
brigada policial e setores legalistas do Exército contra os estudantes. Campos Sales trocou o comando do
Ministério da Guerra e da Escola Militar da Praia Vermelha.
O General João Nepomuceno Medeiros Mallet, um dos 13 generais reformados compulsoriamente no governo de
Floriano Peixoto, assumiu o Ministério da Guerra no lugar do General Bernardo Vasques, e o General Teixeira Jr.
assumiu a direção da Escola Militar no lugar do General Jacques Ourique.
Em 1698, construiu-se uma modesta fortificação na Praia Vermelha, considerada ponto vulnerável.
Em 27 de novembro de 1935 foi deflagrada uma rebelião militar de esquerda, e o 3º R.I., por se encontrar na
vanguarda do movimento inspirado pela Aliança Nacional Libertadora, foi duramente atingido pela repressão
das forças governistas, comandadas pelo general Dutra.
O prédio foi seguidamente bombardeado, e, após a contenção da revolta, decidiu-se pela demolição, dado seu
estado precário.
A antiga Escola Militar foi sucedida por outras instalações na Praia Vermelha, dentre elas o Instituto Militar de
Engenharia, página mais recente em uma história iniciada há mais de trezentos anos, quando alguns poucos e
corajosos soldados defenderam a cidade das espadas e bacamartes dos corsários.
O Instituto Militar de Engenharia (IME) é uma instituição acadêmica de nível superior pertencente ao Exército
Brasileiro.
O IME oferece cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia, sendo considerado um centro de excelência
e referência nacional e internacional no ensino da Engenharia.
Segundo o jornal Gazeta de Notícias, de 23 de maio de 1898, a troca foi motivada porque Campos Sales
considerou “infrutífero o que até então havia sido feito para controlar os ânimos dos militares subversivos”.
Tanto o novo ministro da Guerra quanto o novo diretor da Escola Militar não alteraram consubstancialmente a
prática repressora desenvolvida por seus antecessores.
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A mocidade militar continuou a ser controlada de perto, e suas manifestações eram violentamente combatidas,
sobretudo aquelas realizadas no dia 29 de junho, aniversário de morte de Floriano Peixoto.
Era comum, nessas ocasiões, a ocorrência de grandes conflitos entre os estudantes e as forças do governo; “as
lojas de comércio fecham suas portas sempre que esses meninos promovem suas arruaças” (Gazeta de Notícias,
30de junho de 1898).
15 Término do mandato de Campos Sales
Campos Sales passou a faixa presidencial em 1902 ao também paulista Rodrigues Alves (1848-1919) com a
certeza de que a República, de fato, navegava em águas mais tranquilas e começava a viver um período de
estabilidade e de relativa prosperidade, que era baseada na agroexportação de café.
Francisco de Paula Rodrigues Alves (Guaratinguetá, 7 de julho de 1848 — Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 1919)
foi um advogado, político brasileiro, Conselheiro do Império, presidente da província de São Paulo, presidente do
estado, ministro da fazenda e quinto presidente do Brasil.
Governou São Paulo por três mandatos: 1887 - 1888, como presidente da província, e como quinto presidente do
estado de 1900 a 1902 e como nono presidente do estado de 1912 a 1916.
Tal estabilidade, porém, não resultou necessariamente na ausência de contestações por parte da população mais
pobre, até então excluída dos mecanismos formais de participação política. Analisar essas manifestações é o
objetivo da próxima aula.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• As manifestações populares que ocorreram nos primeiros anos de vida da República brasileira;
• A relação entre essas revoltas e as críticas ao mecanismo de dominação política posto em prática pelos 
governos republicanos.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu que os governos civis dos paulistas Prudente de Morais e Campos Sales puseram em prática 
um projeto de dominação destinado a desmilitarizar a política brasileira;
• Identificou as principais estratégias mobilizadas pelos primeiros governos civis para forjar um sólido e 
estável mecanismo de dominação política;
• Entendeu que os dois primeiros governos civis foram marcados por novos conflitos, o que alterou 
•
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•
•
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• Entendeu que os dois primeiros governos civis foram marcados por novos conflitos, o que alterou 
consubstancialmente o alinhamento das forças políticas que disputavam o poder nos primeiros anos de 
vida da República brasileira.
•
	Olá!
	1 Trabalhando com a documentação de época
	2 O grande projeto idealizado
	3 Prudente de Morais
	4 Escola Militar da Praia Vermelha
	5 Desenvolvimento do projeto político
	6 Sucessão presidencial
	7 Eduardo Prado - um dos principais adversários políticos da ditadura florianista
	8 Recepcionando o regimento de cavalaria
	9 Arraial de Canudos
	10 Desafios no Governo Campos Salles
	11 O Governo de Campos Sales e a restruturação econômica
	12 O Governo Campos Sales e as estratégias políticas
	13 Reflexão crítica de Rui Barbosa
	14 Campos Sales e à administração militar
	15 Término do mandato de Campos Sales
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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