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Psicomotricidade, Movimento e Recreação

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INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 1 
www.institutowallon.com.br 
PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO 
 E RECREAÇÃO 
 
 
 
INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 2 
www.institutowallon.com.br 
PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
 Prezado (a) Aluno (a); 
 
Henri Wallon nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia passou 
pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explicitada à 
aproximação com a educação. Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela 
Escola Normal Superior, cursou também medicina, formando-se em 1908. Viveu num 
período marcado por instabilidade social e turbulência política. 
Henry Wallon além de elaborar uma teoria sobre o desenvolvimento humano, 
em virtude de sua preocupação com a educação, escreveu também sobre suas ideias 
pedagógicas apontando bases que a psicologia pode oferecer à atuação pedagogia e 
o uso que a pedagogia pode fazer dessas bases, além de se nutrir da experiência 
pedagógica. 
Wallon deixou-nos uma nova concepção ao da motricidade, da emotividade, e 
da inteligência humana, sobretudo, uma maneira original de pensar a Psicologia 
Infantil e reformular os seus problemas. Dessa forma, o INSTITUTO WALLON, não 
apenas faz uma homenagem a este tão importante ícone da educação, mas, também, 
reforça a necessidade de buscarmos uma educação cada dia melhor. 
Você está recebendo este material didático, na certeza de contribuirmos para 
sua formação acadêmica e, consequentemente, propiciando oportunidade para 
melhoria de seu desempenho profissional. Todos nós, da equipe WALLON, 
esperamos retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com 
a qualidade, por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de 
melhoria contínua. 
O presente material didático foi produzido criteriosamente, por meio de 
coletâneas, compilações e pesquisas, pelos Professores e Coordenadores do Instituto 
Wallon, para que os referidos conteúdos e objetivos sejam atingidos com êxito. 
Esperamos que este seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do 
seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento de sua prática. Leia com muita 
atenção as orientações a seguir e um ótimo estudo! 
Abraços! 
Direção Geral 
 
 
 
 
 
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www.institutowallon.com.br 
PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
Sumário 
 
Unidade 1 - Psicomotricidade na Educação ... ................................................... 4 
Unidade 2 - O Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem ......................... 14 
Unidade 3 - Recreação na Educação Infantil ................................................. ..35 
Unidade 4 - Jogo no Desenvolvimento Infantil...................................................57 
Referências Bibliográficas........................................................................ .. ..... 81 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
UNIDADE 1 – PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO 
 
 
 
História da psicomotricidade 
O processo histórico da Psicomotricidade está vinculado à história do corpo. 
Esta vinculação baseia-se na valorização que os antigos povos davam ao corpo 
humano, por meio da exposição de um físico musculoso , que na época representava 
a força da masculinidade. 
Este percurso histórico foi marcado pelas diferentes concepções que o homem 
tinha a respeito de um tecido de membros que protegia a alma e o espírito do homem. 
As transformações sobre a ideia de corpo perpassaram desde a civilização 
oriental até a ocidental, tendo ainda como parte deste contexto a civilização grega e a 
idade média, com discussões sobre a cultura do corpo, entendendo sua importância 
e dando destaque para o corpo nos grandes eventos em estádios, nos mármores 
lapidados e nos altares de culto da época. 
O filósofo Platão em suas defesas de educação do espírito e do corpo afirmava 
que havia uma separação entre corpo e alma. Porém apontava ser o corpo apenas 
um lugar de transição do mundo real, ou seja morada para uma alma imortal. 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
Para Aristóteles o corpo era o lugar da matéria 
lapidada pela alma, tendo como tarefa apenas colocar o 
corpo em movimento. Nesta linha de pensamento, também 
defendia a ideia de que a alma tinha a forma do corpo, sendo 
este o primeiro estudo sobre o aspecto psicomotor. Estudo 
este que trazia a ginástica como prática de atividade física 
que tinha como objetivo promover o desenvolvimento do corpo. A melhoria então daria 
ao espírito maior plenitude, graça e vigor. Assim de acordo com suas ideias, os 
exercícios físicos deveriam ser praticados até a adolescência de forma leve para não 
prejudicar o desenvolvimento do espírito. 
É no século XVIII, que Descartes traz em suas pesquisas alguns princípios 
sobre corpo, com uma dualidade de corpo. Diferenciado na definição de a matéria 
corpo como algo somente externo e alma como parte mais substancial, pensante 
reflexivo e que não seria participante das atividades que o corpo executava. 
No século XIX, com as contribuições de estudos sobre neurofisiologia, 
percebeu-se que seria impossível haver uma disfunção física séria, sem uma lesão 
localizada no cérebro. Nestas evoluções sobre a temática abordada, são descobertos 
distúrbios na atividade gestual como parte de uma área do sistema nervoso, surgindo 
então às primeiras pesquisas sobre o campo psicomotor ligado ao aspecto 
neurológico. 
O francês Dupré, no ano de 1907 trouxe muitas contribuições a partir de seus 
estudos clínicos, principalmente com a definição de debilidade motora composta por 
sincinesias (movimentos involuntários), paratomias (incapacidade de relaxar a 
musculatura voluntariamente) e as inabilidades sem danos ou uma lesão 
extrapiramidal. As pesquisas trouxeram pressupostos que esclarecem que os 
aspectos neurológicos e as perturbações motoras infantis o conhecimento que 
direciona para a noção de psicomotricidade relacionada com o desenvolvimento da 
inteligência e afetividade. 
O médico, psicólogo e pedagogo Henri Wallon (1879-
1962) marcou de forma veemente estudos sobre a 
psicomotricidade e como parte da construção do psiquismo. 
Wallon relacionou o movimento como parte do afeto, da 
emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo. 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
Defendia em seus estudos o entendimento de que o movimento é o pensamento em 
ação, sendo que a linguagem e o pensamento caminham juntos e são indissociáveis. 
As obras de Piaget(1896-1980) se preocupou com estudos sobre as inter-
relações sobre a percepção e a psicomotricidade por meio das experiências. Seus 
relatos apontam que o períodosensório motor é de suma importância para o 
desenvolvimento da motricidade e consequentemente estimula a inteligência. 
Nesta contextualização histórica, por volta de 1960, Ajuriaguerra, juntamente 
com Wallon e Piaget deixam um legado substancial para outros autores que dão a 
psicomotricidade uma redefinição sobre o seu objeto de estudo. Estas definições 
enfatizaram especialmente a interrelação, a emoção e o movimento do sujeito como 
um todo. Definições que influenciam também na formação dos conceitos do campo 
da psicanalise relativo à afetividade. 
Na década de 70, surgem definições sobre a psicomotricidade como uma 
motricidade de relação. A definição aponta para a delimitação do campo, fazendo 
diferença entre a postura reeducativa e a postura terapêutica. Aconteceu aí, uma 
despreocupação com as técnicas que lançavam mão do uso de instrumentos 
padronizados, para a preocupação com o corpo como parte do sujeito pensante. Com 
a definição sobre psicomotricidade houve uma diferenciação e assim passou a não 
mais ser vista como uma disciplina, mas com uma especificidade, fundamentada de 
forma clara que os transtornos psicomotores perpassam entre o aspecto neurológico 
e o psiquiátrico. 
Portanto, a narrativa histórica sobre a Psicomotricidade e o seu 
desenvolvimento parte das contribuições daqueles que se lançaram na construção de 
definições e conceitos. Tais definições dão a Psicomotricidade suas principais áreas 
de atuação definidas como: educação, reeducação e terapia psicomotora com 
características próprias em cada um deles. 
 
1.1 - O SURGIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL 
 
A história da psicomotricidade no Brasil vem acontecendo de maneira 
semelhante à história mundial. Os primeiros documentos registram seu nascimento 
na década de 50. Gruspun, psiquiatra da infância, mencionava atividades 
psicomotoras indicadas no tratamento de distúrbios de aprendizagem e enfatizaram o 
movimento para os processos terapêuticos da criança excepcional. 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
Em Porto Alegre/RS, segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade ( 
SBP), foi criado serviço de Educação Especial, dentro da Secretaria de Educação do 
Estado, dirigido por Rosat, psicóloga, inserindo no atendimento a Ortopedia mental e 
a Educação Física para os excepcionais. 
No Rio de Janeiro/RJ, em 1951 foi criado o primeiro curso de formação de 
professores para deficientes auditivos, onde eram incentivadas as atividades de 
Educação Física com jogos, dramatizações, mímica, rítmica e dança. 
A princípio, a psicomotricidade foi introduzida nas escolas especializadas como 
um recurso pedagógico que tinha como objetivo corrigir distúrbios e preencher lacunas 
de desenvolvimento das crianças excepcionais. Portanto a Educação Especial foi o 
elo de surgimento e ligação da psicomotricidade na Europa e no Brasil. 
Considera-se que a partir de 1968, é que realmente foi difundida no Brasil, 
através de cursos e cadeiras de psicomotricidade em universidades de diversos 
estados brasileiros. Em 1970, a primeira formação acontece no Rio de Janeiro com a 
vinda, da França, de Mademoiselle Ramain Thiers e Germain Farjado. Posteriormente 
iniciaram-se os cursos de formação pelos franceses André Lapierre e Francoise 
Desobeau. 
Foi fundado em 1977 o GAE, Grupo de Atividades Especializadas, que veio 
apromover a partir de 1980 vários encontros nacionais e latino-americanos. O 1º 
Encontro Nacional de psicomotricidade foi realizado em 1979. O GAE é responsável 
pela parte clínica e o ISPE, Instituto Superior de Psicomotricidade e Educação, 
destinado a formação de profissionais em psicomotricidade, se dedica ao ensino de 
aplicações da psicomotricidade em áreas de saúde e educação. 
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade foi fundada em 19 de abril de 1980, 
e teve presidente Beatriz do Rego Saboya com a participação de Francoise 
Desobeau, conseguindo que fosse integrada a Sociedade Internacional de 
Psicomotricidade, que era sediada em Paris/França, entidade de caráter científico 
cultural sem fins lucrativos. 
Em 1982, a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), organizou seu 
primeiro congresso no Rio de Janeiro. Nessa época começaram a surgir as primeiras 
publicações brasileiras na área da psicomotricidade. 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
Em 1983,no Rio de Janeiro, aconteceram o curso de Pós Graduação em 
Psicomotricidade, na Universidade Estácio de Sá e no Instituto Brasileiro de Medicina 
de Reabilitação IBMR. 
Foi aberto o curso de formação de Psicomotricista em julho de 1984, com 
duração de quatro anos, em nível de graduação, hoje já aprovado pelo MEC. 
Ocorreram no Brasil, vários congressos promovidos pela Sociedade Brasileira 
de Psicomotricidade abordando diversos temas, sendo o mais recente o X Congresso 
com o tema “Interfaces da Psicomotricidade”, em 2007, realizado em Fortaleza/CE. 
A Sociedade Brasileira em Psicomotricidade (1999), define psicomotricidade 
como ciência que tem, como objetivo de estudo, o homem através do seu corpo em 
movimento em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas 
possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. 
Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições 
cognitivas, afetivas e orgânicas. 
Portanto, a evolução da Psicomotricidade Brasileira foi norteada pela escola 
francesa e se deu como na França, com a reeducação psicomotora, e mais tarde com 
a educação, terapia e clínica psicomotora. 
Neste processo evolutivo, o trabalho com a Educação Especial foi o elo entre o 
surgimento da psicomotricidade na Europa e no Brasil. Hoje este tema tem relevância 
nos cursos de graduação, Pós Graduação, e cursos de pequena duração e em 
especial neste, o curso de práticas pedagógicas. 
 
1.2 – NOÇÕES E CONCEITOS DE PSICOMOTRICIDADE 
 
Como vimos anteriormente na trajetória histórica da Psicomotricidade, 
encontramos várias definições acerca de sua definição. Percebemos que seu estudo 
está em constante discussão e evolução. O termo evoluiu seguindo uma trajetória 
primeiramente teórica, depois prática, até chegar a um meio-termo entre essas duas, 
estabelecendo pouco a pouco seu marco conceitual e de atuação prática. 
A evolução da Psicomotricidade, teve em seu início um foco no aspecto motor 
e neurofisiológico da criança, partindo da análise da relação entre o atraso do 
desenvolvimento motor e o atraso intelectual. Os estudos também se seguiram em 
torno das habilidades e aptidões motoras em função da melhoria do desenvolvimento 
motor, relacionando a idade cronológica até chegar a posição atual a 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
psicomotricidade. Aspecto que permite o entendimento de que a psicomotricidade 
ultrapassa os problemas motores e direciona também a relação entre o gesto e a 
afetividade associada a investigação destes. 
Neste sentido, a psicomotricidade relaciona de forma globalizada os 
aspectos sociais afetivos cognitivos e motores como resgate da qualidade de vida. 
Alguns conceitos de Psicomotricidade: 
 
CONCEITO 
 
É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através 
do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo 
interno e externo. Estárelacionada ao processo de maturação, 
onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e 
orgânicas... (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade) 
 
CONCEITO 
 
É a relação entre Motricidade e Inteligência permitindo 
relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao ambiente e os 
hábitos da criança. (Wallon - 2005). 
 
CONCEITO 
 
É uma terapia que, agindo por intermédio do corpo sobre as 
funções mentais perturbadas, considera a pessoa na sua 
totalidade, melhorando as qualidades de atenção, 
representação e relacionamento visando, pelo movimento, uma 
organização mental cada vez maior. (Victor Fonseca - 2008). 
 
Segundo André Lapierre (1989), a psicomotricidade considera o ser físico e 
social em transformação permanente e em constante interação com o meio, 
modificando-o e modificando-se. Na psicomotricidade é trabalhado a vivencia 
corporal, o campo semiótico das palavras e a interação entre objetos e o meio para 
realizar uma atividade. (Apud BUENO, 1998 p19). 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
O desenvolvimento psicomotor acontece num processo conjunto de todos os 
aspectos (motor, intelectual, emocional e expressivo), iniciando no nascimento e 
completando-se maturacionalmente1 por volta dos oito anos de idade. 
 
1.3 - CORPO 
 
O corpo é o meio de comunicação, 
expressão, movimento e ação por onde o homem 
exprime toda a sua capacidade emocional e 
intelectual baseadas em suas experiências 
vividas. 
Segundo Fonseca (2008, p. 410), O 
corpo surge, portanto, mais uma vez, como o 
componente material do ser humano, que, por 
isso mesmo, contém o sentido concreto de todo o comportamento sócio histórico 
da humanidade. O corpo não é, assim, o caixote da alma, mas o endereço da 
inteligência. O ser humano habita o mundo exterior pelo seu corpo, que surge como 
um componente espacial e existencial, corticalmente organizado, no qual e a partir do 
qual o ser humano concentra e dirige todas as suas experiências e vivencias. 
É através do corpo que a psicomotricidade tem seu material de estudo, sobre 
onde acontecem as representações corpóreas, que se modificam seguindo um ritmo 
e por sua vez fazendo com que cada sujeito tenha uma vivencia corporal significativa. 
 
1.4 – MOVIMENTO 
 
Movimento é uma noção muito complexa que designa uma realidade 
sumamente diversificada, e cujos diferentes aspectos só se articulam em torno desta 
definição: chama-se movimento todo o deslocamento de um corpo ou de um objeto 
no espaço. Para o corpo humano, trata-se de todo e qualquer deslocamento de um 
ou vários segmentos, ou do corpo em seu conjunto. 
 
O movimento assim considerado permite ao indivíduo 
“sentir-se” e “situar-se”, a fim de melhor aplicar o 
 
1 Maturacionalmente: Desenvolvimento do ser humano a partir de experiências vividas e/ou adquiridas ao longo 
da vida. 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
investimento da sua corporalidade face ao espaço, ao 
tempo e ao mundo dos objetos. (Fonseca) 
 
Os comportamentos que a situação escolar exige, porém 
em destaque a inseparabilidade da motilidade e da 
inteligência, já que é pelo movimento que o pensamento 
se vai estruturando. (Fonseca) 
 
Portanto, a ausência do movimento e da experiência corporal da criança 
compromete a organização do cérebro. 
 
1.5 - COGNIÇÃO 
 
Cognição é a aquisição de um conhecimento, que permite a compreensão e 
estabelece o conhecimento intelectual. É por meio dos processos e estruturas 
cognitivas que se elabora e torna efetiva a aprendizagem. Essa será formada uma 
parte pela carga genética e uma parte pela influência do meio, desta estrutura é que 
favorece a inteligência. Bruno – Neto (2007, p. 160) escreve “que a inteligência é o 
produto da exploração de inúmeras informações visuais, táteis, auditivas, olfativas 
e gustativas processadas e armazenadas pelo cérebro”. 
A inteligência fornece coerência interna ao processo de pensamento, e é 
preciso ressaltar que as emoções atuam fortemente sobre a vida cognitiva. Os 
processos cognitivos estão intrinsecamente ligados à vida emocional e social dos 
indivíduos a partir de suas vivencias. 
Bruno-Neto, (2007, p 161), sugere-se que a inteligência deve ser influenciada 
pela experiência. E pode-se dizer que pessoas educadas em ambientes estimulantes 
maximizariam seu desenvolvimento intelectual, e as pessoas criadas em ambientes 
empobrecidos não atingiriam seu potencial intelectual. 
 
1.6 - AFETIVIDADE 
 
A afetividade é um estado psicológico do ser humano que pode ou não ser 
modificado a partir das situações. Segundo Piaget, tal estado psicológico é de grande 
influência no comportamento e no aprendizado das pessoas juntamente com 
o desenvolvimento cognitivo. Faz-se presente em sentimentos, desejos, interesses, 
tendências, valores e emoções, ou seja, em todos os campos da vida. 
Diretamente ligada à emoção, a afetividade consegue determinar o modo com que as 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
pessoas visualizam o mundo e também a forma com que se manifesta dentro dele. 
Todos os fatos e acontecimentos que houve na vida de uma pessoa traz recordações 
e experiências por toda a sua história. Dessa forma, a presença ou ausência do afeto 
determina a forma com que um indivíduo se desenvolverá. 
Alguns transtornos ocorrem devido à ausência ou pouco recebimento de afeto, 
onde os mais evidenciados são depressão, fobias, somatizações e ansiedade 
generalizada. Pessoas com recordações e experiências ruins e/ou tristes se tornam 
apáticas, ou seja, pessoas que excluem a afetividade de sua vida e que se tornam 
frias e ausentes de emoção. 
Afetividade influencia no desenvolvimento geral, ou seja no comportamento e 
no desempenho cognitivo, pois é uma sensação de estrema importância para todos 
os seres humanos. 
 
1.7 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE 
 
Reeducação psicomotora 
O trabalho da reeducação privilegia a princípio, três situações: o alívio do 
problema, a redução do sintoma e a adaptação ao problema, através de jogos e 
exercícios psicomotores. 
Na redução deve-se privilegiar a expressão livre e harmoniosa do corpo. 
A metodologia se apoia na sistematização, no nível de idade e nos riscos – 
reforço do problema. 
As conclusões, ou seja, os resultados do exame dependem dos sintomas 
apresentados e da qualidade da relação estabelecida. 
 
Educação psicomotora 
É dirigida basicamente a crianças normais pretendendo favorecer ao máximo, 
o desenvolvimento psicomotor e evitar as desviações da personalidade. 
É uma atividade preventiva que através da prática psicomotora propicia o 
desenvolvimento das capacidades básicas, sensoriais, perceptivas e motoras, 
favorecendo a uma organização mais adequada ao desenvolvimento global. 
Segundo Lapierre: “A atividade espontânea é uma porta aberta à criatividade 
sem fronteiras, à expressão livre das pulsões, ao imaginário e simbólico, ao 
desenvolvimento livre da comunicação.” 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTOE RECREAÇÃO 
Uma atividade através do movimento, visando um 
desenvolvimento de capacidades básicas – sensoriais, 
perceptivas e motoras, propiciando uma organização 
adequada de atitudes adaptativas, atuando como agente 
profilático de distúrbios da aprendizagem. (Regina Morizot 
– 1979 – p16) 
 
 
Terapia psicomotora 
Tem como objetivo a utilização do corpo, com seus movimentos e sua 
expressividade, através de uma linguagem pré-verbal, que mostram os conflitos e 
dificuldades na relação EU – OUTRO – OBJETO, a serem resolvidos ou minimizados. 
É através do corpo e seus movimentos, que se diagnosticam os 
atrasos psicomotores, ou disfunções apresentados pelo sujeito. É uma terapia a nível 
corporal que tende a modificar uma organização psicopatológica. 
O cliente vive situações afetivas e emocionais. É abordado o sintoma 
diretamente, o sujeito revive situações passadas através de jogos regressivos, no 
corpo a corpo através da ludicidade e dos jogos simbólicos, o trabalho acontece no 
contexto relacional e afetivo – verbal, corporal, corporal-verbal, vivenciado. 
O relaxamento também é usado como práticas terapêuticas, assim como 
atividades livres, lúdicas e ordenadas. 
A Terapia Psicomotora é destinada a indivíduos normais ou portadores de 
deficiências físicas ou mentais que apresentam dificuldades de comunicação, de 
expressão corporal e de vivência simbólica (Fonseca, 2008). 
Objetivos da Terapia psicomotora: Atingir a pessoa em sua globalidade, 
aprimorando as predicados de atenção, representação e relacionamento, apontando, 
pelo movimento, um arranjo intelectual cada vez mais acrescentada; Melhorar a 
atividade mental que preside à elaboração, transmissão, execução e controle do 
movimento; Promover a consciência e integração do corpo; Afirmar a lateralidade; 
Autocontrole corporal, orientação espaço temporal; Inibir as pulsões motoras; 
Melhorar a representação do movimento; Valorizar o aspecto simbólico e expressivo 
do movimento; Educar o movimento/ desenvolvendo as estruturas cognitivas e 
afetividade; 
Depois de conhecer a história e conceitos da Psicomotricidade, vamos agora 
entrar no tema desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. 
 
 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
UNIDADE 2 – O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E 
APRENDIZAGEM 
 
Para falar em desenvolvimento psicomotor e aprendizagem, teremos que falar nos 
aspectos que se distinguem pelo aparato biológico individual que cada criança traz na 
sua carga genética e por outros que são adquiridos pela intenção com o meio do qual 
se faz parte. Serão abordados aspectos motores, sensoriais, perceptivos, cognitivos 
e afetivos, presentes no desenvolvimento psicomotor da criança. 
Estes aspectos quando estimulados e combinados entre si, levam a aquisição 
de competências indispensáveis a aprendizagem escolar e da vida diária. 
 
 
O que você entende por aprendizagem? 
 
 
 
 
 
Aprender é modificar o cérebro com a experiência. Quanto mais você esforça, 
mais aprende e melhor fica naquilo que pratica. Portanto, segundo Ohweiler (2006) - 
aprendizagem é processo complexo que resulta em modificações estruturais e 
funcionais permanentes do Sistema Nervoso Central. Representa uma das fases da 
memória: aquisição. 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
Segundo Piaget (1987) “...as crianças não nascem com conhecimento, nem o 
conhecimento é lançado sobre elas, mas a criança deve construir arduamente sua 
formas de conhecimento ao longo do tempo.” 
A prática de exercícios pode resultar numa melhora do desempenho cognitivo. 
Os exercícios aprimoram uma série de habilidades valorizadas nos ambientes de 
ensino. 
 
2.1 – ASPECTOS MOTORES 
 
Aspectos sensoriais 
Antes do nascimento a criança já percebe os estímulos sensoriais dentro do 
útero materno. O que permite a sua adaptação ao novo meio. Assim, os sentidos 
tornam-se os canais condutores desses estímulos, que podem ser: 
Exteroceptivo - Este Sistema sensorial tem seus órgãos sensoriais localizados 
na periferia corporal (olhos, orelhas, pele, nariz e boca). Agem a partir das informações 
transmitidas por células sensitivas que por sua vez, são estimuladas por sensações 
que ocorrem no ambiente circundante, isto é, fora do corpo (ex.; estímulos visuais ou 
auditivos). 
Proprioceptivo – Este sistema é que direciona as informações relacionadas 
aos movimentos corporais e a posição do corpo. Os receptores proprioceptivos 
localizados nos músculos (fuso neuro-muscular), no tendão, nas cápsulas articulares 
(complexos de Golgi) e no labirinto (sistema vestibular). Fornecem informações 
referentes à posição e ao movimento dos membros do corpo (Fonseca, 2008, p. 577). 
Interoceptivo – O sistema sensorial rege as informações emocionais ligadas 
ao controle de todo equilíbrio fisiológico. Este sistema sensorial permite que o 
indivíduo se aproprie das estimulações recebidas dos aparelhos digestivos, 
respiratório e circulatório. 
A criança aprende desde o nascimento por meio dos sentidos de seu corpo, a 
conhecer o mundo a sua volta e a se mover nele. Alguns dos canais sensoriais mais 
utilizados pela espécie humana são: 
 
Visão 
 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
É pela motricidade e pela visão que a criança descobre o 
mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela muda 
(Ajuriaguerra, 1983, p. 210)). 
 
È considerado o mais eficiente canal sensorial, é veloz, preciso e perfeito na 
comunicação e relacionamento com o outro. A criança nasce com a visão difusa. 
Primeiro ela explora o objeto com a mão e, mais tarde, com a visão, acontecendo a 
interação com o meio. Com a maturação cerebral e o ajustamento da visão binocular, 
a informação visual será controlada e categorizada com a informação motora. 
A criança conhece o mundo dos objetos e das pessoas, por meio da 
estimulação visual, ela vai criando imagens do mundo. 
 
Audição 
É por meio da audição que se percebe uma gama infinita de sons, 
principalmente das vozes humanas. Representa um canal importante de 
aprendizagem. É determinante para o conhecimento do mundo, discriminando choros, 
risos, tosses, balbucio, expressões, localizações, entre outros. A audição é um 
sistema sensorial básico para a compreensão da fala humana, indispensável à 
estruturação simbólica. 
 
Tato 
O tato é um sentido que é percebido pela pele. Percebe a temperatura, pressão, 
dor, postura, movimento, entre outros. São processados por sensores táteis e 
cinestésicos, levando os seres humanos a percepção e discriminação de estímulos se 
tornando num importante meio de comunicação. 
O bebê quando ainda rodeado pelo líquido amniótico, já recebe uma infinidade 
de estímulos e, mais tarde, sua pele se condicionará como órgão de comunicação e 
de interação. É pelo tato, que o bebê começa a exploração do meio externo, através 
dos cuidados que recebe e, também, ele próprio, com o seu corpo e com seu Tato. È 
um sentido que possui uma grande superfície corporal voltada para o exterior, sendo 
receptor de vários estímulos. 
Quando o bebê é amamentado, quando suga o peito, provoca na mãe a 
liberação de hormônios de prazer (ocitocina e prolactina), há neste momento uma 
interação e uma comunicação tátil, que ficarámarcada e projetada no 
desenvolvimento emocional dessa criança. 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
Olfato 
Este sentido associado a situações de prazer e desprazer torna-se um 
importante meio de comunicação. O olfato tem o nariz como principal órgão receptor 
dos estímulos, é responsável por sentir os odores, os cheiros. 
Contribui na orientação espacial quando a visão não puder ser utilizada. O bebê 
reconhece sua mãe pelo olfato e a discrimina de outras pessoas. 
 
Paladar 
É pelo paladar que reconhecemos os gostos das substâncias colocadas sobre 
a língua. Na língua estão localizadas as papilas gustativas, que são estruturas 
compostas por células sensoriais que nos permitem identificar os gostos básicos: o 
amargo, o azedo, o salgado, e o doce. O paladar também é influenciado pelo olfato, 
auxiliando o cérebro a reconhecer a discriminar os sabores dos alimentos levados à 
boca. 
Durante a alimentação acontece uma interação não só nutritiva, mas afetiva e 
emocional. Este momento pode determinar em um importante canal de comunicação 
e aprendizagem. 
 
 Cinestésico 
Este sentido depende de receptores dos músculos, tendões, cápsulas, 
ligamentos e articulações. Ele registra a posição do corpo e ajuda a equilibrar os 
movimentos, o posicionamento, a velocidade e a força das partes do corpo durante o 
movimento. É um sentido com ações voluntárias, pois se alguém se move é porque 
assim deseja. Se fecharmos os olhos e mexermos os membros, o sentido cinestésico 
nos torna consciente do movimento. 
 
Aspectos perceptivos 
Quando os bebês nascem, já possuem uma boa quantidade de mecanismos 
perceptivos e cognitivos para enfrentar o mundo. Durante o primeiro anos de vida, sua 
ação motora é ainda mais limitada, através da percepção vai assimilando o meio que 
a cerca. Por meio do sistema sensorial, o bebê vai recebendo dados vindos do meio 
exterior (exteroceptivos), por meio dos músculos, tendões e articulações em 
movimento (proprioceptivos) e vindos também dos órgãos internos (interoceptivos), 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
levando-os a desenvolver uma capacidade de reconhecimento e identificação das 
informações – percepção – para, assim, compreender e se relacionar com o meio que 
o envolve. 
A percepção é de grande relevância no processo de aquisição de competências 
indispensáveis nas aprendizagens escolares, pois desde muito cedo, a criança é 
colocada em situações que propiciam o contato com o mundo das sensações, sendo 
estimuladas em seu meio, transformando experiências em aprendizagem e, esta, em 
inteligência. Com base nisso, Bee (2003, p. 168) escreve: 
 
De fato, conseguir que a colher entre com segurança na 
boca não é tarefa fácil para a criança pequena, Isso 
obviamente envolve habilidades motoras, uma vez que 
ela precisa agarrar a colher e mover a mão e o braço em 
direção a boca. (...) Ela também precisa utilizar uma 
ampla variedade de informações perceptivas. Acriança 
tem de enxergar a colher e\ou senti-la em sua mão, 
calcular a distancia em relação à boca e determinar a 
trajetória apropriada, enquanto coordena as informações 
visuais e cinestésicas conforme vai prosseguindo, a fim de 
mudar de direção caso precise. (Bee - 2003, p. 168) 
 
 
A aprendizagem acontece em um ambiente complexo, cheio de estímulos e 
sensações vividas da interação com o meio familiar, onde o bebê lança mão de um 
mundo sonoro, visual, tátil-cinestésico, para melhor percebê-lo e compreendê-lo. 
Alguns canais perceptivos mais disponíveis e utilizados nas aprendizagens 
infantis são: 
 
 Percepção visual 
É um meio de interação entre o homem e seu ambiente. É por meio da 
percepção visual que se percebe os sensações captadas do mundo e do próprio corpo 
e ainda as discrimina, seleciona e identifica, relacionando-as com as experiências 
anteriores reconhecendo-as. A percepção visual representa primeiro degrau das 
funções cognitivas, pois constitui um dos principais meios de estimulação cognitiva 
garantindo a representação mental, que analisa a distancia, a visão e o 
reconhecimento do objeto. 
Algumas capacidades psicomotoras devem ser estimuladas, como: 
 
 
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Coordenação visomotora– É a capacidade de coordenar à visão com a 
produção da escrita (representação gráfica), do desenho, da cópia, e até mesmo, das 
atividades lúdicas de manipulação e de jogos que utilizam objetos como bolas, tacos, 
bambolês e bastões, utilizando a coordenação olho e ação motora. 
Figura fundo – É a capacidade de distinguir uma figura em espacial dentro de 
um fundo de outras informações. Esta competência é essencial para análise e síntese 
dos estímulos, sejam eles auditivos ou visuais. É importante para a distinção entre 
palavras, na leitura e escrita, e nas mais variadas atividades. 
Posição no espaço – É a habilidade em reconhecer e perceber qualquer 
forma, em qualquer posição no espaço. É a capacidade adquirida com a consciência 
da lateralização do espaço corporal. Esta habilidade permiti a diferenciação, a 
discriminação, a seleção e distinção de igual e diferente, mesmo que em posições 
invertidas, revertidas ou rodadas, por exemplo: b,d,q e p. 
Relações espaciais: É a capacidade em reconhecer e perceber as posições 
espaciais como, na frente\trás, embaixo\ em cima,\entre\ao lado de, em objetos, 
figuras, pontos, letras e números entre si, em sua relação com o indivíduo. a escrita é 
utilizada para reconhecer uma sequência de letras em uma palavra ou uma sequência 
de palavras em uma frase. 
A percepção visual deve-se processar antes das primeiras exigências gráficas. 
Com uma estimulação psicomotora adequada, pode-se desenvolver todas as 
competências de uma forma lúdica e prazerosa, tornando a aprendizagem integrada 
e contextualizada. 
 
Percepção auditiva 
A percepção auditiva tem como atender a direções verbais, processar e 
discriminar as ordens verbais, ajustando-se a situação e respondendo motoramente 
ou não a elas. Permite Integrar, memorizar e reproduzir ritmos e também a traduzir 
músicas em movimentos, diferenciar os variados sons de instrumentos de percussão, 
reter e integralizar sons, timbres e volumes, mudar expressões motoras de acordo 
com o som. Pode promover a integração intersensorial auditivo-motora. 
 
 Percepção tátil-cinestésica 
 
 
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É o meio pelo qual o indivíduo projeta, registra, analisa, armazena e integra no 
cérebro as informações captadas pelos receptores táteis e cinestésicos, isso acontece 
por manipulação e experimentação do movimento no espaço ao redor de si próprio. É 
facilitada principalmente pelos receptores localizados em toda pele e pela percepção 
da modalidade muscular, provocada pela reação de músculos, tendões e articulações. 
O verdadeiro conhecimento corporal se dá pelas sensações do movimento (percepção 
cinestésica) que atingem o corpo; mover é sentir e sentir é saber. Esta percepção 
quando eficiente propicia à criança o ajuste automático as situações posturais, 
espaciais, temporais e coordenativas necessárias e exigidaspara as competências 
escolares e da vida diária. 
 
Aspectos cognitivos 
 
 
 
 O que o bebê tem ou faz que permita perceber 
que ele “pensa”ou “sabe” algo sobre a coisas? 
 
 
 
 
As funções cognitivas representam o processo pelo qual um organismo recebe 
informações e as elabora para pautar seu comportamento. 
Por meio do movimento e atuando no ambiente, o bebê vai vivendo e criando 
novas experiências para si mesmo, estas experiências são atraentes e interessantes 
ao bebê, pois vão além do que ele pode compreender no momento. Os seus esforço 
vão se consolidado em aprendizagens, em acúmulos de novos entendimentos. O 
prazer em realizar novas ações que vão sendo significativas pelo outro experiente, as 
quais vão sendo reforçadas, leva o bebê a repetir a ação, repetir a incerteza, repetir 
incontáveis possibilidades de ação novamente e, finalmente apropriar-se deste 
conhecimento e melhorando os níveis de cognição. 
 
Seu tipo de cognição é inteiramente inconsciente, não 
simbólica e não simbolizável (pelo bebê); é o tipo de 
 
 
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inteligência que exibimos quando realizamos ações que 
são caracteristicamente não simbólica e não pensantes, 
em virtude de terem sido tão aprendidas e automatizadas, 
como por exemplo, escovar os dentes, (FLAVEL; MILLER 
& MILLER, 1999,p.44). 
 
Na visão Piagetiana (1970), a linguagem, por meio da imitação tem sua origem 
na função simbólica (no final do estágio sensório-motor), desenvolvendo-se 
dependência com a inteligência. Paralelamente às ideias de Piaget, existem outros 
estudos que atribuem às aquisições cognitivas da criança, durante p primeiro ano de 
vida, como resultado de uma relação com o mundo de objetos e, também, como a 
criação da compartilhada de estruturas produtivas em um mundo de pessoas que se 
comunicam (Wallon, 2005). 
Gera cognição, quanto maior for a estimulação e a interação social e 
comunicativa da criança com seu ambiente, maior será sua capacidade de criar 
esquemas que antecipem o resultado de sua ação. 
Cognição – ato ou ação de conhecer ou adquirir conhecimentos. Explica como 
a criança pensa e aprende. Pressupõe a estimulação de: 
Percepção e discriminação – capacidade de receber, discriminar, analisar 
e interpretar sensações recebidas. Ocorre quando se opera uma estimulação 
sensorial. 
Memória – capacidade de receber, registrar e fixar estímulos. Envolve: 
memória visual, auditiva, viso-motora. 
Segundo (Fonseca, 1995), a memória ocupa uma função importantíssima na 
aprendizagem. Ao eleger e chamar o conhecimento assimilado e concretizado, o 
cérebro combina-a, relaciona-a, classifica-a e organiza-a de uma forma 
sequencializada e classificada para resultados de atendimento, de integração e de 
expressão. 
Atenção – constitui-se no modo como a mente seleciona e fixa determinados 
estímulos mantendo as funções de alerta e vigília por um período de tempo. 
A atenção depende de outras variáveis como motivação, entusiasmo, 
curiosidade para mobilização e estabilização da atenção necessária a aprendizagem 
consciente. 
Raciocínio – formas de pensar graças às quais busca solucionar problemas. 
Raciocínio e pensamentos estão relacionados, pois é através do raciocínio que 
o pensamento se organiza. 
 
 
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Linguagem “Linguagem é todo sistema de signos que serve como meio de 
comunicação entre indivíduos e que pode ser percebido pelos órgãos dos sentidos” 
(MEC, Diretrizes n. º 2). 
Vocabulário – (conjunto de palavras de uma língua) – oferecendo 
oportunidade para que o aluno possa ampliar e enriquecer o vocabulário. 
Fluência e codificação – (facilidade de expressar e comunicar-se). É através 
da expressão e comunicação que a criança irá adquirir o domínio linguístico (ex: 
dramatização, música, poesias, histórias etc.). 
Compreensão da leitura – Segundo Fonseca para que a criança possa ler é 
necessário associar “o símbolo gráfico (que se vê) a um componente auditivo que se 
lhe sobrepõe e lhe confere um significado”. 
Escrita – É a representação simbólica, gráfica da expressão verbal. “Consiste 
em saber o desenho dos símbolos, o que decorre da capacidade de decodificar as 
correspondências entre os sinais gráficos – grafemas (entendimentos visual das 
palavras na língua escrita) e os fonemas (entendimento auditivo na língua oral)”. 
 
Aspectos afetivos 
Quando a criança nasce, ela já esta equipada com um repertório de 
condutas afetivas que lhe permite expressar suas necessidades básicas de sono, 
alimentação, repouso, entre outras. Portanto, podemos considerar que as primeiras 
formas de comunicação estão ligadas aos seus desejos, seus desconfortos, suas 
necessidades. Desce muito cedo, a criança já é capaz de interagir afetivamente a 
objetos e pessoas, usando sorrisos e outras manifestações de formas reflexas. 
A criança se realiza gestos, expressões faciais e sinais linguísticos, como 
atitudes voluntárias, se apropria destas ações buscando novas aprendizagens. 
Portanto, as condutas afetivas não podem ser consideradas apenas uma 
reação a uma experiência; elas também são formadoras de experiências, já que as 
trocas entre o bebê e seus pais e os que estão a sua volta, criam situações e 
experiência novas para ambos os lados, proporcionando-lhe um diálogo próprio. 
 
É provável que o aspecto mais importante dessas 
interações para a compreensão do nascimento da 
linguagem, seja referente ao fato das condutas da criança 
deixar supor que ela percebe muito cedo que o circulo 
humano do qual ela faz parte, é composto por seres 
sociais; por sujeitos com intenções, capazes de 
experiências e de interpretação dos significados e, 
 
 
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definitivamente, por agentes autônomos de seu 
comportamento. (CHEVRIE-MULHER; NARBONA. 
2005,p.77). 
 
A criança vai aprendendo a conhecer as próprias emoções e a identificar os 
sentimentos dos outros em relação a ela, reconhecendo antecipadamente, o que 
certos comportamentos podem causar aos outros e prevendo, então, experiências 
positivas ou negativas. 
 
Desenvolvimento neuropsicomotor 
Durante a fecundação, o desenvolvimento da criança prossegue de estágio a 
estágio, em uma evolução sequenciada e ordenada, sendo que cada estágio 
representa um grau ou nível de maturidade. Cada nível de maturidade diz respeito a 
períodos integradores e mudanças fundamentais no foco e nos centros de 
organização, demonstrando a progressão do desenvolvimento fisiológico, resultado 
da atividade reflexiva, da qual ele dispõe para introduzir-se neste novo meio, Isto é, 
fora do útero. 
O bebê é frágil, incapaz de resolver suas necessidades básicas de 
sobrevivência. Ela é dependente de um espaço acolhedor, representado na figura dos 
pais, para sua nutrição, higiene e cuidados pessoais que possam suprir todas as 
necessidades urgentes no início de sua vida. 
Quanto mais a criança for estimulada a vivenciar experiências novas e 
apropriadas para sua faixa etária, tanto maior e melhor será seu desenvolvimento. 
Com a maturação e o desenvolvimento neurológico da criança, todas as informações 
resultantes de suas experiências ficam registradas no cérebro e se tornam 
gradativamenteespecializadas. Os neurônios comunicam-se cada vez mais eficaz e 
rapidamente, por meio do processo de mielinização, isto é, uma bainha formada de 
uma substancia gordurosa chamada mielina, que recobre o axônio (prolongamento do 
neurônio que leva as informações até o núcleo da célula), isolando-os eletricamente 
uns dos outros e melhorando a condutividade. Todas as aquisições requerem uma 
atividade completa do Sistema Nervoso. O corpo responde a um estímulo cerebral 
voltado a um fim determinado (psicomotricidade). O córtex, por meio das informações 
sensoriais e afetivas, realiza a percepção do meio, que só pode ser adquirida com a 
ajuda das experiências motoras e que integram o espaço, o tempo e as relações com 
o mundo dos objetos e das pessoas. 
 
 
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A motricidade tem a função de levar as experiências concretas, ao cérebro que 
fará a decodificação de cada estímulo sensorial e afetivo e armazenará toda a gama 
de informações perceptivas e, mais tarde, simbólicas, que tais vivências trouxeram ao 
indivíduo. Finalmente o córtex motor, devolverá, também por meio da motricidade, a 
resposta adaptativa, necessários a cada exigência do meio. 
Durante o desenvolvimento psicomotor da criança, seu cérebro vai modificando 
a estrutura física, em razão de seu aprendizado. O cérebro humano realiza novas 
conexões de acordo com as exigências do meio, levando-o a se reorganizar 
continuamente. Ele é flexível, capaz de aprender e de se adaptar, de melhorar e 
aperfeiçoar as habilidades mais utilizadas em consequência da estimulação. 
 
O desenvolvimento da inteligência é, pois, em grande 
medida, função do contexto social e histórico cultural, isto 
é, da qualidade e do tipo de interações que os outros 
exercem sobre o indivíduo; ou seja, é fruto da 
incorporação ou integração do que esta fora dele ou, 
melhor dito, de como o extra corporal ou extra biológico 
que consubstanciam a cultura são transmitidos pelos 
outros mais experientes e são apropriados pelo próprio 
indivíduo. (Fonseca, 2008, p.40). 
 
Padrões do desenvolvimento psicomotor 
Os dois padrões de desenvolvimento Psicomotor , são: 
➢ Lei céfalo-caudal: as partes do corpo que estão mais próximas da cabeça são 
controladas antes, sendo que o controle estende-se posteriormente para baixo. A 
criança mantém sua cabeça ereta antes do tronco e utiliza-se dos membros 
superiores antes dos membros inferiores. Com base nisso, observa-se que o bebê 
segura a cabeça, arrasta, senta, vira, engatinha para, depois, colocar-se em pé. 
➢ Lei próximo-distal: são controladas primeiro as partes que estão mais próximas do 
eixo corporal, em seguida as que se encontram mais afastadas. Percebe o eixo 
corporal e seus hemilados, partindo o controle do centro para as extremidades. 
Controla primeiro a articulação do ombro, depois do cotovelo e depois da mão e 
dedos, que serão os últimos a se especializarem. 
O movimento da criança vai integrando e controlando voluntariamente um 
maior número de grupos musculares (coordenação global), e vai se tornado 
progressivamente mais precisa (coordenação fina), permitindo incorporar repertórios 
psicomotores mais especializados e complexos, favorecendo uma maior percepção 
 
 
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do meio e a busca de maneiras mais ajustadas de agir sobre ele. Com a maturação a 
criança vai passando por todas as fases de fortalecimento tônico, até ficar em pé e 
equilibrar (céfalo-caudal) e, a partir daí começar a individualizar com a locomoção. 
Com a exploração do espaço e dos objetos, a criança incorpora novos esquemas de 
ações e coordenações bilaterais, tornando-se conscientes de sua existência e da 
interação com o universo ao seu redor (próximo-distal). 
 
De etapa em etapa, a psicogênese da criança mostra, 
através da complexidade dos fatores e das funções, 
através da diversidade e das oposições das crises que a 
assinalam, uma espécie de unidade solidária, tanto em 
cada uma como entre elas. É contra a natureza tratar a 
criança fragmentariamente. Em cada idade ela constitui 
um conjunto indissociável e original. Na sucessão das 
suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de 
metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua 
unidade será, por isso, ainda mais suscetível de 
desenvolvimentos e de novidade. (Wallon, 2005, p.215). 
 
Daí em diante as condições funcionais ideais de estimulação recebida pela 
criança é que vai sustentar o seu desenvolvimento cognitivo, motor e emocional. 
 
Desenvolvimentos cronológicos psicomotor 
Durante o processo de maturação e desenvolvimento da criança os 
ganhos funcionais, cognitivos e relacionais se entrelaçam e se suportam, definindo 
um perfil psicomotor individual ao sujeito. Porém, mesmo que existem padrões de 
desenvolvimento, os quais definem que certas competências são adquiridas em um 
determinado período, as experiências individuais que a criança troca com o seu meio 
é que vão definir a qualidade e eficiências destas aquisições. A criança passa por 
estágios maturacionais que segundo Piaget (1970), estas aquisições são cumulativas, 
ou seja, as habilidades adquiridas nos estágios anteriores não são perdidas a caminho 
do novo estágio. 
O Recém-nascido: Não realiza movimento voluntário organizado, ele 
apresenta reações automático-reflexivas. É necessário perder estes automatismos 
para readquiri-los de modo intencional através de informações sensoriais e manobras 
exploratórias geradas pelo desejo. 
 
 
 
 
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Ao nascer, os movimentos são de reflexos, alguns 
desaparecem e outros evoluem até a adolescência. A 
partir do primeiro mês, começa a distinguir cores e 
formas e até mesmo o olhar do outro. É capaz de parar 
de chorar quando alguém se aproxima, havendo uma reação entre a criança e o 
ambiente humano, fazendo com que a socialização seja situada precocemente. 
 
O deslocamento de pessoas é percebido pelo bebê aos dois meses, fazendo-
o sorrir. Faz brincadeiras com as mãos examinando-as e com isso surge o interesse 
pelas pessoas e por si mesmo. 
Aos três meses, mantém a cabeça ereta quando sentada, involuntariamente 
sacode um chocalho, por fazer sorri para o outro e seus sons vocálicos são mais 
prolongados estabelecendo a primeira comunicação através do sorriso recíproco e sai 
do estágio de reflexo mesmo se ainda não faz gestos intencionais. 
Aos quatro meses: Consegue tocar objetos, aproximando-os, ri alto, esconde 
o rosto nos lençóis e já se volta com a cabeça quando alguém o chama, fazendo com 
que sua orientação espacial seja trabalhada e conseguida. 
Com cinco meses: tendo um objeto que ela consegue pegar, manipula-o. Com 
apoio, conserva-se sentada. A exploração espacial começa a constituir-se e consegue 
ver o conjunto do corpo do outro, portanto, a apreensão é desenvolvida. 
Aos seis meses: a criança passa à alimentação sólida e usa a colher. Ela 
utiliza o seu corpo e os objetos. 
No oitavo mês: provoca os objetos caídos e começa a brincar de esconde- 
esconde e de jogar para longe os objetos. Reage negativamente à ausência da mãe 
ou mesmo a um rosto estranho quando não a satisfaz. Sua mãe já é personalizada e 
identificada. 
Aos nove meses: mantém-se em pécom apoio. Sua linguagem é composta 
de uma palavra de duas sílabas e essa palavra serve para dar nome a tudo. 
Colocando-se em pé sozinha bebendo com um copo, repetindo um som escutando e 
parando o que faz, ao ouvir uma ordem, acontece aos dez meses. 
 
 
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Com um ano : a criança anda com ajuda e sua linguagem passa a ser 
constituída por três palavras. Mais tarde, com um ano e três meses anda sozinha, seu 
vocabulário passa a ser de nove palavras, sendo uma linguagem de ação. As frases 
são construídas, adquire a noção de totalidade corporal dando nome a duas imagens, 
com um ano e nove meses, isto é adquirido. 
Aos dois anos: começa a realizar exercícios diariamente, conseguindo a 
fixação através deles e, mais tarde, o funcionamento dos movimentos aprendidos 
recentemente como, por exemplo, o andar e a habilidade manual. Articula palavras e 
frases e há o controle dos esfíncteres, continuam os movimentos associados, 
manifestando as sincinesias manuais e digitais. São marcados pelo fortalecimento da 
posição de pé, e depois o andar. Durante este período, é normal que ocorra 
imprecisão geral de movimentos e de controle manual deficientes. 
Com dois anos e dois meses: já consegue nomear as partes do corpo através 
de um desenho. 
Aos três anos: a coordenação dinâmica manual está progredida e existe 
exatidão nas atividades manuais, como segurar o lápis com preensão e os gestos 
mais diversificados, permitindo o aperfeiçoamento da coordenação visomotora. A 
criança já consegue imitar um desenho sem muitos traçados e tenta fazer um boneco 
mais aperfeiçoado. 
A coordenação ocular desenvolvida torna possível à criança com esta idade 
construir uma ponte com três cubos ou uma torre com mais cubos com equilíbrio no 
movimento fino. 
Com quatro anos: o conhecimento da criança para vestir-se e despir-se 
sozinha, manusear a tesoura, o lápis abotoar e desabotoar, amarrar e desamarrar o 
sapato e dar laços já é evidenciado. Os movimentos de preensão ocorrem em forma 
de pinça, mas não há ainda a dissociação manual. 
Esses movimentos de pinça são alcançados através de tarefas onde os dedos 
são mais valorizados. Essa tarefas são bem realizadas na pré-escola, onde ocorre a 
maturação intelectual e motora, na qual se apoiam as duas funções esboçadas nos 
três primeiros anos. 
A criança de quatro a cinco anos, no começo do pré-escolar, adquire a 
precisão de movimentos lentamente, e é através de atividades de pouco 
 
 
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deslocamento. Por si mesma, a criança de cinco a seis anos inicia a realização de 
certas tarefas, independentemente, adquirindo assim um sentido de responsabilidade. 
Já há controle nos exercícios complexos, pois através dos movimentos exigidos 
solicitará dela um esforço enorme de caráter psicomotor. A atenção será importante 
neste momento, onde facilitará a capacidade motora de uma acomodação postural 
para o ato da escrita e o manejo bimanual dos movimentos que deve usar. Nesse 
momento, as dissociações manuais e digitais já se afirmam e a flexibilidade dos 
músculos da mão, juntamente, com a dissociação manual permite o manejo 
simultâneo e correto do lápis e do caderno. 
Esses mecanismos são desenvolvidos com a integração da coordenação 
visomotora, da dinâmica manual e da atenção estabilizada ao nível suficientemente 
para poder fixar e sustentar a aprendizagem, permitindo à criança realizar 
complicadas aquisições, naturalmente, e desenvolvendo os aspectos intelectuais e 
motor. Um ritmo normal em todos os movimentos e uma precisão marcada dos gestos 
é percebido quando a criança está no final dos seis anos. 
 
Estágios do desenvolvimento psicomotor 
 
O ato de conhecer é tão vital como o ato de comer ou 
dormir, e se eu não posso comer nem dormir por alguém... 
assim a busca do conhecimento não é preparação para 
nada, e sim para a vida, aqui e agora”. (FREIRE, M., 1983, 
p.15). 
 
Contribuições de alguns autores: 
Para Piaget (1983) a cada ocasião que alguma pessoa ensina prematuramente 
a uma criança algo que a criança poderia deparar por conta própria, essa criança está 
perdendo a ocasião de cumprir a sua capacidade criadora e de envolver totalmente o 
que foi instruído. 
Cognitivista que mostrou necessariamente a concepção entre um princípio vivo 
e seu espaço, e que o elemento para tal relação existir é o equilíbrio. 
Qualquer organismo vivo deve produzir alterações tanto de seu desempenho 
(adaptação) como de sua estrutura interna (organização) para continuar a ser estável 
e não desaparecer. “Esta categoria se dá tanto a nível biológico como no equilíbrio 
entre o sujeito e o meio”. (Apostila organizada pelos Prof. de Psicomotricidade da 
UCB- 2004/2005). 
 
 
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O homem constrói seu conhecimento? 
 
 
 
 
Gênese do conhecimento 
A própria ação não é continuidade ou ponto final do conhecimento: A ação é a 
primeira etapa para a fase da abstração reflexiva. 
O conhecimento é a estrutura da ação: O processo de cognição nada mais é 
que como a criança aprende, conhece e atribui significado ao real. Caracteriza o 
conhecimento como a compreensão do modo de construção ou transformação de 
objetos e acontecimentos. 
A essência do processo cognitivo é como uma reequilibração com novas 
combinações, cujos elementos são retirados do sistema anterior, que se caracteriza 
como uma abstração reflexiva. 
A estrutura da ação é generalizante antecipadora: A partir do aprendizado de 
qualquer ação está se reproduz sempre (a partir da recepção de uma bola, recebe-se 
qualquer objeto); 
A mesma estrutura, ex: lançar ou receber um objeto pode ser feito através de 
diferentes ações. Com a repetição a criança antecipa sua ação sabendo o que deve 
fazer para realizar o desejado. Na construção do espaço, primeiramente, o que vê e 
toca é a referência da existência do objeto no espaço. Vai atrás do objeto e descobre 
a sua existência, até que generaliza e antecipa onde o objeto irá parar. 
Piaget também diz que todo conhecimento começa, tem sua origem em uma 
ação – ação objetal. O sujeito constrói um modelo (esquema, estrutura) mental das 
ações – quebrar e recriar os objetos – realidade. 
Generalização – após a construção das estruturas mentais você tem várias 
possibilidades de orientação e atuação. 
Antecipação – modelar o resultado de uma ação antes do seu acontecimento. 
 
 
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Generalização e antecipação definem o que é conhecimento. Conhecer é 
construir um modelo, uma estrutura mental generalizada e antecipatória. 
Para Piaget, a inteligência refere-se ao modo como o ser humano constrói seu 
conhecimento e assim se adapta a situações novas, onde para a criança ser capaz 
de fazer abstrações, é necessário, entre outras coisas, que ela tenha experiências 
concretas acerca das coisas, por isso o movimento será de grande importância para 
a cognição. 
Existem dois mecanismos básicos que são importantes na adaptação do ser 
humano ocasionando mudanças de comportamento. 
São eles: 
➢ Assimilação:através da organização dos atos, assimila os componentes motores 
das diversas situações oferecidas pelo meio; 
➢ Acomodação: tentativa de se ajustar a uma nova experiência ou a um novo objeto, 
modificando esquemas já existentes. 
 
Estágios do desenvolvimento segundo Piaget 
 
Sensório-motor (0 a 2 anos) - A partir de 
reflexos neurológicos básicos o bebê começa a 
construir esquemas de ação para assimilar o meio. A 
inteligência é prática. As noções de espaço e tempo, 
por exemplo, são construídos pela ação. O contato 
com o meio é direto e imediato, sem representação ou 
pensamento. O pensar e agir estão estritamente 
ligados entre si. Os objetos só podem ser 
reconhecidos na medida em que o indivíduo pode lidar 
com os mesmos, agindo. 
Pré-operatório (2 aos 7 anos) - A criança se torna capaz de 
representar mentalmente pessoas e situações. Já pode agir por simulação, “como se”. 
Sua percepção é global, sem discriminar detalhes. Deixa-se levar pela aparência, sem 
relacionar aspectos. É centrado em si mesmo, pois não consegue colocar-se 
abstratamente, no lugar do outro. O período Pré-operatório é caracterizado pela 
interiorização dos esquemas de ações construídas no estágio anterior, aperfeiçoados 
 
 
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e transformados em manipulações internas das realidades, dando lugar, 
progressivamente à inteligência representativa. A criança passa a atingir domínio do 
simbolismo, associando sempre um objeto a alguém ou a alguma coisa. É este 
simbolismo que capacita a criança a desenvolver a linguagem matemática e a 
linguagem verbal. O estágio em que a criança está muito voltada para si mesma. 
Operatório (7 aos 12 anos) - Nesta fase a criança é capaz de relacionar 
diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação 
imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar a abstração. 
Desenvolve também a capacidade de refazer um trajeto mental, voltando ao ponto 
inicial de uma determinada situação. A criança já consegue usar a lógica para chegar 
às situações de maior parte dos problemas concretos. Entretanto sua dificuldade 
aumenta quando se trata de lidar com problemas não concretos. A sequência da 
maturação e a influência do ambiente físico e social levam a criança a uma importante 
acomodação: a operação. Mesmo que as ações externas tenham grande importância 
neste estágio, a criança enriquece profundamente a capacidade de ação interna. Uma 
das características da ação é a reversibilidade. A criança acompanha a ação com um 
trabalho mental sendo capaz de tirar suas próprias conclusões. Neste estágio 
raciocina a partir de ângulos diversos e está dentro do quadro geral de flexibilidade 
que caracteriza a inteligência operacional. É capaz de colocar objetos em série, 
classificá-los, etc.... O desenvolvimento ocorre a partir do pensamento pré-lógico para 
as soluções lógicas de problemas concretos. 
Formal (acima de 12 anos) - A representação agora permite abstração total. A 
criança não se limita mais a representação imediata, nem somente as relações 
previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis 
logicamente. A operação formal realiza-se através da linguagem, sem relação 
necessária com o dado concreto, apenas através do raciocínio. O indivíduo independe 
dos recursos concretos ganhando tempo e aprofundando o conhecimento. O 
pensamento lógico já consegue ser aplicado a todos os problemas que surgem, o que 
não significa que todo adolescente é totalmente lógico nas ações. 
 
 
 
 
 
 
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As principais contribuições de Wallon 
 
 “Wallon inicia seus estudos pela cócega 
promovida pelo outro. Esta gargalhada leva a uma 
descarga de energia de tal forma que o indivíduo 
responde através do: tremor, lassidão muscular, 
rigidez, incerteza, distúrbio de julgamento e 
espasmos viscerais”. 
A emoção tem a capacidade de contaminar o 
outro. No momento do perigo o automatismo 
antecipa a emoção, o indivíduo reage e passada a 
reação deixa-se levar pelos sintomas da emoção, ou 
a emoção supera o automatismo e não deixa o indivíduo reagir. (Apostila organizada 
pelos Prof. de Psicomotricidade da UCB-2004/2005). 
Wallon dizia que o desenvolvimento do pensamento não é organizado, ele é 
conflituoso e regressivo. 
Ele organizou vários estudos sobre a importância da tonicidade no 
desenvolvimento do ser humano. Um deles foi o estudo sobre o diálogo tônico entre 
a mãe e o bebê, onde o estado de fusão entre ambos dependerá das modulações 
tônicas de seus corpos além da respiração. O bebê e a mãe se comunicam através 
desse diálogo. 
“Segundo Wallon, o movimento é o elemento primordial que contribui para a 
elaboração do pensamento da criança. O movimento é de natureza social, pois é por 
ele e através dele que se processa, provoca e detona a maturação do sistema 
nervoso. A motricidade humana começa pela atuação sobre o meio social para depois 
modificar o meio físico”. (Apostila organizada pelos Prof. de Psicomotricidade da UCB-
2004/2005). 
Wallon dividiu em estágios o desenvolvimento psicomotor: 
Corpo vivido - estágio impulsivo expressivo emocional (0 – 3 meses), existe 
a dependência total em relação a família; O bebê apresenta descargas ineficientes de 
energia muscular através de espasmos movimentos desorganizados. 
 
 
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Corpo percebido - estágio emocional – (3 – 9 meses): A emoção é o meio de 
comunicação do bebê. É o período da relação afetiva mais contundente 
desempenhando papel importante para a comunicação. 
Corpo representado - estágio sensitivo-motor – (1 - 3 anos): A criança descobre 
o mundo dos objetos e com o simbolismo, ela transforma esse objeto em uma 
imaginação. Surge a marcha, a imitação e a linguagem são ampliadas. 
Para o estágio projetivo - (faixa etária aproximada não definida pelo autor): A 
criança age sobre o objeto, projetando-se nas coisas para se perceber. 
Na participação em diferentes grupos, ela assume vários papeis facilitando sua 
entrada no meio social. 
E no estágio da adolescência, a afetividade será o centro de interesse e a 
maturidade virá com o acesso aos valores sociais e morais, inicialmente abstratos 
numa preparação para a vida social do adulto. 
 
 As principais contribuições de Jean Le Boulch 
 
Le Boulch formulou uma teoria geral 
do movimento, a Psicocinética, a partir da 
qual propõe aos educadores meios práticos 
para utilizar o movimento como uma das 
bases fundamentais da educação global da 
criança. Na educação infantil e no ensino 
fundamental a Psicocinética toma a forma de uma verdadeira educação psicomotora 
fundada sobre o conhecimento das leis do desenvolvimento, qualificando a ação 
educativa global e integradora. A educação psicomotora deve ser considerada como 
uma educação básica para a escola primária. Ela condiciona todas as aprendizagens 
pré- escolares e escolares, estas não podem ser conduzidas a bom termo se a criança 
não tiver conseguido tomar consciência de seu corpo, lateralizar-se, situar-se no 
espaço, dominar o tempo, se não tiver adquirido habilidade suficiente e coordenação 
de seus gestos e movimentos.A Psicocinética considera o ser humano em um ser em situação num meio físico 
e cultural, abandonando a idéia do corpo como objeto. 
 
 
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A obra “O corpo na escola no século XXI”, escrita por Jean Le Boulch é o 
resultado de 40 anos de pesquisa desse estudioso francês, que dedicou seu trabalho 
à compreensão da motricidade humana, sua complexidade, suas especificidades e de 
suas demais relações com o desenvolvimento e a aprendizagem. 
Le Boulch é professor de Educação Física, doutor em Medicina, especialista 
em Reabilitação Funcional e Psicomotricidade. 
 
As principais contribuições de Vitor da Fonseca 
É especialista em 
psicomotricidade pela 
Organização Internacional de 
Psicomotricidade (OIP) e pela 
Associação Ibero-americana de 
Psicomotricidade Infantil, em 
dificuldades de aprendizagem e 
em programas cognitivos, 
nomeadamente no Programa 
de Enriquecimento Instrumental, 
de R. Feuerstein, no Programa 
PASS, de J. Das, J. Naglieri e J. Kirby e no Programa de Desenvolvimento Cognitivo 
para a Pré-Escola Bright Start, de Haywood, onde desenvolve trabalhos de pesquisa 
e de formação de mediatizadores. Fonseca (2003,2008), pontuou que para cada 
unidade funcional Luriana, algumas bases psicomotoras são adquiridas, 
isto acontece a cada fase do desenvolvimento infantil de 0 a 7 anos. 
 
O homem é seu corpo e ao mesmo tempo um espírito, 
todo um corpo e todo um espírito. As duas experiências 
são inseparáveis: eu existo subjetivamente e eu existo 
corporalmente, é uma só e mesma experiência. (Fonseca, 
2008, p.125). 
 
Para Vitor da Fonseca a Psicomotricidade é a evolução das relações 
recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos e 
sociais que intervêm na integração, elaboração e realização do movimento humano. 
 
 
 
 
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UNIDADE 3 – RECREAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
INTRODUÇÃO 
A presente apostila pretende apresentar a importância da recreação na 
educação infantil para as crianças do ensino fundamental, pois a recreação ainda é 
vista como um simples passatempo na vida da criança, sem que tenha nenhuma 
importância para seu desenvolvimento integral, uma vez que ajuda no 
desenvolvimento motor, emocional, cognitivo e social, bem como na formação de 
caráter, recriando situações de forma livre e espontânea, resultando em prazer e 
satisfação pessoal. 
 
O QUE É RECREAÇÃO? 
 
 
A palavra recreação vem do latim “recreare” e 
significa "criar novamente" no sentido positivo, 
ascendente e dinâmico. (FERREIRA, 2003) De acordo 
com BRAGA (1977), “recreação é qualquer atividade, física ou mental, da qual 
 
 
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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO 
depende ou não diretamente a nossa subsistência, que se pratica espontaneamente, 
do que nos advém prazer e satisfação física e ou psíquica.” 
Segundo GUERRA (1996), “a recreação compreende todas as atividades 
espontâneas, prazerosas e criadoras, que o indivíduo busca para melhor ocupar seu 
tempo livre. Deve principalmente atender aos diferentes interesses das diversas faixas 
etárias e dar liberdade de escolha das atividades, para que o prazer seja gerado.” 
WAJSKOP (1995) diz que “quando as crianças brincam ao mesmo tempo em que 
desenvolvem sua imaginação, as crianças podem construir relações reais entre elas 
e elaborar regras de organização e convivência.” Essas transferências de relações 
fazem com que elas expressem até mesmo sem preocupar com o receio do adulto. 
Silva 1959, informa que a definição de recreação pode ser achada no termo 
inglês "PLAY" significado que o homem encontra uma verdadeira satisfação e alegria 
no que esta fazendo. Representa uma atividade que é livre e espontânea na qual o 
interesse se mantém por si só, sem nenhuma compulsão interna ou externa de forma 
obrigatória ou opressora. 
Para Mian 2003 recreação significa satisfação e alegria naquilo que faz retrata 
uma atividade que é livre e espontânea e na qual o interesse se mantém por si só, 
sem nenhuma coação interna ou externa de forma obrigatória ou opressora, afora e 
prazer. 
SCHMIT apud FRIETZEN define a recreação como sendo o relaxamento 
do organismo e da mente. É diversão, renovação, recuperação. È a atividade 
livremente escolhida exercida nas horas de lazer ativa ou passiva, individualmente ou 
em grupo, organizada ou espontânea. 
A recreação tem o objetivo de criar condições ótimas para o desenvolvimento 
integral das pessoas, promovendo a sua participação individual e coletivas em ações 
que melhorem a qualidade de vida a preservação da natureza e afirmação dos valores 
essências da humanidade. 
Segundo Gouvêa 1963 recrear é educar, pois a recreação permite criar e 
satisfazer o espírito estético do ser humano ricas possibilidades culturais, permite 
escapar do desagradável, utilizando excesso de energia ou diminuindo tensão 
emocional; é experiência, complementa atividade compensadora, descarrega 
impulsos agressivos, fuga de pressão social que provoca frustração, monotonia ou 
ansiedade. 
 
 
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Já Kishimoto (1997) define recreação como atividade física ou mental a que o 
indivíduo é naturalmente impelido para satisfazer as necessidades físicas, psíquicas, 
ou sociais, de cujas realizações lhe advém prazer, e que é aprovada pela sociedade. 
O entretenimento em si mesmo não é, sempre recreação. Muitas diversões, 
muitos passatempos catalogados ou tidos como recreadores, não passam de 
atividades destruídas, nocivas a formação do caráter, responsáveis por grande 
número de problemas morais e sociais. A verdadeira recreação contém todos os 
elementos citados - entretenimento, diversões, passatempos e distração- mas em um 
nível construtivo. Atividades feitas apenas com o sentido de "matar o tempo" não 
podem ser classificadas como recreação relata Silva 1959. 
Infelizmente, nossas crianças na maioria das escolas recebem regras prontas, 
não significações. Elas devem aceitá-las para poder transformar num bom adulto. E o 
mesmo acontece com os professores. (Mian 2003). 
Nem todo passatempo é recreação, nem toda diversão é uma atividade 
recreativa cita Ferreira 2003. 
É hoje pacífico que a recreação constitui um processo eficiente de educação: 
Higiênica, porque o jogo ao ar livre é condição indispensável ao seu 
desenvolvimento físico; 
Intelectual, porque servindo para lhes dar hábitos de cálculo, reflexão e 
previdências, constitui para formação de sua mentalidade; e 
Social, porque, estreitando o convívio de crianças de varias origens, tem por 
fim eliminar-lhes o preconceito de classes, despertarem nestas o amor e respeito 
pelos humildes, e naquelas o hábito e as maneiras das que já foram beneficiadas 
pela educação no lar e nas escolas. 
De acordo com Vinicius Ricardo Cavallari e Vany Zacharias as principais 
características das atividades recreativas são: (2007) 
Deve ser desenvolvida de forma espontânea, sem esperar resultados e 
benefícios específicos. Para tanto a opção por sua prática

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