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ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 1 NOÇÕES SOBRE EIXOS NOÇÕES SOBRE AÇÕES DOS HORMÔNIOS HIPOTÁLAMO - HIPÓFISE Endocrinologia = estudo do que é secretado internamente na circulação com atividade biológica. Hormônios = ações dinâmicas das substâncias circulantes, que uma vez atingindo o alvo, conseguem atuar e regular processos biológicos e o funcionamento das nossas células. • Todo controle dos hormônios surge, no gera, do hipotálamo (hipófise: adenohipófise e neurohipófise), em um sistema chamado Neuroendócrino. Funções fisiológicas dos hormônios: • Crescimento e diferenciação celular; o Adenohipófise libera os hormônios que estimulam o GH, e esse estímulo acaba sendo o principal para o crescimento ósseo e tecidual. • Manutenção da homeostase; • Reprodução. o Hormônio gonadotrófico. Sistemas de regulação hormonal: • Por feedback (retroalimentação): capacidade do próprio hormônio de se autorregular. Alças negativas e positivas. o Feedback negativo: hipófise- tireoide. TSH - T4 e T3. TSH alto produziu T3 e T4, que diminui a produção de TSH. o Feedback positivo: LH - estradiol. LH estimula o ovário a produzir estrogênio, e os níveis são crescentes até que chega a um nível de estrogênio que estimula o pico de LH e induz a ovulação. • Controle parácrino: “ao lado”. o Células beta (insulina) e alfa (glucagon) do pâncreas e controle por substrato. • Controle autócrino: “em si mesmo”. Ligações hormonais: • Tem receptores na superfície celular: GH, PRL, insulina, leptina, cetecolaminas. • Tem receptores intracelulares: cortisol (no citoplasma), hormônio da tireoide (no núcleo). • Os receptores têm a função de reconhecer o seu ligante correto e de fazer ativação sinal que gera a ação. Ritmos (ciclos) hormonais: • O objetivo é a adaptação ao ambiente. • Os eventos ambientais que afetam os ritmos são a sazonalidade, ciclo luz-escuridão, sono, refeições, estresse... ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 2 • Ciclo menstrual • Ciclo circadiano (a cada 24h) • Pulsos intermitentes/contínuos MECANISMOS PATOLÓGICOS HORMONAIS: Excesso: • Hipertireoidismo - alto T3 e T4 e baixo TSH Deficiência: • Hipotireoidismo - baixo T3 e T4 e alto TSH Resistência: • Síndrome de resistência ao hormônio tireoidiano - alto T3 e T4 e alto TSH Abordagem básica do paciente: 1. Clínica 2. Dosagens hormonais no sangue e na urina 3. Imagens: eco, tomografia, ressonância DIABETES É uma doença metabólica causada, basicamente, por um incorreto do metabolismo correto da glicose, que fica cronicamente aumentada na corrente sanguínea. Diabete (ADA) I. Melito Tipo 1 II. Melito Tipo 2 III. Outros tipos específicos IV. Diabetes melito gestacional • A diabetes dobra o risco de eventos cardiovasculares. Mecanismos que contribuem para a Hiperglicemia: Octeto de DeFrozo ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 3 TIPOS DE DIABETES Tipo 1 • Diagnóstico em crianças e jovens • História familiar rara • Emagrecimento rápido e agudo no diagnóstico. • Insulina imediata -> risco de morte • Outras doenças autoimunes • Vontade enorme de ingerir doces e líquidos • Alto volume urinário Tipo 2 • Diagnóstico na idade adulta, cada vez mais cedo. • História familiar positiva. • 80% dos pacientes estão acima do peso. • O emagrecimento não é comum. • Existem outras doenças crônicas associadas. • Não é administrado insulina imediatamente. Principais suspeitas: • Sede intensa • Fome entensa • Urinas muitas vezes e em grande quantidade (poliúria e glicosúria) • Piora da visão • Cansaço, desânimo • Familiares com diabetes • Obesidade • Impotência sexual e prurido genital • PA alta • Perda de peso (tipo I) ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 4 • Cicatrização difícil e infecções na pele CRITÉRIOS LABORATORIAIS PARA DIAGNÓSTICO ADOTADOS PELA SBD Uso da hemoglobina glicada (HBA1c) para o diagnóstico do diabetes: Hemoglobina glicada = No sangue, a glicose (açúcar) liga-se à hemoglobina, formando a hemoglobina glicada. Quanto maior for o nível de glicose na corrente sanguínea, maior será a ligação da glicose com a hemoglobina e, consequentemente, maior o nível de hemoglobina glicada. A hemoglobina glicada reflete os níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses da hemoglobina HbA1C e revela se você está realmente controlando o diabetes. Já o exame de glicemia reflete os níveis de glicose da corrente sanguínea no momento do teste. TRATAMENTO O que considerar na escolha da terapia? • Memória metabólica • Inércia terapêutica • Variabilidade glicêmica • Hiperglicemia • Hipoglicemia • Individualização E no idoso? • Fragilidade • Polifarmácia • Comorbidades • Metas 5,7% 6,5% Média estimada: 117 mg/dL Média estimada: 140 mg/dL 6% media = 126 ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 5 Como escolher? • Baseado na fisiopatolia • Beseado na Evolução terapêutica • Mecanismo dos antidiabéticos • Baseado em Guidelines • Baseado em Desfechos • Baseado na Função renal • Para cada mecanismo que contribui para a hiperglicemia há opções de tratamento. • Novos tratamentos: metformina líquida, insulina oral ORMD-08601. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 6 ANTIDIABÉTICOS ORAIS Medicamentos disponíveis na rede pública: Metformina, Glibenclamida e Insulina • Os medicamentos utilizados no tratamento da Diabetes devem levar em conta o risco de hipoglicemia, o possível ganho de peso e a proteção cardiovascular. • XR = liberação prolongada, diminui os efeitos adversos. OBJETIVOS DO TRATAMENTO: • O tratamento deve atingir a HbA1c igual ou abaixo de 7%. Este valor está associado à redução de eventos macrovasculares. • O alvo do controle pode se individualizado dentro do contexto de idade, comorbidades, preferência e tolerância do paciente. CONCEITOS: Variabilidade glicêmica: associação com uma montanha russa em relação à glicemia, varia muito. Deve-se restringir a variabilidade verificando os registros glicêmicos e para depois, baixar a glicemia. Hemoglobina glicada (HbA1C): controle da glicemia dos últimos 3 meses, principalmente do último mês. A meta é de 6,5 de 7. • Composição HbA1C: 1 mês antes = 50%; 2 meses antes = 25%; 3/4 meses antes = 25% • Se vem controlado a glicemia e a glicada disparou no último mês, tem que investigar o que aconteceu > infecção, não uso do remédio, uso de corticóide, estresse... • Se ahemoglobina glicada estiver muito baixa, o paciente está fazendo hipoglicemia. • Exame Frutosamina - Nas últimas três semanas pede-se para avaliar a glicemia. Memória metabólica: O ambiente glicêmico no início do DM é relembrado em órgãos alvos como olhos, rins, coração e extremidades. Se o paciente não for colocado em uma glicemia adequada, o órgão vai se lembrar futuramente. • O controle metabólico na fase inicial da doença vai determinar o prognostico da doença ao longo de toda a sua evolução Inércia terapêutica: agilidade para colocar o paciente na meta glicêmica, não deve demorar para fazer a inserção de novas medicações, mas não deve ser feita de maneira abrupta. • O DM é uma doença evolutiva, vai chegar um momento que vai ter um desgaste Reserva do pâncreas: olhar o peptídeo C Célula alfa: glucagon (hormônio contra regulador, avisa o organismo que está com hipoglicemia) Célula beta: insulina (hormônio contra regulador, avisa o organismo que está com hiperglicemia) Categorias Sensibilizadores Secretagogos de insulina Inibidores da alfa- glicosidase Inibidoresda DPP-IV Inibidores da SGLT-2 Metformina Tiazolidinedionas Sulfonureias Glinidas Acarbose Gliptinas Glifozinas ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 7 • Em pacientes selecionados, como aqueles com diagnóstico recente de DM2, sem doença cardiovascular e longa expectativa de vida, pode-se reduzir a HbA1c para 6 a 6,5%, desde que não resulte em hipoglicemias graves ou outros efeitos adversos do tratamento. Entretanto, níveis de HbA1c de 7,5 a 8% podem ser satisfatórios em pacientes com múltiplas complicações, expectativa de vida limitada, história de hipoglicemias graves ou dificuldade de atingir o alvo mesmo com múltiplas doses de agentes hipoglicemiantes. SENSIBILIZADORES • Representados pela Metformina e pelas Tiazolidinedionas. • Ação: Diminuem a resistência insulínica e melhoram a ação da insulina no metabolismo dos carboidratos. • Índice de HOMA-IR: ajuda a determinar o grau de resistência à insulina. Glicemia de jejum e insulina basal feitas em dosagens simultâneas. • A metformina normalmente é a primeira escolha. METFORMINA: • Pertence a classe das biguanidas. • Mecanismo de ação: o Melhora a captação muscular de glicose estimulada pela insulina, assim como em outros tecidos periféricos. o No hepatócito: Inibição da gliconeogenese e da glicogenólise; Estimulação da glicogênese. o Nos tecidos periféricos insulino-dependentes (principalmente na musculatura esquelética): Aumento da captação de glicose provocando rápida redução da glicemia plasmática; Ação independente do aumento dos níveis plasmáticos de insulina. o No endotélio: Diminui discretamente a pressão arterial o Metabolismo lipídico: Inibição da lipólise (diminuição dos triglicérides plasmáticos e ácidos graxos livre) • Posologias disponíveis: 500mg, 500mgXR, 750mgXR (paga), 850mg e 1gXR (paga). • Dose máxima: 2g - 2,5g (2 cp de 500mg depois do café e 2 cp de 500mg depois da janta). • Contraindicação: o Desidratação (diarreia grave e vômitos persistentes), infecção grave, ingesta de bebida alcoólica em excesso, cirurgia eletiva de grande porte. o Contraindicação em insuficiência renal grave TFG<30. o Redução da dose em 50%: insuficiência renal moderada 30<TGF<45. o Recomendado descontinuar o uso quando realização de exames de imagem ou cirurgias com contraste iodado nos pacientes com TFG entre 30-60 mL/min/1.73m2. Reiniciar o uso se a TFG estiver estável 48h após o procedimento. • Pode ser utilizada em casos de ovários policísticos, diminuindo os níveis de testosterona e atuando na ovulação. • Efeitos adversos: diarreia (principal), pirose, náuseas, vômitos. o Tomar cuidado com pacientes com doença de refluxo gastroesofágico, intolerantes a lactose/glúten. o Pode diminuir o apetite, mudando o gosto da boca (metálico). o Metformina XR: pode sair comprimido inteiro nas fezes, mas isso não significa que o remédio não esteja fazendo efeito. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 8 o Se o paciente está com muita diarreia, não pedir endoscopia e colonoscopia; tirar metformina antes. Cuidar com a desidratação. • Exames de acompanhamento: TGO, TGP, Creatinina, TFG, Monitorar B12 e acido fólico. TIAZOLIDINEDIONAS: • Também conhecidas com glitazonas. Ex.: pioglitazona. • Mecanismo de ação: o Melhoram a sensibilidade insulínica no músculo esquelético (aumento da captação periférica de glicose). o Diminui a produção hepática de glicose (redução da gordura hepática). • Posologias disponíveis: 15, 30 e 45mg. • Cuidados e contraindicações: o CA de bexiga - uso prolongado em altas doses, principalmente em fumantes. -> Presença de sintomas vesicais ou hematúria. o Insuficiência cardíaca - causam ou exacerbam (classes III ou IV do NYHA). o Ganho de peso - aumenta o tecido adiposo em fora de pêra (não abdominal). o Retenção hídrica (edema, anemia por hemodiluição) - insulina também causa retenção hídrica, evitar utilizar em conjunto. o Fraturas ósseas (de extremidades em mulheres menopausadas com osteoporose). o Glitazona não pode ser usado com insulina. SECRETAGOGOS DE INSULINA • Representados pelas sulfonureias e glinidas. • Agem estimulando a secreção de insulina pelas células beta pancreáticas. A diferença entre elas é que uma é longa e a outra é mais curta. SULFONURÉIAS: • Glibenclamida, Gliclazida (é de 3ª geração, preferível em idosos). • Mecanismos de ação: o Estimulam assim a secreção da insulina no estado pós-prandial e no estado de jejum o Ação mais na glicemia de jejum do que na pós-prandial o Não corrigem integralmente o retardo da secreção de insulina relacionada à refeição o Ligação lenta e efeitos prolongados na secreção de insulina o Continuam estimulando a secreção de insulina mesmo não relacionada a refeição, o que pode levar a hipoglicemia • Efeitos adversos: o Hipoglicemia o Ganho de peso: relacionado ao efeito anabólico da insulina e das medidas para a prevenção da hipoglicemia o Taxa de falência secundária mais alta que outras drogas (disfunção progressiva das células beta?) o Interferência no pré-condicionamento isquêmico • Glibenclamida; o O maior interesse é que ela produz uma curva “nike” porque ela consegue abaixar a glicemia de uma vez, mas não sustenta ao longo do tempo > lembrando que o pâncreas vai perdendo a capacidade secretória, não adianta ficar tentando estimular ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 9 o órgão > associa-se outra droga que promove sustentabilidade de controle (para o paciente continuar com boa glicemia) o Dose máxima: até 5mg 3x por dia o A glibenclamida interfere no pré-condicionamento isquêmico. GLINIDAS OU MEGLITINIDAS • Prescrever em idosas que não comem muito. • Se usa quando quer interferir no pós-prandial do paciente. • Capacidade de ligação mais rápidas e com dissociação também mais rápida. • Vantagem em relação as sulfonureias: ação mais rápida e menor possibilidade de induzir hipoglicemia. • Principal desvantagem: necessidade de várias tomadas ao dia (3x), prejudicando a aderência ao tratamento. INIBIDORES DA ALFA-GLICOSIDASE • Acarbose. • Mecanismo de ação: o Interferem na digestão de carboidratoscomplexos. o Retardam a velocidade de absorção dos monossacarídeos. o Os carboidratos complexos são reduzidos a oligossacarídeos pela amilase pancreática, os oligossacarídeos, por sua vez, são reduzidos a monossacarídeos pela enzima alfa-glicosidade, que está localizada na borda em escova dos enterócitos do duodeno e jejuno anterior, e então absorvidos. • Devem ser ingeridos no início das refeições e seu alvo principal é na hiperglicemia pós- prandial (diminuição da elevação da glicemia após as refeições). • A redução da absorção dos monossacarídeos levará a fermentação e assim aos efeitos adversos de flatulência e meteorismo. • É pouco indicada porque não está disponível na rede pública e tem muito efeitos colaterais. INIBIDORES DA DPP-IV • São as gliptinas. (Sitagliptina, Vildagliptina, Saxagliptina, Linagliptina e Slogliptina) • Alimentação causa liberação de GLP-1 (secreção de GLP-1 por células enteroendócrinas do íleo dependente da presença de nutrientes no lúmen do intestino delgado) causa o aumento do GLP-1 ativo no plasma que é degradado pela DPP-IV (o GLP-1 possui meia vida de menos de 2 minutos, devido à rápida degradação pela enzima dipeptidil peptidase 4), inativando mais de 80% da GLP-1. • O GLP-1 não estimula mais a insulina, não levando à hipoglicemia. O O GLP-1 restaura a sensitividade de células B pancreáticas a glicose, possivelmente aumentando a expressão de GLUT-2 e da glicocinase. O GLP-1 também é capaz de inibir a apoptose de células B (ou beta) pancreáticas, além de estimular sua proliferação e diferenciação. Além disso, o GLP-1 também é capaz de inibir a secreção gástrica e a motilidade do TGI, o que retarda a absorção de carboidratos e contribui para um efeito de saciação. • O bloqueio da DPP4 melhora a atividade incrética e corrige a taxa insulina/glucagon. o Efeito incrético: ativar a incretina dos hormônios GLP1 e GIP. o Prolongamento dos efeitos das incretinas - Analogos de GLP-1 (mimetizam a ção) / inibidores da enzima de degradação das incretinas. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 10 o Sem inibição da DDP4 a resposta de incretina fica diminuída -> menos insulina/mais glucagon = Hiperglicemia o Com inibição da DDP4 a resposta e incretina fica aumentada -> mais insulina/maenos glucagon = Glicemia controlada. o Obs: Fazer correção da excreção renal, com exceção da Linagliptina, que a excreção é biliar. INIBIDORES DA SGLT-2 • São glifozinas (Dapaglifozina, Empaglifozina, Canaglifozina). • Mecanismo de ação: o Diminuição da absorção renal de glicose proximal pelo bloqueio do transportador de sódio e glicose (SGTL2) levando glicosúria. o Diminuiçã da HbA1c sem causar hipoglicemia. • Efeitos adversos: o Como é um transportador de sódio, além da glicose ela pode impedir a absorção de sódio levando a hipotensão. o Poliúria, diurese. o Aumento das infecções genitais. Quando há aumento de glicose a adesão da cândidas nas paredes vaginais fica aumentada (é necessário aumentar a higiene) provocando aumento das infecções urinárias, normalmente nos primeiros 6 meses de uso. o Cetoacidose - É importante pedir EQU e urocultura antes de indicar esse medicamento. o Diminuição da PA em 4-5mmHg por diminuir a reabsorção de sódio. o Diminuição sustentada do peso corporal e da massa gorda, perda proporcional de 2/3 de massa gorda e 1/3 de massa magra. o Aumento discreto do hematócrito, concentra o hematócrito porque está diminuindo. o Significativa de mortalidade por todas as causas e insuficiência cardíaca. o Não utilizada em DM1. o Não utilizar em paciente que está usando diurético de alça, pois há risco grande de desidratação. USO DE ANTIDIABÉTICOS CONFORME TFG: ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 11 PRINCIPAIS ANTIDIABÉTICOS: ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 12 TRATAMENTO DA DM COM INSULINAS Como fazer insulina em DM? q • O ideal é ter os testes para a automonitorização. • A insulina foi a primeira medicação para diabetes. • A insulina é o hormônio que põem comida para dentro das nossas células. • Os estudos DCCT e UKPDS demonstraram a importância do tratamento da diabetes, desde cedo. Os pacientes que foram bem tratados, ao longo da vida, tiveram menos complicações e menor risco cardiovascular. • Meta para o tratamento: A1c (%) = 7 (hemoglobina glicada • A perda de peso (rápida) é o principal sintoma para insulinização imediata. • Após a refeição há um pico de insulina. • Insulina em bolus • Insulina basal • O tratamento da hiperglicemia de jejum diminui todo o perfil de glicemia plasmática em 24h. Insulinização do DM 2 • A insulinização, no Brasil, sempre foi deixada como um dos últimos recursos. • Insulina dá hipoglicemia, a única que dá mais é a glibenclamida. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 13 INSULINAS: • NPH (ação lenta) • Insulina de ação rápida - refeição • NPH humana e regular estão disponíveis pelo SUS. • Insulina lenta e ultralenta saíram do mercado. • Existem pré-misturas prontas de 2 tipos de insulinas. • Proibido aplicar a insulina no umbigo. • Aumentam o peso. Áreas de aplicação: NPH • Perfil de ação instável (melhor com várias injeções diárias) • 2 ou + injeções diárias para cobrias as 24h • Apresenta pico de ação • Efeitos não reprodutíveis. Variação intra e interindividual. • Causa hipoglicemias. • Precisa ser ressuspensa. • Muito utilizada. Satisfação com o tto regular. Detemir • Perfil de ação estável • Duas injeções diárias para cobrir 24h (dose dependente) • Pico de ação dose dependente • Efeitos reprodutíveis. Baixa variação intra-individual • Segura • Não precisa ser ressuspensa. • Titulação complexa, dose maior de NPH e glargina. • Satisfação com tto pouco avaliada ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 14 Glargina • Perfil de ação estável • 1 injeção cobre 24h • Sem pico de ação • Efeitos reprodutíveis • Segura • Não precisa ser ressuspensa Insulina basal ideal = • Perfil de ação estável: o 1 injeção diária, proporcionando cobertura de 24h. o Isenta de picos. • Efeitos reprodutíveis. • Segura. • Farmacodinâmica similar à da bomba de insulina. • Fácil de manusear. • Bom controle glicêmico com menos hipoglicemia. • Alta satisfação com o tratamento e aceitação do mesmo. Uso de insulina no DM2: • Ao diagnóstico; o Glicemia > 270 o Emgrecimento o Cetonúria/cetonemia Ao longo do tto: o Falencia de drogas orais o Durante a gravidez o Intercorrências médicas ENDOCRINOLOGIATalita Valente ATM 2023/A 15 DIABETES MELLITUS TIPO 1 • A DM1 é um distúrbio metabólico resultante da não secreção de insulina, que resulta em hiperglicemia, causada pela destruição autoimune das células beta pancreáticas. • 5-10% dos diabéticos tem DM1. PATOGÊNESE: • Genético + Ambiental • Ambiental: o Vírus: Rubéola congênita, Caxumba e Coxsackie B. o Ingestão precoce de leite de vaca. o Doença celíaca e outras doenças autoimunes. DIAGNÓSTICO: DM 1A - Autoimune, autoanticorpos. • Maioria dos casos de DM1. • Condições ambientais servem como gatilho. • Tem relação com atuoanticorpos e antígeno leucocitário humana (HLA classe II). o O HLA está presente no MHC do braço curto do cromossomo 6. o HLA-DR3 e HLA-DR4 tem correlação com maior risco de DM1 (95% dos DM1). Mas minoria dos portadores tem diabetes, logo estão envolvidos outros fatores genéticos e ambientais no desenvolvimento da DM I. o O HLA não é dosado. • Em casos em que há dúvida se o paciente é DM1 ou DM2 podemos dosar anticorpos: o Anti ICA, IAA, GAD (principalmente) § GAD tem maior sensibilidade. § Presente em 15% dos pacientes obesos com DM2. § Presente em 10-15% da população geral sem diabetes. o IA2, IA2B o Znt DM 1B - Idiopático • Ainda não existem informações precisas. • Sem anticorpos e sem relação com o HLA. • Peptídeo C - avalia a reserva pancreática de insulina. Deve ser utilizado em situação de dúvida. o Basal < 9 ng/mL e Pós-estímulo < 1,8 ng/mL = DM1 CARACTERÍTICAS: • Início abrupto em 2-3 semanas. • Início em crianças e adolescentes: pico de incidência de 6-13 anos. Glicemia de jejum >= 126 Glicemia casual >= 200 + Sintomas ANTICORPOS DM 1 Anti ICA (anti-ilhota) - Primeiros a serem usados na clina. Anti IAA (anti-insulina) - Quanto mais altos mais rápido progredirá o paciente para o DM1 clínico. Anti-GAD - Tem maior sensibilidade e são mais comumente usados, pois são os mais comuns. Os anticorpos surgem antes da instalação da falta de insulina. Risco de desenvolvimento da DM1: Gêmeos monoz.: 30-50% Filhos de pai e mãe afetados: 30% Pop, em geral: 0,4% HbA1c estará alta, mas não é essencial no diagnóstico. Perdir GAD para pesquisa de paciente com parente de 1º grau com DM1. Afastar fatores desencadeantes de cetoacidose. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 16 • Pode se desenvolver no adulto, lentamente progressiva, sendo chamada de LADA (Diabetes Autoimune Latente do Adulto). • Pode estar associada a: d. autoimunes, tireoidite de Hashimoto, d. de Graves, anemia perniciosa, vitiligo, insuficiência adrenal, d. celíaca, hepatite autoimune e miastenia gravis. Quadro clínico: • Perda de peso acentuada e perda de massa muscular -> A glicose não entra na célula. • Polidipsia (sede excessiva) -> O sistema renal não dá conta de reabsorver toda glicose e precisa ingerir grande quantidade de água para conseguir mantes o sistema em equilíbrio. • Poliúria (glicose na urina) -> Quando há um excesso de glicemia, que ultrapassa um limiar de absorção (189-259) a glicose entra no glomérulo e, ao invés de ser reabsorvida, ela permanece nos rins durante a formação da urina e por fim é excretada. O paciente começa a ficar desidratado pois há excreta de açúcar, água e sal. • Apetite preservado - Muitas vezes os pacientes sentem muita fome e são ávidos por doces. • Cãimbras -> Pela diminuição de potássio e sódio. • Micoses, infecções de pele. • Visão borrada. • Enurese noturna. • Dor epigástrica -> Sintoma de cetoacidose diabética. TRATAMENTO: • Insulina sempre. Precisa de 4-6 doses/dia. • DM1 recém diagnosticado sem acidose: Insulina (2 tipos) subcutânea, hidratação e dieta específica para o diabetes. • DM1 recém diagnosticado com acidose: Insulina contínua IV, hidratação intensiva e cuidados de UTI. Cetoacidose diabética: • 1/3 dos pacientes irão apresentar ao diagnóstico. • Normalmente ocorre em pacientes que não tem o diagnóstico precoce. • Sintomas: dor epigástrica, hálito cetônico, vômito, emagrecimento, repiração de Kussmaul, desidratação, sonolência. • pH sanguíneo <7,4 • Glicemias aproximadas de 400/600 (quanto maior a acidose, mais elevada a glicemia) • Em quadros de cetoacidose: o Solicitar: Glicemia capilar; Gasometria, glicemia, hemograma e EQU. o Iniciar: hidratação e insulina. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 17 DM2 em crianças • É importante realizar testagem quando: o Sobrepeso. o + 2 fatores de risco: HF de DM2, etnia de risco (latinos ou asiáticos), sinais ou condições de resistência a insulina, história materna de DM, história bilateral de DM. • Iniciar testagem aos 10 anos ou no início da puberdade, frequência de 3 anos. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 18 DIABETES GESTACIONAL • Intolerância aos carboidratos que se iniciou durante a gestação atual. • Geralmente a DMG não preenche critérios de diabetes francos, pode ou não persistir após o parto e aumenta o risco de diabetes no futuro. • A paciente que desenvolve DMG não possui diabetes anterior a gestação. • Prevalência: 7% das gestantes. FATORES DE RISCO: • Sobrepeso ou ganho excessivo de peso na gestação. • Obesidade (aumenta em 4x o risco). • Obesidade mórbida (aumenta em 9x o risco). • HF de diabetes em parentes de 1º grau. • Antecedentes obstétricos de abortamento de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia e DMG anterior. • Síndrome de ovários policísticos. • Estatura inferior a 1,5 m. • Idade materna avançada. RASTREAMENTO: • Deve ser realizado em todas as gestantes. • Preferencialmente no primeiro trimestre. • Pedir HbA1c se suspeita de DM prévio. • Reavaliar com TOTG entre 24-28 semana de gestação. Um valor alterado já é diagnóstico. TRATAMENTO: Dieta: • É tratamento suficiente para 70-85% dos casos, é o manejo mais seguro e inicial. • Depende do peso inicial da mulher. • Retirada de açúcar e farinha branca, utilizar adoçantes. • Garantir o aumento de peso de 300-400 g/semana (6-16 kg na gestação toda). • Monitorar a glicemia capilar. Glicemia de jejum (exame realizado 2X) <92 - Sem DMG TOTG 75g entre 24-28 semana 92-125 Com DMG Tratamento >= 16 DM prévio Tratamento ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 19 • Exercícios físicos só estão contraindicados em HAS induzida na gravidez, ruptura prematura de membrana, parto prematuro, sangramento uterino persistente após o 2º trimestre, restrição do crescimento intrauterino e doença osteoarticular da mãe. Farmacológico: • Suspender/não indicar: IECA, BRA e estatinas. • INSULINA o Quando iniciar: § GJ>95, G1h.<140 se circunferência abdominal entre 29-33 semanas for >75. o 0,2 U/kg - 10 a 20Ude NPH humana. o Pode ser utilizada a NPH humana, regular, glargina e ultrarrápidas. • Metformina e glibenclamida podem ser utilizadas. o Ambas cruzam a placenta. o Estudos não tem demonstrado aumento na teratogênese. o Acarbose. COMPLICAÇÕES: Maternas: • Hiperglicemia • HAS • Pré-eclâmpsia e eclâmpsia • Risco de infecções • Aumento de marcadores inflamatórios • Síndrome metabólica • Aumento em 50% no risco de desenvolver diabetes em 5 anos • Aumento do risco de obesidade • Aumento do risco de recorrência nas próximas gestações Fetais: • Macrossomia (bebês gigantes > 4kg) • Hiperinsulinemia fetal - É resultante da hiperglicemia materna, o sangue que chega ao bebê está cheio de açúcar e as ilhotas do bebê se multiplicam ainda mais para produzir insulina para compensar a glicemia elevada. Quando não há tratamento materno, ao cortar o cortão umbilical o bebê faz hipoglicemia. • Distocias de ombro. • Aspiração de mecônio. • Alterações metabólicas no RN: hipoglicemia pós-parto, diminuição de Ca e P, policitemia, alterações do ferro, hepatoesplenomegalia, aumento do consumo de O2. • Parto cesáreo. • GIG. • Óbito neonatal. • Imaturidade respiratória. • Hiperbilirrubinemia. PÓS PARTO: parar insulina, observar, amamentar e TOTG em 6-12 semanas. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 20 COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DIABETES • Diabetes é a principal causa de doenças cardiovasculares, insuficiência renal, cegueira e amputação de membros inferiores. • Fatores de risco: predisposição genética, resistência a insulina e fumo. • Um paciente bem controlado/tratado tem menores chances de desenvolver complicações. NEUROPATIA DIABÉTICA • Lesão neurológica + lesão vascular Classificação: • Polineuropatia sensitiva simétrica (em bota/em luva) o Sintomas: assintomáticos, adormecimento, parestesias, hiperestesia, dor o É comum que os sintomas aumentem muito a noite. o Sinais: diminuição da sensibilidade, fraqueza e atrofia (em casos mais graves). Ausência de pelos do joelho para baixo. o Inspeção: bolhas e calos, intertrigo micóctico, onicomicose, pequenos ferimentos por unhas alteradas, unhas encravadas, deformidades e verrugas. o Pesquida de sensibilidade: Monofilamento 10g é o melhor método para rastreamento. § Fibras grossas: propriocepção com diapasão de 128 Hz e reflexo patelar e aquileu. § Fibras finas sensitivas tipo C: pin-prick (ponta romba e pontiaguda), pálido (sensibilidade dolorosa) o É importante avaliar para evitar o mal perfurante plantar. • Neuropatia autonômica o Disfunção erétil o Neuropatia pélvica § Incontinência urinária com grande volume residual o Gastroparesia diabética o Constipação e diarreia persistente (metformina pode dar diarreia, principalmente em idosos) o Dinfunção da vesícula biliar (cálculos) o Hipotensão postural (diferença >20mmHg em pé e sentado) o Taquicardia invariável em repouso o Atenuação à manobra de Valsalva • Polirradiculopatias o Lombar - Amiotrofia, neuropatia diabética femoral. § Pacientes mais idosos, mais frequente em homens, DM2. § Assimétrica. § Dor, fraqueza, depressão, atrofia. § Ausência de reflexos profundos. § Excluir compressão radicular. o Torácica • Mononeuropatias o Cranial (pares cranianos) - III, IV, VI § Início agudo, cefaleia intensa periorbital, paresia ocular, pupila, ptose palpebral. o Periférica Pé diabético • Neuropatia sensitiva o Redução da sensibilidade o Defomridades ósseas o Pé de Charcot e osteomielite • Limitação da mobilidade das articulações ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 21 o Múltipla • Palpação dos pulsos. • Sinal da prece. • Contratura de Dupuytren. RETINOPATIA DIABÉTICA • Principal causa de cegueira em pessoas com idade entre 20-74 anos. • Investigar em pacientes com DM2 assim que feito o diagnóstico e a glicemia estiver normal (quantidade de açúcar no globo ocular pode deixar a visão turva), e em pacientes com DM1 3-5 anos após puberdade. • Indicar consulta oftalmológica anual, com fundo de olho dilatado com tropicamida colírio. • Fundoscopia, angiofluoresceína. • Tratamento: o Fotocoagulação com laser. o Injeções com anti fator de crescimento endotelial vascular para edema macular. Estágios: • Não proliferativa leve; o Microaneurismas e hemorragias o Maior permeabilidade vascular o Exsudatos suros. • Não proliferativa moderada grave: o Alterações no calibre vascular o Anomalias intra-retinianas microvasculares o Isquemia retiniana o Hemorragias e microaneurismas extensos • Proliferativa: o Neovasos o Proliferação fibrovascular o Retração e descolamento de retina o Hemorragia vítrea DOENÇA RENAL DO DIABETES • Tem fator genético. • Fatores de risco: hiperglicemia, HAS, fumo, dislipidemia, fatores dietéticos, retinopatia, EUA normal-alta, TFG excessivamente alta ou baixa. • Quanto maior o valor de albuminúria maior o risco de morte. Doença vascular periférica • Rubor de declive e palidez de aclive. • Claudicação intermitente. • Pulsos diminuídos. • Instalação lenta, dor nas panturrilhas estimuladas pelo esforço que reduz no repouso. • Oclusão vascular completa pode causar gangrena isquêmica ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 22 • Diagnóstico: o EUA albuminúria > 30 (>300) mg/g Cr o TGF CKD-EPI - MDRD - Cockcroft-Gault o • Fases da doença renal crônica: Estágio Descrição TGF 1 Dano renal com TGF normal ou aumentada >= 90 2 Dano renal com redução leve da TGF 60-89 3 Redução moderada da TGF 30-59 4 Redução grave da TGF 15-29 5 Insuficiência renal avançada (diálise) < 15 ATEROSCLEROSE • Precoce. • Desenvolve-se rapidamente. • Estreitamento é mais extenso • Compromete mais vasos sanguíneos. QUANDO E COMO REALIZAR O RASTREAMENTO DAS COMPLICAÇÕES Quando Como Retinopatia No diagnóstico e anualmente Fundoscopia Nefropatia No diagnóstico e anualmente em DM2 DM1 após 5 anos Albuminuria e TGF estimada Hipertensão arterial Em cada consulta Pressão arterial Exame de pés Anual ou + SN Sensibilidade Pulsos periféricos D. Cardiovascular No diagnóstico e anualmente Estudo fisiológico Proteína em amostra de urina (mais acessível) < 430 mg/L EUA amostra < 14 mg/L >= 14 mg/L >= 430mg/L Proteína na urina 24h. (>150, >500) ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 23 COMPLICAÇÕES AGUDAS DO DIABETES CETOACIDOSE DIABÉTICA (CAD) • Distúrbio metabólico característico do DM1. • Caracterizado por hiperglicemia + cetonemia + acidose metabólica. • Pode ser a manifestação diagnóstica inicial do DM1 em 25% dos pacientes. • Como diagnóstico do DM é mais comum em: o Crianças < 4 anos o Idosos (principalmente magros) o Em famílias sem DM na HF. o Em baixas condições socioeconômicas. • O maior risco de ocorrer em: o Mau controle metabólico e omissão de doses. o Uso de bomba de insulina: obstrução do cateter trava a bomba, o paciente fica sem receber insulinae entra em cetoacidose. o Presença de doenças psiquiátricas nas crianças e familiares. o Episódios prévios de cetoacidose. PROGNÓSTICO: • Depende das condições de base do paciente. • Piora sensível em recém-diagnóstico. • Idosos com doenças graves concomitantes. • Gestantes. • Portadores de doenças crônicas. FISIOPATOLOGIA • Via do malonil-Co-A suspensa pela falta de insulina, produção de cetonas como produto metabólico alternativo. o Em uma situação normal, mas sem glicose intracelular, a insulina estimula a malonil- Co-A e faz que exista e transformação dos ác. graxos para combustíveis normais, no momento em que há diminuição da insulina essa via fica suspensa e há uma perda dessa rota metabólica usual, então há uma transformação dos ác. graxos (em uma via alternativa) para cetonas. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 24 Cetoacidose: ausência de insulina e produção elevada de cetonas. QUADRO CLÍNCO E DIAGNÓSTICO: • Existe cetoacidose e coma hiperosmolar que não causa glicemia tão alta, mesmo com níveis de glicose em 120. Nos pacientes que usam inibidores de SGLT2, não é incomum encontrarmos valores maios baixos de hiperglicemia pois esse medicamento está aumentando a perda de glicose na urina. Existem pacientes com DM1 usando esses medicamentos como adjuvantes no tratamento, mas em off label. • Respiração de Kussmaul o Típica do paciente com acidose. o Aumento da frequência e profundidade respiratória (“fome de ar”). o Hiperventilação o Compensação respiratória para tentar compensar a acidose metabólica. Coma hiperosmolar (SHH) • Glicose em torno de 700-1000. • Pacientes sem deficiência de insulina acentuada, mas que desenvolvem hiperglicemia elevada. • Geralmente em pacientes com DM2 com outras doenças concomitantes. • Não tem produção intensa de cetonas. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 25 o Pacientes podem ser confundidos com Hzão / H infectado = histérico. Hiperventilação por histeria. • Tempo de evolução CAD: o Na apresentação da doença (diagnóstico) DM1 o quadro é arrastado e demora 2-3 semanas. o No paciente que já está em tratamento regular para DM1 com insulina e de repente para a insulina, o quadro é rápido, 24 horas. o É importante observar a desidratação, pois quanto mais tempo, mais desidratado. • Paciente idoso, emagrecido, pode ter CAD ou SHH. Fatores precipitantes: • Primeira manifestação DM. • Omissão de insulina. • Presença de infecção ou doença aguda que faz com que a dose de insulina fique menor que o necessário naquele momento de doença aguda. o IAM o AVC o Pancreatite aguda. o Trombose mesentérica. o TEP. o Trauma. o Queimadura. • Drogas: álcool, cocaína, ecstasy. • Medicações: corticoides, diuréticos, beta bloqueadores, bloqueador do canal do cálcio, etc. Frequentemente o paciente deixa de usar a insulina pois está com alguma infecção e para o tratamento, acabando por descompensar a diabetes. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 26 Avaliação laboratorial: • Cetonemia é imediata, cetonúria reflete o passado. • A principal pesquisa do fator desencadeante é a história clínica. Considerações: • Temperatura corporal: tendência a hipotermia (sinal de mau prognóstico). Febre é sempre sugestiva de infecção. • Atenção ao laboratório: leucocitorese com desvio (sem infecção), aumento da amilase sem pancreatite, aumento creatinina por reação cruzada com o acertoacetato, aumento dos triglicerídeos e aumento das transaminases. • Falso abdome agudo (vômitos e dor podem simular). • Rabdomiólise. Diagnóstico diferencial: • Cetose de jejum. • Cetoacidose alcoólica. • Acidose lática. • Fármacos como salicilatos e metformina. • Insuficiência renal crônica. CRIÉRIOS DE GRAVIDADE NA CAD: ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 27 TRATAMENTO SHH E CAD Moderada-grave: • Hospitalar (de preferência em CTI) • Monitorização da glicose o Objetivo: G<250 mg/dl em CAD e G<300mg/dl em SHH • Hidratação venosa o Inicial: SF 0,9% 1000-1500 mL/h nas primeiras 2h. (15-20mL/kg/h) o Manutenção: 4-14 mL/kg/h o Se Osm>320 ou Na>155 -> Trocar por SF 0,45% (soro diluído) o Até obter o objetivo da glicose. o Depois do objetivo da G se adiciona soro glicosado SG5%: 1:1 ou 150-250 mL/h até correção da acidose e normalização AG. • Insulinoterapia (bomba de infusão com insulina contínua) o Subcutânea, intramuscular e intravenosa - o que muda é o tempo de absorção. o Antes de retirar a bomba de insulina se inicia a subcutânea (umas 3h antes). o Insulina tem que ser regular ou ultrarrápida. o Solução insulina IV: § Insulina regular 100 U/mL (50 U para 500mL de SF 0,9%) § Concentração da solução: 1U/10mL § Desprezar os 50 mL iniciais (permanecem ligados ao equipo) § Se bomba infusora não disponível; insulina regular IM ou IV bolus repetidos de hora em hora. • Correção distúrbio eletrolítico o Insulina coloca K para dentro da cél. o A maioria dos pacientes tem K normal ou aumentado, no momento que colocarmos insulina no paciente, o K entrará na célula. Então depois de darmos insulina devemos avaliar porque o K irá baixar. o Estamos prontos para repor K em praticamente todos os pacientes pois só veremos o resultado dos exames após iniciar a insulina. Necessidade de maior dose de insulina: Infecção Adolescentes Uso de corticoides Necessidade de menor dose de insulina: Insuficiência renal Gestantes 1º trimestre ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 28 • Identificação e tratamento do fator desencadeante • Monitorização: o Glicemia capilar a cada 1h. o Glimecima plasmática a cada 2-4h. o K: primeiras 4 horas de 1/1h: em seguida 2-4h. o Na, Cl, gaso venosa: 2/2h até K e HCO3 normalizarem, depois 4-6h. o Mg, fosfato: controverso, 4-6h. o Cetonúria: a cada 4h. § A cetonúria mede acetoacetato e cetoglutarato, não mede beta hidroxibutirato. § A cetonúria pode aumentar com o tratamento pela conversão do beta hidroxibutirato em acetoacetato, por isso a preferência é usar cetonemia. Leve: • Ambulatorial. • Hidratação oral • Insulinoterapia o Insulina regular SC ou IM de h/h. o Insulina ultrarrápida SC: lispro, aspart o Bolus 0,1-0,3 U/kg o Após 1h: 0,1 U/kg o Manutenção: o,1 U/kg 2/2h. o Medir glicemia capilar 1/1h. o Manter até correção da desidratação e hiperglicemia. COMPLICAÇÕES: • Hipoglicemia, hipopotassemia. • Hiperglicemia secundária à interrupção de infusão de insulina sem cobertura correta de insulina subcutânea. • Hipoxemia. • Edema agudo de pulmão e hipercloremiapor infusão excessiva de fluidos. • Metformina, pioglitazona e inibidores de SGLT2 devem ser suspensos durante a ocorrência de infecções sistêmicas em pacientes com DM. • Edema cerebral é uma complicação rara em adultos e mais frequentes em crianças. Importante em pacientes muito idosos, principalmente se a queda na glicemia for muito abrupta. o Pode evoluir com herniação de tronco cerebral e parada cardiorrespiratória. o Tratado prontamente com infusão IV de manitol a 20%. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 29 Principais causas de morte por CAD e EHH: • Edema cerebral • Hipopotassemia • Hipofosfatemia • Hipoglicemia • Complicações intracerebrais • Trombose venosa periférica • Mucormicose • Rabdomiólise • Pancreatite aguda HIPOGLICEMIA • Diminuição dos níveis glicêmicos - com ou sem sintomas - para valores abaixo de 60-70 mg/dL. SINTOMAS: • Pele úmida - suor frio. • Convulsão. • Coma • Confusão. • Dor de cabeça. • Fraqueza. • Tontura. • Fome • Além dos sintomas já descritos, podem ocorrer manifestações de liberação do sistema simpático (sucorese, taquicardia, apreensão, tremor). • Tremores, coração acelerado, suor frio, tontura, ansiedade, fome, visão borrada, fraqueza e cansaço, dor de cabeça, nervoso/chateado. TRATAMENTO • Alimentos com 15 gramas de carboidrato: o 120 mL de suco de fruta/refrigerante normal. o 2 colheres de sopa de uvas passa. o 4 ou 5 bolachas salgadas. o 4 colheres de chá de açúcar. o 1 colher de sopa de mel. Em casa: Paciente desmaiado, orientar a família para virar o paciente de lado, jamais colocar o dedo entre os dedos do paciente (perigoso se convulsão), pegar açúcar ou mel e diluir na bochecha, ir espalhando e levar para o hospital. • Injeção de glucagon IM (Glucagen) em situações extremas. Custa caro, tem que ser preparado (diluído). • Hipoglicemia por glibenclamida é pior do que por insulina. • Idosos em uso de glibenclamida podem ter hipoglicemia importante. ENDOCRINOLOGIA Talita Valente ATM 2023/A 30
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