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Aula2 - Refugiados no mundo contemporâneo_2019_hexagMEDICINA

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2
ATUALIDADES
Refugiados no mundo contemporâneo
Alessandra de Fatima Alves 
C
ATUALIDADES
H
3
Refugiados no mundo contempoRâneo
Atualmente, o mundo vive a mais grave crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Em 2017, 
um plano apresentado pela União Europeia (UE) e pela Turquia para conter o fluxo de refugiados sírios provocou 
grande polêmica. O projeto previa a deportação de todos os migrantes que chegassem à Grécia (país que é uma 
das principais portas de entrada na UE) vindos da Turquia. No continente africano, devido aos diversos conflitos 
étnicos, religiosos e políticos, as populações são forçadas a deixarem seus países em busca de melhores condições. 
Nos últimos anos, o Brasil vem tendo importância nesses fluxos migratórios, recebendo refugiados sírios, haitianos 
e, mais recentemente, venezuelanos, devido à grande crise econômica que assola a Venezuela.
Refugiados em barco no mar Mediterrâneo
Durante esta crise dos refugiados, muitos termos aparecem com frequência no noticiário – “refugiado“, 
“migrante“, “asilo“ –, por isso, é preciso saber diferenciá-los. A compreensão desses conceitos é importante para 
entender, por exemplo, a proposta da UE, que está sendo muito criticada.
O migrante é qualquer pessoa que muda de região ou país, e há dois grupos distintos:
§ Migrante econômico: qualquer pessoa que muda de região ou país, por vontade própria, para escapar da
pobreza e em busca de melhores condições de vida. Uma pessoa da Ucrânia (país que não faz parte da UE)
que vai trabalhar na Inglaterra para juntar dinheiro, por exemplo, é considerada uma migrante econômica.
§ Refugiado: qualquer pessoa que muda de região ou país tentando fugir de guerras, conflitos internos,
perseguições (política, étnica, religiosa etc.) e violação de direitos humanos. É o caso de milhões de sírios,
afegãos ou eritreus que fogem de seus países para poder sobreviver.
§ A distinção entre esses conceitos é muito importante do ponto de vista legal. Isso porque apenas os refu-
giados têm direito a requerer asilo em outro país, de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o
Estatuto dos Refugiados e as diretrizes da União Europeia.
Por isso, quando o refugiado chega a outro país, ele logo entra com um pedido de asilo. Dessa forma, torna-se
solicitante de asilo, que é um pedido de proteção internacional. Ao receber o asilo, o migrante ganha o status oficial de 
refugiado e pode permanecer legalmente no país. Já quem deixa a pobreza em seu país para encontrar emprego em outra 
nação – o migrante econômico – não tem direito a requerer asilo. Geralmente, quando é abordado pelas autoridades de 
imigração na Europa e não apresenta nenhum documento que comprove seu asilo, ele é detido ou deportado.
4
Convenção de Genebra (1951)
O termo “refugiado” foi criado na Convenção de Genebra, em 1951, que teve como objetivo regular o 
status legal dos refugiados, assim como definir os direitos e instrumentos legais internacionais que podem ser acio-
nados por quem se encontra nessa situação. A Convenção estabeleceu também regras básicas para o tratamento 
de refugiados. Ela estipulou que os países signatários se comprometam em dar asilo a todos os comprovadamente 
refugiados e que também aceitem a proibição de expulsão, mesmo após o fim das guerras.
No entanto, a Convenção foi criada em uma época quando os refugiados eram principalmente europeus, 
fugindo dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Isso fez com que os países europeus fossem muito defensores 
dos acordos de refugiados. Atualmente, com os refugiados da guerra na Síria, a reação dos países signatários não 
tem sido a mesma – pelo contrário, parte deles tem se mostrado bastante resistente (e até contra) a receber refu-
giados. Até março de 2017, países europeus aceitaram menos de 10% dos 160 mil refugiados que concordaram 
em abrigar e, em junho de 2018, Polônia, República Tcheca e Hungria foram punidas por recusarem essas pessoas. 
A crise dos refugiados e a guerra civil na Síria
A Organização das Nações Unidas (ONU) considera esta a pior crise humanitária do século XXI, sendo 
este também o maior fluxo de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Em 2016, o grupo de pessoas que se 
deslocou de seus países, fugindo de perseguições políticas e guerras, chegou a 65,6 milhões – não em trânsito no 
momento, mas que passaram por essa situação desde que esses números foram compilados. O número registrou 
alta de 10,3% em comparação com 2014, depois de uma estabilidade entre 1996 e 2011.
A origem da maior parte dos refugiados são países da África ou do Oriente Médio. Eles fogem por conta 
de conflitos internos, guerras, perseguições políticas, ações de grupos terroristas e violência aos direitos humanos. 
5
Metade do fluxo anual de refugiados são sírios, devido 
à fuga da guerra civil que ocorre no país desde 2011. 
De acordo com dados de 2016 da ONU, 13,5 milhões 
de sírios dependem de assistência humanitária, o equi-
valente a 3/4 da população do país. Além disso:
 § 70% dessa população não tem acesso à água 
potável;
 § uma em cada três pessoas não se alimenta com 
o básico da nutrição necessária;
 § mais de 2 milhões de crianças não vão à escola;
 § uma em cada cinco pessoas vive em situação de 
pobreza.
Refugiados sírios na fronteira de países europeus
Rotas traçadas durante a 
crise dos refugiados
Devido a este panorama que se construiu nos 
últimos anos, principalmente em decorrência da Pri-
mavera Árabe, vários países ao redor do mundo, princi-
palmente na Europa e na Ásia, têm se preparado para 
abrigar refugiados. A prioridade é diminuir o sofrimento 
dessas populações e proporcionar auxílio adequado 
quando migram para tal país.
Os países que mais servem como porta de entra-
da de refugiados para a Europa são a Grécia e a Itália, 
ambos recebendo essas pessoas pelos mares Egeu e 
Mediterrâneo, respectivamente. Para fazer a travessia, 
os refugiados se colocam em alto risco, tamanho o de-
sespero de sair de seus países.
Em direção à Europa, as travessias são normal-
mente feitas em embarcações de estrutura precária e 
com preços muito altos. Alguns refugiados vendem to-
dos os seus bens e utilizam todo o dinheiro para pagar 
pela viagem. Segundo a Organização Internacional para 
as Migrações (OIM), morreram ou desapareceram 3771 
pessoas nessas travessias no ano de 2015. Só na pri-
meira semana de 2016, 409 pessoas morreram nessa 
mesma situação.
Fonte: <www.folha.uol.com.br>.
Apesar de a crise dos refugiados ter atingido 
com força a Europa, a maior parte das pessoas que fu-
giram da guerra na Síria dirigiu-se principalmente para 
cinco países do Oriente Médio: Turquia, Líbano, Jordâ-
nia, Iraque e Egito. Estas nações receberam pelo menos 
4,3 milhões de pessoas, desde o início da crise, con-
centram 95% dos refugiados sírios e demandam muito 
mais assistência dos serviços públicos do que os países 
europeus – apesar de, nesse continente, a discussão 
sobre receber ou não os refugiados causa muito mais 
polêmica e hostilidade do que no Oriente Médio.
Por serem mais próximos à Síria, os países ára-
bes são os principais destinos das populações refugia-
das. Porém, têm pouca ou nenhuma estrutura para re-
ceber tantas pessoas num intervalo tão curto de tempo. 
Há dificuldades em conceder quesitos básicos, como 
alimentação, abrigo e educação para as crianças. Por 
esse motivo, alguns desses Estados até impuseram re-
gras para receber refugiados. Conheça a situação dos 
principais destinos de refugiados:
 § Líbano: o total de sírios refugiados superou 
1 milhão de pessoas, o que equivale a 25% da 
população do país. Por esse motivo, entraram 
em vigor, em 2015, novas exigências para os 
estrangeiros que chegam, como pagamento de 
6
uma taxa para obtenção de autorização de per-
manência, que é válida por no máximo um ano. 
 § Jordânia: segundo o rei Abdullah Ibn al-Hus-
sein, a Jordânia está “em ponto de ebulição”, já 
que os síriosrefugiados equivalem a 20% da po-
pulação jordaniana, e o país não tem condições 
de assegurar serviços públicos aos que chegam.
 § Turquia: consiste no principal destino dos re-
fugiados – mais de 2,8 milhões de sírios cruza-
ram a fronteira entre os dois países. Por causa 
da grande demanda, disponibiliza mais de 20 
campos de refugiados, mas os abrigos são insufi-
cientes para atender a todos os migrantes sírios, 
e muitos deles estão sem nenhuma assistência.
 § Europa: a situação da Turquia preocupa a União 
Europeia, pois a maioria dos refugiados que che-
ga ao país tem como destino final nações eu-
ropeias como Alemanha e Áustria. Por isso, os 
líderes da UE fecharam, em novembro de 2016, 
um acordo com a Turquia para o país melhorar 
as condições dos abrigos e ampliar a permissão 
de trabalho aos sírios.
Veja onde estão os milhares de 
refugiados sírios no Oriente Médio
Fonte: Acnur (Agência da ONU para Re-
fugiados), em 17 jan. 2014.
A crise dos refugiados: além da Síria
O World Migration Report 2018, levantamen-
to realizado pela OIM, apontou quais são os conflitos 
que mais geram refugiados. Com base em dados de 
2016, a Síria ocupa o primeiro lugar nesse ranking, 
sendo seguida pelo Afeganistão – que vive em meio à 
violência há 30 anos, fato que já levou 2,5 milhões de 
cidadãos a deixarem o país. Tal número é pouco menor 
que o de 2015, quando 2,7 milhões de afegãos fugi-
ram do país. Essa diminuição é justificada pela volta 
de diversos refugiados. Os conflitos no Sudão do Sul 
colocaram o país em terceiro lugar nesse ranking, com 
1,4 milhão de refugiados. Juntos, esses três países re-
presentam os locais de origem de 55% dos refugiados 
no mundo inteiro.
Refugiados afegãos
Mais de três décadas de guerra no Afeganistão 
obrigaram milhões de afegãos a fugirem para o exterior 
ou a viverem em áreas menos conflituosas do país asiá-
tico, onde o frio e a falta de recursos são obstáculos que 
as pessoas têm que enfrentar.
A maior parte dos refugiados encontra abrigo 
nos vizinhos Irã e Paquistão, enquanto outros tentam 
refazer sua vida em acampamentos espalhados pelo 
Afeganistão que dependem da ajuda da comunidade 
internacional.
O êxodo dos refugiados afegãos
Existem 450 mil refugiados no Afeganistão, en-
tre refugiados internos, emigrantes econômicos e aque-
les que retornaram ao país, afirmou à Agência Efe o 
porta-voz da delegação afegã do Alto Comissariado da 
ONU para os Refugiados (Acnur), Nader Farhat.
Segundo o ministério afegão dessa área, a maior 
parte dessas pessoas é do sul do país, onde estão os 
principais redutos tradicionais da insurgência talibã.
7
Apesar dos bilhões em ajuda econômica interna-
cional que chegaram na última década ao Afeganistão, o 
país continua apresentando um dos índices de desenvolvi-
mento mais baixos do mundo. E o conflito aumentou nos 
últimos anos, espalhando-se progressivamente a diversas 
partes do território, antes consideradas relativamente pací-
ficas. Em meio ao confronto, estão os civis, um grupo que, 
a cada ano desde 2007, sofre um maior número de vítimas, 
chegando a mais de três mil em 2017, anunciou a ONU.
Sudão do Sul: independência recente
O Sudão do Sul conquistou sua independência 
em relação ao Sudão em julho de 2011, depois que um 
referendo realizado em janeiro daquele ano aprovou a 
separação, com 98,83% dos votos a favor. O referendo 
estava previsto em um acordo de paz de 2005 que en-
cerrou décadas de guerra civil.
As diferenças étnicas e religiosas, do que então 
era apenas um país, foram o principal ponto de conflito 
entre os dois lados. A população do sul (hoje, o Sudão 
do Sul), formada por diversos grupos étnicos de maioria 
cristã ou animista, se sentia discriminada pelo governo 
centralizado em Cartum (no Sudão), de maioria muçul-
mana, e que tentava impor a lei islâmica na região. O 
governo de Cartum foi o primeiro a reconhecer a nova 
nação, num sinal de secessão tranquila.
Mulheres que fugiram da área de combate fazem fila 
para receber comida em Bentiu, no Sudão do Sul.
Confronto de facções
A aparente tranquilidade não durou. A guerra in-
terna no Sudão do Sul começou em dezembro de 2013, 
com combates entre duas facções do exército, dividido 
pela rivalidade entre o presidente Salva Kiir e seu ex-
-vice Riek Machar. Diferentes milícias se uniram a cada 
um dos lados, com confrontos marcados por massacres 
de caráter étnico. O confronto teve início quando Kiir 
destituiu Machar, acusando-o de tramar um golpe de 
Estado. Os dois políticos pertenciam ao mesmo partido 
– o Exército de Libertação do Povo Sudanês.
A anti-imigração europeia
A União Europeia é um bloco de países no qual 
imperam algumas regras – que não se aplicam a todos 
eles, mas à maioria. Algumas dessas regras entraram em 
discussão com o agravamento da crise dos refugiados, 
como a livre circulação de pessoas e de mercadorias. 
As regras de concessão de asilo político também estão 
em debate, pois o asilo deve ser feito no país em que 
o migrante entra no bloco e, por isso, coloca pressão 
nos países das fronteiras que mais recebem refugiados, 
como Hungria, Grécia e Itália.
Países como Alemanha e Suécia têm aceitado 
abrigar refugiados com menos complicações. Porém, 
alguns impõem mais restrições a essas pessoas, como 
você pode ver a seguir:
 § Hungria: tem no governo um primeiro-mi-
nistro conservador, que profere o discurso de 
dever em “defender a cultura da Hungria e da 
Europa”. Além dele, o governo tem instituído 
políticas a fim de não acolher pessoas em si-
tuação de refugiadas. Construíram um muro 
de 175 km na fronteira com a Sérvia (que não 
integra a UE), aprovou leis que punem com até 
três anos de prisão quem entrar irregularmente 
no país e que permitem deportar quem estiver 
nessa situação.
 § Áustria: lida com a situação dos refugiados 
da mesma forma que a Hungria, anunciando a 
intenção de construir um muro para servir de 
barreira ao crescente número de migrantes che-
gando ao seu território. Assim, em 2016 iniciou-
-se a construção de um muro na fronteira com a 
Itália e, em 2018, o governo anunciou o desejo 
de levantar outra barreira, desta vez na divisa 
com a Eslovênia.
8
 § Grécia: está sofrendo uma crise econômica e 
política bárbara desde 2008. Mesmo com o ce-
nário interno negativo, o país continua sendo 
um dos principais pontos de acesso à Europa e, 
portanto, recebe muitos refugiados. O governo, 
porém, afirma não ter condições de acomodar 
esse contingente e pediu ajuda aos demais paí-
ses europeus.
O papel da Alemanha
A política que a Alemanha instituiu para ajudar 
na crise dos refugiados foi a de aliviar a pressão sobre 
os países de fronteira com o norte da África e a Ásia, 
permitindo que os refugiados sírios peçam seus vistos lá, 
mesmo já tendo transitado em outros países europeus. O 
governo alemão da chanceler Angela Merkel adotou uma 
política de portas abertas em 2015, tendo recebido mais 
de 1,3 milhão de pedidos de asilo desde então.
Campo de refugiados na Alemanha
As justificativas principais dessa política de aco-
lhimento são razões demográficas e econômicas, uma 
influenciando diretamente a outra. Todo o continente 
europeu está sofrendo com o envelhecimento da popu-
lação, devido à alta expectativa de vida que a popula-
ção tem lá. Uma implicação desse fato é o aumento do 
índice de dependência de idosos. O número de pessoas 
que não estão em idade de trabalhar é maior que o de 
pessoas em idade de trabalho e que pagam impostos. 
Outro número relacionado a essas questões é a baixa 
taxa de natalidade e, por isso, leva ao declínio no núme-
ro de habitantes.
Esses fenômenos estão acontecendo na Europa 
em geral e são os principais motivos pelos quais tanto a 
Alemanha como todo o continente europeu precisam da 
força de trabalho de imigrantes para que saiam dessa 
encruzilhada demográfica. Uma das medidas de Merkel 
foi propora realocação de 160 mil refugiados que estão 
na Itália e na Grécia a outros países europeus – a polí-
tica foi aprovada e tem prazo de dois anos.
Desaprovação
As principais questões que desagradam tanto 
a população do país como a de países vizinhos são: o 
receio quanto ao mercado de trabalho; a extensão de 
serviços públicos aos refugiados; e que os sistemas de 
benefícios do país se apliquem a eles também. O alto 
gasto do governo alemão, estimado em 6 bilhões de 
euros, para lidar com o fluxo de imigrantes que chegou 
ao país também preocupa a população. Isso fez com 
que o governo tomasse posturas mais rígidas quanto à 
concessão de asilo ou refúgio e o controle do número 
de refugiados.
Manifestantes alemães contra a entrada de refugiados
Venezuela
Desde 2013, a Venezuela encara uma forte crise 
que a afeta de diversas maneiras e levou o país sul-
-americano à beira do caos social. A crise política na Ve-
nezuela tem relação direta com a crise econômica que 
atingiu a nação após o valor do barril do petróleo ter 
despencado drasticamente. Também se relaciona com o 
esgotamento do projeto político do chavismo venezue-
lano, que foi mantido pelo herdeiro de Hugo Chávez e 
atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Chávez foi o grande nome da política venezue-
lana durante anos. Foi presidente do país de 1999 até 
2013, ano em que faleceu em decorrência de um cân-
9
cer. Durante o governo de Chávez, seu projeto político 
recebeu o nome de chavismo e foi baseado nos ideais 
de Simón Bolívar, além de ideais socialistas.
Venezuelanos na fila por uma vaga de emprego. 
No muro, a imagem de Hugo Chaves
O chavismo tem como elementos centrais a de-
fesa de medidas que ampliam a participação social na 
política, bem como defende a importância da igualda-
de social. O chavismo também é caracterizado por uma 
política anti-imperialista, a qual defende a integração 
dos povos sul-americanos e o combate à influência dos 
Estados Unidos. O governante – no caso Hugo Chávez 
– apresentava-se como líder da nação, e seu poder era 
baseado em um forte militarismo.
A crise política na Venezuela tem causado con-
tinuamente violentos protestos, pois os opositores que 
manifestam sua insatisfação reagem violentamente e 
têm sido respondidos pelas tropas do governo também 
com violência. Essa crise gerou um forte desabasteci-
mento, o que aumentou a fome no país, assim como 
contribuiu para um princípio de crise humanitária.
Venezuelanos deixam o país.
Em meio a esse caos, parte da população não viu 
outra saída, a não ser procurar uma vida mais estável 
em outros países. Isso deu início a um ciclo migratório, 
responsável pela saída de milhares de venezuelanos de 
seu país.
Segundo a Organização Internacional de Migra-
ção, 2,3 milhões de venezuelanos já deixaram a Vene-
zuela em meio a essa situação, que piorou significativa-
mente a partir de 2015. Estima-se que pelo menos 50 
mil deles, ou 2%, tenham se fixado apenas no Brasil, 
até abril de 2018, um aumento de mais de 1000% em 
relação a 2015. O número leva em conta pedidos de 
asilo e residência.
A Agência de Migração da ONU alertou que 
a Venezuela está caminhando para o mesmo “mo-
mento de crise“ de refugiados visto no Mediterrâ-
neo, em 2015. O alerta compara a forte imigração 
de venezuelanos para países vizinhos com a regis-
trada em direção à Europa, onde o fluxo de pessoas 
entrando pelo mar Mediterrâneo, em fuga de guer-
ras, dificuldades econômicas e de outros conflitos 
em suas regiões de origem, disparou nos últimos 
anos e levou os países de destino a levantarem bar-
reiras ou a endureceram as regras de entrada em 
seus territórios.
10
O Peru virou o novo lar de aproximadamente 
400 mil imigrantes venezuelanos. A maioria desem-
barcou no país no ano passado, segundo a agência de 
imigração do Peru. Com as novas regras vigentes, os 
venezuelanos precisarão ter passaportes válidos para 
entrar no país. Até então, eles eram autorizados a usar 
apenas suas carteiras de identidade.
O Equador tentou implementar uma lei seme-
lhante em agosto de 2018. No entanto, no mesmo 
mês, um juiz considerou que exigir que os venezuelanos 
tenham passaportes válidos quebra acordos regionais 
sobre liberdade de movimentação.
O Brasil recebeu apenas 2% dos 2,3 milhões de 
venezuelanos expulsos pela crise.
Tensão cresce nas fronteiras
Nas regiões de fronteira, a tensão aumentou no 
segundo semestre de 2018, e governos buscam aumen-
tar o controle de entrada dos imigrantes.
O Estado de Roraima, na região Norte do Brasil, 
tentou fechar a fronteira, mas a proposta foi rejeitada 
pela Justiça. Por ser a de mais fácil acesso, a cidade de 
Pacaraima concentra a maior parte dos que cruzam a 
linha entre a Venezuela e o Brasil
O porta-voz da Agência da ONU para Refugia-
dos (Acnur), William Splinder, alegou que venezuelanos 
possuem benefícios de permanência em países vizinhos 
por causa das políticas de solidariedade que vigoram na 
América latina. Os dados obtidos até meados de 2017 
foram de que aproximadamente 52 mil venezuelanos 
requisitaram refúgio em outros países. Ainda não há 
dados seguros acerca do número de venezuelanos no 
Brasil. A Polícia Federal estima que cerca de pouco mais 
de 30 mil venezuelanos pediram regularização em ter-
ritório brasileiro; aproximadamente 29 mil requisitaram 
refúgio e quase 10 mil solicitaram permanência.
A prefeitura de Boa Vista (capital de Roraima) 
apresenta uma estimativa de que já entraram na ci-
dade cerca de 40 mil venezuelanos. Alguns meios de 
comunicação já usam o termo “êxodo” (transferência 
permanente de um lugar para outro) para caracterizar 
esse intenso fluxo migratório para o Estado. Contudo, 
João Carlos Jarochinski, que é professor de Relações 
Internacionais, considera que há certo exagero nessa 
denominação, visto que essa crise migratória apresenta 
situações específicas.
Em um primeiro momento, houve uma migração 
pendular (transferência momentânea ou diária). Os ve-
nezuelanos chegavam ao Brasil com o intuito de traba-
lhar por um determinado momento e abastecer-se de 
insumos básicos para, então, retornar à Venezuela.
No segundo momento, os migrantes começa-
ram a fixar-se próximo à fronteira. Por último, começou 
a ocorrer a passagem de venezuelanos através de Ro-
raima para outros destinos. Como é possível perceber, 
não há um número exato de venezuelanos que aqui se 
estabeleceram e, portanto, não há como afirmar que 
houve êxodo.
Evidentemente, Roraima apresenta dificuldade 
em abrigar todos os imigrantes. Contudo, o número de 
venezuelanos que têm entrado em território nacional 
não sobrepassa a capacidade de absorção do Brasil, 
visto que o país possui dimensões continentais e tam-
bém um PIB suficiente para atender a essa demanda. O 
grande problema é que os imigrantes têm-se concentra-
do em Roraima, e o Estado não consegue abrigar toda 
essa população. O que deveria ocorrer é uma distribui-
ção dessas pessoas para outros centros urbanos.
Em território brasileiro, a estimativa é que ape-
nas 1% da população seja de imigrantes, ou seja, é pos-
sível atender um número muito maior de pessoas.
Xenofobia
A questão do fluxo migratório para o Brasil re-
quer um olhar mais humano por parte dos governantes 
11
brasileiros e da própria população, que, muitas vezes, 
por falta de informação ou por medo, incita a violência 
contra os imigrantes. Casos de ataques violentos contra 
os venezuelanos já foram registrados.
No dia 18 de agosto de 2018, por exemplo, 
imigrantes venezuelanos foram expulsos do Estado de 
Roraima, na cidade de Pacaraima, após um comerciante 
da cidade sofrer um assalto por parte de quatro vene-
zuelanos, supostamente. O fato desencadeou uma onda 
de violência em que os moradores da cidade se mos-
traram revoltados. A suposta ação de quatro pessoas 
resultou na expulsão de centenas de venezuelanos, que 
foram forçadosa retornar para o seu país. É importante 
dizer que devemos lutar contra a xenofobia (aversão ou 
discriminação a pessoas estrangeiras), respeitando os 
Direitos Humanos.
Acampamento de venezuelanos é atacado por brasileiros.
Enquanto houver motivação para o fluxo migra-
tório, é certo que ele não cessará. Cabe aos países que 
receberão esses imigrantes superar suas dificuldades, 
trabalhando em conjunto com os governos dos Estados, 
a fim de proporcionar uma acolhida efetiva.
apRofunde seus conhecimentos
Sugestões de filmes e 
documentários
 § “O caçador de pipas“ (2007) – direção: Marc 
Forster – duração: 168 minutos
 § “Os capacetes brancos“ (2016) – direção: 
Orlando von Einsiedel – duração: 41 minutos
 § “Terra firme“ (2011) – direção: Emanuele 
Crialese – duração: 88 minutos
 § “Em refúgio: um documentário sobre pos-
sibilidades“ (2018) – direção: Piero Sbragia 
– duração 21 minutos
 § “Zaatari: memórias do labirinto“ (2018) – 
direção: Paschoal Samora – duração: 92 mi-
nutos
 § “Era o Hotel Cambridge“ (2016) – direção: 
Eliane Caffé – duração: 99 minutos
fontes
 § www.bbc.com/portuguese/amp/internacio-
nal-45307311
 § https://g1.globo.com/google/amp/mundo/noti-
cia/2018/08/23/exodo-de-venezuelanos-ja-e-
-maior-que-numero-de-refugiados-que-tentam-
-chegar-a-europa.ghtml
 § https://m.vestibular.brasilescola.uol.com.br/
amp/atualidades/crise-na-economia-politica-
-venezuela.htm#
 § https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atua-
lidades-vestibular/crise-dos-refugiados-entenda-
-os-principais-conceitos/amp/
 § www.politize.com.br/crise-dos-refugiados/
 § https://m.vestibular.brasilescola.uol.com.br/
amp/atualidades/crise-dos-refugiados-na-euro-
pa.htm
 § https://exame.abril.com.br/mundo/sao-450-mil-
-os-refugiados-no-afeganistao/
 § https://g1.globo.com/mundo/noticia/sudao-do-
-sul-como-o-pais-mais-novo-do-mundo-mergu-
lhou-num-caos-de-guerra-e-fome.ghtml
 § https://nacoesunidas.org/crise-de-refugiados-
-do-sudao-do-sul-deve-se-tornar-a-maior-do-
-mundo-este-ano-alerta-onu/
ATUALIDADES
Refugiados no mundo contemporâneo
Alessandra de Fatima Alves 
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ATUALIDADES
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