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ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 1 Fisiologia do Sistema Reprodutor Masculino Muito do que é estudado na fisiologia da reprodução masculina está relacionado com a embriologia e histologia. O objetivo primordial é a produção de gametas. Por isso, o estudo fisiológico é voltado para a gametogênese com a regulação hormonal. DESENVOLVIMENTO DOS ÓRGÃOS INTERNOS Ao observar a reprodução, todo o processo de desenvolvimento de órgãos internos e externos ocorre na fase embrionária. O que determina a diferenciação sexual do embrião é a presença do cromossomo Y, ou seja, é o espermatozoide que determina o sexo do embrião. Esse cromossomo codifica uma proteína chave no processo de diferenciação sexual, a proteína SRY. A mulher tem dois cromossomos X e eles não sinalizam para essa proteína. Até em torno de 8 semanas de desenvolvimento, as gônadas são bipotenciais, isto é, tem o potencial tanto de se desenvolver em estruturas reprodutoras femininas, quanto em estruturas reprodutoras masculinas. A partir da 8ª semana, se houver cromossomo Y, ocorre produção da proteína SRY que determina a diferencial da medula gonadal em testículo. Se não houver, o córtex gonadal se diferencia em ovário. Logo, se será testículo ou ovário depende da presença da SRY e da região da gônada bipotencial que será estimulada. Isso influencia o desenvolvimento das outras estruturas que fazem parte dos órgãos internos do sistema reprodutor. No sexo masculino, a presença da proteína SRY e o desenvolvimento de testículo faz com que seja produzido o hormônio antimulleriano (AMH). Esse hormônio é liberado pelos testículos e faz com que os ductos de Muller se degenerem e os ductos de Wolf se desenvolvam. Logo, para ser do sexo masculino tem que degenerar os ductos de Muller e desenvolver os ductos de Wolf. O oposto ocorre no sexo feminino: ausência da SRY, provoca ausência de testículos e de AMH, os ductos de Wolf atrofiam e os ductos de Muller proliferam, originando outras estruturas internas. Os ductos de Wolf origina vesícula seminal, ducto deferente e epidídimo. Seguindo a imagem abaixo, o gene SRY, do cromossomo Y, produz proteína SRY que inicia a produção de uma série de proteínas que leva a diferenciação da medula gonadal. O testículo possui células de Leydig e células de Sertoli que sofrem ação hormonal e produzem também hormônios. As células de Leydig são as responsáveis pela produção de testosterona que desenvolve o ducto de Wolf. Esse ducto será responsável por desenvolver outras estruturas da genitália interna masculina. As células de Sertoli secretam AMH que garante a atrofia dos ductos de Muller. DESENVOLVIMENTO DOS ÓRGÃOS EXTERNOS No processo de desenvolvimento sexual, há o desenvolvimento dos órgãos internos e o desenvolvimento dos órgãos externos que também ocorre no estágio embrionário. ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 2 No sexo masculino, fator chave é o que ocorre na diferenciação da medula porque a produção de di-hidrotestosterona (forma mais potente que surge a partir da conversão da testosterona) só ocorre depois que a medula se diferencia em células de Leydig e células de Sertoli. E é essa di-hidrotestosterona que vai originar a genitália masculina externa. No sexo feminino, a medula atrofiou, o córtex se desenvolveu e isso direciona o desenvolvimento da genitália feminina externa. Logo, os hormônios estão envolvidos desde o desenvolvimento embrionário. GAMETOGÊNESE A principal função do sistema reprodutor é a produção de gametas. E assim como o desenvolvimento das estruturas sexuais se iniciam no estágio embrionário, a produção de gametas também se inicia nesse período. Há uma certa diferença entre os sexos. Na mulher há mais tipos de células da gametogênese durante o estágio embrionário. Já no homem, as células primordiais são mantidas até a fase adulta, quando há maior produção de testosterona. Na próxima figura, pode-se observar que a produção de gametas está relacionada com a diferenciação de células imaturas em células mais desenvolvidas por meio de várias divisões celulares. O resultado final é a produção de espermatozoides. O homem nasce com espermatogônias e somente na puberdade, essas células começam as divisões que as tornam em espermatozoides. Um espermatócito primário origina quatro espermatozoide. Isso se difere do feminino em que se forma somente um ovócito secundário. CONTROLE DA FUNÇÃO REPRODUTORA Dentro do testículo há células em todos os estágios da gametogênese e isso ocorre na forma de colunas. Se fizer um corte na rede testicular, é possível observar essas colunas que são sustentadas e cercadas pelas células de Sertoli. Esse desenvolvimento depende da produção de testosterona pelas células de Leydig. O colesterol é precursor da síntese de testosterona que é precursora da síntese de estrógeno. Logo, mulher também produz testosterona a fim de produzir estrógeno. Na figura ao lado, tem-se a síntese da testosterona e pode-se observar que a enzima 5alfa-redutase converte a testosterona no seu metabolito mais ativo, que é di-hidrotestosterona (DHT). Esses dois hormônios regulam a própria produção, por retroalimentação negativa, como mostra a próxima figura. Seguindo o eixo hipotálamo-hipófise-gônada, ocorre estimulo para a produção do GnRH que estimula a adenohipófise a produzir LH e FSH. Esses dois hormônios tem alvos distintos: FSH atua preferencialmente em células de Sertoli e LH atua preferencialmente em células de Leydig. Sobre a ação do LH, as células de Leydig produzem testosterona que se autorregula negativamente. O aumento dos níveis de testosterona sinaliza para o hipotálamo e para a hipófise diminuírem a sua produção através na inibição da produção de GnRh, LH e FSH. O LH está envolvido na produção de gametas mas somente no sexo feminino devido a oscilação dos receptores. A produção de gametas, desde a espermatogônia até o espermatozoide, depende da ação da testosterona produzida pelas células de Leydig. ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 3 SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Depois que o homem já chegou na fase adulta e está produzindo gametas, há algumas estruturas que compõem esse sistema reprodutor: testículo, pênis, escroto, próstata, glândula bulbouretral, vesícula seminal e ducto deferente. Na figura, há um corte do pênis que mostra que ele é composto por tecido elástico em que há presença de dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso. Os corpos cavernosos são sinusoides, ou seja, são cheios de lacunas que enchem ou esvaziam de sangue e é esse processo que determina a ereção. O pênis é uma estrutura comum ao sistema reprodutor masculino e ao geniturinário já que a uretra passa pelo pênis. Assim, é um único canal que passa pelos dois sistemas, diferente do que ocorre na mulher: uretra é separada da entrada na vagina. Associado a essas estruturas básicas, há algumas glândulas que possuem importância na produção do sêmen: vesícula seminal, glândula bulbouretral e próstata. Essas glândulas proporcionam ambiente adequado aos gametas produzidos no testículo. O ducto deferente é importante para o transporte do espermatozoide pronto para atingir seu alvo. As gônadas não ficam localizadas dentro da cavidade abdominal, ficam envolvidas pela bolsa escrotal. Isso está relacionado com regulação da temperatura já que a produção de espermatozoide precisa de uma temperatura mais branda do que a temperatura corporal. Conforme a imagem acima, os testículos tem papel primordial de produção de espermatozoides e hormônios. É possível observar a organização em colunas das células em desenvolvimento: na base, células mais imaturas e mais próximo ao lúmen do túbulo seminífero, células mais maduras. Entre as colunas, há células de Sertoli que regulam a produção de espermatozoide e relacionam-se com funções mais metabólicas: produção de enzimas,fatores de crescimento, proteínas ligadoras de andrógenos (sob ação dos hormônios da adenohipófise, principalmente FSH) e de inibina. ESPERMATOGÊNESE REQUER GONADOTROFINAS E TESTOSTERONA Na imagina acima, temos o detalhamento da espermatogênese com o eixo hipotálamo-hipófise. O hormônio estimulador de gonadotrofina (GnRh) estimula a adenohipófise a produzir LH e FSH. Esses hormônios hipofisários tem alvos distintos. O FSH atua principalmente nas células de Sertoli, se ligando a receptores de membrana e resultando na produção de alguns produtos celulares, entre eles a proteína ligadora de androgênios (ABP) que é importante para o transporte de testosterona, enzimas e proteínas que auxiliam na gametogênese. Também estimulada pelo FSH, as células de Sertoli produzem inibina que ajuda no feedback negativo, ou seja, inibe a produção de FSH. O LH atua preferencialmente nas células de Leydig, estimulando a produção de testosterona (T). Esse hormônio vai para circulação para ter os efeitos secundários no corpo e por isso, precisa se ligar a ABP. Também atua dentro dos testículos, regulando as etapas da gametogênese. A própria testosterona que regula a sua produção, ao fazer um feedback negativo na adenohipófise e no hipotálamo. OBS: a inibina só atua na adenohipófise. A testosterona atua na adenohipófise e no hipotálamo. TESTOSTERONA A testosterona também é importante para uma serie de outros sistemas como mostra a próxima figura. A testosterona atua: 1. Na formação de eritrócitos 2. No balanço reabsorção e absorção de matriz óssea, diretamente e quando convertida em estrógeno ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 4 3. Gordura visceral: a mulher acumula mais gordura na região abdominal porque produz menos testosterona 4. Funções metabólicas 5. Diferenciação e desenvolvimento da genitália externa 6. Puberdade: crescimento de pelos 7. Massa muscular: testosterona estimula a produção de massa magra ADMINISTRAÇÃO EXÓGENA DE ANDRÓGENOS Hoje em dia não é a testosterona em si que é usada e sim sintéticos derivados de testosterona. São usados por pessoas interessadas em desenvolvimento muscular, inclusive mulheres. Como a mulher produz pouca testosterona e a maior parte é convertida em estrógeno, algumas recorrem ao uso exógeno para diminuir acumulo de gordura e acelerar o ganho de massa magra através da musculação. Isso tem efeitos colaterais em homens e mulheres já que a testosterona está envolvida na gametogênese. Há ainda outras consequências já que são os níveis elevados desse hormônio que regula o quanto será produzido dele pelo organismo. Analogamente, há o uso de anticoncepcionais. É interessante que esse eixo hipotálamo-hipófise-gônada fique inibido para evitar ovulação nas mulheres. No sexo masculino, a administração exógena de andrógenos compromete muito a gametogênese e pode causar impotência sexual e outros problemas. Uma parte da testosterona fica na gônada e uma menor parte vai para a circulação com a ajuda da ABP e isso ocorre por gradiente de concentração: a testosterona da gônada passa para a circulação. Essa testosterona na circulação que faz feedback negativo. Ao administrar exogenamente, a concentração de testosterona na circulação é muito maior do que o nível na gônada e com isso, exerce um feedback negativo excessivo no hipotálamo e na hipófise. Consequentemente, há diminuição da produção de LH pela adenohipófise, de testosterona pela gônada e uma espermatogênese insuficiente. FORMAÇÃO DE SÊMEN Depois que o espermatozoide esta maduro, ele se junta a secreções vindas de glândulas acessórias. Isso ocorre para que o espermatozoide seja nutrido e tenha um ambiente adequado para ser externalizado e encontrar seu alvo no sistema reprodutor feminino. A próxima tabela mostra um resumo das principais secreções e contribuições das glândulas acessórias. Todas as glândulas fornecem um meio liquido para que o espermatozoide tenha mobilidade. ISABELA MATOS – T5 – UFMS CPTL 5 A próstata e a glândula bulbouretral são importantes para produzir tampões que neutralizam a acidez e dessa forma, forma um ambiente propicio para o encontro dos gametas. O ambiente dos gametas também precisar ter nutrição para que eles não morram. Os principais nutrientes são produzidos pela vesícula seminal e pela próstata. Algumas enzimas são produzidas pela vesícula seminal e pela próstata. São importantes no processo de coagulação e liquefação do sêmen. Quando o sêmen é ejaculado, ele está bem liquido porque é o ambiente ideal para o espermatozoide se locomover. Rapidamente, o sêmen fica gelatinoso para inativar de certa forma a função dos espermatozoides. O muco age como lubrificante e é produzido exclusivamente pelas glândulas bulbouretrais. O papel do zinco não é conhecido mas estima-se que ele atua aumentando a viabilidade do espermatozoide, aumentando a fertilidade. EREÇÃO PENIANA A ereção é resultado de relaxamento e não de contração das estruturas penianas. Os corpos cavernosos são sinusoides, isto é, pequenas lacunas que quando cheias de sangue fazem o tecido ficar ereto. Quando essas lacunas estão vazias, o pênis fica flácido. A ereção é resultado de vasodilatação na região. O principal mediador desse processo é o oxido nítrico (NO). O tecido cavernoso e a região peniana são inervados por terminações nervosas que liberam NO que é um vasodilatador. Assim, artérias dilatam, o fluxo sanguíneo aumenta, enchendo os corpos cavernosos. Um estimulo sexual (pode ser tátil, visual, auditivo e psicológico) estimula o nervo cavernoso a liberar NO. NO atua nas artérias, ativando a guanilato ciclase que converte o GTP em GMPc. Esse ultimo relaxa/dilata o vaso sanguíneo, aumenta o fluxo sanguíneo, corpos cavernosos recebem mais sangue e ocorre a ereção. Os corpos cavernosos quando cheios de sangue comprimem as veias que drenam esse sangue do tecido. Logo, a vasodilatação aumenta o fluxo sanguíneo para dentro do sinusóide e reduz a saída de sangue para que a ereção se mantenha. O termino da ereção é devido a diminuição de NO por ação da enzima fosfodiesterase tipo 5. RUI E PROCÓPIO: Na ereção, um arco reflexo espinal está envolvido. Impulsos passam ao longo dos nervos aferentes até o centro integrador na medula espinal sacral (S2-4), de onde novos impulsos iniciam o caminho de volta ao longo de fibras eferentes parassimpáticas dos nervos eretores, que estão sob influência da testosterona. A excitação das fibras parassimpáticas provoca liberação de óxido nítrico (NO), o qual, então, ativa a enzima guanilato ciclase, que leva à produção de monofosfato cíclico de guanosina (GMPc). O GMPc é, de fato, o responsável pela ereção, por afetar a quantidade de sangue que chega e sai do pênis através da dilatação arteriolar no mesmo, em que os vasos sinusoides venosos dos corpos cavernoso e esponjoso tornam-se cheios de sangue. Isso, juntamente com a compressão das veias de drenagem pelo músculo isquiocavernoso, produz ereção peniana. Por outro lado, ativação simpática α-adrenérgica é inibidora da ereção devido a sua ação vasoconstritora. Como a ejaculação envolve a ativação simpática, em geral, ela resulta em término fisiológico da ereção. A emissão das secreções glandulares ocorre de forma sequencial definida. Durante a ereção, as secreções das glândulas bulbouretrais são liberadas para lubrificar a uretra. Durante a ejaculação, a secreção alcalina da próstata é liberada para neutralizar a acidez da vagina e da própria uretra do macho. Isso é seguido pela descarga de espermatozoides e, finalmente, pela adição da secreção das vesículas seminais. O ejaculado imediatamente se comporta como um gel que captura os espermatozoides, e estes se tornam progressivamente móveis à medida que o gel se dissolve. As semenogelinas I e II são as responsáveis pela imediata formação de gel do ejaculado. A degradação dassemenogelinas é realizada pelo antígeno prostático específico (PSA), uma protease serina calicreína- like, e resulta na liquefação do sêmen e na liberação progressiva dos espermatozoides móveis em 5 a 15 minutos pós-ejaculação. O PSA aparece na circulação especialmente de pacientes com câncer de próstata, hiperplasia prostática benigna e após palpação da próstata. Ele também é secretado no leite da mama em lactação.
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