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TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO Conteúdo: André Luis Abitante Alexandre Baroni Coordenador © SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016 Colaboraram nesta edição: Coordenador técnico: Alexandre Baroni Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH Imagem da capa: Shutterstock Editoração: Luis Carlos Rubina Thomaz Reservados todos os direitos de publicação à SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 - Porto Alegre, RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa. IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL ANDRÉ LUIS ABITANTE Alexandre Baroni Coordenador 2016 TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO SUMÁRIO TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO .................. ...................................7 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................8 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ...............................................................................9 MATERIAIS NATURAIS ................................................................................................ 15 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS NATURAIS ..................................................... 10 MATERIAIS NATURAIS AGREGADOS ..................................................................... 12 ENSAIOS COM AGREGADOS..................................................................................... 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 25 TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO 8 INTRODUÇÃO Não se faz uma edificação, por menor que seja, sem utilizar algum tipo de material, portanto, parte da qualidade, solidez, durabilidade, custo e até a beleza de uma obra, dependem da qualidade e do correto uso dos materiais de construção nela empregados. Por isso é necessário que o responsável técnico de uma obra tenha em mente a importância de conhecer as propriedades e aplicações mais ade¬quadas para cada material, elemento fundamental na elaboração de um projeto. A construção civil consome aproximadamente 75% dos recursos naturais extraídos da natureza. A produção destes materiais, o transporte e o seu uso compõem os custos e contribuem muito para a poluição global, em geral pela liberação de gases do efeito estufa, poluição do ar, e liberação de CO2. Materiais naturais são aqueles encontrados diretamente na natureza, que não exigem tratamentos especiais para poderem ser usados e/ou não passam por grande transformação industrial, reduzindo o impacto ambiental e contribuindo, por exemplo, para uma construção mais sustentável. Os mais utilizados, mundialmente falando, são a areia e as pedras britadas. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Relacionar os materiais naturais mais usados atualmente pela indústria da construção civil brasileira; • Identificar as origens e as formas de extração/obtenção destes materiais de construção naturais; • Expressar as principais propriedades físicas (especificações) e os ensaios em laboratório adequados para determinação das características de cada material natural. 9 MATERIAIS NATURAIS Os materiais de construção são definidos como todo e qualquer material utilizado em uma edificação, desde a locação e infraestrutura da obra até a fase de acabamento, passando desde um sim¬ples prego até os mais conhecidos materiais, como o cimento. Os primeiros seres humanos tiveram acesso a apenas um número limitado de materiais, naturalmente obtidos, muitos até hoje utilizados, como por exemplo: areia, pedras, madeiras, argila, peles, etc. CONCEITO: Materiais chamados naturais são todos aqueles encontrados/ extraídos prontos para uso ou que passam por processos e tratamentos simplificados, como lavagens, polimentos e/ou redução de tamanho. Com a evolução do homem surgiram necessidades que levaram à transformação desses materiais, seja de uma maneira simplificada ou industrial, como conhecemos hoje, a fim de facilitar seu uso ou de criar novos produtos a partir deles. Alguns materiais, porém, são insubstituíveis (ex.: agregados), além da poluição e sustentabilidade estarem atualmente em foco na sociedade. A construção de 1,7 milhões de casas com estruturas tradicionais de madeira, aço e concreto consome a mesma quantidade de energia que o aquecimento e a refrigeração de 10 milhões de casas por ano, de acordo com a Sociedade de Pesquisa sobre Materiais Industriais Renováveis (2010). Os custos ambientais se originam basicamente da fabricação dos materiais. A produção de cimento, por exemplo, requer uma quantidade assustadora de energia e resulta em poluição da água e do ar, além de resíduos industriais que geralmente não são reciclados. A utilização de materiais naturais que exigem o mínimo de processamento ou refinamento diminui esses impactos ambientais. Há opções e maneiras de se construir com materiais renováveis, naturais e disponíveis localmente, contrários aos produtos industriais ou artificiais. Muitos desses materiais naturais estão disponíveis no mundo inteiro, por isso os custos e a poluição associados ao seu transporte são reduzidos. 10 Para Silva (1985), na hora de escolher os materiais que irá utilizar, mesmo que este material seja classificado quanto a sua origem como natural, o responsável técnico por uma edifi¬cação deve analisá-los de acordo com os seguintes aspectos: • Condições técnicas: O material deve possuir propriedades que o tornem adequado ao uso que se pretende fazer dele. Entre essas propriedades estão a resistência, a trabalhabilidade, a durabilidade, a higiene e a segurança. • Condições econômicas: O material deve satisfazer às necessidades de sua aplicação com um custo reduzido não só de aquisição, mas de aplicação e de manutenção, visto que muitas obras precisam de serviços de manutenção depois de concluídas e que da manutenção depende a durabilidade da construção. • Condições estéticas: O material utilizado deve proporcionar uma aparência agradável e um conforto ao ambiente em que for apli¬cado. PROPRIEDADES DOS MATERIAIS NATURAIS São as qualidades exteriores que caracterizam e que distinguem os materiais. Um determinado material é conhecido e identificado por suas propriedades e por seu comportamento perante agentes exteriores. Bauer (2008) define algumas das principais propriedades dos materiais dentre as quais podemos citar as mais importantes ao nosso estudo: • Extensão: a propriedade que possui os corpos de ocupar um lugar no espaço. • Massa: a quantidade de matéria é constante para o mesmo corpo, esteja onde estiver. • Peso: definido como a força com que a massa é atraída para o centro da Terra varia de local para local. • Volume: o espaço que ocupa determinada quantidade de matéria. • Massa específica: a relação entre sua massa e seu volume. • Peso específico: a relação entre seu peso e seu volume. • Densidade: a relação entre sua massa e a massa do mesmo volume de água destilada a 4ºC. • Porosidade: a propriedade que tem a matéria de não ser contínua, havendo espaços entre as massas. 11 • Dureza: definida como a resistência que os corpos opõem ao serem riscados. • Tenacidade: a resistência que o material opõe ao choque ou à percussão. • Maleabilidade ou Plasticidade: a capacidade que têm os corpos de se adelgaçarem até formarem lâminas sem, no entanto, se romperem. • Ductibilidade: a capacidade que têm os corpos de se reduzirem a fios sem se romperem. • Durabilidade: a capacidade que os corpos apresentam de permanecerem inalterados com o tempo. • Desgaste: a perda de qualidades ou de dimensões com o uso contínuo. • Elasticidade: a tendência que os corpos apresentam de retornar à forma primitiva pós a aplicação de um esforço. Estas propriedadessão fundamentais aos materiais de construção, pois estes estão constantemente submetidos a solicitações como cargas, peso próprio, ação do vento, entre outros, os chamados esforços. Os principais esforços solicitantes aos quais os materiais podem ser submetidos são: • Compressão: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva a um “encurtamento” do objeto em que está aplicado. • Tração: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva o objeto a sofrer um alongamento na dire¬ção em que o esforço é aplicado. • Flexão: esforço que provoca uma deformação na direção perpendicular ao qual é aplicado. • Torção: esforço aplicado no sentido da rotação do material. • Cisalhamento: esforço que provoca a ruptura por cisalhamento. 12 MATERIAIS NATURAIS AGREGADOS Materiais granulosos naturais são encontrados na natureza já na forma particulada e, se não já com o tamanho aplicável, no máximo são submetidos à diminuição de suas dimensões, ou seja, divididos em partículas de formatos e de tamanhos mais ou menos uniformes, para função de atuar como material inerte nas argamassas e nos concretos aumentando a resistência mecânica e o volume da mistura, reduzindo seu custo. Segundo Petrucci (1970), define-se agregado como o material granular, sem forma e sem volume definidos, geralmente inerte de dimensões e de propriedades adequadas para a engenharia. Os agregados conjuntamente com os aglomerantes, especificamente o cimento (veremos na UA de materiais artificiais), formam o principal material de construção brasileiro: o concreto. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Dureza Tenacidade Plasticidade Porosidade Desgaste Massa Ductibilidade Volume Resistência aos Esforços Massa e Peso Específico Figura 01 – Síntese das propriedades dos materiais. Fonte: IFSul. 13 Ao tratarmos de materiais naturais para agregados, compostos por minerais – pedras britadas, seixos e areias – fundamentais são as propriedades geológicas básicas: massa específica e dureza. CLASSIFICAÇÃO Quanto à Massa Unitária Agregados leves: são os agregados com massa unitária inferior a 1120 kg/m3; sua aplicação principal é na produção de concretos leves. Essa menor massa é devido a sua microestrutura celular e altamente porosa. Ex.: produtos artificiais que serão estudados mais adiante. Agregados normais: são os agregados com massa unitária entre 1500 e 1800kg/m3. Ex.: areia lavada de rio, de britas de graníticas e de calcárias, entre outras. Agregados pesados: são os agregados com massa unitária superior a 1800kg/m3. A maior massa destes agregados é devido à presença dos minerais de bário, de ferro e de titânio na estrutura dos agregados. Ex.: barita, hematita entre outros. Quanto à dimensão das partículas – Granulometria A NBR 7211 classifica os agregados pelo seu tamanho como: Agregado graúdo: materiais com diâmetro de suas partículas entre 75mm e 4,8mm. Exemplo: seixo rolado, cascalho e britas. Esses fragmentos são retidos na peneira com malha de abertura de 4,8mm. Agregado miúdo: materiais com diâmetro de suas partículas entre 4,8mm e 0,075mm. Exemplos: pó de pedra, areia e siltes. Esses fragmentos passam na peneira com malha de 4,8mm de abertura. AGREGADOS MIÚDOS Areias Obtidas da desagregação de rochas, apresentam-se com grãos de tamanhos variados. Deve ser sempre isenta de sais, de óleos, de graxas, de materiais orgânicos, de barro, de detritos e outros. Podem ser usadas as retiradas de rio e ou do solo (jazida). Não devem ser usadas a areia de praia (por conter sal) e a areia com matéria orgânica, que provocam trincas nas argamassas e prejudicam a ação química do cimento. 14 Quando proveniente de fontes naturais, a extração do material, na maioria dos casos, é feita por meio de dragas e de processos de escavação e de bombeamento. Independente da forma de extração, o material passa por processos de lavagem, de peneiramento e de classi¬ficação antes de ser comercializado. As areias merecem alguns cuidados como você pode ver a seguir: • Grãos: de todos os tamanhos e de formato anguloso (seja areia grossa, média ou fina); • Limpa: quando esfregada na mão deve ser sonora e não fazer poeira e nem sujar a mão. • Observar também: umidade, pois quanto maior a umidade destas, menor será o seu peso específico. NOTA: é difícil encontrar uniformidade nas dimensões de grãos de areia de mesma categoria. Essa desigualdade é conveniente, pois contribui para obtenção de melhores resultados em seu emprego, já que diminui o número de vazios na massa e o volume de aglomerante a ser usado na mistura, como cimento e cal, que são materiais de maior custo. Substâncias Nocivas: As substâncias nocivas nas areias, não devem exceder aos seguintes limites: • Torrões de argila: 1,5 %; • Matérias carbonosas: 1,0 %; • Material pulverulento: passando na peneira nº 200 (abertura da malha igual a 0,074mm); • Impurezas orgânicas: realizado de acordo com a MB-10. Caso a solução que esteve em contato com o agregado apresentar coloração mais escura que a solução padrão, será o agregado considerado suspeito; • Não conter terra, o que se conhece por não crepitar ou ranger quando apertada na mão, e não turvar a água em que for lançada. • Outras impurezas: esses limites deverão ser fixados pelo engenheiro fiscal, ou técnico da obra; essas impurezas são: micas, detritos vegetais, etc. 15 Procedência das areias: • Dos rios: mais puras, livres de sais, portanto são as preferidas; • Do mar: só podem ser usadas, depois de bem lavadas em água doce, ou expostas às intempéries em camadas finas, de modo a perder os sais componentes. • De minas: encontram-se à superfície da terra em camadas, em filões ou em covas, quando expurgadas de certas impurezas, torna-se melhor que a de rio. Classificação: quanto ao tamanho de seus grãos, a areia é classificada em faixas granulométricas. A classificação da NBR 7225 é apresentada a seguir: a) Areia fina: de 0,075 a 0,42mm; b) Areia média: de 0,42 a 1,20mm; c) Areia grossa: de 1,20 a 2,40mm. Pó de pedra É a mistura de pedrisco e filler, pode substituir a areia em algumas aplicações. Filler Entende-se por filler como denso pó mineral de grande finura, dimensões granulares inferiores a 0,075mm, podendo ser: calcário, pó de pedra, carvão, cinzas, etc. 16 Denominação Diâmetro Bloco de pedra Maior que 1,00 m Matacão Maior que 25cm Pedra de mão/rachão Entre 7,60cm e 25cm Brita Entre 4,80mm e 76mm Figura 02 – Tabela de classificação dos agregados graúdos. Bauer 2008. Britas Conforme visto, são produtos naturais que provêm da desagregação (fraturamento) das rochas em britadores e, que após passar em peneiras selecionadoras, são classificadas de acordo com sua dimensão média (4,80mm a 76,00mm), processo melhor explicado adiante. Procedência das britas: O processo de extração da pedra brita começa em blocos, que são fragmentos de ro¬chas retirados das jazidas, com dimensões maiores (lados) de 1m. A figura a seguir mostra um local de extração de blocos de rocha. Esses blocos alimentam o britador primário, que é o equipamento responsável pela primeira diminui¬ção de tamanho da rocha. O subproduto do britador primário é a bica-corrida primária, que pode ter aplicações específicas ou ser encaminhada ao britador secundário para dar continuidade ao processo de fabricação de pedras com tamanhos menores. Quando a fração maior que 76mm é separada da bica¬-corrida primária, temos um tipo específico de pedra conhecido como rachão. AGREGADO GRAÚDO (OU GROSSO): É um agregado originado principalmente da britagem ou diminuição de tamanho de uma rocha maior, que pode ser do tipo basalto, granito, gnaisse, entre outras. O processo de britagem dá origem a diferentes tamanhos de pedra que são utilizadas nas mais diversas aplicações. De acordo com a dimensão que a pedra adquire depois de fraturada, recebe nomes diferentes, classificados resumidamente assim por Bauer (2008): 17 Após a rocha passar pelo britadorsecundário, em que ocorre mais uma diminuição de tamanho, temos a bica-corrida secundária. Em algumas britagens pode-se ter um terceiro britador. A bica corrida secun¬dária passa por uma série de peneiras com diferentes aberturas, que separam o agregado conforme o tamanho dos grãos. Os fragmentos de rocha que ficam retidos em cada peneira são transportados por meio de correias para as pilhas de estocagem, classificadas e correspondentes a cada tamanho. Figura 03 – Vista geral de uma jazida de basalto 18 Figura 04 – Esquema geral do processo de britagem. Bauer 2008. Classificação: As britas são comercializadas de acordo com seu diâmetro máximo, classificadas por Petrucci (1982) conforme abaixo: Número Mínimo Máximo 0 4,8 9,5 1 9,5 19 2 19 25 3 25 50 4 50 76 5 76 100 TAMANHO DOS GRÃOS (mm) Figura 05 – Classificação das britas. Petrucci 1982. Lavra Furo Britador Primário Britador Secundário Britador Terciário Peneiras de Classificação Bica-Corrida Secundária Bica-Corrida Secundária Grelha Separador de Areia Areia Restolho* *Por se tratar de um resíduo de britagem, não há registors de imagem deste material Rachão Pó de pedra Pedrisco Pedra 1 Pedra 2 Pedra 3 Pedra 4 19 As principais características determinadas para esses agregados são granulometria, massa unitária, massa específica e capacidade absorção. A determinação da granulometria do agregado graúdo é realizada da mesma maneira que a realizada para o agregado miúdo, mudando apenas a série de peneiras utilizadas (figura 06) e a amostra mínima que deve ser determinada pela tabela da figura 07. Série normal Intermediária (mm) 76 mm 50 mm 38 mm 32 mm 25 mm 19 mm 12,5 mm 9,5 mm 6,3 mm 4,8 mm 2,4 mm 1,2 mm 0,6 mm 0,3 mm 0,15 mm Figura 06 – Tabela de peneiras, série normal e intermediária. Padrão ABNT. Dmáx (mm) Massa Mínima (Kg) 4,8 a 6,3 3 9,5 a 25 5 32 a 38 10 Figura 07 – Tabela de amostras mínimas para ensaio. Fonte: ABNT. 20 A determinação da massa unitária do agregado graúdo é realizada da mesma maneira que a realizada para o agregado miúdo, já a massa específica pode ser feita por imersão de uma amostra de agregado graúdo seco ao ar em uma proveta graduada de 1000ml, que contenha cerca de 500ml de água. A massa específica é determinada pela divisão da massa da amostra pelo volume de água deslocado. Brita (bica) corrida É a mistura de britas, sem classificação prévia, inclusive com pó de pedra, no estado em que se encontra à saída do britador, em que todos os tamanhos ainda estão misturados. Chama-se bica primária, quando deixa o britador primário (graduação na faixa de 0 a 300mm) e, bica secundária, quando deixa o britador secundário (gradua¬ção na faixa de 0 a 76mm). Rachão ou pedra de mão É o agregado constituído do material que passa no britador primário com grãos de maiores dimensões, sendo retidos na peneira 76mm (pode chegar até a 250 mm). Qualidades exigidas das britas, bicas e rachões: a) Limpeza: ausência de matéria orgânica, argila, sais, etc.; b) Resistência: no mínimo possuírem a mesma resistência à compressão requerida do concreto; c) Durabilidade: resistir às intempéries e às condições adversas; d) Serem angulosas ou pontiagudas: para melhor aderência. Cascalho ou Seixo Rolado De acordo com Bauer (2008), o cascalho é um sedimento fluvial (encontrado em leitos de rios) de rocha ígnea formado por grãos de diâ¬metro em geral superior a 5mm, podendo chegar a 100mm. Estes grãos são de forma arredondada devido ao atrito causado pelo movimento das águas em que se encontravam, por este motivo também conhecidos como pedregulho ou seixo rolado. Apresenta grande resistência ao desgaste, por já ter sido exposto a condições adversas no seu local de origem. Devem ser lavados para utilização em concretos como agregado graúdo, porém, apresentam em igualdade de condições, maior tra¬balhabilidade e menor resistência que os preparados com brita. 21 Denominação Dimensões FINO De 5 a 15 mm MÉDIO De 15 a 30 mm GROSSO Acima de 30 mm Figura 08 – Classificação dos cascalhos. Fonte: ABNT. ENSAIOS COM AGREGADOS ENSAIO 1 - Massa específica (ou massa específica real): é a massa da unidade de volume excluindo-se os vazios entre grãos e os permeáveis, ou seja, a massa de uma unidade de volume dos grãos do agregado. Sua determinação é feita através do picnômetro ou do frasco de Chapman, preferencialmente (figura 09). Segundo Petrucci (1970), a massa específica real do agregado miúdo fica em torno de 2,65 kg/dm3. Determinação da massa específica do agregado miúdo é feita por meio do frasco Chapman, seguindo-se o procedimento descrito na NBR 9776/87. No agregado graúdo, a massa específica real é determinada pelo método da NBR 9937. Essa de¬terminação é feita por meio da pesagem hidrostática de um cesto com agregado. É feita uma pesagem da amostra de agregado fora da água e, após, o agregado é pesado submerso na água. Dentro da água, o peso da amostra é menor em função da força de empuxo, que é igual ao peso do volume de água deslocado. O volume de água deslocado é o volume das pedras submersas. Dessa forma, determinamos o volume real do agregado. ENSAIO 2 - Massa unitária (específica aparente): é o peso da unidade de volume, incluindo-se os vazios contidos nos grãos. É determinada preenchendo-se um recipiente paralepipédico de dimensões bem conhecidas com agregado deixando-o cair de uma altura de 10 a 15cm. É também chamada de massa unitária. A areia, no estado solto, apresenta o peso unitário em forma de 1,50kg/dm3. A determinação é feita através do ensaio descrito na NBR 7251/1987. ENSAIO 3 - Teor de umidade: é a relação da massa de água absorvida pelo agregado que preenche total ou parcialmente os vazios, e a massa desse agregado quando seco. Sua determinação é feita, principalmente por meio 22 da secagem em estufa; método da queima com álcool; método do speedy; frasco de Chapman, entre outros. O método mais prático para determinação em obras e em controle de qualidade é o método do speedy test, por se constituir de um método rápido e prático de ser feito no canteiro de obras. Se a areia estiver úmida, por exemplo, e não se determinar essa umidade, a água incorporada à areia vai alterar o fator água/cimento do concreto, o que causa danos à resistência dele. Conhecendo o teor de umidade, pode-se corrigir a quantidade de água a ser adicionada ao concreto, pois já se terá conhecimento a respeito da quantidade de água que está incorporada à areia. Normas para determinação: • Determinação da umidade superficial do agregado miúdo por meio do frasco de Chapman (NBR 9775/1987); • Determinação da umidade superficial do agregado miúdo por secagem em estufa (NBR 9939/1987). ENSAIO 4 - Inchamento: é a propriedade dos agregados miúdos de aumentarem de volume com o aumento da umidade, o que provoca o afastamento entre os grãos, pela aderência da água à superfície dos agregados, um incha¬mento do conjunto. Esse aumento de volume ocorre até determinado teor de umidade acima do qual o inchamento permanece praticamente constante. Esse teor de umidade é chamado Umidade Crítica (hcrit). Para determinação do Inchamento de Agregado Miúdo, você deve seguir o procedimento descrito na NBR 6467. A determinação do inchamento é fundamental para a medição dos traços de concreto em volume e para a determinação do volume das padiolas de medição de areia. ENSAIO 5 - Granulometria: é a proporção relativa, em porcentagem, dos diferentes tamanhos dos grãos que constituem o agregado. A composição granulométrica tem grande influência nas propriedades das argamassas e dos concretos. É determinada através de peneiramento, com peneiras de determinada abertura constituindo uma série padrão (ABNT). A granulometria determina também mais dois parâmetros importantes. A dimensão máxima característica ou diâmetro máximo do agregado correspondente à abertura nominal, em milímetros, da malha da peneira da série normal ou intermediária,na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa. Outro índice importante determinado pela granulometria é o módulo 23 de finura, que é a soma das porcentagens retidas acumuladas nas peneiras divididas por 100. Na tabela 06, foram apresentadas as peneiras da série normal para determinação da granulometria do agregado miúdo, que de acordo com a NBR 7217, são as da malha 4,8mm a 0,15mm. Deve-se utilizar uma amostra mínima de 0,5kg para a análise de agregado miúdo. A amostra para peneiramento de agregado graúdo varia entre 3 e 30kg, dependendo do diâmetro máximo do agregado. O ensaio granulométrico é preconizado na NBR 7211. As diferenças principais do ensaio entre agregado miúdo e graúdo estão nas aberturas das peneiras utilizadas e no tamanho da amostra peneirada. ENSAIO 6 - Resistência à abrasão: A resistência à abrasão é à resistência ao desgaste superficial sofrido pelo agregado é determinada pelo método descrito na NM 51. Esse ensaio também é chamado de abrasão “Los Angeles”, pois esse é o nome dado ao aparelho onde se realiza o ensaio. A amostra é colocada num cilindro oco, juntamente com bolas de ferro fundido. O cilindro é girado por um tempo determinado, provocando o choque das esferas com o agregado e entre agregados. Após a amostra é peneirada na peneira 1,7mm e a porcentagem do material passante em relação à massa da amostra original é o resultado do ensaio. Para aplicação em concretos e em pavimentos rodoviários, essa porcentagem não deve ultrapassar 50% e, para lastros de ferrovias, a porcentagem máxima é de 40%. ENSAIO 7 - Resistência ao esmagamento: É determinada pelo ensaio descrito na NBR 9938, que consiste em submeter o agregado a um determi- nado esforço de compressão, capaz de causar fraturamento dos grãos. A amostra submetida ao ensaio é peneirada na peneira 2,4mm e o peso retido, expresso em porcentagem da amostra inicial, constitui o resultado do ensaio. Agregados que serão utilizados na confecção de pavimentos rodoviários devem ter uma boa resistência ao esmagamento, pois são constantemente submetidos a esforços de compressão de diferentes magnitudes. ENSAIO 8 - Formato dos grãos: De acordo com Bauer (2008), os grãos de agregados não têm forma geometricamente definida. Quanto à relação entre as dimensões “c” (comprimento), “l” (largura) e “e” (espessura), os agregados graúdos são classificados de acordo com a tabela: 24 Normalmente, os agregados naturais têm grãos cuboides, de superfície arredondada e lisa, contrárias às superfícies angulosas e extremamente irregulares dos grãos dos agregados industrializados, o que torna a mistura com agregados naturais mais trabalháveis que com os industrializados. Assim, concretos com agregados de britagem exigem 20% mais de água de amassamento que os preparados com agregados naturais, porém tem maior resistência ao desgaste e à tração devido à maior aderência entre os grãos e a argamassa. Grãos irregulares têm maior superfície específica que os cuboides e têm o inconveniente de poderem ficar presos entre as barras de armação do concreto armado resultando em enchimento irregular da fôrma. Quando se aumenta a porcentagem de grãos lamelares e alongados, o concreto perde trabalhabi-lidade. Por outro lado, os grãos irregulares devido a sua forma e textura superficial, apresentam maior aderência da argamassa, resultando em maior resistência para um mesmo traço do que os constituídos com grãos cuboides e de superfície lisa. Dependendo da aplicação existem limitações quanto ao formato dos grãos, como no caso de agregados para pavimentos rodoviários, que podem ter no máximo 10% de grãos irregulares, já o agregado para lastro ferroviário deve ter no mínimo 90% de seus grãos com formato cuboide. O tipo de rocha também influencia o formato do grão. O granito produz grãos de melhor forma que o basalto, que produz grande quantidade de grãos lamelares. Normais Lamelares Discóides Planos FORMATO DOS GRÃOS Figura 19 – Relação entre lados do agregado graúdo. Bauer 2008. 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6467: Agregados - Determinação do inchamento de agregado miúdo - Método de ensaio. Rio de Janeiro: 2006. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7211: Agregados para concreto. Rio de Janeiro: 2009. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7217: Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro: 1987. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7221: Agregados - Ensaio de qualidade de agregado miúdo. Rio de Janeiro: 1987. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7225: Materiais de pedra e agregados naturais. Rio de Janeiro: 1993. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9776: Agregados - Determinação da massa específica de agregados miúdos por meio do frasco Chapman - Método de ensaio. Rio de Janeiro: 1987. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9938: Agregados - Determinação da resistência ao esmagamento de agregados graúdos - Método de ensaio. Rio de Janeiro: 1987. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9937: Agregados - Determinação da absorção e da massa específica de agregado graúdo - Método de ensaio. Rio de Janeiro: 1988. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NM 45: Agregados - Determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de Janeiro: 2006. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NM 46: Agregados - Determinação do material fino que passa através da peneira 75 um, por lavagem. Rio de Janeiro: 2003. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NM 51: Agregado graúdo - Ensaio de abrasão “Los Ángeles”. Rio de Janeiro: 2001. BAUER, L. A. Falcão. Materiais de Construção. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. BORGES, A. C. Prática das Pequenas Construções. Vol. I. 9. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2009. 26 PETRUCCI, E. G. R. Concreto de cimento portland. 9. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1982. PETRUCCI, E. G. R. Materiais de Construção. Porto Alegre: Globo, 1973. PETRUCCI, E. G. R. Pedras Naturais. In: Materiais de Construção. Porto Alegre: Globo, e1975. p. 262-304. Equipe de Obra. Disponível em: http://www.equipedeobra.com.br. SILVA, MOEMA RIBAS. Materiais de Construção. São Paulo: PINI, 1991. VERÇOSA, ENIO JOSÉ. Materiais de Construção. Porto Alegre: Sagra, 1984. YAZIGI, W. A técnica de edificar. 10. ed. 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