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Psicomotricidade-_manual_básico-_Prof _Aládia

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Prévia do material em texto

1 
Circulação Interna	
PSICOMOTRICIDADE	
MANUAL	BÁSICO	
Aládia Cristina Rosa Grispe 
2 
APRESENTAÇÃO 
Este material tem como objetivo principal, entender a história e a origem no Brasil da 
psicomotricidade, seu conceito, evolução, etapas, vertentes, contribuições dos autores, 
para o reconhecimento da Psicomotriciade, atividades e formas de avaliação, para serem 
utilizados e inseridos no cotidiano escolar, entender a sua importância no 
desenvolvimento infantil. 
Procurando apresentar, a partir de uma perspectiva histórica, uma breve narrativa do 
desenvolvimento da Psicomotricidade e alguns de seus principais autores. Constata-se 
através do discurso destes autores e das diversas instituições mencionadas, que não há 
um conceito único e, sim, olhares plurais sobre a Psicomotricidade. Tais olhares 
encontram-se fundamentados em pressupostos teóricos comuns e onde se cruzam 
contribuições científicas vindas da filosofia, psicologia, psicanálise, psiquiatria, 
biologia, neurologia, pedagogia. 
A Psicomotricidade é apresentada, assim, como uma ciência que pretende transformar o 
corpo em um instrumento de relação e expressão com o outro, através do movimento 
dirigido ao ser em sua totalidade, em seus aspectos motores, emocionais, afetivos, 
intelectuais e sociais. 
Considerando o homem como único, em constante evolução e essencialmente um ser 
interativo, o movimento corporal, como abordado pela Psicomotricidade, facilita Seu 
acesso ao funcionamento psíquico normal otimizado (FONSECA, 1988). 
 A história do saber da psicomotricidade representa já um século de esforço de 
ação e de pensamento. A sua cientificidade na era da cibernética e da 
informática, vai-nos permitir certamente, ir mais longe da descrição das 
relações mútuas e recíprocas da convivência do corpo com o psíquico. Esta 
intimidade filogenética e ontogenética representam o triunfo evolutivo da 
espécie humana, um longo passado de vários milhões de anos de psicomotoras. 
(FONSECA, 1988, p. 99.) 
Bom estudo a todos! 
Biblioteca online- sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução.
3 
Sumário 
UNIDADE 1.............................................................................................................................7 
1. HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE.................................................................................7
1.1. O SURGIMENTO DA PSICOMOTRICADADE E A CONTRIBUIÇÃO DOS 
ESCRITORES...................................................................................................................7 
1.2. PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL................................................................9 
1.3. CONCEITO DE PSICOMOTRICIDADE ........................................................11 
Atividade de conclusão da Unidade 1 ..............................................................................14 
UNIDADE 2...........................................................................................................................16 
2. A IMPORTÂNCIA DA PISCOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL.............................16
2.1 COMO DESENVOLVER AS CAPACIDADES PSICOMOTORAS ................18 
2.2 EXEMPLOS DE EXERCÍCIOS PSICOMOTORES: .......................................22 
Atividade de conclusão da Unidade 2:.............................................................................27 
UNIDADE 3...........................................................................................................................28 
3. VERTENTES DA PSICOMOTRICIDADE............................................................................28
3.1 AS PRINCIPAIS VERTENTES DA PSICOMOTRICIDADE ..........................28 
3.2 REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA..................................................................29 
3.3 TERAPIA PSICOMOTORA............................................................................31 
3.4 EDUCAÇÃO PSICOMOTORA.......................................................................33 
3.4.1 Psicomotricidade Funcional .............................................................................34 
3.4.2 Psicomotricidade Relacional ............................................................................36 
Atividade de conclusão da Unidade 3 ..............................................................................41 
UNIDADE 4...........................................................................................................................42 
4. ETAPAS DA PSICOMOTRICIDADE..................................................................................42
4.1 COORDENAÇÃO GLOBAL ..........................................................................42 
4.2 COORDENAÇÃO FINA E ÓCULO-MANUAL..............................................43 
4.3 ESQUEMA CORPORAL ................................................................................43 
4.3.1. Perturbações do esquema corporal....................................................................45 
4.4 LATERALIDADE ...........................................................................................46 
4.1 HEREDITARIEDADE ....................................................................................48 
4.2 HIPOTÉSE DA DOMINÂNCIA CEREBRAL.................................................48 
4.3 INFLUÊNCIA DO MEIO PSICOSOCIAL E EDUCACIONAL.......................48 
4.4 ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL ......................................................................48 
4.4.1. Definição de estruturação espacial....................................................................48 
4 
4.4.2. Desenvolvimento da Estruturação Espacial ......................................................49 
4.4.3. Dificuldades na estruturação espacial ...............................................................51 
4.5 ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL ....................................................................53 
4.5.1. Importância da Estruturação Temporal .............................................................54 
4.5.2. Etapas da Estruturação Temporal .....................................................................54 
4.5.3. Principais Conceitos Que As Crianças Devem Adquirir ....................................55 
4.6 DIFICULDADES EM ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL.................................57 
Atividades Avaliativas .....................................................................................................64 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................62 
5 
FICHA TÉCNICA DO MÓDULO: Psicomotricidade manual básico. 
EMENTA: As bases teóricas da Psicomotricidade sua história e a colaboração no 
processo de ensino aprendizagem. As atividades motoras instrumentos para avaliar as 
capacidades motoras, coordenação motora, fina e grossa e orientação espacial e 
temporal. A psicomotricidade em seu movimento dinâmico. O cérebro na 
Aprendizagem. A Psicomotricidade e Educação: contribuições de Wallon, Piaget e Le 
Boulch e vários outros autores que discutem e defendem a psicomotricidade, suas 
vertentes. As bases do desenvolvimento psicomotor. 
OBJETIVOS: 
· Conhecer os aspectos históricos e conceituais da Psicomotricidade
· Refletir sobre a importância do estudo da psicomotricidade e a contribuição de
vários autores na trajetória da psicomotricidade como eixo de desenvolvimento
infantil
· Conhecer as vertentes e as etapas da psicomotricidade, com o objetivo de
ampliar o conhecimento e colocar em prática, sabendo onde e como aplicá-las.
METODOLOGIA: 
Será conduta de trabalho aplicar questões teóricas à prática, bem como resgatar a 
experiência educacional dos alunos na atuação na Educação Infantil. Além disso, será 
possibilitado ao aluno o contato com teóricos que defendem o Psicomotricidade como 
uma área importante no desenvolvimento da criança, como um todo, de modo a romper 
com a visão brincar por brincar e que movimento só nas aulas de Educação Física. 
Serãopropostos textos para leitura e vídeos sobre as temáticas; e/ou bibliográfica e a 
resolução de exercícios ao final de cada unidade. 
“A criança responde às impressões que as coisas lhe causam com gestos dirigidos a 
elas”; 
Biblioteca online- sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução.
6 
 “O indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude 
de uma necessidade interna”. 
Henri Wallon 
A psicomotricidade tem sua origem no termo grego “psyché”,que significa alma, e no 
verbo latino “moto” que significa“mover” frequentemente, agitar fortemente. 
Negrine 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
FONSECA, V. Psicomotricidade, psicologia e pedagogia. São Paulo: Martins Fontes, 
1993. 
__________, Psicomotricidade, perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: 
Artmed, 2004. 
LE BOULCH J. O desenvolvimento psicomotor de 0 a 6 anos. Porto Alegre: Artmed, 
1982. 
WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70,2005. 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: 
FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: Teoria e prática da Educação 
física. São Paulo: Scipione, 1997. 
LAPIEERE, André. A Educação psicomotora na escola maternal. São Paulo: 
Manole, 1986. 
LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: Do nascimento aos 6 anos.Porto 
Alegre:Artes Médicas,1982. 
LEVIN, Esteban. A clínica psicomotora: O corpo na linguagem. Petrópolis: Vozes, 
2000. 
OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: Educação e reeducação num 
enfoque psicopedagógico. 9 ed. Petrópolis: Vozes, 2004. 
7 
UNIDADE 1 
1. HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE
1.1. O SURGIMENTO DA PSICOMOTRICADADE E A CONTRIBUIÇÃO 
DOS ESCRITORES. 
Ao dar início a um estudo sobre a Psicomotricidade, é de grande importância expor 
alguns aspectos que permitam a elaboração de um referencial histórico sobre o assunto, 
com muita clareza e sucintamente, para não se tornar exastusivo. 
Historicamente o termo "Psicomotricidade" aparece a partir do discurso médico, mais 
precisamente neurológico, quando foi necessário, no início do século XIX, nomear as 
zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras. Só no século XIX o 
corpo começa a ser estudado, em primeiro lugar, por neurologistas, por necessidade de 
compreensão das estruturas cerebrais, e posteriormente por psiquiatras, para a 
classificação de fatores patológicos. É justamente a partir da necessidade médica de 
encontrar uma área que explique certos fenômenos clínicos que se nomeia, pela 
primeira vez, a palavra PSICOMOTRICIDADE, no ano de 1870. 
No século XIX, com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, é possível 
constatar que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem 
que a lesão esteja localizada claramente. 
Biblioteca online- sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução.
8 
E Dupré, neurologista francês que, em 1907, a partir de seus estudos clínicos, que 
define a síndrome da debilidade motora, composta de sincinesias (movimentos 
involuntários que acompanham uma ação), paratomias (incapacidade para relaxar 
voluntariamente uma musculatura) e inabilidades, sem que lhes sejam atribuídos danos 
ou lesão extrapiramidal. 
Henry Wallon (1879-1962), médico, psicólogo e pedagogo, é provavelmente, o grande 
pioneiro da psicomotricidade, vista como campo científico. Segundo Fonseca (1988), 
forneceu observações definitivas acerca de desenvolvimento neurológico do recém-
nascido e da evolução psicomotora da criança. Wallon diz que “o movimento é a única 
expressão e o primeiro instrumento do psiquismo”. O movimento (ação), pensamento e 
linguagem são unidades inseparáveis. O movimento é o pensamento em ato, e o 
pensamento é o movimento sem ato. 
Piaget (1896-1980) foi um dos autores que mais estudou as inter-relações entre a 
psicomotricidade e a percepção, através de ampla experimentação. Descreve a 
importância do período sensório-motor e da motricidade principalmente antes da 
aquisição da linguagem, no desenvolvimento da inteligência. O desenvolvimento mental 
se constrói, paulatinamente. É uma equilibração progressiva, uma passagem contínua, 
de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior. A inteligência, 
portanto, é uma adaptação ao meio ambiente. Para que isso possa ocorrer, é necessário, 
inicialmente, a manipulação dos objetos do meio com a modificação dos reflexos
primários ( OLIVEIRA, 2007,p.31). 
Em 1947-1948 Ajuriaguerra e Datkine (apud FONSECA,1988) provocaram uma 
mudança na história da psicomotricidade e redefiniram o conceito de debilidade motora 
considerando-a como uma síndrome de propriedades particulares. 
Na década de 70, devido à influência dos trabalhos de Wallon, surgem os trabalhos na 
educação psicomotora, por Le Boulch, que desde 1966, em seu livro “A Educação pelo 
Movimento”, tinha como objetivo inicial sensibilizar os professores do primeiro grau, 
quanto ao problema da educação psicomotora na escola, pois era um contexto 
desfavorável à pedagogia da época, centrada na aquisição das “Habilidades Escolares de 
Base”. 
Somaram-se a estes os trabalhos de L. Pick, P. Vayer, André Lapierre, Bernard 
Auconturier, Defontaine, J. C. Coste e outros que percebiam nesse momento a educação 
psicomotora, enquanto maneira original de ajudar a criança inadaptada a desenvolver 
suas potencialidades e ter acesso ao mundo escolar. Os autores trouxeram 
conhecimentos e soluções inspiradas na psicologia genética, a qual evidencia que a 
criança desenvolve o conhecimento de si mesma e do mundo que a cerca através de sua 
ação. Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de outras 
disciplinas adquirindo sua própria especificidade e autonomia. 
Sendo assim a psicomotricidade incorporam em suas construções teóricas vários 
conceitos psicanalíticos, tais como inconsciente, transferência, imagem corporal, 
9 
sublimação e outros, formando um esboço de uma teoria psicanalítica de 
psicomotricidade. 
Ainda em 1974, Delia de Vitadoro imprime o que viria a ser o único número do caderno 
de terapia psicomotora (número especial da Sociedade Internacional de Terapia 
Psicomotora para a língua espanhola). 
Por volta de 1975, na Argentina, Lydia F. De Coriat propõe, por escrito, às autoridades 
educativas, a necessidade da existência da carreira de psicomotricidade na Universidade 
de Buenos Aires. 
Le Camus em 1986 comenta a permissão de Ajuriaguerra, afirmando os grandes eixos 
de psicomotricidade dos tempos modernos: coordenação estático-dinâmica e óculo-
manual; organização espacial e temporal da gestualidade instrumental; estrutura do 
esquema corporal, afirmação da lateralidade e domínio tônico. Afirma também, que 
Ajuriaguerra procurou caracterizar distúrbios psicomotores de síndromes psicomotoras 
que não correspondem a uma lesão focal, com as que provocam as síndromes 
neurológicas clássicas, mas, sem, certas formas de debilidades psicomotoras, inibições 
psicomotoras, certas faltas de destreza de origem emocional ou devido à desordem da 
caracterização, dispraxias, tiques, gagueira e outras formas de desorganização. 
Nesta época dá-se uma nova definição a psicomotricidade: “uma motricidade em 
relação”, o que no pensamento de Levin (1995) é onde se opera uma passagem no 
enfoque do olhar do psicomotricista, não mais voltado ao plano motor, mas direcionado 
a um corpo em movimento. Sendo assim, não se trata mais de uma reeducação, mas de 
uma terapia psicomotora, que se ocupa, observa e opera num corpo em movimento que 
se desloca e que constrói a realidade, à medida que se emociona e cuja emoção 
manifesta-se tonicamente. 
1.2. PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL 
A Psicomotricidade no Brasil foi norteada pela escola francesa. Durante as primeiras 
décadas do século XX, época da primeira guerra mundial, quando as mulheres 
adentraram firmemente no trabalho formal enquanto suas crianças ficavam nas creches, 
a escola francesa também influenciou mundialmente a psiquiatria infantil,a psicologia e 
a pedagogia. 
No Brasil, a história da psicomotricidade vem acontecendo de maneira semelhante à 
história mundial. Os primeiros documentos registram seu nascimento na década de 50, 
quando Gruspun, psiquiatra da infância, e Lefévre, neurologista, enfatizaram o 
movimento para os processos terapêuticos da criança excepcional, caracterizando 
distúrbios psiconeurológicos. Gruspun mencionava atividades psicomotoras indicadas 
no tratamento de distúrbios de aprendizagem. 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP) em Porto Alegre/RS 
foi criado serviço de Educação Especial, dentro da Secretaria de Educação do Estado, 
10 
dirigido por Rosat, psicóloga, inserindo no atendimento a Ortopedia mental e a 
Educação Física para os excepcionais. 
Posteriormente, inúmeros outros pesquisadores realizaram importantes estudos que se 
refletem até os dias atuais, no âmbito da psimotricidade. Foram muito significativos os 
trabalhos de Claparède, Monterssori, Shilder, Gesell, Wallon, Piaget, Désobeau, 
Ajuriaguerra e outros autores, alguns de publicações mais recentes. Cabe ressaltar as 
obras de alguns desses autores, que tanto contribuíram para os estudos e 
reconhecimento da importância da Psicomotricidade como um campo tão importante na 
Educação. 
Em 1925, Henry Wallon, médico psicólogo, é provavelmente o grande pioneiro da 
psicomotricidade, pois se ocupa do movimento humano dando-lhe uma categoria 
fundante como instrumento na construção do psiquismo. Wallon integrou ao lado de 
Piaget e de determinados psicanalistas seguidores de Freud, a escola mais representativa 
da chamada Psicologia Genética. 
Esta diferença permite a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio 
ambiente e aos hábitos do indivíduo. As primeiras pesquisas que dão origem ao campo 
psicomotor correspondem a um enfoque eminentemente neurológico. No campo 
patológico destaca-se a figura de Dupré (1909), neuropsiquiatra, de fundamental 
importância para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência da 
debilidade motora (antecedente do sintoma psicomotor, para ele, o movimento é a única 
expressão, e o primeiro instrumento do psiquismo, e que o desenvolvimento psicológico 
da criança é o resultado da oposição e substituição de atividades que precedem umas as 
outras). Através do conceito do esquema corporal, introduz, provavelmente, dados 
neurológicos nas suas concepções psicológicas, motivo esse que o distingue de outro 
grande vulto da psicologia, Piaget, que muito influenciou também a teoria e prática da 
psicomotricidade. 
Wallon refere-se ao esquema corporal não como uma unidade biológica ou psíquica, 
mas como a construção, elemento de base para o desenvolvimento da personalidade da 
criança. Ele dedicou especial atenção ao estudo da função tônica da musculatura e sua 
relação coma esfera emocional, identificou um tipo de simbiose que denominou 
“afetiva” e que sucede à simbiose fisiológica primária entre a criança e a mãe, dando 
origem ao que chamou “diálogo tônico- emocional”, onde sorrisos, sinais de
contentamento, choro etc. são significativas expressões gestuais afetivas. 
Considera-se que a partir de 1968, foi realmente difundida a psicomotricidade no Brasil, 
através de cursos e cadeiras de psicomotricidade em universidades de diversos estados 
brasileiros. A princípio, a psicomotricidade foi introduzida nas escolas especializadas 
como um recurso pedagógico que visava corrigir distúrbios e preencher lacunas de 
desenvolvimento das crianças excepcionais. 
Na década de 70 a Psicomotricidade, que já tinha sido introduzida no Brasil através dos 
profissionais que traziam informações da Europa, desde o final da década de 1960, 
11 
aparece definitivamente. As práticas se voltavam para a 'Reeducação' e 'Educação' 
Psicomotora. Em 1976, com a estada de Françoise Désobeau, introduziu-se uma nova 
ótica, denominada 'Terapia Psicomotora'que propunha a substituição das técnicas 
instrumentais por atividades livres, valorizando o jogo e o brincar. Em 1980 é fundada a 
Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, com apoio de Françoise Désobeau, 
presidente da Sociedade Internacional de Terapia Psicomotora, nesta época. Com os 
variados encontros e congressos, a SBP proporcionou a disseminação da 
Psicomotricidade e o surgimento de um curso de graduação em vários cursos de pós – 
graduação. 
Em 19 de abril de 1980 é fundada a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, tendo 
como presidente Beatriz do Rego Saboya com a participação de Françoise Desobeau, 
tendo conseguido, ser integrada a Sociedade Internacional de Psicomotricidade, que era 
sediada em Paris/França. Entidade de caráter científico cultural sem fins lucrativos, 
promovendo congressos, encontros científicos, cursos, entre outros. Já em 1982, a 
Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), organiza seu primeiro congresso no 
Rio de Janeiro. Em abril de 2012, na XXXVI AGOE da Sociedade Brasileira de 
Psicomotricidade (SBP), foi instituído o Dia do Psicomotricista no Brasil, 19 de abril, 
data da fundação da SBP. 
A partir dessa época começaram a surgir às primeiras publicações brasileiras na área da 
psicomotricidade. Inicialmente, foram publicados os Anais do referido congresso e mais 
tarde, as monografias apresentadas à Sociedade, o primeiro exemplar do IPERA e a 
revista Corpo e Linguagem, dirigida por Sônia Pereira Nunes. 
Em 1983, acontece o curso de Pós Graduação em Psicomotricidade, na Universidade 
Estácio de Sá e no Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação IBMR, ambos na 
cidade do Rio de Janeiro. 
Vários Congressos ocorreram no Brasil promovido pela Sociedade Brasileira de 
Psicomotricidade abordando diversos temas, sendo o mais recente o X Congresso com o 
tema “Interfaces da Psicomotricidade”, em 2007, realizado em Fortaleza/CE. SBP, 
(1999). 
Atualmente, a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade vem empreendendo esforços 
para que os profissionais que atuam com essa abordagem caminhem de forma séria e 
estruturada. Para a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, esta é definida como 
“uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem por meio do seu corpo em 
movimento, nas relações com seu mundo interno e externo”. 
1.3. CONCEITO DE PSICOMOTRICIDADE 
Psicomotricidade é o estudo da influência do movimento sobre o desenvolvimento do 
ser humano. Em outras palavras, é através do movimento que as pessoas transmitem 
emoções, sentimentos, comunicam suas descobertas e criações. Sendo assim, a 
http://pt.wikipedia.org/wiki/19_de_abril
12 
Psicomotricidade é concebida como uma ciência que contém conceitos teóricos e 
aplicações práticas de várias ciências, que convergem seus interesses no estudo do 
movimento com o objetivo de dar qualidade de vida ao ser humano. 
O conceito de psicomotricidade é mais visível do ponto de vista do desenvolvimento 
infantil, pois as crianças aprendem muito através do movimento, do toque, do observar 
e tentar fazer. Toda vez que agimos, ocorre um complexo planejamento neural prévio, 
ou seja, para coordenarmos qualquer movimento precisamos antes de tudo aprender, 
para depois automatizar. 
Nos dias atuais, a Psicomotricidade foi elevada ao nível de ciência, pois possui 
crescente importância nos trabalhos que se relacionam com o desenvolvimento infantil, 
tanto na fase pré- escolar, como posteriormente. 
Por se tratar da relação entre o homem, seu corpo e o meio físico e sociocultural no qual 
convive, a Psicomotricidade é fundamentada e estudada por amplo conjunto de campos 
científicos, onde se pode destacar a Neurofisiologia, a Psiquiatria, a Psicologia e a 
Educação, imprimindo cada uma dessas áreas enfoques que lhes são específicos. 
Embora a origem da Psicomotricidade esteja vinculada ao campo da Medicina, a partir 
de inúmeros estudos neste século, surgiu uma concepção cientificamente respaldada, 
pela qual o movimento não pode ser tratado sobe um prisma puramente anatômico e 
mecanicista.Embora de fundamental importância no diagnóstico de inúmeras 
perturbações das funções nervosas, os mecanismos dos sistemas piramidal, 
extrapiramidal e cerebelar não são suficientes para responder pela completa execução de 
movimentos e por vários distúrbios psicomotores. 
É muito importante termos uma gama de conceitos sobre a Psimotricidade, diante disso, 
encontramos várias definições para a Psicomotricidade. Cada autor expõe o seu olhar 
para defini-la, a ISPE-GAE e a SBP definem respectivamente a Psicomotricidade e o 
emprego de seu termo como: 
“Psicomotricidade é uma neurociência que transforma o pensamento em ato 
motor harmônico. É a sintonia fina que coordena e organiza as ações 
gerenciadas pelo cérebro e as manifesta em conhecimento e aprendizado”. 
É uma ciência terapêutica adotada na Europa há mais de 60 anos, 
principalmente na França, que instituiu o primeiro curso universitário de 
Psicomotricidade em 1963 (ISPE-GAE, 2007). 
“Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de 
movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo 
sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua 
socialização” (SBP, 2003). 
“A Psicomotricidade se conceitua como” ciência da Saúde e da Educação, pois 
indiferente das diversas escolas, psicológicas, condutistas, evolutistas, 
http://www.bbel.com.br/
13 
genéticas, etc. ela visa à representação e a expressão motora, através da 
utilização psíquica e mental do indivíduo (AJURIAGUERRA apud ISPE-GAE, 
2007). 
“É a ciência que tem como objeto de estudo o homem, por meio do seu corpo em 
movimento, e em relação ao seu mundo interno e externo bem como suas 
possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro, com os objetos e com sigo 
mesmo” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE 1999). 
Já Fonseca afirma que se deve tentar evitar uma análise desse tipo para não cair no erro 
de enxergar dois componentes distintos: o psíquico e o motor, pois ambos são o mesmo 
(FONSECA apud OLIVEIRA, 2001). A psicomotricidade para Fonseca não é exclusiva 
de um novo método ou de uma “escola” ou de uma “corrente” de pensamento, nem 
constitui uma técnica, um processo, mas visa fins educativos pelo emprego do
movimento humano (ibidem, 2001). 
Além disso, a forma como o sujeito se expressa com o corpo traduz sua disposição ou 
sua indisposição nas relações com coisas ou pessoas. Esse aspecto psicológico, muito 
importante, ajuda-nos a identificar melhor certas perturbações devidas a fatores afetivos. 
Chama também nossa atenção para a possibilidade de melhorar a vida social e afetiva 
das crianças, tornando precisas suas noções corporais e fazendo com que adquiram 
gestos precisos e adequados (DE MEUR e STAUS, 1991, p.10). 
Para se conhecer mais sobre a opinião e a história de vida, dos escritores entre neste site 
e veja as contribuições e suas definições mais detalhadas: http://www.ispegae-oipr.com.br/ 
http://www.ispegae-oipr.com.br/
14 
Atividade de conclusão da Unidade 1 
1) Em que momento da história, a psicomotricidade passa a contribuir para que as
crianças desenvolvam suas potencialidades? 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
2) Em sua opinião, qual dos autores e pesquisadores se destaca no estudo da
psicomotricidade. E por quê? 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
3) A partir do pensamento de Levin (1995), foi dada uma nova definição a
psicomotricidade. Por que deu se essa mudança? 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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_____________________________________________________________________ 
4) A Psicomotricidade teve seu início no Brasil, a partir de que momento na
história e onde ela foi difundida? 
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5) A partir de tantos conceitos sobre a Psicomotricidade, como você a definiria e
sua importância no cotidiano escolar? 
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6) Psicomotricidade é estudada por que campos científicos e quais são eles?
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7) Qual a opinião de Fonseca sobre a Psicomotricidade?
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UNIDADE 2 
2. A IMPORTÂNCIA DA PISCOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
É de suma importância salientar que o movimento é a primeira manifestação na vida do 
ser humano, pois desde a vida intrauterina realizamos movimentos com o nosso corpo, 
no qual vão se estruturando e exercendo enormes influências no comportamento. 
A partir deste conceito e através da nossa prática no contexto escolar, consideramos que 
a psicomotricidade é um instrumento riquíssimo que nos auxilia a promover preventivos 
e de intervenção, proporcionando resultados satisfatórios em situações de dificuldades 
no processo de ensino-aprendizagem. 
Segundo Assunção & Coelho (1997, p.108) a psicomotricidade é a “educação do 
movimento com atuação sobre o intelecto, numa relação entre pensamento e ação, 
englobando funções neurofisiológicas e psíquicas”. Além disso, possui uma dupla 
finalidade: “assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta as possibilidades da 
criança, e ajudar sua afetividade a se expandir e equilibrar-se, através do intercâmbio 
com o ambiente humano”. 
Os movimentos expressam o que sentimos nossos pensamentos e atitudes que muitas 
vezes estão arquivadas em nosso inconsciente. Estruturas o corpo com uma atitude 
positiva de si mesma e dos outros, a fim de preservar a eficiência física e psicológica, 
desenvolvendo o esquema corporal e apresentando uma variedade de movimentos. 
Através da ação sobre o meio físico com o meio social e da interação como ambiente 
social, processa-se o desenvolvimento e a aprendizagem do ser humano. É um processo 
complexo, em que a combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, produz 
nele transformações qualitativas. Para tanto desenvolvimento envolve aprendizagem de 
vários tipos, expandindoe aprofundando a experiência individual. 
Biblioteca online- sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução.
17 
O professor deve estar sempre atento às etapas do desenvolvimento do aluno, 
colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu trabalho no 
respeito mútuo, na confiança e no afeto. Ele deverá estabelecer com seus alunos uma 
relação de ajuda, atento para as atitudes de quem ajuda e para a percepção de quem é 
ajudado. 
Diante disso, percebe-se a importância do trabalho da psicomotricidade no processo de 
ensino-aprendizagem, pois a mesma está intimamente ligada aos aspectos afetivos com 
a motricidade, com o simbólico e o cognitivo. 
De acordo com Assunção & Coelho (1997, p 108) a psicomotrocidade integra várias 
técnicas com as quais se pode trabalhar o corpo (todas as suas partes), relacionando-o 
com a afetividade, o pensamento e o nível de inteligência. Ela enfoca a unidade da 
educação dos movimentos, ao mesmo tempo em que põem em jogo as funções 
intelectuais. As primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal são 
manifestações puramente motoras. 
Diante desta visão, as atividades motoras desempenham na vida da criança um papel 
importantíssimo, em muitas das suas primeiras iniciativas intelectuais. Enquanto 
explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos dos sentidos, ela percebe também os 
meios como quais fará grande parte dos seus contatos sociais. 
Portanto, a educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo uma 
experiência ativa, onde a criança se confronta com o meio. A educação proveniente dos 
pais e do âmbito escolar, não tem a finalidade de ensinar à criança comportamentos 
motores, mas sim permite exercer uma função de ajustamento individual ou em grupo. 
As atividades desenvolvidas no grupo favorecem a integração e a socialização das 
crianças com o grupo, portanto propicia o desenvolvimento tanto psíquico como motor. 
Os movimentos, as expressões, os gestos corporais, bem como suas possibilidades de 
utilização (danças, jogos, esportes...), recebem um destaque especial em nosso 
desenvolvimento fisiológico e psicológico. 
Com base neste contexto, percebemos a importância das atividades motoras na 
educação, pois elas contribuem para o desenvolvimento global das crianças. Entretanto, 
as crianças passam por fases diferentes uma das outras e cada fase exige atividades 
propicias para cada determinada faixa etária. 
A psicomotricidade precisa ser vista com bons olhos pelo profissional da educação, pois 
ela vem auxiliar o desenvolvimento motor e intelectual do aluno, sendo que o corpo e a 
mente são elementos integrados da sua formação. 
Assista aos vídeos intitulados, Psicomotricidade Unidade 1 e unidade 2. Você consegue 
acesso a ele por meio do link: http://www.youtube.com/watch?v=7ygkAzx7_EI&hd=1, 
http://www.youtube.com/watch?v=Z_tRz2rLOVU&hd=1 
http://www.youtube.com/watch?v=7ygkAzx7_EI&hd=1
18 
 
Em seguida, reflita sobre alguns questionamentos apresentados e observe as 
explicações, que serão muito interessantes para a utilização no seu cotidiano escolar. 
Registre suas conclusões a seguir: 
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2.1 COMO DESENVOLVER AS CAPACIDADES PSICOMOTORAS 
 
As crianças nos proporcionam inúmeros momentos de diversão e através destes 
momentos, aproveitamos para observarmos e explorarmos tudo que for possível, para 
favorecer no processo de aprendizagem, pois a brincadeira e as atividades lúdicas são de 
suma importância para inserirmos os primeiros passos da alfabetização e a socialização 
com o grupo. 
A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e estruturação do 
esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a prática do movimento em 
todas as etapas da vida de uma criança. Por meio das atividades, as crianças, além de se 
divertirem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. Por isso, 
cada vez mais os educadores recomendam que os jogos e as brincadeiras ocupem um 
lugar de destaque no programa escolar desde a Educação Infantil. 
A Psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação, como um meio de 
tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente o ser espírito, o ser natureza e o 
ser sociedade. A Psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade, 
porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente. 
Vitor da Fonseca (1988) comenta que a "PSICOMOTRICIDADE" é atualmente 
concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação 
inteligível entre a criança e o meio. 
Na Educação Infantil, a criança busca experiências em seu próprio corpo, formando 
conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem da Psicomotricidade irá 
permitir a compreensão da forma como a criança toma consciência do seu corpo e das 
possibilidades de se expressar por meio desse corpo, localizando-se no tempo e no 
19 
 
espaço. O movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de uma 
intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento 
significante. É necessário que toda criança passe por todas as etapas em seu 
desenvolvimento. 
O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a formação de base 
indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando 
oportunidade para que por meio de jogos, de atividades lúdicas, se conscientize sobre 
seu corpo. Através da recreação a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como 
meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Para que a criança desenvolva o 
controle mental de sua expressão motora, a recreação deve realizar atividades 
considerando seus níveis de maturação biológica. A recreação dirigida proporciona a 
aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas que ajudam na conservação 
da saúde física, mental e no equilíbrio sócio-afetivo. 
Segundo Barreto (2000), “O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na 
prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da 
direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. A educação da criança deve evidenciar a 
relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, 
a cultura corporal e os seus interesses. A educação psicomotora para ser trabalhada 
necessita que sejam utilizadas as funções motoras, perceptivas, afetivas e sócio-motoras, 
pois assim a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas, 
indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si 
mesma e do mundo que a cerca. 
O jogo é uma atividade criativa, pois permitem à criança viver e reviver, ativamente as 
situações dolorosas que viveu passivamente, modificando os enlaces dolorosos e 
ensaiando na brincadeira as suas experiências da realidade (FREUD, 1976 Vol. XVII 
1917, p. 159). Constitui-se numa importante via de acesso ao saber. No jogo se faz 
próprio o conhecimento que é do outro, construindo o saber. 
Conforme aponta Fernandes (1990, p.165), “não pode haver construção do saber se não 
se joga com o conhecimento”, pois o saber é a incorporação do conhecimento numa 
construção pessoal relacionada com o fazer. 
Piaget (1998,p.58) afirma que o jogo simbólico, que surge ao redor dos 2 anos permite 
à criança assimilar o mundo à medida do seu, deformando-o para atender os seus 
desejos e fantasias. Afirma também que o jogo tem uma evolução, começando com 
exercícios funcionais (correr, saltar, jogar bolinha, etc.) e seguidos pelos jogos 
simbólicos (imitar, dramatizar). Aparecem depois os jogos de construção, que vão 
aproximando-se cada vez mais do modelo, e os jogos de regras, introduzidos à lógica 
operatória. 
Como observa Paín (1986, p. 50) o exercício de todas as funções semióticas que supõe a 
atividade lúdica possibilita uma aprendizagem adequada, na medida em que através dela 
que se constroem os códigos simbólicos e dos sinais e se processam os paradigmas do 
20 
conhecimento conceitual, ao se possibilitar através da fantasia e do tratamento de cada 
objeto nas suas múltiplas circunstância possíveis. 
Do ponto de vista afetivo, considera-se que os jogos infantis reproduzem situações 
psíquicas estruturantes na constituição do eu. Podemos criar, por exemplo, os jogos de 
esconder-aparecer, que é muito apreciado pelas crianças num determinado momento de 
suas vidas. Esses jogos significariam a expressão do primeiro vínculo, ou seja, o vínculo 
mãe-filho, e a descoberta pela criança da mãe como objeto de amor separado de si. Os 
jogos orais como “as brincadeiras de fazer comidinha”, também muito apreciados pelas 
crianças, na perspectiva psicanalítica, simbolizam as possibilidades internalizadas de 
dar e receber amor. Um cenário simbólico em relação à alimentação é construído a 
partir da forma como são vivenciadas as questões da oralidade. 
Estrutura-se, então, uma modalidade de incorporação. Remetendo-se às questões de 
aprendizagem, o que temos é uma relação entre a modalidade de incorporação e o 
processo de aprendizagem. Já vimos que aprender pressupõe a construção do saber e 
que esta por sua vez, demanda a incorporação do conhecimento. 
A atribuição simbólica pessoal de significado ao processo de aprendizagem vai recorrer 
como o faz o sonho, aos restos diurnos, a um reservatório de cenas em movimento que 
tem a ver com a alimentação: movimento de incorporação, receber, mastigar o alimento 
com prazer [...]. 
Além dos jogos orais, também os jogos com argila, água, areia, tinta plástica, etc., como 
representantes excrementícios em forma de substantivos socialmente aceitos; os jogos 
com bonecas e animais como expressão da fantasia da criança sobre a relação dos pais e 
os jogos com veículos simbolizando as fantasias de penetração e representando a forma 
de controle pulsional fornecem ao psicopedagogo elementos de análise. 
Todos esses jogos tomados como referência ao campo da aprendizagem dizem de como 
a criança aprende, que coisas aprendem qual o significado do aprender, como ela se 
defende do objeto do conhecimento e que operações mentais utilizam no jogo. 
Fernández, ao propor a hora do jogo psicopedagógico como estratégia para 
compreender os processos que podem ter levado à estruturação de uma patologia no 
aprender, afirma que tal atividade possibilita o “desenvolvimento e posterior análise das 
significações do aprender para a criança” (1990, p.171), além de permitir, conforme 
aponta Paín (1986), conhecer a aptidão da criança para criar, refletir, organizar, integrar. 
Quatro aspectos fundamentais da aprendizagem podem ser extraídos da observação do 
jogo: “distância de objeto, capacidade de inventário; função simbólica, adequação 
significante-significado; organização, construção de sequência; integração, esquemas de 
assimilação” (1986, p.54). 
A psicopedagogia utiliza-se do jogo como estratégia de intervenção e é muito 
importante mencionar os elementos de intervenção que essa atividade nos oferece, já 
que é a maneira de nos assegurarmos da eficiência dos procedimentos adotados. 
21 
Além disso, o efeito terapêutico está implícito no próprio ato de jogar e, mais
precisamente, na interpretação do psicopedagogo, quando este, devidamente preparado, 
pode inferir o sentido latente que se mostra no jogo, pois ele funciona como uma via de 
expressão metonímica do desejo. 
Portanto, em todas as circunstâncias em que é indicada a intervenção psicopedagógica, é 
importante que o psicopedagogo possa jogar o jogo da criança, sem, no entanto perder 
de vista o seu compromisso com a aprendizagem e lembrando que toda relação do 
sujeito com o mundo, depois que deixa de ser consequência de um reflexo, demanda 
aprendizagem. 
“O meu corpo fala. O seu corpo fala. Ambos se comunicam e se relacionam, 
especialmente ao nascer, mediante a linguagem corporal”. 
Noêmia A. Lourenço 
Segue anexo um vídeo, intitulado, Psicomotricidade de 0 a 6 anos, com algumas 
atividades motoras, a sua visualização é mera forma de aquisição de conhecimento. 
http://www.youtube.com/watch?v=psU9gOuIbRk 
http://www.youtube.com/watch?v=psU9gOuIbRk
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Ao assistir o vídeo reflita sobre alguns questionamentos apresentados explicações, que e 
registre suas conclusões a seguir: 
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É pela motricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos e é 
manipulando-os que ela redescobre o mundo; porém, esta descoberta a partir 
dos objetos só será verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de 
segurar e de largar, quando ela tiver adquirido a noção de distância entre ela e 
o objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer mais parte de sua simples
atividade corporal indiferenciada. A psicomotricidade não é exclusiva de um 
método, ou de uma “escola” ou de uma “corrente” de pensamento, nem 
constitui uma técnica, um processo, mas visa fins educativos pelo emprego do 
movimento humano. (AJURIAGUERRA, apud FONSECA, 1998 p.332 
2.2 EXEMPLOS DE EXERCÍCIOS PSICOMOTORES: 
a) ANDAR
23 
 
. Andar de lado (passos laterais) 
. Andar de lado (passos cruzados) 
. Correr com as mãos na cabeça 
. Correr com as mãos nos quadris 
. Correr com as mãos nas costas 
. Saltitar com 2 pés 
. Saltitar em um pé só 
. Saltitar pra frente 
. Saltitar pra trás . 
.Saltitar pra direita 
.Saltitar pra esquerda. 
b) EQUILÍBRIO 
. Se a criança tiver bom equilíbrio, amplia sua capacidade de concentração. 
. Subir escadas elevando o joelho bem alto 
. Passo de elefante 
. Andar de joelhos com as mãos no ar 
. Pulo do coelho (com os 2 pés e apoio das mãos no solo) 
. Passo de caranguejo (sentado no solo, palma das mãos para trás, elevar os 
quadris caminhando para frente e para trás) 
. Ficar na ponta dos pés de olhos abertos em cima de um banco 
. Ficar na ponta dos pés de olhos fechados por 10 segundos 
. Ficar na ponta dos pés de olhos abertos por 10 segundos 
. Caminhar na ponta dos pés 
. Agachar, abrir os braços e imitar um avião, 10 segundos de olhos abertos 
. Agachar, abrir os braços e imitar um avião, 10 segundos de olhos fechados 
. Andar na ponta dos pés com a mão na nuca 
. Com os calcanhares e os braços cruzados nas costas 
24 
. Com passos largos e mão na cintura 
. De lado com as mãos na cabeça 
. Ir de cócoras e voltar 
. Caminhar normalmente 
. Ir e voltar de costas 
. Ir correndo e voltar andando 
. Ir andando e voltar correndo 
. Ir saltitando com os doispés e voltar andando 
. Andar em câmera lenta 
. Andar rápido 
. Andar devagar 
c) COORDENAÇÃO ÓCULO MANUAL
. Lançar bolas ou sacos de areia num balde ou caixa com abertura igual da bola
. Encaixar pinos de diferentes tamanhos numa tábua com formas variadas de
orifícios
. Tocar a bola pendurada por um fio ou barbante
. Bilboquê
d) ATIVIDADES DE COSCIENTIZAÇÃO DO CORPO
As crianças necessitam fazer experiências com a utilização do corpo de ambos os lados 
(direito e esquerdo). Para muitas crianças a diferença entre os dois lados ainda não está 
definido, devido a ênfase dada ao usar somente UM DOS LADOS DO CORPO. 
Uma vez que o corpo apresenta simetria lateral, acredita-se que ambos os lados devem 
ser desenvolvidos a fim de se obter o máximo de influência nos movimentos. 
. De olhos fechados, deitados no solo, tocar as partes do corpo citadas. Recortar 
várias partes do corpo e colar num caderno 
. Fazer experiências em frente o espelho com as partes do corpo 
. Usar partes do corpo no ambiente e (tocar a mesa com o nariz, a parede com as 
costas, o chão com o joelho, com o cotovelo...) 
. Deitar de barriga pra cima e fazer círculos com os pés para o alto 
25 
 
. Com uma bexiga, tocar a parte do corpo solicitada. 
. Recortar bonecos de papel e colocar cada um num envelope separado, pedir 
que arrumem de novo o boneco. 
e) CONSCIÊNCIA ESPACIAL 
. Procure ser a pessoa mais alta 
. Procure ser a pessoa mais baixa 
. Procure ser a pessoa mais magra 
. Procure ser uma bola 
. Como a bola rola? 
. Apontar para a parede mais distante 
. Apontar para parede mais próxima 
. Sem sair do lugar, movimentas os pés rapidamente. 
. Rolar como um tronco 
. Arrastar para frente e para trás 
. Rolar pra frente/trás 
. Caminhar ajoelhada 
. Brincar de combate (arrastar-se) 
. Andar sobre as mãos e pés (macaquinho) 
f) COORDENAÇÃO MOTORA FINA 
. Parafusos com porcas (rosquear e desrosquear) 
. Passar água de uma bacia pra outra com uma esponja 
. Massa de modelar (fazer bolas, salsichas, fazer buracos com todos os dedos) 
. Pegar bolas de gude ou outros objetos com um pegador de salada/macarrão 
. Colocar sementes ou outros objetos dentro de garrafas de refrigerante. 
. Com uma colher, carregar bolas de pingue pongue de um lado para outro ou 
apenas repassá-las de uma bacia para outra. 
. Abotoar e desabotoar 
. Abrir e fechar zíperes 
26 
. Jogo 60 segundos da Grow (encaixar formas geométricas em tempo 
determinado) 
. Rasgar papel com a mão 
. Despejar líquido de uma garrafinha no copo 
. Usar uma seringa para puxar água e colocar dentro de outro recipiente 
. Passar líquido de um copinho pra outro utilizando um conta gotas 
. Usando uma raquete de pingue pongue, bater a bolinha pra cima sem deixar 
cair. 
. Usando a mesma raquete e batendo a bolinha, andar devagar e rápido. 
Pode-se afirmar, então, que a recreação, através de atividades afetivas e 
psicomotoras, constitui-se num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso 
na interação entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o indivíduo e o 
grupo, promovendo a totalidade do ser humano. 
Autor desconhecido 
27 
Atividade de conclusão da Unidade 2: 
1) Leia: “O esquema corporal especifica o indivíduo enquanto representante da
espécie, seja qual for o lugar, a época, ou as condições que vive (...) A imagem do 
corpo, pelo contrário, é própria de cada um: está ligada ao sujeito e à sua história” 
(Françoise Dolto, La imagem inconsciente Del cuerpo, Buenos Aires, Paidós, 1986. 
Em: Levin, Esteban. A clínica psicomotora: o corpo e a linguagem. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1995). A partir da proposição, defina “esquema corporal e imagem do corpo”. 
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2) Psicomotricidade para que e para quem?
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3) Quais os benefícios dos jogos no processo de aprendizagem?
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4) Quais os benefícios da psicomotricidade no processo de aprendizagem e no
desenvolvimento infantil? 
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28 
UNIDADE 3 
3. VERTENTES DA PSICOMOTRICIDADE
Atualmente existem diversas escolas de distintas vertentes na área da Psicomotricidade. 
A história da Psicomotricidade nos conta que, por um largo tempo, tratou o ser humano 
de forma fragmentada, baseada nos princípios fundamentais do dualismo cartesiano, que 
consistem em separar o corpo e a alma. Descartes (1999) prediz que o corpo é apenas 
uma coisa externa que não pensa, e que a alma, não participa de nada daquilo que 
pertence ao corpo. Posteriormente passou-se a considerá-lo em sua totalidade, isto é, o 
corpo começa a ser visto como uma unidade que expressa sentimentos e emoções que 
movem suas ações, essa unidade veio para nos explicar e citar quais são as vertentes e 
como elas podem colaborar para o nosso conhecimento, psicomotor. 
3.1 AS PRINCIPAIS VERTENTES DA PSICOMOTRICIDADE 
Com o intuito de facilitar a compreensão das características das principais vertentes da 
Psicomotricidade, algumas características são analisadas e destacadas em cada uma 
delas. No desenvolvimento deste exercício de categorização é necessário um prévio 
entendimento a respeito do que cada um destes aspectos possibilita entender e que são: 
a) Finalidade: procuramos entender o objetivo principal das distintas vertentes,
ou seja, o propósito de sua prática; 
b) Área de base: compreender qual área do conhecimento originou seus
fundamentos, visto que a Psicomotricidade busca constantemente um 
fundamento teórico em outras áreas do conhecimento; 
Biblioteca online- sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução.
29 
 
c) Autores de base: são os autores clássicos que nortearam as bases teóricas de 
cada vertente; 
d) Principais autores e obras e publicações: destacam os autores que foram 
destaques em suas ideias e pesquisas para as modificações e contribuições da 
Psicomotricidade, suas obras são referências originais para a compreensão da 
evolução e da dinâmica da práxis da Psicomotricidade. Outro polo de categorias 
analisa e descreve os aspectos práticos da Psicomotricidade, caracterizados pela 
influência de distintos estudos e fundamentos na Psicomotricidade que são: a 
relação adulto/criança; a composição dos grupos; a organização e proposição 
da prática; o desenvolvimento das rotinas; avaliação/acompanhamento e 
postura corporal diante da criança. 
 
3.2 REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA 
 
A vertente denominada Reeducação Psicomotora destina-se a crianças que apresentam 
déficit em seu funcionamento motor. Essa abordagem tem por finalidade ajudar a 
criança a reaprender como se executam ou se desenvolvem determinadasfunções 
motoras. Para isso, avalia-se o perfil psicomotor da criança, utilizando métodos que 
consistem na aplicação de baterias de testes psicomotores (PICQ e VAYER, 1985). 
Após o diagnóstico, a criança é submetida a um programa de sessões que tem como 
objetivo suprir as dificuldades aparentes (NEGRINE, 2002). 
Esta abordagem tem como base estudos da neuropsiquiatria infantil. Com abordagem 
centrada no desenvolvimento motor e entende o ser humano como um corpo 
instrumental, isto é, uma “máquina de movimento”, que, caso não estiver funcionando, 
deve ser reparada (LEVIN, 1995). 
Le Camus ao analisar os estudos de Guilmain explica que a sessão de reeducação 
psicomotora destina-se,a três propósitos principais: reeducar a atividade tônica (com 
exercícios de atitude, de equilíbrio e de mímica); melhorar a atividade de relação (com 
os exercícios de dissociação e de coordenação motora com apoio lúdico); desenvolver o 
controle motor (com exercícios de inibição para os instáveis e de desinibição para os 
emotivos) (1986, p. 27). 
30 
 
Um aspecto importante a destacar é que Guilmain deu início à tentativa de acoplar a 
psicologia à educação física, devido ao fato de ter como base teórica os estudos de 
Wallon (1995), que relacionam motricidade e caráter. Com isso, surge um paralelismo 
entre fenômenos psicológicos e fenômenos motores (LE CAMUS, 1986). 
O início da reeducação psicomotora esteve centrado em uma prática focada no 
desempenho da criança frente aos seus métodos. Tratava-se de uma prática diretiva, 
mecanicista e dualista, com controles em relação aos sentimentos e emoções da criança 
em suas ações. 
Aucouturier (1986), em conjunto com outros estudiosos do tema, começou a sentir a 
necessidade da evolução de seus ensinamentos e de suas práticas. O grupo estava 
preocupado em trabalhar com uma abordagem relacional. A respeito disso, Aucouturier 
destaca que: 
Quando falo de globalidade da criança, falo de respeitar sua senso-motricidade, 
sua sensorialidade, sua emocionalidade, sua sexualidade, tudo ao mesmo tempo, 
falo de respeitar a unidade de funcionamento da atividade motora, da 
afetividade e dos processos cognitivos; falo de respeitar o tempo da criança, sua 
maneira totalmente original de ser no mundo, de viver, de descobrir, de 
conhecê-lo, tudo simultaneamente (1986, p. 17). 
A principal mudança na evolução da reeducação psicomotora está na compreensão do 
corpo como uma unidade e cujo movimento possui significado. Com isso a postura do 
reeducador frente à criança toma outra direção: ele passa a entendê-la como um ser de 
expressividade psicomotora. Sua relação com a criança passa a ser de empatia, de 
escuta, de interação e de ajustamento constante (AUCOUTURIER, DARRAULT e 
EMPINET, 1986). 
Outro aspecto importante que é citado nesta nova fase da reeducação psicomotora é que 
a formação do reeducador é composta por uma trilogia efetuada simultaneamente: a 
formação pessoal, a formação teórica e a formação prática. Ambas completam-se e 
enriquecem-se umas às outras (AUCOUTURIER, DARRAULT e EMPINET, 1986). 
A formação pessoal tem como objetivo melhorar a disponibilidade corporal do adulto a 
partir de vivências corporais. Mobiliza as áreas da afetividade, da sexualidade e dos 
“fantasmas”, proporcionando mudanças de atitude e de tomadas de consciência. A 
31 
 
formação teórica surge da necessidade que o psicomotricista tem em justificar, analisar 
e refletir sobre as principais teorias que baseiam seus procedimentos. E a formação 
prática oportuniza a vivência concreta de seus estudos com as crianças 
(AUCOUTURIER, DARRAULT e EMPINET, 1986). 
Esses mesmos autores determinam que a reeducação psicomotora é destinada a crianças 
com idade até oito anos, pois entendem que, após essa idade, a prática psicomotora 
passa a ser uma prática corporal composta de atividades físicas com outras finalidades e 
não mais reeducativas. 
A evolução que a reeducação psicomotora passou foi o primeiro passo de uma trajetória 
que a Psicomotricidade ainda percorre, isto é, o desenvolvimento de uma abordagem 
cada vez mais preocupada com o ser humano em sua totalidade inserido em um 
contexto sociocultural. 
 
 
 
3.3 TERAPIA PSICOMOTORA 
 
A vertente chamada de Terapia Psicomotora é um desdobramento da vertente da 
reeducação psicomotora. Esta vertente se originou da compreensão de que o movimento 
é linguagem e, portanto, expressa os sentimentos, emoções, desejos e demandas do ser 
humano. É destinada às crianças “normais” e com necessidades especiais que 
apresentam dificuldades de comunicação, de expressão corporal e de vivência simbólica 
(NEGRINE, 2002). 
Através da avaliação, diagnóstico e tratamento, esta abordagem possibilita, por meio da 
relação terapêutica, a compreensão das patologias psicomotoras e suas consequências 
32 
 
relacionais, afetivas e cognitivas, tendo sempre como referência o desenvolvimento 
psicodinâmico da motricidade da criança (CARNÉ, 2002). Expoentes desta vertente é o 
estudo de caso clássico de Aucouturier e Lapierre com o menino Bruno, bem como 
Vecchiatto que descreveu um processo original da terapia psicomotora com um menino 
com síndrome de Down. 
A terapia psicomotora utiliza-se das contribuições da teoria psicanalítica. Nesta vertente 
os psicomotricistas estão atentos à vida emotiva de seus pacientes, delegando 
importância à emoção, à expressão e à afetividade. O corpo é considerado como uma 
unidade que conjuga a emoção e a motricidade (LEVIN, 1995). 
Ajuriaguerra (1984) explica que a terapia psicomotora não se restringe somente a 
modificar o tônus de base e as habilidades de posição e rapidez, mas modificar o corpo 
em seu conjunto, no modo de perceber e apreender as aferências emocionais. 
Para Aucouturier e Lapierre (1977), a criança possui “problemas, deficiências e falhas”. 
Cabe ao terapeuta reconhecer suas potencialidades e trabalhar com o que há de positivo 
na criança, partindo daquilo que ela faz espontaneamente, daquilo que sabe fazer, do 
que gosta de fazer. 
A formação do terapeuta é composta pela mesma trilogia que foi citada e explicada na 
reeducação psicomotora, adicionando-se, ainda, formação continuada e supervisão 
permanente, pois estas é que lhe possibilitam bases para o desenvolvimento de sua 
prática (AUCOUTURIER, DARRAULT e EMPINET, 1986). 
A sessão de terapia psicomotora se desenvolve de forma individualizada. A relação que 
o terapeuta estabelece com a criança é de sintonia, escuta, empatia e o seu corpo é o 
depósito das emoções da criança. Neste caso o tempo da sessão é de acordo com a 
disponibilidade da criança (AUCOUTURIER e LAPIERRE, 1977). 
Levin (1995) explica que a terapia psicomotora centra o seu olhar a partir da 
comunicação e da expressão do corpo, no intercâmbio e no vínculo corporal, na relação 
corporal entre a pessoa do terapeuta e a criança em diálogo de empatia tônica. 
Na forma de pensar de Negrine (2002), o trabalho terapêutico, a partir da perspectiva 
lúdica, requer disponibilidade corporal do psicomotricista com a criança com 
necessidades especiais, pois através dos estímulos e intervenções sistemáticos, tem a 
33 
 
possibilidade de criar atitudes comportamentais na criança. Este nível de intervenção do 
psicomotricista é que diferencia a Psicomotricidade terapêutica da educativa. 
Nesta abordagem cabe ao terapeuta uma constante adaptação à evolução da criança, um 
domínio na trilogia da formação, uma forte capacidade de escuta e o mais importante, 
não impor às crianças os seus desejos e sim ajudá-las na evolução e na criação de seus 
próprios desejos. 
É pela motricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos e é 
manipulando-os que ela redescobre o mundo; porém, esta descoberta a partir 
dos objetos só será verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de 
segurar e de largar, quando ela tiver adquirido a noção de distânciaentre ela e 
o objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer mais parte de sua simples 
atividade corporal 
indiferenciada. A psicomotricidade não é exclusiva de um método, ou de uma 
“escola” ou de uma “corrente” de pensamento, nem constitui uma técnica, um 
processo, mas visa fins educativos pelo emprego do movimento humano. ( 
AJURIAGUERRA, apud FONSECA, 1998 p.332) 
 
 
 
3.4 EDUCAÇÃO PSICOMOTORA 
 
A vertente denominada Educação Psicomotora surge embalada pela dinâmica evolução 
das vertentes reeducativa e terapêutica. A Educação Psicomotora vem com a finalidade 
34 
de ocupar os espaços educativos com grupos de crianças. Os psicomotricistas 
perceberam que esta vertente poderia vir a se constituir no processo inicial da educação 
da criança, justamente por compreender o período da infância como aquele que constitui 
e alicerça as bases emocionais e afetivas do ser humano. 
As bases educativas empreendidas pela Educação Psicomotora são as mais diversas, 
porém vamos apresentar duas concepções contemporâneas, a partir de dois estudiosos 
da temática, que ilustram o desdobramento que se seguiu nesta vertente. De um lado Le 
Boulch (1983) que explica que a Educação Psicomotora é formadora de uma base 
indispensável a toda criança, pois tem como objetivo assegurar o desenvolvimento 
funcional, de outro lado Negrine (2002) compreende a Educação Psicomotora como o 
meio lúdico-educativo para a criança expressar-se por intermédio do jogo, do exercício 
e da comunicação entre crianças por intermédio da expressividade motriz. 
A Educação Psicomotora atualmente se divide em dois eixos: a Psicomotricidade 
Funcional e a Psicomotricidade Relacional. Negrine define o aspecto que diferencia as 
duas práticas, elucidando-nos que “(...) o ponto fundamental da passagem da 
Psicomotricidade Funcional à Relacional é a utilização do jogo (brincar da criança) 
como elemento pedagógico” (1995, p. 74). 
3.4.1 Psicomotricidade Funcional 
Para Negrine (2002), a Psicomotricidade Funcional compreende o desenvolvimento 
psicomotriz a partir de bases teóricas de neuroanatomia funcional. Tal fundamento se 
situa na concepção de que o processo de desenvolvimento humano é decorrente dos 
processos de maturação. 
Neste prisma as habilidades motrizes seguem um padrão evolutivo e poderiam ser 
avaliadas através de exercícios testes padronizadas para as diferentes idades. Variáveis 
como sexo, fatores culturais, experiências vivenciadas, não são levadas em conta. Na 
avaliação do perfil psicomotor da criança algumas variáveis são analisadas, como por 
exemplo: equilíbrio estático e dinâmico, coordenação viso manual (movimentos finos e 
delicados), sincinesias, paratonias, lateralidade e orientação espacial (NEGRINE, 2002). 
Este mesmo autor explica que a Psicomotricidade Funcional se sustenta em diagnósticos 
do perfil psicomotriz e na prescrição de exercícios para sanar possíveis descompassos 
35 
 
do desenvolvimento motriz. A estratégia pedagógica baseia-se na repetição de 
exercícios funcionais, criados e classificados constituindo as famílias de exercícios para 
as finalidades de equilíbrios estáticos e dinâmicos, de flexibilidade, agilidade, destreza e 
outras funções psicomotoras. 
Picq e Vayer (1985) explicam que, após a análise dos problemas encontrados, a 
Psicomotricidade Funcional tem a finalidade de educar sistematicamente as diferentes 
condutas motoras, permitindo assim uma maior integração escolar e social. 
Em suas primeiras obras, Aucouturier e Lapierre explicam que a “(...) organização 
espaço gráfica, necessária para a aquisição da leitura e da escrita, necessitava da prévia 
organização do espaço de modo geral e inicialmente corporal” (1985a, p.09), com isso 
determinam como objeto de sua prática, crianças com algum grau de dificuldade de 
aprendizagem (disléxicos, disgráficos, agitados), traçando o perfil psicomotor da criança 
para, depois, apresentar tabelas de exercícios com o objetivo de sanar os problemas. 
Igual como Lapierre e Aucouturier, Negrine também se dedicou aos estudos e a prática 
da Psicomotricidade Funcional. As sessões eram destinadas à crianças com problemas 
de aprendizagem, mais especificamente na leitura, na escrita e no cálculo 
matemático.Tal método se sustenta no discurso de que o desenvolvimento de certas 
habilidades motrizes permite a melhora do desempenho nas aprendizagens cognitivas 
(NEGRINE, 1986). 
O desenvolvimento da sessão de Psicomotricidade Funcional é estruturado de forma que 
o aluno imite os modelos de exercícios pré-programados, que são propostos pelo 
professor “(...) a criança não tem escolha, todas ao mesmo tempo devem realizar os 
exercícios que são propostos” (NEGRINE, 2002, p.117). O professor utiliza-se de 
métodos diretivos, tornando seu aluno dependente de suas ações, não dando espaço para 
que a criança realize atividades que permitam explorar o mundo simbólico, impedindo a 
exteriorização de sua expressividade motriz. 
Em relação aos métodos diretivos, Negrine (2002) chama a atenção para o fato de que 
estes estão relacionados a estratégias pedagógicas voltadas à correção. O gesto motriz 
que não é realizado conforme a solicitação do professor é considerado errado. Deste 
modo, criam-se inibições e resistências de exteriorização corporal, e, devido a isso, a 
36 
 
avaliação se torna uma ação puramente quantitativa, valorizando a correta execução dos 
exercícios propostos. 
A relação que o psicomotricista funcional tem com a criança é uma relação de comando 
“(...) é uma intervenção no corpo de forma mecânica” (NEGRINE, 1995, p. 56), e o 
contato corporal entre eles ou com outras crianças só ocorre se estiver determinado no 
exercício proposto. 
É importante salientar que existem vários autores que estudam e aplicam a 
Psicomotricidade Funcional, tais como: Le Boulch, Picq, Vayer, Costallat, Velasco e 
outros. Este eixo da Educação Psicomotora é seguido por professores de Educação 
Física, mas o desenvolvimento dessa prática se assemelha muito a forma tradicional de 
uma aula de ginástica. 
3.4.2 Psicomotricidade Relacional 
 
Na origem da Psicomotricidade Relacional sua abordagem se fundamentou 
particularmente nos aspectos psicanalíticos da relação do adulto com a criança. Tal 
fundamento se baseia na relação primária, da mãe com a criança, temática tão bem 
explorada pelos psicanalistas Winnicott, Dolto, Mahler, Klein, Spitz para citar aqueles 
que influenciaram a Psicomotricidade Relacional. Apesar desta forte origem Negrine 
também compreendeu que esta prática deveria se fundamentar na psicopedagogia, uma 
vez que se trata de uma prática educativa. 
Lapierre (1988) ensina que a Psicomotricidade Relacional é o inverso da expressão 
corporal, pois na expressão corporal o sujeito conhece o tema sobre o qual interpreta 
com o corpo. Em Psicomotricidade Relacional ocorre o contrário, pois a tarefa do 
psicomotricista é de descobrir o tema sobre o qual o corpo está espontaneamente 
expressando. Nesse sentido a Psicomotricidade Relacional potencia a comunicação do 
adulto com as crianças e entre elas, engloba uma série de estratégias de intervenções e 
de ações pedagógicas que servem como meio de ajuda aos processos de 
desenvolvimento e de aprendizagem da criança. 
Negrine (2002) explica que a Psicomotricidade Relacional utiliza-se da ação do brincar 
como elemento motivador para provocar a exteriorização corporal da criança, pois 
entende que a ação de brincar impulsiona processos de desenvolvimento e de 
37 
 
aprendizagem. Essas estratégias de intervenções pedagógicas criam, também, condições 
favoráveis para a construção de um vocabulário psicomotor amplo e diversificado e 
servem como meio de melhora das relações da criança com o adulto, com os iguais, 
com os objetos e consigo mesma. 
A utilização de métodos não diretivos permite que a criança manifeste todo seu 
interesse, atitudes e valoresque retratam as emoções e os sentimentos de cada momento 
vivido. Tal atitude pedagógica permite que o psicomotricista faça interpretações 
significativas das ações que a criança experimenta quando se exterioriza, seja através da 
mímica, dos gestos ou das produções plásticas. Para isso é necessário que tenha uma 
atenção maior, pois deve observar e identificar as crianças que mais necessitam de seu 
auxílio (NEGRINE, 2002). 
No que diz respeito à relação adulto/criança é fundamental que o psicomotricista ajude a 
criança a realizar tudo aquilo que ainda não é capaz de realizar sozinha; é necessário ele 
exerça um papel de mediador, seja para provocar a sua exteriorização, seja para dar 
segurança, seja para determinar limites à criança. Na relação do psicomotricista com a 
criança, o toque corporal é um forte aliado, pois com ele vínculos afetivos são 
estabelecidos, dando segurança e ajuda à criança. “O papel do psicomotricista é de 
ajuda, entretanto ele também interage, sugere, propõe, estimula e escuta a criança” 
(NEGRINE, 2002, p.124). 
É importante ressaltar que existem nuances dentro da psicomotricidade relacional, e que 
autores que tiveram a mesma formação inicial, no decorrer de seus estudos acabam, 
seguindo linhas diferentes, como por exemplo: Aucouturier, Lapierre e Negrine. 
Aucouturier determina que, na sessão, o jogo de pulsão (jogo sensório-motor – 
classificação de Piaget) deve ser potencializado, e a prática da psicomotricidade tem sua 
função até os oito anos, por outro lado Lapierre entende que o jogo simbólico é que 
deve ser potencializado, e que a Psicomotricidade deve se aplicar às crianças, aos 
adolescentes e também aos adultos. 
Uma característica importante a respeito da Psicomotricidade Relacional de 
Aucouturier, que é seguida por diversos psicomotricistas, é que a organização da sessão 
segue uma sequencia temporal, isto é, a criança deve seguir uma determinada ordem 
para executar os jogos: momento inicial ou ritual de entrada; jogos de segurança 
38 
profunda, jogos de prazer sensório-motor; jogos simbólicos; narração de história, 
atividades de representação e momento final ou ritual de saída (MARTÍNEZ, 
PEÑALVER e SANCHEZ, 2003). 
Outro aspecto importante a ressaltar, que é bem diferente do contexto escolar brasileiro, 
é que a sessão é realizada somente em ambientes fechados (sala de Psicomotricidade) 
que possuem materiais fixos (escadas, barra de equilíbrio, tatames) e diversos materiais 
complementares (blocos de espuma, aros, bola grande bichos de pelúcia, cordas, 
fantasias). Estes ambientes possuem também mesa com cadeiras e material audiovisual 
e musical, e o grupo de crianças é em número bem reduzido (MARTÍNEZ,
PEÑALVER e SANCHEZ, 2003). 
Apesar de Negrine obter uma formação na Escola de Expressão e Psicomotricidade de 
Barcelona cujos pressupostos seguem as orientações de Bernard Aucouturier, a sua 
linha de pensar a Psicomotricidade está configurada dentro de uma perspectiva 
educativa e preventiva. É importante destacar que este destacado autor nacional se 
diferencia dos demais autores devido a alguns fatores como: 
a) utilizar referencial teórico com elementos da antropologia, da psicopedagogia
que contribuem e enriquecem à tradicional visão psicanalista; 
b) inovar com a utilização dos referenciais teóricos de Vygotsky, que contribui
para uma mudança na compreensão psicopedagógica do desenvolvimento e 
aprendizagem infantil; 
c) explicar que em um ambiente lúdico a criança faz uma trajetória denominada
de trajetória lúdica e o seu movimento flutua entre o movimento técnico e o faz 
de conta, isto é jogar simbolicamente; 
d) estruturar a organização da prática psicomotriz educativa com grupos de
crianças, adequada para o ensino regular e os diversos contextos que promovem. 
39 
 
 
QUADRO 1: Características dos fundamentos das vertentes da Psicomotricidade 
 
REEDUCAÇÃO 
PSICOMOTORA 
TERAPIA PSICOMOTORA 
PSICOMOTRICIDA 
DE FUNCIONAL 
PSICOMOTRICIDADE 
RELACIONAL 
FINALIDADE 
Reeducação das funções 
psicomotoras 
Tratar patologias psicomotoras, 
afetivas, relacionais e cognitivas 
Sanar problemas motores, 
melhorar as aprendizagens 
cognitivas e o comportamento 
da criança 
Desenvolver as potencialidades 
relacionais da criança utilizando 
a ação do brincar 
ÁREA DE BASE 
Biomédica neuropsiquiatria 
infantil 
Psicanálise Psicopedagogia Psicopedagogia 
AUTORES DE 
BASE 
Dupré 
Wallon 
Rogers 
Wallon 
Piaget 
Winnicott 
Vygotsky 
PRINCIPAIS 
AUTORES 
Guilmain, Defontaine 
Empinet e Darrault 
Ajuriaguerra 
Levin 
Le Boulch 
Picq e Vayer 
Aucouturier 
Lapierre 
Negrine 
OBRAS E 
PUBLICAÇÕES 
Manual de reeducación 
psicomotriz 
1º, 2º, 3º anos 
La educacion psicomotriz como 
terapia “Bruno” 
A clínica psicomotora 
A educação pelo movimento 
Educação psicomotora e retardo 
mental 
Simbologia do Movimento 
Aprendizagem e 
desenvolvimento infantil vols 1, 
2 e 3 
40 
 
 
Quadro 2: Procedimentos didáticos das vertentes da Psicomotricidade 
 
REEDUCAÇÃO 
PSICOMOTORA 
TERAPIA 
PSICOMOTORA 
PSICOMOTRICIDADE 
FUNCIONAL 
PSICOMOTRICIDADE 
RELACIONAL 
RELAÇÃO 
ADULTO/CRIANÇA 
Comando, não interage. Escuta, ajuda interação e 
disponibilidade corporal. 
Comando e direção é o 
modelo da criança 
Ajuda, escuta, estímulo, 
interação e intervenção 
COMPOSIÇÃO DOS 
GRUPOS 
Grupos pequenos, 
Individual. 
Individual Grupos em um mesmo nível 
de desenvolvimento 
Grupos de diferentes níveis de 
desenvolvimento 
ORGANIZAÇÃO E 
PROPOSIÇÃO DA 
PRÁTICA 
Programa de sessões de 
exercícios conforme a 
necessidade da criança 
Atividades em que objetos e o 
corpo do terapeuta se tornem 
o depósito das emoções da 
criança 
Atividades pré-programadas, 
famílias de exercícios. 
Proposição de circuito 
sensório motriz 
Ritual de entrada; atividades 
livres de expressão, 
construção e comunicação; 
Ritual de saída 
DESENVOLVIMENTO 
DAS ROTINAS 
Método diretivo Método não diretivo Método diretivo Método não diretivo 
AVALIAÇÃO/ 
ACOMPANHAMENTO 
Bateria de testes que 
determinam o perfil 
psicomotor 
Avalia conforme a evolução 
da criança 
Correção do erro, padrão de 
movimento certo e errado. 
Despertar de zonas proximais 
na criança 
POSTURA CORPORAL 
DIANTE DA CRIANÇA 
Não ocorre contato corporal Ocorre contato corporal Raramente ocorre contato 
corporal 
Ocorre contato corporal 
41 
Atividade de conclusão da Unidade 3 
1) A reeducação psicomotora é uma vertente destinada a qual público? E como é
diagnosticado? 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
2) O papel do educador físico é muito importante no processo de reeducação
psicomotora. Qual o autor defende esse trabalho, segundo o texto acima e quais seus 
argumentos? 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
3) Cite os autores que defendem uma faixa etária, limite, para se trabalhar a
reeducação psicomotora e, qual é a idade e por quê? 
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
4) Qual a importância da educação psicomotora?

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