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Inter-relação entre Periodontia e prótese/dentística Prof. Cláudia Menezes A doença periodontal sem tratamento pode comprometer o sucesso da terapia restauradora. O estabelecimento da saúde periodontal facilita os procedimentos restauradores e fornece previsibilidade da odontontologia restauradora. Posicionamento da margem Disposição da margem da restauração: • Margem supragengival: menos impacto no periodonto, usada em locais não estético; • Margem subgengival: maior risco biológico. Margem supragengival - Vantagens • Maior facilidade no preparo cavitário; • Visualização da moldagem; • Visualização da adaptação das margens; • Melhor prevenção de reincidência de cáries, • Facilidade para a higienização pelo paciente. Margem supragengival - Desvantagens • Estética Margem subgengival - Vantagens • Estética Margem subgengival – Desvantagens • Associada a gengivite; • Retração gengival, tornando as restaurações supragengivais; • Migração apical do epitélio juncional e reabsorção óssea; • Dificuldade na moldagem e preparo cavitário, podendo causar danos ao periodonto; • Mudança na microbiota subgengival. Espaço Biológico (Tecidos supracrestais) Função: • Possibilitar aderência do epitélio juncional e inserção das fibras conjuntivas da gengiva ao dente. Espaço Biológico A integridade desses tecidos representa uma barreira de defesa entre a atividade da placa bacteriana e a crista óssea subjacente. Epitélio juncional 0,7 - 1,3 mm (0,97 mm) Inserção conjuntiva 0,7 - 1,5 mm (1,07 mm) MMÉÉDDIIAA 11,,44 -- 22,,88 mmmm ((22,,0044 mmmm)) Garguilo et al, 1961 Distâncias do epitélio juncional e da inserção conjuntiva podem variar: • Biótipo periodontal • Sítios em um mesmo dente • Tipo de dente • Perda de inserção Espaço Biológico Horizontal É a distância do periodonto entre raízes de dentes vizinhos, variando de 0,8 - 1,0 mm. Causas da violação do EB • Acesso às estruturas dentárias sadias; • Aumento da extensão do preparo, coroa naturalmente curta ou erupção passiva alterada; • Não respeito aos festões gengivais; • Identificação inadequada da profundidade do sulco. Consequências da invasão do EB •• IInnffllaammaaççããoo ggeennggiivvaall ppeerrssiisstteennttee •• PPeerrddaa óósssseeaa;; •• RReecceessssããoo mmaarrggiinnaall;; •• HHiippeerrppllaassiiaa ggeennggiivvaall llooccaalliizzaaddaa;; •• BBoollssaa ppeerriiooddoonnttaall;; •• DDoorr aa eessttíímmuullooss mmeeccâânniiccooss;; • CCoommbbiinnaaççããoo.. Avaliação do Espaço Biológico • Avaliação radiográfica; • Sondagem do nível da margem da restauração; • Sensibilidade do paciente; • Presença de sangramento e edema na região isolada, relacionada a presença de coroa protética ou restauração; • Sondagem da altura da crista óssea. Presença de Gengiva inserida • A presença de tecido queratinizado não é indispensável para a saúde periodontal na ausência de placa; • A pequena altura ou a ausência de tecido queratinizado é um fator de risco de desenvolvimento de recessões teciduais marginais. • Em áreas que serão reabilitadas com restaurações ou coroas protéticas, a gengiva é submetida a agressões de diferentes tipos; • O aumento da faixa de gengiva inserida é justificável nesses casos, principalmente se forem preparos intra-sulculares. • Faixa de gengiva inserida em áreas de restauração: no mínimo 2-3 mm. Biotipo Periodontal O biotipo é avaliado com base em 3 parâmetros: • Espessura gengival; • Faixa de gengiva queratinizada; • Espessura óssea. • BBiióóttiippoo ffiinnoo:: gengiva fina, pequena faixa de tecido queratinizado, periodonto festonado • BBiióóttiippoo iinntteerrmmeeddiiáárriioo:: Gengiva espessa, pequena faixa de tecido queratinizado e gengiva festonada • BBiióóttiippoo eessppeessssoo:: gengiva espessa, dentes quadrados, faixa ampla de tecido queratinizado, pouca papila Perfil de emergência Possibilita a correta movimentação do bolo alimentar durante a mastigação, evitando impactação de alimentos e prejuízo aos tecidos periodontais. • Higiene e saúde dos tecidos marginais; • Estética; • Higiene dos segmentos posteriores; • Aparência natural do segmento antero-superior; • Oclusão; • Intercuspidação dentária; • Orientação dentária Perfil de emergência • O sobrecontorno favorece a retenção de placa bacteriana. • OO ssuubbccoonnttoorrnnoo aapprreesseennttaa rraarraa iinnffllaammaaççããoo -- ggeennggiivvaall ssiiggnniiffiiccaannttee leva à impactação alimentar no sulco gengival. • Uma abertura excessiva das ameias contraria a eficácia do controle de placa, a estética e o conforto do paciente. Adaptação marginal •• ÁÁrreeaa ccrrííttiiccaa:: iinntteerrffaaccee ssuubbggeennggiivvaall//iinnttrraa--ssuullccuullaarr •• FFoonntteess ddee rruuggoossiiddaaddee:: -- ppoorroossiiddaaddee ddoo mmaatteerriiaall rreessttaauurraaddoorr -- eexxppoossiiççããoo ddoo aaggeennttee cciimmeennttaannttee -- eessttrruuttuurraa ddeennttaall aaddjjaacceennttee aaoo pprreeppaarree Degrau positivo Degrau negativo Provisórios • Devem facilitar o retorno ou manutenção da saúde tecidual; • Devem ser a cópia do dente permanente; • Não podem apresentar mal adaptações nas margens, excessos de cimento; • Devem apresentar formas de contorno adaptadas à saúde dos tecidos marginais, à estética e à oclusão. • Devem ser bem polidos. Funções • Estabilizar dentes com mobilidade; • Estabelecer uma oclusão fisiológica; • Melhorar a avaliação de dentes com cáries extensas; • Estabelecer um contorno fisiológico e criar um modelo para a reabilitação definitiva; • Permitir uma melhor orientação durante os procedimentos cirúrgicos. Complicações após cimentação • Excessos nas margens; • Resíduos subgengivais de cimento; • Hipersensibilidade aos materiais dentários. Periodonto Reduzido • Restabelecimento de uma oclusão adequada para devolver estabilidade e função, com liberação dos movimentos excursivos; • Trabalhos protéticos que permitam que os dentes suportem as forças mastigatórias; • Preferência para preparos supra gengivais; • Ferulização em casos de mobilidade. Aumento de Coroa Clínica IInnddiiccaaççõõeess • Cáries ou margens de preparo subgengivais; • Preparos dentais preexistentes invadindo o espaço biológico; • Fratura, reabsorção ou perfuração no terço cervical da raiz; • Coroas clínicas curtas que dificultam os procedimentos de moldagem e retenção das restaurações; • Aumento da coroa clínica de dentes anteriores curtos. Indicações para ACC com finalidade estética • Coroa clínica encurtada - erupção passiva alterada - atrição severa; • Discrepância entre o nível da margem gengival e a restauração estética; • Assimetria contralateral no nível do tecido marginal. (Nasr. Atlas Oral Maxillofac Surg Clin North Am, 1999; Chu; Karabin; Mistry. J Calif Dent Assoc, 2004) TÉCNICAS Bisel Interno – permite cicatrização por primeira intenção Bisel Externo – cicatrização por segunda intenção Retalho Total – descolamento do osso do periósteo, tecido conjuntivo e epitélio. Retalho Parcial – periósteo permanece inserido ao osso. GENGIVECTOMIA/GENGIVOPLASTIA Gengivectomia: É a remoção da bolsa periodontal ou do excesso do tecido gengival; Gengivoplastia: É o recontorno gengival, com o objetivo de criar contorno gengival fisiológico. Contraindicação • Necessidade de acesso a crista óssea; • Quando a bolsa a ser excisada estiver abaixo da junção muco-gengival; • Sítios com defeitos infra-ósseos ou crateras ósseas. CUNHA DISTAL RETALHO REPOSICIONADO APICALMENTE INDICAÇÕES: Aumento de coroa clínica onde há pouca faixa de tecido queratinizado;Exposição cirúrgica de dentes retidos ou em vias de erupção na mucosa alveolar; Cirurgia plástica periimplantar. VANTAGENS: • Aspecto estético da gengiva não modificada; • Pós-operatório pouco doloroso. DESVANTAGENS • Difícil nas faces linguais, impossível nas faces palatinas; • Dissecção e sutura no periósteo exigem habilidade; • Necessidade de incisões relaxantes. COLARINHO – Retalho de Widman Modificado • Remoção do excesso gengival; OSTEOPLASTIA/OSTEOTOMIA • Osteoplastia: Plastia óssea, sem remoção de tecido de suporte; • Osteotomia: Remoção de tecido de suporte dentário. • Realizados com brocas diamantadas em alta rotação, cinzéis, limas interproximais. Recuperação do espaço biológico horizontal - Restoration Alveolar Interface – RAI. TRACIONAMENTO DENTAL Indicações • Invasão do espaço biológico por cárie, fratura, reabsorções, perfurações e preparos supre estendidos; • Eliminação de bolsas periodontais; • Recobrimento radicular de recessões em dentes portadores de próteses; • Recuperação do espaço biológico horizontal. Contraindicações • Dentes com periodonto de sustentação muito reduzido • Anquilose • Hipercementose • Situações em que a cirurgia ressectiva implique em economia de tempo, sem prejuízo estético e de suporte dos dentes vizinhos • Diastemas amplos • Comprimento da raiz, forma da raiz, nível da fratura, importância relativa do dente, estética, prognóstico endodôntico/periodontal SORRISO GENGIVAL PRINCÍPIOS DE ESTÉTICA • Observar planos faciais; • Tipos de sorriso (sorriso baixo, sorriso médio e sorriso alto) • Linha cervical; • Zênite; • Simetria entre os dentes; • Presença de papila. Definição de Sorriso Gengival • Alteração estética, caracterizada pela exibição excessiva das gengivas durante o movimento do lábio superior para o sorriso; • No sorriso gengival, o paciente mostra mais de 3 mm de gengiva inserida. Todo sorriso gengival é um sorriso alto, mas nem todo sorriso alto é um sorriso gengival! Kahn & Dias, 2016 Etiologia - Tratamento do Sorriso Gengival • Crescimento vertical da maxila em excesso – CBMF + Ortodontia • Extrusão dento-alveolar – CBMF + Ortodontia • Lábio superior curto – Reposicionamento cirúrgico do lábio ou Toxina Botuliínica • Hiperatividade do lábio superior - Reposicionamento cirúrgico do lábio ou Toxina Botuliínica • Erupção passiva alterada – Cirurgia periodontal • Combinação de vários fatores – Tratamento multidisciplinar Erupção Passiva Alterada • Proporções faciais e comprimento/motilidade labial normais; • Grande exposição das gengivas durante o sorriso; • Coroas clínicas curtas.