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O QUE É ACOLHIMENTO? • Diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH). Não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. • O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento, e na responsabilização pela resolução, com ativação de redes de compartilhamento de saberes. Acolher é um compromisso de resposta às necessidades dos cidadãos que procuram os serviços de saúde. ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO • A Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde estabeleceu o Acolhimento com Classificação de Risco, como um instrumento de humanização, que visa estabelecer mudanças na forma de atendimento aos usuários que procuram os serviços de saúde, desde a atenção primária à saúde a serviços de urgência e emergência, sendo capaz de acolher o cidadão, garantindo que suas necessidades sejam atendidas. Entre as tecnologias utilizadas para reorganização dos processos de trabalho, o Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) tem se mostrado um dispositivo potente com resultados de maior satisfação de usuários e trabalhadores, aumento da eficácia clínica e um disparador de outras mudanças, como a constituição de equipes de referência, gestão compartilhada da clínica, o fortalecimento das RAS e a valorização do trabalho em saúde. ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO • No âmbito de serviços de urgência e emergência, é necessário que o profissional ofereça uma escuta ativa qualificada aos problemas e demandas dos usuários, sendo capaz de classificar, mediante protocolo, as queixas desses pacientes, visando identificar os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato. • Nos serviços de atenção primária à saúde, o acolhimento com classificação de risco facilita a construção de vínculo entre profissional-usuário, e muitas vezes, fazendo com que tenham melhor direcionamento e solução das demandas apresentadas, como por meio de um acompanhamento de saúde longitudinal, e dessa forma, é possível reduzir a procura aos serviços de urgência e emergência, desnecessariamente. ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO A Classificação de Risco é um processo dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de tratamento imediato, de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, corresponde a priorização do atendimento em serviços e situações de urgência/emergência E QUEM PRECISA MAIS? • Os usuários que têm sinais de maior gravidade, aqueles que têm maior risco de agravamento do seu quadro clínico, maior sofrimento, maior vulnerabilidade e que estão mais frágeis. • A classificação de risco é feita por enfermeiros, de acordo com critérios pré- estabelecidos em conjunto com os médicos e os demais profissionais. • Não tem como objetivo definir quem vai ser atendido ou não, mas define somente a ordem do atendimento. • Todos serão atendidos, mas há atenção ao grau de sofrimento físico e psíquico dos usuários e agilidade no atendimento a partir dessa análise. A proposta de clínica ampliada é ser um instrumento para que os trabalhadores e gestores de saúde possam enxergar e atuar na clínica para além dos pedaços fragmentados, sem deixar de reconhecer e utilizar o potencial dos saberes. Como propiciar um diálogo interativo com responsabilização e compartilhamento (em vez de encaminhamento de pacientes) entre os diversos serviços em diferentes níveis de atenção (atenção básica, hospital, especialidades), indo além da referência e contrareferência? Para responder esta questão e criar condições para o aumento da eficácia das práticas clínicas, apresentamos a discussão de CLÍNICA AMPLIADA e dois dispositivos de gestão da atenção: as EQUIPES INTERDISCIPLINARES (ou de REFERÊNCIA) e os PROJETOS TERAPÊUTICOS SINGULARES (PTS). • É uma das diretrizes que a PNH propõe para qualificar o modo de se fazer saúde. Ampliar a clínica é aumentar a autonomia do usuário do serviço de saúde, da família e da comunidade. É integrar a equipe de trabalhadores da saúde de diferentes áreas na busca de um cuidado e tratamento de acordo com cada caso, com a criação de vínculo com o usuário. • A vulnerabilidade e o risco do indivíduo são considerados e o diagnóstico é feito não só pelo saber dos especialistas clínicos, mas também leva em conta a história de quem está sendo cuidado. CLÍNICA AMPLIADA Trabalho clínico que visa o sujeito e a doença, a família e o contexto, tendo como objetivo produzir saúde e aumentar a autonomia do sujeito, da família e da comunidade. CLÍNICA AMPLIADA Utiliza como meios de trabalho • A integração da equipe multiprofissional; • A adscrição de clientela e construção de vínculo; • A elaboração de projeto terapêutico conforme a vulnerabilidade de cada caso; • A ampliação dos recursos de intervenção sobre o processo saúde doença. Nesse modelo de Clínica Ampliada está expressa a valorização dos diversos saberes profissionais e do trabalho em equipe, como forma de possibilitar a complementaridade do tratamento, atendendo todas as necessidades de saúde do sujeito, ou seja, não só as que foram o motivo da visita do usuário ao serviço. A clínica ampliada faz uma ligação mais ampla e consciente entre o paciente e o profissional da saúde e surgiu como uma forma de tentar substituir a fragmentação do trabalho clínico decorrente da multiplicação de especialidades e de profissões de saúde a fim de valorizar o olhar transdisciplinar e reconhecer o outro como sujeito e não objeto das intervenções em saúde. CLÍNICA AMPLIADA • O conceito de Clínica Ampliada pressupõe valorizar a escuta qualificada, tentar compreender os diversos saberes/competências que o paciente desenvolve acerca da sua doença, discutindo junto com ele as possibilidades do diagnóstico e de seu próprio tratamento. Isso traz autonomia e protagonismo aos usuários, fortalecendo sua participação efetiva no processo. Significa, num primeiro momento, acolher toda queixa ou relato do usuário mesmo quando aparentemente não interessar diretamente para o diagnóstico e tratamento. AS PESSOAS NÃO SE LIMITAM ÀS EXPRESSÕES DAS DOENÇAS DE QUE SÃO PORTADORAS. • Problemas como: baixa adesão a tratamentos, iatrogenias (danos), pacientes refratários (ou “poliqueixosos”) e a dependência dos usuários dos serviços de saúde, evidenciam a complexidade dos sujeitos que utilizam serviços de saúde e os limites da prática clínica centrada na doença. • Não basta apenas o diagnóstico para definir todo o tratamento da pessoa. EIXOS FUNDAMENTAIS: Construção compartilhada dos diagnósticos e terapêuticas Ampliação do “objeto de trabalho” A transformação dos “meios” ou instrumentos de trabalho Suporte para os profissionais de saúde O diagnóstico pode ser o mesmo, mas a causa pode não ser a mesma e a idealização da doença também não, e portanto, o tratamento pode ter dimensões diferentes. Exemplos: Depressão (causa) Hipertensão (idealização) Compreensão ampliada do processo saúde-doença PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR – PTS • O PTS é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial se necessário. Geralmente é dedicado a situações mais complexas. O Projeto Terapêutico Singular contém quatro movimentos: Definir hipóteses diagnósticas Definição de metas Divisão de responsabilidades (profissional de referência) Reavaliação ASPECTOS ESSENCIAIS PARA A REALIZAÇÃO DO PTS • Procurar descobrir o sentido da doença para o usuário; respeitar e ajudar na construção de relações causais próprias. • Procurar conhecer as singularidades do sujeito, perguntando sobre os medos, as raivas, as manias, o temperamento, seu sono e sonhos. • Procurar avaliar se há negação da doença, quala capacidade de autonomia e quais os possíveis ganhos secundários com a doença. • Procurar perceber a chamada contratransferência, ou seja, os sentimentos que o profissional desenvolve pelo usuário durante os encontros; procurar descobrir os limites e as possibilidades que esses sentimentos produzem na relação clínica. ASPECTOS ESSENCIAIS PARA A REALIZAÇÃO DO PTS • Procurar conhecer quais os projetos de vida e desejos do usuário. • Conhecer as atividades de lazer (do presente e do passado) é muito importante. • Fazer a “história de vida”, permitindo que se faça uma narrativa, é um recurso que pode incluir grande parte das questões propostas acima. Reunião de equipe Reunião é um espaço de diálogo e é preciso que haja um clima em que todos tenham direito à voz e à opinião. Como vivemos numa sociedade em que os espaços do cotidiano são muito autoritários, é comum que uns estejam acostumados a mandar e outros a calar e obedecer. Criar um clima fraterno de troca de opiniões (inclusive críticas), associado à objetividade nas reuniões, exige um aprendizado de todas as partes e é a primeira tarefa de qualquer equipe. REFERÊNCIAS • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: visita aberta e direito a acompanhante / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2007 • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Clínica ampliada e compartilhada / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009.