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TEXTO 01 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM E SEUS DISTÚRBIOS AULA 01 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM Ψ Durante as últimas décadas, muitas pesquisas foram dedicadas à linguagem, tanto no que se refere à aprendizagem e desenvolvimento normal como às suas possíveis alterações ao longo de todo o ciclo vital. Ψ Os enfoques teóricos em relação ao seu estudo foram diversos. Ψ Correntes inatistas como as de Chomsky, as teorias de Piaget, de Bruner e especialmente de Vygotsky representaram postulados teóricos bastante diferentes. COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM Ψ Para explicar a aquisição da linguagem ou seu uso, é necessário se referir aos contextos de desenvolvimento e à linguagem como comportamento comunicativo. Ψ A comunicação é troca de informação e um fato social. Ψ Todos os animais se comunicam, mas somente os humanos possuem um código tão complexo como é a linguagem. LINGUISTICA MODERNA - A PERSPECTIVA SAUSSURIANA Ψ Língua= Linguagem + Fala Ψ Linguagem= Língua – Fala Ψ Fala: aspecto social. Ψ Signo: Significado Conceito Significante Imagem Acústica Representante psíquico do som no cérebro, que não é o som. A Língua: sua definição Ψ Mas o que é a língua? Ψ Ela não se confunde com a linguagem. Ψ É ao mesmo tempo um produto social da faculdade de linguagem (fala) e um conjunto de convenções necessárias (linguagem), adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. A Língua: sua definição Ψ A língua é uma convenção e a natureza do signo convencional é indiferente. Ψ Não é a linguagem que é natural ao homem, mas a faculdade de constituir uma língua: um sistema de signos distintos correspondentes a ideias distintas. Ψ A faculdade de articular palavras não se exerce senão com a ajuda do instrumento criado e fornecido pela coletividade, então, é a língua que faz a unidade da linguagem. Lugar da Língua nos fatos da linguagem Ψ O circuito da fala Ψ Supondo duas pessoas (A e B): o ponto de partida se situa no cérebro de uma delas (p.ex. A) onde os conceitos se associam às imagens acústicas (signos linguísticos); em seguida o cérebro (de A) transmite para seus órgãos de fonação um impulso correspondente à imagem, as ondas sonoras saem da boca (de A) aos ouvidos de B, onde o circuito se inverte. O Aparelho Vocal e seu funcionamento DIMENSÕES DA LINGUAGEM Ψ Nas crianças, o fator comum é sua dificuldade e progressão em aprender a se comunicar através da linguagem. Ψ A aquisição da linguagem acontece em função de aspectos biológicos e contextuais. Ψ A linguagem é um sistema complexo e dinâmico de símbolos convencionais usado de várias formas para o pensamento e para a comunicação. DIMENSÕES DA LINGUAGEM Ψ O subcomitê de Linguagem e Cognição da American Speech Language Hearing Association (ASLHA, 1987) cita uma série de aspectos cognitivos que podem afetar a linguagem ou que refletem a interação mútua, cognição e linguagem: 1. Dificuldades de atenção, percepção e memória. 2. Inflexibilidade, impulsividade ou pensamento e maneira de agir desorganizados. 3. Processamento inadequado da informação. 4. Dificuldades em processar informação abstrata. Aspectos cognitivos que podem afetar a linguagem 5. Dificuldades em adquirir nova informação. 6. Processo não-adequado para recuperar a informação armazenada. 7. Comportamento social não apropriado ou pouco convencional. 8. Alterações na velocidade de processamento da informação. 9. Lentificação na velocidade do processamento da informação, assim como problemas de fluência verbal que podem afetar os turnos de conversação, no inicio e no final de frases. Aspectos cognitivos que podem afetar a linguagem 10. As dificuldades perceptivas podem conter problemas de interpretação das mudanças na expressão facial, o que pode influenciar nos processos de comunicação da criança com o ambiente. 11. As dificuldades na capacidade de raciocínio encerram, por exemplo, problemas para captar o duplo sentido, o sarcasmo ou o humor. Aspectos cognitivos que podem afetar a linguagem 12. Os problemas de linguagem podem afetar a mesma situação de comunicação quanto à capacidade da criança para se situar em relação a um tema, aos interlocutores e ao mesmo objeto da comunicação ou da compreensão da linguagem. AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM Ψ Na hora de estudar a aquisição normal da linguagem e as alterações neste processo, deve-se levar em conta uma série de aspectos: 1. A linguagem unida ao contexto, social, familiar e histórico, e recebendo influências que a faz evoluir. 2. A linguagem como processo de comunicação e cognitivo. 3. Os diferentes componentes da linguagem. 4. O fato de poder haver alterações congênitas e adquiridas da linguagem. DESENVOLVIMENTO NORMAL DA LINGUAGEM E DA COMUNICAÇÃO Ψ A comunicação está presente desde o nascimento. Ψ O recém-nascido busca a voz humana e demonstra prazer ou surpresa quando encontra o rosto que é a fonte de som. Ψ Durante os primeiros meses de vida, os bebês são capazes de discriminar, de comparar fonemas e de diferenciar padrões de entonação e de fala da sua mãe. Ψ Podem diferenciar vozes diferentes. ESTÁGIOS PARA A COMUNICAÇÃO PREMATURA Ψ Para Bates (1976), existem três estágios para a comunicação prematura: 1. Inicialmente, os comportamentos da criança são indiferenciados e suas intenções, desconhecidas. 2. Depois, a criança utiliza os gestos e a vocalização para expressar intenção. Este estágio é significativo porque a intenção da criança de se comunicar é acompanhada de contato visual (SCOVILLE, 1983). 3. Finalmente, no terceiro estágio, são utilizadas palavras para concretizar intervenções previamente expressas mediante gestos (OWENS, 1978). ESTÁGIOS PARA A COMUNICAÇÃO PREMATURA Ψ Costuma-se produzir as primeiras palavras em torno de 1 ano, embora haja diferenças importantes entre as crianças. Ψ Essas palavras referem-se ao seu universo de objetos, pessoas e acontecimentos e tendem a ser nomes de joguinhos, animais, comida, verbos ou palavras de ação (p. ex., “dá”) (OWENS, 1978). CONTEXTO SOCIAL Ψ A linguagem é aprendida em um determinado contexto social, incorporando atividades de cada dia. Ψ As crianças estão expostas à linguagem durante o banho, a comida, o vestir, o jogo, etc.; Ψ elas não podem iniciar essas atividades independentemente, por isso, o primeiro contexto da linguagem é social. CONTEXTO DAS NECESSIDADES PESSOAIS E INTERESSES Ψ A linguagem é o veículo por meio do qual são comunicados necessidades e desejos. Ψ Estes influenciam nas palavras e nas expressões que a criança adquire. CONTEXTO DE ATIVIDADE MENTAL INDIVIDUAL Ψ A linguagem é o meio pelo qual nosso pensamento e nossas ideias são transmitidos, apesar de o pensamento e as ideias, abstratamente, não serem expressos até a adolescência. INTERLOCUTORES DA CRIANÇA Ψ Especialmente durante os primeiros anos, os interlocutores fazem adaptações da linguagem utilizada Ψ com a criança, e seus estilos comunicativos têm muita influência em sua aquisição da linguagem. DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM INFÂNCIA Desenvolvimento pré-verbal de forma e conteúdo Ψ Vocalizações reflexas (Até a 6ª semana) Ψ Balbucio e sorriso (6 a 16 semanas) Ψ Jogo vocal (16 a 30 semanas) Ψ Balbucio reduplicado (31 a 50 semanas) Ψ Balbucio variado (10 a 14 meses) Ψ Enunciados de uma palavra (início pelos 10 a 12 meses até 18 meses) Desenvolvimento pré-verbal do uso da linguagem Estágio pré-Iocutivo Ψ É caracterizado por pré-Iocuções que são ações por meio das quais, de maneira não-intencional, se comunica uma necessidade. Estágio ilocutivo Ψ Uso dos sinais não verbais, Estágio locutivo Ψ As locuções - palavras com significado - são utilizadas intencionalmente Desenvolvimento gramatical e semântico Ψ Pré-estágio I Ψ Fase l. Primeira palavra Ψ Fase palavra média. Ψ Estágio I. Idade, 16 a 31 meses. Ψ Estágio Il. Idade,21 a 35 meses. Ψ Estágio III. Idade, 24 a 41 meses. Ψ Estágio IV. Idade, 28 a 48 meses. Ψ Estágio V. Idade, 35 a 52 meses. Ψ Estágio V Avançado. Idade, 41 meses e maiores. DESENVOLVIMENTO PRECOCE DO USO Ψ Ao mesmo tempo em que aparecem as primeiras palavras, a criança aprende a usar a linguagem para controlar os outros, interagir no nível' social, chamar a atenção, iniciar novos temas de conversação, manter turnos com um interlocutor e manter o tema da conversação por no máximo um ou dois turnos. 1. Desenvolvimento precoce do uso 2. Desenvolvimento do discurso social. 3. Desenvolvimento de monólogos. 4. Desenvolvimento da narração. DESENVOLVIMENTO PRECOCE DO USO 5 ANOS Ψ Em torno de 5 anos muitas crianças sãos capazes de utilizar a linguagem com vários propósitos: Ψ Controlar os outros; Ψ Interagir socialmente; Ψ Chamar a atenção; Ψ Iniciar novos temas; Ψ Manter vários turnos de intervenção; Ψ Prover informação adequada ao interlocutor, se este pedir esclarecimentos; Ψ Expressar sentimentos e emoções; DESENVOLVIMENTO PRECOCE DO USO 5 ANOS Ψ Responder aos comentários de comunicação do interlocutor com enunciados referidos ao tema (contingentes); Ψ Controle quando a situação exigir variação de linguagem; Ψ Fazer pedidos indiretos de ação; Ψ Usar alguns termos dêiticos: isto - aquilo, aqui -ali; Ψ Falar consigo mesma de maneira audível e inaudível. DESENVOLVIMENTO PRECOCE DO USO 6 ANOS Ψ Nesta idade, as crianças são capazes de compreender e de produzir linguagem complexa, têm vocabulário receptivo e expressivo e utilizam a linguagem adequadamente para diferentes objetivos. Ψ Porém a aquisição da linguagem não está completa, pois continua até à idade adulta. DESENVOLVIMENTO PRECOCE DO USO 7 ANOS Ψ Nesta idade, as crianças compreendem parcialmente o conceito de causalidade, entendem e usam parte da palavra, assim como os conceitos espaciais opostos, como direita – esquerda e adiante - atrás. Ψ Fonologicamente, aos 7 anos muitas crianças são capazes de manipular sons para criar canções ou rimas. DESENVOLVIMENTO PRECOCE DO USO 8 ANOS Ψ Já entendem e usam as palavras de forma adequada. Ψ O nível fonético tem de ser perfeito nesta idade. Ψ Há progressos importantes, sobretudo no nível verbal. Ψ Pragmaticamente são capazes de manter conversações sobre temas reais e começara a entender e considerar as intenções do outro, o que os torna mais hábeis para participar em conversas. Ψ Os provérbios ainda são interpretados literalmente. DESENVOLVIMENTO PRECOCE DO USO 9 ANOS Ψ Conteúdo da linguagem: as crianças já são capazes de associar palavras. Ψ Alguns aspectos metafóricos da linguagem são aprendidos e entendidos parcialmente DESENVOLVIMENTO PRECOCE DO USO 10 - 12 ANOS Ψ 10 anos: As preposições são usadas para expressar conceitos temporais, períodos específicos de tempo.até os 9 anos. Ψ 11 anos: Para expressar relações causais, utilizam a conjunção "porque" referindo relação entre dois acontecimentos. Ψ 12 anos: Aos 12 anos a criança usa advérbios, conjunções e outras formas complexas no nível morfológico e sintático. DESENVOLVIMENTO PRECOCE DO USO Adolescência Ψ A maioria dos adolescentes é capaz de compreender e usar a linguagem de uma forma muito mais abstrata do que antes. Ψ Compreendem os significados abstratos e os provérbios. Ψ Continua a evolução na compreensão e no uso da linguagem. Ψ No nível pragmático, podem usar o sarcasmo, a brincadeira ou o duplo sentido de forma efetiva. Ψ Há um uso deliberado de metáforas. Ψ O domínio da linguagem abstrata se aproxima ao do adulto. DESENVOLVIMENTO PRECOCE DO USO Adultos Ψ A evolução da linguagem continua até à idade adulta. Ψ A do adulto se torna mais elaborada com a experiência, e há um uso mais diversificado da linguagem. Ψ Em função das necessidades e da experiência, os adultos tendem a desenvolver diferentes estilos comunicativos; Ψ Têm acesso a uma grande variedade de registros de comunicação que dependem da situação. TEXTO 02 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM E SEUS DISTÚRBIOS AULA 02 ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM NAS CRIANÇAS Ψ A linguagem é um sistema dinâmico e complexo de símbolos convencionais usado de vários maneiras para a comunicação e para o pensamento. Ψ Para qualificar a existência ou não de problemas, que podem se apresentar com características muito diferentes, são usados os seguintes termos: Ψ Atraso de linguagem. Aquisição mais lenta das competências normais da linguagem em relação ao esperado, para crianças de sua idade cronológica. ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM NAS CRIANÇAS Ψ Alteração da linguagem: Alteração ou atraso na aprendizagem das habilidades e dos comportamentos linguísticos. Ψ Geralmente, inclui comportamentos linguísticos que não são considerados parte do desenvolvimento normal da linguagem. Ψ Linguagem diferente: Os comportamentos e as habilidades linguísticas não estão de acordo com as pessoas de seu meio social ou linguístico. ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM NAS CRIANÇAS Ψ Na perspectiva do ASLHA, uma alteração da linguagem pode ser definida como: "compreensão e uso alterados dos símbolos falados, escritos ou de outro tipo". Esta alteração pode incluir: Ψ A forma da linguagem (fonologia, morfologia, sintaxe). Ψ O conteúdo da linguagem (semântica). Ψ A função da linguagem na conversação (pragmática). ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM NAS CRIANÇAS Ψ As crianças podem manifestar alguns destes problemas: Ψ Problemas de linguagem compreensiva. Ψ Problemas de linguagem expressiva. Ψ Baixa habilidade de percepção auditiva. Ψ Compreensão limitada do significado das palavras e dos enunciados em geral. ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM NAS CRIANÇAS Ψ Uso limitado dos aspectos morfológicos da linguagem. Ψ Uso limitado da estrutura da frase e da sintaxe. Ψ Uso inapropriado da linguagem. Ψ Uso deficiente da linguagem aprendida. Ψ Habilidades conversacionais limitadas. Ψ Habilidades limitadas para narrar experiências. ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM EM FUNÇÃO DA ETIOLOGIA Ψ As alterações da comunicação são as patologias mais freqüentes nos primeiros anos. Ψ Cerca de 10 a 15% das crianças apresentam problemas de fala, linguagem ou audição. Ψ As alterações de linguagem, nessa faixa etária, se relacionam aos problemas acadêmicos, emocionais ou comportamentais. Ψ A identificação e a intervenção precoce é o principal caminho para prevenir problemas futuros. Categorias etiológicas das alterações de linguagem - Fatores centrais Ψ Problemas de processamento central que incluem alterações corticais, influenciando a aprendizagem no nível cognitivo ou linguístico Ψ TDAH (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade) Ψ Retardo mental Ψ Autismo Ψ Déficit de atenção/hiperatividade Ψ TCE (traumatismo cranioencefálicol Ψ Outros Categorias etiológicas das alterações de linguagem - Fatores periféricos Ψ Inclui aspectos sensoriais ou motores que influenciam em como a linguagem entra (aferência) ou sai (eferência) do cérebro. Ψ Problemas auditivos Ψ Problemas visuais Ψ Surdez-cegueira Ψ Problemas físicos Problemas do entorno e emocionais Ψ Relacionados aos contextos de desenvolvimento ou aspectos inerentes à pessoa Ψ Mistos Ψ Muitas alterações da linguagem incluem problemas cognitivos, sensoriais, e/ou motores. Relações sociais deficitárias Ψ A linguagem é um fenômeno social e se desenvolve no contexto de relações sociais. Ψ As crianças aprendem a usar a linguagem devido a uma série de razões sociais, por exemplo, para expressar e aprender ideias ou para iniciar e desenvolver relações sociais. Falta de oportunidades linguísticas no entorno Ψ A maioria das crianças com problemas de linguagem tem um ambiente semelhante ao das outras crianças, e, por isso, o ambiente não é a causa. Ψ No entanto, para algumas crianças, a dificuldade de aquisição da linguagem pode estar relacionada a um input linguístico alterado. Ψ Existem casos de privação socialque demonstram que, na ausência de oportunidades sociais no entorno, a aprendizagem da linguagem, junto com outros aspectos fica alterada. TRANSTORNO ESPECÍFICO DA LINGUAGEM (TEL) Ψ É um déficit significativo nas habilidades de linguagem que está relacionado a problemas cognitivos, motores, sensoriais ou socioemocionais. Ψ Em crianças de 2 anos, quando não há sintomas evidentes, um atraso no vocabulário ou dificuldades para falar pode ser um primeiro sintoma. Ψ Uma criança com 2 anos que possui um vocabulário menor que 20 palavras e não as combina apresenta um desenvolvimento atrasado. TRANSTORNO ESPECÍFICO DA LINGUAGEM (TEL) Ψ Muitas dessas crianças têm um desenvolvimento lento do vocabulário. Ψ O TEL inclui déficits semânticos, evidentes com um número limitado de palavras ou conhecimento de conceitos, e déficits gramaticais. Ψ Em geral, as crianças de aproximadamente 18 meses, quando adquirem em torno de 20 a 30 palavras diferentes, começam a combiná-Ias. Ψ No entanto, a criança com TEL não começa a combinar palavras até que seu vocabulário passe de 200 palavras (LEONARD, 1982). CRIANÇAS COM RETARDO MENTAL (RM) Ψ Muitas crianças com RM têm uma compreensão e uma produção da linguagem de acordo com seu nível cognitivo. Ψ Em algumas delas a linguagem receptiva ou a expressiva pode ser inferior ao nível cognitivo. Crianças com autismo 1. Alterações na interação social: Alteração na comunicação não-verbal, contato ocular, expressão facial, linguagem corporal e falta de habilidade para chamar a atenção e o interesse. 1. Dificuldades no comportamento verbal e não-verbal: Atraso manifesto na fala, uso idiossincrásico da linguagem, problemas conversacionais e dificuldades no jogo interativo. 2. Insistência no mesmo comportamento: apresentando movimentos repetitivos, comportamentos ritualistas, preocupações anormais e resistência à mudança. Crianças com traumatismo crânio- encefálico (TCE) Ψ Essas crianças apresentam características muito diferentes, devido a acidente de circulação, a quedas ou a maus-tratos. Ψ O TCE inclui falta de inibição, falta de iniciativa, distratibilidade, baixos níveis de frustração. Ψ Os prejuízos produzidos por um TCE podem afetar a linguagem e outros aspectos do desenvolvimento. Síndromes genéticas e cromossômicas Ψ Síndrome genética Ψ Denota características específicas ou traços transmitidos de uma geração à outra. Ψ As alterações genéticas podem ser adquiridas quando um gene sofre um processo de mutação ou por herança. Síndromes genéticas e cromossômicas Ψ Alterações croniossômicas Ψ Refere-se aos desvios dos genes localizados nos cromossomas e podem ser também herdadas ou adquiridas. Ψ As mais conhecidas são as síndromes de Down e do X frágil. Ψ Em geral, as crianças com síndrome do X frágil apresentam déficit na recepção auditiva e visual, na gramática e na memória sequencial. Problemas auditivos Ψ Como nos problemas motores, os problemas auditivos apresentam uma grande heterogeneidade, com aspectos que podem influenciar na graduação do problema de linguagem: Ψ Se a deficiência auditiva é progressiva ou não. Ψ Se é unilateral ou bilateral. Ψ O tipo de deficiência auditiva. Ψ A ajuda que recebeu. Ψ A atitude dos membros da família. Ψ Se a deficiência auditiva é pré ou pós-linguística. Efeitos da deficiência auditiva na forma Ψ Dificuldades de inteligibilidade; Ψ Omissão de consoantes, especialmente as finais; Ψ Alteração na produção de vogais; Ψ Pausas frequentes; Ψ Dificuldades de articulação; Ψ Incoordenação da respiração e da fala; Efeitos da deficiência auditiva na forma Ψ Atraso no desenvolvimento da sintaxe; Ψ Dificuldades nos verbos e nos pronomes; Ψ Uso rudimentar de advérbios, preposições, quantificadores e pronomes; Ψ Atraso compreensivo e expressivo na aquisição das regras morfológicas; Ψ Atraso compreensivo e expressivo na aquisição das regras sintáticas. Efeitos na semântica Ψ Dificuldade em entender e usar palavras conceituais; Ψ Dificuldade com os significados figurativos de palavras e de frases; Ψ Dificuldade com palavras que podem ter muitos significados; Ψ Dificuldades em estruturar o discurso na linguagem falada. Prematuridade Ψ As crianças normais nascem depois de 38 semanas de gestação e com um peso superior a 2.500g. Ψ As crianças prematuras, frequentemente, pesam menos. Entre 15 e 35% dos prematuros ou com baixo peso têm atraso de linguagem a partir dos 24 meses. Exposição pré-natal ao álcool e às drogas Ψ Em alguns países desenvolvidos, a síndrome alcoólica fetal se encontra entre as causas principais de retardo mental. Essas crianças costumam apresentar baixo peso, anomalias faciais e déficit do sistema nervoso central (SNC). Ψ Também acontecem casos de desenvolvimento insuficiente do perímetro crânio-encefálico. Déficit de atenção e déficit de atenção / hiperatividade Ψ Em geral, o déficit de atenção é definido por aquilo que não é: Ψ Não é exatamente um problema de comportamento. Ψ Não é um problema de aprendizagem. Ψ Não é um problema de processamento auditivo. Déficit de atenção e déficit de atenção / hiperatividade Ψ Características: Ψ Uma dificuldade em manter a atenção de forma seletiva. Ψ A causa pode ser devido a alterações na transmissão das vias subcorticais que conectam o hemisfério cerebral com o córtex frontal. Ψ São áreas que se encarregam de focalizar a atenção, o autocontrole e o planejamento. ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM NOS ADULTOS Ψ Em alguns casos, as alterações de linguagem das crianças persistem nos adultos. Ψ Em outros, aparecem pela primeira vez na idade adulta, por diversas razões: Ψ Lesão cerebral hemisférica. Ψ Tumor cerebral. Ψ Envelhecimento cerebral. Ψ Em outros casos, as habilidades linguísticas podem deteriorar-se lentamente. Ψ Problemas de audição nos adultos são comuns. Afasias Ψ Afasia é uma alteração da linguagem associada a uma lesão cerebral, a problemas na compreensão ou expressão da linguagem, ou 'ambos; Ψ Dificuldade em reconhecer e escolher as palavras adequadas. Ψ Trata-se de um problema comunicativo e linguístico, relacionado com algumas das etiologias comentadas: infarto cerebral, acidente vascular encefálico (AVE), envelhecimento cerebral, etc. Problemas de voz Ψ Os problemas de voz podem dificultar a comunicação, e as causas (endócrinas, neurológicas, psicológicas, infecciosas, funcionais) podem ser diversas. Alzheimer e outras demências Ψ Aproximadamente 5% das pessoas entre 65 e 70 anos sofrem de demência. Ψ A demência é definida como uma constelação de sinais e sintomas de degeneração do SNC e é difícil de ser diferenciada de outras alterações neurológicas da linguagem, como, por exemplo, a afasia. Alzheimer e outras demências Ψ Uma das alterações mais comuns da demência sobre a linguagem é a semântica. Especificamente são percebidas quatro áreas de deterioração na semântica: 1. Alterações na denominação. 2. Discriminação do vocabulário. 3. Discriminação na habilidade em demonstrar o uso de um objeto, ou expressar alguma coisa que o clínico "imita" ou representa. 4. Desintegração nas habilidades de associação de palavras. Demências reversíveis Ψ As demências reversíveis são provoca das pela ingestão de toxinas, de drogas, ou por alterações metabólicas. Demências irreversíveis Ψ As chaves para o diagnóstico da demência são: 1. Deterioração sustentada da memória, acompanhada de alterações nas seguintes áreas: a) orientação no tempo e no espaço; b) problemas de raciocínio e capacidade de solucionar os problemas de cada dia; c) problemas com a economia diária (compras, finanças); d) cuidado pessoal. Ψ 2. Evolução progressiva. Ψ 3. Duração de, no mínimo, 6 meses. Efeitos da demência na comunicação Primeiros estágios Ψ Sons: uso correto. Ψ Palavras: pode omitir alguma palavra com significado, normalmente um nome. Pode ter dificuldades para encontrar a palavra adequadae reduz o vocabulário. Ψ Gramática: geralmente correta. Ψ Conteúdo: temas redundantes. Habilidade reduzida para gerar séries de frases com significado. Dificuldade em compreender informação nova. Ψ Uso: fala muito sobre o mesmo tema. Pode ter dificuldade para entender o humor, as analogias verbais, o sarcasmo e os estilos indiretos. Efeitos da demência na comunicação Estágio Intermediário Ψ Sons: uso correto. Ψ Palavras: dificuldade em usar palavras dentro de uma categoria. Anomia na conversação. Dificuldade para denominar objetos. Vocabulário notavelmente diminuído. Ψ Gramática: frases fragmentadas e com alterações. Tem dificuldade para entender frases complexas. Ψ Conteúdo: repete frequentemente ideias. Fala de acontecimentos passados ou triviais. Poucas ideias. Ψ Uso: sabe quando falar. Reconhece perguntas. Perda de sensibilidade para os companheiros de conversação. Não costuma corrigir seus erros. Efeitos da demência na comunicação Último Estágio Ψ Sons: geralmente o uso é correto, mas podem aparecer erros. Ψ Palavras: anomia acentuada. Vocabulário pobre. Falta de compreensão da palavra. Pode produzir jargões. Ψ Conteúdo: geralmente é incapaz de produzir uma sequencia com ideias corretas. O tema de muitas frases é voltar a explicar um acontecimento passado. Acentuada repetição de palavras e de frases. Ψ Uso: geralmente incapaz de utilizá-lo no contexto. Insensível aos outros. Linguagem muito pouco significativa. Alguns são mudos; outros, ecolálicos. Demências e HIV Ψ Aproximadamente 50% das pessoas com HIV desenvolvem complicações centrais ou periféricas. Nas últimas fases da enfermidade Ψ Se desenvolve a demência, e especialmente na fase terminal, o uso da linguagem fica muito prejudicado. Essas pessoas podem demonstrar, além disso, falta de concentração e apatia. Doença de Alzheimer Ψ Caracteriza-se por dificuldades de memória de curto ou longo prazo, que afeta as funções corticais superiores: pensamento abstrato, raciocínio e mudanças de personalidade. Ψ Essas mudanças interferem nas atividades normais e em suas relações. Ψ A doença de Alzheimer é caracterizada por uma deterioração progressiva que afeta o conhecimento, a memória e a linguagem. Doença de Alzheimer Ψ No primeiro estágio, que pode durar entre um e três anos, a pessoa com Alzheimer começa a ficar desorientada em situações não - habituais e tem dificuldade em recordar acontecimentos recentes ou nomes. Ψ O paciente usa pausas, circunlóquios e substituições de palavras para compensar seus problemas de denominação. Doença de Alzheimer Ψ No estágio intermediário, que dura de 2 a 10 anos, esses pacientes têm dificuldades com muitas tarefas, problemas afetivos para estar em sociedade e uma crescente dificuldade na denominação, sem se esforçar para se corrigir. Doença de Alzheimer Ψ Nos últimos estágios, a denominação fica muito prejudicada, a linguagem expressiva costuma ficar limitada a um jargão e há dificuldade para estruturar tarefas. Ψ As pessoas com Alzheimer tornam-se totalmente dependentes, precisam de ajuda para as rotinas de cada dia e, cognitivamente, são incapazes de reconhecer nomes, acontecimentos e lugares. Ψ Habitualmente não iniciam conversações, e as habilidades linguísticas ficam muito prejudicadas; parecem voltar à infância. Doença de Pick Ψ A doença de Pick tem sintomas semelhantes à doença de Alzheimer, mas tem uma etiologia diferente. Ψ Trata-se de uma enfermidade neurológica progressiva, com diminuição gradual da massa encefálica, especialmente dos lóbulos frontal e temporal. Multi-infartos Ψ Aproximadamente 20% dos pacientes que apresentam algum tipo de demência senil tiveram vários infartos cerebrais. Ψ Este tipo de demência é o resultado de muitos infartos que afetam a zona do córtex, provocando dano em toda uma série de áreas cerebrais. Costuma ser referida como demência vascular. Ψ A cognição é caracterizada por uma memória inconsciente, lapsos, dificuldades de pensamento abstrato e raciocínio. Multi-infartos Ψ As alterações da linguagem diferem segundo o lugar da lesão: Ψ Apraxia: incapacidade para coordenar a musculatura oral para fazer movimentos voluntários. Ψ Alexia: incapacidade para ler. Ψ Agrafia: incapacidade para escrever. Doença de Parkinson (demências subcorticais) Ψ As demências subcorticais se diferenciam das corticais pela presença de transtornos motores associados à demência. Ψ Os transtornos motores precedem a demência. Ψ Os pacientes com demência tipicamente subcortical apresentam disartria, problemas de voz, problemas de fala e articulação. Ψ Entre 40 e 50% dos pacientes com a doença de Parkinson sofrem de dificuldades de denominação, cognição e memória. Doença de Huntington Ψ A doença de Huntington é uma alteração neurológica associada, frequentemente, à demência subcortical. Ψ A fala é irregular e espasmódica, os movimentos da boca e dos músculos faciais são rápidos e involuntários.
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