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Diabetes Mellitus 1 Diabetes Mellitus Desempenho É uma doença do metabolismo intermediário (dos nutrientes), caracterizada fundamentalmente pela ocorrência de hiperglicemia crônica, que em longo prazo promove lesões em órgãos alvo. Os fatores que contribuem para hiperglicemia são o défict de insulina e ou a resistência à insulina O principal estímulo para síntese e liberação de insulina é o aumento dos níveis séricos de glicose A glicose é a grande fonte de energia dos neurônios > os neurônios não são sensíveis à insulina (glut sem necessidade de insulina), logo, os neurônios também não armazenam glicose e nem tem enzimas necessárias para realizar a beta oxidação > SNC rapidamente entra em colapso na vigência de neuroglicopenia No pós prandial, temos um ↑glicemia, isso estimula o ↑insulina pelas células β pancreáticas, que leva a glicose para dentro da célula, para funcionar como substrato energético. Uma parte dessa glicose é armazenada dentro da célula como glicogênio (anabolismo), para ser usada no jejum – glicogenogênese. No pós prandial predomina o ANABOLISMO, marcado pela síntese de glicogênio hepático e muscular (glicogenogênese), de triglicerídeos nos adipócitos (lipogênese) e de proteína nos tecidos (síntese proteica). Diante de déficit extremo de glicose o fígado produz corpos cetônicos que são um tipo de combustível alternativo → problema: cetoacidose. A insulina é um hormônio anabólico (anabolismo = armazenamento de macromoléculas, na forma de glicogênio, gordura e proteína) No jejum, temos ↓ glicose, e com isso ↓ insulina e aumento dos hormônios contra-insulínicos (↑glucagon, adrenalina, cortisol e GH, que são catabólicos = pegam as macromoléculas armazenadas e formam glicose (gliconeogênese, glicogenólise e lipólise). Esse novo equilíbrio hormonal propicia o catabolismo e a utilização de ácidos graxos como principal substrato energético. Hipoglicemia: tremor, palidez, sudorese e taquicardia – clínica adrenérgica. Hipoglicemia de repetição faz diagnóstico diferencial com feocromocitoma e tireotoxicose. https://www.notion.so/9fcd2a14957a48409233e62b766e1e4a Diabetes Mellitus 2 O uso de βbloqueador mascara as manifestações hipoglicêmicas. Jejum prolongado (após 24 a 48hs) → catabolismo → acaba a reserva de glicogênio → lipólise exagerada → formação de corpos cetônicos (náusea, vômitos). As incretinas são peptídeos secretados pelo tubo digestivo durante a absorção de nutrientes, seu principal efeito é aumentar a secreção pancreática de insulina em resposta à glicose, as duas principais incretinas são a GLP1 e GIP, ambas degredadas pela enzima DPPIV Diabetes é a falha na produção pancreática de insulina DIABETES = JEJUM. Tipos: DM1 ausência de insulina (ilhotas destruídas). Predomina em pacientes jovens não obesos, mas em até 30% aparece após 30 anos de idade LADA DM2 insulina insuficiente (ilhotas disfuncionais). Predomina em adultos obesos (> 45 anos) Gestacional Outros: drogas, cushing, endocrinopatias Diabetes mellitus tipo 1 Hipoinsulinismo absoluto (peptídeo C indetectável ou < 0,1 Doença auto-imune (anti-ilhota ICA, anti-GAD, anti-IA2 → destruição pancreática. Esses anticorpos podem aparecer antes da presença de sintomas, sendo um importante preditor de risco < 30 anos, magro Clínica = jejum absoluto O paciente come, mas a glicose não entra na célula (hiperglicemia, mas continua com fome) ↑glucagon, adrenalina, cortisol e GH → catabolismo exagerado → ↑glicose sérica (mas não entra na célula) – O paciente come muito (polifagia), mas emagrece ↑osmolaridade sérica = puxa água → poliúria e polidipsia Lipólise exagerada → corpos cetônicos (são ácidos) → cetoacidose metabólica → morte Diabetes Mellitus 3 A DM1 é incompatível com a vida. Muitas vezes o diagnóstico é feito na criança com cetoacidose. O adolescente desenvolve, então, poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento, de início, normalmente agudo. Em crianças pequenas, as primeiras manifestações podem ser enurese noturna e candidíase vaginal. Eventualmente, a doença só é percebida na descompensação 30% dos casos de DM tipo 1A se iniciam em maiores de 30 anos LADA, esses paciente apresentam uma característica peculiar, a progressão do déficit insulínico é lenta, o que justifica um quadro clínico mais arrastado, podendo levar à confusão diagnóstico com DM tipo 2 Diabetes mellitus tipo 2 ↑ resistência periférica à insulina → precisa mandar mais insulina → fadiga secretória (precisava de muito, mas não tem) → hiperglicemia gradual → DM A obesidade (condição ambiental) leva à resistência insulínica. Quando se tem uma predisposição genética, o pâncreas entra em fadiga → obesidade pode ser evitada, e consequentemente, a DM2. A influência genética do DM tipo 2 é maior do que do DM tipo 1, porém, mesmo nesses casos, a história natural da doença tende a ser modulada em função do estilo de vida Outro fator que contribuiria para uma menor resposta pancreática ao pico de glicose pós prandial é a deficiência de incretinas, nas fases mais avançadas, ocorre algum grau de destruição das células veta, momento em que costuma ser necessário insulinizar o paciente A maioria dos casos tem herança poligênica Fatores de risco: - > 45 anos - Obesidade - História familiar - HAS - Sedentarismo - Dislipidemia - Diabetes gestacional ou RN 4kg Diabetes Mellitus 4 Clínica: Como a glicemia vai aumentando gradualmente, o paciente leva anos para começar a ter sintomas Costuma abrir o quadro com complicações: - Macrovasculares: IAM, DAP, AVE - Microvasculares: retinopatia, neuropatia, nefropatia Sintomas de franca hiperglicemia podem ser referidos (poliúria, polidipsia), sendo raríssimo o surgimento de cetoacidose diabética (a produção endógena de insulina é suficiente para evitar a cetogênese hepática) Estado hiperosmolar não cetótico é a principal complicação aguda do DM 2 Um importante sinal clínico é a presença de acantose nigricans OBS.: MODY é uma forma hereditária de DM em que crianças e adolescentes desenvolvem precocemente um quadro parecido com DM tipo 2, exceto pelo fato de não haver obesidade Diagnóstico O diagnóstico requer a demonstração laboratorial de hiperglicemia Critérios diagnóstico (todos, exceto o último, devem ser confirmados com segunda dosagem): Glicemia sérica de jejum ≥ 126mg/dl TOTG 2hs pós 75g de glicose) ≥ 200mg/dl HbA1c ≥ 6,5% Glicemia aleatória ≥ 200mg/dl COM sintomas = diagnóstico Pré-diabetes: Glicemia sérica de jejum alterada: 100125mg/dl TOTG (intolerância a glicose): 140199mg/dl HbA1c: 5,76,4% Diabetes Mellitus 5 São pacientes que têm a glicemia alterada, mas ainda não preenchem critérios formais para o diagnóstico de DM Pré-diabetes tem uma chance bem maior que a população geral de se tornar diabético A doença pode ser evitada nesse situação, mas somente se determinadas medidas preventivas forem seguidas, como dieta e atividade física Exame mais sensível para detecção é o TOTG DM tratamento com medicamento Pré-DM tratamento com dieta e atividade física Única medicação em que o paciente pré diabético pode se beneficiar é a metformina, porém, só deve ser prescrita em casos de insucesso com as mudanças de estilo de vida ou em pacientes de muito alto risco para desenvolvimento de DM2 Medidas preventivas recomendadas no pré diabetes: Redução de pelo menos 7% do peso corporal; Praticar, no mínimo, 150 minutos por semana de atividade aeróbica moderada (ex.: caminhada); Consultas frequentes para reforçar o alcance das metas; Metformina nos pacientes de muito alto risco; Exames anuais para rastreio do DM Rastreio populacional Indicação de rastreamento populacional: glicemia de jejum de 3/3 anos Idade > 45 anos IMC ≥ 25 + 1 fator de risco para DM Aceita-se a realização de rastreio do DM 1 somento em pacientes de alto risco, o método é a pesquisa dos autoanticorpos no soro Em caso de dúvida diagnóstica entre DM1 e DM2, recomenda-se a dosagem dos autoanticorposdo DM, em particular o ICA e o anti-GAD, a positividade de um ou todos eles, confere especificidade ao diagnóstico de DM1 Diabetes Mellitus 6 Outras causas de DM Induzida por drogas: glicocorticoides, ácido nicotínico, beta agonista adrenérgico, tiazídico, pentamidina, fenitoína, olanzapina, inibidores de protease Tratamento do DM1 A terapia intensiva com insulina visa reduzir os níveis glicêmicos para valores mais próximos possível de normalidade Para que a terapia seja mais segura e eficaz, o paciente deve adquirir um glicosímetro, idealmente, a medição deve ser feita 4x ao dia, pré prandial (antes do café, almoço e janta) e antes de dormir, no entanto, para certos pacientes, uma monitorização ainda mais frequente seria o ideal, incluindo as glicemias pós prandiais Alvo terapêutico: - HbA1c < 7% - Glicemia capilar pré-prandial: 80130 - Glicemia capilar pós-prandial < 180 Metas nas crianças e adolescentes HbA1c mais elevada para evitar hipoglicemia e todas as sequelas neurológicas: Pré escolar 7,5 a 8,5 Escolar < 8 Púbere de < 7 a 7,5 Insulinoterapia É a base da terapia no DM tipo 1, não há outro medicamento capaz de controlar a glicemia desses indivíduos, uma vez que o problema fisiopatológico básico é justamente a carência absoluta de insulina O início do tratamento deve ser feito 0,3 a 0,5 U/kg/dia, por via subcutânea Por um curto período após o diagnóstico do DM tipo 1, costuma precisar de doses menores de insulina (ou mesmo nenhuma insulina), quando o pâncreas ainda Diabetes Mellitus 7 possui alguma reserva de insulina endógena (período de "Lua de mel"), no entanto, em questão de pouco tempo, este subgrupo de pacientes precisará retornas às doses plenas Existem 3 esquemas de insulinoterapia mais utilizados: Duas aplicações Múltiplas aplicações de insulina (esquema basal-bolus) Infusão contínua Pós-prandial: - Lispro/aspart (na refeição) OU - Regular 30 minutos antes da refeição) Diabetes Mellitus 8 Pré-prandial: - NPH 2x/dia OU - Glargina 1x/dia Esquema de 2 aplicações: NPH e regular é a única combinação possível na mesma seringa. Fazer uma aplicação ao acordar (6hs), depois outra as 18hs. Não é igual o fisiológico e o paciente fica preso ao esquema (tem que fazer sempre no mesmo horário e comer nos horários certos – 6hs, 12hs, 18hs). A correção é feita na insulina anterior (se tem hiperglicemia antes do café, mexer na de antes de dormir) Esquema basal bolus: O tratamento com insulina exógena deve tentar reproduzir a resposta fisiológica. Uma insulina de ação intermediária ou prolongada substitui a liberação basal de insulina pelo pâncreas, enquanto que uma insulina de ação rápida ou ultrarrápida simula o pico pós prandial. NPH 2x ou 3x/dia (antes do café e antes da ceia) + insulinas pós-prandiais 3x, antes do café, almoço e jantar). Para calcular a dose de NPH 0,3 a 0,5 x kg de peso = a quantidade de dose diária do paciente de NPH, deve ser dividida por 3 (café, almoço e ceia). A regular é calculada através do fator de sensibilidade, através de cálculo 1.500/0,3 a 0,5 x kg de peso, o resultado é o quanto a insulina irá abaixar com 1 UI, porém, na seringa do SUS, só dá para calcular de 2 em 2 UI, logo, deve dobrar o resultado (gllicemia pré prandial de até 140 não precisa usar) Padrão ouro: bomba de insulina (ultra-rápida) – infusão contínua em baixas doses Hiperglicemia matinal: Fenômeno do alvorecer (manhã desprotegida): paciente faz hiperglicemia porque a NPH noturna não era o suficiente. ↑NPH noite. Efeito Somogyi (hipoglicemia da madrugada): paciente faz NPH da noite e não come de madrugada – faz hipoglicemia de madrugada → hiperglicemia de rebote. ↓NPH da noite Hipoglicemia Diabetes Mellitus 9 A hipoglicemia é totalmente indesejada, já que causa sintomas potencialmente perigosos e, em situações extremas, pode levar ao come hipoglicêmico, com risco de óbito ou sequela neurológica, bem como à precipitação de arritmias cardíacas e/ou isquemia miocárdica O diagnóstico de hipoglicemia é estabelecido pela clássica tríade de Whipple: Sinais e sintomas de hipoglicemia: começam pela fase hiperadrenérgica (tremores finos de extremidades, sudorese fria, taquicardia, palpitações e hipertensão), seguindo para a fase neuroglicopênica (dificuldade de concentração, incoordenação, ataxia, sonolência, coma); Glicemia capilar reduzida: para fins práticos, a ADA considera hipoglicemia quando < ou igual 70 mg por dl Melhora clínica evidente após administração de glicose Os pacientes devem ter algum doce guardado na roupa, ou na bolsa, para que possa ser prontamente ingerido no início dos sintomas Também pode-se utilizar: 1 colher de sopa de açúcar ou mel, ou 150 mL de suco de laranja ou 150 mL de refrigerante comum Em caso de hipoglicemia grave, um parente ou amigo pode aplicar uma injeção subcutânea de glucagon na dose de 0,5 mg em menores de 5 anos ou 1g em maiores de 5 anos Se estiver no hospital, aplica-se glicose hipertônica intravenosa, na dose de pelo menos 4 ampolas a 50% ou oito ampolas a 25% ou 0,3 a 0,5mg por kg, seguido de glicose IV de manutenção Tratamento DM2 O paciente com DM tipo 2 frequentemente apresenta múltiplos fatores de risco cardiovascular associados, como HAS, dislipidemia e obesidade, configurando a síndrome metabólica O curso da patologia está bastante relacionada com doença macrovascular ateroscletórica: IAM, AVE e arteriopatia dos membros inferiores A base da estratégia terapêutica destes pacientes envolve, além do controle glicêmico, o controle dos fatores de risco para aterosclerose Diabetes Mellitus 10 Metas glicêmicas: HbA1C < 7%; Glicemia capilar pré prandial 80 a 130 mg/dL; Glicemia capilar pós prandial < 180 mg/dL; A dieta no DM tipo 1 tem como principal objetivo trazer o IMC para 20 a 25, a melhora da obesidade está relacionada com menor resistência periférica à insulina, bem como à maior capacidade das ilhotas de secretar insulina em resposta à glicose O exercício físico regular é fundamental, por auxiliar na correção da hiperglicemia, da obesidade da hipertensão, além de reduzir diretamente o risco cardiovascular Biguanidas A metformina é a única biguanida aprovada para o uso clínico Sua ação ocorre através de 3 mecanismos principais: Inibição da gliconeogênese hepática, principal responsável pela glicemia de jejum; Melhora da sensibilidade dos tecidos periféricos à insulina; Redução do turnover de glicose no leito esplâncnico; É capaz de realizar diminuição significativa da incidência de complicações macrovasculars em pacientes obesos Pequeno efeito anorexígeno > contribui para redução de peso A metformina deve ser iniciada, juntamente com as modificações de estilo de vida para todos os pacientes DM 2 que não apresentam contra indicações A glicemia reduz em cerca de 20% com o tratamento isolado Leva a sintomas gastrointestinais Risco de acidose lática Reduz absorção de vitamina B12 CI insuficiência renal, hepática Diabetes Mellitus 11 Na SOP pode aumentar a fertilidade Sulfonilureias Estimulam diretamente a secreção basal de insulina pelas células beta pancreáticas, pelo bloqueio de canais de K dependentes de ATP, o que promove despolarização da célula beta e influco de cálcio, estímulo para a degranulação Necessitam de células beta funcionantes para sua ação Pode levar aumento do peso Ação mais longa, 2x ao dia Causa hipoglicemia Glicazida, glibenclazida, glibenclamida Uso em pacientes que ainda secretam insulina, pacientes com menos de 5 a 10 anos de DM Glitazonas São potentes sensibilizadores periféricos de insulina Aumento da expressão dos receptores periféricos de insulina Pioglitazona Aumento de peso, retém sal e líquido Descompensa paciente com ICC CI ICC classe funcional III e IV, insuficiência hepática Inibidores da alfa glicosidase Arcabose Inibem a ação das enzimas digestivas do tipo alfa glicosidades, presentes na borda em escova dos enterócitos, com isso, lentificam a absorçãointestinal de glicose, fazendo reduzir a glicemia pós prandial nos DM2 Diabetes Mellitus 12 Boa para pacientes com glicemia em jejum normal, porém, com hiperfgicemia pós prandial Leva ao aumento de flatulência, desconforto abdominal, meteorismo e diarreia CI pacientes com doença inflamatória inrestinal Glinidas Repaglinida e Nateglinida Aumentam a secreção de insulina pancreática Meia vida curta Meia vida muito curta, são usadas antes das refeições para o controle da glicemia pós prandial Inibidores da DPP4 Inibe a enzima que inativa o GLP1 e GIP EA nasofaringite, cefaleia, tontura e diarreia Gliptinas Diabetes Mellitus 13 Análogos GLP1 Exenatide e Liraglutide Estimula a secreção de insulina de maneiro glicose dependente, inibe a secreção de glucagon e o débito hepático de glicose, retarda o esvaziamento gástrico, reduz o apetite, propicia perda de peso EA náuseas, diarreia, vômitos e pancreatite aguda Inibidores SGLT2 Dapaglofozina, canaglifozina e empaglifozina Os SGLT2 são transportadores de glicose no túbulo renal Sua inibição leva a ao aumento da perda urinária de glicose Perda de peso Reduz PA EA aumento da incidência de infecção urinária e candidíase vulvovaginal Fase de resistência insulínica com aumento de insulina: metformina Fase de fadiga pancreática: metformina + 2ª droga ou insulina basal NPH noturna) Fase de falência pancreática: metformina + 3ª droga ou insulina plena (basal + pré-prandial) Diabetes Mellitus 14 Diabetes Mellitus 15 Insulinoterapia Insulina desde o início se: Glicemia ≥ 300 HbA1c ≥ 10%; Gravidez; Estresse (cirurgia/infecção); Doença hepática e renal avançada; Outras indicações de insulina: Falência terapêutica com os medicamentos orais; Emagrecimento progressivo atribuído a diabetes; Dieta e atividade física é FUNDAMENTAL, tanto na DM1 quanto na DM2. Diabetes mal controlada faz o paciente emagrecer. Se o paciente estiver engordando, ele não está fazendo dieta ou atividade física (não adianta aumentar a dose, porque vai engordar mais) Metas: HbA1c < 7% PA < 140/90 Diabetes Mellitus 16 LDL < 100 → estatina HDL > 45 TG < 150 → dieta e atividade física !!!! Diabetes Mellitus 17 Complicações crônicas Complicações crônicas microvasculares: retinopatia, nefropatia e neuropatia Níveis elevados de glicose determinam lesão endotelial. Primeiro tem o dano metabólico direto – a hiperglicemia altera a reatividade vascular e dificuldade de vasodilatação, além de permitir um acúmulo de substâncias tóxicas no endotélio Inicialmente há uma alteração em microcirculação – falência na vasodilatação reativa, o que leva a uma isquemia tecidual. Além disso, há uma exacerbação do processo aterosclerótico (diabetes = estado pró inflamatório) e defeito na trombólise. Essa aterogênese determina a alteração da macrocirculação. Diabetes Mellitus 18 Quanto maior for a hemoglobina glicada, maior é o risco de complicações microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia) Lesão endotelial > fragilidade capilar >obstrução microvascular > formação de microtrombos Retinopatia diabética É uma das principais causas de cegueira em indivíduos entre 20 a 74 anos nos países desenvolvidos 12% dos casos de amaurose CM apresenta 25x maior de chance de cegueira Exame de fundo de olho: DM1 > 20 anos 90% alterações sugestivas), DM2 > 20 60% Lesões mais precoces: Microaneurismas retinianos; Exsudatos duros; Exsudatos algodonosos; Fatores de risco: Mau controle glicêmico Tempo de evolução da DM 5 a 7 anos) HAS Dislipidemia Doença renal/peoteinúria Fatores genéticos Tabagismo Gestação Fundoscopia: DM1 após 5 anos Diabetes Mellitus 19 DM2 ao diagnóstico Tipos: Proliferativa Não proliferativa Maculopatia diabética RD não proliferativa: Mais comum Lesão inicial no endotélio retiniano: ↑permeabilidade vascular → exsudato duro (extravasamento de proteínas) → edema endotelial, descamação celular e proliferação intraluminal → obliteração de pequenos vasos → isquemia retiniana e exsudatos algodonosos Grave: múltiplas lesões isquêmicas da retina, com alterações microvasculares intrarretinianas Tratamento: fotocoagulação a laser RD proliferativa: Mais grave Vasos novos com hemorragia Fatores locais de crescimento → angiogênese decontrolada → fibrose e retração → descolamento de retina e hemorragia vítrea Tratamento: Fotocoagulação a laser; Vitrectomia: se hemorragia vítrea Maculopatia diabética: Edema macular REVERSÍVEL Exsudato duro ao redor da fóvea Principal causa de perda de visão central Diabetes Mellitus 20 Tratamento: Controle rigoroso da glicemia, pressão arterial e níveis lipídicos; Cessação do tabagismo Fotocoagulação da retina com laser Nefropatia diabética O comprometimento renal decorrente do DM dá-se no glomérulo Geralmente, se apresenta ao médico com proteinúria manifesta no exame de urina convencional, nessa fase, os pacientes tendem a ser assintomáticos do ponto de vista renal Exame: excreção urinária de albumina Ocorre por processo de glomeruloesclerose difusa ou focal Fases subclínicas: Hipertrofia e hiperfiltração glomerular; Espessamento da membrana basal glomerular e expansão mesangial; Microalbuminúria; Nefropatia manifesta, caracterizada pela proteinúria franca; Insuficiência renal progressiva; Rins em fase terminal - síndrome urêmica No diabetes há uma hiperativação do SRAA → vasoconstrição da arteríola eferente → ↑ TFG → lesão glomerular GEFS →microalbuminúria → proteinúria → albuminúria → redução progressiva da TFG → insuficiência renal (síndrome urêmica) Lesão de Kimmestiel-Wilson: mais característica (não é patognomônica): glomeruloesclerose difusa ou focal MICROALBUMINÚRIA = nefropatia incipiente. Se tratada, pode prevenir a evolução, o tratamento é feito com base no controle da glicemia e da pressão Diabetes Mellitus 21 arterial. Considera-se microalbuminúria a presença de 30 a 300 mg de albumina na urina de 24h. Pesquisa de proteinúria: DM1 após 5 anos DM2 ao diagnóstico Tratamento: Controle glicêmico rígido Controle da PA IECA (se intolerância, BRA, se estenose de a.renal, hidralazina + nitrato) Diálise e transplante Neuropatia diabética Exame: monofilamento de 10g Fatores de risco: Idade avançada Duração da DM Suscetibilidade genética Inflamação e estresse oxidativo Tipos: Polineuropatias simétricas generalizadas (sensitiva periférica ou simétrica distal; sensitiva aguda; autonômica) Neuropatias focais e multifocais (cranianas; de menbros; truncular; proximal motora; coexistente neuropatia desmielinizante inflamatória crônica) Polineuropatia simétrica distal Mais comum Diabetes Mellitus 22 Ocorre por lesão de fibras axonais (primeiro em nervos periféricos dos MMII Insidioso e irreversível Parestesia, disestesia, dor neuropática, hiperpatia (dor ao toque) em bota e luva Esses pacientes são propensos a ter úlceras plantares indolores, que podem infectar, acarretando gangrena úmida Relacionada à exposição crônica à hiperglicemia Piora noturna e melhora com a deambulação Tratamento: cuidado com o pé, evitar deambular descalço, medicamento para dor neuropática (tricíclicos, anticonvulsivantes, ISRS. Ácido tióctico, pode ser utilizado no tratamento da neuropatia pelo seu efeito antioxidante Pés: Artropatia de Charcot, avaliação com monofilamento de 10g, avaliação anual O primeiro reflexo a ser perda é o reflexo aquileu Polineuropatia sensitiva aguda Início abrupto ou subagudo Dor importante com exacerbação noturna Tende a melhorar com o controle metabólico Neuropatia autonômica Episódios de hipoglicemia sem sinais de alerta Cardiovascular: arritmias, infarto silencioso, morte súbita Periférica: devervação simpática – hiperidrose, alteração de temperatura, edema Geniturinária: bexiga neurogência, disfunção erétil, ejaculação retrógrada, dispareunia Gastrointestinal: sintomas dispépticos crônicos, diarréia, constipação Mononeuropatia DiabetesMellitus 23 Mais comum: nervo mediano, oculomotor e facial Autolimitadas Relação com o controle glicêmico Radiculoneuropatia Amiotrofia diabética Mais comum: L2L3L4 – dor na região dorsal da coxa, que evolui para fraqueza proximal e depois acomete o membro contralateral Pé diabético DM é a principal causa de amputação não traumática Complicações: infecção, ulceração, destruição de tecidos profundos, anormalidades neurológicas Neuropatia autonômica → anidrose → fissuras Perda da sensibilidade proprioceptiva → distribuição do peso em um ponto (tenar) → isquemia Classificação: Grau 0 neuropatia e/ou isquemia sem ulceração Grau 1 úlcera superficial Grau 2 úlcera profunda Grau 3 úlcera profunda + celulite, abscesso, osteomielite, gangrena de SC Grau 4 gangrena úmida em pododáctilo Grau 5 gangrena úmida em todo o pé Tratamento: Superficial: cefalosporina, clavulim, clindamicina Profundo: amplo espectro Debridamento cirúrgico é essencial Diabetes Mellitus 24 Prevenção: Avaliação frequente dos pés Não andar descalço Sapato confortáveis, com meia, sem tiras ou bico fino Secar bem o pé e cortar as unhas Complicações macrovasculares Doença arterial coronariana e cardíaca: risco 3 a 4 x maior Doença cerebrovascular: risco 2x maior Arteriopatia periférica Complicações agudas Cetoacidose diabética CAD Paciente sem insulina Clássico da DM1 – pode ocorrer na DM2 avançada ↑contra-insulínicos: ↑glicemia ↑catabolismo (glicose, glicerol, ác graxo e AA ↑corpos cetônicos (ác β-hidroxibutírico, ác acetoacético, acetona) → acidose metabólica com AG elevado Clínica: Dor abdominal, náuseas, vômitos Hiperventilação de Kussmaul (para compensar a acidose) Leucocitose ↑creatinina, ↑amilase (*diferencial de pancreatite/abdome agudo) Diabetes Mellitus 25 Hálito cetônico Diagnóstico: Glicose ≥ 250 Cetonemia/cetonúria pH < 7,30 e HCO3 < 15 Tratamento VIP A mortalidade é 100% se não tratado (tratamento reduz para 5% VOLUME SF 0,9% - 1L na 1ª hora 1520ml/kg) INSULINA pode salvar e matar o paciente (hipopotassemia) POTÁSSIO a insulina coloca o potássio dentro da célula (hipoK O BIC não é sempre indicado – somente em acidose muito importante. Indicativos de compensação: pH > 7,30 BIC > 18 Glicemia < 200 Complicações: Trombose Diabetes Mellitus 26 Edema cerebral Hipocalemia grave Mucormicose Rhizopus sp, Mucor sp): rinossinusite micótica (muito destrutiva). Tratamento é feito com anfotericina B e desbridamento Estado hiperglicêmico hiperosmolar EHH DM2 O fator precipitante mais comum é a infecção, principalmente de foco pulmonar ou urinário Clínica: Diante de um estado de hiperglicemia, o paciente fica hiperosmolar (dá sede e depois vontade de urinar). Se o paciente para de beber água: ↑osmolaridade, ↓consciência Como ainda tem insulina → SEM cetoacidose Mata mais que a CAD, porque são pacientes mais idosos com comorbidades – geralmente não toma água por agudização da comorbidade. O estado hiperosmolar só se desenvolve naqueles pacientes cujo mecanismo da sede está prejudicado, pois a reidratação levaria à queda da osmolaridade sérica e ao aumento da eliminação da glicose pelos rins A simples presença de depressão no nível de consciência em um paciente idoso nos obriga a pensar no diagnóstico de EHHNC Tipicamente há relado de desidratação progressiva ao longo de vários dias, associado à pneumonia ou infecção urinária Diagnóstico: Glicemia > 600; pH arterial > 7,3 HCO3 18 Osmolaridade plasmática efetiva> 320 OBS.: cálculo da osmolaridade = 2x sódio + glicose /18 Diabetes Mellitus 27 Tratamento = CAD Volume é fundamental Nas primeiras 24h a glicemia deve ser mantida > 250, devido ao risco de edema cerebral
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