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Normas ISO e PNQ e Certi�cações da Qualidade Aula 02: Certi�cação Apresentação: Certi�car é atestar, con�rmar a veracidade de algo. As empresas que buscam certi�cações estão buscando consolidar práticas e processos, para que os produtos ou serviços delas atendam a requisitos de qualidade visando a satisfazer os mercados cada vez mais exigentes. Estudaremos as certi�cações dos sistemas de qualidade, entenderemos a diferença entre certi�car os sistemas de qualidade e os produtos,conheceremos os tipos e a sistemática das auditorias que ocorrem no processo de certi�cação. Nesta aula, veremos ainda a importância do monitoramento e do controle de sistemas e processos visando à manutenção da qualidade dos processos. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Objetivos: Explicar os conceitos de certi�cação e de certi�cação de sistemas da qualidade; Distinguir certi�cação de processo de certi�cação de produto; Examinar a importância da auditoria nos processos de certi�cação. Certi�cações Sabemos que aplicando os conceitos de melhoria contínua nos processos geraremos inúmeros benefícios para os stakeholders, sobretudo para o cliente, que terá maior con�ança nos produtos e serviços adquiridos. Visando a consolidação da imagem da empresa perante clientes e sociedade (nacional e internacional), as empresas buscam certi�cações pertinentes às áreas de atuação em que estão inseridas. Uma delas é a certi�cação referente à ABNT NBR ISO 9001 – Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos, na qual os seguintes benefícios potenciais são listados: [...] a) a capacidade de prover consistentemente produtos e serviços que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis; b) facilitar oportunidades para aumentar a satisfação do cliente; c) abordar riscos e oportunidades associados com seu contexto e objetivos; d) a capacidade de demonstrar conformidade com requisitos especi�cados de sistemas de gestão da qualidade. ABNT, 2015 Outros possíveis ganhos para as empresas ainda podem ser elencados, como: Aumento da produtividade por meio de boas práticas estabelecidas. Melhor gerenciamento de toda cadeia de suprimentos. Redução de custos. Aumento da facilidade comercial. Para as normas NBR ISO 9001, NBR ISO 140001 e NBR 160001, as certi�cações são realizadas por organismos certi�cadores. INMETRO (Fonte: Freepik). O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) é o órgão responsável no Brasil pela acreditação (ou credenciamento) das empresas, chamadas de organismos certi�cadores. O credenciamento não é obrigatório, no entanto, a chancela do Inmetro dá credibilidade aos organismos, principalmente os brasileiros, se estes não forem credenciados fora do país. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Segundo Carpinetti (2016), o Inmetro, que coordena o sistema nacional de certi�cação no Brasil, é reconhecido internacionalmente como o organismo de credenciamento brasileiro, seguindo a tendência internacional atual de apenas um credenciador por país ou economia. Exemplo Vejamos o exemplo de uma indústria grá�ca que trabalha com os seguintes insumos: Papel, tinta, solventes, água, entre outros. Visando à melhoria da própria imagem perante os clientes e os fornecedores, a empresa busca certi�cações ambientais a priori, como a ISO 14001, já que muitos clientes apenas compram de grá�cas com a referida certi�cação, pois isso faz parte dos preceitos e requisitos de normas ambientais consolidadas deles. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Com a ISO 9001 não é diferente: O cliente poderá determinar se comprará da empresa A ou B colocando como critério de eliminação as que não possuírem a certi�cação de Sistema de Gestão da Qualidade. Qual a validade da certi�cação? São três anos para os certi�cados ISO 9001 e ISO 14001. Depois de obter as certi�cações, as empresas ainda passarão por auditorias semestrais ou anuais para que possam permanecer estampando os selos das normas nos produtos. Esse assunto ainda será abordado nesta aula. Uma vez encerrado o prazo de três anos, as empresas certi�cadas devem passar por um processo de recerti�cação, galgando a renovação por igual período. Certi�cação de sistemas de gestão da qualidade Para Carpinetti (2016), a certi�cação de um sistema de gestão da qualidade é um processo de avaliação pelo qual uma empresa certi�cadora avalia o sistema de gestão de uma empresa interessada em obter um certi�cado. Sobre o certi�cado de sistema da qualidade, é importante ressaltar que não se trata de certi�cação de qualidade de produto. O principal objetivo da ISO 9001:2015 é atender requisitos dos clientes por meio do sistema de qualidade. É de se esperar que o resultado de um processo que possua sistema de qualidade seja um produto ou serviço com qualidade, mas não é disso que a norma trata. A empresa certi�cadora atestará o sistema de gestão da empresa interessada desde que este atenda a todos os requisitos contidos na norma ISO 9001 e que existam evidências de implementação das atividades de gestão para atender às partes interessadas. Neste último atestado, em linguagem clara, o que se busca é saber se a empresa efetivamente aplica a ISO 9001 no dia a dia, ou se apenas preenche documentos e segue rituais por mera formalidade e, quando não está sob processo de auditoria, adota outras práticas senão as recomendadas pela norma. E quanto ao escopo? O Guia PMBoK (PMI, 2018) de�ne escopo como sendo “a soma dos produtos, serviços e resultados a serem fornecidos como um projeto”. Sob nossa ótica, entendemos projeto como sendo a implantação do “sistema da qualidade”. Escopo (Fonte: Pixabay). Grandes empresas geralmente atuam em mais de um negócio. Nesse caso, a abrangência do escopo pode não contemplar todos os negócios ou unidades produtivas. Porém, mesmo que a empresa não opte por certi�car todos os negócios, os escolhidos não podem apresentar nenhuma exclusão das atividades primárias e de suporte da cadeia de valor. A exceção é apresentada por Carpinetti (2016), ao ressaltar que a empresa pode excluir do sistema apenas requisitos de operação que sejam relacionados a atividades não executadas pela empresa. Um exemplo pode ser a atividade de desenvolvimento de produto, que pode não ser realizada pela empresa. Auditorias: Conceitos Auditorias não devem ser confundidas como monitoramento de processos ou de produtos. Auditorias veri�cam a conformidade com as especi�cações e, se ocorrerem anomalias, ações corretivas serão elaboradas e executadas. Em 1987, quando a primeira versão da norma ISO 9001 foi lançada, uma característica marcante e pioneira foi a obrigatoriedade de realização de auditorias internas periódicas, chamadas de ciclos de auditoria interna, consideradas fundamentais para a manutenção de sistemas de gestão (RIBEIRO NETO, 2008). Após essa ação pioneira, as demais normas de sistemas de gestão, entre elas a NBR ISO 9001, a NBR ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental), a OHSAS 18001 (Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional) e a NBR 16001 (Sistema de Gestão de Responsabilidade Social), balizam a manutenção dos sistemas em ciclos de auditorias internas e, mesmo não sendo requisito obrigatório o sistema de gestão da SA 8000 (Norma internacional de avaliação da responsabilidade social), ele também é amplamente utilizado. Auditoria é um termo que pode ser descrito como: "Um exame formal de contas por meio de referências às testemunhas e aos comprovantes." O’HANLON, 2005 Temos, então, três aspectos que são enfatizados de forma pertinente: 1 A necessidade de o processo ser formal e, assim, ter credibilidade junto à alta direção. 2 A necessidade de falar com as pessoas. 3 A importância de examinar evidências objetivas. A NBR ISO 19011, que estabelece as diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental, de�ne auditoria como: "Um processo sistemático,documentado e independente para obter a evidência da auditoria e avaliá-la objetivamente para determinar a extensão na qual os critérios de auditoria são atendidos." ABNT, 2018 Pensemos, então, nos aspectos tratados na norma: Clique nos botões para ver as informações. O processo de auditoria deverá ser planejado, estruturado, direcionado e periodicamente conduzido. Processo sistemático A atividade de auditoria deve ser padronizada por meio de procedimentos especí�cos e os resultados devem ser documentados. Processo documentado A auditoria deve ser realizada por pessoas que disponham de independência em relação às atividades que serão examinadas, assegurando a imparcialidade. Independente Registros, apresentação de fatos ou outras informações pertinentes aos critérios de auditoria que sejam veri�cáveis. Evidência Para Cerqueira (2006), a auditoria de sistemas de gestão é um processo que busca evidências objetivas (factuais) para determinar o estado de conformidade dos diversos requisitos associados aos sistemas de gestão de uma organização ou dos processos e dos produtos. Conforme o escopo, a auditoria pode ter classi�cações especí�cas: Auditorias de sistema Determinam a e�cácia e a conformidade do sistema de gestão com os padrões de referência adotados. Auditorias de processo Aferem a conformidade de um processo particular com os requisitos do sistema que lhe são aplicáveis. Auditoria de produto Afere a conformidade de um produto particular com os requisitos do sistema que lhe são aplicáveis. Existe ainda a classi�cação em função dos objetivos da auditoria: Certi�cação – certi�cação do sistema de gestão por um órgão de terceira parte; Supervisão ou Manutenção – manutenção e acompanhamento de uma certi�cação realizada, seja de terceira parte, seja de quali�cação de fornecedor, por exemplo; Prêmio – veri�cação do atendimento aos critérios estabelecidos por um determinado prêmio, por exemplo, o PNQ; Gestão – veri�cação da efetividade de um sistema de gestão; Garantia da qualidade – veri�cação da efetividade de um sistema de gestão da qualidade frente a requisitos especi�cados pelos clientes; Credenciamento – credenciamento da organização por uma entidade, como o Inmetro, por exemplo; Autodeclaração de conformidade – as organizações auditam os próprios sistemas e publicam uma declaração evidenciando o grau de conformidade com os requisitos aplicáveis. A NBR ISO 19011:2011 faz distinção a três tipos de auditorias: Tipos de Auditorias (Fonte: Freepik). As empresas certi�cadoras, também chamadas de organismos certi�cadores, realizam o processo de avaliação de Sistemas de Gestão da Qualidade por meio de auditorias de terceira parte. O certi�cado não é emitido pela ISO, pois o papel desta é de�nir o padrão de qualidade a ser seguido pela empresa. Segundo Carpinetti (2016), a ISO recomenda, inclusive, que, no material de divulgação do certi�cado, não seja usada a expressão certi�cado ISO, para que o público não seja induzido a pensar que é um certi�cado emitido pela ISO. A expressão sugerida pela ISO é: Certi�cado ISO 9001:2015 ou certi�cado ISO 14001:2015. Ainda segundo a NBR ISO 19011:2012, denomina-se: Auditoria combinada Quando são auditados mais de um sistema de gestão em um único programa de auditoria. Auditoria conjunta Quando dois organismos auditores cooperam para auditar um único auditado. Certi�cação de produtos Como já vimos, a certi�cação ISO 9001 visa ao gerenciamento e�caz do processo de transformação do produto, e não à garantia de qualidade do produto em si. Para atestar a qualidade de um produto é necessária uma série de testes, para responder se o produto atendeu aos requisitos apresentados em normas especí�cas, nacionais ou internacionais. O processo tem o nome de Avaliação da Conformidade. No Brasil, o Inmetro apresenta, para as empresas que desejam certi�car os produtos, dois tipos de certi�cação, dentro do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade: Clique nos botões para ver as informações. As certi�cações voluntárias, que são aquelas em que a empresa de�ne se deve ou não certi�car o produto, de acordo com o disposto em uma norma técnica, para obter os benefícios que a certi�cação pode trazer ao negócio; Certi�cações voluntárias As certi�cações compulsórias, que são aquelas em que um regulamento determina que a empresa só pode produzir/comercializar um produto depois que ele estiver certi�cado (INMETRO, 2019). Certi�cações compulsórias Na atualização de julho de 2019, o Inmetro apresentou 40 Programas de Avaliação da Conformidade voluntários. Como um exemplo de produtos nessa categoria, temos a cachaça: Objeto: Cachaça; Tipo: Produto; Mecanismo de Avaliação da Conformidade: Certi�cação; Órgão Regulamentador: MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento); Tipo de portaria: PAC (Plano Anual de Capacitação); Portaria Inmetro: Portaria nº 276 de 24/09/2009. Figura 1 – Cachaças| Fonte: EQUIPE HARMONIE SCHNAPS, 2018 A portaria é de acesso gratuito pelo site do Inmetro e apresenta documentos complementares, de�nições, etapas do processo de avaliação da conformidade, entre outras informações. Como de�nição para a cachaça, veja o que indica a portaria: Cachaça Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% vol (trinta e oito por cento em volume) a 48% vol (quarenta e oito por cento em volume), a 20°C (vinte graus Celsius), obtida pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até 6g/l (seis gramas por litro), expressos em sacarose. Cachaça Adoçada É a bebida de�nida […] que contém açúcares em quantidade superior a 6g/l (seis gramas por litro) e inferior a 30g/l (trinta gramas por litro), expressos em sacarose. Cachaça Envelhecida É a bebida de�nida […] que contém, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) de Cachaça envelhecida em recipiente de madeira apropriado, com capacidade máxima de 700 (setecentos) litros, por um período não inferior a 1 (um) ano. Cachaça Premium É a bebida de�nida […] que contém 100% (cem por cento) de Cachaça envelhecida em recipiente de madeira apropriado, com capacidade máxima de 700 (setecentos) litros, por um período não inferior a 1(um) ano. Cachaça Extra Premium É a bebida de�nida […] envelhecida por um período não inferior a 3 (três) anos. Portaria nº 276 de 24/09/2009 Atividade 1. Na implementação de um sistema da qualidade, a empresa deve de�nir o escopo desse sistema. O que isso signi�ca? 2. (FGV-2018 – Câmara de Salvador – BA – Analista Legislativo Municipal – Gestão da Qualidade). Ao conseguir a certi�cação ISO 9001, uma organização adquire uma série de benefícios, dentre eles: A) evidenciação de práticas internacionalmente aceitas e reconhecidas na gestão da qualidade; B) garantia de dispensa de licitação em contratos governamentais; C) atribuição de grau de investimento pelas agências de risco; D) isenção de ISS nos seus serviços; E) remissão de dívidas relacionadas ao FGTS. 3. Um certi�cado ISO 9001é um certi�cado de qualidade de produto? Explique. 4.(CESGRANRIO - 2012 –Innova– Médico do Trabalho Júnior). De acordo com a NBR ISO 19011:2002, as auditorias internas são conduzidas pela própria organização, ou em seu nome, para análise crítica pela direção e para outros propósitos internos, podendo formar a base para uma auto declaração de conformidade da organização. Esse tipo de operação denomina-se auditoria de: A) Primeira parte B) Segunda parte C) Terceira parte D) Quarta parte E) Última parte 5. (EXATUS – 2012 – DETRAN-RJ – Analista – Contabilidade). Auditorias podem ser classi�cadas em: A) Auditoria Interna e Auditoria Externa B) Auditoria Periódica e Auditoria Ininterrupta C) Auditoria Governamental e Auditoria Empresarial D) Auditoria de Pesquisa e Auditoria de Fato E) Auditoria Governamental e Auditoria de Pesquisa Referências ABNT.Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 19011: diretrizes para auditoria de sistemas de gestão. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas.ABNT NBR ISO 9001: sistemas de gestão da qualidade:requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. CARPINETTI, L. C. R. Gestão da qualidade, conceitos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016. CERQUEIRA, J. P. Sistemas de gestão integrados: ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001, SA 8000, NBR 16001. Conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. EQUIPE HARMONIE SCHNAPS. A diferença entre cachaça artesanal e cachaça industrial que nunca lhe contaram. 2018. Disponível em: //www.harmonieschnaps.com.br/sem-categoria/a-diferenca-entre-cachaca-artesanal-e-cachaca-industrial- que-nunca-lhe-contaram. Acesso em: 25 set. 2019. INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Regulamentos Técnicos e Programas de Avaliação da Conformidade de Produtos, Serviços, Processos e Pessoas. 2019. Disponível em: //www.inmetro.gov.br/qualidade/rtepac/. Acesso em: 25 set. 2019. ISO. Standards. 2019. Disponível em: //www.iso.org/iso/home/standards.htm. Acesso em: 25 set. 2019. O’HANLON, T. Auditoria da qualidade: com base na ISO 9001/2000 – Conformidade agregando valor. São Paulo: Saraiva, 2005. PMI. Guia PMBoK: um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. 6. ed.Filadél�a/EUA: Project Management Institute, 2018. RIBEIRO NETO, J. B. M; TAVARES, J. C.; HOFFMANN, S. C. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente, responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Senac, 2008. Próxima aula Tipos de certi�cações; ISO 9001; Prêmios da Qualidade – Parte I. Explore mais Leia os Regulamentos Técnicos e Programas de Avaliação da Conformidade de Produtos, Serviços, Processos e Pessoas: Compulsórios Voluntários javascript:void(0); javascript:void(0);
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