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Instauração da ordem republicana

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16/03/2023, 17:46 Instauração da ordem republicana
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03874/index.html# 1/47
Instauração da ordem republicana
Prof.ª Vanessa Pereira da Silva e Mello
Descrição
A queda da monarquia e o processo de implantação e consolidação do regime republicano no Brasil.
Propósito
O estudo da instauração do regime republicano e de sua consolidação no Brasil auxilia na compreensão das
origens do modelo político atualmente implantado no país, bem como nas mudanças e continuidades na
estrutura política brasileira ao longo do tempo.
Objetivos
Módulo 1
A crise do Império brasileiro
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Identificar os elementos que provocaram o fim do Império brasileiro e levaram à Proclamação da
República.
Módulo 2
A República da Espada
Definir como ocorreu o processo de implantação do regime republicano.
Módulo 3
A República Oligárquica
Analisar o processo de estruturação e funcionamento da política dos governadores que propiciou
estabilidade ao regime republicano.
Introdução
Atualmente, o Brasil se trata de uma república federativa presidencialista. Estabelecido pela primeira vez na
Constituição de 1891, tal modelo político foi confirmado por meio de voto popular num plebiscito realizado
em 1993. Mas como foi instaurada a República no Brasil? Quais fatores provocaram a passagem do regime
imperial para o republicano? Como ocorreu seu processo de consolidação?
Identificaremos as razões que levaram ao fim do Segundo Reinado e à instauração da República. Em
seguida, trataremos das dificuldades presentes nos anos posteriores à proclamação para a definição do
projeto republicano a ser implantado no país.

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Também abordaremos a promulgação da Constituição de 1891 e a grande instabilidade política que
caracterizou este período. Por fim, entenderemos a elaboração e o funcionamento de um acordo político
que gerou estabilidade política ao país e favoreceu as oligarquias cafeeiras nacionais.
1 - A crise do Império brasileiro
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os elementos que
provocaram o �m do Império brasileiro e levaram à Proclamação da
República.
Transformações no Segundo Reinado
Antes de começarmos, vejamos um vídeo que mostra a opinião da população sobre o fim do império.

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A mitologia do �m do Império
Neste vídeo, a professora Vanessa Mello responderá às perguntas mais procuradas na internet sobre os
motivos do fim do Império.
No final do século XIX, o Brasil passou por uma grande alteração na sua forma de governo. Após ser
atingido por uma crise, o governo imperial não resistiu. No dia 15 de novembro de 1889, o Império chegou
ao fim.
Como ocorreu esse processo?
Quais fatores provocaram a desestabilização e a queda do regime
monárquico brasileiro?
Primeiramente, precisamos perceber que muitas transformações econômicas e sociais ocorreram ao longo
do Segundo Reinado. Nesse período, nasceram novos grupos sociais, como os fazendeiros vinculados ao
setor cafeeiro. A produção em larga escala do café no Brasil ocorreu inicialmente no Vale do Paraíba, região
próxima ao Rio de Janeiro.
Imagem alusiva à produção cafeicultora brasileira nos anos 1880.
Com o aumento do consumo desse produto nos Estados Unidos e na Europa, a produção no país cresceu.
Com isso, muitas fazendas prosperaram e vários cafeicultores foram recompensados pelo Imperador D.
Pedro II com títulos de nobreza. Surgiram, assim, os chamados “barões do café”. Ao lado dos comerciantes
e grandes proprietários de terra, eles se transformaram numa base de apoio importante do Império.
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Na segunda metade do século XIX, a produção de café se estendeu para o oeste paulista. Nessa região,
havia condições favoráveis para sua implantação, como a chamada “terra roxa”, solo rico em ferro e
altamente produtivo. Com o passar do tempo, o oeste paulista se tornou o maior produtor de café do país.
Esse fato pode ser explicado, entre outros fatores, pelo emprego de novas tecnologias, como o arado.
A expansão das plantações de café para essa área ocorreu após o fim do tráfico atlântico de escravos
(proibido pela Lei Eusébio de Queirós, em 1850). Por isso, os cafeicultores paulistas gradativamente
substituíram a mão de obra escrava pelo trabalho de imigrantes. O desenvolvimento da economia cafeeira
no oeste paulista, como aponta Bóris Fausto, resultou na formação de um novo grupo social chamado de
“burguesia do café” (FAUSTO, 2012, p.174).
Outra mudança importante no período foi o processo de diversificação econômica do país. O fim do tráfico
de escravos levou seus antigos negociantes a buscar novas áreas para aplicar seus capitais. Assim, os
recursos foram empregados em diversos setores, como bancos, comércio e transportes.
O setor de transportes ferroviário, por exemplo, recebeu grandes investimentos. A instalação de ferrovias
permitiu uma enorme mudança no sistema de produção e de transportes de algumas regiões. Elas
facilitaram e baratearam o transporte de café do interior, onde ele era produzido, para os portos.
Do mesmo modo, o setor industrial foi beneficiado pela liberação de capitais provenientes do fim do tráfico
atlântico. Vale destacar que o estabelecimento, em 1844, de um imposto de 30% sobre os produtos
importados também impulsionou esse setor. Em cerca de dez anos, como indica Emília Viotti da Costa, o
número de fábricas no país subiu de 175 para mais de 600. Elas se concentraram principalmente na
produção de bens de consumo mais simples; apesar de ainda serem pequenas, sua instalação representou
uma “profunda transformação na economia e na sociedade” (COSTA, 1999, p. 464).
A expansão das ferrovias e o aumento do número de indústrias estimularam a urbanização em algumas
regiões do país. Novas cidades foram fundadas, e outras que já existiam receberam melhorias. Muitas
vezes, essas benfeitorias foram patrocinadas pelos “barões do café”, que começaram a morar nas cidades,
de onde podiam administrar seus negócios. Nas cidades, também surgiram grupos representantes de uma
população urbana composta por indivíduos relacionados a profissões liberais, atividades mercantis e
administração pública, entre outras.
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Podemos observar que, com a formação de novos grupos, aparecem também
novos interesses em relação ao Estado. Tornava-se cada vez mais constante, entre
esses setores da sociedade, a ideia da necessidade de realização de mudanças
para atender aos seus interesses. Como veremos, alguns desses grupos deixaram
de apoiar o regime monárquico.
A partir da década de 1870, o Segundo Reinado começou a entrar em crise. Uma série de questões
provocou o desgaste do governo. A seguir, discutiremos cada uma delas.
A campanha abolicionista
Um aspecto fundamental que devemos atentar sobre a escravidão é que o Estado brasileiro procurou
retardar ao máximo o seu fim. Por esse motivo, ele encaminhou o processo de abolição de uma forma lenta
e gradual, ou seja, por etapas.
Nesse sentido, o Estado criou algumas medidas legais. Uma delas foi a Lei do Ventre Livre, aprovada pela
Câmara dos Deputados em 1871. Ela estabelecia que todos os filhos de escravizadas nascidos após a lei
estariam livres. No entanto, as crianças deveriam ficar sob a tutela dos senhores de suas mães até
completarem oito anos. Nesse momento, eles poderiam escolher se receberiam uma indenização paga pelo
Estado ou se essas crianças lhes prestariam serviços atécompletarem 21 anos de idade.
A lei gerou debates entre os deputados. A maioria dos representantes do Nordeste votou a favor, enquanto
os parlamentares do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, províncias cafeeiras e dependentes da mão
de obra escrava, votaram contra.
Na década de 1880, ocorreu uma intensificação da campanha abolicionista em todo o país. Jornalistas,
comerciantes, artesãos profissionais liberais, escritores e estudantes se mobilizaram nessa campanha.
Eles criaram associações, publicaram artigos em jornais e elaboraram manifestos defendendo o fim da
escravidão no Brasil. Em 1884, o Ceará declarou o fim da escravidão em seu território.
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Revista illustrada (1880) sobre a campanha abolicionista.
No ano seguinte, foi aprovada a Lei dos Sexagenários, também conhecida como Lei Saraiva-Cotegipe, que
concedia a liberdade aos escravizados maiores de 60 anos.
Frente à crescente mobilização dos diversos grupos sociais e da criação
de leis abolicionistas, como reagiram os proprietários de escravos?
É essencial verificar que, à medida que eram aprovados mecanismos legais que apontavam para o fim
gradual da escravidão, aumentava a desconfiança dos proprietários de escravos, sobretudo dos
cafeicultores, em relação ao regime imperial. Aos poucos, esse grupo, que constituía uma importante base
de apoio do governo, passou a se distanciar dele.
A ruptura total das relações entre esse grupo e o Império ocorreu em 1888. Nesse ano, a Câmara e o
Senado aprovaram por ampla maioria um projeto de lei que previa a abolição da escravidão sem qualquer
tipo de indenização aos proprietários de escravos. Como D. Pedro II estava no exterior, sua filha, princesa
Isabel, saiu de Petrópolis e se dirigiu até o Paço da Cidade, onde assinou a Lei Áurea, extinguindo a
escravidão no Brasil.
Cartaz de 1888, do acervo do Arquivo Nacional, comemorativo da abolição da escravidão no Brasil.
Starling e Schwarcz destacam que a abolição gerou um profundo descontentamento dos cafeicultores, que
não foram “ressarcidos” pelas suas perdas, provocando o rompimento definitivo entre eles e a monarquia
(STARLING; SCHWARCZ, 2015, p. 629).
As ideias republicanas
Outro fator que contribuiu fortemente para a crise do Império foi a difusão das ideias republicanas. Deve-se
observar, porém, que elas não eram novas no Brasil, já que começaram a circular no país, ainda no período
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colonial, durante o processo de independência. Entretanto, apenas em 1870 se desenvolveu um movimento
republicano de forma organizada em solo brasileiro.
Nesse ano, foi fundado o Partido Republicano. A criação desse partido foi resultado da ação de um grupo de
políticos que acreditava ser impossível a realização de reformas necessárias ao país no contexto da
monarquia (CARVALHO, 2011, p. 142) .
Somado a isso, o ano de 1870 também marca a publicação do Manifesto republicano. Esse documento
fundamentou a propaganda do republicanismo até a Proclamação da República.
O movimento republicano ganhou força principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. De forma igual,
havia grupos em menores proporções no Rio Grande do Sul, Pernambuco, Pará e Minas Gerais.
Para divulgar suas ideias, os republicanos publicaram livros, panfletos e artigos em jornais e organizaram
conferências públicas.
Capa do jornal A Republica, contendo o manifesto.
Em 1873, eles realizaram a primeira convenção republicana brasileira: a Convenção de Itu, em São Paulo.
Nesse evento, o principal ponto de debate, de acordo com José Murilo de Carvalho, foi como a República
deveria ser estruturada. Discutiu-se, por exemplo, se ela seria presidencialista ou parlamentarista
(CARVALHO, 2011, p. 145).
Durante a Convenção de Itu, também foi fundado o Partido Republicano Paulista (PRP). Esse grupo se
transformou na maior expressão do movimento republicano e exerceu grande influência no processo que
resultou no fim do Império.
Para entendermos melhor o partido e esse processo, precisamos respoder a duas perguntas:
Quem fazia parte desse partido?
E o que seus membros defendiam?
Grande parte dos membros do PRP era composta por fazendeiros de café do oeste paulista. A maior
bandeira defendida pelo partido era a adoção de uma república federalista.
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Cartaz do partido PRP convocando votos.
Você sabe o que é república federalista? Vamos ver agora o que isso significa.
Resposta
A República é uma forma de governo em que o chefe de Estado é eleito pela população. Num governo
republicano, o governante deve agir no sentido de servir ao interesse coletivo. O federalismo, por sua vez, é
um sistema político caracterizado pela descentralização do poder.
Nesse sistema, os estados da União têm autonomia legislativa, ou seja, a liberdade para decidir sobre
diversos assuntos, como a cobrança de impostos ou a realização de obras públicas.
Na prática, os integrantes do PRP desejavam alcançar uma maior autonomia para a província de São Paulo.
Queriam diminuir a interferência do poder central nos seus assuntos econômicos e ter o controle de
questões, como a política bancária e a realização de empréstimos externos. Eles acreditavam que não
conseguiriam atingir essas metas num sistema monárquico de governo.
Também devemos perceber que os republicanos paulistas estavam insatisfeitos com sua reduzida
participação no cenário político nacional. Apesar de a produção de café ter transformado São Paulo na
província mais rica do Brasil, sua representação política no Congresso ainda era bastante pequena.
As questões religiosa e militar
A tensão entre o Estado e a Igreja também colaborou para o esfacelamento do Império. Para
compreendermos essa questão, devemos lembrar dois pontos importantes:
O catolicismo era a religião oficial do Império.
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Em 1872, os bispos de Olinda, D. Vital, e de Belém, D. Antônio de Macedo, resolveram obedecer à ordem do
Vaticano, que proibiu a participação de clérigos em lojas maçônicas.
D. Vital.
D. Antônio de Macedo.
Como no Brasil muitos membros da elite pertenciam à maçonaria, D. Pedro II não tinha aprovado essa
determinação papal. Por isso, a atitude dos bispos foi considerada ilegal pelo governo, e eles foram
condenados e presos.
A atitude do governo imperial acabou gerando uma tensão entre Estado e Igreja, que ficou conhecida como
Questão Religiosa. Em 1875, os dois bispos foram anistiados. Apesar disso, as relações entre monarquia e
Igreja permaneceram abaladas.
A Constituição de 1824 estabeleceu o padroado, que determinava a subordinação da Igreja
em relação ao Estado. Desse modo, cabia ao Imperador designar os clérigos que ocupariam
os postos de comando da Igreja e aprovar os decretos instituídos pelo Papa que entrariam em
vigor no país.
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Charge de Bordalo Pinheiro de 1875 fazendo referência à anistia dos bispos. A legenda original era: “Afinal... deu a mão à palmatória!”.
Também houve atritos entre o Exército e o Estado. Mas, antes de tratarmos desse assunto, precisamos
fazer algumas observações:
O fortalecimento do Exército
O Exército se fortaleceu muito com a vitória alcançada na Guerra do Paraguai (conflito em que Brasil,
Argentina e Uruguai lutaram contra o Paraguai). Nessa ocasião, ele recebeu verbas para se estruturar
melhor e ampliar seu contingente de oficiais.
O positivismo e o republicanismo
Aos poucos, concepções positivistas e republicanas foram disseminadas entre os militares. Influenciadospelo positivismo, eles passaram a defender a existência de um Executivo forte, a separação entre Estado e
Igreja e a preferência pelo desenvolvimento industrial, entre outros itens.
Concepções positivistas
O positivismo é uma corrente de pensamento formulada pelo pensador francês Auguste Comte no século XIX.
Suas concepções foram difundidas principalmente na Escola Militar da Praia Vermelha, local em que o
positivista Benjamim Constant era professor.
Nesse contexto, as críticas dos militares contra a monarquia começaram a se intensificar. Nos anos 1880,
houve desentendimentos graves entre o Exército e o governo imperial, dando origem à chamada Questão
Militar.
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Capa da Revista illustrada com Francisco Nascimento. Legenda: “À testa dos jangadeiros cearenses, Nascimento impede o tráfico dos escravos
da província do Ceará vendidos para o Sul”.
Um dos episódios mais relevantes ocorreu em 1884, quando Francisco do Nascimento, um dos jangadeiros
que participou da luta pela libertação dos escravos na província do Ceará, foi homenageado na Escola de
Tiro de Campo Grande, no Rio de Janeiro.
Essa escola era comandada pelo tenente-coronel Sena Madureira. Como se recusou a prestar
esclarecimentos ao ministro da Guerra sobre esse evento, Sena Madureira foi transferido para o Rio Grande
do Sul.
Após sua transferência, Sena publicou um artigo no jornal A federação, relatando todo o episódio. A partir
disso, o ministro da Guerra proibiu os militares de discutir na imprensa questões relacionadas à corporação
ou à política, atitude que provocou grande indignação entre os oficiais.
Resumindo
No final do Império, como ressalta José Murilo de Carvalho, os militares reivindicaram o direito de expressar
livremente sua opinião política. Além disso, almejavam uma maior participação nas decisões políticas
referentes à corporação militar (CARVALHO, 1987, p. 49).
Sem conseguir ter suas demandas atendidas, os militares se afastaram cada vez mais do regime
monárquico.
O �m do Império
Como vimos, a partir da década de 1870, a monarquia brasileira entrou em crise devido a diferentes fatores.
Progressivamente, o Imperador perdeu o apoio de importantes segmentos da sociedade que lhe garantiam
sustentação política.
Mas, diante desse cenário de crise, o governo não tentou evitar o �m da
monarquia?
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Algumas medidas foram adotadas pelo governo para tentar reverter a situação em que a monarquia se
encontrava. Podemos notar uma delas a partir da atuação do Visconde de Ouro Preto, convidado pelo
Imperador para formar o novo gabinete, em 1889.
Ouro Preto acreditava ser necessário implementar um conjunto de reformas para neutralizar as críticas
feitas ao regime monárquico. Na sessão realizada na Câmara no dia 11 de junho desse ano, ele apresentou
um conjunto de propostas.
Segundo Costa (1999, p. 487-488), entre as mudanças sugeridas por Ouro Preto, estavam:

A autonomia dos municípios e províncias

A liberdade de culto e ensino

A elaboração de um código civil

A reforma do Conselho de Estado
Entretanto, o projeto de reformas não foi aprovado. Os esforços do governo para impedir a sua queda foram
em vão. Grupos republicanos civis e militares se uniram para planejar um golpe.
O objetivo era derrubar a monarquia e instaurar a República. O Marechal Deodoro da Fonseca aceitou
chefiar o movimento. Sua decisão foi influenciada pela circulação de boatos que falavam, por exemplo,
sobre uma possível extinção do Exército.
No dia 15 de novembro 1889, Deodoro conduziu a tropa ao Ministério da Guerra. Não sabemos ao certo se,
nesse momento, ele proclamou a República abertamente ou apenas derrubou o ministério.
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Proclamação da República do Brasil.
De qualquer modo, no dia seguinte, D. Pedro II foi informado sobre a queda do Império. Banidos do país, ele
e sua família partiram para o exílio em Paris. Começava, assim, um novo capítulo da história do Brasil.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Após a segunda metade do século XIX, o Império brasileiro entrou em crise. Vários fatores contribuíram
para o desgaste do governo. Um deles foi a organização de um movimento republicano organizado no
país a partir de 1870. Nesse contexto, foi fundado o Partido Republicano Paulista (PRP). A bandeira
principal desse partido era:
A A defesa de uma república federalista.
B A centralização do poder nas mãos do primeiro-ministro.
C A defesa de uma república parlamentarista.
D Uma maior interferência do governo central nas decisões dos estados.
E A independência do estado de São Paulo e a instauração de uma nova república.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Os republicanos paulistas queriam alcançar mais autonomia para a província de São Paulo. Desejavam
ter mais liberdade para decidir, por exemplo, sobre assuntos como a realização de empréstimos no
exterior. Desse modo, defendiam o estabelecimento de uma república federalista.
Questão 2
Ao longo do Segundo Reinado, D. Pedro II perdeu o apoio de importantes grupos que davam
sustentação ao regime imperial. Entre eles, destacamos os militares. Assinale a opção que apresenta
uma das razões para a ruptura entre o Estado e os militares.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A partir da década de 1880, ocorreram alguns atritos entre o Estado e os militares. Um deles resultou na
transferência do tenente-coronel Sena Madureira para o Rio Grande do Sul. Insatisfeito, Sena Madureira
denunciou o ocorrido num jornal. Como punição, o ministro da Guerra proibiu os militares de opinar
sobre assuntos políticos e do próprio Exército na imprensa.
A A falta de apoio recebido pelo Exército durante a Guerra do Paraguai.
B A disseminação dos ideais monárquicos na Escola Militar da Praia Vermelha.
C A proibição de os militares expressarem suas opiniões políticas na imprensa.
D A redução dos salários dos oficiais.
E A demissão do professor Benjamim Constant da Escola Militar.
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2 - A República da Espada
Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir como ocorreu o processo
de implantação do regime republicano.
O governo provisório
Antes de começarmos, vejamos um vídeo que mostra algumas verdades e mentiras sobre a República da
Espada.
Você sabe o que é história política?
Neste vídeo, vamos entender melhor a história política de forma aplicada ao exemplo da República da
Espada.

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A Proclamação da República, ocorrida no dia 15 de novembro de 1889, marca o início do regime republicano
no Brasil. Podemos dividir esse período em várias fases. A primeira delas começa com a Proclamação da
República e se estende até 1930. Essa etapa da história é conhecida como Primeira República ou República
Velha.
O período inicial da Primeira República é chamado de República da Espada, correspondendo aos anos entre
1889 e 1894. Esse nome se refere à origem militar dos dois presidentes da época e ao modo autoritário
como eles governaram o país.
Mas como eles chegaram ao poder?
Quais foram suas primeiras ações no novo regime?
A primeira providência tomada pelos grupos republicanos civis e militares que derrubaram a monarquia foia
instalação de um governo provisório. Ele foi implantado poucas horas após a Proclamação da República e
chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca.
Ainda no dia 15 de novembro, o governo realizou seu primeiro pronunciamento, assegurando os direitos
individuais e políticos. A Câmara dos Deputados foi dissolvida, enquanto o Conselho de Estado e o caráter
vitalício do Senado foram extintos. Além disso, o governo publicou inúmeros decretos que estabeleciam, por
exemplo, a separação entre o Estado e a Igreja.
Nos seus 15 meses de duração, o governo provisório enfrentou grandes desafios. O maior deles se
relacionou à existência de diferentes projetos políticos para a República. Isso porque os grupos que
participaram da derrubada da monarquia tinham interesses e visões muito diferentes sobre o modo como a
República deveria ser estruturada.
Vamos entender a seguir cada um desses grupos:
De um lado, estavam as classes dominantes de algumas províncias. Os representantes políticos de
São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul defendiam a construção de uma República Federativa,
isto é, eram favoráveis ao estabelecimento de autonomia para os estados. No entanto, havia
discordância dentro desse próprio grupo no que se refere à organização do poder.
Representantes políticos das províncias 
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Os representantes políticos paulistas e mineiros sustentavam a necessidade da implantação do
modelo liberal no país e desejavam a construção de um Estado dirigido por um presidente eleito e
pelo Congresso. Já a ala de políticos gaúchos, por sua vez, influenciada pelo positivismo, almejava a
organização de uma ditadura republicana que possibilitaria a manutenção da ordem e viabilizaria a
condução do país em direção ao progresso.
Do outro lado, havia o Exército. Os militares, em sua maioria, consideravam que a República deveria
se basear em um Poder Executivo forte ou passar por um certo período de ditadura. Também não
eram totalmente favoráveis à autonomia das províncias por temerem a possibilidade de
fragmentação territorial. Eles estavam divididos entre aqueles que seguiam o Marechal Deodoro da
Fonseca e os partidários do Marechal Floriano Peixoto.
A maioria dos militares que seguia Deodoro da Fonseca participou da Guerra do Paraguai e não
frequentou a Escola Militar. Por isso, eles não foram tão influenciados pelo positivismo e tinham
pouca noção sobre a República, concebendo apenas que o Exército devia ter uma maior participação
na República do que tinha no Império. Já os oficiais que seguiam a liderança de Floriano Peixoto
frequentaram a Escola Militar e eram fortemente adeptos das ideias positivistas (FAUSTO, 2012, p.
212).
Após analisar esses dois grupos, podemos entender que o grande problema a ser solucionado nos
primeiros anos da República era o seguinte: formular um pacto de poder capaz de substituir o do período
imperial e, ao mesmo tempo, gerar estabilidade ao novo regime (CARVALHO, 1987, p. 31).
Como o governo tentou resolver essa questão? Qual projeto político saiu vitorioso?
A Constituição de 1891 e o Encilhamento
No mês de setembro de 1890, foram realizadas eleições para o Congresso. Uma Assembleia Constituinte
foi formada para elaborar e aprovar uma nova Constituição para o país, tomando posse em novembro do
mesmo ano. Em 24 de fevereiro de 1891, a Constituição foi promulgada.
O texto constitucional foi inspirado no modelo norte-americano, transformando o Brasil numa república
federativa liberal. Podemos perceber que a organização de uma Assembleia Constituinte e a promulgação
da Constituição representaram a vitória do projeto liberal para a República.
Exército 
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Comentário
O liberalismo não era uma novidade no país. Segundo Carvalho, o liberalismo já havia sido quase totalmente
implementado durante o período Imperial. De acordo com ele, esse aspecto pode ser verificado, por
exemplo, a partir da publicação da Lei de Terras, em 1850. Essa lei regularizou os registros das
propriedades rurais e permitiu a sua venda. Além disso, alguns direitos, como liberdade de manifestação,
pensamento e propriedade, já estavam garantidos na Constituição de 1824 (CARVALHO, 1987, p. 43).
A maior novidade da Constituição republicana foi a instituição do federalismo. Ele atribuiu enorme
autonomia aos estados (modo como as províncias passaram a ser chamadas), substituindo a centralização
do poder característico do período imperial.
De acordo com o texto constitucional, os estados possuíam as minas e as terras devolutas situadas em
seus territórios e poderiam ser responsáveis, por exemplo, pela cobrança de impostos interestaduais,
criação de impostos de exportação, realização de empréstimos internacionais e organização de forças
militares (RESENDE, 2016, p. 93-94).
Não devemos imaginar, no entanto, que essa autonomia dos estados retirou todo o poder do governo
federal. Caberia à União uma série de atribuições. Entre elas, estão:

A cobrança de impostos sobre os produtos importados

A criação de bancos responsáveis pela emissão de
moeda

A organização das forças armadas de âmbito nacional
A Constituição também estabeleceu o sistema presidencialista de governo, sendo os ministros nomeados
livremente pelo presidente. Seu maior objetivo foi estabelecer a organização do poder.
Maria Efigênia Lage de Resende ressalta que os problemas sociais e a participação política não foram
prioridade no texto constitucional. Os princípios da Constituição norte-americana foram transplantados para
a Constituição brasileira sem considerar as características econômicas e sociais do nosso país (RESENDE,
2016, p. 98).
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Quanto aos direitos políticos, foi extinta a comprovação de renda e instituído o voto direto e universal.
Desse modo, eram considerados cidadãos todos os brasileiros maiores de 21 anos.
Atenção!
Vários grupos foram excluídos do direito ao voto, como analfabetos, membros de ordens religiosas,
soldados, mendigos e mulheres. Nesse sentido, a própria exigência de alfabetização excluía a população
pobre; portanto, grande parte da sociedade foi privada do direito ao voto.
Desse modo, a esperança de uma maior participação na vida política do país, despertada pela mudança de
regime, foi sendo gradativamente minada (CARVALHO, 1987, p. 37).
Como vimos, o governo provisório buscou solucionar as disputas políticas e estabelecer quais seriam os
rumos da República por meio da promulgação da Constituição. Somado a isso, o governo também precisou
enfrentar uma grave crise econômica que atingia o país.
Quais foram os motivos dessa crise? Vamos ver a seguir.
Charge retratava o então ministro da Fazenda Ruy Barbosa tentando equilibrar as finanças do país.
Então ministro da Fazenda, Rui Barbosa efetuou uma série de reformas com o objetivo de promover o
crescimento econômico do país.
Uma das ações mais importantes foi a autorização para que alguns bancos emitissem papel-moeda. A
meta era ampliar sua circulação e facilitar o crédito para que fossem realizados investimentos, sobretudo no
setor industrial.
Essa medida resultou na emissão de uma quantidade de moeda muito superior à que a economia do país
poderia absorver.
Além disso, membros da elite agrária efetuaram empréstimos para abrir empresas (muitas delas
fantasmas) e negociar suas ações na bolsa de valores. O crescimento da especulação na Bolsa de Valores
provocou a diminuição do preço das ações e, consequentemente, a falência de várias empresas e bancos. O
fechamento desses estabelecimentos resultou na demissão de muitos trabalhadores, gerando desemprego.
Nesse contexto, o valor do dinheiro brasileiro caiu drasticamente em relaçãoà libra inglesa, enquanto a
inflação e o custo de vida aumentaram. Essa crise, ocorrida em 1891, recebeu o nome de Encilhamento.
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Como aponta Bóris Fausto, seu nome possivelmente faz alusão ao local onde são realizados os últimos
preparativos para as corridas de cavalos e nos quais geralmente são feitas apostas. Segundo ele:
Por analogia, teria sido aplicada à disputa entre as ações das
empresas na Bolsa do Rio de Janeiro, trazendo em si a ideia de
jogatina.
(FAUSTO, 2012, p. 217)
O governo provisório terminou em meio à crise do Encilhamento e com a realização de eleições para
presidente e vice-presidente da República. Veremos adiante quais candidatos saíram vitoriosos e ocuparam
esses cargos.
O governo de Deodoro da Fonseca
Em 1891, foram realizadas eleições para escolher os primeiros presidente e vice-presidente da República.
Devemos atentar para dois aspectos importantes sobre essa questão:
Primeiro
As eleições foram realizadas de forma indireta. Ou seja, os primeiros presidente e vice-presidente seriam
escolhidos pela Assembleia Constituinte.
Segundo
As eleições para esses cargos foram realizadas separadamente. Houve uma eleição para presidente; outra,
para vice.
Forma indireta
Isso quer dizer que os primeiros presidente e vice-presidente do país não seriam eleitos pelo voto dos cidadãos.
O Marechal Deodoro da Fonseca foi eleito presidente com 129 votos. Já o Marechal Floriano Peixoto
recebeu 153 votos para ocupar a vice-presidência da República.
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Comentário
Podemos verificar que Deodoro recebeu menos votos que Floriano Peixoto. De acordo com Resende, essa
quantidade de votos inferior já era um indício da rejeição de parte de grupos civis quanto ao modo como
Deodoro governou o país durante o governo provisório. Ela ressalta que o marechal não teve muita
habilidade para nomear governadores para alguns estados, provocando descontentamentos nas classes
dominantes estaduais (RESENDE, 2016, p. 107-108).
Logo no início de seu mandato, Deodoro entrou em choque com o Congresso. Os desentendimentos
aconteciam principalmente porque a maior parte dos congressistas adotava orientações civilistas,
enquanto as ações presidenciais refletiam a sua origem militar e autoritária.
De fevereiro a novembro de 1891, foram comuns os debates, as demissões de ministros e a aplicação de
medidas administrativas incompatíveis com a República. O estopim para abalar profundamente as relações
entre o presidente e o Congresso foi a decisão de Deodoro de nomear para ministro o Barão de Lucena,
antigo apoiador da monarquia.
Os congressistas republicanos passaram a acreditar que Deodoro não era apropriado para governar os civis,
perdendo sua sustentação política.
Por esse motivo, no início de novembro, ele resolveu dissolver o Congresso e decretar o estado de sítio,
suspendendo todos os direitos políticos e constitucionais pelo prazo de 60 dias.
Vale notar que praticamente todos os governadores apoiaram o fechamento do Congresso. Entretanto, nos
estados, foram registradas reações contrárias à atitude do Marechal Deodoro.
Fechamento do Congresso.
Em São Paulo, por exemplo, Campos Sales publicou, no jornal Correio paulistano, um manifesto rechaçando
a dissolução do Congresso. Nesse contexto, a Marinha e grande parte do Exército organizaram um
movimento armado contra o presidente. Eles ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, episódio
que ficou conhecido como a Primeira Revolta da Armada.
Frente a essa situação, Deodoro se viu sem saída e renunciou ao cargo em favor do seu vice, Floriano
Peixoto. Mas a chegada de Floriano ao poder seria suficiente para conter a intensa crise política do período?
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O governo de Floriano Peixoto
A posse do Marechal Floriano Peixoto agravou ainda mais a crise institucional. Uma de suas primeiras
medidas foi tentar diminuir a influência dos partidários de Deodoro na máquina estatal e nos estados.
Para alcançar essa meta, procurou retirar do poder todos os governadores dos estados que apoiaram o
antigo presidente. Apesar disso, Floriano não conseguiu eliminar a pressão contrária ao seu governo.
Faziam parte da oposição os grupos que desejavam o retorno do Marechal Deodoro à presidência, a
imprensa e os parlamentares que questionavam a legalidade do seu governo.
Mas por que o governo de Floriano Peixoto poderia ser considerado
ilegal?
De acordo com a Constituição, caso o cargo de presidente ficasse vago antes da metade do seu mandato, o
vice-presidente deveria assumir e convocar novas eleições.
Charge de Floriano Peixoto e o manifesto politico dos 13 generais.
Contudo, Floriano Peixoto desprezou esse dispositivo constitucional e permaneceu no poder sob a alegação
de que essa determinação entraria em vigor apenas no próximo mandato presidencial.
Contrários à manutenção de Floriano no poder, 13 generais, 9 oficiais superiores do Exército e 4 da Armada
redigiram uma carta solicitando a organização de novas eleições. O presidente reagiu imediatamente,
demitindo-os de seus cargos.
É importante observar que essa instabilidade política também gerou sérios conflitos armados. O Rio de
Janeiro, então capital federal, foi palco da Segunda Revolta da Armada.
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Tropas do Exército fortificam a zona portuaria do Rio durante a Revolta da Armada.
No dia 6 de setembro desse 1893, oficiais da Marinha de Guerra (Armada), liderados pelo ex-ministro da
Marinha Custódio José de Melo, começaram uma rebelião contra o governo. Eles desejavam a convocação
de nova eleição presidencial, como estava previsto na Constituição. Desse modo, colocaram navios de
guerra na Baía de Guanabara e ameaçaram bombardear as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói.
E como o governo reagiu a essa ameaça?
O Congresso aprovou, segundo Élio Chaves Flores, uma moção de apoio ao presidente, pedindo que as
autoridades republicanas agissem no sentido de garantir a “ordem constitucional”. O Senado, por sua vez,
autorizou o presidente a decretar o estado de sítio, suspendendo as garantias individuais e a liberdade de
imprensa.
Além disso, o Conselho Supremo Militar e de Justiça foi reorganizado. Ele era composto por 10 militares e
comandado pelo próprio Marechal Floriano com o objetivo de julgar os rebeldes e garantir o retorno da
ordem pública. Apesar disso, eles deram continuidade ao motim (FLORES, 2016, p. 68).
Ainda em 1893, foi divulgado um manifesto escrito por um almirante que participava da rebelião. O teor
claramente monarquista do documento foi amplamente destacado pelos jornais favoráveis ao governo.
Com o passar dos meses, a situação dos rebelados foi se tornando difícil. Proibidos
de atracar ou desembarcar nos portos, começou a haver a falta de água, comida e
munições nas embarcações.
Em 1894, com a possibilidade de invasão das forças governistas e de ataque de navios norte-americanos
que se encontravam na baía, os revoltosos pediram asilo em navios portugueses que também estavam na
região. Em acordo com o governo, os rebeldes sairiam do Brasil e buscariam asilo político em países da
Europa.
Contudo, muitos deles deixaram o Rio de Janeiro e se uniram a outro movimento armado que ocorria no Sul
do país. No Rio Grande do Sul, a situação também era de instabilidade política.
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Dois grupos disputavam o poder na região:
Partido Republicano Rio-Grandense
Formado por representantes do Partido Republicano Rio-Grandense, criado em1882. Comandados por
Júlio de Castilhos, seus membros eram defensores do positivismo, do sistema presidencial e da
autonomia dos estados.
Partido Federalista
Fundado em 1892, esse partido era liderado por Silveira Martins, ex-integrante do Partido Liberal no
Império. Seus partidários eram favoráveis ao parlamentarismo.
Em fevereiro de 1893, os dois grupos começaram uma guerra civil. Conhecido como Revolução Federalista,
esse conflito causou a morte de cerca de 10 mil pessoas.
Os principais líderes da revolução: Aparício e seu irmão, Gumercindo Saraiva (ambos ao centro da foto), em 1893.
Quando parte dos rebeldes da Revolta da Armada se uniu às tropas federalistas, a revolução se expandiu
para o Paraná e Santa Catarina. Mais tarde, os federalistas foram obrigados a recuar, concentrando-se
novamente no Rio Grande do Sul. Os combates seguiram até 1895, quando os republicanos partidários de
Júlio de Castilhos venceram o conflito.
Devemos observar que, desde o início das batalhas, Floriano Peixoto apoiou o Partido Republicano Rio-
Grandense como forma de garantir a manutenção do poder em suas mãos.
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O �m da República da Espada
Como apontamos, o período da República da Espada foi caracterizado por crise econômica, grande disputa
pelo poder político e graves conflitos armados. Nesses confrontos, estava em jogo a defesa de diferentes
projetos políticos para a República.
A promulgação da Constituição, em 1891, não foi suficiente para promover a estabilidade para o novo
regime. O governo federal buscou agir de forma enérgica contra os rebeldes.
Para isso, Floriano Peixoto contou com o suporte:
Como destaca Resende, apesar das divergências com o governo, a elite paulista, organizada em torno do
Partido Republicano Paulista, apoiou o presidente como uma estratégia para impedir o retorno à monarquia.
Desse modo, Floriano Peixoto conseguiu construir a imagem do líder capaz de conter os movimentos
rebeldes, garantir a manutenção da República e impedir a fragmentação territorial do país (RESENDE, 2016,
p. 110).
Do Exército
Da bancada paulista do Congresso
Do auxílio militar e financeiro do governo de São Paulo.
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Prudente de Morais.
Os republicanos paulistas, por sua vez, preocupados com o processo de sucessão presidencial e a
possibilidade de Floriano Peixoto tentar instalar uma ditadura militar, criaram, em 1893, o Partido
Republicano Federal (PRF).
Liderado pelo paulista Francisco Glicério, o PRF indicou o nome de Prudente de Morais como candidato à
presidência.
As eleições presidenciais ocorreram em março de 1894, e Prudente de Morais saiu vitorioso. Pela primeira
vez, o Brasil teria um presidente civil.
Terminava a República da Espada, período no qual as principais preocupações dos governantes eram definir
os rumos da República e assegurar a manutenção da ordem constitucional, mesmo que por meio do uso da
força.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Um ano após a Proclamação da República, a Assembleia Constituinte do governo provisório deu início
aos trabalhos para a elaboração de uma Constituição. Promulgada em 24 de fevereiro de 1891, ela
transformou o Brasil numa república federativa liberal e estabeleceu o sistema presidencialista de
governo. Quanto aos direitos políticos, é correto afirmar que:
A possibilitaram uma ampliação da participação popular na vida política nacional.
B
diversos segmentos da sociedade foram excluídos do direito ao voto, como as mulheres
e os analfabetos.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A Constituição de 1891 considerou cidadão todos os brasileiros maiores de 21 anos. Entretanto, esse
direito não se estendeu a diversos grupos, como mulheres, soldados, membros de ordens religiosas e
analfabetos. A própria exigência de alfabetização excluía uma grande parcela da população da
participação na vida política nacional.
Questão 2
A fase inicial do período republicano no Brasil, conhecido como República da Espada, foi marcada por
grande instabilidade política. Diversos grupos políticos disputaram a implementação de seus
respectivos projetos para a República. No Rio Grande do Sul, essas disputas se acirraram, resultando
numa guerra civil chamada de:
C
estabeleceram o voto censitário, ou seja, era preciso comprovar a posse de determinada
renda para ter direito ao voto.
D
o texto constitucional não fez nenhuma referência quanto à idade mínima para que um
brasileiro fosse considerado cidadão.
E
estendeu o direito ao voto a toda população brasileira, excluindo apenas os menores de
21 anos.
A Segunda Revolta da Armada.
B Primeira Revolta da Armada.
C Revolta dos 18 do Forte.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
Entre 1893 e 1895, ocorreu, no Rio Grande do Sul, a Revolução Federalista. Essa revolução foi um
conflito entre os representantes do Partido Republicano Rio-Grandense (defensores do positivismo, do
sistema presidencial e da autonomia dos estados) e do Partido Federalista (favoráveis ao
parlamentarismo).
3 - A República Oligárquica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o processo de
estruturação e funcionamento da política dos governadores que propiciou
estabilidade ao regime republicano.
D Revolução Farroupilha.
E Revolução Federalista.
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As oligarquias no poder
Antes de iniciarmos nosso estudo, vejamos um vídeo que mostra quem são os poderosos na história do
Brasil.
Oligarca? Coronel? Quem são os poderosos
na história do Brasil?
Neste vídeo, discutiremos sobre o poder e a sociedade a partir de um exemplo – de preferência, usando um
documento histórico da opção da autora para explicar.
O paulista Prudente de Morais assumiu a presidência da República em 1894. Sua chegada ao poder
representou a passagem do controle político do país das mãos dos militares para os grupos oligárquicos,
especialmente aqueles vinculados ao setor cafeeiro.
Assim começava a chamada República Oligárquica, que se estendeu entre os anos de 1894 e 1930. Mas,
afinal, o que é oligarquia? Quem fazia parte desses grupos?
Resposta
A oligarquia é um sistema político em que o poder está nas mãos de um pequeno número de pessoas. Isso
significa que o poder é exercido por uma minoria, enquanto a maior parte da população fica excluída do
processo de participação política. No caso brasileiro, percebemos que o termo faz referência ao domínio
político dos latifundiários, isto é, dos grandes proprietários de terra.
Uma das características principais da República Oligárquica foi o estabelecimento de um modelo político
que proporcionou estabilidade ao regime republicano e permitiu que os cafeicultores defendessem seus

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interesses. Esse modelo foi desenvolvido durante o governo de Campos Sales, sucessor de Prudente de
Morais. No entanto, antes de discutir o seu funcionamento, é importante frisar o contexto em que ele foi
criado.
Ao assumir a presidência em 1898, Manuel Ferraz de Campos Sales encontrou um quadro geral de crise no
país. No plano econômico, o Brasil tinha uma grande dívida externa e inflação elevada.
O preço do café, principal produto exportado pelo país, estavaem queda devido a uma crise de
superprodução. Ou seja, o consumo mundial do produto se estabilizou, enquanto as lavouras continuaram
se expandido.
O resultado foi uma produção muito maior do que a capacidade de consumo, gerando a diminuição dos
preços do produto. Do ponto de vista social, as classes populares urbanas estavam insatisfeitas, já que a
alta da inflação causou uma elevação do custo de vida.
Manuel Ferraz de Campos Sales.
Na área política, o cenário também era de instabilidade. Depois de nove anos do início da República, o
presidente ainda não contava com uma base política forte para apoiar suas ações. O Congresso estava
dividido.
Segundo Resende (2006, p. 113):
Nos municípios...
Os grupos rivais constantemente entravam em conflito pela disputa do comando local. Eles também
procuravam apoiar a oligarquia estadual que estava no poder. Para isso, construíam alianças, por exemplo,
por meio de casamentos e pactos políticos.
Nos estados...
Os grupos oligárquicos estavam em constante confronto pelo controle do poder. Por isso, era fundamental
criar um mecanismo que possibilitasse ao presidente adquirir a colaboração da maioria das oligarquias para
que pudesse governar.
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O estabelecimento da política dos
governadores
Como Campos Sales conseguiu reverter toda essa crise? Como fez para superar os obstáculos que
poderiam dificultar seu governo?
Para tentar solucionar os problemas que atingiam o Brasil, ele organizou um arranjo político conhecido
como política dos governadores ou política dos estados. Segundo Fausto (2012, p. 223), eram metas dessa
política:
Para alcançar esses objetivos, Sales traçou duas estratégias específicas: uma, para reduzir os
desentendimentos entre o presidente e a Câmara dos Deputados; outra, ligada às relações entre o Poder
Executivo e as oligarquias estaduais.
Quanto ao primeiro aspecto, Campos Sales realizou modificações no próprio Regimento Interno da Câmara.
A função de presidente deixou de ser exercida pelo deputado eleito mais idoso, enquanto o cargo passou a
ser ocupado pelo presidente da Câmara da legislatura que havia terminado.
Cabia a tal presidente nomear os cinco membros que comporiam a Comissão de Verificação de Poderes.
Essa comissão era responsável por investigar a legalidade das eleições tanto no nível municipal quanto no
estadual. Caso constatasse alguma fraude, ela impediria o candidato de tomar posse.
Diminuir os conflitos políticos no interior de cada estado.
Promover um acordo entre o governo federal e os estados.
Acabar com as desavenças entre o Executivo e o Legislativo.
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Como o presidente da Câmara era um político alinhado com o presidente da
República, ele escolhia os integrantes da comissão de modo a favorecer a posse
dos candidatos cujas ideias fossem compatíveis com o governo federal.
Também houve uma mudança em relação ao diploma recebido pelo deputado eleito. O diploma passou a
ser a própria ata de apuração da eleição, que era assinada pela comissão apuradora do município. O
Congresso deixou de receber duplicatas das atas para julgar a veracidade de uma e a falsidade da outra.
Desse modo, como ressalta Cláudia Viscardi, os conflitos que antes ocorriam no âmbito do Congresso
foram transferidos para fora dele. A escolha dos deputados que fariam parte do Legislativo Federal ficou
nas mãos dos grupos locais. Entretanto, o legislativo permaneceu com o poder para refutar o diploma
(VISCARDI, 2012, p. 36).
Para conseguir a cooperação das oligarquias estaduais e diminuir as disputas no interior de cada estado,
Campos Sales estabeleceu um acordo com os governadores:
O presidente
Apoiaria as oligarquias que controlavam os estados e não interferiria nas questões políticas estaduais.
Os governadores
Deveriam garantir, em seus respectivos estados, a vitória de políticos que permitissem a formação de
um Legislativo Federal que viabilizasse as políticas do presidente.
Com esse acordo, tornava-se muito difícil a chegada da oposição ao poder.
Mas como Campos Sales fez para colocar esse pacto em prática?
Ele procurou obter apoio político dos governadores dos estados que tinham os maiores colégios eleitorais:
Minas Gerais e São Paulo, já que o número de deputados por estado era proporcional à sua população.
Esses estados detinham, portanto, as maiores bancadas na Câmara dos Deputados. Além disso, eles
também eram os mais ricos do país e se transformaram nas oligarquias dominantes.
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Nos períodos de sucessão presidencial, as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais escolhiam um
candidato comum. Havia uma espécie de revezamento no poder. Ora o candidato indicado pertencia ao
Partido Republicano Paulista; ora, ao Partido Republicano Mineiro. Esse jogo político é chamado de política
do café com leite.
Não devemos considerar, entretanto, que o estabelecimento da política dos governadores tenha eliminado
completamente as disputas políticas entre as oligarquias nos estados ou que a aliança entre Minas Gerais e
São Paulo houvesse ocorrido de forma harmoniosa.
Viscardi aponta que a estabilidade da política dos governadores só foi possível
devido à instabilidade das alianças entre os estados mais importantes do país. Isso
impedia que algumas oligarquias se tornassem totalmente hegemônicas, enquanto
outras eram completamente excluídas do jogo político.
Essa instabilidade controlava as rupturas internas, impedindo que o modelo político fosse ameaçado. Com
isso, a cada sucessão presidencial, surgia um novo contexto com um certo grau de imprevisibilidade
(VISCARDI, 2012, p. 25).
Do mesmo modo, é preciso frisar a existência de outras oligarquias importantes, embora elas não
dominassem o governo federal. Nesse grupo, podemos destacar os estados do Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro, Pernambuco e Bahia. Como veremos mais à frente, os representantes desses estados buscaram se
articular e ampliar seu poder de atuação na República.
O coronelismo
Para que a política dos governadores funcionasse, era fundamental que, nos municípios, ocorresse a vitória
das chapas indicadas pelo partido republicano de cada estado. Isso só era possível por meio da realização
de alianças entre os governadores e as lideranças locais, os chamados coronéis.
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Quem eram eles?
É importante pontuar que, apesar do título, os coronéis não faziam parte do Exército.
Saiba mais
A origem do termo “coronelismo” se associa à criação da Guarda Nacional do Império, em 1831. Os postos
de comando dessa guarda foram entregues aos chefes locais mais importantes. Embora a Guarda Nacional
tenha sido extinta em 1918, a patente de coronel continuou sendo utilizada para se referir ao chefe político
de cada região. Os coronéis eram grandes proprietários de terras e possuíam um enorme poder local.
Como aponta Victor Nunes Leal, na ausência do poder público, o coronel podia exercer diversas funções do
Estado na sua área de influência. Ele podia, por exemplo, agir como árbitro para resolver desavenças ou
desempenhar funções policiais. Também efetuava uma série de favores pessoais, como vender fiado,
emprestar dinheiro ou arrumar empregos.
Muitas vezes, os coronéis ajudavam a promover melhoramentos públicos em sua região, como o conserto
de uma estrada ou a construção de uma escola. Desse modo, construíam ou conservavam sua liderança
local (LEAL, 2012, p. 25).
Em troca desses “benefícios”, o coronel esperava que os habitantes de sua área de
influência apoiassem os candidatos por ele indicado. Votar no candidato
determinado por essa figuraera concebido como uma forma de pagamento pelos
favores e/ou proteção recebidos.
Como o voto não era secreto, era fácil para o coronel pressionar os eleitores a votarem no seu candidato.
Caso o eleitor desobedecesse à indicação do coronel, poderia sofrer consequências graves, que incluíam o
próprio uso da violência.
A utilização da violência e da ameaça era uma conduta comum entre os coronéis, já que eles tinham o
controle sobre os votos. Essa prática foi chamada de voto de cabresto.
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O sistema político cujas lideranças locais detinham enorme poder e controlavam o voto dos moradores de
sua região é chamado de coronelismo. Para Leal (2012, p.18), o coronelismo é um compromisso baseado
numa troca de interesses entre:
O poder público
Que se fortalecia cada vez mais.
A in�uência dos chefes locais
Sobretudo os proprietários de terras.
Além do voto de cabresto, outra característica das eleições eram as fraudes. Pelo fato de, naquela época,
não existir uma Justiça Eleitoral como a de hoje, era o próprio coronel que organizava a eleição do seu
munícipio e redigia a ata da sessão eleitoral.
Por esse motivo, era comum, por exemplo, que o candidato apoiado pelo coronel recebesse votos de
eleitores que já haviam morrido. A ação dos coronéis para assegurar a eleição dos políticos favoráveis ao
governo federal era um aspecto essencial para o desenvolvimento da política dos governadores.
A política de valorização do café
Como vimos, a política dos governadores favoreceu as oligarquias, especialmente aquelas vinculadas à
cafeicultura. Enquanto dominaram a cena política nacional, os cafeicultores procuraram defender seus
interesses. Por esse motivo, elaboraram medidas que tinham como meta favorecer o setor.
Ao longo de toda a Primeira República, o café foi o produto mais exportado pelo país, mantendo uma
média de 60% do valor total das exportações. A cafeicultura fomentava toda a economia nacional. A
partir da economia cafeeira, foram criados bancos, casas de câmbio e de exportação.
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Mas qual era a importância desse produto para o Brasil? 
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Seu dinamismo trouxe para o país investimentos estrangeiros, sobretudo ingleses. Esses capitais
entraram no Brasil por meio de empréstimos, da implantação de ferrovias e da modernização dos
portos, entre outros.
O café igualmente estimulou o processo de urbanização e o desenvolvimento industrial. A
industrialização no Brasil, nesse período, como ressalta José Miguel Arias Neto, ocorreu em conjunto
com a ampliação da cafeicultura.
À medida que aumentavam os lucros desse setor, parte do capital era investido em diversas
atividades, como o setor industrial. Por essa razão, a concentração de fábricas era maior nas regiões
onde a produção cafeeira se expandia (NETO, 2016, p. 222).
Podemos notar que o setor cafeeiro tinha um peso muito grande na economia do país. Entretanto, a
expansão contínua das lavouras café gerou, em alguns momentos, crises de superprodução que
provocaram prejuízos aos fazendeiros.
Como maneira de tentar solucionar esse problema, em 1906, os representantes das elites cafeeiras dos
estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Janeiro se reuniram na cidade de Taubaté. Nessa ocasião,
elaboraram um plano de defesa do produto conhecido como Convênio de Taubaté.
Mas o que é o Convênio de Taubaté?
Resposta
O acordo estabeleceu que o Estado compraria os excedentes da produção. Esse excedente era estocado
para ser vendido num momento mais apropriado. Com essa estratégia, a oferta de café no mercado era
reduzida, proporcionando o aumento do seu preço. Percebemos que esse acordo estabeleceu uma política
de valorização do produto que assegurava um lucro mínimo aos cafeicultores.
Para efetuar essa compra, o governo federal precisava fazer empréstimos externos. Dessa forma, desviava
parte dos impostos pagos pela população para fazer o pagamento das dívidas externas.
Apesar das críticas de alguns congressistas, ao longo da República Oligárquica, foram elaborados outros
três planos de valorização do café. O último foi realizado em 1921, durante o governo do presidente Epitácio
Pessoa.
A crise da República Oligárquica
A partir da década de 1920, a estabilidade alcançada pelo modelo político da República Oligárquica
começou a dar sinais de desgaste. Nesse período, podemos observar um sinal claro do enfraquecimento da
política dos governadores.
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No processo de sucessão presidencial de 1922, os estados de Minas Gerais e São Paulo indicaram os
nomes de Arthur Bernardes e Urbano dos Santos. No entanto, não houve consenso em torno dessas
candidaturas.
As oligarquias do Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul se organizaram e lançaram os
nomes de Nilo Peçanha e J. J. Seabra. Esse movimento de articulação dos estados não dominantes foi
chamado, segundo Marieta de Morais Ferreira e Surama Conde Sá Pinto, de Reação Republicana (FERREIRA;
PINTO, 2006, p. 11).
A Reação Republicana buscava representar os interesses dos grupos oligárquicos dissidentes. No entanto, a
procura de sustentação política entre os oligarcas e coronéis do interior foi difícil, pois a política dos
governadores se baseava numa espécie de troca de favores.
A Reação Republicana não tinha muito a oferecer, já que não detinha o
controle da máquina estatal.
Apesar dos seus esforços, a Reação Republicana não conseguiu impedir a vitória de Arthur Bernardes em
março de 1922. Após a derrota nas eleições, o movimento acabou se enfraquecendo (FERREIRA; PINTO,
2006, p. 8).
Além dos grupos oligárquicos dissidentes, os militares também estavam insatisfeitos com o governo e
almejavam ter mais relevância na política nacional. Por essa razão, organizaram um movimento chamado
de Tenentismo. O nome se justifica pelo fato de ele ser formado por oficiais de baixa patente, como
tenentes e capitães. Como foi a atuação desse movimento?
O movimento tenentista organizou uma série de levantes que colaborarou para a corrosão do modelo
político da República Oligárquica.
Os revoltosos em sua "marcha para a morte". Da esquerda para a direita, os tenentes Eduardo Gomes, Siqueira Campos, Newton Prado e o civil
Otávio Correia.
O primeiro deles ocorreu em 1922, no Rio de Janeiro. Um grupo de militares tomou o forte de Copacabana,
pretendendo impedir a posse de Arthur Bernardes. Então presidente, Epitácio Pessoa determinou que o forte
fosse bombardeado. Apenas 17 militares não desistiram da luta e marcharam pela Avenida Atlântica. Um
civil também se uniu a eles. Por essa razão, o motim ficou conhecida como Revolta dos 18 do Forte.
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Dois anos depois, uma nova revolta tenentista ocorreu em São Paulo. O objetivo era derrubar o presidente
da República, Arthur Bernardes. O governo federal reagiu, bombardeando a cidade. Os revoltosos resolveram
marchar em direção ao Sul do país, onde ocorriam outros levantes.
No Rio Grande do Sul, os militares tomaram vários quartéis em cidades do interior. Um dos líderes dos
rebeldes era Luís Carlos Prestes. Em 1925, a coluna militar liderada por Prestes se encontrou com os
revoltosos de São Paulo. Dessa união, nasceu a Coluna Prestes-Miguel Costa.
Comando da Coluna. Luís Carlos Prestes é o terceiro sentado, da esquerda para a direita.
A coluna partiu para o interior do país, tentando ganhar o apoio da população para lutar contra o governo
oligárquico. Depois de percorrerem 25 mil quilômetros e sem perspectiva de vitória, os soldados pediram
asilo político na Bolívia.
Após um período de relativa tranquilidade, pareciaque o pacto político da República Oligárquica havia
novamente se restabelecido. Até que, em 1929, o presidente da República, Washington Luís, membro do
Partido Republicano Paulista, indicou o paulista Júlio Prestes como candidato à sucessão presidencial.
Os mineiros ficaram indignados com tal decisão. Por isso, se uniram aos políticos gaúchos e paraibanos,
dando origem à Aliança Liberal. A Aliança lançou as candidaturas de Getúlio Vargas e João Pessoa para
presidente e vice-presidente, respectivamente.
Nas eleições de 1930, mais uma vez, a política dos governadores funcionou. Júlio Prestes foi eleito com a
maioria dos votos, mas os aliancistas não reconheceram a derrota e resolveram se associar aos tenentes.
Em julho do mesmo ano, João Pessoa foi assassinado. O fato foi utilizado como pretexto para que se
iniciasse uma revolução.
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Telegrama da Rádio Cruzeiro, noticiando o assassinato de João Pessoa.
Começando em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o movimento rapidamente se espalhou pelo Nordeste.
Temendo uma possível guerra civil, altos oficiais do Exército e da Marinha tiraram Washington Luís do poder
e instalaram um governo provisório.
A junta do governo provisório tentou se manter no poder. Entretanto, devido às manifestações populares e à
pressão das tropas rebeldes que chegavam do Sul do país, o poder foi entregue a Getúlio Vargas. Esse
movimento político-militar ficou conhecido como Revolução de 1930. Com esse episódio, terminava a
República Oligárquica.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Em 1898, o presidente da República, Campos Sales, estabeleceu a chamada política dos governadores.
Tratava-se de um acordo entre o governo federal e os governadores dos estados para impedir a
chegada da oposição ao poder e viabilizar o governo do presidente. Segundo esse acordo, caberia aos
governadores dos estados:
A
organizar as eleições presidenciais em seus respectivos estados, diminuindo os gastos
do governo federal com esse processo.
B
garantir, em seus respectivos estados, a vitória dos candidatos alinhados aos projetos
políticos do presidente.
C
apoiar os candidatos indicados apenas pelo governo de São Paulo, pois ele era o estado
mais rico do país.
D
assegurar que não haveria fraudes no processo eleitoral nos seus respectivos estados,
já que, naquela época, não existia Justiça Eleitoral.
E
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Segundo o acordo criado por Campos Sales, os governadores deveriam assegurar em seus estados a
vitória de políticos que possibilitassem a formação de uma bancada legislativa que apoiasse o governo
do presidente da República. Por sua vez, o presidente não interferiria nos estados e apoiaria as
oligarquias dominantes de cada um deles.
Questão 2
Para que a política dos governadores tivesse êxito, era fundamental a atuação dos chefes políticos dos
municípios, chamados de coronéis. Eles exerciam uma enorme influência em sua região, chegando a
controlar os votos da população local. Sobre os coronéis, é correto afirmar que:
nomear os membros que fariam parte da Comissão Verificadora de Poderes, comissão
responsável por analisar a legalidade da eleição em cada estado.
A
a realização de melhorias públicas, como a construção de escolas, não tinha nenhuma
relação com a construção do seu poder local.
B
era comum que os coronéis se negassem a fazer qualquer tipo de favor pessoal para os
moradores de sua área de influência.
C
faziam favores pessoais para a população local e, na ausência do poder público,
realizavam funções de competência do Estado.
D
os coronéis eram integrantes do Exército, o que justificava seu enorme poder em sua
região.
E
os coronéis eram responsáveis pela organização das eleições em seu município.
Tomavam uma série de medidas com o objetivo de impedir a ocorrência de fraudes no
processo eleitoral.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Os coronéis faziam uma série de favores pessoais para a população local, como emprestar dinheiro ou
comprar pares de sapatos. Como o poder público era ausente no interior, eles (por esforço próprio
devido à sua influência política ou à ajuda de seus amigos) muitas vezes ajudavam a promover
melhorias públicas em sua região.
Considerações �nais
Como apontamos neste conteúdo, a queda do Império pode ser compreendida como o resultado de um
conjunto de transformações socioeconômicas ocorrido no país pelos seguintes fatores: a campanha
abolicionista, a circulação das ideias republicanas, as tensões entre o governo imperial e a Igreja e os atritos
entre o governo e o Exército.
Percebemos que, nos primeiros anos do regime republicano, foi promulgada uma nova Constituição que
transformou o Brasil numa república federativa liberal, demonstrando a vitória do projeto liberal para a
República. Do mesmo modo, notamos que o período conhecido como República da Espada foi
caracterizado por instabilidade política e a ocorrência de revoltas armadas no país.
Em seguida, compreendemos a criação e o funcionamento da política dos governadores organizada por
Campos Sales. Essa política estabelecida a partir de 1898 promoveu uma aliança entre o governo federal e
oligarquias regionais. Para seu funcionamento, vimos que foi fundamental a ação dos chefes políticos
locais chamados de coronéis. Por fim, tratamos de algumas causas importantes que contribuíram para a
erosão da política dos governadores e provocaram o fim da República Oligárquica.
Podcast
Neste podcast, você poderá escutar considerações sobre os principais aspectos da instauração da ordem
republicana.
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Referências
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CARVALHO, J. República, democracia e federalismo - Brasil, 1870-1891. Varia história. v. 27. n. 45. jan.-jun.
2011. p.141-157.
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FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.
FERREIRA, M.; PINTO, S. A crise dos anos 20 e a Revolução de Trinta. Rio de Janeiro: CPDOC, 2006.
FLORES, E. A consolidação da República: rebeliões de ordem e progresso. In: FERREIA, J.; DELGADO, L.
Brasil republicano: o tempo do liberalismo excludente. Da Proclamação da República à Revolução de 1930.
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LEAL, V. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. 7. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2012.
NETO, J. Primeira República: economia cafeeira, urbanização e industrialização. In: FERREIA, J.; DELGADO, L.
Brasil Republicano: o tempo do liberalismo excludente. Da Proclamação da República à Revolução de 1930.
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RESENDE, M. O processo político na Primeira República e o liberalismo oligárquico. In: FERREIA, J.;
DELGADO, L. Brasil Republicano: o tempo do liberalismo excludente. Da Proclamação da República à
Revolução de 1930. Vol.1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016. p.89-120.
STARLING, H.; SCHWARCZ, L. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
VISCARDI, C. O teatro das oligarquias: uma revisão da política do café com leite. 2. ed. Belo Horizonte: Fino
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Para aprofundar seu conhecimento, leia o livro Teatro das oligarquias: uma revisão da “política do café com
leite”, de Cláudia Maria Ribeiro Viscardi (Editora Fino Traço, 2019).
Consulte ainda o artigo de Liliane Andréia Splendor e Reginaldo Benedito Dias intitulado O catolicismo
dentro do contexto político, social e intelectual do Brasil republicano: o período da República da Espada.
Ele foi publicado em 2016 na Blucher Social Sciences Proceedings.

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