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Harmatiologia - Superior

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Harmatiologia 
 
 
 
 
 
2 
Doutrina do pecado 
 
Introdução 
 
Embora haja interpretações diversas com respeito ao pecado, penso que numa 
tentativa desesperada de atenuar seus efeitos na alma, é de convicção universal a 
consciência de tal realidade. Teorias são criadas pelo homem, como iremos mostrar 
posteriormente. Não há ninguém, nenhum povo, nenhuma religião que não esteja 
cônscia do pecado; “é algo específico, diferente de todas as outras afecções da alma”. 
“Todas as religiões pagãs são testemunhas quanto aos fatos da natureza humana, e 
todas revelam consciência do pecado e necessidade de reconciliação com um Ser 
Supremo”. 
Certa vez li a seguinte frase; “Todo altar tinto de sangue é prova de que o homem tem 
consciência de seu pecado e tenta desesperadamente atenuar seu peso na alma”. 
“Toda criancinha atirada no fogo de Moloc, ou no fogo de um templo pagão, ou no rio 
Ganges para alimentar os crocodilos; todo ato de asceticismo, ou de flagelação, ou de 
humilhação corporal; todo altar tinto de sangue de uma vítima, tudo isto constitui 
notável e impressionante confissão da consciência de pecado.” 
O homem, á semelhança do Éden, faz grande esforço para atenuar esse sofrimento 
que o pecado nos infringe. Isto é visto nas religiões pagãs onde vemos o esforço do 
espírito humano para expressar suas convicções religiosas e resolver o multi-secular 
problema proposto pela patriarca Jó: “ como se justificaria o homem para com Deus? 
(Jó 9:2) Clark, David S, Compendio de teologia sistemática. 
 
Definição 
no grego é amartia: 
Termo derivado de uma raiz que indica “errar o alvo”, “fracassar”. Trata-se do fracasso 
em não atingir um padrão conhecido, mas antes, desviando-se do mesmo. 
Essa palavra, porém, veio a ter também um significado geral, indicando o princípio e as 
manifestações de pecado, sem dar qualquer atenção a seu significado original. Em 1 
João 3:4 usa o vocábulo anomia, “desregramento”, desvio tanto da verdade conhecida, 
da retidão moral. O pecado tanto é um ato como é uma condição. É o “estado” dos 
homens sem regeneração, que se manifesta na forma de numerosos e perversos atos. 
Pecar é afastar-se daquilo que Deus considera a “Conduta Ideal” do homem ideal, 
exemplificado em Jesus Cristo. Isso conduz à impiedade (2 Pedro 2:6), que consiste na 
oposição a Deus e a seus princípios, em autêntica rebelião da alma. E isso leva à 
“parabasis”, “transgressão” (Mateus 6:14 e Tiago 2:11) contra princípios piedosos 
reconhecidos. Isso leva o indivíduo à “paranomia”, “a quebra da lei”, o afastamento da 
lei moral (Atos 23:3 e 2 Pedro 2:16). Nossos pecados também são “Passos em Falso” 
isto é, “Paraptoma”, no grego (Mateus 6:14, Efésios 2:1). Propositadamente “caímos” 
para um lado, desviamo-nos pela tangente, apesar de estarmos instruídos o bastante 
para não fazê-lo. 
 
 
 
 
 
3 
Desse modo, o Novo Testamento descreve o pecado sob variedade de modos, cada 
um deles com o uso de um quadro falado sobre o que isso significa. Cristo Jesus é a 
cura de cada uma dessas manifestações do pecado, pois a sua expiação anula a 
dívida; e a santificação em Cristo transforma o pecador, para que seja um ser Santo e 
Celestial. E Deus é fiel e justo, conferindo esse imenso benefício aos homens que se 
submetem a ele, isto é, que exercem fé em Cristo e ao mundo eterno (Hebreus 11:1). 
 
Realidade do Pecado 
Este é um assunto que dispensa discussão porque a história e o próprio conhecimento 
íntimo do homem oferecem abundante testemunho do fato. Há, portanto, muitas teorias 
que apareceram para negar, desculpar ou diminuir a natureza do pecado. Ei-las: 
 
O Ateísmo – 
 Todo pecado é contra Deus, e quando Ele é negado, é, portanto, o pecado negado. 
Todo mal praticado é dirigido contra Deus, porque o mal é uma violação do direito, e o 
direito é a lei de Deus. “Pequei contra o céu e perante ti” exclamou o pródigo. Portanto, 
o homem necessita do perdão baseado em uma provisão divina de expiação. 
 
O Determinismo – 
 Esta teoria afirma que o livre arbítrio é uma ilusão e não uma realidade. Nós 
imaginamos que somos livres para fazer nossa escolha, porém realmente nossas 
opções são ditadas por impulsos internos e circunstanciais que escaparam ao nosso 
domínio. A fumaça que sai pela chaminé parece estar livre, porém se esvai por leis 
inexoráveis. Sendo assim continua essa teoria, uma pessoa não pode deixar de atuar 
da maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser louvado por ser boa nem 
culpada por ser má. O homem é simplesmente um escravo das circunstâncias. Mas as 
escrituras afirmam que o homem tem livre arbítrio e pode escolher entre o bem e o mal. 
Uma liberdade implícita em todos os mandamentos e exortações. Longe de ser vítima 
da fatalidade e casualidade, declare-se que o homem é o arbítrio do seu próprio 
destino. Uma conseqüência prática do Determinismo é tratar o pecado como se fosse 
uma enfermidade por cuja causa o pecador merece dó ao invés de ser castigado. 
 
O Hedonismo 
 (do grego significa prazer). Sustenta que o melhor e mais proveitoso na vida é a 
conquista do prazer e a figa da dor de modo que a primeira pergunta que se faz não é 
“isto é correto?”, mas “trará prazer?”. A tendência geral dos hedonistas é desculpar o 
pecado e disfarçá-lo, dizendo “é uma fraqueza inofensiva”, “é pequeno desvio”, “é 
mania do prazer”, “é fogo da juventude”. Eles desculpam o pecado com expressões 
como estas: “errar é humano”. O ensino moderno baseia-se sobre essa teoria dizendo 
que o homem precisa libertar-se de suas inibições. Deve-o ceder às tentações porque 
reprimi-las é prejudicial à saúde. Essa teoria tenta diminuir a gravidade do pecado. 
 
Ciência Cristã 
 
 
 
 
4 
 Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o pecado é ausência do bem. 
Afirma que o pecado é apenas um “erro da mente moral”. Mas as Escrituras denunciam 
o pecado como uma violação positiva da lei de Deus, como uma verdadeira ofensa que 
merece castigo real num inferno real. 
 
Evolução 
 Segundo essa teoria o pecado é herança do animalismo primitivo. Desse modo, em 
lugar de exortar o homem a deixar o pecado, eles incentivam-no a praticá-lo. As 
Escrituras nos ensinam que devemos sujeitar o velho homem e subjugá-lo. 
Fazei morrer vossa velha natureza. (Colossenses 3). 
 
A Queda do Homem 
 Antecedentes e Problemas 
 
Vimos no capítulo anterior que toda a raça humana foi criada em Adão, com relação à 
alma tanto quanto ao corpo, e que ambos são propagados a partir dele por geração 
natural. É com base neste fato que cremos terem todos os homens nascido em 
pecado, pois Adão já havia pecado antes de gerar seu primeiro filho. Resta-nos ver 
como foi que Adão se tornou um pecador, e qual foi a relação de Deus ao primeiro 
pecado de Adão. Vamos, portanto, considerar os antecedentes da queda e alguns dos 
problemas ligados a ela. Evans diz: a doutrina da queda do homem não é exclusiva do 
cristianismo; todas as religiões contêm um relato dela, e reconhecem o grande e 
terrível fato. No entanto, a doutrina da queda tem uma relação ao cristianismo que não 
tem a quaisquer outras religiões ou sistemas religiosos. A natureza moral de Deus 
conforme apresentada na religião cristã ultrapassada de longe e delineação do Ser 
Supremo apresentado em qualquer outra religião, e, portanto eleva e intensifica sua 
idéia de pecado. 
É por isso que devemos investigar mui cuidadosamente a natureza do pecado e o 
verdadeiro remédio para ele. 
 
Antecedentes da Queda 
Antes de podermos compreender a queda do homem, precisamos considerar dois 
outros assuntos. São: a lei de Deus e a natureza do pecado. Precisamos saber a 
respeito da lei de Deus para podermos compreender a transgressão dela, que foi o 
pecado, e precisamos saber a respeito da natureza do pecado para compreendermos 
sua origem em Adão e Eva. 
 
A Lei de Deus 
 Falando de modo geral, a lei é uma expressãoda vontade executada pelo poder; 
subentende um legislador, um sujeito, uma expressão da vontade, e poder para 
executar essa vontade. Os termos “leis da natureza”, “leis da mente”, etc., são 
contradições quando usados para indicar um modo de agir ou uma ordem de 
seqüência sem que se conceba haver por trás deles uma vontade ordenadora e um 
poder executador. “Os físicos derivam o termo “lei” da jurisprudência, ao invés da 
 
 
 
 
5 
jurisprudência deriva-lo da física”. Alguns têm advogado que, por ser o termo “lei” tão 
sugestivo de alguém que dê essa lei, deveríamos deixá-lo de lado e falar de um 
“método” de ação, ou uma ordem de seqüência. 
Mas isto é tomar a posição do agnosticismo. A lei não é uma causa eficiente 
operadora; ela pressupõe um legislador, e é apenas o modo de acordo com o qual o 
legislador procede. 
O Significado da Lei de Deus. A lei de Deus, em particular, é a expressão de Sua 
vontade executada por Seu poder. Possui duas formas: Lei Elementar e Promulgação 
Positiva. 
 
Lei Elementar: 
 é a lei entretecida nos elementos, substâncias e forças das criaturas racionais e 
irracionais. Por ser entretecida na constituição do universo material, chamamo-la de lei 
física ou natural. A lei física não é necessária; alguma outra ordem é concebível. Nem é 
tampouco um fim em si própria; existe por causa da ordem moral. Portanto, a ordem 
física tem uma constância apenas relativa; às vezes, Deus a suplementa através de um 
milagre. Por ser entretecida na constituição de seres racionais e livres, chamamo-la de 
lei moral. Ela subentende um legislador, Deus; sujeitos sobre os quais ela termina; um 
comando positivo, escrito na constituição moral do homem; poder para fazer cumprir o 
comando; dever, ou obrigação de obedecer; e sanções para desobediência. Esta lei é 
uma expressão da natureza moral de Deus e insinua que completa conformidade com 
essa natureza é a condição normal para o homem. 
Vemos então claramente que a lei de Deus não é algo arbitrário, pois se origina em 
Sua natureza; não é temporária, arquitetada para atender a uma exigência; não é 
meramente negativa, mas sim também positiva, exigindo conformidade positiva a Deus; 
não é parcial, dirigida apenas a uma parte do homem, mas ao corpo e a alma 
igualmente; não é publicada exteriormente, mas promulgação positiva é apenas a 
expressão desta lei não estrita de ser; não está limitada à consciência dela, mas sim 
existe quer a reconheçamos ou não; não está confinada a qualquer localidade ou 
classe de pessoas, mas sim inclui todas as criaturas morais. 
 
Promulgação Positiva 
 É a expressão da vontade de Deus em decretos publicados. Estes consistem de Seus 
preceitos definitivamente morais, tais como o Decálogo (Êxodo 20:1-17) e o Sermão da 
Montanha (Mateus 5-7). No Novo Testamento, todos os mandamentos são repetidos e 
sancionados com exceção do quarto. Consistem também da legislação cerimonial. 
Estes são: as ofertas (Levítico 1-7), as leis do sacerdócio (Levítico 8-10), as leis da 
pureza (Levítico 11-15). São temporárias, mas somente Deus pode dizer quanto tempo 
vão vigorar. Podemos acrescentar que algumas leis estão enraizadas na natureza 
essencial de Deus, e são eternas; outras são fundadas sobre as relações permanentes 
dos homens uns para com os outros em sua presente condição de existência; outros 
estão fundados em certas relações temporais dos homens ou condições da sociedade; 
e outras são leis positivas que derivam sua autoridade de comandos explícitos de 
Deus. As leis cerimoniais do sacrifício, circuncisão, etc., são deste tipo. 
 
 
 
 
6 
Propósito da Lei de Deus. Precisamos ter claro conhecimento do propósito da lei. Não 
foi dada como um meio através do qual o homem pudesse ser salvo. “Porque se fosse 
promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de 
lei” (Gálatas 3:21). Não podia dar vida porque “estava enferma pela carne” (Romanos 
8:3). As passagens que prometem a vida em troca do cumprimento da lei (tais como 
Levítico 18:5; Neemias 9:29; Ezequiel 18:5-9; Mateus 19:17; Romanos 7:10; 10:5; 
Gálatas 3:12) falam de modo ideal, como se o homem não tivesse uma natureza carnal 
e, portanto pudesse cumprir toda a vontade de Deus. Mas como o homem está 
irremediavelmente escravizado a seu próprio ego, não pode cumprir a lei de Deus, e 
conseqüentemente nem vida nem justiça são possíveis pela lei. 
Não obstante, ela foi dada para intensificar o conhecimento que o homem tem do 
pecado, para revelar a santidade de Deus, e para levar o pecador a Cristo. O homem 
sabe que é pecador por causa do testemunho da consciência; mas por causa a lei 
escrita de Deus, ele tem um intensificado “conhecimento do pecado” (Romanos 3:19, 
20; 7:7). O pecado assume agora a forma de transgressão (Romanos 5:13; 7:13). 
Paulo diz: “Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei” 
(Romanos 7:7). Ele não quer dizer que não teria conhecido o pecado de nenhuma 
maneira, mas sim que não o teria conhecido como extremamente pecaminoso. É por 
isso que devemos pregar a lei aos pecadores. Precisamos mostrar-lhes que são 
pessoalmente culpados quando medidos pela lei de Deus. Mas a lei também foi dada 
para revelar a santidade de Deus (Romanos 7:12). A natureza dos mandamentos 
mostra isto; mais especificamente, as cerimônias e rituais, o tabernáculo com seu pátio, 
lugar santo, o santo dos santos, e a meditação dos sacerdotes tinham a finalidade de 
mostrar a santidade de Deus. 
Aproximar-se d’Ele era possível apenas sob certas condições, a certos homens e em 
certas ocasiões. A lei cerimonial estabelece visivelmente a santidade de 
Deus. E finalmente, a lei foi dada para levar os homens a Cristo. Cristo é o fim da lei 
para justiça (Romanos 10:4); mas Ele é também o seu alvo. Paulo diz que a lei é um 
paidagogos para nos levar a Cristo (Gálatas 3:24). Nos lares romanos, dos quais esta 
figura foi tomada, o paidagogos era geralmente um escravo de confiança a quem a 
supervisão moral da criança era confiada. À medida que ele treinava e guiava seu 
pupilo com vistas ao futuro, assim a lei preparava os que sob ela estavam para 
receberem a Cristo. Ela fez isso para revelação da santidade de Deus e da 
pecaminosidade do homem, apontando para a Cruz de Cristo por suas ofertas, 
sacerdócio, e tabernáculo, como o único meio de salvação e acesso a Deus. 
 
A Relação do Crente para com a Lei de Deus. 
 Parece haver uma diferença distinta entre a relação do crente à lei durante a era 
presente e a do passado. As Escrituras ensinam que pela morte de Cristo, o crente é 
resgatado não apenas na maldição da lei. (Gálatas 3:13), isto é, da penalidade a ele 
imposta pela lei, mas também da própria lei (Romanos 7:4; Efésios 2:14, 15; 
Colossenses 2:14, 20). Foi no Calvário que Cristo se tornou o fim da lei para justiça 
(Romanos 10:4). Que isto inclui a lei moral bem como a cerimonial é evidenciada por II 
Coríntios 3:7-11. É o que foi “gravado com letras empedras”, que passou. Isto 
 
 
 
 
7 
seguramente se refere aos Dez Mandamentos. Como resultado, é-nos dito que o 
crente não está “debaixo d alei, e, sim, da graça” (Romanos 6:14; 7:6; Gálatas 4:30; 
5:18), e ele é exortado: “Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo 
de escravidão” (Gálatas 5:1). Por tudo isto, fica muito claro que Paulo não fazia 
distinção entre a lei cerimonial e a lei moral. Ele apenas conhece uma lei, a lei de Deus. 
Como é que isto afeta o quarto mandamento, a lei do Sábado? Knox, Lutero e Calvino 
disseram: O dia do Senhor não deve ser identificado como sábado do Velho 
Testamento. Eles consideravam o quarto mandamento como sendo parte da lei 
cerimonial. Com os antigos mestres, Justino, Irineu, Tertuliano e outros, eles fizeram o 
Sábado típico do descanso dado ao povo de Deus neste mundo e no vindouro. “A 
substância do sábado”, diz Calvino, “não está em um dia, mas em todoo decurso de 
nossas vidas”. A opinião de que a observância de um dia em sete é uma ordem ainda 
em vigor, ele coloca entre “os sonhos dos falsos profetas”. Melanchthon, entretanto, 
ensina que nos mandamentos existe uma parte moral que ainda vigora. A parte 
relacionada ao sétimo dia é abolida. 
A confissão de Westminster declara que o quarto mandamento é um mandamento 
positivo, moral e perpétuo, só que a ressurreição de Cristo o mudou para o primeiro 
dia. Concluímos como Scofield: “O primeiro dia dos Cristãos perpetua na dispensação 
da graça o princípio de que um sétimo do tempo é especialmente sagrado, mas em 
todos os outros aspectos, contrasta com sábado”. 
O crente foi livrado da lei, mas liberdade não significa licenciosidade. Para evitar este 
perigo de antinomianismo, as Escrituras ensinam que não apenas fomos resgatados da 
lei, mas também passamos a pertencer a outro. “a saber, aquele que ressuscitou 
dentre os mortos, e deste modo frutifiquemos para Deus” (Romanos 7:4). Portanto, 
não estamos “sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo” (I Coríntios 9:21; 
Gálatas 6:2). Conseqüentemente, o crente deve manter seus olhos fixados em Cristo 
como seu exemplo e mestre, e pelo Espírito Santo cumprir Sua lei (Romanos 8:4; 
Gálatas 5:18). Isto não significa que os preceitos do decálogo que são calcados na 
natureza de Deus não possuem autoridade hoje. Na verdade, um exame cuidadoso 
revela que todos os mandamentos do decálogo, com exceção do quarto, está 
reafirmado no Novo Testamento. São repetidos para instrução nossa quanto a vontade 
do Senhor, mas não como preceitos que devemos nos esforçar para cumprir para nos 
tornarmos justos. Isso seria inútil, pois Paulo diz: “visto que ninguém será justificado 
diante d’Ele por obra da lei” (Romanos 3:20). Os crentes desta era receberam a adoção 
de filhos, e com essa adoção a realidade do Espírito (Gálatas 4:5, 6; II Coríntios 1:22; 
5:5; Efésios 1:14). Por ele, fomos resgatados da natureza carnal (Romanos 8:2), por 
Ele devemos continuamente mortificar os feitos do corpo (Romanos 8:13), e por ele 
teremos “o fruto do Espírito” (Gálatas 5:22, 23). 
 
A Natureza do Pecado 
 O catecismo maior diz: “Pecado é qualquer falta de conformidade com, ou 
transgressão de qualquer lei de Deus, dada como regra à criatura racional”. Essa 
definição é confirmada pela Escritura (I João 3:4; Gálatas 3:10,12; Tiago 2:8-12; 
 
 
 
 
8 
Romanos 7:7-13). Embora possa parecer muito simples à primeira vista, esta 
declaração abrange, explícita ou implicitamente, diversas idéias profundas. 
 
Pecado é um Tipo de Mal Específico 
Muita coisa existe no mundo que o homem considera um mal e que não é pecado. 
Falamos de ciclones, enchentes, terremotos, geadas, secas, etc., como sendo males, 
mas nenhum deles é pecado. Da mesma maneira, falamos de animais selvagens, 
lunáticos perigosos, crianças malvadas, sem querer dizer que são pecadores. Nossa 
definição limita o pecado à “criatura racional”. Aqueles que estiverem destituídos dos 
órgãos dos sentidos, não podem saber o que é uma sensação. Os que nascerem 
cegos não podem compreender o que é a visão. Nenhuma outra criatura, além da 
racional, pode saber o que é o pecado. Como o homem é uma criatura racional, ele 
sabe que quando faz o que não deveria fazer, ou é o que não deveria ser, é culpado de 
pecado. Como diz Hodge: Ele sabe que o pecado não é apenas a limitação de sua 
natureza; não é simplesmente um estado subjetivo de sua própria mente, que não tem 
natureza aos olhos de Deus; não é simplesmente algo tolo, ou aviltante a seus próprios 
interesses, ou danoso ao bem estar alheio. “Ele sabe que (o pecado) tem uma natureza 
própria específica, e que inclui tanto culpa quanto poluição”. 
 
Pecado é uma Falta de Conformidade com, ou Transgressão da Lei de Deus. 
Como somos criaturas morais e racionais, estamos necessariamente sujeitos à lei do 
direito. A única questão é qual possa ser essa lei. Hodge mostra que não é (a) nossa 
razão, pois nesse caso cada ser humano é sua própria lei e assim não pode haver 
sensação de culpa; a ordem moral do universo, pois ela é apenas uma abstração e não 
pode nem impor obrigação nem infligir castigo; consideração pela felicidade do 
universo, pois é manifestado que felicidade não é necessariamente sinônimo de 
bondade, nossa própria felicidade, pois essa idéia faz da conveniência a regra sobre o 
que é certo e errado; mas que é sujeição à autoridade de um Ser racional, Deus, que é 
infinito, eterno e imutável em Sua perfeição. Já apresentamos a natureza da lei de 
Deus, mas podemos aqui resumi-la nas palavras de Jesus. Ele disse: “Amarás o 
Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu 
entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, 
é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda 
lei e os profetas” (Mateus 22:37-40). 
É interessante notar quão plenamente as palavras para pecado no Novo Testamento 
grego sustentam a idéia que estamos aqui explicando. Trench enumera dez palavras 
para pecado, e diz: 
Como o diagnóstico dele pertence antes de tudo às Escrituras, é bem pouco provável 
que o encontraremos contemplando em tantos aspectos ou apresentado sob tão 
diversas imagens em qualquer outro lugar. Pode ser considerado como a 
impossibilidade de se atingir um alvo ou meta; é então hamartia ou hamartema; 
ultrapassar ou transgredir uma linha; nesse caso, é parabasis; a desobediência à uma 
voz, sendo que nesse caso é parakoe; cair onde se deveria ter mantido em pé; isto 
seria paraptoma; ignorância daquilo que se deveria conhecer; isto seria agnoema; 
 
 
 
 
9 
diminuição daquilo que deveria ter sido apresentado completo, que é hettema; não 
observância de uma lei, que é anomia ou paranomia; uma discordância nas 
harmonias do universo de Deus, quando estão é plemmeleia; e de outras maneiras 
quase inumeráveis. 
 
A última dessas palavras ocorre freqüentemente no Velho Testamento, e às vezes em 
grego eclesiástico mais recente; não ocorre, entretanto, no Novo Testamento. Apesar 
de nem todos estes estarem definitivamente relacionados com a lei, a maioria deles 
está. 
 
Diversas elucidações específicas com respeito à relação entre a lei e o pecado devem 
ser acrescentadas. Em primeiro lugar, deixar de fazer o que a lei manda é pecado tanto 
quanto fazer o que ela proíbe. Há pecados de omissão tanto quanto de comissão 
(Tiago 4:17). Em segundo lugar, falhar em um ponto e ser culpado do todo (Gálatas 
3:10; Tiago 2:10). Se quebrarmos apenas um dos mandamentos de Deus, não todos, 
seremos culpados aos seus olhos. Em terceiro lugar, ignorância de uma lei não 
desculpa o homem. “Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu Senhor e 
não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites. 
Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez cousas dignas de 
reprovação, levará poucos açoites. Mas aquele a quem muito foi dado, muito lhe será 
exigido; e aquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão”. (Lucas 12:47, 48). 
Ignorância da lei diminui o castigo quanto à intensidade, mas não quanto à duração. 
Em quarto lugar, a capacidade de guardar a lei não é essencial para fazer do não 
cumprimento um pecado. A incapacidade que o homem tem de guardar a lei resulta de 
sua participação no pecado de Adão, e não é uma condição original. Como a lei de 
Deus expressa a santidade de Deus como o único padrão para a criatura, a capacidade 
de obedecer não pode ser medida de obrigação ou teste de pecado. E em quinto lugar, 
o sentimento de culpa não é necessário ao fato do pecado. O padrão moral do homem 
pode ser tão baixo e sua consciência pode ter sido tantas vezes violentada que não lhe 
reste praticamente nenhuma sensação de pecado. A sensação de culpa não é 
necessária ao fato do pecado na vida do homem. 
 
Pecado éum Princípio ou Natureza, bem como um Ato. 
 Falta de conformidade com a lei de Deus abrange falta na natureza bem como na 
conduta. Atos pecaminosos brotam de um princípio ou natureza que é o pecado. Uma 
árvore corrupta só pode produzir frutos maus. (Mateus 7:17, 18). “Porque do coração, 
procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos 
testemunhos, blasfêmias” (Mateus 15:19). Por trás do adultério se encontra a luxúria 
pecaminosa: por trás do assassinato, o ódio feroz (Mateus 5:21, 22, 27,28). Paulo faz 
distinção entre pecado e pecados, o primeiro, natureza, e o segundo a expressão 
daquela natureza. O pecado se encontra em todos como uma natureza antes de se 
expressar em ações. “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou 
em mim toda sorte de concupiscência, porque sem lei está morto o pecado. Outrora, 
sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri” (Romanos 
 
 
 
 
10 
7:8, 9). Paulo diz também: “O pecado que habita em mim”, e mostra que ele reina nos 
não salvos (Romanos 6:12-14). João diz: “Se dissermos que não temos pecado 
nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (I João 1:8). 
Ele também declara que o pecado é ilegalidade (I João 3:4), que não é, como mostra 
Strong, “transgressão da lei”, mas, como mostram tanto o contexto como a etimologia, 
“falta de conformidade com a lei” ou “ilegalidade”. A regulamentação do Velho 
Testamento concernente aos pecados de ignorância, ou omissão, e a pecaminosidade 
em geral indica que o pecado não fica limitado a atos, mas deve incluir também a 
condição do qual ele se origina (Levítico 4:14, 20,31; 5:5, 6). 
 
A opinião da humanidade em geral concorda com este ponto de vista. O homem atribui, 
universalmente, tanto vícios como virtudes a disposições e estados bem como a atos 
conscientes e deliberados. Assim, refere-se a um “mau gênio”, uma “disposição má”. 
Na realidade, ações exteriores são condenadas apenas quando se consideram terem 
sido originadas em más disposições. A lei criminal se preocupa mais com o motivo do 
que com o ato em um crime. Como esta inclinação má se originou não importa; sua 
presença é condenada, quer a tenhamos herdado de nossos ancestrais, quer a 
tenhamos desenvolvido pela experiência. O constante desprezo de uma lei pode abafar 
a voz da consciência de maneira a fazer com que ela pareça ter-se calado; mas isso 
apenas serve para gerar maior indignação contra o homem que peca com impunidade. 
 
A consciência cristã também testifica quanto ao fato de que o pecado é tanto um 
princípio quanto um ato. O cristão espiritualmente esclarecido considera seus desvios 
da lei de Deus como resultados de uma depravação dentro de si e se arrepende dela 
mais profundamente do que de seus atos pecaminosos. 
 
Hodge diz: “O pecado inclui culpa e poluição; a primeira expressa sua relação para 
com a justiça, e a outra para com a santidade de Deus. Estes dois elementos do 
pecado são revelados na consciência de todo pecador”. Por ser uma transgressão da 
lei, o pecado é culpa; por ser um princípio, é poluição. Pecado, como culpa, foi 
discutido acima. Tratamos dele aqui como sendo poluição, conforme causado por uma 
natureza má. “Toda a cabeça está doente e todo o coração enfermo” (Isaías 1:5); 
“Enganoso é o coração mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, 
quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9); “O homem mau, do mau tesouro tira o mal” 
(Lucas 6:45); “quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7:24); “...o velho 
homem que se corrompe segundo as concupiscências do engano” (Efésios 4:22). 
Estes e outros versículos formam a base para o ensinamento de que precisamos ser 
purificados. “Lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu 
pecado” (Salmos 51:2); “Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me e ficarei mais 
alvo que a neve” (Salmos 51:7); “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho 
falado” (João 15:3); “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem 
de água pela palavra” (Efésios 5:26); “e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de 
todo o pecado” (I João 1:7). 
 
 
 
 
 
11 
Esta poluição é mostrada por um entendimento obscurecido (Efésios 4:18; Romanos 
1:31; I coríntios 2:14); desígnios maus e vãos (Gênesis 6:5, 12; Romanos 1:21): 
paixões infames (Romanos 1:26, 27); linguagem corrupta (Efésios 4:29); mente e 
consciência corrompidas (Tito 1:15); e uma vontade pervertida escravizada (Romanos 
7:18, 19). São estes os sintomas dos quais a natureza corrupta é a origem. A ausência 
de capacidade de agradar a Deus é também chamada de “morte”. Diz-se que os 
homens estão “mortos em delitos e pecados (Efésios 2:1, 5; Colossenses 2:13); isto é, 
estão totalmente destituídos de vida espiritual. Lord resume bem o significado desta 
condição do coração natural. Ele diz que não significa que os homens não renovados 
sejam tão corruptos quanto podem ser, pois há graus de depravação tanto quanto de 
graça e santidade. Nem tampouco significa que os homens não renovados sejam 
totalmente destituídos de alguns dos instintos e afetos característicos da natureza 
humana como tal, pois sem eles, tais homens seriam monstros e não seres humanos. 
Também não significa que os homens não renovados deixem de possuir algumas das 
faculdades morais e intelectuais que os regenerados possuem, pois é evidente que 
eles possuem tais qualidades. 
 
Significa sim que, embora tendo todas estas coisas, os homens não renovados ainda 
estão sem vida espiritual verdadeira, sem sentimentos certos para com Deus, sem 
aquela santidade que é a única que pode torna-los aptos para o céu, e que é inculcada 
na alma humana pelo Espírito eterno. (João 3:5; Hebreus 12:14), e que também 
possuem uma natureza viciada e propensa ao pecado. 
 
Pecado é Essencialmente Egoísmo 
 É difícil determinar qual é o princípio essencial do pecado. “Agostinho e Aquino 
afirmaram que a essência do pecado é o orgulho; Lutero e Calvino consideravam a 
descrença como sendo a sua essência”. Mas nenhum deles traça o pecado até sua 
natureza final. Visto que as Escrituras ensinam que a essência da santidade é amar a 
Deus, parecemos exigir como essência do pecado amar ao próprio ego. Shedd diz: 
“Adão primeiro se inclinou para seu próprio ego como a finalidade última, ao invés de 
para Deus”. “Cada um se desviava pelo caminho” (Isaías 53:6). Existe, é certo, um 
amor próprio que é certo. Constitui a base do respeito próprio, auto-preservação, auto-
aperfeiçoamento, e uma consideração apropriada pelo próximo. Nenhuma destas é 
inerente pecaminosa. O que queremos dizer é um amor próprio exagerado, que coloca 
o interesse próprio acima dos interesses de Deus. Que o egoísmo é a essência do 
pecado é evidenciado também pelo fato de que todas as formas de pecado podem ser 
traçadas até o egoísmo, que é sua fonte. Assim, os apetites naturais do homem, sua 
sensualidade, ambições e paixões egoístas brotam de seu egoísmo. Mesmo uma 
afeição idólatra por outras pessoas pode existir devido a um sentimento de que elas 
são, de algum modo, uma parte de nós mesmos, e por isso esse sentimento pode ser 
amor próprio indiretamente. Jesus exemplificou o verdadeiro altruísmo. Disse: “Não 
procuro a minha própria vontade, e, sim a daquele que me enviou”. (João 5:30). Paulo 
considerava o amor como “o cumprimento da lei” (Romanos 13:10). Ele disse que 
Cristo “morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas 
 
 
 
 
12 
para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (II Coríntios 5:15), mas mostra os 
homens nos últimos dias como “egoístas” (II Timóteo 3:2). Estes e outros versículos 
mostram o egoísmo como essência do pecado, o princípio do qual tudo o mais se 
origina. Hodge rejeita esta explicação para a essência do pecado, mas na realidade ele 
simplesmente é contra um certo conceito de egoísmo.Ele se opõe ao ponto de vista 
filosófico que diz que o egoísmo é uma atitude ou propósito que prefere nossa própria 
felicidade à felicidade e bem estar do próximo. Também nós rejeitaríamos este ponto 
de vista. Mas quando o egoísmo é considerado como uma preferência indevida de 
nossos interesses de Deus, temos no egoísmo a essência de todo o pecado. 
 
Problemas Relacionados com a Queda 
Não se pode negar que existem alguns problemas ligados ao relato da queda do 
homem. Consideramos os três principais que Strong sugere. 
Como Pode um Ser Santo Cair? Já discutimos isto quando falamos da queda dos 
anjos. Vamos considerar isso mais um pouco aqui. Shedd diz: 
O Primeiro Pecado de Adão Foi Duplo: Interno e Externo. A parte interna foi a 
origem e o começo de uma inclinação errônea. A parte externa foi o exercício de uma 
violação errada induzida por uma inclinação errada. Adão primeiro se inclinou para seu 
próprio ego como a finalidade última, ao invés de para Deus. Ele se tornou idólatra, 
“adorando e servindo a criatura em lugar do Criador”, Romanos 1:25. E daí, para 
gratificar esta nova inclinação, ele estendeu sua mão e comeu do fruto proibido. 
A parte interna do primeiro pecado de Adão foi a principal. Foi o verdadeiro começo do 
pecado no homem. Foi a origem, a partir do nada, de uma disposição pecaminosa da 
vontade do homem. Não havia qualquer disposição pecaminosa anterior para induzi-la 
ou produzi-la. Esta explicação, embora considere o pecado de Adão como o pecado 
original da raça humana, não mostra como a disposição pecaminosa encontrou um 
lugar na natureza de Adão. Podemos ter certezas que Deus não colocou motivos 
diante de Adão que o levassem a pecar. Isto faria de Deus o responsável, e absolveria 
o homem de culpa. Tampouco removeu Deus do homem sua graça sustentadora, pois 
nesse caso Ele seria responsável da mesma forma. Nem é suficiente dizer que o poder 
da escolha com o qual Deus havia dotado Adão levaria inevitavelmente a este 
resultado, pois como diz Strong: “O simples poder de escolha não explica o fato de 
uma escolha errada”. Não sabemos dizer como foi que a primeira emoção má brotou 
na alma de um ser santo, mas conhecemos o fato de que isso aconteceu. A única 
explicação satisfatória é a de que o homem caiu por um ato livre de revolta contra 
Deus. Como diz Strong: O pecado se originou em um livre ato de revolta do homem 
contra Deus – o ato de uma vontade que, apesar de inclinada para Deus, não tinha 
ainda sido confirmada na virtude, tendo portanto capacidade para fazer uma escolha 
em contrário. A posse original de tal poder para fazer o contrário parece ser a condição 
necessária para experiência e desenvolvimento moral. No entanto, o exercício deste 
poder em uma direção pecaminosa nunca vai poder ser explicado com base na razão, 
já que o pecado é essencialmente irracional. É um ato de arbitrariedade maldosa, do 
qual o único motivo é o desejo supremo de se afastar de Deus, e tornar supremo o ego. 
 
 
 
 
 
13 
Como pode um Deus Justo Permitir que o Homem Fosse Tentado? 
 Podemos responder que vemos nesta permissão não tanto um ato de justiça como um 
de benevolência, e por diversas razões. 
 
A Necessidade de Experiência. 
No parágrafo anterior, vimos que Deus dotou o homem com o poder de escolher que o 
capacitou a escolher o contrário da conhecida vontade de Deus, e que a posse deste 
poder “parece ser a condição necessária para a experiência e desenvolvimento moral”. 
O homem não foi feito como um autômato que vivesse para a glória de Deus sem ter 
qualquer escolha a esse respeito. Sua inclinação era para Deus, mas como tinha poder 
para escolher o contrário, só poderia ver confirmada sua inclinação por escolha 
deliberada na presença da possibilidade de escolher o contrário. A tentação viria, sem 
dúvida, e cremos que teria tomado substancialmente a mesma forma mesmo que não 
tivesse havido um Satanás para agir como tentador. “Como Satanás e Adão pecaram 
dentro das melhores circunstâncias possíveis, podemos concluir com igual certeza que 
a raça humana teria pecado”. A experiência era necessária apesar de Deus saber de 
antemão que resultaria na queda, mas ele revelou Sua benevolência na promessa de 
redenção logo após a queda. 
 
A Necessidade de um Tentador. 
Como já vimos quando estudamos a queda dos anjos, Satanás caiu sem qualquer 
tentação externa. Disse: “Eu subirei ao céu: acima das estrelas de Deus exaltarei o 
meu trono, e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; 
subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14:13, 
14). Ele pecou deliberadamente, instigado por ambição indevida, e como resultado se 
tornou o que é. Se o homem tivesse caído sem um tentador, teria originado seu próprio 
pecado, e teria ele mesmo se tornado um Satanás. Isto também revela a benevolência 
de Deus por deixar uma possibilidade para a redenção do homem. 
 
A Possibilidade de Resistir à Tentação. 
Não havia poder na tentação em si para fazer o homem pecar. Ele tanto tinha poder 
para escolher obedecer a Deus como a desobedecê-lo. A simples possibilidade de 
pecar nunca levou homem algum a cometer pecado. Sem dúvida, resistência 
deliberada teria feito com que Satanás fugisse naquela época tanto quanto hoje (Tiago 
4:7). “Se a alma for santa, a tentação pode apenas confirma-la na virtude”. É esta 
possibilidade que mostra a benevolência de Deus. 
Como pode um castigo tão grande ser vinculado a desobediência a uma ordem 
tão insignificante? 
 Replicamos com as seguintes afirmações adaptadas de Strong. 
 
O Princípio Envolvido. 
 Não é necessariamente uma grande ação que vai provar ou não a lealdade de alguém 
para com outrem. Uma ordem insignificante, envolvendo uma ação muito pequena e 
simples é o melhor teste para o espírito de obediência. Se uma criança cumpriu os 
 
 
 
 
14 
desejos de sua mãe, parecendo obedecer em muitos aspectos, mas persiste em 
desobedecer em algum outro aspecto, quer grande ou pequeno, simplesmente revela 
sua verdadeira atitude por sua desobediência. 
Significado de ordem. Um exame mais apurado revela que, na realidade, a ordem 
externa era insignificante. Envolvia a reivindicação de Deus à autoridade eminente. 
Através da árvore proibida, Deus ensinou a Adão que tinha o direito de fazer-lhe 
exigências e esperar ser obedecido. A obediência do homem seria testada na questão 
de propriedade, que era um sinal externo e razoável de uma condição certa do coração 
para com Deus. Que a ordem era importante do ponto de vista de Deus é mostrado 
pela severidade do castigo anunciado no caso de desobediência. De que outra maneira 
poderia Adão interpretar a declaração de que se desobedecesse, certamente morreria? 
O Castigo Anunciado. A Adão não foi deixado na ignorância quanto à seriedade do 
assunto. Ao anunciar o castigo, Deus tornou bem claro que era uma questão de vida e 
morte. A desobediência seria considerada um pecado mortal. Era uma escolha entre 
vida e morte, entre Deus e ego. 
A Condição Revelada. Por que foi que o homem cedeu à tentação de Satanás? Não 
foi motivado por seu apetite físico, e nem Satanás baseou seu apelo nele. Foi antes a 
ambição de ser como Deus. E, portanto o ato da desobediência revelou um coração 
totalmente corrupto e infiel a Deus, um coração cheio de ingratidão, descrença, 
ambição e rebelião. 
Admitimos que estas declarações não removem plenamente todas as dificuldades, mas 
as tornam mais suaves. 
 
A Queda do homem: Fato e Conseqüências Imediatas 
Apesar da razão humana ser forçada a admitir a existência do pecado, é 
absolutamente incapaz de explicar sua origem e sua presença na natureza humana. 
Como as Escrituras declaram que o homem caiu em pecado através da transgressão 
de Adão, vamos considerar o fato desta queda e suas conseqüências sobre nossos 
primeiros pais. 
 
A Origem do Pecado no Ato Pessoal de Adão.O pecado é um fato; já observamos sua natureza e antecedentes. Não estamos agora 
preocupados com a origem do pecado no universo, pois este ponto foi tratado no tópico 
da queda dos anjos. Propomo-nos aqui a investigar sua origem entre os homens. Mas 
como há diversos pontos de vista quanto a este assunto, eliminaremos primeiro os 
falsos para depois considerar o verdadeiro. 
O Pecado não é Eterno. O dualismo cósmico afirma que há dois princípios auto-
existentes e eternos: o bem e o mal. A especulação persa concebia estes dois 
princípios sob as figuras de luz e escuridão. A matéria era considerada como sendo 
inerentemente má. Os gnósticos e os maniqueístas aceitavam esta doutrina. De acordo 
com esta idéia, o pecado sempre existiu. O bem e o mal têm estado em conflito um 
com o outro por toda a eternidade, e continuarão a estar em conflito. Eles limitam um 
ao outro e nenhum deles consegue triunfar sobre o outro de vez. Este ponto de vista 
surgiu da dificuldade de explicar a origem do pecado em conexão com a crença em um 
 
 
 
 
15 
Deus onipotente e santo. Replicamos a esta teoria que ela faz de Deus um ser finito e 
dependente. Não pode haver duas coisas infinitas na mesma categoria, e Deus não 
pode ser ao mesmo tempo soberano e limitado por algo que Ele nem criou nem pôde 
evitar. Ela também destrói o conceito de pecado como um mal moral. Se o pecado é 
uma parte inseparável de nossa natureza, não pode ser mal moral. E daí ela destrói 
diretamente a responsabilidade humana. Se o pecado é necessário por causa da 
própria constituição do homem, este não pode ser acusado de responsabilidade por ser 
pecador. Na realidade, por considerar o pecado como uma substância, a teoria destrói 
sua natureza como pecado. Não podemos manter a teoria da responsabilidade moral 
do homem a não ser que possamos mostrar que seu pecado envolve culpa. 
O Pecado não se Origina na Limitação do Homem. Leibnitz e Spinoza afirmavam 
que o pecado se originava em nossa limitação. Não é mais do que um resultado 
necessário das limitações de nosso ser. Deus, como a substância absoluta, é 
supremamente bom, mas se outras coisas além de Deus tem que existir, deve haver 
nelas, se não forem infinitas, um mínimo de maldade. Isto é, o próprio Deus Panteísta, 
não poderia criar coisa alguma sem limitações. Pode-se ver isto pelas limitações físicas 
do homem; pode-se esperar encontrar limitações na natureza moral também. Alguns 
escritores mantêm que o mal moral é o antecedente e a condição necessários para o 
bem moral. Não poderíamos conhecer bem moral se não existisse também o mal 
moral. É um elemento na educação do homem e um meio de progresso. 
A isto tudo, replicamos que essa teoria ignora a distinção entre o físico e o moral. 
Conquanto o homem tenha sido criado com fraqueza e limitações físicas, e não poderia 
ter ultrapassado estes limites nativos em uma situação física, não foi criado com 
fraquezas e limitações morais. Ele poderia perfeitamente ter obedecido a Deus, se 
assim o tivesse escolhido fazer. O homem era responsável fisicamente apenas até sua 
capacidade de desempenho; não tinha limitações morais, e, portanto era capaz de 
obedecer a Deus perfeitamente. Em outras palavras, o pecado não se originou em uma 
natureza moral imperfeita. Além disso, este ponto de vista assume a idéia panteísta do 
universo. Por afirmar que Deus é a única substância, ela torna o mal uma parte de 
Deus tão verdadeiramente quanto o bem. Rejeitamos isto baseados em nossa 
convicção íntima e nos ensinamentos da Bíblia de que existe um Deus pessoal e de 
que o homem é autor do pecado. E, uma vez mais, o mal moral não é necessário à 
existência do bem mora. Strong diz: “O que é necessário para a bondade não é a 
realização do mal, mas apenas a possibilidade do mal”. 
O Pecado não se Origina na Sensualidade. Com sensualidade queremos dizer o que 
é dos sentidos ou se refere aos sentidos. Schleiermacher afirmou que o pecado se 
origina em nossa natureza sensual que, portanto, seria ela mesma má. Ele a chama de 
“uma oposição positiva da carne ao espírito”. Em alemão: “Wir begreifen Deshalb die 
Suende als einen positiven Widerstreit dês Fleisches gegen den Geist”. 
O termo “Fleisch” ele define como “die Gesammtheist der sogenannten niedern 
Seelenkraefte”, ou, em português: “a comunidade dos chamados poderes inferiores da 
alma”. Escritores mais recentes traçam o mal moral à herança que o homem recebeu 
de seus antepassados animais. Os teólogos mais antigos consideravam-no como o 
resultado da ligação da alma com um organismo físico. 
 
 
 
 
16 
Objetamos a esta teoria porque os sentidos não são eles próprios as fontes de pecado, 
mas freqüentemente se transformam os instrumentos da natureza carnal na comissão 
do pecado. Além do mais, essa doutrina leva a várias práticas absurdas como, por 
exemplo, o asceticismo, no qual o poder dos sentidos deve ser enfraquecido. Ao invés 
de explicar a origem do pecado, esta teoria na realidade nega a sua existência, pois se 
o pecado brota da constituição original da natureza do homem, podemos considera-lo 
com uma infelicidade, mas não como culpa. E finalmente, as Escrituras em ensinam 
que o pecado não era a condição original do homem, mas sim que se originou da 
escolha livre e deliberada do homem. 
O Pecado se Originou no Ato Livre de Adão. Se o pecado não é eterno, nem devido 
à limitação ou sensualidade do homem, como foi que se originou? O fato de ele estar 
presente universalmente requer que busquemos o cabeça da raça para obtermos uma 
explicação. As Escrituras ensinam que através de um homem o pecado entrou no 
mundo, e com ele todas as conseqüências universais do pecado (Romanos 5:12-19; I 
Coríntios 15:21, 22). Este homem foi Adão e este pecado foi o tomar do fruto da árvore 
da do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 3:1-8; I Timóteo 2:13, 14). 
Que a narrativa da queda em Gênesis 3:1-8 é história, é evidenciada pelo fato de ser 
narrada como história; por estar em um contexto de fatos históricos; por escritores 
posteriores a considerarem como histórica; por estar de acordo com a condição de 
nossos primeiros pais. Em literatura alegórica, os personagens ou não possuem 
nomes, ou seus nomes são simbólicos. Os nomes “Adão” e “Eva” não são simbólicos. 
A narrativa é direta e simples. Também o Jardim, os rios, as árvores e os animais são 
claramente fatos históricos literais. Como se pode imaginar que cercada por tal 
contexto, a história da queda seja alegórica? Ainda mais, Cristo e os apóstolos tratam a 
narrativa do Gênesis como histórica (João 8:44; II Coríntios 11:3; Apocalipse 20:2). 
Também, Smith diz: “a que estivesse na condição de nossos primeiros pais, Deus 
provavelmente não teria dado uma lei abstrata, mas sim uma ordem específica”. Em 
outras palavras, a tentação estava de acordo com a condição de nossos primeiros pais; 
e se a condição é um fato histórico, não há razão por que a tentação também não o 
seja. Além disso, a serpente não é nenhuma designação figurativa de Satanás, nem 
tampouco é Satanás na forma de uma serpente. A serpente verdadeira foi o agente nas 
mãos de Satanás. Isto é evidenciado pela descrição deste réptil em Gênesis 3:1 e pela 
maldição que sobre ela foi lançada em 3:14. O teste consistia da proibição de comer da 
árvore do conhecimento do bem e do mal. Parece que havia uma qualidade de 
preservação da vida na árvore da vida, pois quando Deus expulsou nossos primeiros 
pais do Jardim, o fez “para que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, 
e coma, e viva eternamente” (Gênesis 3:22). Devido a isto, Hodge afirma que a árvore 
do conhecimento do bem e do mal deve também ter possuído uma qualidade 
misteriosa que afetaria o resultado duplo indicado em seu nome. É provável, 
entretanto, que esta árvore simplesmente servisse com um teste, pois o fato de ter 
tomado e comido dela não deu a Adão a capacidade de dizer a diferençaentre o que 
era mau e o que era bom. Ele ainda tinha que consultar a Palavra de Deus para isso. 
Como diz Lord: “Como obediente e santo, ele já tinha conhecimento do bem; através 
da desobediência, adquiria conhecimento do mal, tanto em si próprio como em 
 
 
 
 
17 
contraste com o bem”. Ele cita Teófilo de Antioquia que disse: “A árvore do 
conhecimento era boa em si mesma, e seu fruto era bom; pois não era a árvore, como 
pensam alguns, mas, sim a desobediência que traria a morte”. Em outras palavras, 
Deus colocou diante do homem duas coisas boas: a árvore da vida e a árvore do 
conhecimento do bem e do mal, e não uma coisa boa e uma coisa má. Ele proibiu o 
comer das árvores não porque ela era má, mas porque Ele queria fazer um simples 
teste da obediência do homem à Sua vontade. 
Nada há nesta proibição que sugira que Deus procurava a queda do homem. É uma 
simples e justa exigência por parte do Criador. Ele criou sem uma natureza 
pecaminosa, colocou-o em um ambiente ideal, cuidou de todas as suas necessidades 
temporais, dotou-o de fortes poderes mentais, deu-lhe trabalho para ocupar suas mãos 
e sua mente, providenciou uma companheira para ele, avisou-o das conseqüências da 
desobediência, e entrou em comunhão pessoal com ele. Seguramente não podemos 
culpar Deus pela apostasia do homem à luz destes fatos! 
A tentação de Satanás pode ser resumida como tendo apelado ao homem desta 
maneira: Fê-lo desejar possuir o que Deus havia proibido, saber o que Deus não havia 
revelado, e ser o que Deus não tivera a intenção que fosse. Satanás primeiro procurou 
instilar dúvida a respeito da bondade de Deus na mente de Eva. Ele disse: “É assim 
que Deus disse: não comerás de toda a árvore do jardim?” Quando ela respondeu que 
Ele havia permitido que comessem de todas as árvores exceto da árvore do 
conhecimento do bem e do mal, Satanás negou a verdade da declaração de Deus de 
que a desobediência resultaria em morte. “É certo que não morrereis. Porque Deus 
sabe que no dia em que dela comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis 
conhecedores do bem e do mal”. Eva aparentemente começou a acreditar nessas duas 
coisas, e então rapidamente deu os passos que faltavam para o ato público de pecado. 
Lemos que quando a mulher viu “que a árvore era boa para se comer, agradável aos 
olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu 
também ao marido, e ele comeu”. Isto é, através da “concupiscência da carne, a 
concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (I João 2:16), ela caiu. Já foi dito: “A 
mulher caiu pelo engano; o homem, pela afeição”. (Gênesis 3:13, 17; I Timóteo 2:14). 
Deve ser observado que é Adão, e não Eva, que é considerado como a pessoa por 
quem o pecado foi introduzido na raça. (Romanos 5:12, 14; I Coríntios 15:22). Cristo, o 
Segundo Adão, enfrentou as mesmas tentações, mas Se saiu vitoriosamente de todas 
elas. (Mateus 4:1-11; Lucas 4:1-13). 
Se fossemos agora estabelecer a essência do pecado de nossos primeiros pais, 
teríamos algo como o que se segue: Eva não confiou na bondade de Deus; acreditou 
na mentira de Satanás; cedeu a seu apetite físico; submeteu-se a um desejo excessivo 
pelo belo; e cobiçou uma sabedoria que não era da intenção de Deus que tivesse. 
Parece que Adão pecou por causa de seu amor por Eva, e plenamente consciente do 
aviso de Deus. Mas isto ainda não traça o pecado até suas raízes. Podemos dizer com 
Shedd, que o pecado de Eva foi a auto-determinação e inclinação de sua vontade para 
longe de Deus como o fim principal e o bem principal, em direção ao ego e à criatura 
como o fim principal. Desejar o que Deus proibiu e preferir a si mesmo no lugar de 
Deus, isto é, pecar. Esta concupiscência foi o começo do pecado na vontade dela. Foi 
 
 
 
 
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a mesma coisa, em gênero, que a concupiscência que Deus proíbe no décimo 
mandamento. A ordem para não cobiçar é uma ordem para não se desejar qualquer 
coisa que Deus tenha proibido. “Toda esta ação interna na alma de Eva, então, ocorreu 
antes do ato externo de apanhar e comer”. Em outras palavras, o primeiro pecado foi o 
desejo do coração, a escolha de interesses próprios ao invés dos de Deus. O ato 
público simplesmente expressou o pecado que já havia sido cometido no coração. 
 
As Conseqüências Imediatas do Pecado de Adão. 
Imediatas, de longo alcance e atemorizantes foram as conseqüências do pecado de 
nossos primeiros pais. É difícil reprimir o desejo de saber o que teria acontecido se eles 
não tivessem pecado, mas as Escrituras nada dizem a respeito, e faremos bem em 
evitar especular sobre aquilo a respeito do que Deus não houve por bem nos dar uma 
revelação definida. Podemos assumir, não obstante, que as conseqüências da 
obediência teriam sido tão grandiosas na direção certa quanto as conseqüências da 
desobediência o foram na direção errada. Além disto não podemos ir. Devemos voltar 
nossa atenção para as coisas que aconteceram, e examinar as conseqüências do 
pecado sob dois aspectos: em seu efeito sobre Adão e Eva, e seu ambiente, e sobre 
sua posteridade através deles. Trataremos deste último no próximo capítulo. 
Vamos considerar os efeitos de pecado sobre Adão e Eva e sobre seu meio ambiente. 
O terceiro capítulo de Gênesis é nossa principal fonte de informação sobre isto, mas 
existem também outras passagens que tocam no assunto. Podemos notar aqui que o 
primeiro pecado teve um efeito sobre a relação de nossos primeiros pais com Deus, 
sobre sua natureza, sobre seus corpos, e sobre seu meio ambiente. 
Seu Efeito Sobre o Relacionamento Deles com Deus. Antes da queda, Deus e Adão 
estavam em comunhão um com o outro; após a queda, essa comunhão foi quebrada. 
Nossos primeiros pais sentiram o peso do aborrecimento de Deus sobre si; haviam 
desobedecido sua ordem explícita para não comer da árvore do conhecimento do bem 
e do mal, e eram culpados. Sabiam que haviam perdido seu lugar diante de Deus, e 
que sua condenação repousava sobre eles. Portanto, ao invés de buscar sua 
comunhão, eles agora tentavam fugir d’Ele. Suas consciências culpadas não lhes 
davam sossego, por isso tentaram se livrar da responsabilidade. Adão disse que Eva, a 
mulher que Deus havia lhe dado, o havia levado ao pecado; Eva acusou a serpente. 
Eram culpados, mas tentaram jogar a responsabilidade por seu pecado sobre outrem. 
Seu Efeito Sobre Sua Natureza. Quando saíram das mãos do Criador, eles eram não 
apenas inocentes, mas também santos. Sua natureza não era pecaminosa. Agora 
tinham uma sensação de vergonha, degradação e poluição. Havia algo a esconder. 
Estavam nus e não poderiam comparecer diante de Deus em sua condição decaída. 
Foi esta sensação de impropriedade que os levou a fazer para si mesmos cintas de 
folhas de figueiras. Tinham vergonha não só de aparecer diante de Deus em sua nova 
condição, mas também de aparecer um diante do outro. Estavam moralmente 
arruinados. Deus havia dito a Adão a respeito da árvore proibida. “No dia em que dela 
comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:17). Esta morte é antes de tudo espiritual, 
ou uma separação entre a alma e Deus. Ela abrange não apenas a incapacidade de 
fazer qualquer coisa que agrade a Deus, mas também a posse de uma natureza 
 
 
 
 
19 
corrupta. “Por um só homem entrou o pecado no mundo” (Romanos 5:12). Stifler 
observa: “pecado”, não “pecados”. Ele está olhando não a atos concretos de pecado, 
mas sim ao hábito. Adão não trouxe o pecado ao mundo dando um mau exemplo; 
aquele seu ato produziu uma mudança constitucional de impureza dentro do seu 
coração. Aquele ato resultou em um princípio corruptor inato. 
Seu Efeito Sobre Seus Corpos. Quando Deus disse que se desobedecesse, o 
homem “certamente morreria”, Ele estava falando também a respeito do corpo. 
Imediatamente após o delito, Deus disse a Adão: “Porque tu és pó, e ao pó tornarás”. 
(Gênesis 3:19). As palavras de Paulo: “Pois assimcomo Adão todos morreram” (I 
Coríntios 15:22), fazem referência principalmente à morte física. Paulo está tratando 
aqui do assunto da ressurreição física e a sobrepõe ao fato da morte física. Quando ele 
diz que “por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte” 
(Romanos 5:12), ele quis dizer “todo o mal penal, morte espiritual e eterna, bem como 
a dissolução d corpo”. 
Smith diz: o fato da ressurreição ser parte da redenção leva, por interferência, a 
posição de que a morte do corpo é uma parte do mal ou castigo que foi a conseqüência 
do pecado, e da qual a redenção deve nos livrar. 
No entanto, aqueles que rejeitam a doutrina do pecado original afirmam que a morte é 
um mal natural, que advém da constituição original do homem, e que 
conseqüentemente não é uma prova de que todos os homens são pecadores assim 
como a morte dos animais irracionais não prova que eles sejam pecadores. Basta-nos 
dizer que os homens não são seres irracionais, e que as Escrituras ensinam que a 
morte física faz parte do castigo do pecado (Gênesis 3:19; João 4:18, 19; 14:1-4; 
Romanos 5:12; 6:23; I Coríntios 15:21 e seg; 15:56; II Coríntios 5:2, 4; II Timóteo 1:10). 
Há outro ponto de vista a respeito da origem da morte. 
O homem está subentendido, foi criado mortal, mas tinha o privilégio de conseguir a 
imortalidade por meio da árvore da vida. Mas por ter comido da árvore do 
conhecimento do bem e do mal, ele perdeu sua liberdade de comer da árvore da vida 
(veja Gênesis 3:22-24). Isto indica que a morte física é uma conseqüência da morte 
moral. Qual teria sido a situação se o homem não tivesse pecado? Smith sugere que 
poderia até ter havido uma separação entre a alma e o corpo; mas ele acrescenta que 
“pode-se certamente supor que a transição para outra condição poderia ter-se dado 
sem nada do que agora existe e que faz da morte algo tão horrível”. Isto realmente faria 
da morte um mal natural, conquanto Smith a conceba como, no caso, sem ser tão 
horrível como agora o é. Se existir qualquer verdade nesta posição, é mais provável 
que, se o homem não houvesse pecado, ele “fosse transformado” da mesma maneira 
que aqueles que estiverem vivos “serão transformados’ quando Cristo vier. É difícil, 
entretanto, harmonizar mesmo esta idéia com o ensinamento constante da Escritura de 
que a morte física é um resultado do pecado de Adão. E como as Escrituras são a 
autoridade final em todos os assuntos, é necessário considerar a morte física como o 
castigo do pecado. Em vista deste fato, diríamos também que todas as doenças físicas 
resultam do pecado. O hebraico de Gênesis 2:17, pode ser traduzido como “morrendo, 
morrerás”. A partir do momento em que o homem comeu da árvore da proibida, já 
estava morrendo. Os germes destrutivos foram introduzidos naquela mesma ocasião. 
 
 
 
 
20 
As dores que tanto o homem como a mulher viriam a sentir surgiram daquela única 
apostasia. O fato do homem não ter morrido instantaneamente de deveu ao propósito 
gracioso de redenção de Deus. Devido ao relacionamento íntimo entre alma e o corpo, 
podemos assumir que os poderes mentais bem como os físicos ficaram enfraquecidos 
e começaram a se deteriorar. Ele elemento do castigo do pecado sozinho solapa a 
teoria da evolução. O homem não desenvolveu maior força de corpo e mente, mas se 
degenerou de uma condição primitiva de perfeição até a presente condição de fraqueza 
e imperfeição. 
Seu Efeito Sobre Seu Meio Ambiente. Lemos que a serpente foi amaldiçoada “entre 
todos os animais domésticos” e “entre todos os animais selváticos” (Gênesis 3:14). É 
evidente que a criação animal sofreu como resultado do pecado de Adão. Na era 
futura, esta maldição será retirada, e as feras selvagens se deitarão com os dóceis 
animais domésticos (Isaías 11:6-9; 65:25; Oséias 2:18). E outra vez, “maldita é a terra 
por tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela 
produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do teu 
rosto comerás o teu pão, até que tornes a terra”. (Gênesis 3: 17-19). Aqui fica 
demonstrado que até a natureza inanimada sofre a maldição do homem. Em vista 
disto, a Escritura nos diz em outro lugar que está chegando a hora em que “a própria 
criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de 
Deus. Porque sabemos que toda a criação a um só tempo geme e suporta angústias 
até agora” (Romanos 8:21,22). Toda a criação tem estado “sujeita à vaidade, não 
voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou” (v.20). Isaías 35 fala da 
restauração da natureza a sua condição e beleza primitiva. E, ainda outra vez, Adão e 
Eva foram expulsos do Jardim e forçados a se arranjar neste mundo decaído. No 
começo, estavam no mais perfeito e belo ambiente; agora foram obrigados a se 
arranjar em um que era imperfeito e quase hostil. Seu meio ambiente decididamente foi 
mudado por causa do pecado. 
 
A Queda do Homem: Imputação e Conseqüências Raciais 
Já vimos o que é pecado, isto é, que é tanto um ato quanto um princípio, tanto culpa 
como poluição. Se olharmos à nossa volta, veremos que o pecado é universal. A 
história testifica a respeito desse fato em seus relatos de sacerdócios e sacrifícios entre 
as nações pagãs. E todo homem sabe apenas que não consegue alcançar a perfeição 
moral, mas também que nenhum outro homem conseguiu. Ditos populares expressam 
a convicção de toda a humanidade de que o pecado é universal, tais como: “Ninguém é 
perfeito”; “Todo mundo tem um preço”, etc. A experiência cristã testifica uniformemente 
quanto à presença do pecado no coração do homem, e à falta de consciência dele em 
uma pessoa não salva tem que ser interpretada como sendo uma condição de 
endurecimento. 
 
A Universalidade do Pecado. Certamente as Escrituras ensinam a universalidade do 
pecado. “Não há ninguém que não peque” (I Reis 8:46); “porque à tua vista não há 
justo nenhum vivente”. (Salmos 143:2); “Quem pode dizer: Purifiquei meu coração, 
limpo estou do meu pecado”? (Provérbios 20:9); “Não há homem justo sobre a terra, 
 
 
 
 
21 
que faça o bem e que não peque” (Eclesiastes 7:20); “se vós, que sois maus” (Lucas 
11:13); “Não há justo, nem sequer um... não há quem faça o bem, não há nem um 
sequer” (Romanos 3:10, 12); “para que se cale toda boca, e todo o mundo seja 
culpável perante Deus” (Romanos 3:19); “pois todos pecaram e carecem da glória de 
Deus” (Romanos 3:23); “mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado” (Gálatas 3:22); 
“Porque todos tropeçamos em muitas cousas” (Tiago 3:2); “Se dissermos que não 
temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” 
(I João 1:8). Isto é mostrado também pelo fato de que a condenação recai sobre todos 
os que não aceitarem a Cristo (João 3:18, 36; I João 5: 12,19), e que expiação, 
regeneração e arrependimento são necessidades universais (João 3:16; 6:50; 12:47; 
Atos 4:12; 17:30; João 3:3,5). Quando as Escrituras falam de homens como sendo 
bons, elas querem dizer apenas uma bondade imaginada (Mateus 9:12, 13), ou uma 
bondade de aspiração (Romanos 2:14; Felipenses 3:15). 
A pecaminosidade universal não está limitada a atos de pecado; ela inclui também a 
posse de uma natureza pecaminosa. As Escrituras se referem a atos pecaminosos e 
inclinações em direção à sua fonte, a natureza corrupta. “Não há árvore boa que dê 
mau fruto... o homem mau, do mau tesouro tira o mal” (Lucas 6:43-45); “como podeis 
falar cousas boas sendo maus”? (Mateus 12:34). Declara-se que todos os homens são, 
por natureza, “filhos da ira” (Efésios 2:3); e a morte, o salário do pecado, alcança 
mesmo aqueles que não pecaram pessoal ou conscientemente (Romanos 5:12-14). 
Tudo isto foi mencionado acima, mas é repetido aqui para provar que a posse de uma 
natureza carnal é característica entre os homens, universalmente. 
Se, então, todos os homens são pecadores, como podemosexplicar esta situação? Um 
efeito tão universal deve ter uma causa universal. As escrituras ensinam que o pecado 
de Adão e Eva constituiu pecadora toda a sua posteridade (Romanos 5:19, “pela 
desobediência de um só homem muito se tornaram pecadores”), isto é, o pecado de 
Adão foi imputado, reconhecido e cobrado de todos os membros da raça. É por causa 
do pecado de Adão que viemos ao mundo com uma natureza depravada e sob a 
condenação de Deus (Romanos 5:12; Efésios 2:3). Como podemos ser responsáveis 
por uma natureza depravada que não originamos pessoal e conscientemente, e como 
pode Deus com justiça cobrar de nós o pecado de Adão? Isto nos leva a uma 
discussão das várias teorias sobre a imputação do pecado de Adão à sua posteridade. 
 
A Imputação do Pecado 
Em nossa consideração da origem da alma, vimos que a teoria traduciana mostra que 
a alma é derivada de Adão tanto quanto o corpo, e que ela estava de acordo com a 
Escritura. Só isso já responde a questão da imputação do pecado sobre a raça 
humana. Entretanto, os homens têm proposto outras teorias, e iremos examinar e 
refutar as principais delas, e daí estabelecer aquilo que consideramos como a doutrina 
bíblica de maneira mais detalhada. 
 
A Teoria Pelagiana. 
 Pelágio foi um monge inglês, que nasceu mais ou menos em 370 A.C. Ele expôs suas 
doutrinas em Roma no ano 409, mas elas foram condenadas pelo concílio de Cartago 
 
 
 
 
22 
em 418. Os socinianos e unitarianos advogam este esquema geral de ensino. Esta 
teoria afirma que o pecado de Adão afetou apenas a ele; que toda a alma humana é 
criada por Deus imediatamente, e criada inocente, livre de tendências depravadas, e 
capazes de obedecer a Deus como era Adão; que Deus imputa aos homens apenas os 
atos que eles fizerem pessoal e conscientemente; e que o único efeito de pecado de 
Adão sobre sua posteridade é o de ser um mau exemplo. Os homens podem ser salvos 
pela lei bem como pelo Evangelho. A morte física é simplesmente uma manifestação 
externa de uma lei original. “ A morte passou a todos os homens por que todos 
pecaram” (Romanos 5:12), significa que todos ficaram sujeitos à morte eterna por 
pecarem seguindo o exemplo de Adão. De acordo com este ponto de vista, o homem 
está bem. 
Retrucamos a isto que a tória nunca foi reconhecida como bíblica, nem formulada em 
uma confissão por qualquer ramo da Igreja; que as Escrituras, pelo contrário, mostram 
que todo ser humano herdou uma natureza pecaminosa (Romanos 5:12; Salmos 51:5; 
Efésios 2:3; João 14:4; 15:14); que os homens universalmente se tornam culpados de 
atos pecaminosos tão logo entrem de posse da consciência moral (salmos 58:3; Isaías 
48:8); que ninguém pode ser salvo através das obras (Romanos 3:20; Atos 13:39; 
Gálatas 2:16; Salmos 143:2); e que a Bíblia mostra a condição de apostasia do homem 
como sendo resultado direto de Adão (Romanos 5:15-19). Além disso, o pelagianismo 
afirma erroneamente que a vontade é simplesmente a faculdade das violações, 
conquanto ela seja também, e principalmente, a faculdade da auto-determinação para 
um fim último; que a lei consiste simplesmente de uma sanção positiva; e que toda 
alma é criada imediatamente por Deus e que ela não mantém nenhuma relação com a 
lei moral além daquela que é individual. 
 
A Teoria Arminiana. 
 Armínio (1560-1609) foi um catedrático na Holanda. Sua interpretação é chamada de 
semi-pelagianismo. É o ponto de vista defendido pela igreja e pelos metodistas. De 
acordo com esta teoria, o homem está doente. 
Como resultado da transgressão de Adão, os homens estão por natureza destituídos 
da retidão original e, sem a ajuda divina, são totalmente incapazes de obtê-la. Como 
esta capacidade é física e intelectual, não voluntária, Deus, como é de justiça, concede 
a cada indivíduo na aurora da consciência, uma influência especial do Espírito Santo, 
suficiente para anular o efeito da depravação que herdaram e para tornar possível a 
obediência, se cooperarem com o Espírito, o que eles são capazes de fazer. A 
tendência do homem para o mal pode ser chamada de pecado, mas não envolve culpa 
ou castigo. Certamente, a humanidade não é considerada culpada pelo pecado de 
Adão. Somente quando o homem consciente e voluntariamente se apropria dessas 
tendências más é que Deus lhas imputa como pecado. Romanos 5:12: “a morte passou 
a todos os homens, porque todos pecaram”, significa que todos sofrem as 
conseqüências do pecado de Adão e que todos pessoalmente consentem em sua inata 
pecaminosidade por atos de transgressão. 
Replicamos a isto que, de acordo com as Escrituras, o homem pecou em Adão e é, 
portanto, culpado antes de cometer pecado pessoal; que a natureza pecaminosa do 
 
 
 
 
23 
homem resulta de seu pecado em Adão; que Deus não está sob a obrigação de 
conceder influências especiais do Seu Espírito ao homem, capacitando-o a cooperar 
em sua salvação; que os homens se apropriam conscientemente de suas inatas 
tendências para o mal ao romper da consciência; que capacidade não é a medida da 
obrigação; e que a morte física não é uma questão de decreto arbitrário, mas sim a 
justa punição do pecado. É verdade que há uma concessão inicial de graça sobre os 
perdidos, mas é um favor imerecido e simplesmente capacita a vontade a responder às 
ofertas de salvação. Deste modo, Deus, por Sua pura graça, toma a iniciativa na 
salvação, e mesmo assim o homem precisa fazer uso desta oportunidade de escolher o 
presente que lhe é oferecido. 
A chamada teoria da Nova Escola, uma ramificação da antiga idéia puritana, é muito 
parecida com a teoria arminiana. Também afirma que os homens são responsáveis 
apenas por seus atos pessoais; que embora todos os homens herdam uma 
constituição que os predispõe para o pecado, e todos os homens realmente pecam 
assim que chegam à consciência moral, esta incapacidade não é ela própria o pecado. 
A única diferença entre esta teoria e a arminiana é que a vontade, na hora do 
nascimento, não tem natureza moral e, portanto não precisa de concessão de 
influências especiais do Espírito para escolher com acerto; e que toda alma é 
imediatamente criada por Deus. Este era o ponto de vista defendido por Hopkins, 
Emmons, Dwight e Finney. Strong diz: “É no momento, o ponto de vista dos 
presbiterianos da Nova Escola e da maior parte dos congregacionalistas”. Como é tão 
parecida com a teoria arminiana, não precisamos aqui repetir os argumentos contra 
ela. Já mostramos que a alma é propagada assim como o corpo o é. 
 
A Teoria Federativa. 
 Esta tem sido chamada a teoria das Alianças, e Hodge a identifica com a chamada 
Teoria da Imputação Imediata. Quanto à última, afirmamos que a teoria agostiniana é 
também uma teoria de imputação imediata, apesar de diferir da teoria federativa em 
diversos detalhes. A teoria federativa parece ter começado com Cocceius (1603-1669), 
catedrático na Holanda, mas foi elaborada mais detalhadamente por Francis Turrentin 
(1623-1687), também um catedrático na Holanda. 
Fisher chama Cocceius de “um defensor importante da teoria federativa”. A idéia da 
teoria da Aliança se faz presente em teólogos mais antigos, é verdade, mas Cocceius 
“deu à idéia uma forma precisa e abrangente e a tornou atual”. Tornou-se o 
ensinamento da igreja reformada, distinto do luterano, apesar de Hodge afirmar que 
esta foi a “doutrina da igreja universal em todas as eras”. Isto nos parece um exagero 
dos fatos, pois Strong mostra que líderes como Agostinho, Anselmo, Aquino, Calvino e 
Edward defenderam a teoria da Chefia Natural. Na América, Charles Hodge e os 
teólogos de Princeton são os principais representantes deste ponto de vista. 
Por esta teoria, Deus fez de Adão o representante da raça e entrou em uma aliança 
com ele. Nosso parentesco com Adão foi a razão pela qual ele, e não outro, foi 
escolhido. Pelos termos desta aliança. Deus prometeu conceder vida eterna a Adão e 
sua posteridadese ele, como o cabeça representativo, obedecesse a Deus, e 
denunciou o castigo de uma natureza corrupta e da morte se desobedecesse. Como 
 
 
 
 
24 
Adão pecou, Deus considera todos seus descendentes como pecadores, e os condena 
por causa da transgressão de Adão. Portanto, Ele cria imediatamente cada alma da 
posteridade de Adão com uma natureza corrupta, que invariavelmente leva a atos de 
pecado, e que é ela própria o pecado. Deveria ser notado que, por este ponto de vista, 
a corrupção de nossa natureza não é causa da imputação do pecado de Adão, mas 
sim o efeito dela. Romanos 5: 12, significa que todos pecamos na pessoa de nosso 
representante. 
Replicamos a isto que não há nenhuma menção de uma tal aliança com Adão; a 
palavra hebraica traduzida “Adão” em Oséias 6:7 deve mais provavelmente ser 
traduzida como “homens”; e “a nova aliança” em Hebreus 8:9, 10; 9:15, 16, está em 
contraste com a aliança mosaica e não com a adâmica; que “união representativa 
requer e pressupõe o consentimento dos indivíduos que vão ser representados”. E não 
tivemos escolha nessa questão; que esta idéia contradiz à Escritura, por fazer do 
primeiro resultado do pecado de Adão o fato de Deus considerar e tratar a raça como 
pecadores. A Escritura, pelo contrário, declara que a ofensa de Adão nos constitui 
pecadores (Romanos 5:19). Não somos pecadores simplesmente porque Deus nos 
considera e trata como tal, mas Deus nos considera como pecadores porque o somos. 
Está escrito que a morte “passou a todos os homens”, não porque todos foram 
considerados e tratados como pecadores, mas “porque todos pecaram” (Romanos 
5:12). 
E ele impugna a justiça de Deus por mostrá-lo criando cada alma imediatamente com 
uma natureza corrupta que inevitavelmente leva os homens a pecarem. Afirmamos, ao 
invés disso, que a corrupção precede a imputação do pecado e é responsável por ela, 
e não que a imputação precede e é responsável pela corrupção. 
 
A Teoria da Imputação Mediata. 
 Esta teoria se originou com Placeus (1606-1665), catedrático em Saumur, França. No 
começo ele ensinou que o pecado de Adão não era de maneira alguma imputado à sua 
posteridade, mas quando essa doutrina foi condenada pelo Sínodo da Igreja 
Reformada Francesa (1644), ele apresentou o ponto de vista que é agora associado ao 
seu nome. H.B. Smith se inclina para este ponto de vista, mas diz que ele não é 
“totalmente satisfatório”. 
Placeus reconhecia o fato de que todos os homens nascem física e moralmente 
depravados, e que esta depravação nativa é a fonte de todos os pecados reais, e é ela 
própria o pecado. A depravação física adveio de Adão por propagação natural; e que a 
alma é criada imediatamente por Deus, mas se torna ativamente corrupta tão logo seja 
juntada ao corpo. Esta depravação nativa é a única coisa que Deus imputa ao homem, 
mas meramente como a conseqüência, e não como castigo, da transgressão de Adão. 
Em outras palavras, o pecado de Adão é imputado mediatamente, e não 
imediatamente. Na teoria federalista, a imputação é a causa da depravação; nesta 
teoria, a depravação é a causa da imputação. Romanos 5:12, significa que todos 
pecaram por terem uma natureza pecaminosa. A este ponto de vista retrucamos que 
ele apresenta a depravação como nossa infelicidade, e não como nossa culpa; que ela 
torna a depravação em um castigo arbitrário de Deus, já que não tomamos parte em 
 
 
 
 
25 
sua origem, - nem mesmo a oportunidade de sermos testados quanto à nossa 
obediência; que ela contradiz a Palavra de Deus, que relaciona à origem da 
condenação, depravação e morte ao pecado de nossos primeiros pais, e mostra que a 
raça teve parte naquele pecado; e que ela destrói o paralelismo bíblico entre Adão e 
Cristo. Como a obediência de Cristo nos é imputada pela fé, assim também na 
desobediência de Adão é imputada a nós como descendentes dele. Hodge diz: 
Se somos participantes das conseqüências penais do pecado de Adão somente por 
causa da natureza corrupta herdada dele por uma lei da natureza, então somos 
justificados apenas com base em nossa santidade inerente derivada de uma lei de 
graça da parte de Cristo. Temos assim a doutrina de justificação subjetiva, que derruba 
a grande doutrina da Reforma, e a grande base da paz e confiança do povo de Deus, a 
saber, que uma justiça não dentro de nós, mas trabalha fora de nós, - a justiça de 
outro... é a base de nossa justificação diante de Deus”. 
 
A Teoria Agostiniana. 
 Apesar desta teoria ter sido elaborada primeiro por Agostinho (354-430), e ter, portanto 
recebido seu nome, seus principais aspectos são encontrados em escritos tão antigos 
quanto os de Tertuliano. Lutero, Calvino e os reformadores geralmente, com exceção 
de Zwínglio, defendiam este ponto de vista. Seus principais defensores neste país são 
Shedd e Strong. De acordo com esta teoria, Deus, em virtude da unidade orgânica da 
raça em Adão, imputa o pecado de Adão imediatamente a toda sua posteridade. “No 
ato livre de Adão, a vontade da raça revoltou-se contra Deus e a natureza da raça se 
corrompeu. A natureza que agora possuímos é a mesma natureza que se corrompeu 
em Adão”. O pecado de Adão é-nos imputado, portanto, não como algo estranho a nós, 
mas como apropriadamente nosso. Em outras palavras, de acordo com Romanos 5:12, 
a morte passou a todos os homens por terem todos pecado em Adão, seu cabeça 
natural. 
Para reforçar esta teoria podemos dizer que o princípio da chefia natural é reconhecida 
em Hebreus 7:9, 10, onde está escrito que Levi pagou o dízimo em Abraão; que ela dá 
a interpretação mais natural a Romanos 5:12-21, onde “todos pecaram” (pantes 
hemarton) em “uma só ofensa” de “um só” homem, e a fraseologia legal mostra que a 
pena não resulta de um decreto soberano, mas é aplicada como pena judicial 
(versículo 13, 14, 15,16 e 18), que ela é a única de acordo com a justiça de Deus ao 
fazer de Adão o representante da raça; que “ela aceita as apresentações bíblicas da 
natureza do pecado, a natureza penal da morte, a origem da alma, e a unidade da raça 
na transgressão”; que ela explica melhor nossa responsabilidade por natureza 
pecaminosa, que é a que melhor esta de acordo com as conclusões científicas e 
filosóficas de hoje, a saber, que as tendências más são herdadas, que a raça é uma só, 
que pecado é uma questão de estados certos ou errados bem como de atos certos e 
errados; e que ela está de acordo com o que a Escritura mostra que o pecado de Adão 
é a causa e base da depravação, culpa e condenação inatos que advieram sobre toda 
a raça. 
Diversas objeções têm sido levantadas a esta teoria. Diz-se, por exemplo, que não 
pode haver pecado anterior à consciência; mas a maior parte dos estados e atos maus 
 
 
 
 
26 
do homem são de natureza inconsciente e é pelo menos possível que criancinhas 
cometam pecados antes de estarem realmente “conscientes”. Mais uma vez é-nos dito 
que não podemos ser responsáveis por uma natureza pecaminosa que não originamos 
pessoalmente; mas tanto a consciência como a Escritura testificam a respeito do fato 
de que somos responsáveis pelo que somos, e não pelo que fazemos. Assim, mais 
uma vez, diz-se que se somos responsáveis pelo primeiro pecado de Adão, então 
devemos ser também responsáveis não apenas por todos os outros pecados de Adão, 
mas também por todos os pecados de nossos antepassados. Mas isto é ignorar aquela 
propriedade de vontade de Adão pela qual ela se auto-determinou com vistas a fins 
morais permanentes. O pecado de Adão foi uma única e permanente revolta contra 
Deus; todos os outros pecados são fruto daquela apostasia e não podem ser cobrados 
da posteridade. A Escritura faz a asserção positiva: “O filho não levará a iniqüidade do 
pai”. (Ezequiel 18:20; cf. João 9:2, 3). Este princípio também indica porque a justiça e a 
fé não são propagáveis. Desde que esta natureza pecaminosa tornou posse do 
homem, ele não é capaz

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