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CONTEXTUALIZAÇÃO DO FENÔMENO DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES VIII

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7
• Contextualizar historicamente o fenômeno da violência contra 
crianças e adolescentes;
• Identificar as diferentes situações de violência sexual contra 
crianças e adolescentes;
• Conhecer e analisar o mapa da violência sexual contra a criança 
e o adolescente no Maranhão.
1.1 A Construção histórica da violência contra crianças e 
 adolescentes
A violência é um fenômeno complexo e preocupante, pois está presente 
em vários setores da vida contemporânea, sem distinção de classe social, gênero, 
raça ou religião, com expressões variadas de acordo com diferentes culturas. 
(CARDOSO et al, 2009). 
No Brasil, Costa (2003) afirma que as causas da violência estão relacionadas à 
formação da sociedade e identifica o caráter autoritário da formação do país, expressa 
na desigualdade dos níveis de vida, na fome, na miséria, respaldada por uma sociedade 
hierarquizada que mantém privilégios. Neste contexto, a violência se configura de 
diversas formas, como por exemplo, a violência estrutural, violência urbana, violência 
institucional, violência de gênero, violência doméstica etc. Tais categorias se apresentam 
como objetos de estudo e intervenção, pois se faz necessário conhecer os variados 
aspectos da violência para enfrentá-la e combatê-la. 
Objetivos: Objetivos:
UNIDADE 
1
 CONTEXTUALIZAÇÃO DO FENÔMENO DA VIOLÊNCIA 
CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
8
 Iremos nos deter, neste curso, à violência contra crianças e adolescentes, 
mais especificamente à violência sexual. No entanto, é importante apontar que esta 
não está dissociada de outros tipos de violências. É fundamental fazer a leitura sobre 
os condicionantes históricos, sociais e econômicos da nossa sociedade, sobretudo 
compreender as desigualdades de classes, de gênero, raciais e religiosas para a 
compreensão da produção de violências. 
Para compreender por que existe violência contra crianças é importante se 
interessar na maneira como a sociedade se relaciona com a criança e como essa 
relação se construiu ao longo do tempo. 
Fazendo um recorte histórico, veremos como as crianças eram tratadas na 
Idade Média. Eram tratadas como pequenos adultos, sem características que as 
diferenciassem e as colocassem como alguém merecedor de cuidados especiais. 
Assim, era comum que elas participassem de atividades da vida de adultos como o 
trabalho, festas e jogos, inclusive orgias e enforcamentos públicos, marcando assim 
vivências consideradas, atualmente, inadequadas para a formação do indivíduo. 
Por muito tempo a criança não foi vista como um ser em desenvolvimento, com 
características e necessidades próprias. Vestiam-se como adultos, não havia 
discriminações na maneira como o adulto se relacionava com crianças, falavam 
vulgaridades, faziam brincadeiras grosseiras, dizia-se todo tipo de assunto na 
presença de crianças, participavam, inclusive, de jogos sexuais. 
SAIBA MAIS
Em História social da criança e da família, Philippe Ariès faz um estudo na Europa, no período 
compreendido entre a Idade Média e o Século XX, para demonstrar como a definição de criança se 
modificou no decorrer do tempo, de acordo com parâmetros ideológicos. Pela análise de pinturas, 
diários, esculturas e vitrais produzidos na Europa no período anterior aos ideais da Revolução 
Francesa, Ariès forja a expressão “sentimento da infância” para designar “a consciência da 
particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto”. Esse 
sentimento vai aparecer a partir do século XVII”. (Costa, 2010). 
9
Figura 1 - Capa do livro História social da criança e da família, Philippe Ariès
Fonte: https://www.amazon.com.br/Hist%C3%B3ria-Social-Crian%C3%A7a-Fam%C3%ADlia-
Philippe-ebook/dp/B073DP792D 
Existia uma concepção de que as crianças poderiam ser possuidoras do 
mal (séc. IV-XIII), assim, elas apanhavam, eram mantidas distantes dos pais, eram 
abandonadas e/ou vendidas para escravidão. As representações da idade do homem 
eram abstratas, pois se enfatizavam as visões místicas. Tinha-se o aparecimento 
dos dentes, com duração do nascimento até os sete anos, como a fase da infância. 
Denominou-se então enfant (criança), que significava não falante, caracterizando 
a infância como ausência da fala (ROCHA, 2002). 
As crianças eram facilmente descartadas, a intenção era ter um espécime 
melhor, saudável e forte, para que fossem úteis à sociedade. O Estado decidia sobre 
a vida e morte das crianças, era comum livrar-se delas, principalmente quando 
tinham deficiências. Existia um alto índice de mortalidade e práticas de infanticídio. 
Os laços familiares eram sociais e não sentimentais, mantinham-se as crianças 
sadias e a mortalidade era aceita com naturalidade. 
10
A partir do século XVII, o poder público e a igreja passam a se preocupar 
com as crianças e intervir. O infanticídio passou a não ser aceito passivamente e 
inicia-se um cuidado com as condições de higiene e saúde das crianças, os pais 
não aceitam mais perdê-las com naturalidade. 
Surge o “sentimento de infância”, uma mudança no interior das famílias e das 
relações entre pais e filhos, despertado pela mudança cultural, através da influência 
das transformações sociais, políticas e econômicas. A criança passa a ser educada 
pela própria família. Nasce então o homem moderno e também as primeiras 
instituições educacionais. Essa transformação nas relações sociais é marcada na 
Idade Moderna, estabelecendo na criança um papel central nas preocupações da 
família e da sociedade. 
No Brasil, a primeira forma de violência registrada contra crianças e 
adolescentes nos remete à separação e aos castigos físicos praticados contra 
as crianças indígenas, que eram separadas de suas famílias e entregues à 
catequização jesuíta. Os negros africanos foram trazidos pelos europeus para 
trabalharem como escravos na economia açucareira, moldando um novo cenário 
no contexto socioeconômico e cultural. Foram milhares de pessoas, entre elas 
crianças e adolescentes, trazidas de maneira brutal e desumana, retratando um 
dos momentos históricos mais violentos do país (Cardoso et al, 2009). 
Em meados do século XVIII, as primeiras rebeliões contra o regime colonial 
começaram a ter grande repercussão e a vinda da família real para o Brasil fez 
com que as modificações na educação e na legislação criminal fossem feitas. Por 
volta do séc. XIX, período entre a abolição da escravatura e a proclamação da 
República, surgem os primeiros textos que tratavam da violência contra crianças 
e adolescentes. Referindo-se principalmente à violência doméstica com medidas 
de suspensão, destituição e restituição do pátrio poder, conforme circunstâncias 
que vão desde o cometimento de crimes por parte de pai e mãe até situações que 
comprometam a saúde e moralidade de crianças e adolescentes (Cardoso, et al, 
2009).
11
Esse pequeno relato histórico demonstra que, de certa maneira, a violência 
esteve presente no processo histórico no modo de tratar as crianças. Apresentou-
se de diversas formas, uma delas se esconde sob o véu da instituição familiar 
enquanto espaço privado, protegido, criando certo isolamento que dificulta as 
tentativas de intervenção contra a violência doméstica.
 
A seguir, iremos apresentar a conceituação e caracterização da violência, 
mais especificamente a violência sexual, a fim de facilitar a sua identificação. 
1.2 Violência: conceito e caracterização 
 Considerada como um problema de saúde pública, a violência é conceituada 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) “como o uso de força física ou poder, 
em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou 
comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, 
desenvolvimento prejudicado ou privação”. Desta maneira, é importante considerar 
que na caracterização de uma situação de violência é possível identificar o ato 
da violência, a intencionalidade, os elementos invasivos, os danos e riscos desta 
situação. Há também a tipificação daviolência, como a autodirigida, interpessoal e 
coletiva.
Azevedo e Guerra abordam o conceito de violência doméstica como uma 
característica preeminente da violência contra crianças e adolescentes, que a 
definem como: 
[...] todo ato ou omissão, praticado por pais, parentes ou responsáveis 
contra crianças e/ou adolescentes que, sendo capaz de causar dano 
físico, sexual e/ou psicológico à vítima, implica numa transgressão do 
poder/dever de proteção do adulto e, por outro lado, numa coisificação 
da infância, isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes 
têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de 
desenvolvimento (AZEVEDO E GUERRA, 2001, p. 33).
A literatura científica sistematizou alguns conceitos para o estudo e 
enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes. Nela, encontra-se uma 
classificação nos seguintes tipos: violência física, negligência, violência psicológica 
12
e violência sexual. Trata-se de uma tentativa de compreensão desse fenômeno em 
suas diferentes manifestações. Porém, quando da análise de situações concretas 
de violências, verifica-se que diferentes formas não são excludentes, por exemplo, 
uma violência física pode ser também uma violência psicológica, assim como uma 
violência sexual pode ser física e psicológica. 
 Azevedo e Guerra (2002) reconhecem a conexão entre as várias modalidades 
de violência, defendendo que a vitimização da criança e do adolescente é um tipo 
específico e singular da violência. As autoras afirmam que a violência estrutural 
pode ser compreendida como uma forma de violência entre classes, enquanto que 
a violência doméstica contra criança é uma violência intraclasses. Tomando esse 
recorte como pressuposto, elas propõem que o combate a um ou outro tipo deve 
sustentar-se em diretrizes políticas distintas, assim como enquadres metodológicos 
diversos entre si. Na mesma linha, Guerra (1998) considera a violência estrutural, 
mas agregada a outros determinantes além dos sociais. A favor dessa argumentação, 
a autora lembra que a violência doméstica permeia todas as classes sociais e é, 
em sua natureza, interpessoal. Desta última, depreende-se a ênfase nos aspectos 
culturais, interpessoais e subjetivos, e uma estratégia de ação que se apoia, 
sobretudo, no sujeito.
 Neste curso, o enfoque será para a violência sexual, considerando sua 
complexidade e dificuldade de identificação e intervenção. 
1.2.1 Violência sexual 
A violência sexual é um fenômeno que atinge todas as idades, classes sociais, 
etnias, religiões ou culturas. Pode se apresentar de variadas formas e níveis de 
gravidade, dificultando a possibilidade de denúncia pela vítima, a confirmação 
diagnóstica e a apuração legal do crime.
13
 ATENÇÃO
A Violência sexual: “consiste em todo ato ou jogo sexual, relação hetero ou homossexual cujo 
agressor está em estágio de desenvolvimento mais adiantado que a criança e o adolescente. Tem 
por intenção estimulá-la sexualmente ou utilizá-la para obter satisfação sexual. Apresenta-se sobre 
a forma de práticas eróticas e sexuais impostas à criança ou ao adolescente pela violência física, 
ameaças ou indução da sua vontade. Esse fenômeno violento pode variar desde atos em que não 
se produz o contato sexual (voyeurismo, exibicionismo, produção de fotos), até diferentes tipos de 
ações que incluem contato sexual sem ou com penetração” (AZEVEDO e GUERRA, 2011, p. 33).
 GLOSSÁRIO 
 
Voyeurismo: ação de observar atos sexuais ou órgãos genitais de outras pessoas, 
configurando uma violência quando elas não desejam ser vistas (ABRAPIA, 2002).
Exibicionismo: ato de exibir os órgãos genitais ou masturbar-se em frente a crianças 
ou adolescentes. A intenção pode ser a de excitar ou chocar a vítima (ABRAPIA, 2002).
 As ações que configuram o abuso sexual se dividem em dois aspectos: 
a) Com contato físico: carícias, passar a mão em zonas sexuais (seios, náde-
gas ou genitálias), pornografia, o ato sexual em si (com penetração vaginal, 
anal ou oral, com ou sem violência física); 
b) Sem contato físico: abuso sexual verbal (conversa sobre atividades se-
xuais para despertar interesse ou chocar, ficar exibindo suas partes íntimas 
para meninas e meninos, observar a criança ou adolescente em trajes míni-
mos ou sem roupas. 
 SAIBA MAIS
Violência ou abuso sexual extrafamiliar: são as violências perpetradas por pessoas desconhecidas 
e/ou que não possuem um vínculo afetivo. 
Violência ou abuso sexual intrafamiliar: são as violências que ocorrem no âmbito do afeto, ou 
seja, perpetradas por aquele que deveria cuidar e proteger, como por exemplo, pais, padrastos, 
avós, tios. 
14
Não é raro que a violência intrafamiliar perdure por muito tempo e seja 
praticada por adultos com os quais a criança mantém importante relação afetiva. 
A isso, soma-se a dificuldade da família em manter íntegras as suas funções, 
inclusive, em alguns casos, a sua capacidade de apoiar e proteger a criança e/
ou adolescente. Esta situação pode ser atribuída ao receio de perder o esteio 
econômico (se o agressor é o provedor da casa) ou mesmo à dificuldade em 
realizar rupturas afetivas que a revelação da violência sexual impõe. Furnis (1993) 
recomenda que tanto a criança quanto a família sejam alvo de ação profissional 
especializada, como forma de minimizar os sentimentos de desamparo, perda de 
controle, autocensura e culpa que acometem todos os membros quando se revela 
o abuso sexual intrafamiliar. 
É mister destacar que existem práticas que inibem a revelação da violência 
sexual por parte das vítimas, tais como ameaças, castigos, chantagens ou 
suborno (presentes) por parte do agressor, estabelecendo assim, o que Furnis 
(1993) nomeou como o pacto de silêncio. É possível ainda que os abusos sexuais 
sejam acompanhados por sedução e carinho da parte do agressor, levando as 
vítimas a se sentirem confusas em relação aos papéis familiares. Vicentin e Valle 
(2009) analisaram famílias permeadas pela violência sexual e descreveram suas 
conclusões: 
Sentimentos de competição, ciúmes e rivalidade entre os 
membros familiares, principalmente entre mães e filhas, 
além da vivência, por parte de ambas, de sentimentos como 
desvalorização e ansiedade. Foram ainda encontrados, 
sobretudo nas mães e nas crianças, sentimentos de baixa 
autoestima, insegurança e inferioridade ( VICENTIN E VALLE, 
2009, p. 197). 
Goulart (2018) destacou que o estudo evidenciou dinâmicas familiares 
conflituosas e disfuncionais, comunicação precária, desunião entre os membros e 
inconsistência de regras. Tais conclusões corroboram a complexidade na intervenção 
em situações de violência sexual, sobretudo, as intrafamiliares. Portanto, torna-se 
fundamental um sistema de atendimento em rede capacitada, desde o processo de 
identificação até a proteção e responsabilização. 
15
 É comum observar dificuldades por parte dos trabalhadores em torno da 
proteção de crianças e adolescentes, bem como agirem de modo que violam 
ainda mais os seus direitos, com intervenções precipitadas ou omissões, por 
desconhecerem estas nuances e a complexidade da violência sexual. 
1.2.2 O processo de identificação
Convém observar que os atos designados como abuso ou violência 
sexual podem ou não envolver contato físico com a criança, por isso não se deve 
esperar que este tipo de violência apresente, necessariamente, um sinal corporal 
visível. Esse alerta é importante porque a concepção da violência sexual firmou-
se historicamente com base nos indícios físicos: a ruptura himenal, ou mesmo as 
marcas corporais de defesa, foram os primeiros indícios que a sociedade aceitou 
como prova inconteste da violência sexual (VIGARELLO, 1998). 
Ainda existe um equívoco por parte da sociedade ao buscar na evidência corporal 
a prova do abuso. No entanto, essa só será encontrada quando houver penetração 
ou se a violência sexual foi praticada com o uso da forçafísica (mais frequente em 
casos de abusos extrafamiliares). Mais comum é que o abuso sexual contra crianças 
tome a forma de manipulação ou sexo oral (GONÇALVES e BRANDÃO, 2004), ou 
ocorra no interior de um jogo de sedução gradual, principalmente quando acontece 
dentro da família (GONÇALVES e BRANDÃO, 2004). Nesses casos, as marcas são 
menos visíveis, mas devem ser levadas em conta.
 Considerando a complexidade que envolve a violência sexual, foi idealizado 
no Estado do Maranhão a inclusão da perícia psicológica e social para casos de 
violência contra crianças e adolescentes realizadas no Instituto de Perícias Técnicas 
Para Crianças e Adolescentes (IPTCA), órgão vinculado à Secretaria de Segurança 
Pública, localizado no município de São Luís. 
O IPTCA tem como objetivo realizar perícia médica, psicológica e social 
de crianças supostamente vítimas de violência, a fim de subsidiar o inquérito 
policial e/ou processo judicial de crimes contra crianças e adolescentes. Conta-se 
16
com assistentes sociais, médicos e psicólogos que exercem a função de peritos e, 
portanto, atuam de forma interdisciplinar na identificação da situação de violência 
contra a criança e/ou adolescente, evidenciando não só os indicadores físicos de 
uma violência, mas também aprimorando esse fazer pericial com a implementação 
dos indicadores sociais e psicológicos. Os condicionantes históricos, culturais, 
sociais e psicológicos são primordiais para uma abordagem mais ampla e 
adequada para um público em condição peculiar de desenvolvimento. Tais 
indicadores, que no âmbito criminal são nomeados de vestígios, subsidiam os 
operadores do Direito para a investigação e tomada de decisão em relação a um 
crime contra crianças e adolescentes.
 SUGESTÃO DE LEITURA
Para saber um pouco mais sobre esta instituição, leia as publicações: 
•	 CARDOSO, A. et al. Centro de Perícias: Uma experiência na perícia criminal em casos 
de violência contra crianças e adolescentes. Ed. Aquarela, São Luís, 2009. 
•	 SILVA ,R. (org). Pericia psicológica de crianças e adolescentes vítimas de violência 
no Estado do Maranhão. 2. ed. Ed. Amazon, 2015. 
 ATENÇÃO
Exploração sexual: compreende o abuso sexual por adulto e a remuneração 
em espécie ao menino ou menina e uma terceira pessoa ou várias. A criança e o 
adolescente são tratados como uma mercadoria. Vale salientar que os agenciadores 
podem ser padrinhos, tios, cafetões, traficantes de drogas e de pessoas. (prostituição 
infanto-juvenil e pornografia). 
 A exploração sexual comercial contra crianças e adolescentes envolve outros 
autores, pois se trata de um crime organizado: agentes de prostituição, do tráfico 
de drogas, por vezes com a cumplicidade de proprietários de hotéis, pensões e 
boates. As relações de poder desigual, a pobreza, a concentração de riquezas são 
alguns dos determinantes. Ocorre principalmente em rodovias, áreas portuárias e 
17
de garimpo. As vítimas são crianças e adolescentes do sexo feminino e masculino, 
porém as meninas são as maiores vítimas. Podem ocorrer também em agências 
de modelo e/ou de turismo que realizam promessas de trabalho, que levam as 
meninas também para o exterior, realizando o tráfico sexual de pessoas. 
 SUGESTÃO DE VÍDEO
Para entender mais sobre a exploração sexual, assista ao filme Anjos do sol no link: https://www.
youtube.com/watch?v=2U4PHZJl434 
ATIVIDADE
 A partir do filme indicado acima, que outros tipos de violências estão 
perpetrados na prostituição infanto-juvenil? Quais as causas e consequências 
da exploração sexual de crianças e adolescentes? Que políticas públicas podem 
intervir no combate à exploração sexual? 
 SUGESTÃO DE LEITURA
A seguir, você encontrará um exemplo de intervenção para o enfrentamento à exploração sexual 
por meio de políticas educacionais e artísticas. Para saber mais, leia a matéria: Exploração Sexual 
– Espetáculo em postos de combustível para discutir exploração sexual infantil. Disponível 
em: https://www.brasilpostos.com.br/noticias/noticias-mercado/exploracao-sexual-espetaculo-em-
postos-de-combustivel-para-discutir-exploracao-sexual-infantil/
18
1.3 Mapa da violência sexual no Maranhão
Observa-se uma dificuldade em compilar os números que indiquem os casos 
de violência sexual atendidos no Maranhão, pois não há um sistema que registre 
esses casos de forma interligada entre as instituições que atendem tais casos. Os 
indicadores abaixo e a análise foram disponibilizados pela Secretaria dos Direitos 
Humanos e Participação Popular do Estado do Maranhão, que contemplam os 
dados do disque 100, Sinam (Ministério da Saúde) e pela Secretaria Estadual de 
Desenvolvimento Social (SEDES). 
1.3.1 Denúncias formuladas por meio do Disque 100
Sobre violações de direitos contra crianças e adolescentes vítimas, é 
necessário fazer uma análise prévia sobre os dados coletados pelo Disque 100 do 
Ministério dos Direitos Humanos. No Maranhão, é possível notar uma redução na 
quantidade de denúncias entre os anos de 2011 a 2018, conforme a tabela a seguir:
Tabela 1 – Denúncias no disque 100 sobre violações de direitos humanos contra crianças e 
adolescentes no Maranhão nos anos de 2011 a 2018
QUANTIDADE DE DENÚNCIAS NO DISQUE 100 SOBRE VIOLAÇÕES DE DIREITOS 
HUMANOS CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO MARANHÃO, 2011 a 2018
ANO 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
QUANTIDADE 4.685 6.788 5.462 3.378 2.494 2.023 2.604 1.968
MÉDIA 5.079 2.273
Fonte: dados disponibilizados pelo Disque 100. Disponível em: <http://www.mdh.gov.br/informacao-ao-
cidadao/disque-100>. Acesso em: 08 ago. 2019. 
 A média de denúncias entre os anos de 2011 a 2014, relativas ao estado do 
Maranhão no Disque 100 foi de 5.079, sendo que a média entre o período de 2015 
a 2018 foi de 2.273. A diminuição ocorreu também no âmbito nacional, havendo, 
todavia, diferença no percentual da redução. Abaixo, os dados relativos ao Brasil, 
para comparação:
19
Tabela 2 – Quantidade de denúncias no disque 100 sobre violações de direitos humanos contra 
crianças e adolescentes no Brasil 
QUANTIDADE DE DENÚNCIAS NO DISQUE 100 SOBRE VIOLAÇÕES DE DIREITOS 
HUMANOS CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL, 2011 a 2018
ANO 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
QUANTIDADE 82.139 130.490 124.079 91.342 80.437 76.171 84.049 76.216
MÉDIA 107.013 79.219
Fonte: dados disponibilizados pelo Disque 100. Disponível em: <http://www.mdh.gov.br/informacao-ao-
cidadao/disque-100>. Acesso em: 08 ago. 2019.
 Convém relatar que a diminuição dos números da quantidade de denúncias 
pelo Disque 100 não reflete exatamente uma queda de práticas de violação de 
direitos no País, uma vez que se refere apenas ao volume de denúncias registradas. 
O declínio pode, sim, indicar que houve redução da quantidade de casos, mas 
também significa o aprimoramento da rede de proteção à criança e ao adolescente 
no âmbito do Estado1, uma vez que, havendo outros meios para relatar os casos 
à rede, é mais comum que a população recorra primeiramente aos que oferecem 
acesso mais simplificado e menos distante.
 É certo que, de modo geral, houve diminuição na quantidade, tanto no 
Maranhão quanto a nível nacional. Ocorre que, comparando a média dos períodos 
de 04 (quatro) anos, a redução de denúncias sobre violações de direitos humanos 
contra crianças e adolescentes no Maranhão foi na faixa de 55,24%, enquanto 
no Brasil o índice observado foi de 25,97%. Em 2011, o Maranhão representava 
5,70% do montante de denúncias recebidas pelos Disque 100, sendo que, em 2018, 
passou a representar apenas 2,58%. Assim, a diminuição de casos no estado foi 
mais expressiva do que aquela observada no Brasil.
 Abaixo, está disposto o gráfico de linhas comparativo, o qual evidencia a 
diferença da curva no Maranhão e no Brasil:
1 Disque 100 recebe 41 denúncias por dia de violência sexual contra crianças. G1-DF. Distrito Federal, 2016. 
Disponível em: <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/05/disque-100-recebe-41-denuncias-por-dia-
-de-violencia-sexual-contra-criancas.html>.Acesso em: 08 ago. 2019.
20
Gráfico 1 - Quantidade de Denúncias no Disque 100 sobre violações de Direitos humanos contra 
crianças e adolescentes
 
Gráfico 2 - Quantidade de denúncias no Disque 100 sobre violações de direitos humanos contra 
crianças e adolescentes no Brasil
 
*Dados de 2018 relativos apenas ao primeiro semestre (janeiro a junho de 2018)
Fonte: Dados disponibilizados pelo Disque 100. Disponível em: <http://www.mdh.gov.br/informacao-ao-
cidadao/disque-100>. Acesso em: 08 ago. 2019.
21
 É possível, por fim, traçar um diagnóstico do quantitativo de casos de violência 
sexual de crianças e adolescentes por tipo no Maranhão. A maior incidência é 
relativa a casos de abuso sexual, seguida da exploração sexual.
Tabela 3 – Quantidade de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes 
no maranhão, 2011 a 2018 
ANO 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 TOTAL
ABUSO SEXUAL 483 1.694 1.222 803 523 391 556 431 6.103
ESTUPRO 0 0 0 0 0 0 0 0 0
EXPLORAÇÃO 
SEXUAL
119 380 322 225 135 102 147 92 1.522
EXPLORAÇÃO 
SEXUAL NO 
TURISMO
0 0 6 0 1 1 0 0 8
GROOMING2 0 2 0 1 0 1 8 7 19
OUTROS 7 20 19 6 13 12 4 1 82
PORNOGRAFIA 
INFANTIL
2 7 8 8 7 4 5 2 43
SEXTING 2 1 2 4 0 4 5 5 23
TOTAL 513 2.104 1.579 1.047 679 515 725 538 7.800
Fonte: dados disponibilizados pelo Disque 100. Disponível em: <http://www.mdh.gov.br/informacao-ao-
cidadao/disque-100>. Acesso em: 08 ago. 2019.
1.3.2 Violência sexual por faixa etária conforme o Sinan
 O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) no Ministério da 
Saúde, alimentado pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos 
que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, traz dados 
relativos à violência sexual contra crianças e adolescentes. Abaixo, as notificações 
de violência sexual, divididas conforme a faixa etária, de 2012 a 2017:
____________
2 O termo Grooming é também utilizado para representar o crime de aliciamento de crianças e crimes ligados 
à pedofilia. Há inclusive o “online grooming” ou “cyber-grooming” que se refere a crimes praticados contra 
crianças pela internet.
22
 Tabela 4 – Frequência por violência sexual segundo faixa etária (<1 ano até 19 anos), 2012 a 2017
Ano Faixa etária 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
<1 Ano 6 5 5 6 5 6 33
1 a 4 anos 18 24 18 25 23 27 135
5 a 9 anos 56 50 29 57 47 58 297
10 a 14 anos 137 154 98 122 127 174 814
15 a 19 anos 40 50 40 54 49 78 311
Total 257 283 190 264 253 343 1.590
Fonte: MS/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net
 O gráfico a seguir sintetiza dados do Sinan relativos a casos notificados de 
violência sexual contemplando todas as faixas etárias, de 2012 a 2017. É possível 
constatar que os casos mais numerosos estão concentrados nas idades referentes 
à infância e adolescência, com a maior concentração no período entre 10 e 14 
anos.
Gráfico 3 – Frequência de violência sexual segundo faixa etária, 2012 a 2017
Fonte: MS/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net
23
1.3.3 Registro anual de atendimento dos CREAS no Maranhão
 O quadro a seguir sistematiza dados referentes ao registro anual de 
atendimentos dos Centros de Referências Especializados de Assistência Social 
(CREAS), referentes ao abuso e à exploração sexual nos 117 municípios do 
Estado que possuem o referido equipamento social em funcionamento, informação 
dividida por gênero e faixa etária. Observa-se que os dados estão de acordo com 
as pesquisas que apontam que as meninas são, em maioria, vítimas de exploração 
e abuso sexual. 
Quadro 1 – Dados do maranhão de atendimentos nos CREAS de casos de exploração e abuso 
sexual por faixa etária e gênero, 2018
Abuso 
sexual, 
masculino, 
de 0 a 12 
anos
Abuso 
sexual, 
masculino, 
de 13 a 17 
anos
Abuso 
sexual, 
feminino, 
de 0 a 12 
anos
Abuso 
sexual, 
feminino, 
de 13 a 17 
anos
Exploração 
sexual, 
masculino, 
de 0 a 12 
anos
Exploração 
sexual, 
masculino, 
de 13 a 17 
anos
Exploração 
sexual, 
feminino, 
de 0 a 12 
anos
Exploração 
sexual, 
feminino, 
de 13 a 17 
anos
QNT. 0 47 0 398 0 13 0 39
TOTAL 497
Fonte: Supervisão de Proteção Social Especial – Média Complexidade – SEDES – Governo do 
Maranhão
1.3.4 Dados do Instituto de Perícias Técnicas para Crianças e 
 Adolescentes 
Este órgão pericial foi criado em 2004, através do Decreto nº 20.532 de 
21 de maio de 2004, com a nomenclatura CPO (Centro de Perícias Oficiais). Sua 
criação aportou-se em ser um órgão especializado em perícia de casos de violência 
perpetrada contra crianças e/ou adolescentes, com interesse de apuração criminal. 
Em 2006, com base no Decreto nº 22.296 de 20 de julho de 2006, o CPO teve sua 
nomenclatura alterada para CPTCA (Centro de Perícias Técnicas para a Criança 
e o Adolescente). Em 2020, com a medida provisória nº 303 de 12 de dezembro 
de 2012 e lei nº 11.236 de 27 de março de 2020 que dispõe sobre a Perícia Oficial 
24
de Natureza Criminal, órgão integrante da estrutura da Polícia Civil do Estado do 
Maranhão, o Centro de Perícias Técnicas para Crianças e Adolescentes passou a 
ter a nomenclatura de INSTITUTO DE PERÍCIAS TÉCNICAS PARA CRIANÇAS E 
ADOLESCENTES. 
Faz-se cada vez mais importante esclarecer para a sociedade, e para os 
órgãos de proteção da criança e adolescente, a missão e os objetivos do CPTCA. 
A Lei 13.431/2017, que entrou em vigor em 2018, regulamentou o depoimento 
especial e a escuta especializada de crianças e adolescentes. Embora seja uma 
regulamentação que atinge o público-alvo deste órgão, vale destacar que, neste 
instituto, realizam-se atendimentos periciais especializados, diferentemente do 
depoimento especial realizado no âmbito das Delegacias e Juizados, ou escuta 
especializada, no âmbito das demais instituições integrantes da rede de proteção 
da criança e do adolescente. 
Ressalta-se que no molde de existência do IPTCA, o Estado do Maranhão é 
referência quanto ao órgão que integra rede de proteção às crianças e adolescentes 
vítimas de violência, pois sua propositura prioriza uma metodologia que proporciona 
segurança para que crianças e adolescentes possam falar sobre situações 
traumáticas, se assim elas quiserem e puderem. A seguir, os casos recebidos no 
IPTCA a partir do ano de 2011 até 2019. 
Tabela 5 – Quantitativo de casos recebidos no IPTCA de 2011 a 20193 
LEVANTAMENTO DOS 
CASOS
Ano 2011 Ano 
2012
Ano 
2013
Ano 
2014
Ano 
2015
Ano 
2016
Ano 
2017
Ano 
2018
Ano 
2019
- Suposta Violência Sexual 333 418 405 451 423 403 505 418 732
- Suposta Violência Física 03 10 11 213 (*) 357 407 473 340 220
- Outros Supostos Crimes 11 07 09 21 197 313 315 318 159
TOTAL DE CASOS 347 435 425 685 977 1123 1293 1276 1281
 Outros supostos crimes: maus tratos; ameaça; desaparecimento; preservação 
de direito etc.
3 Dados fornecidos pelo Instituto de Perícias Técnicas para a Criança e o Adolescente, Direção Geral de Perí-
cias. Secretaria de Segurança Pública do Estado do Maranhão.
25
- Supostas Vítimas – Feminino 319 400 381 589 784 752 921 1033 1097
- Supostas Vítimas – Masculino 51 60 73 146 586 457 470 327 284
TOTAL DE SUPOSTAS 
VÍTIMAS
370 460 454 735 1.070 1209 1391 1360 1381
 A denominação de supostas violências deve-se ao fato de que tais registros 
são casos em apuração, ou seja, nem todos são confirmados. No entanto, no 
Centro de Perícias Técnicas para Crianças e Adolescentes são confirmados os 
crimes contra crianças e adolescentes em torno de 80% dos casos. Ao contrário 
do que mostram os dados do Disque 100, observa-se um crescente aumento de 
notificações de violência sexual, nos quais as meninas são maioria. Tais dados vão 
ao encontro da leitura feita pelo SEDIPOP, de que a diminuição demonstrada pelo 
disque 100 se deve ao aprimoramento da rede de proteção à criança e adolescente 
no âmbito do Estado. 
Tabela 6 - Comparativo das Perícias Médicas realizado nos anos de 2011 a 2019
PERÍCIA MÉDICA Ano 2011
Ano 
2012
Ano 
2013
Ano 
2014Ano 
2015
Ano 
2016
Ano 
2017
Ano 
2018
Ano 
2019
ALDCC 354 460 465 428 477 519 108 (*) -
CC 345 449 439 463 466 508 105 (*) -
EVPLD (*) - - - - - - 564 655 790
Lesão A 152 202 205 176 205 306 287 215 125
Lesão B 146 214 212 199 235 205 242 227 141
Exame Complementar 06 05 04 04 14 07 53 151 139
Exame Toxicológico - - - - - - - 5 9
Verificação de Maus-Tratos - - - - - - - 30 13
Outros Exames - - - - 22 08 45 3 9
Total de Perícias Médicas 
Realizadas 1.003 1.330 1.325 1.270 1.419 1.553 1.404 1286 1226
Média de Perícias Médicas 
por Mês 84 111 110 106 118 129 117 117 102
ALDCC: Ato Libidinoso Diverso da Conjunção Carnal; CC: Conjunção Carnal; EVPLD – Exame de Verificação de Práticas 
Libidinosas Delituosas; Lesão A: Masculino; Lesão B: Feminino; Média de Laudos/Mês: considerando 30 dias no mês.
Fonte: dados fornecidos pelo Instituto de Perícias Técnicas para a Criança e o Adolescente, Dire-
ção Geral de Perícias. Secretaria de Segurança Pública do Estado do Maranhão.
 
26
RESUMO 
 Nesta Unidade, fizemos um estudo introdutório a respeito do fenômeno da 
violência, apresentando a sua construção histórica, seus conceitos e sua incidência 
no Estado do Maranhão. Tais informações são importantes para balizar as ações 
de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. Vimos 
que a violência sexual pode ocorrer dentro e fora do ambiente doméstico, bem 
como constituir forte rede de crime organizado, por meio da exploração sexual. 
Observa-se que os dados sobre a violência sexual no Maranhão são escassos, 
principalmente no que se refere a outros municípios, além da grande ilha. Ampliar o 
conhecimento sobre um fenômeno tão complexo favorece a intervenção em rede, a 
sistematização e registro dessa incidência. 
27
REFERÊNCIAS 
ABRAPIA – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à 
Adolescência. Abuso sexual: mitos e realidade. Petrópolis: Autores & Agentes 
Associados, 2002.
AZEVEDO, M; GUERRA, V.N.A (org). Crianças vitimizadas: a síndrome do 
pequeno poder. São Paulo: IGLU, 1989. 
AZEVEDO, M. A.; GUERRA, V. N. A. Mania de bater: a punição corporal doméstica 
de crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: Iglu, 2001.
AZEVEDO, M; GUERRA, V.N.A. Contribuições brasileiras à prevenção de 
violência doméstica contra crianças e adolescentes. In: WESPHAL, M.F. (org) 
Violência e Criança. São Paulo EDUSP, 2002. 
CARDOSO, A.V. et al. Centro de Perícias: uma experiência na perícia criminal 
em casos de violência contra crianças e adolescentes. São Luís: gráfica Aquarela, 
2009. 
COSTA, J.F. Violência e Psicanálise. Rio de Janeiro: graal, 2003. 
COSTA, Teresinha. Psicanálise com crianças. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. 
GUERRA, V.N. Violência de pais contra filhos: a tragédia revisitada. São Paulo: 
Cortez,1998. 
GOULART, Ed. Psicologia Jurídica, 1. ed. Editora e Distribuidora Educacional 
S.A. Londrina, 2018. 
ROCHA, M. Conhecendo para evitar a negligência nos cuidados da saúde com 
crianças e adolescentes. Rev. Gaúcha de enfermagem Porto Alegre. v. 20. 1999.
28
VIGARELO, J. História do Estupro. Violência sexual nos séculos XVI-XX. Rio 
de Janeiro: Zahar,1998. 
VICENTIN, S. C. T; VALLE, G. M. Relações familiares permeadas por violência sexual 
do pai contra a filha. In: VALLE, TGM., org. Aprendizagem e desenvolvimento 
humano: avaliações e intervenções, p. 177-200. São Paulo: Cultura Acadêmica, 
2009. Disponível em: https://bit.ly/2KH8mrM. Acesso em: 11 jun. 2020.

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