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São lesões que apresentam um conjunto de alterações teciduais com maior potencial de transformação em neoplasias malignas quando comparadas aos tecidos normais. Principais lesões potencialmente malignas: └ Eritroplasia – 85% de malignização └ Quielite actínica – 10% de malignização └ Leucoplasia – 5% de malignização └ Lesões liquenoides – 1-5% de malignização Evolução das LPM: O cirurgião-dentista deve ser o mais capacitado para o diagnóstico das lesões orais potencialmente malignas e câncer oral, por se tratar de uma região de fácil acesso à cavidade oral e ser a região anatômica objeto de trabalho desses profissionais. └ Compete ao CD conhecer os fatores de risco e as estratégias de detecção precoce do câncer de boca. É definida como “uma placa ou mancha branca que não pode ser caracterizada clinicamente ou patologicamente como qualquer outra doença”. Termo clínico e não implica em uma alteração tecidual histopatológica específica. Lesões como líquen plano, morsicatio (o mordiscar crônico das bochechas), ceratose friccional, ceratose da bolsa de tabaco, estomatite nicotínica, leucoedema e nevo branco esponjoso devem ser excluídas antes que um diagnóstico clínico de leucoplasia possa ser feito. A coloração clínica branca resulta de um espessamento da camada de queratina. Embora a leucoplasia não esteja associada a um diagnóstico histopatológico específico, é tipicamente considerada como uma lesão pré-cancerosa ou pré-maligna. INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA O epitélio displásico ou o carcinoma francamente invasivo são encontrados em apenas 5% a 25% dos espécimes de biópsia de leucoplasia. Potencial de transformação maligna de 5%. Subtipos clínicos específicos estão associados a taxas com potenciais tão altos quanto 47%. Lesão oral pré-cancerosa mais comum, representando 85% de tais lesões. Forte predileção em homens (70%). Comum em pacientes com idade acida de 40 anos. A incidência é crescente com a idade. CAUSAS A causa da leucoplasia permanece desconhecida, embora existam várias hipóteses. Tabaco: └ Aparece mais intimamente associado ao desenvolvimento da leucoplasia. └ + 80% dos pacientes são tabagistas. └ Tabagistas inveterados apresentam números maiores de lesões e lesões maiores do que os que fumam pouco, especialmente após vários anos de uso de tabaco. Álcool: └ Pessoas que utilizam excessivamente enxaguatórios bucais com teor alcoólico de mais de 25% podem ter placas mucosas jugais acinzentadas, porém Lesões potencialmente malignas Carcinoma in situ Câncer invasivo Metástases linfonoidais essas não são consideradas leucoplasias verdadeiras. Sanguinária: └ Pessoas que utilizam dentifrícios ou enxaguatórios bucais contendo o extrato da erva sanguinária podem desenvolver leucoplasia verdadeira. └ Esse tipo de leucoplasia (ceratose associada à sanguinária) é geralmente localizado no vestíbulo da maxila ou sobre a mucosa alveolar da maxila. └ Mais de 80% dos indivíduos com leucoplasia vestibular ou alveolar maxilar apresentam história de utilização de produtos que contêm sanguinária. └ O epitélio afetado pode exibir displasia idêntica à observada em outras leucoplasias, embora o potencial para desenvolvimento de câncer seja incerto. Radiação ultravioleta: └ A radiação ultravioleta é aceita como um fator causal da leucoplasia de vermelhão de lábio inferior. Microrganismos: └ Vários microrganismos têm sido envolvidos na origem da leucoplasia: o Treponema pallidum, a Candida albicans (leucoplasia por cândida e hiperplasia por cândida). Trauma: └ Várias lesões ceratóticas, que até recentemente tinham sido vistas como variantes da leucoplasia, são atualmente consideradas como não-pré- cancerígenas. └ Além disso, a irritação mecânica crônica pode produzir uma lesão branca com superfície ceratótica áspera denominada ceratose friccional. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS A leucoplasia geralmente afeta pessoas com idade acima dos 40 anos. A prevalência aumenta rapidamente com a idade, especialmente para os homens. Predileção: vermelhão do lábio, mucosa jugal e gengiva. └ Lesões na língua, vermelhão do lábio e soalho de boca, contudo, contribuem com mais de 90% daquelas que exibem displasia ou carcinoma. Leucoplasia fina ou branda: └ Surgem como placas levemente elevadas cinzentas ou branco-acinzentadas, que podem parecer um tanto translúcidas, fissuradas ou enrugadas, e que são tipicamente macias e planas. └ Apresentam bordas bem demarcadas, porém, ocasionalmente, misturam-se de forma gradual à mucosa normal. └ Raramente demonstra displasia na biópsia e pode desaparecer ou continuar inalterada. Leucoplasia espessa ou homogênea: └ Para os tabagistas que não reduzem seus hábitos, cerca de dois terços destas lesões aumentam lateralmente de forma lenta, tornam-se mais espessas e adquirem uma aparência branca marcante. └ A mucosa afetada pode assumir uma consistência de couro à palpação e as fissuras podem ser mais profundas e mais numerosas. └ A maioria das lesões espessas e lisas permanece indefinidamente nesse estágio. Algumas, aproximadamente um terço, regridem ou desaparecem. Leucoplasia nodular ou granular: └ Lesões tornam-se mais intensas e desenvolvem irregularidades maiores na superfície. Leucoplasia verruciforme ou verrucosa: └ Lesões apresentam projeções agudas ou embotadas; pior prognóstico. Leucoplasia verrucosa proliferativa (LVP): └ Leucoplasia de alto risco. └ Múltiplas placas ceratóticas com projeções de superfície ásperas. └ Se disseminam lentamente e envolver outros sítios da mucosa oral, com crescimento persistente. └ Ao final, torna-se de natureza exofítica e verrucosa. └ Apresenta semelhança com o carcinoma verrucoso. └ Mas posteriormente, com frequência desenvolvem alterações displásicas e se transformam em um carcinoma de células escamosas (período de 8 anos após o diagnóstico inicial de LVP). └ Mais prevalente em mulheres, baixa associação ao tabaco e hipótese associada ao HPV. Eritroplasias: └ Algumas lesões, ao final desse processo, demonstram manchas de coloração avermelhada (eritroplasias). └ Representam sítios nos quais as células epiteliais são tão imaturas ou atróficas que não têm mais a capacidade de produzir ceratina. └ Essa lesão, com a mistura de áreas brancas e vermelhas, denominada eritroleucoplasia ou leucoplasia mosqueada, representa um padrão de leucoplasia que frequentemente revela displasia avançada na biópsia. OBS: várias lesões leucoplásicas representam uma mistura das fases, sendo importante realizar a biópsia na lesão com o maior potencial de conter células displásicas. Os sítios para obtenção da biópsia devem ser de áreas com aparência lesional clínica que sejam o mais similares às observadas na região de lesões eritroleucoplásicas. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS Camada espessada de ceratina do epitélio (hiperceratose), com ou sem espessamento da camada espinhosa (acantose). A camada de ceratina pode consistir em paraceratina, ortoceratina ou uma combinação de ambas. Algumas leucoplasias demonstram hiperceratose de superfície porém atrofia ou adelgaçamento do epitélio subjacente. Números variáveis de células da inflamação crônica são observados no interior do tecido conjuntivo subjacente. Na leucoplasia verrucosa: └ Apresenta projeções de superfície papilares ou pontiagudas, espessura de ceratina variável e cristas epiteliais amplas e embotadas. └ Pode ser difícil diferenciá-la de um carcinoma verrucoso em estágio inicial. Na leucoplasia verrucosa proliferativa: └ Em estágio inicial surgem como uma hiperceratosebenigna que é indistinguível de outras lesões brancas. └ Com o passar do tempo, a condição progride para uma proliferação papilar exofítica que é similar às lesões localizadas da leucoplasia verrucosa (hiperplasia verrucosa). └ Nos estágios mais avançados, essa proliferação papilar exibe crescimento para o interior do conjuntivo, de um epitélio escamoso bem diferenciado com cristas epiteliais amplas e embotadas; esse epitélio demonstra invasão para o interior da lâmina própria subjacente (indistinguível do carcinoma verrucoso). └ Nos estágios finais, transforma-se em um carcinoma de células escamosas plenamente desenvolvido. A maioria das lesões leucoplásicas não demonstra displasia na biópsia. └ A evidência de displasia epitelial é encontrada somente em 5% a 25% dos casos se todos os sítios orais forem considerados. └ Quando presentes, essas alterações displásicas tipicamente iniciam-se nas porções basal e parabasal do epitélio. └ Quanto mais displásico o epitélio se torna, mais as alterações epiteliais atípicas se estendem para envolver a espessura total do epitélio. Alterações displásicas nas células epiteliais: └ Células e núcleos aumentados └ Nucléolos grandes e proeminentes └ Relação núcleo-citoplasma aumentada └ Núcleos hipercromáticos (coloração excessivamente escura) └ Células e núcleos pleomórficos (com formato anormal) └ Disceratose (ceratinização prematura de células individuais) └ Atividade mitótica aumentada (número excessivo de mitoses) └ Figuras de mitose anormais └ Cristas epiteliais em formato bulbar ou em forma de gota de orvalho └ Perda da polarização (falta de maturação progressiva em direção à superfície epitelial) └ Pérolas de ceratina ou epiteliais (agrupamentos focais arredondados de células ceratinizadas organizadas em camadas concêntricas) └ Perda da coesão típica entre as células epiteliais Gravidade ou intensidade da displasia: └ Displasia epitelial leve: refere-se a alterações limitadas principalmente às camadas basal e parabasal └ Displasia epitelial moderada: denota envolvimento da camada basal à porção média da camada espinhosa. └ Displasia epitelial severa: demonstra alterações desde a camada basal até um nível acima da porção média do epitélio. └ OBS: algumas vezes a displasia poderá ser observada estendendo-se para dentro do ducto de uma glândula salivar menor, especialmente em lesões de soalho de boca. Carcinoma in situ: └ Quando toda a espessura do epitélio está envolvida. └ Células epiteliais displásicas que se estendem da camada basal à superfície da mucosa (alteração da “superfície a base”). └ Pode ou não haver uma fina camada de ceratina sobre a superfície. └ O epitélio pode ser hiperplásico ou atrófico. TRATAMENTO Biópsia Incisional/Excisional └ O tecido obtido pela biópsia deve ser retirado das áreas de envolvimento clinicamente mais “severas”. └ Diante de lesões extensas ou múltiplas, várias biópsias podem ser necessárias. └ Leucoplasias com displasia moderada ou um quadro mais grave justificam a sua remoção completa, se isso for possível. Deve orientar o paciente sobre a remoção dos fatores de risco, tais como o fim do hábito de fumar. A remoção completa pode ser realizada com igual eficiência pela excisão cirúrgica, eletrocauterização, criocirurgia ou ablação por laser. Um acompanhamento de longa duração após a remoção é extremamente importante, uma vez que as recidivas são frequentes. Prognósticos das leucoplasia: Malignização: └ Leucoplasias com displasias leves: 1-7% └ Leucoplasias com displasias severas: 4- 15%. └ Carcinoma in situ e microinvasor: 18-47%. Ceratose irritativa - irritação mecânica crônica. Placa branca não destacável a raspagem e associoda a trauma crônico de baixa intensidade. Fatores causais: └ Próteses mal ajustadas, má oclusão, hábitos parafuncionais. └ Alimentos quentes e hábito de fumar. └ Aspirina, hipoclorito, peroxido de hidrogênio, formocressol. Características histopatológicas: └ Hiperceratose e acantose. └ Presença de infiltrado inflamatório. Ceratoses do rebordo alveolar, envolvendo a papila retromolar ou a crista de um rebordo alveolar edêntulo, representam outra forma de ceratose friccional causada pela função mastigatória ou trauma da dentadura. A ceratose friccional deve ser diferenciada do grupo das lesões orais pré-cancerígenas, pois não apresenta potencial maligno. São prontamente reversíveis após a eliminação do trauma. Placa avermelhada não destacável a raspagem e que não pode ser diagnosticada como qualquer outra alteração. Apresenta diagnóstico por exclusão. Predileção por homens. Incidência crescente com a idade, comum em maiores de 60 anos. Potencial de malignização: 18-47% A eritroplasia pode ocorrer associada a leucoplasia e tem sido observada em conjunto com uma grande proporção dos carcinomas orais invasores em estágio inicial. Menos comum do que a leucoplasia. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Sítios mais comuns de acometimento: soalho de boca, língua e palato mole. A mucosa alterada mostra-se como uma mácula ou placa eritematosa bem delimitada, com textura macia e aveludada. Geralmente é assintomática e pode estar associada a uma leucoplasia adjacente (eritroleucoplasia). Mucosite não-específica, candidíase, psoríase ou lesões vasculares podem mimetizar clinicamente a eritroplasia (a biópsia é necessária para distinguir as lesões). CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS Displasias epiteliais severas, carcinoma in situ ou carcinoma de células escamosas superficialmente invasivo. Ausência de queratina no epitélio e frequentemente é atrófico, porém pode ser hiperplásico. Microvasculatura subjacente é evidenciada, explicando a coloração vermelha. O tecido conjuntivo subjacente frequentemente apresenta inflamação crônica. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO Biópsia incisional – escolha da área mais afetada. Acompanhamento a longo prazo. Eliminação dos fatores de risco. Malignização: └ Carcinoma in situ e microinvasor: maioria dos casos. └ Malignização de 18–47% dos casos. É uma alteração pré-maligna comum do vermelhão do lábio inferior que resulta de uma exposição progressiva excessiva ao sol. Predominante em pessoas de pele clara com uma tendência a apresentar queimadura solar. Predileção pelo sexo masculino (10:1), sendo invertido quando as mulheres se expõem igualmente ao sol. Comum em trabalhadores rurais e pescadores. Crescente com a idade – exposição solar cumulativa. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS As alterações clínicas mais precoces incluem a atrofia da borda do vermelhão do lábio inferior, caracterizada por uma superfície lisa e áreas de manchas pálidas. Apagamento da margem entre a zona do vermelhão e a porção cutânea do lábio é tipicamente observado. À medida que a lesão progride, áreas ásperas e cobertas de escamas desenvolvem-se nas porções mais secas do vermelhão. Com a progressão, a ulceração crônica focal pode se desenvolver em um ou mais sítios (sugerem a progressão para um carcinoma de células escamosas em estágio inicial). CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS Epitélio escamoso estratificado atrófico, com hiperceratose. Displasia moderada e/ou severa podem ser encontrados. Um infiltrado de células inflamatórias crônicas leve comumente está presente. Carcinoma in situ O tecido conjuntivo subjacente mostra um feixe de alteração basofílica amorfa e acelular conhecido como elastose solar (actínica), uma alteração das fibras colágenas e elásticas induzida pelo sol. TRATAMENTO As alterações podem ser irreversíveis: o paciente deve serorientados a usar bloqueador solar ou barreira física sobre o lábio e retornar 2 semanas a consulta, para observar regressão ou progressão da lesão. Se não regredir, a lesão deve passar por biopsia incisional. Em casos clinicamente graves sem transformação maligna clara, um procedimento cirúrgico que emprega a técnica de shave labial (vermelhonectomia) pode ser realizado.
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