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NEUROPSICOLOGIA 2 RESUMO B R E N D A A B U R Q U E T I INTRODUÇÃO Trata-se de um sistema de símbolos (palavras, escritas ou faladas) e regras que possibilitam que nos comuniquemos. A comunicação é a função primária da linguagem. O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM O feto pode ouvir e, nas últimas semanas de gestação, já é capaz de discriminar sons. Após o nascimento, a primeira forma de comunicação do bebê é o choro, que tem papel fundamental na sua interação com seus pais e cuidadores. A partir dos 3 meses de vida, um bebê já inicia o balbucio, que vai se aperfeiçoando ao longo do tempo e se transforma em um jargão comunicativo (linguagem pouco compreensiva) ao redor dos 9 meses. O surgimento das primeiras palavras ocorre próximo dos 12 meses e, neste período, a criança produz cerca de 10 palavras. Por volta dos 18 – 24 meses, o ganho lexical é lento, com o aprendizado de três ou quatro palavras por semana. Aos 24 meses, ocorre o chamado “boom lexical”, quando as crianças chegam a quadruplicar o número de palavras produzidas. Entre 18 e 24 meses há o início da justaposição de palavras, considerado o embrião do desenvolvimento gramatical propriamente dito, que se formaliza ao redor dos 30 meses e se consolida até por volta dos 5 anos. A partir daí inicia o período das chamadas últimas aquisições que vão se aprimorando até o domínio total da língua. Até por volta dos 2 anos e 6 meses, a fala é simplificada, a criança pode ser compreendida apenas por seus cuidadores. Aos 3 anos ocorre um aumento significativo na inteligibilidade, e a criança passa a ser compreendida por qualquer adulto falante do mesmo idioma. Entre 3 e 6/7 anos, todas as simplificações devem desaparecer e as produções orais da criança devem ser corretas. A partir dos 7 anos o processo de desenvolvimento da linguagem continua em expansão com o aperfeiçoamento das estruturas linguísticas produzidas, obviamente em se tratando de indivíduos típicos, diretamente relacionado ao ambiente ao qual esse indivíduo está exposto. A LINGUAGEM Habilidades de linguagem: escuta da fala, leitura, fala e escrita. O desenvolvimento das habilidades da linguagem é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e de aprendizado (envolve o processo de comunicação). Desordens da linguagem e da fala: podem afetar a maneira como a criança fala, compreende, analisa ou processa informação – influenciam a capacidade em manter um diálogo com significado, compreender os outros, resolver problemas, ler e compreender o que leu, e expressar pensamentos através da escrita. ALTERAÇÕES Atraso simples e linguagem: desordem que compromete o desenvolvimento da linguagem, é transiente, ou seja, é superada sem deixar qualquer consequência no desenvolvimento da criança. Via de regra, suas respostas são lineares, com comportamento típicos de faixas etárias anteriores, e geralmente são decorrentes de imaturidade, questões ambientais e/ou socioemocionais adversas, consideradas fatores exógenos à criança. Transtorno Fonológico: os marcos do desenvolvimento não são atingidos nas idades previstas. É caracterizado como uma alteração na produção da fala (dificuldade de ordem motora) e/ou na representação e no armazenamento dos sons da fala (dificuldades perceptuais e/ou de organização da língua são consideradas falhas cognitivas). Gagueira: pode ser definida por rupturas involuntárias do fluxo da fala, caracterizado por repetições de sons e sílabas, bloqueios, prolongamento de sons, pausas extensas e intrusões de sons nas palavras. Em decorrência dessas rupturas, a velocidade de fala é diminuída e há rompimento no fluxo suave e contínuo da produção da fala. CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS QUE APOIAM O DIAGNÓSTICO História familiar positiva para transtorno de linguagem. As pessoas, inclusive crianças, podem optar por uma acomodação a seus limites linguísticos. Podem parecer tímidas ou reticentes em falar. Os indivíduos afetados podem preferir comunicar-se somente com membros da família ou com pessoas conhecidas. FATORES DE RISCO E PROGNÓSTICO Genéticos e fisiológicos: os transtornos da linguagem são altamente herdáveis e membros da família tem maior propensão a apresentar história de prejuízo na linguagem. AFASIAS São condições que alteram a capacidade dos pacientes de se comunicar de forma adequada. Afetam a capacidade de falar ou se expressar verbalmente, a compreensão da linguagem verbal, a compreensão da linguagem escrita (leitura) e a capacidade de escrever. Normalmente ocorrem após lesões cerebrais, que geralmente acometem o lado esquerdo do cérebro (hemisfério esquerdo) principalmente nas regiões frontais e temporais à esquerda, onde a maioria das pessoas possuem as redes neurais, que possibilitam as funções cerebrais da linguagem. Testes neuropsicológicos, como por exemplo, o teste de afasias de Boston, são testes padronizados ao redor do mundo, geralmente aplicados por neuropsicólogos, que ajudam a entender os diferentes tipos de disfunção da linguagem nas afasias. Sintomas: o paciente fala frases curtas ou incompletas, fala frases que não fazem sentido, troca uma palavra por outra ou troca fonemas por outros fonemas, essas trocas são conhecidas como parafasias semânticas ou fonéticas respectivamente, fala palavras incompreensíveis, não entende a conversa de outras pessoas, escreve frases que não fazem sentido. Causas: doenças neurológicas (AVC); também se instala de forma gradual, como quando relacionadas a tumores cerebrais ou doenças degenerativas, como alguns tipos de demências; abscessos cerebrais, traumas de crânio, esclerose múltipla etc. Diagnóstico: é eminentemente clínico, sendo o neurologista o profissional mais habilitado para este diagnóstico. O tamanho da lesão cerebral e o tipo de doença de base determinam o grau de deficiência da linguagem. Tipos: fluente e não fluente. ➜ Afasia não fluente: pessoas com esse distúrbio lutam para se expressar e apresentam grande dificuldade em achar as palavras, falam frases muito curtas e omitem palavras; podem entender o que as outras pessoas dizem melhor do que podem se expressar. ➜ Afasia fluente: pessoas com essa forma de afasia podem falar com facilidade e com fluência, geralmente se expressam com frases longas e complexas que muitas vezes não fazem sentido no contexto da conversa, ou incluem palavras incompreensíveis, incorretas e desnecessárias; não entendem o que está sendo falado e muitas vezes não percebem que as outras pessoas não conseguem compreendê-los. OBS: A disartria que é uma alteração neurológica caracterizada pela dificuldade em articular as palavras de maneira correta. A disfonia (rouquidão) que é toda e qualquer dificuldade na vocalização das palavras. Geralmente relacionadas a disfunções das cordas vocais. REABILITAÇÃO É o processo de intervenção com o objetivo de estimular habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais com o intuito de melhorar o desempenho, a funcionalidade e a qualidade de vida. Principal alvo: redução de queixas e de sofrimento do impacto cognitivo. Geralmente é associada a uma lesão ou disfunção cerebral. HABILITAÇÃO O paciente já está em idade mais avançada do que esperada para que uma ou mais habilidades cognitivas se desenvolvesse em seu nível suficiente. Não está associada a uma perda de desempenho, mas sim ao fato de o paciente não ter tido chances e oportunidades de desenvolver uma ou mais habilidades cognitivas. ESTIMULAÇÃO PRECOCE INTERVENTIVA Antes ou no início da fase em que se espera que uma ou mais habilidades cognitivas fossem se desenvolver tipicamente, estimula-se o indivíduo para auxiliá-lo neste desenvolvimento natural, evitando-se atrasos ou eventuais dificuldades. O objetivo da intervençãovisa o melhor desempenho cognitivo e funcionalidade, a generalização para o mundo real e atividades de vida diária e manutenção e a prevenção e estimulação precoce. INTERVENÇÃO NEUROPSICOLÓGICA INFANTIL A maioria dos déficits são decorrentes dos transtornos do neurodesenvolvimento e não de quadro neurológico. As disfunções neuropsicológicas na infância têm características muito mais heterogêneas do que homogêneas, devido às várias trajetórias do desenvolvimento. Apesar do cérebro da criança ser mais plástico e mais suscetível a se recuperar que o do adulto, sabe-se que quanto mais precoce for a lesão, mais difícil tende a ser a recuperação (subprocessos cognitivos mais complexos dependem dos domínios neuro cognitivos mais basais). Lesões cerebrais precoces podem gerar maiores dificuldades na aquisição de habilidades básicas necessárias para o desenvolvimento. Variáveis importantes para o planejamento da intervenção: idade da criança, escolaridade da criança e dos pais, tipo de escola e fatores socioculturais. PRINCIPAIS DEMANDAS NEUROPSICOLÓGICAS NA INFÂNCIA Transtornos do desenvolvimento: transtornos do espectro autista, transtornos específicos de aprendizagem, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, deficiência intelectual, transtornos da comunicação e transtornos motores. Condições neurológicas: epilepsias, traumatismo crânio encefálico e neoplasias. Queixas psiquiátricas e comportamentais. INTERVENÇÃO NEUROPSICOLÓGICA COM BASE NA AVALIAÇÃO Uma vez delimitado o perfil neuropsicológico do paciente, é possível compreender não só seu padrão de habilidades e dificuldades, mas o impacto dos déficits em seu comportamento e em sua funcionalidade. A reabilitação é uma intervenção ecológica. Objetivo (função): melhorar o dia a dia do indivíduo, a qualidade de vida baseada em evidências científica e a funcionalidade. Etapas: 1) Avaliação neuropsicológica: identificar habilidades e dificuldades cognitivas, emocionais e comportamentais, e compreender o impacto no dia a dia. 2) Planejamento da intervenção com base na funcionalidade e incapacidade. 3) Estabelecimento de metas: irão nortear todo o programa de intervenção. Precisam ser individualizadas, centradas no paciente, definidas em conjunto com a família e outras profissionais, voltadas para melhorar a funcionalidade e qualidade de vida do paciente. 4) Estratégias e técnicas: para alcançar as metas. O PROCESSO DE ESTABELECIMENTO DE REGRAS Delimitar o comportamento a ser modificado, evitar generalizações. Dar preferência a comportamentos específicos. Construir definições operacionais do comportamento. Estabelecer objetivos e planos a serem alcançados. Medir o problema. ADULTOS E IDOSOS Para fazer reabilitação neuropsicológica, é preciso ter uma estrutura física e equipe multiprofissional. Qualquer abordagem psicológica pode ser usada na reabilitação neuropsicológica. O foco da reabilitação é envolver a pessoa em algum tipo de trabalho ou atividade que tenha sentido para a pessoa. É desejável ter dois psicólogos: um para tratar aspectos emocionais e outro, para tratar a parte cognitiva. FADIGA Fatores que pioram: ansiedade e depressão; dificuldades para dormir; efeitos colaterais da medicação e outras condições de saúde; dor e dificuldades físicas; mudanças hormonais; má alimentação; adaptação às mudanças que a lesão trouxe na vida; ambiente em que vive. Como lidar: atividade física; meditação; relaxamento. É importante a família entender que cansaço é diferente de fadiga. Não se deve ficar parado, deve- se descansar para poder seguir em frente depois, mais disposto!
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