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DIREITO CIVIL - AULA 03

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DIREITO CIVIL – FLÁVIO TARTUCE 
AULA III - DATA: 01.09.2020 
Material complementar utilizado: Livro do Flávio Tartuce (2020) 
 
DIREITOS DA PERSONALIDADE NA PERSPECTIVA CIVIL-
CONSTITUCIONAL. 
 
Conceito: os direitos da personalidade são aqueles inerentes à pessoa 
humana e à sua dignidade. 
A expressão “inerentes” decorre da adoção da teoria dos direitos inatos ou 
originários da pessoa humana (Limongi França, Bittar e Maria Helena 
Diniz). 
A proteção de direitos dessa natureza não é uma total novidade no 
sistema jurídico nacional, eis que a CF/88 enumerou os direitos 
fundamentais postos à disposição da pessoa humana. 
Sabe-se que o título II da CF/88, sob o título “Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais”, traça as prerrogativas para garantir uma convivência 
digna, com liberdade e com igualdade para todas as pessoas, sem 
distinção de raça, credo ou origem. 
*** E a pessoa jurídica? Tem direitos da personalidade por equiparação 
legal (CC, art. 52). Por isso, a pessoa jurídica pode sofrer dano moral 
(Súmula 227 STJ). 
O Código Civil de 2002 protege os seguintes direitos da personalidade 
(CC, arts.11 a 21): 
• Honra subjetiva: autoestima (o que o sujeito pensa de si). 
 
• Honra objetiva: reputação (o que os outros pensam da pessoa). 
 
Obs: A pessoa jurídica só sofre dano moral quanto à honra objetiva, e 
não quanto à honra subjetiva. 
 
 
• O Código Civil de 2002 protegeos seguintes direitos da 
personalidade (CC, arts. 11 a 21): Vida; Integridade físico-psíquica; 
Nome.; Honra (subjetiva e objetiva); Imagem (imagem-retrato: fisionomia; 
e imagem-atributo: repercussão social); Intimidade, vida privada e 
segredo; 
A pessoa jurídica tem direito ao nome, à honra objetiva, à imagem (retrato 
e atributo) e ao segredo. Essa classificação é muito próxima da 
classificação tripartida do professor Rubens Limongi França: 
• Integridade física: vida, corpo vivo, corpo morto, entre outros; 
• Integridade moral: nome, honra, imagem, intimidade, vida privada, 
entre outros; 
• Integridade intelectual: criações, invenções, direitos autorais e 
intelectuais, entreoutros. 
O autor Rubens Limongi França diz que os direitos da personalidade 
dizem-se as faculdades juridicas cujo objeto são os diversos aspectos da 
própria pessoa do sujeito, bem assim da sua projeção essencial no mundo 
exterior. 
O autor Cristiano Chaves considera os direitos da personalidade aqueles 
direitos subjetivos reconhecidos à pessoa, tomada em si mesma e em 
suas necessárias projeções sociais. Enfim, são direitos essenciais ao 
desenvolvimento da pessoa humana e em que se convertem as projeções 
físicas, psíquicas e intelectuais do seu titular, individualizando-o de 
modo a lhe emprestar segura e avançada tutela jurídica. 
*** Os direitos da personalidade previstos no Código Civil de 2002 
estão em rol taxativo (“numerus clausus”) ou exemplificativo 
(“numerus apertus”)? Estão em rol exemplificativo, conforme 
Enunciado n. 274 – IV Jornada de Direito Civil. 
Enunciado 274, IV JDC: “Os direitos da 
personalidade, regulados de maneira não-
exaustiva pelo Código Civil, são expressões 
da cláusula geral de tutela da pessoa 
 
 
humana, contida no art. 1º, inc. III, da 
Constituição (princípio da dignidade da 
pessoa humana). Em caso de colisão entre 
eles, como nenhum pode sobrelevar os 
demais, deve-se aplicar a técnica da 
ponderação.” 
Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, 
deve-se aplicar a técnica da ponderação. 
 Pela técnica de ponderação, em casos de difícil 
solução (hard cases) os princípios e os direitos fundamentais devem ser 
sopesados no caso concreto pelo aplicador do Direito, para se buscar a 
melhor solução. Há assim um juízo de razoabilidade de acordo com as 
circunstâncias do caso concreto. A técnica exige dos aplicadores uma 
ampla formação, inclusive interdisciplinar, para que não conduza a 
situações absurdas. É importante esclarecer que a técnica da 
ponderação foi incluída expressamente no Código de Processo Civil de 
2015. 
 A técnica da ponderação foi incluída 
expressamente no Código de Processo Civil de 2015 em seu artigo 489, 
§ 2º do CPC. Trata-se da chamada “ponderação à brasileira” 
(colisão de normas). A técnica da ponderação foi desenvolvida na 
Alemanha por Robert Alexy para os casos de colisão entre direitos 
fundamentais (Caso Lebach). 
 No Brasil, o principal exemplo de ponderação 
envolve a liberdade de expressão e de pensamento versus o direito 
à imagem e à intimidade. Enunciado 279, IV JDC: “A proteção à 
imagem deve ser ponderada com outros interesses 
constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de 
amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de 
colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos 
abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as 
 
 
características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), 
privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de 
informações.” 
 Abordando a inserção da norma no Novo Código 
de Processo Civil, demonstram Fredie Didier Jr., Rafael Alexandria 
de Oliveira e Paula Sarno Barbosa a insuficiência de a ponderação 
ser utilizada apenas para resolver conflitos de direitos 
fundamentais. Segundo os autores, citando a posição de 
Humberto Ávila, “a ponderação não é exclusividade dos princípios: 
as regras também podem conviver abstratamente, mas colidir 
concretamente; as regras podem ter seu conteúdo preliminar no 
sentido superado por razões contrárias; as regras podem conter 
hipóteses normativas semanticamente abertas (conceitos legais 
indeterminados); as regras admitem formas argumentativas como 
a analogia. Em todas essas hipóteses, entende Ávila, é necessário 
lançar mão da ponderação (...)” 
 Enunciado n. 613 da VIII Jornada de Direito Civil: a 
liberdade de expressão não goza de posição preferencial em relação aos 
direitos da personalidade (imagem e intimidade) (técnica da ponderação). 
Em suma, o Enunciado 279 prevê o uso da técnica de ponderação e o 
Enunciado 613 dispõe que a liberdade de expressão não prevalece 
sempre, ou seja, não goza de posição preferencial. 
✓ Existem direitos de personalidade previstos na CF/88 como direitos 
fundamentais. Exemplo: art. 5º, CF – direitos de autor, privacidade, 
imagem etc. 
✓ Existem direitos da personalidade que sequer estão escritos. 
Exemplo: direito ao esquecimento - Nesse sentido, Enunciado n. 531– 
VI Jornada de Direito Civil e STJ: “A tutela da dignidade da pessoa 
humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento.” 
 
 
 No campo doutrinário, tal direito foi reconhecido pelo 
Enunciado n. 531 do CJF/STJ, aprovado na VI Jornada de Direito Civil, 
realizada em 2013 e com o seguinte teor: “a tutela da dignidade da 
pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao 
esquecimento”. De acordo com as justificativas da proposta publicadas 
quando do evento, “os danos provocados pelas novas tecnologias de 
informação vêm-se acumulando nos dias atuais. O direito ao 
esquecimento tem sua origem histórica no campo das condenações 
criminais. Surge como parcela importante do direito do ex detento à 
ressocialização. Não atribui a ninguém o direito de apagar fatos ou 
reescrever a própria história, mas apenas assegura a possibilidade de 
discutir o uso que é dado aos fatos pretéritos, mais especificamente o 
modo e a finalidade com que são lembrados”. 
 Ainda em sede doutrinária, e em complemento, vale dizer 
que, na VII Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça 
Federal em setembro de 2015, foi aprovado o Enunciado n. 576, 
estabelecendo que o direito ao esquecimento pode ser assegurado por 
tutela judicial inibitória. 
 Assim, nos termos do art. 12 do Código Civil, cabem 
medidas de tutela específica para evitar a lesão a esse direito, sem 
prejuízo da reparação dos danos suportadospela vítima. 
 Na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, 
destaque-se decisão prolatada pela sua Quarta Turma, no Recurso 
Especial 1.334.097/RJ, julgado em junho de 2013. O acórdão 
reconheceu o direito ao esquecimento de homem inocentado da 
acusação de envolvimento na chacina da Candelária. 
 Mais recentemente, cite-se interesse aresto do Tribunal de 
Justiça de São Paulo, que reconheceu o direito ao esquecimento em 
favor de ex-participante do Big Brother Brasil, da TV Globo, que teve um 
dos maiores índices de rejeição do programa. 
 
 
 Como outro recente julgado importante sobre o assunto, 
voltando-se ao Superior Tribunal de Justiça, entendeu-se pelo direito à 
desindexação no âmbito da internet, com a retirada de conteúdos 
ofensivos relativos a dados do passado da pessoa. 
 De toda sorte, consigne-se que o grande desafio relativo ao 
chamado direito ao esquecimento diz respeito à amplitude de sua 
incidência, com o fim de não afastar o direito à informação e à liberdade 
de imprensa. Tanto isso é verdade que foi levantada uma repercussão 
geral sobre o tema perante o Supremo Tribunal Federal que, em breve, 
deve se pronunciar sobre a temática (Agravo no Recurso Extraordinário 
833.248). 
 Também temos o direito à opção sexual, que não consta 
expressamente da Constituição Federal. Concretizando tal direito, o STJ 
entendeu pela possibilidade de reparação imaterial em decorrência da 
utilização do apelido em notícia de jornal com o uso do termo “bicha”. 
 O direito de não saber. Conforme leciona Lucas Miotto 
Lopes, “o direito de não saber é um direito distinto do direito à 
privacidade e só tem efeitos caso haja a manifestação expressa de 
preferência. Tem limites na probabilidade da violação de direitos de 
outras pessoas”. 
 Esse limite foi aplicado, pois o fato de o demandante não 
saber ser portador do vírus HIV poderia trazer prejuízos a terceiros. Por 
isso, o seu pedido reparatório em face do laboratório que fez o exame de 
sangue de maneira equivocada foi corretamente rejeitado. 
 “Indenização. Danos materiais e 
morais. Exame involuntário. Trata-se, na 
origem, de ação de reparação por danos 
materiais e compensação por danos morais 
contra hospital no qual o autor, recorrente, 
alegou que preposto do recorrido, de forma 
negligente, realizou exame não solicitado, qual 
seja, anti-HIV, com resultado positivo, o que 
 
 
causou enorme dano, tanto material quanto 
moral, com manifesta violação da sua 
intimidade. A Turma, ao prosseguir o 
julgamento, por maioria, entendeu que, sob o 
prisma individual, o direito de o indivíduo não 
saber que é portador de HIV (caso se entenda 
que este seja um direito seu, decorrente da sua 
intimidade) sucumbe, é suplantado por um 
direito maior, qual seja, o direito à vida longeva 
e saudável. Esse direito somente se revelou 
possível ao autor da ação com a informação, 
involuntária é verdade, sobre o seu real estado 
de saúde. Logo, mesmo que o indivíduo não 
queira ter conhecimento da enfermidade que o 
acomete, a informação correta e sigilosa sobre o 
seu estado de saúde dada pelo hospital ou 
laboratório, ainda que de forma involuntária, tal 
como no caso, não tem o condão de afrontar sua 
intimidade, na medida em que lhe proporciona 
a proteção de um direito maior. Assim, a Turma, 
por maioria, negou provimento ao recurso” 
(REsp 1.195.995/SP, Rel. originária Min. Nancy 
Andrighi, Rel. para acórdão Min. Massami 
Uyeda, j. 22.03.2011). 
 
 Partindo para a análise de suas características, os direitos da 
personalidade são tidos como intransmissíveis, irrenunciáveis, 
extrapatrimoniais e vitalícios, eis que comuns à própria existência da 
pessoa. Tratam-se ainda de direitos subjetivos, inerentes à pessoa 
(inatos), tidos como absolutos, indisponíveis, imprescritíveis e 
impenhoráveis. 
 O art. 11 do Código Civil, que enuncia: “Com exceção dos 
casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis 
e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. 
 
 
 Como se pode notar, o dispositivo determina que os direitos 
da personalidade não possam sofrer limitação voluntária, o que gera 
o seu suposto caráter absoluto. Entretanto, por uma questão lógica, tal 
regra pode comportar exceções, havendo, eventualmente, relativização 
desse caráter ilimitado e absoluto. Prevê o Enunciado n. 4 do CJF/STJ, 
aprovado na I Jornada de Direito Civil, que “o exercício dos direitos da 
personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja 
permanente nem geral”. 
 Em complemento, foi aprovado outro enunciado, de número 
139, na III Jornada de Direito Civil, pelo qual “os direitos da 
personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente 
previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu 
titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes”. Pelo teor 
desses dois enunciados doutrinários, a limitação voluntária constante do 
art. 11 do CC seria somente aquela não permanente e que não 
constituísse abuso de direito, nos termos da redação do art. 187 da 
mesma codificação material, que ainda utiliza as expressões boa-fé e 
bons costumes. 
 
 
 
Em relação ao art. 12, caput, do Código Civil, trata-se do comando legal 
que possibilita a tutela geral da personalidade (“pode-se exigir que cesse 
 
 
a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e 
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”). Dois são os 
princípios que podem ser retirados da norma, com a possibilidade de 
medidas judiciais e extrajudiciais. Primeiro, há o princípio da 
prevenção. Segundo, consagra-se o princípio da reparação integral de 
danos. 
No que concerne à prevenção, dispõe o Enunciado n. 140 do CJF/STJ, 
aprovado na III Jornada de Direito Civil (dez. 2004) que “a primeira parte 
do art. 12 do Código Civil refere-se a técnicas de tutela específica, 
aplicáveis de ofício, enunciadas no art. 461 do Código de Processo Civil, 
devendo ser interpretada como resultado extensivo”. Desse modo, cabe 
multa diária, ou astreintes, em ação cujo objeto é uma obrigação de fazer 
ou não fazer, em prol dos direitos da personalidade. Essa medida será 
concedida de ofício pelo juiz (ex officio), justamente porque a proteção da 
pessoa envolve ordem pública. 
Duas notas devem ser feitas em relação a esse último enunciado 
doutrinário com a emergência do Código de Processo Civil de 2015, com 
grande interesse para a prática. 
A primeira delas é que o art. 461 do CPC/1973 equivale ao art. 497 do 
CPC/2015, tendo o último preceito a seguinte redação: “Na ação que 
tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente 
o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que 
assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. 
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir 
a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é 
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de 
culpa ou dolo”. A dispensa da presença do dano e da culpa lato sensu, 
novidade na previsão processual, parece-nos salutar, objetivando-se a 
proteção prévia dos direitos da personalidade. 
A segunda nota é que o conhecimento de ofício dessa proteção representa 
clara aplicação do Direito Processual Civil Constitucional, retirado dos 
 
 
arts. 1º e 8º do CPC/2015. Eis um dos seus principais exemplos, com 
fundamento agora em dispositivos expressos da norma instrumental. 
Quanto à reparação integral dos danos, continua merecendo aplicação a 
Súmula 37 do STJ, com a cumulação em uma mesma ação de pedido de 
reparação por danos materiais e morais, decorrentes do mesmo fato. Mais 
do que os danos morais, são ainda cumuláveis os danos estéticos, 
conforme reconhece a Súmula 387 do STJ. 
A Súmula 403 do STJ possui aseguinte redação: “independe de prova 
do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de 
pessoa com fins econômicos ou comerciais”. No âmbito doutrinário, 
confirmando o teor da súmula, cite-se proposta aprovada na VII Jornada 
de Direito Civil, evento promovido pelo Conselho da Justiça Federal em 
setembro de 2015, segundo o qual, o dano à imagem restará configurado 
quando presente a utilização indevida desse bem jurídico, 
independentemente da concomitante lesão a outro direito da 
personalidade, sendo dispensável a prova do prejuízo do lesado ou do 
lucro do ofensor para a caracterização do dano, por se tratar de 
modalidade in re ipsa (Enunciado n. 587). 
O parágrafo único do mesmo art. 12 do CC reconhece direitos da 
personalidade ao morto, cabendo legitimidade para ingressar com a ação 
correspondente aos lesados indiretos: cônjuge, ascendentes, 
descendentes e colaterais até quarto grau. Conforme enunciado aprovado 
na V Jornada de Direito Civil, tais legitimados agem por direito próprio 
(Enunciado n. 400). 
Para o Professor Tartuce, é correta a conclusão segundo a qual a 
personalidade termina com a morte, o que é retirado do art. 6º do Código 
Civil. Todavia, após a morte da pessoa, ficam resquícios de sua 
personalidade, que podem ser protegidos pelos citados lesados indiretos. 
Em verdade, nos casos de lesão aos direitos da personalidade do morto, 
estão presentes danos diretos – aos familiares – e também danos indiretos 
 
 
ou em ricochete, que atingem o morto e repercutem naqueles que a lei 
considera legitimados. 
Injustificadamente, o art. 12, parágrafo único, do CC não faz referência 
ao companheiro ou convivente, que ali deve ser incluído por aplicação 
analógica do art. 226, § 3º, da CF/1988. Justamente por isso, o 
Enunciado n. 275 do CJF/STJ, da IV Jornada de Direito Civil, aduz que 
“o rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, 
parágrafo único, do Código Civil, também compreende o companheiro”. 
Pelo que consta do próprio enunciado, frise-se que, no caso específico de 
lesão à imagem do morto, o art. 20, parágrafo único, do CC/2002, 
também atribui legitimidade aos lesados indiretos, mas apenas faz 
menção ao cônjuge, aos ascendentes e aos descendentes, também 
devendo ser incluído o companheiro pelas razões já expostas. De fato, 
pelo que consta expressamente da lei, os colaterais até quarto grau não 
têm legitimação para a defesa de tais direitos, conclusão a que chegou o 
Enunciado n. 5 do CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil. 
Atenção: Segundo o art. 20, parágrafo único, CC15, são legitimados: 
o Cônjuge. 
o Ascendentes. 
o Descendentes. 
* No art. 20, parágrafo único, CC, não há menção expressa aos colaterais 
até o 4º grau. 
Adotando a flexibilidade da ordem prevista nos comandos, na V Jornada 
de Direito Civil (novembro de 2011), aprovou-se o enunciado proposto 
pelo Professor André Borges de Carvalho Barros, com o seguinte teor: 
“as medidas previstas no artigo 12, parágrafo único, do Código Civil, 
podem ser invocadas por qualquer uma das pessoas ali mencionadas de 
forma concorrente e autônoma” (Enunciado n. 398). 
O art. 13 do CC/2002 e seu parágrafo único preveem o direito de 
disposição de partes separadas do próprio corpo em vida para fins de 
 
 
transplante, ao prescrever que, “Salvo por exigência médica, é defeso o 
ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição 
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de 
transplante, na forma estabelecida em lei especial”. 
 Exemplo: pessoa trans/transexual ou transgênero. ✓ Antes, 
o STJ entendia que era possível a alteração do sexo e do nome no 
registro civil após a cirurgia de mudança de sexo, desde que existisse 
laudo médico. Este entendimento consta nos Informativos 409 e 411 do 
STJ. ✓ Tendência à “despatologização” (substituição do termo 
“transexualismo” por “transexualidade”). Em 2017, o STJ concluiu que 
é possível a alteração do nome e do sexo no registro civil mesmo sem 
cirurgia (“direito ao gênero”). Em 2018, surgiram duas decisões do 
Supremo Tribunal Federal sobre o tema, confirmando essa 
despatologização da transexualidade, uma delas em repercussão geral. 
 Na IV Jornada de Direito Civil, foi aprovado o 
Enunciado n. 276, prevendo que “o art. 13 do Código Civil, ao permitir 
a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias 
de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos 
estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente 
alteração do prenome e do sexo no Registro Civil”. Essa alteração do 
prenome e do registro civil foi reconhecida pela jurisprudência de forma 
ampla, inclusive por aplicação da proteção da dignidade humana. 
 O STJ passou a entender que a pessoa transexual não 
pode ser tratada como um doente. Na mesma linha, as decisões do 
Supremo Tribunal Federal. 
 Ainda sobre o art. 13 do CC/2002, na V Jornada de 
Direito Civil, foi aprovado enunciado doutrinário com teor bem 
interessante, dispondo que não contraria os bons costumes a cessão 
gratuita de direitos de uso de material biológico para fins de pesquisa 
científica. Isso, desde que a manifestação de vontade tenha sido livre e 
 
 
esclarecida e puder ser revogada a qualquer tempo, conforme as normas 
éticas que regem a pesquisa científica e o respeito aos direitos 
fundamentais (Enunciado n. 401). 
Na VI Jornada de Direito Civil, evento promovido em 2013, o comando 
voltou a ser debatido, aprovando-se o Enunciado n. 532, in verbis: “é 
permitida a disposição gratuita do próprio corpo com objetivos 
exclusivamente científicos, nos termos dos arts. 11 e 13 do Código Civil”. 
De acordo com o art. 14 da atual codificação material, é possível, com 
objetivo científico ou altruístico (doação de órgãos), a disposição gratuita 
do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, podendo 
essa disposição ser revogada a qualquer momento. 
A retirada post mortem dos órgãos deverá ser precedida de diagnóstico 
de morte encefálica e depende de autorização de parente maior, da linha 
reta ou colateral até o 2º grau, ou do cônjuge sobrevivente, mediante 
documento escrito perante duas testemunhas. 
Em relação a essa retirada post mortem, interessante ainda dizer que a 
nossa legislação adota o princípio do consenso afirmativo, no sentido de 
que é necessária a autorização dos familiares do disponente. 
Contudo, para deixar claro que a decisão de disposição é um ato 
personalíssimo do disponente, na IV Jornada de Direito Civil foi 
aprovado o Enunciado n. 277 do CJF/STJ, determinando que “o art. 
14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do 
próprio corpo, com objetivo científico ou altruístico, para depois da 
morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em 
vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do 
art. 4.o da Lei 9.434/1997 ficou restrita à hipótese de silêncio do 
potencial doador”. 
O ato é pessoal do doador, mantendo relação com a liberdade, com a 
sua autonomia privada. Eventual leitura dessa norma que atribua o 
poder decisório totalmente aos familiares do disponente faz com ela seja 
reputada como inconstitucional, por ferir a autonomia relativa a um 
 
 
direito personalíssimo, o que poderá ser analisado pelo Supremo 
Tribunal Federal. 
Ainda quanto ao art. 14 do Código Civil, na V Jornada de Direito Civil, 
em 2011, aprovou-se enunciado elucidativo a respeito dos incapazes, a 
saber: “o art. 14, parágrafo único, do Código Civil, fundado no 
consentimento informado, não dispensa o consentimento dos 
adolescentes para a doação de medula óssea prevista no art. 9º, § 6º, da 
Lei 9.434/1997 por aplicação analógica dos arts. 28, § 2.o, (alterado 
pela Lei n. 12.010/2009) e 45, § 2º, do ECA”(Enunciado n. 402). 
O art. 15 do atual Código Civil consagra os direitos do paciente, 
valorizando o princípio da beneficência e da não maleficência, pelo qual 
se deve buscar sempre o melhor para aquele que está sob cuidados 
médicos ou de outros profissionais de saúde. O comando enuncia que 
ninguém pode ser constrangido a submeter-se, sob risco de vida, a 
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. O dispositivo parece ser 
expresso em trazer limitações aos direitos da personalidade. 
O art. 15 do Código não pode permitir uma conclusão que sacrifique a 
vida, valor fundamental inerente à pessoa humana. Assim, o art. 15 do 
CC não exclui a proteção da vida. 
*** E se o paciente sob risco de morte, por convicções religiosas, 
negar-se à intervenção cirúrgica de urgência, mesmo assim deve o 
médico efetuar a operação? Para o Professor Tartuce, em casos de 
emergência, deverá ocorrer a intervenção cirúrgica, eis que o direito à 
vida merece maior proteção do que o direito à liberdade, particularmente 
quanto àquele relacionado com a opção religiosa. O Tribunal de Justiça 
de São Paulo tem seguido o posicionamento aqui defendido, afastando 
eventual direito à indenização do paciente que, mesmo contra a sua 
vontade, recebeu a transfusão de sangue. 
Ainda no que diz respeito ao art. 15 da atual codificação material, na VI 
Jornada de Direito Civil (2013) foi aprovado o Enunciado n. 533, 
segundo o qual “o paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre 
 
 
todos os aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe 
causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo as situações de 
emergência ou no curso de procedimentos médicos cirúrgicos que não 
possam ser interrompidos”. 
Para o Professor Tartuce, este último enunciado doutrinário, merece 
críticas, eis que, a autonomia privada do paciente deve ser ponderada 
com outros direitos e valores, caso do direito à vida, conforme os 
exemplos antes expostos e notadamente nos casos de emergência. 
Como últimas palavras sobre o assunto, pontue-se que o tema chegou 
ao Supremo Tribunal Federal, mediante provocação do Ministério 
Público Federal e a Corte Máxima, em breve, deve-se pronunciar sobre 
o assunto. O julgamento se dará nos autos do Recurso Extraordinário 
n. 1.212.272/AL, em sede de repercussão geral, como reconhecido em 
outubro de 2019. 
Os arts. 16 a 19 do CC/2002 tutelam o direito ao nome, sinal ou 
pseudônimo que representa uma pessoa natural perante a sociedade, 
contra atentado de terceiros, principalmente aqueles que expõem o 
sujeito ao desprezo público, ao ridículo, acarretando dano moral ou 
patrimonial. Sendo o nome reconhecido como um direito da 
personalidade, as normas que o protegem também são de ordem 
pública. 
Conforme o primeiro dispositivo, todos os elementos que fazem parte do 
nome estão protegidos: o prenome, nome próprio da pessoa, podendo 
ser simples (v.g., Flávio), ou composto (v.g., Flávio Murilo); – o 
sobrenome, nome, apelido ou patronímico, nome de família, também 
podendo ser simples ou composto (v.g., Tartuce, Silva); – a partícula (da, 
dos, de); – o agnome, que visa perpetuar um nome anterior já existente 
(Júnior, Filho, Neto, Sobrinho). 
A proteção de todos esses elementos consta expressamente no art. 17, 
pelo qual “o nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em 
publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, 
 
 
ainda que não haja intenção difamatória”. Deve ficar claro, que a tutela 
do nome cabe mesmo sendo este utilizado indevidamente sem que 
exponha a pessoa ao desprezo público. 
O nome também não pode ser utilizado, sem autorização, para fins de 
publicidade ou propaganda comercial (art. 18 do CC). Nos dois casos, 
tratados pelos arts. 17 e 18 da codificação, havendo lesão, caberá 
reparação civil, fundamentada nos arts. 186 e 927 da codificação 
privada. Sendo possível, cabem também medidas de prevenção do 
prejuízo. Nesse sentido, preconiza o Enunciado n. 278, também da IV 
Jornada de Direito Civil, que “a publicidade que venha a divulgar, sem 
autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem 
mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação 
a direito da personalidade”. 
O art. 19 do CC consagra expressamente a proteção do pseudônimo, 
nome atrás do qual se esconde um autor de obra artística, literária ou 
científica. Deve-se concluir que a proteção constante no art. 19 do 
Código Civil atinge também o cognome ou alcunha, nome artístico 
utilizado por alguém, mesmo não constando esse no registro da pessoa. 
Mais recentemente, admitiu-se a alteração do nome com a viuvez, para 
a retomada do sobrenome de solteiro, pois solução em contrário 
“implicaria grave violação aos direitos da personalidade e à dignidade da 
pessoa humana após a viuvez, especialmente no momento em que a 
substituição do patronímico é cada vez menos relevante no âmbito 
social, quando a questão está, cada dia mais, no âmbito da autonomia 
da vontade e da liberdade e, ainda, quando a manutenção do nome 
pode, em tese, acarretar ao cônjuge sobrevivente abalo de natureza 
emocional, psicológica ou profissional, em descompasso, inclusive, com 
o que preveem as mais contemporâneas legislações civis.” 
A jurisprudência tem entendido que mesmo a mudança do prenome 
somente é cabível se houver motivo bastante para tanto, não podendo 
estar fundada em mero capricho do autor da ação. 
 
 
Sobre a alteração do nome da pessoa trans diretamente no Cartório de 
Registro Civil, como antes mencionado e na linha das decisões 
prolatadas pelo STF no ano de 2018, houve regulamentação pelo 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio do seu Provimento 73, de 
junho de 2018. 
O art. 56 da Lei de Registros Públicos consagra prazo decadencial de um 
ano, contado de quando o interessado atingir a maioridade civil, para 
que o nome seja alterado, desde que isso não prejudique os apelidos da 
família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. 
Apesar da literalidade da norma, o Superior Tribunal de Justiça vem 
entendendo pela possibilidade de se alterar o nome mesmo após esse 
prazo, desde haja um motivo plausível para tanto, como nos casos de 
exposição do nome ao ridículo e lesão à dignidade humana. 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR PARA ESTUDO - FERRAMENTA 
JURISPRUDÊNCIA EM TESES 
Edição 137 
1) O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação 
voluntária, desde que não seja permanente nem geral. (Enunciado n. 4 
da I Jornada de Direito Civil do CJF). 
2) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade 
é imprescritível. 
3) A ampla liberdade de informação, opinião e crítica jornalística 
reconhecida constitucionalmente à imprensa não é um direito absoluto, 
encontrando limitações, tais como a preservação dos direitos da 
personalidade. 
4) No tocante às pessoas públicas, apesar de o grau de resguardo e de 
tutela da imagem não ter a mesma extensão daquela conferida aos 
particulares, já que comprometidos com a publicidade, restará 
 
 
configurado o abuso do direito de uso da imagem quando se constatar 
a vulneração da intimidade ou da vida privada. 
5) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não 
autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. 
(Súmula n. 403/STJ) 
6) A divulgação de fotografia em periódico (impresso ou digital) para 
ilustrar matéria acerca de manifestação popular de cunho político-
ideológico ocorrida em local público não tem intuito econômico ou 
comercial, mas tão-somente informativo, ainda que se trate de sociedade 
empresária, não sendo o caso de aplicação da Súmula n. 403/STJ. 
7) A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a 
determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo 
capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade. 
(Enunciado n. 278 da IV Jornadade Direito Civil do CJF) 
8) O uso e a divulgação, por sociedade empresária, de imagem de pessoa 
física fotografada isoladamente em local público, em meio a cenário 
destacado, sem nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa, configura 
dano moral decorrente de violação do direito à imagem por ausência de 
autorização do titular. 
 9) O uso não autorizado da imagem de menores de idade gera dano 
moral in re ipsa. 
10) A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da 
informação inclui o direito ao esquecimento, ou seja, o direito de não ser 
lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a fatos 
desabonadores à honra. (Vide Enunciado n. 531 da IV Jornada de 
Direito Civil do CJF) 
11) Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito 
antigos, admite-se o afastamento de sua análise desfavorável, em 
aplicação à teoria do direito ao esquecimento. 
Edição 138 
 
 
1) O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do 
grupo ou da coletividade como realidade massificada, não sendo 
necessária a demonstração de da dor, da repulsa, da indignação, tal 
qual fosse um indivíduo isolado. 
2) A imunidade conferida ao advogado para o pleno exercício de suas 
funções não possui caráter absoluto, devendo observar os parâmetros 
da legalidade e da razoabilidade, não abarcando violações de direitos da 
personalidade, notadamente da honra e da imagem de outras partes ou 
de profissionais que atuem no processo. 
3) A voz humana encontra proteção nos direitos da personalidade, seja 
como direito autônomo ou como parte integrante do direito à imagem ou 
do direito à identidade pessoal. 
4) O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, 
indisponível e imprescritível, assentado no princípio da dignidade da 
pessoa humana. 
5) A regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade do prenome, um 
direito da personalidade que designa o indivíduo e o identifica perante a 
sociedade, cuja modificação revela-se possível, no entanto, nas 
hipóteses previstas em lei, bem como em determinados casos admitidos 
pela jurisprudência. 
6) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu 
prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, exigindo-se, 
para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, em 
respeito aos princípios da identidade e da dignidade da pessoa humana, 
inerentes à personalidade. 
7) É possível a modificação do nome civil em decorrência do direito à 
dupla cidadania, de forma a unificar os registros à luz dos princípios da 
verdade real e da simetria. 
8) A continuidade do uso do sobrenome do ex-cônjuge, à exceção dos 
impedimentos elencados pela legislação civil, afirma-se como direito 
 
 
inerente à personalidade, integrando-se à identidade civil da pessoa e 
identificando-a em seu entorno social e familiar. 
9) O direito ao nome, enquanto atributo dos direitos da personalidade, 
torna possível o restabelecimento do nome de solteiro após a dissolução 
do vínculo conjugal em decorrência da morte. 
10) Em caso de uso indevido do nome da pessoa com intuito comercial, 
o dano moral é in re ipsa. 
11) Não se exige a prova inequívoca da má-fé da publicação (actual 
malice), para ensejar a indenização pela ofensa ao nome ou à imagem 
de alguém. 
12) Os pedidos de remoção de conteúdo de natureza ofensiva a direitos 
da personalidade das páginas de internet, seja por meio de notificação 
do particular ou de ordem judicial, dependem da localização inequívoca 
da publicação (Universal Resource Locator - URL), correspondente ao 
material que se pretende remover.

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