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DIREITO TRIBUTARIO

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1 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
Sumário 
Direito tributário: definição, fontes, legislação – Tributo .........................................................3 
1. Direito tributário: definição, fontes, legislação ....................................................................3 
2. Tributo ..................................................................................................................................7 
Princípios do Direito Tributário – Sistema constitucional tributário ......................................24 
1. Princípios do direito tributário ...........................................................................................24 
2. Sistema constitucional tributário .......................................................................................35 
Imunidade tributária – Interpretação e integração da legislação tributária ...........................44 
1. Imunidade tributária ..........................................................................................................44 
2. Vigência e aplicação da legislação tributária ......................................................................58 
3. Interpretação e integração da legislação tributária............................................................61 
Obrigação tributária – Responsabilidade tributária ...............................................................65 
1. Obrigação tributária ...........................................................................................................65 
2. Responsabilidade tributária ...............................................................................................74 
Lançamento tributário – Crédito tributário – Suspensão do crédito tributário – Extinção do 
crédito tributário ....................................................................................................................86 
1. Lançamento tributário........................................................................................................86 
2. Crédito tributário ...............................................................................................................96 
3. Suspensão do crédito tributário .......................................................................................103 
4. Extinção do crédito tributário ..........................................................................................109 
Extinção do crédito tributário (cont.) - Repetição do indébito .............................................113 
1. Extinção do crédito tributário (cont.) ...............................................................................113 
2. Repetição do indébito ......................................................................................................123 
Exclusão do crédito tributário – Garantias e preferências do crédito tributário – 
Administração tributária ......................................................................................................132 
1. Exclusão do crédito tributário ..........................................................................................132 
2. Garantias e preferências do crédito tributário .................................................................140 
3. Administração tributária ..................................................................................................145 
Administração tributária (cont.) - Infrações e delitos tributários – Impostos federais .........153 
1. Administração tributária (cont.) .......................................................................................153 
2. Disposições finais do Código Tributário Nacional .............................................................157 
3. Infrações e delitos tributários ..........................................................................................157 
4. Impostos federais .............................................................................................................169 
 
2 
 
Impostos federais (cont.) - Impostos estaduais – Impostos municipais ...............................181 
1. Impostos federais (cont.)..................................................................................................181 
2. Impostos estaduais ...........................................................................................................184 
3. Impostos municipais .........................................................................................................200 
Impostos municipais (cont.) - Contribuições sociais – Simples nacional ..............................208 
1. Impostos municipais (cont.) .............................................................................................208 
2. Contribuições especiais ....................................................................................................214 
3. Simples Nacional ..............................................................................................................222 
 
 
 
3 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Direito tributário: definição, fontes, legislação – Tributo 
1. Direito tributário: definição, fontes, legislação 
I. Atividade financeira do Estado 
Para realização dos seus objetivos o Estado precisa de dinheiro. A gestão desses 
recursos será regulada pelo direito financeiro. 
A atividade financeira do Estado se desenvolve basicamente em 3 campos: 
• Receita 
• Gestão 
• Despesa 
Isso é um tema de interesse primordial do direito financeiro. 
É importante saber que a receita do Estado pode ser: 
• Receita originária: advém da exploração do próprio patrimônio do Estado. O 
Estado não vai se valer do seu poder de império para angariar esses recursos. 
Ele aufere fundos a partir de relações de direito privado que ele estabelece 
com particulares. Ex.: imóvel do Estado que está alugado a particulares; 
Estado vende um bem a um particular; lucros das empresas estatais. 
• Receita derivada: tem como característica básica o exercício do poder de 
império pelo Estado. É obtida essa receita de modo compulsório e coercitiva. 
Ex.: as multas e tributos. 
Veja, tributo é receita derivada. 
II. Fontes do Direito Tributário 
a) Constituição 
No campo tributário, a Constituição regula as competências dos entes 
federativos, instituindo os limites ao poder de tributar, os direitos e deveres do 
cidadão perante o fisco, além de trazer os princípios que fundamentam essa atividade 
de tributar do Estado. 
b) Lei complementar 
Lei complementar exige maioria absoluta, não existindo hierarquia entre lei 
complementar e lei ordinária. 
Mas se uma lei ordinária tratar de lei complementar será esta inconstitucional. 
Em direito tributário, a Constituição vai dizer que as normas gerais em matéria 
tributária deverá ser regulamentada por lei complementar. 
Lembre-se que o Código Tributário Nacional traz normas gerais de direito 
tributário, ainda que se trate de uma lei ordinária. No entanto, a Constituição 
recepcionou o CTN com status de lei complementar. Veja, a Constituição dispensa 
 
4 
 
elementos formais do antigo ordenamento, bastando que haja a compatibilidade 
material. 
Portanto, o CTN é formalmente uma lei ordinária, mas materialmente é uma 
lei complementar. Dessa forma, para alterá-lo será necessária lei complementar para 
as questões relativas às normas gerais de direito tributário. Não sendo normas gerais, 
poderá ser alterado por lei ordinária. 
Em matéria tributária, a lei complementar vai tratar de: 
• Conflitos de competência tributária 
• Limites constitucionais ao poder de tributar 
• Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária 
• Estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir 
desequilíbrios da concorrência (art. 146-A) 
Roberval Rocha destaca algumas normas gerais que a lei complementar vai 
trazer: 
• Definição dos tributos 
• Fatos geradores 
• Base de cálculo 
• Contribuintes 
• Obrigação 
• Lançamento 
• Crédito 
• Prescriçãoe decadência 
• Tratamento diferenciado para as cooperativas 
• Tratamento diferenciado para as microempresas e empresas de pequeno 
porte 
Segundo a jurisprudência, este rol é exemplificativo. Lei complementar vai 
veicular a instituição de tributos determinados pela Constituição. Isto é, a 
Constituição determina que certos tributos seja discriminados ou instituídos por lei 
complementar. 
A alíquota não é prevista no rol do art. 146 da CF, motivo pelo qual não precisa 
ser tratar por lei complementar. 
Portanto, são tributos que devem ser instituídos por lei complementar: 
• Empréstimo compulsório (EC) 
 
5 
 
• Imposto sobre grandes fortunas (IEG) 
• Impostos residuais 
• Contribuições previdenciárias residuais 
Determinadas proibições são elencadas na Constituição, sendo uma delas é a 
matéria que deve ser regulada por lei complementar. Ou seja, o que deve ser regulada 
por lei complementar não poderá ser tratada por medida provisória. 
Ainda, a Constituição proíbe que seja utilizada lei delegada em matéria 
tributária no tocante as matérias reguladas por lei complementar. 
c) Lei ordinária 
A lei ordinária é a comum, que acontece sempre. Para aprovação, basta a 
maioria simples. 
É o veículo normativo que vai determinas as hipóteses de incidência tributária, 
prevendo a hipótese em abstrato. 
A lei ordinária trata das obrigações acessórias, as quais são deveres que vão 
instrumentalizar a tarefa de arrecadar e fiscalizar do Estado, em relação à matéria 
tributária. 
d) Atos do Poder Executivo federal majoradores de alíquotas de tributos 
Alguns tributos de competência da União podem ter suas alíquotas majoradas 
por ato do Poder Executivo Federal (e não apenas do Presidente). Logo, é possível 
que o Ministro da Fazenda venha a prolatar o ato de majoração. 
São tributos que admitem a majoração de alíquotas por ato do poder 
executivo federal: 
• Imposto de importação (II) 
• Imposto de exportação (IE) 
• Imposto de produtos industrializados (IPI) 
• Imposto sobre operações financeiras (IOF) 
• CIDE-combustível 
e) Lei delegada 
Lei delegada pode tratar de matéria tributária. 
f) Medida provisória 
A medida provisória pode tratar de matéria tributária, desde que não seja 
reservada à lei complementar. 
No caso da medida provisória que institua ou majore impostos, a Constituição 
estabelece que essa medida provisória só vai produzir efeitos no exercício financeiro 
seguinte (princípio da anterioridade) se ela houver sido convertida em lei até o 
último dia do exercício financeiro em que foi editada. 
Ficam excetuadas dessa regra o II, IE, IPI, IOF, CIDE-combustível e ICMS-
monofásico combustível. Esses impostos têm caráter de extrafiscalidade. 
g) Tratado internacional 
 
6 
 
O CTN, no art. 98, diz que os tratados e convenções internacionais revogam ou 
modificam a legislação tributária interna e são observados pela legislação que lhe 
sobrevenha. 
Portanto, o tratado internacional revoga legislação anterior incompatível, 
mas a legislação posterior a ele deverá observar esse tratado (ou seja, não revogaria 
o tratado). 
Pode uma lei superveniente revogar as disposições que existirem em um 
tratado? 
O entendimento prevalente é no sentido negativo, mas há duas posições: 
1ªC: Segundo Luciano Amaro, deverá ser observada essa regra, pois o tratado 
é especial em relação à lei posterior. Norma especial prevalece sobre a norma geral. 
2ªC: Hugo de Brito Machado diz que o tratado deve prevalecer, pois somente 
poderia ser revogado por um instrumento adequado no âmbito do direito 
internacional, que é a denúncia do conteúdo do tratado. 
A ESAF considerou que a expressão “revogam” não cuida, a rigor, de uma 
revogação, mas de uma suspensão da eficácia da norma tributária nacional, que 
readquirirá a sua aptidão para produzir efeitos se e quando o tratado for denunciado. 
h) Convênio 
O convênio é um ato normativo executivo que tem caráter infralegal e 
expressa, em matéria tributária, um ajuste de vontade entre os entes federativos. 
A Constituição excepciona o princípio da legalidade quando trata dos 
convênios, pois permite que esses convênios normativos tenham força de lei. 
A deliberação dos Estados, que é feita por convênio, pode conceder ou revogar 
benesses fiscais relativas ao ICMS, evitando-se assim a guerra fiscal entre os estados. 
No que concerne ao ICMS, alguns convênios têm previsão constitucional, 
sendo, portanto, normas primárias, de hierarquia legal, não podendo ser 
classificados como atos meramente complementares. Portanto, são passíveis de 
serem questionados por ação direta de inconstitucionalidade. 
Segundo o STF, é inconstitucional lei estadual que concede, sem autorização 
de convênio interestadual, dedução de ICMS para empresas que patrocinarem 
bolsas de estudo para professores. O Estado-membro só pode conceder isenção de 
ICMS se isso tiver sido combinado com os demais Estados-membros/DF por meio de 
um convênio. É o que prevê o art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o art. 1º da LC 24/75 
(Inf. 856). 
No mesmo informativo 856, ficou decidido que é inconstitucional lei estadual 
que concede, sem autorização de convênio interestadual, vantagens no 
parcelamento de débitos do ICMS para empresas que aderirem a programa de 
geração de empregos. O Estado-membro só pode conceder benefícios de ICMS se isso 
tiver sido previamente autorizado por meio de convênio celebrado com os demais 
Estados-membros e DF, nos termos do art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o art. 1º da 
LC 24/75. A concessão unilateral de benefícios de ICMS sem previsão em convênio 
representa um incentivo à guerra fiscal. 
i) Norma complementar 
O CTN, no art. 100, vai arrolar as normas complementares: 
• Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas 
 
7 
 
São as portarias e instruções das autoridades administrativas, bem como as 
circulares. Elas derivam do poder regulamentar, não podendo inovar na 
ordem jurídica. 
• Decisões administrativas que tenham caráter normativo 
São as decisões singulares ou colegiadas de órgãos de jurisdição 
administrativas. Essas decisões conferem eficácia normativa, ditando normas 
a partir de então. É chamado de jurisprudência administrativa em matéria 
tributária, expressando o posicionamento dos órgãos fiscais, conferindo uma 
certa segurança jurídica sobre o que o contribuinte pode ou não fazer. 
• Práticas reiteradas da atividade administrativa (costume administrativo) 
• Convênios que sejam celebrados entre a União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios 
Esses convênios não têm eficácia de lei. São os chamados convênios de 
cooperação. São convênios firmados entre os fiscos de diferentes esferas que 
visa uma mútua assistência a fim de ajudar a fiscalização dos tributos 
respectivos. Há uma permuta das informações. 
j) Legislação tributária 
Segundo o art. 96 do CTN, a expressão legislação tributária, que verse sobre 
tributos e relações jurídicas ligadas aos tributos, compreende: 
• Leis 
• Tratados e convenções internacionais 
• Decretos 
• Normas complementares 
• Constituição 
• Leis complementares 
Portanto, o conceito de legislação tributária é muito maior do que o conceito 
de lei tributária. 
2. Tributo 
I. Definição 
A definição de tributo está prevista no art. 3º do CTN. 
Segundo a definição legal, tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em 
moeda, ou cujo valor nela possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, 
 
8 
 
instituída por lei, e cobrada mediante atividade plenamente vinculada da 
administração. 
Portanto, tributo é: 
• Toda prestação pecuniária compulsória: portanto deve ser em dinheiro e é 
obrigatória. 
• Em moeda: não pode é cobrado in natura. 
• Não constitua sanção de ato ilícito: assim, multa não pode ser tributo. 
• Instituído por lei: é reflexo do princípio da legalidade. 
• Cobrado mediante atividade plenamente vinculada da administração: a 
administração não tem a faculdade de escolher se vai ou não cobrar o tributo.II. Natureza jurídica 
A natureza jurídica de um tributo é determinado pelo fato gerador (art. 4º). 
Com base nisso é que se descobre se estamos diante de um imposto, taxa, 
contribuição de melhoria, etc. 
Segundo o art. 4º do CTN, basta o fato gerador para identificar a natureza 
jurídico do tributo. Logo, denominação, outros pontos formais e a destinação do 
tributo não são importantes! 
Esse art. 4 só tem relevância para a teoria tripartida, que é adotada pelo CTN, 
a qual não é adotada pela CF, pois, conforme o STF, é adotada a teoria quintapartida 
dos tributos. 
• Se o fato gerador é uma situação que independe de qualquer atividade 
estatal específica, estaríamos diante de um imposto. 
• Se o fato gerador é uma atividade de poder de polícia ou uma utilização 
efetiva ou potencial de um serviço público e divisível prestado ao 
contribuinte, ou ao menos posto à disposição, estaríamos diante de uma 
taxa. 
 
9 
 
• Se o fato gerador é a valorização imobiliária decorrente de uma obra 
pública, estaríamos diante de uma contribuição de melhoria. 
Perceba que os arts. 3º, 4º e 5º adotam a teoria tripartida. Portanto, seriam 
espécies de tributo os impostos, taxas e as contribuições de melhoria. No entanto, 
existem outras modalidades de tributo, tais como as contribuições especiais e os 
empréstimos compulsórios. 
Dessa forma, a doutrina mais atualizada entende que foi acolhida a teoria 
pentapartida. 
Com isso, a doutrina também afirma que para saber natureza jurídica do 
tributo, é necessário saber o fato gerador. Contudo, além dessa análise, é preciso 
verificar qual a finalidade da contribuição ou se é possível ou não a devolução do 
montante arrecadado, pois se estivermos diante de uma finalidade específica 
podemos estar diante de uma contribuição especial. E se houver a possibilidade de 
regulamentação da devolução, estaríamos diante de um empréstimo compulsório. 
III. Características dos tributos quanto à sua finalidade 
São características do tributo quanto à sua finalidade: 
• Fiscalidade: 
Não existe uma finalidade específica, pois a finalidade é arrecadar o 
montante financeiro para os cofres públicos. É a regra geral dos tributos. 
Um tributo é fiscal quando o sujeito ativo da obrigação tributária é o mesmo 
sujeito titular da competência tributária para institui-lo. Ex.: IPTU. 
• Parafiscalidade: 
Há uma atuação paralela. Ocorre quando o sujeito competente institui 
determinado tributo, mas delega a outra pessoa jurídica de direito público a 
capacidade tributária (capacidade de arrecadar), atribuindo a essa pessoa 
jurídica o produto dessa arrecadação. Ex.: INSS é o sujeito ativo de certas 
contribuições sociais instituídas pela União. 
 
10 
 
• Extrafiscalidade: 
Não há aqui uma atividade puramente arrecadatória. A finalidade maior é 
regular comportamentos, sejam econômicos, sociais, sanitários, etc. Ex.: 
Imposto de importação ou imposto de exportação, que podem regular as 
mercadorias que entram e saem do país. 
IV. Classificações relevantes de tributos 
São algumas classificações importantes: 
• Tributo vinculado: é o tributo cujo fato gerador vai se relacionar a alguma 
contraprestação do Estado. Típico de taxa e contribuição de melhoria. Este 
último poderá ter como fato gerador o fato de ter ocorrido uma obra pública, 
gerando a valorização imobiliária do imóvel. 
• Tributo não vinculado: o fato gerador não depende ou se vincula a qualquer 
contraprestação específica do Estado. Ex.: IPVA. Esse imposto não é pago para 
que o Estado asfalte e tape os buracos. O art. 16 do CTN é claro ao dizer que 
imposto é um tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação que 
independe de qualquer atividade do Estado. 
Os tributos podem ser também de arrecadação vinculada ou não vinculada: 
• Tributos de arrecadação vinculada: são os tributos cuja arrecadação deve ser 
necessariamente utilizada no fim que justificou aquela criação do tributo. Ex.: 
EC e Contribuições especiais. Por exemplo, é feito um empréstimo 
compulsório para determinada finalidade. Caso não seja aplicado, será 
inconstitucional. 
• Tributos de arrecadação não vinculada: nesse caso, a receita poderá ser 
utilizada livremente para as despesas gerais da administração pública. Ex.: 
imposto, taxas e contribuições de melhoria. As taxas e contribuições de 
melhoria de tributos vinculados, ou seja, o Estado presta um serviço, ou faz 
uma obra, e arrecada, mas não é de arrecadação vinculada, pois o produto 
dessa arrecadação o Estado emprega como quiser. 
 
11 
 
A CF, em seu art. 168, diz que são vedados a vinculação de receita de impostos 
a órgão, fundo ou despesa, ressalvada a repartição do produto da arrecadação e a 
destinação desses recursos para: 
• Saúde 
• Educação 
• Atividade da administração tributária 
É possível vincular os impostos para prestação de garantias das operações de 
crédito por antecipação de receitas. 
Ressalte-se que em relação a imposto não se trata apenas de um tributo de 
arrecadação não vinculada, pois, via de regra, o imposto não pode ter vinculação. É ao 
chamado princípio da não afetação. A taxa e a contribuição de melhoria, ao contrário, 
podem ter afetação. 
O tributo ainda poderá ser: 
• Tributo real: quando é graduado unicamente em função da coisa, em função 
do aspecto econômico da operação. Ex.: João comprou um gol pagou 50 mil 
reais. Antônio também comprou um gol de 50 mil reais. O primeiro financiou 
em 60 meses, enquanto o Antônio pagou à vista. No caso, o IPVA é o mesmo 
para os dois. Na verdade, é um tributo real, pois é unicamente determinado 
pelo aspecto econômico da operação. 
• Tributo pessoal: é graduado em função das condições de cada contribuinte. 
Por exemplo, o imposto de renda. No IR, além de variar o caráter progressivo 
do imposto, ele pode sofrer deduções. Apesar de José e João ganharem 10 
mil reais, é possível que José pague menos imposto que João, caso ele 
demonstre que gastou com saúde, educação dos filhos, etc. 
O tributo poderá ser proporcional ou progressivo: 
• Tributo proporcional: deve incidir sempre a mesma alíquota, 
independentemente do valor da base de cálculo. Ex.: se a base de cálculo é 
 
12 
 
50 mil reais, e o IPVA seja de 3%, será pago 1.500 reais. Se houver um carro 
de 100 mil reais, o IPVA será de 3.000 reais. 
• Tributo progressivo: a alíquota aumenta à medida que aumenta a base de 
cálculo. É o caso do imposto de renda. 
• Tributo regressivo: é aquele em que a carga tributária é maior daquele que 
tem uma renda mais baixa. À medida que a base de cálculo diminui, a alíquota 
aumenta. Há uma crítica a essas espécies tributárias em relação ao caráter 
regressivo. 
V. Imposto 
O art. 16 do CTN diz que imposto é tributo cuja obrigação tem por fato gerador 
uma situação que independe de qualquer atividade estatal específica, relativa ao 
contribuinte. 
Os impostos, a princípio, são numerus clausus, estando discriminados na 
Constituição. 
Ressalva-se apenas a possibilidade de a União valer-se de sua competência 
residual para por meio de lei complementar instituir um novo imposto. Além disso, 
há ainda a competência extraordinária da União. 
O art. 154 da CF diz que a União pode instituir, mediante lei complementar, 
impostos não previstos (é a competência residual da União), desde que se observe 
os requisitos: 
• Sejam não cumulativos 
• Não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos impostos já 
discriminados na CF 
Além disso, a União pode, na iminência ou no caso de guerra externa, instituir 
impostos extraordinários (IEG), estando ou não compreendidos dentro de sua 
competência tributária. É uma situação excepcional. 
 
13 
 
A competência constitucional para instituir tributos está na Constituição e é 
basicamente a seguinte: 
• Competência da União: 
São de competência da União: 
o Imposto de importação 
o Imposto de exportação 
o Imposto sobre produtos industrializados(IPI) 
o Imposto sobre grandes fortuns (IGF) 
o Imposto territorial rural (ITR) 
o Imposto sobre operações financeiras (IOF) 
o Imposto extraordinário de guerra (IEG) 
o Impostos residuais, desde que não seja cumulativo ou base de cálculo 
ou fato gerador dos demais impostos. 
• Competência dos Estados e do DF 
São de competência dos Estados e do DF: 
o Imposto sobre transmissão por causa mortis e doação (ITCMD) 
o Imposto sobre circulação de mercadorias e transporte intermunicipal 
(ICMS) 
o Imposto sobre veículos automotores (IPVA) 
• Competência dos Municípios 
São de competência dos Municípios: 
o Imposto sobre a propriedade territorial urbana (IPTU) 
o Imposto sobre transmissão de bens imóveis (ITBI) 
 
14 
 
o Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN) 
VI. Taxas 
a) Noções gerais 
Os entes políticos podem instituir taxa em razão do exercício decorrente do 
poder de polícia ou em razão da utilização efetiva ou potencial de um serviço 
público, desde que esse serviço seja específico e divisível, prestado ao contribuinte 
ou posto à sua disposição. 
As taxas, segundo expressa disposição constitucional, não podem ter base de 
cálculo própria de impostos. Então não é possível a plena coincidência das bases de 
cálculo de uma taxa e de um imposto. 
As taxas são, em princípio, de arrecadação não vinculada, apesar de serem 
tributos vinculados. Ou seja, a utilização do produto da arrecadação é discricionária 
pelo poder executivo. 
A CF não discrimina as taxas que são passíveis de instituição por cada 
entidade da federação. A entidade que prestou o serviço, podendo prestar, ou que 
exerceu o poder de polícia, podendo exercer, tem direito de cobrar a taxa. 
Por ser um tributo vinculado a uma atuação específica do Estado, a entidade 
política atuante, que preste o serviço ou desenvolva a atividade considerada geradora 
do fato tributário, vai ser o sujeito ativo desse tributo. 
Segundo o STF, o Município não pode cobrar IPTU de Estado estrangeiro, 
embora possa cobrar taxa de coleta domiciliar de lixo, tendo em vista que os Estados 
estrangeiros possuem imunidade tributária e de jurisdição, segundo os preceitos das 
Convenções de Viena de 1961. 
b) Vedação de base de cálculo idêntica à de impostos 
Com relação às taxas, é necessário lembrar que o art. 145, §2º, da CF diz que 
as taxas não podem ter base de cálculo idêntica à dos impostos. 
Portanto, o fato gerador do imposto não é o mesmo fato gerador da taxa, 
 
15 
 
motivo pelo qual não pode ter coincidência. O fato gerador do imposto é um fato 
relacionado ao contribuinte, enquanto as taxas têm como fato gerador uma atuação 
do Estado, e não do contribuinte. 
Mas o STF já pacificou pela Súmula Vinculante 29 que é constitucional a 
adoção no cálculo de uma taxa de um ou mais elementos da base de cálculo de um 
determinado imposto, desde que não haja uma integral identidade de uma base e 
outra. 
O exemplo disso é a taxa de coleta de lixo municipal com relação ao IPTU. Isso 
porque o IPTU tem como fato gerador o valor do imóvel, mas a taxa de coleta de lixo 
poderá ter como fato gerador o tamanho da frente do imóvel, pegando uma parte do 
tamanho do imóvel, ainda que se trate de um elemento que se faz necessário para se 
chegar ao valor da base de cálculo do imóvel para se cobrar o IPTU. Veja, é apenas 
uma parte, e não a integralidade coincidência da base de cálculo. Por tudo isso, a taxa 
de coleta de lixo é constitucional. 
c) Tipologia das taxas 
As taxas podem ser de 2 tipos: 
• Exercício do poder de polícia (taxa de polícia): 
• Prestação de um serviço (taxa de serviço): esta taxa se dá pela utilização 
efetiva de serviços públicos específicos e divisíveis, ou mesmo pela utilização 
potencial de serviços públicos e divisíveis que foram postos à disposição do 
contribuinte. 
O STF, na súmula vinculante 19, entende que a taxa cobrada exclusivamente 
em razão do serviço de coleta, remoção e tratamento e destinação de lixos e 
resíduos provenientes de imóvel não viola à Constituição. Portanto, é constitucional 
a taxa de coleta de lixo. 
Ou seja, ainda que a pessoa não resida no imóvel, ou que esteja abandonada, 
poderá ser cobrada essa taxa, pois o serviço é posto à disposição. 
 
16 
 
d) Taxa decorrente da prestação de um serviço público 
A principal característica do serviço público que vai habilitar o serviço público 
de ser remunerado por meio de taxa será a sua divisibilidade. 
Em se tratando de serviço indivisível, não vai admitir que seja instituída uma 
taxa para remunerá-lo. Ex.: iluminação pública não se admite que haja a cobrança de 
taxa, pois não há como dividir o quanto a pessoa se utilizou do serviço. 
A limpeza da rua também não admite, pois não há como cobrar o quanto a 
pessoa sujou a rua. 
Segurança pública também não admite a cobrança de taxa, pois é imensurável. 
→ Distinção entre taxa e preço público 
Taxa é espécie de tributo. A taxa não depende da utilização do serviço. 
Preço público, ou tarifa, não é tributo. Preço público é uma remuneração 
devida por um serviço público, mas de sujeição alternativa, originada de uma relação 
contratual estabelecida entre o cidadão e o poder público, que quase sempre está 
representado por um concessionário ou permissionário de serviço público. A tarifa 
exige a utilização do serviço para ser cobrado. 
É exemplo de tarifa, de acordo com o STF e STJ, a cobrança do serviço de água 
e esgoto. 
→ Custas e emolumentos 
Custas e emolumentos são as chamadas taxas judiciárias. 
A natureza jurídica é de taxa, pois há a prestação de serviço pelo Estado. O 
serviço é específico e divisível. A base de cálculo é o valor da atividade estatal que foi 
ali prestada ao contribuinte, devendo guardar uma proporcionalidade com a atividade 
prestada pelo Estado. 
Nesse sentido, o STF editou a Súmula 667, estabelecendo que viola a 
Constituição e a garantia de acesso à jurisdição taxa judiciária que é calculada sem 
 
17 
 
limite sobre o valor da causa. 
A EC 45 incluiu o § 2º ao art. 98 da CF, dizendo que custas e emolumentos serão 
destinados exclusivamente aos serviços afetos à Justiça. Neste caso, parcela da 
doutrina afirma que se tornou uma espécie tributária sui generis. Isso porque haveria 
um tributo de arrecadação constitucionalmente vinculada. Há a prestação de um 
serviço específico e divisível, mas a finalidade da arrecadação também já está 
discriminada na Constituição. 
e) Taxa relativa ao exercício regular do poder de polícia 
O CTN diz no art. 78 que se considera poder de polícia atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou 
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse 
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da 
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
Basicamente, esse dispositivo traz um conceito de poder de polícia. 
Perceba que, diferentemente da taxa de prestação de serviços, na taxa pelo 
poder de polícia exige-se um exercício efetivo do poder de polícia para promover a 
cobrança. 
Dessa forma, não se pode cobrar a taxa de poder de polícia se este serviço 
não foi efetivamente exercido. 
O STF entende que é constitucional a taxa de renovação do funcionamento e 
localização municipal, desde que haja o efetivo exercício do poder de polícia, o qual 
é demonstrado pela mera existência de órgão administrativo que possua estrutura 
e competência para a realização da atividade de fiscalização. 
São exemplos de atividade de polícia que ensejam a cobrança de taxa: 
• Taxa de fiscalização de anúncio 
 
18 
 
• Taxa de fiscalização dos mercados e títulos de valores mobiliários 
• Taxa de localização e funcionamento de estabelecimentos em geral 
• Entreoutras 
Segundo o STF, a área ocupada pelo estabelecimento comercial revela-se apta 
a refletir o custo aproximado da atividade estatal de fiscalização para fins de 
cobrança de taxa. 
Por outro lado, é inconstitucional a instituição e a cobrança de taxas por 
emissão ou remessa de carnês/guias de recolhimento de tributos. 
VII. Contribuição de melhoria 
A contribuição de melhoria pode ser cobrada por qualquer ente no âmbito de 
suas atribuições. Ou seja, a União, os Estados, o DF e os municípios podem cobrá-la. 
Reputam-se feitas pela União as obras executadas pelos Territórios. 
A contribuição de melhoria tem como fato gerador o acréscimo do valor do 
imóvel localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras públicas. 
O princípio que fundamenta o tributo da contribuição de melhoria é a vedação 
do enriquecimento sem causa do particular. 
A base de cálculo será o quantum de valorização experimentada pelo imóvel. 
Desse modo, a base de cálculo nunca poderá ser o custo da obra e nem mesmo o valor 
da obra. 
A contribuição de melhoria possui duas limitações, sendo denominada de 
sistema de duplo limite: 
• Limite geral (total): as contribuições de melhoria não podem exceder o custo 
da obra. Se 10 casas experimentaram a valorização de 50 mil reais cada, mas 
a obra eles gastaram só 200 mil para fazer, cada casa só poderá pagar 20 mil, 
a despeito de ter valorizado 50 mil. 
• Limite individual: é o valor da correspondente valorização do imóvel. Se o 
 
19 
 
poder público gastou 500 mil reais com a obra e 10 casas foram valorizadas 
no montante de 20 mil reais. Dessa forma, não poderá cobrar mais do que 20 
mil reais de cada casa, ainda que a obra não tenha sido integralmente paga 
pelo contribuinte. Veja, o limite individual é a valorização do imóvel. 
Nada impede que a administração exija um valor menor. Ex.: a obra foi de 1 
milhão, tendo 10 casas experimentado uma valorização enorme, mas ainda assim o 
poder público resolveu cobrar 50 mil em vez de 100 mil cada uma. 
Cumpre salientar que o recapeamento de via pública já asfaltada não pode 
gerar cobrança de contribuição de melhoria, pois não gera a valorização aos 
contribuintes, os quais já experimentaram a valorização quando da realização da obra. 
Por outro lado, a pavimentação asfáltica de via pública pode gerar a cobrança 
de contribuição de melhoria, pois o tributo tem por fato gerador benefício resultante 
de obra pública. 
A contribuição de melhoria sub-roga-se na pessoa dos respectivos 
adquirentes do imóvel, salvo quando conste do título a prova de sua quitação, 
conforme art. 130 do CTN. 
A contribuição de melhoria somente poderá ser cobrada após o término da 
obra, que é o fato gerador. Do contrário, não poderia se aferir o quantum de 
valorização que a obra gerou. 
Segundo o art. 2º do DL 195, será devida a contribuição de melhoria, no caso 
de valorização de imóveis de propriedade privada, em virtude de qualquer das 
seguintes obras públicas: 
• Abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização, esgotos 
pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas; 
• Construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes, túneis e 
viadutos; 
• Construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive todas as 
 
20 
 
obras e edificações necessárias ao funcionamento do sistema; 
• Serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos, instalações de 
redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações em geral ou de 
suprimento de gás, funiculares, ascensores e instalações de comodidade 
pública; 
• Proteção contra secas, inundações, erosão, ressacas, e de saneamento de 
drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de barras, portos e canais, 
retificação e regularização de cursos d’água e irrigação; 
• Construção de estradas de ferro e construção, pavimentação e 
melhoramento de estradas de rodagem; 
• Construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos; 
• Aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive desapropriações 
em desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico. 
De acordo com o art. 82, a lei relativa à contribuição de melhoria deverá 
publicar previamente edital, contendo: 
• Memorial descritivo do projeto; 
• Orçamento do custo da obra; 
• Determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; 
• Delimitação da zona beneficiada; 
• Determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a 
zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; 
O edital também fixará prazo não inferior a 30 dias, para impugnação pelos 
interessados, de qualquer dos elementos contidos no edital. 
O edital trará a regulamentação do processo administrativo de instrução e 
julgamento da impugnação, sem prejuízo da sua apreciação judicial. 
 
21 
 
De acordo com o art. 177, salvo disposição de lei em contrário, a isenção não 
é extensiva às taxas e às contribuições de melhoria, pois se tratam de tributos 
bilaterais. 
VIII. Empréstimo compulsório 
Empréstimos compulsórios são tributos temporários e restituíveis. 
A União, compulsoriamente, cobra dos administrados o valor para custear uma 
despesa urgente, ficando obrigada a devolver esse valor logo que solucionar aquela 
causa que justificou a sua instituição. 
A União deverá devolver em dinheiro e corrigido monetariamente, conforme 
decidiu o STF. 
São motivos para criação de empréstimo compulsório: 
• Atendimento de despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa, ou de sua iminência; 
• Investimento público de caráter urgente ou de relevante interesse nacional. 
Ressalte-se que esses motivos não são considerados fatos geradores! São 
situações deflagrantes, conforme a doutrina majoritária entende. 
O fato gerador do empréstimo compulsório pode vir com o mesmo fato 
gerador de outros impostos. Ex.: fato gerador com o mesmo do ICMS, IR, etc. 
A situação calamitosa deve ser limítrofe, por exemplo, hecatombes 
avassaladoras, cataclismos ou catástrofes. Além disso, quanto à guerra externa 
(iminente ou eclodida), tal contexto pode ensejar dois tributos no Brasil: imposto 
extraordinário de guerra e o empréstimo compulsório. 
Atente-se que também não é necessário que haja a decretação do estado de 
calamidade pública para que haja a instituição do empréstimo compulsório. 
Vale atentar que, com relação ao empréstimo compulsório para investimento 
público de caráter urgente ou de relevante interesse nacional, é preciso observar o 
 
22 
 
princípio da anterioridade. 
No caso de empréstimos compulsórios para atendimento de despesas 
extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa, ou de sua 
iminência, não é preciso observar o princípio da anterioridade anual e nonagesimal. 
Aqui a exigência é imediata. 
A aplicação dos recursos provenientes de empréstimos compulsórios é 
vinculada às despesas que justificou a instituição do tributo. Por essa razão, é 
inconstitucional o empréstimo compulsório criado em face de conjuntura econômica 
que exija a absorção temporária de poder aquisitivo da moeda, pois não se encontra 
na CF, além de que o art. 15, III, CTN não foi recepcionado pela CF/88. 
A competência para instituir é exclusiva da União, que o fará por meio de lei 
complementar. 
É necessário fazer uma diferença entre os empréstimos compulsórios e o 
imposto extraordinário de guerra: 
• Empréstimo compulsório: aqui há um caráter temporário, pois será 
necessária a restituição posterior. É instituído por meio de lei complementar. 
É um imposto vinculado. 
• Imposto extraordinário de guerra: não é restituível, pois não se trata de 
empréstimo. É instituído por meio de lei ordinária. Não é vinculado a uma 
atividade específica, pois é imposto. 
São características comuns entre o empréstimo compulsório e o imposto 
extraordinário de guerra: 
• São de competência da União. 
• Têm como característicaa temporariedade, pois acabando a guerra o tributo 
se exaure. 
• Não observam o princípio da anterioridade. 
 
23 
 
Cabe ressaltar que o parágrafo único do art. 148 da CF menciona que a receita 
do empréstimo compulsório deve estar vinculada à sua despesa. Não pode haver 
tredestinação ou desvio de finalidade! 
IX. Pedágio 
A Constituição Federal, ao instituir limitação ao poder de tributar, vai vedar que 
sejam estabelecidas limitação ao tráfego de pessoas ou de bens por meio de tributos, 
mas a Constituição excepciona a cobrança de pedágios. 
Segundo STF, na ADI 800, pedágio é preço público (tarifa). Portanto, pedágio 
cobrado pela efetiva utilização de rodovia não tem natureza tributária. 
Em consequência disso, não está o pedágio sujeito ao princípio da legalidade. 
 
 
24 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Princípios do Direito Tributário – Sistema constitucional tributário 
1. Princípios do direito tributário 
Na seara tributária existem princípios explícitos e implícitos no texto 
constitucional. 
I. Princípios constitucionais tributários expressos 
a) Princípio da capacidade contributiva 
O art. 145, §1º, da CF diz que, sempre que possível, os impostos terão caráter 
pessoal e serão graduados, segundo a capacidade econômica do contribuinte. 
Como subprincípio da capacidade contributiva há proporcionalidade, 
progressividade, personalização e a seletividade. 
O tributo tem uma gradação, existindo um intervalo entre o que pode ser 
cobrado e sobre o que não pode ser cobrado. 
Roberval Rocha diz que essa capacidade contributiva tem um intervalo 
mínimo, ou seja, um patrimônio mínimo, e a parte máxima é a vedação do confisco. A 
capacidade contributiva não pode subtrair o patrimônio mínimo e tampouco confiscar 
o bem. 
Nos termos da CF, o princípio da capacidade contributiva deve ser aplicado 
apenas aos impostos, contudo a jurisprudência admite a aplicação a todas as espécies 
tributárias. No entanto, é importante saber que expressamente na CF há aplicação 
apenas aos impostos. 
b) Princípio da legalidade 
Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei. 
O art. 150, I, da CF, trata do princípio da legalidade tributária, sendo vedado à 
União, Estados, DF ou municípios aumentar ou exigir tributos sem lei que o estabeleça. 
 
25 
 
Com base nesse dispositivo, o STF entendeu, por meio da Súmula 574, que, 
sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima a cobrança do imposto de circulação 
de mercadorias sobre o fornecimento de alimentos e bebidas em restaurantes ou 
estabelecimento similar. 
Segundo o STF, a fixação do prazo de recolhimento de tributo não se submete 
ao princípio da legalidade. 
Vale lembrar que a multa tributária também deve obedecer o princípio da 
legalidade. 
Segundo o STF, é defeso ao Município atualizar a base de cálculo do IPTU, 
mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. 
Sendo inferior, é possível. 
→ Lei ordinária específica 
A CF restringe ainda mais determinadas matérias a disponibilidade legislativa. 
Em certas matérias a CF vai exigir leis específicas, sendo esses benefícios: 
1. Subsídio 
• Isenção 
• Redução da base de cálculo 
• Concessão de crédito presumido 
• Anistia 
• Remissão 
Tudo isso para ser concedido vai exigir lei específica. 
→ Exceções ao princípio da legalidade 
Há algumas exceções ao princípio da legalidade. 
Todos os tributos devem ser criados por lei, mas existem tributos que podem 
ter suas alíquotas majoradas por ato do poder executivo, sendo eles: 
 
26 
 
• Imposto de importação (II) 
• Imposto de exportação (IE) 
• Imposto sobre produtos industrializados (IPI) 
• Imposto sobre operações financeiras (IOF) 
• CIDE-Combustível 
• ICMS-Combustível 
No caso do ICMS sobre combustível, as alíquotas são definidas por Convênios 
entre os Estados e o DF. E o ato que majora o ICMS consiste numa deliberação dos 
representantes dos entes federativos. 
A faixa permitida de majoração dessas alíquotas está expressa em lei. Ou 
seja, há uma majoração por ato do poder executivo, mas dentro da margem permitida 
em lei. 
Vale lembrar que apenas a redução e reestabelecimento de CIDE-
combustíveis não se submete ao princípio da legalidade. Para haver aumento da 
alíquota da Cide-combustíveis, é preciso observar o princípio da legalidade. 
→ Norma tributária em branco 
É a possibilidade de uma norma tributária ser complementada por um ato 
infralegal. 
O STF já entendeu pela sua possibilidade. Segundo o Supremo, é desnecessário 
lei complementar para a instituição da contribuição para o Seguro de Acidente do 
Trabalho (SAT). Isso porque as Leis 7.787/89, art. 3º, II, e 8.212/91, art. 22, II, definem, 
satisfatoriamente, todos os elementos capazes de fazer nascer a obrigação tributária 
válida. O fato de a Lei deixar para o regulamento a complementação dos conceitos de 
"atividade preponderante" e "grau de risco leve, médio e grave", não implica ofensa 
ao princípio da legalidade genérica e da legalidade tributária. 
c) Princípio da isonomia 
 
27 
 
É o princípio para tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, na 
medida de suas desigualdades. 
No campo tributário, o art. 150, II, da CF, diz que é vedado instituir tratamento 
desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. É proibida 
qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou da função por eles exercidas. 
Se o vendedor ganha 10 mil reais por mês e o médico ganha 10 mil reais por 
mês, os dois pagarão o mesmo tanto de imposto de renda. 
Segundo o STF, viola o princípio da isonomia a isenção de IPTU exclusivamente 
em decorrência da qualidade de servidor público do contribuinte. 
d) Princípio da irretroatividade 
O art. 150, III, da CF diz que é vedado cobrar tributos em relação a fatos 
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que instituiu ou aumentou o 
tributo. 
 Esse princípio protege a relação jurídica, pois se houve ou não o fato gerador, 
será analisado segundo a lei vigente naquele momento. Portanto, protege-se o ato 
jurídico perfeito. E é com base na lei vigente naquele momento que se verifica a 
relação entre fisco e o sujeito passivo da relação tributária. 
É por esse motivo que não se aceita a redução do tributo ou a alteração da 
base de cálculo ou da alíquota que torne menos gravosa a incidência tributária para 
retroagir. Não será aplicada uma lei que diminua a carga tributária de maneira 
retroativa em relação a fatos já ocorridos previamente. 
A ideia da retroatividade é a seguinte, não se aplica a lei que instituiu ou 
majorou o tributo em relação a fatos anteriores. 
→ Normas tributárias retroativas 
Algumas normas tributárias também podem ser retroativas: 
• Lei interpretativa: 
 
28 
 
Uma lei interpretativa basicamente explica o conteúdo de outras normas. 
Essas leis vão retroagir, pois têm efeitos meramente declaratórios, mas essa 
retroatividade não pode se dar para aplicação de penalidades aos dispositivos 
interpretados, conforme art. 106, I, CTN. 
• Lei tributária penal mais benigna: 
O art. 106, II, do CTN diz que as leis tributárias penais mais benignas vão 
atingir apenas os atos não definitivamente julgados. Caso contrário, não iria 
atingir. É necessário, portanto, que haja um litígio, seja administrativo ou 
judicial. Segundo o STJ, tem-se entendido, para fins de interpretação dessa 
condição, que só se considera como encerrada a Execução Fiscal após a 
arrematação, adjudicação e remição, sendo irrelevante a existência ou não 
de Embargos à Execução, procedentes ou não. 
E essa lei vai atingir os atos não definitivamente julgados quando: 
o Deixar de definir esses atos como infração penal; 
o Deixar de tratar como contrário à exigência de uma ação ou omissão, 
desde que o ato não tenha sido praticado em fraude ou falta de 
pagamento de tributo; 
o Passar a cominar uma penalidade que seja menos severado que a 
originariamente prevista. 
• Lei que rege formalidades do lançamento (lei instrumental) 
 O art. 144, §1º, do CTN diz que se aplica ao lançamento a legislação que 
posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação tenha instituído novos 
critérios de apuração, novos processos de fiscalização ou que tenha ampliado poderes 
de investigação das autoridades, ou ainda que tenham outorgados créditos de maiores 
garantias ou privilégios, exceto, no último caso, para atribuir responsabilidades a 
terceiros. 
 Essa norma instrumental vai retroagir, apenas não sendo aplicada quando ela 
 
29 
 
prever uma garantia que atinja uma terceira pessoa. 
• Lei de anistia: 
É uma lei retroativa, visto que é um perdão de infrações. 
• Declaração direta de inconstitucionalidade pelo STF, quando não tiver 
conferido efeito diverso ao efeito ex tunc à declaração de 
inconstitucionalidade 
e) Princípio da anterioridade (princípio de exercício financeiro ou comum ou 
anual) 
Humberto Ávila o denomina como princípio da calculabilidade. 
O art. 150, III, da CF veda cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em 
que esse tributo tenha sido instituído ou publicada a lei que instituiu ou aumentou o 
tributo. 
O art. 34 da Lei 4.320 diz que o exercício financeiro vai de 1º de janeiro a 31 de 
dezembro. 
Se a lei reduzir um gravame ou fulminar um tributo, por óbvio, não precisará 
observar a anterioridade, podendo ser aplicada imediatamente. 
O STF considera que o princípio da anterioridade é uma garantia individual, 
sendo uma cláusula pétrea. É vedada a deliberação de emenda à constituição que 
tenda a abolir o princípio da anterioridade. 
Ainda, o STF, na Súmula Vinculante 50, diz que norma legal que altera o prazo 
para recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da 
anterioridade. 
→ Exceções ao princípio da anterioridade 
Existem exceções ao princípio da anterioridade, havendo alguns tributos que 
podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro da lei que foi publicada majorando 
ou instituindo o tributo. 
 
30 
 
Portanto, não precisam observar a anterioridade tributária: 
• Empréstimos Compulsórios para despesas extraordinárias 
• Imposto de Importação (II) 
• Imposto de Exportação (IE) 
• IPI 
• IOF 
• Imposto Extraordinário de Guerra 
• ICMS-Combustível 
• CIDE-Combustível 
• Contribuição Social da Seguridade Social 
f) Princípio da anterioridade nonagesimal 
Não confundir o princípio da anterioridade com o princípio da anterioridade 
nonagesimal. 
Para dar maior segurança jurídica, a Constituição passou a prever no art. 150, 
III, ‘c’, que é vedado cobrar tributos antes de decorridos 90 dias da data que haja sido 
publicada a lei que instituiu ou aumentou aquele tributo. 
Caso a alteração legislativa venha com uma instituição ou majoração de 
tributo, ele só poderá ser cobrado após 90 dias. 
Em tese, é necessário observar os dois, tanto a anterioridade anual como a 
nonagesimal. 
Se o imposto é instituído no dia 1º de dezembro, não poderá ser cobrado no 
mesmo exercício, e nem no dia 1º de janeiro, e sim após 90 dias, que seria no dia 1º 
de março, por exemplo. 
Por outro lado, se o imposto tivesse sido cobrado em março, não poderia ser 
 
31 
 
cobrado em junho (90 dias depois), pois deveria ter sido observada a anterioridade 
anual. 
→ Medida provisória 
Vale lembrar que se essa majoração ou instituição de tributo se der por medida 
provisória, esse prazo da anterioridade nonagesimal deverá ser observado, porém o 
termo a quo, de contagem inicial desse prazo da nonagesimal, será a data da 
publicação da medida provisória, e não a data da publicação da lei que foi 
convertida. 
Em relação à MP, há essa especificidade. 
Cabe ressaltar que se a medida provisória for para instituir ou majorar taxas, 
contribuição de melhoria ou contribuição especiais bastará a publicação da medida 
provisória para entrar em vigor os referidos tributos. Ex.: se em novembro de 2016 
for instituída uma contribuição de melhoria, a partir de janeiro de 2017 poderá 
produzir efeitos esta lei, desde que obedeça 90 dias. Não se fala em empréstimos 
compulsórios, pois eles são instituídos por meio de lei complementar, não podendo 
utilizar de medida provisória. 
Por outro lado, se veicular sobre impostos, e a medida provisória for publicada 
em novembro de 2016, deverá ser contado 90 dias para frente. Todavia, nesta 
situação, será necessária aguardar a conversão da medida provisória em lei até o 
último dia do ano. Do contrário, só poderá entrar em vigor e produzir efeitos a partir 
de janeiro de 2018. 
→ Prorrogação de alíquota 
O STF decidiu que o prazo da nonagesimal somente deve ser observado nos 
casos de majoração ou instituição de tributos. 
Esse prazo não precisa ser observado nos casos de prorrogação de uma 
alíquota já aplicada. O STF entende que se houver prorrogação não precisa observar 
o prazo da nonagesimal. 
 
32 
 
→ Exceções à anterioridade nonagesimal 
São exceções ao princípio da anterioridade nonagesimal: 
• Empréstimos compulsórios para despesas extraordinárias 
• Imposto de Importação (II) 
• Imposto de Exportação (IE) 
• IOF 
• Imposto de Renda (IR) 
• Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) 
• IPVA para fixação da base de cálculo 
• IPTU para fixação da base de cálculo 
O IPI não se submete ao princípio da anterioridade anual, mas se submete ao 
princípio da anterioridade nonagesimal. 
Por outro lado, o IR se submete ao princípio da anterioridade anual, mas não 
se submete ao princípio da anterioridade nonagesimal. 
Além disso, para fixação da base de cálculo para IPTU ou IPVA não precisa 
observar a anterioridade nonagesimal, mas é preciso observar a anterioridade 
anual. Portanto, pode haver alteração no dia 31 de dezembro para cobrança no dia 1º 
de janeiro do ano seguinte. 
g) Princípio da vedação ao confisco (princípio da razoabilidade da carga 
tributária) 
A CF proíbe a utilização do tributo com efeito de confisco, conforme art. 150, 
IV. 
Segundo o STF, a identificação de efeito confiscatório deve ser feita em função 
da totalidade da carga tributária, dentro de determinado período, a mesma pessoa 
política que os houver instituído. 
 
33 
 
A jurisprudência ainda não decidiu qual a porcentagem que seria considerado 
efeito confiscatório. Na Alemanha esse percentual é de até 50%. 
Apesar de mencionar somente tributos, a doutrina entende que a multa 
também não pode ter efeito confiscatório. Portanto, tanto a doutrina quanto a 
jurisprudência, vão abominar as multas desproporcionais que a administração vem 
aplicando ao contribuinte. 
Segundo o STF, é confiscatória a multa de duas vezes o valor do tributo 
devido, aplicada em razão de seu não pagamento. Da mesma forma, entendeu o STF 
que é confiscatória multa aplicada em razão de sonegação no valor de cinco vezes o 
tributo devido. 
h) Princípio da não limitação ao tráfego de pessoas e bens 
A CF veda a limitação do tráfego de pessoas e bens por meio de tributos 
interestaduais e intermunicipais. 
Por outro lado, a CF ressalva o pedágio. Mas o STF já decidiu que pedágio é 
preço público, e não tributo. 
i) Princípio da uniformidade geográfica 
Segundo o art. 151, I, da CF é vedado à União instituir tributo que não seja 
uniforme em todo o território nacional, ou que implique uma preferência a 
determinado Estado ou ao DF, em detrimento de outros. 
O que se admite é a concessão de incentivos fiscais que sejam destinados a 
promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diversas regiões 
do país. Até porque um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil 
é diminuir as desigualdades regionais. 
Apesar de a norma ser voltada à União, por simetria essa vedação se estende 
aos Estados, ao DF e aos municípios, não podendo conceder o Estado um benefício X 
a certo município sem conceder ao município Y, salvo se houver uma razão que 
justifiquetal discriminação. 
 
34 
 
j) Princípio da discriminação ou da vedação da discriminação em razão da 
procedência ou do destino 
O art. 152, caput, da CF proíbe que se estabeleça diferenças tributárias entre 
bens e serviços de qualquer natureza em razão da procedência ou em razão de seu 
destino. 
Esse princípio não tem aplicação nas relações internacionais, mas sim para o 
âmbito interno. 
A ideia é de que não se pode cobrar menos imposto de uma mercadoria se ela 
vier de determinado Estado e cobrar mais se ela vier de outro Estado. 
Dessa forma, o STF já entendeu que a jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça firmou-se no sentido da impossibilidade dos Estados-membros e do Distrito 
Federal estabelecerem alíquotas de IPVA diferenciadas entre veículos nacionais e 
importados. 
k) Outros princípios relevantes 
→ Princípio da tipicidade tributária 
O princípio da tipicidade vai exigir que a lei tributária defina, de forma taxativa, 
de forma completa, as situações tributárias necessárias para que nasça a obrigação 
tributária. 
Além de prever a hipótese de incidência, é preciso prever os critérios de 
quantificação da obrigação tributária e da quantificação do tributo. 
Essa tipicidade tributária veda que haja interpretação extensiva ou analogia 
para incidência de tributos. Por isso que parte da doutrina chama esse princípio de 
princípio da tipicidade tributária cerrada ou tipicidade cerrada. 
→ Princípio do non olet 
O tributo não fede. Dessa forma, se o sujeito auferiu renda traficando ou 
vendendo coisa lícita, deverá ser cobrado o tributo. 
 
35 
 
O art. 118 diz que a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-
se da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, por 
responsáveis ou por terceiros, bem como pela natureza do objeto ou de seus efeitos, 
ou dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. 
Portanto, é irrelevante a análise da eficácia do ato, a capacidade civil dos 
envolvidos, a licitude do comportamento. 
→ Princípio da responsabilidade fiscal 
Responsabilidade fiscal aportou no Brasil com a Lei de Responsabilidade Fiscal 
(LC 101/00), trazendo o conceito de accountability, que é a gerência eficiente dos 
recursos públicos. 
A responsabilidade fiscal vai influenciar a gestão tributária, pois a LRF diz que 
a instituição, previsão e arrecadação de todos os tributos previstos na CF, de cuja 
competência daquele ente federado, são requisitos para que haja responsabilidade 
fiscal daquele ente federado, de forma que a LRF veda que haja transferências 
voluntárias para entes que não instituam ou cobrem todos os impostos de sua 
competência (art. 11, LRF). 
A LRF diz que renúncia de receita só pode ser feita em situações excepcionais. 
A responsabilidade fiscal traz um impacto na gestão tributária, pois para 
considerar o administrador como responsável fiscal deverá ele instituir, prever e 
arrecadar todos os tributos da sua competência constitucional. 
2. Sistema constitucional tributário 
A competência para legislar sobre matéria tributária é uma competência 
concorrente, tendo a União a competência para editar normas gerais, os Estados para 
suplementar essas normas e os municípios para legislar sobre assuntos de interesse 
local. 
Essa sistemática é um dos pilares do sistema federativo. Quando se diz que o 
imposto é do Estado, significa que há autonomia financeira do ente federado. 
 
36 
 
É possível caracterizar a competência tributária como poder que é atribuído 
pela CF para que o ente federado venha a instituir tributos por meio de lei. Tanto é 
que somente o ente federado terá competência tributária. 
Outros entes poderão ter capacidade tributária, que é a possibilidade de ser 
sujeito ativo, de se fazer a cobrança. 
O exercício da competência tributária é facultativo do ente político, não sendo 
obrigado a instituir todos os tributos que a CF reservou a ele. Porém, segundo a LRF, 
é requisito essencial que haja pelo ente federado a instituição, previsão e arrecadação 
de todos os tributos previstos na CF, ficando vedado a transferência voluntária àquele 
que não fez essa observação. 
I. Competência tributária x Capacidade tributária ativa 
Competência tributária é a competência para criar o tributo. Só se cria tributo 
por meio de lei. 
Capacidade tributária ativa é a possibilidade de o indivíduo figurar no polo 
ativo da relação obrigacional. Portanto, poderá cobrar, exigir e fiscalizar, tal como 
ocorre com o INSS, mas a competência para instituir o tributo é da União. 
São características legais da capacidade tributária ativa: 
• Atribuição delegável: 
Um ente pode ser quem institui o tributo e outro pode ser quem cobra e 
fiscaliza o tributo. Por isso a capacidade tributária ativa é delegável, ao 
contrário da competência tributária, que é indelegável. 
• Atribuição não legislativa: 
A capacidade tributária ativa é não legislativa, ao contrário da competência, 
que é indelegável. 
• Privilégios processuais: 
 O art. 7º, §1º, do CTN diz que essa atribuição da capacidade tributária ativa 
 
37 
 
compreende as garantias e privilégios processuais que a pessoa jurídica de direito 
público tem. 
 Esses privilégios, que são prerrogativas processuais, têm por fundamento o 
interesse público e a supremacia desse interesse público, tendo prazos especiais do ente 
que está cobrando o imposto. 
 O art. 183 do NCPC preconiza que a administração pública direta e indireta de 
direito público tem prazo em dobro em todas as suas manifestações. Quem recebeu a 
capacidade tributária ativa também terá prazo em dobro. 
 O NCPC diz, no art. 496, I e II, que nas sentenças que julgar procedente, no todo 
ou em parte, os embargos da execução de dívida ativa ou das sentenças que forem 
contrárias ao interesse da fazenda pública, estarão sujeitas ao reexame necessário. 
Portanto, ainda que seja outro que esteja cobrando o tributo, haverá o reexame 
necessário nesses casos. 
 Ainda, restrições ou cabimentos de instrumentos processuais que existem em 
face da fazenda pública existirão em face do sujeito que está cobrando a dívida tributária. 
• Atribuição revogável: 
 A atribuição poderá ser revogada a qualquer tempo por ato unilateral pela pessoa 
jurídica de direito público. 
II. Tipologia da competência tributária 
A competência tributária pode ser: 
• Competência comum: a competência comum é aquela que qualquer ente 
pode instituir, existindo em relação às taxas e contribuições de melhoria. 
• Competência privativa: há em relação aos impostos, pois a CF diz 
expressamente quem poderá instituir cada imposto e empréstimo 
compulsório. 
• Competência cumulativa: vai se referir a situações sui generis da federação. 
 
38 
 
Por exemplo, o DF não pode ser dividido em municípios, motivo pelo qual 
terá a competência cumulativa dos tributos dos estados e dos municípios. No 
caso dos territórios, a União terá competência para instituir os tributos 
estaduais e federais, e caso não seja dividido em municípios, também terá 
competência dos impostos municipais, motivo pelo qual será competência 
cumulativa. 
• Competência residual: é a competência da União para instituir impostos e 
contribuições residuais, que não estão especificados na CF, desde que não 
sejam cumulativos e não haja coincidência de fato gerador e base de cálculo 
de outros impostos de outros impostos, assim como as contribuições 
residuais não poderão ter fato gerador e base de cálculo de outras 
contribuições, mas poderão ter a mesma de impostos. 
III. Competência extraordinária 
O art. 154, II, da CF diz que a União poderá instituir, na iminência ou em caso 
de guerra declarada, impostos extraordinário, estando eles compreendidos ou não 
na sua competência tributária. Esses impostos serão reduzidos gradativamente à 
medida que cessarem as causas de criação desses impostos. 
IV. Limitações constitucionais ao poder de tributar 
As limitações constitucionaisao poder de tributar são de 3 ordens: 
• Princípios constitucionais tributários 
• Imunidades tributárias 
• Limitações infraconstitucionais previstas pela CF 
As limitações ao poder de tributar são normas de restrição da competência 
tributária, mas não estão taxativamente previstas na CF. Essas regras devem ser 
estabelecidas por lei complementar. 
A Carta Magna estatui as principais limitações ao exercício da competência 
tributária, mas não necessariamente todas. Isto é percebido pela simples leitura do 
 
39 
 
art. 150 da CF. O dispositivo inaugura a Seção denominada “Das limitações do poder 
de tributar”, deixando claro que as garantias que estatui existem “sem prejuízo de 
outras (…) asseguradas ao contribuinte”. 
Assim, é correto afirmar que as garantias ali estatuídas formam um rol não 
exaustivo, pois existem outras estipuladas em dispositivos diversos da Constituição 
Federal (art. 5.º, inciso, XXXIV, por exemplo), além daquelas que decorrem do regime 
e dos princípios adotados pela própria Carta ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte (CF, art. 5.º, § 2.º). 
V. Repartição de receitas tributárias 
A repartição de receitas é uma das estruturas que sustenta coesão com as 
esferas federativas, eis que torna efetiva a autonomia dos entes menores. 
A União federal vai distribuir parte de suas receitas porque a Constituição 
assim determina aos Estados e aos Municípios. 
Essa relação é constitucionalizada de solidariedade político-financeira, pois há 
um redirecionamento de fundos dos entes maiores (União) para os menores (Estados 
e municípios). 
Não existe repartição constitucional pela via inversa, dos menores para os 
maiores. 
Dentre as diversas espécies tributárias, somente os impostos e a CIDE-
combustíveis é que são objeto de repartição. 
Para assegurar esse rateio, a Constituição, no art. 160, vai dizer que é vedada 
a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos aos 
Estado, ao DF e aos municípios. 
O parágrafo único vai excepcionar e vai dizer que a vedação a esta retenção 
não impede que a União e os Estados condicionem a entrega de recursos ao 
pagamento de seus créditos, inclusive aos créditos de suas autarquias e inclusive ao 
mínimo exigido em serviços e ações de saúde. 
 
40 
 
Vale ressaltar que se está falando de transferências obrigatórias. 
A legislação infraconstitucional pode criar obstáculos ao repasse das verbas 
públicas no tocante as transferências voluntárias, o que foi feito pela Lei de 
Responsabilidade Fiscal. 
a) Sistemática de repartição 
Existem duas formas adotadas pela CF que possibilitam a participação de uma 
pessoa política no produto de arrecadação de outra pessoa política. 
Essa repartição pode ser: 
• Repartição direta: o valor arrecadado é diretamente repassado ao 
destinatário. Então o art. 158, III, da CF diz que pertence ao município 50% 
do valor da arrecadação do IPVA licenciado em seus territórios. 
• Repartição indireta: há uma relação complexa, sendo formados fundos 
específicos, os quais recebem as parcelas e receitas para depois ratear esses 
recursos entre os participantes beneficiários que serão previamente 
estabelecidos. 
b) Receitas não repartidas 
Existem receitas de impostos que não são repartidas. 
No âmbito da União, não estão sujeitos à repartição de receitas: 
• Imposto extraordinário de guerra 
• Imposto de importação 
• Imposto de exportação 
• Imposto sobre grandes fortunas 
Os Estados não sujeitam à repartição de receitas o ITCMD. 
Os municípios não repartem suas receitas. 
 
41 
 
c) Repartição direta 
→ Da União para os Estados e para o Distrito Federal 
Segundo a CF, 100% do arrecadado com o imposto de renda (IR), incidente 
sobre a fonte de rendimentos pagos pelo Estado, por autarquias e fundações 
públicas, ficará com o próprio Estado. 
Além disso, 20% da arrecadação do imposto residual instituído pela 
competência atribuída à União será repassado ao Estado e ao Distrito Federal. 
E 30% do IOF incidente sobre o ouro, quando definido como ativo financeiro 
ou instrumento cambial. 
→ Da União para os Municípios 
Segundo a CF, 100% do arrecadado com o imposto de renda (IR), incidente 
sobre a fonte de rendimentos pagos pelos Municípios, por autarquias e fundações 
públicas, ficarão com o próprio Município. 
Também ficará os municípios com 50% do ITR relativamente aos imóveis 
situados naquele município, ou 100% se o município se disponibilizar a fiscalizar e 
cobrar o ITR. 
Além disso, 70% do IOF-ouro vai para os municípios. 
→ Dos Estados para os Municípios 
Serão repassados aos municípios 50% do IPVA licenciados na circunscrição. 
Serão repassados também 25% do ICMS aos municípios pelos Estados. Mas 
essa divisão é um pouco diferente, sendo creditada da seguinte forma: 
• 75%, no mínimo, na proporção do valor que foi adicionado nas operações 
realizadas naquele município; 
• 25%, de acordo com o que dispuser a lei estadual. 
d) Repartição indireta 
 
42 
 
É a repartição indireta é feita por meio de fundos constitucionais, valendo-se 
de recursos federais apenas. 
Quatro desses fundos receberão o montante de 49% do total efetivamente 
arrecadado pela União de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto 
de Renda (IR). 
 Essa repartição será feita da seguinte forma: 
• 21,5% ao fundo de participação do Estado e do DF. 
• 22,5% ao fundo de participação dos municípios. 
• 3% para aplicação de programas de financiamento ao setor produtivo das 
regiões norte, nordeste e centro-oeste, neste último caso metade deverá ser 
destinado ao semiárido. 
• 2% destinado ao fundo de participação dos municípios, sendo metade 
entregue nos meses de julho e do mês de dezembro de cada ano. 
O quinto fundo constitucional é o fundo compensatório de desoneração das 
exportações (FCDE). A ideia é ressarcir os Estados e o Distrito Federal pelas perdas 
decorrentes de imunidades de ICMS sobre produtos que são exportados. Esse fundo 
é composto por 10% sobre o que é arrecadado do IPI proporcionalmente aos valores 
das respectivas exportações dos produtos industrializados. 
Desse total de fundo de compensação das desonerações, serão repassados 
25% aos municípios respectivos e 75% ficará com o Estado. 
Desse total repassado pelos Estados, 25% vai para os municípios. E dentro 
desses 25% a sistemática de cálculo será similar à repartição de receitas do ICMS. Isto 
é, 75% irá para o município que efetivamente exportou e 25% conforme determinar a 
lei estadual. 
O último dos fundos constitucionais é composto por 29% da arrecadação com 
a CIDE-Combustíveis, sendo observado os programas de financiamento e estrutura de 
transporte. Desse total, 25% é repassado aos municípios, que acabam recebendo 
 
43 
 
7,25% do total arrecadado pela União. 
 
 
44 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Imunidade tributária – Interpretação e integração da legislação tributária 
1. Imunidade tributária 
A imunidade tributária é uma limitação ao poder de tributar, é uma técnica do 
constituinte que vai qualificar determinadas situações, dizendo que elas não podem 
ser atingidas por um tipo ou por tipos de tributos, em razão da especificidade que o 
constituinte elegeu. 
O constituinte quer proteger objetiva ou subjetivamente situações de normas 
tributárias. 
O fundamento axiológico das imunidades é a proteção de valores 
considerados fundamentais para o Estado. Por exemplo, no Brasil há imunidades de 
templos de qualquer culto. Isso porque a liberdade religiosa é um valor fundamental 
no Estado brasileiro. A mesma ideia é da imunidade recíproca, já que estamos diante 
de um federalismo (federalismo de 2º grau). 
I. Distinção entre imunidade, isenção e não incidência 
A não incidência significa que o fato não se subsume à norma jurídica. Isto é, 
há uma não incidência, pois a lei não prevê essa situação, não havendo essa hipótese 
de incidência.Não se enquadra na descrição do fato gerador. 
A lei pode estabelecer as hipóteses de não incidência, mas não é preciso trazer. 
No caso em que a lei traz a hipótese de não incidência, haverá uma não incidência 
legalmente qualificada. 
A imunidade, por sua vez, é uma hipótese de isenção constitucionalmente 
qualificada. A CF diz que sobre determinadas situações não incidirá qualquer tributo 
ou determinado tributo. Para alguns autores, a imunidade é uma norma de 
incompetência tributária, sendo a face negativa do conceito de competência 
tributária. 
A isenção, por outro lado, se distingue da imunidade em razão da sede jurídica 
 
45 
 
em que ela se encontra. Isso porque a isenção tem sede na lei, enquanto a imunidade 
tem sede constitucional. 
Se a não incidência ou isenção estiver na Constituição, haverá uma imunidade. 
Portanto, toda a previsão de intributabilidade prevista na Constituição, na verdade, 
não é isenção, e sim uma imunidade. 
Em algumas passagens da CF, há a expressão isenção, quando na verdade é 
uma imunidade. 
II. Tipologia das imunidades 
As imunidades podem ser: 
2. Imunidades genéricas: segundo o art. 150, VI, da CF, sem prejuízo de outras 
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre 
o Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
o Templos de qualquer culto; 
o Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas 
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições 
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os 
requisitos da lei; 
o Livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
o Fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil 
contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou 
obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os 
suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na 
etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. 
 Tratam-se de imunidades genéricas, pois impedem qualquer ente político a 
impor uma tributação sobre aquelas situações discriminadas. 
 
46 
 
 O vetor axiológico é o pacto federativo, a isonomia entre as pessoas políticas e 
ausência de capacidade contributiva. Veda-se, por exemplo, que os Estados-membros 
cobrem IPVA de veículos pertencentes a Municípios, bem como que os Municípios 
cobrem IPTU relativamente à propriedade de prédio pertencente à União. 
 Apesar de tratar apenas de impostos relativos a patrimônio, renda e serviços, 
segundo o STF, essa proteção deve ser ampla quanto aos tipos de impostos. Ex.: 
abrange também o II e IOF que também podem ser afastados, ainda que não se 
enquadrem no rol classificatório. 
 Segundo o STF, não há imunidade tributária em relação ao ICMS decorrente da 
prática econômica desenvolvida por entidade de assistência social sem fins lucrativos 
que tem por finalidade realizar ações que visem à promoção da pessoa com 
deficiência, quando desempenhar atividade franqueada da Empresa Brasileira de 
Correios e Telégrafos (ECT), ainda que a renda obtida reverta-se integralmente aos fins 
institucionais da referida entidade. A referida imunidade compreende somente o 
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das 
entidades nele mencionadas (art. 150, § 4º, da CF). Nesse mesmo sentido, o art. 14, § 
2º, do CTN afirma que os serviços imunes das instituições de assistência social são, 
exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais da 
entidade, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. Desse modo, a 
imunidade em relação ao ICMS não pode ser concedida no caso, porquanto a atividade 
econômica fraqueada dos Correios foge dos fins institucionais da entidade, ou seja, o 
serviço prestado não possui relação com seus trabalhos na área de assistência social, 
ainda que o resultado das vendas seja revertido em prol das suas atividades essenciais. 
• Imunidades específicas: quase sempre são referentes a determinados 
tributos, limitando a tributabilidade constitucional a determinadas situações 
eleitas pelo constituinte. Ex.: no caso do ITBI, que é de competência do 
município, não há sua incidência no caso de criação de empresa, ou seja, na 
hipótese em que o empresário incorpora um bem imóvel ao patrimônio da 
pessoa jurídica. Da mesma forma, não incide o ITBI quando há incorporação, 
cisão, extinção de pessoa jurídica, salvo se a atividade preponderante do 
 
47 
 
adquirente for justamente a compra e venda desses bens, direitos, etc. 
As imunidades poderão ser ainda: 
• Imunidades subjetivas: significa que está ligada ao sujeito. Aqui, leva-se em 
conta atributos da personalidade da pessoa que se está concedendo a 
intributabilidade. No caso da imunidade de templos de qualquer culto, leva-
se em conta a entidade religiosa, assim como ocorre com o partido político e 
a imunidade recíproca. O sujeito fica imune, deixando de ser responsável pela 
obrigação principal. No entanto, ressalte-se que não fica desonerado das 
obrigações acessórias. 
• Imunidades objetivas: significa que está ligada ao objeto. Logo, se leva em 
conta o objeto, determinados fatos, bens e situações não estão sujeitas a 
tributações. Exemplo disso é a imunidade sobre livros, jornais, periódicos e o 
papel destinado a sua impressão, bem como os fonogramas e 
videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou 
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por 
artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que 
os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de 
leitura a laser. Veja, leva-se em conta o objeto, não levando em conta a 
pessoa. 
• Imunidades objetiva-subjetiva: alguns doutrinadores ainda se referem à 
imunidade objetiva-subjetiva, levando em conta tanto o sujeito como o 
objeto. Exemplo disso seria o caso do ITR, o qual não incide quando se está 
diante de uma pequena gleba rural (objetivo), mas cujo dono não seja 
proprietário de outro imóvel (subjetivo). 
III. Imunidades em espécie 
a) Imunidade recíproca 
É a imunidade que existe entre os entes federados, vedando que um ente 
federado institua imposto sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, pois a 
 
48 
 
autonomia política do ente federativo obsta que esse sujeito se submeta a uma 
tributação de outro. Isso se dá em razão de não haver subordinação jurídica entre os 
entes federados. Se a União começa a cobrar impostos, haverá uma quebra da 
federação. 
Vale lembrar que contribuição poderá ser cobrada. 
Lembre-se que essa imunidade recíproca abrange o patrimônio, renda ou 
serviços com relação aos impostos. Mas isto não vai afastar a tributação indireta. Por 
exemplo, a União vai comprar algemas para os presídios federais. Quem está 
vendendo transfere os tributos incidentes ao consumidor (União), motivo pelo qual 
estará pagando IPI, ICMS, etc., embutidamente. 
Atente-se que somente impostos são encampados pela regra da imunidade 
recíproca, tributos como taxas, contribuições de melhoria e taxas não estão 
abrangidos. 
→ Extensão da imunidade recíproca às autarquias e às fundações públicas 
O art. 150, §2º, CF vai estender o alcance da imunidade recíproca às autarquias 
e às fundações públicas. 
Essa imunidade é restrita ao patrimônio, rendas e serviços dessas pessoas 
jurídicas de direito público, mas vinculadas as suas finalidades essenciais. Se não for, 
poderá recolher impostos. Veja, há uma imunidade vinculada. 
Frise-se que o ônus da prova da não afetação do bem imóvel com o propósito 
autárquico, segundo o STJ, é da entidade impositora. 
→ Restrições ao alcance da imunidade recíproca 
O §3º do art. 150 afasta da imunidade do patrimônio, das rendas e serviços a 
exploração de atividade econômica. O que esse

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