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É muito comum professores encontrarem crianças que apresentam déficits auditivos, motores ou cognitivos, que causam consequências no domínio da comunicação e linguagem. Tais dificuldades podem ir desde leves problemas de fala, até graves problemas de linguagem. Problemas Graves de Comunicação: Dificuldades que causam distúrbios, como autismo e psicoses. Mutismo Seletivo: Ausência total e persistente da fala, em certas circunstâncias ou frente a determinadas pessoas, em crianças que já adquiriram a linguagem e a utiliza normalmente em outros contextos; Dislalia: Distúrbio na articulação dos sons, devido a dificuldades na discriminação auditiva. Disglossia (Dislalias Orgânicas): Dificuldade na produção oral, devido a alterações anatômicas/fisiológicas dos órgãos articulatórios. Alterações labiais (lábio leporino), mandibulares, linguais, palatinas (fissura palatina) e nasais podem levar à disglossia, fazendo-se necessário intervenção cirúrgica e logopédica. Disfemia (Gagueira): Frequente, afeta a fluência da fala, caracterizando-se por interrupções no ritmo desta. Pode ser ‘clônica’, quando consiste em interrupções, ou, ‘tônica’, quando ocorrem bloqueios. Quando a criança está com 3 anos de idade, esta começa a organizar sua linguagem e ocorrem alguns episódios de gagueira em virtude desta organização, este fenômeno não representa um problema. Atraso da Fala: Dificuldades oriundas do sistema fonológico. Afasia: Transtorno de linguagem que ocorre após uma lesão cerebral. Disfasia: Distúrbio dos mecanismos de aquisição da linguagem, apresenta problemas de compreensão e uma aquisição diferente dos padrões evolutivos esperados. Atrasos da Linguagem: Dificuldades de compreensão e/ou produção da linguagem quando o sujeito já ouvia e falava normalmente sua própria língua. Surge como resultado de lesões cerebrais. • Problemas graves de comunicação; • Mutismo seletivo. Problemas Comunicativos • Dislalias; • Disglossias; • Atraso da fala; • Disfemias. Problemas de Fala da Linguagem • Afasia; • Disfasia; • Atraso da linguagem. Problemas Globais Os Problemas de Comunicação, Fala e Linguagem Laura P. da Encarnação Onde estão as causas? Detectando o problema de linguagem na escola É o professor quem detecta as dificuldades de seus alunos na comunicação e linguagem através da observação, ou pode ser consultado como fonte adicional em avaliações realizadas por outros profissionais, estabelecendo uma colaboração onde todos contribuam para a interpretação e intervenção no caso. O ideal é poder observar o indivíduo em diferentes situações e momentos, realizando observações breves ao longo de alguns dias, permitindo uma visão geral do quadro desse sujeito, suas relações com outros, sua facilidade em se comunicar e a variedade de experiências em que se encontra. À partir do registro das observações, é possível conhecer a evolução do caso. Deve-se observar os tipos de interlocutores que o indivíduo busca e os usos comunicativos compartilhados com outros profissionais. A finalidade é adquirir uma ‘impressão’ sobre o sujeito. Intervenção na linguagem As intervenções são individuais e deverão ser realizadas na escola ou em uma clínica especializada, com o objetivo de facilitar a aprendizagem de uma forma, palavra ou estrutura que o indivíduo ainda não possua. Essas aprendizagens precisam ser funcionais no mundo social deste sujeito, utilizando de situações familiares e escolares para potencializar o processo, as intervenções individuais necessitam estar em concordância com o que o indivíduo trabalha em sala de aula e em seu ambiente familiar. À partir de um trabalho em conjunto entre o indivíduo, professores, logopedistas, psicólogos e familiares, a intervenção será global e ajustada às necessidades reais do sujeito, auxiliando-os a comunicarem-se mais e melhor, e fazer com que suas interações com os outros sejam frequentes, ricas e variadas. Na Criança Para que a linguagem se desenvolva sem problemas, é necessáriauma integridade anatômica e funcional de todos os órgãos que participam deste processo: O aparelho respiratório, auditivo, órgãos fonatórios, vias nervosas, áreas corticais, subcorticais motoras e sensoriais. Uma lesão ou malformação de algum destes pode comprometer o desenvolvimento ideal da linguagem. Também é necessário considerar fatores cognitivos e intelectuais do indivíduo. No Ambiente Comunicação e linguagem são as formas de interação do ser humano com o meio social, são é apreendida através desta. É necessário investigar o ambiente social do indivíduo. Depreciação Ambiental Crianças que são concebidas em ambientes de altos níveis emocionais negativos e ambientes de rejeição, podem desenvolver dificuldades comunicativas; Ambiente superprotetores podem impedir o desenvolvimento autônomo, tornando a fala infantilizada; Classe Social As diversas classes sociais da sociedade não apontam para problemas de linguagem, e sim para variações na utilização desta, são diferenças e não defeitos. O código de certo contexto é o que predomina no ambiente escolar, provocando a descontinuidade entre o uso da linguagem que é comum ao indivíduo e a utilizada na escola. Faz-se necessária a ampliação da cultura dos professores para situações mais desfavorecidas. Alunos com Desafios Físicos e Sensoriais Aparelhos Ortopédicos: Indivíduos que necessitam de aparelhos de correção dentária, sapatos especiais, muletas ou cadeira de rodas. É necessário uma escola com arquitetura acessível; Transtornos Convulsivos (Epilepsia): A convulsão generalizada é caracterizada por movimentos espasmódicos incontroláveis, e a convulsão de ausência é caracterizada por períodos de “apagão” na consciência do sujeito. Quando ocorrem, deve-se atentar para que o indivíduo não se machuque, e compreender que estes episódios causam extremo cansaço e confusão, provocando a descontinuidade dos estudos; Paralisia Cerebral: Apresentam dificuldade em movimentar-se e em coordenar seu corpo, também podem ocorrem prejuízos na audição, fala ou leve retardo mental; Prejuízo Auditivo: Utilizar leitura labial, linguagem de sinais e soletração dos dedos; Prejuízo de Visão: Utilizar lentes corretivas, gravadores de voz, ábacos, modelos tridimensionais etc. Orientações básicas para o trabalho com crianças que apresentam quaisquer dificuldades: Adaptar-se sempre à criança, se ajustando às suas necessidades e dificuldades; Partir dos interesses, experiências e competências da criança, auxiliando uma aprendizagem significativa; Fazer comentários sobre a atividade tratada é um meio que enriquece e facilita a interação; Evitar corrigir ou repetir as produções erradas, tais ações aumentam a sensação de fracasso e inibe as iniciativas de comunicação; Dar tempo para a criança se expressar; Reforçar os êxitos para melhorar a autoestima e segurança pessoal; Incentivar o uso da linguagem para diferente funções; Criar oportunidades de ampliação do uso da linguagem; Fazer perguntas que possibilitem respostas diferentes e auxiliar em perguntas com respostas de alternativas; Estabelecer o feedback comunicativo através de gestos, expressões faciais e corporais etc.; Compreender a dificuldade da criança em discussões orais e leitura escrita; Utilizar representações visuais como desenhos e gráficos; Criar situações lúdicas sempre que possível; Estabelecer colaborações com a família, como um livro de anotações para troca de informações, complementando a intervenção com a presença de agentes e situações diferentes no processo.