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CURSO: DIREITO TURMA: CCJ0040 PROVA TRABALHO GRAU DISCIPLINA: PROCESS0 PENAL 1 AVALIAÇÃO: AV1 PROFESSOR ULISSES PESSÔA MATRÍCULA: DATA: 28/04/2021 NOME DO ALUNO: Roberta Araujo de Moraes UNIDADE: Dorival Caymmi RESPOSTAS 1 – Letra D - o contraditório é relativizado 2 – Letra A – a lei processual penal aplica-se desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 3 – Letra B - procedimental e preparatória 4 – Letra A – Incerto 5 – Letra A - a lei processual penal poderá retroagir se for híbrida 6 – Letra E - todas as anteriores estão equivocadas 7 – Letra E - todas as anteriores estão equivocadas 8 – Letra A - constitucional, pois o ordenamento prevê tal perspectiva 9 – O Juiz de garantias veio com a Lei 13964/19, vislumbrando uma transformação na cultura jurisdicional, trazendo verdadeira evolução para o sistema processual penal. No contexto atual, a maioria dos juízes estão comprometidos com a produção de provas, desde o início da investigação, onde sua tomada de decisão é preliminar à busca de argumentos que venham fundamentar a aludida decisão. Nesse diapasão, a base do sistema acusatório vem com um Juiz imparcial, objetivando acusações precisas e responsáveis, reforçando a imparcialidade apregoada pela CF. O que se espera do juiz de garantias é que ele ocupe um lugar de tomada de decisões coerentes com o verdadeiro sistema processual penal acusatório, onde se espera um julgamento justo, democrático e sem contaminações. O juiz de garantias é também responsável por todo o acompanhamento da investigação criminal, acompanhando os pedidos das autoridades policiais, em todo seu passo a passo, atuando nessa fase da investigação preliminar, ou seja, não é um juiz que ‘’vai atrás de provas’’ e sim decide sobre pedidos ligados à condução da investigação criminal. Convém destacar, que o juiz de garantias vem para aprimorar o sistema processual penal em favor das garantias fundamentais do acusado e na busca por acusações mais comprometidas com um sistema puramente acusatório. Em um contexto geral, o principal argumento da necessidade do juiz das garantias é resguardar a imparcialidade, a independência e a autonomia no momento da atuação do juiz, ficando estabelecido que deverá ter um juiz específico para a investigação e outro responsável por condenar ou não o denunciado. 10 - Historicamente, existem três sistemas de processo penal: inquisitivo, acusatório e misto. Se analisarmos os fatos sobre o inquérito das fake News, para adequarmos a um dos sistemas, o inquisitivo, sem dúvidas, seria o escolhido. O sistema inquisitivo trata-se de uma concentração do poder nas mãos do julgador, que também é acusador. Nesse sistema não há essa diferença, ou seja, a mesma pessoa que acusa, julga as acusações. Foi a partir desse sistema e devido à ideologia que foi implantada por ele que resultou a inquisição por parte da igreja católica, a qual praticou uma “caça às bruxas” no século XIII, queimando pessoas vivas, sem quaisquer chances de defesa das acusações, ou seja, a igreja acusava, e ela mesma promovia o julgamento sem oportunidade de defesa às pessoas condenadas. Tratava-se de um sistema muito utilizado, de maneira individual na idade média, totalmente fora de mão em relação aos atuais procedimentos do sistema processual-penal. Com o advento da revolução francesa, a partir de ideias iluministas, outra realidade ganhava forma, a realidade construída a partir de princípios como o racionalismo, o naturalismo, o liberalismo, a igualdade perante a lei. Com isso, o sistema inquisitivo se tornou incompatível. No sistema acusatório, por sua vez, existe a separação entre quem acusa e quem julga. Esse sistema prevê o contraditório, a livre produção de provas e a plena defesa do acusado. Já o sistema misto, como já se percebe, é uma união das essências dos dois sistemas anteriores. É o sistema adotado no Brasil. Mas a verdade é que não se pode pensar na hipótese de adotar o sistema inquisitivo ou acusatório de forma individualizada. O primeiro é mais adequado à fase de investigação do processo penal, ou seja, a fase que antecede qualquer ação penal. É o momento de colheita de provas e informações que vão ajudar na convicção do julgador. O segundo se adequa à segunda fase do processo penal, que é o momento em que o acusado poderá se defender de todas as acusações existentes, por todos os meios legais permitidos para tal. É possível utilizar o sistema inquisitivo desde que sejam garantidos ao acusado todos os meios de defesa e assegurados os seus direitos fundamentais, daí a expressão inquisito- garantista, isto é, misto. O procedimento adotado pelo Supremo a partir do inquérito de fake News vai contra todo o sistema processual penal misto adotado desde a promulgação da Constituição de 1988 e mantido até os dias atuais. Eleva o grau da problemática em questão quando lembramos que se trata de violação ao direito da liberdade de imprensa. A Constituição Federal dá plena liberdade nesse sentido. O Supremo Tribunal Federal é o guardião da Constituição, contrariar dispositivo da Carta Magna é uma perfeita incoerência de função. A liberdade de imprensa não se trata de direito somente daqueles que a exercem de maneira profissional, ou seja, os jornalistas, editores, escritores etc. É igualmente uma afronta ao direito que possui qualquer cidadão de ser informado, por todos os meios de sua conveniência. O relato de uma matéria a qual envolve um agente público, que supostamente foi citado em tratativas ilícitas, é de interesse de toda a nação, que deve acompanhar e fiscalizar todas as condutas de seus servidores. O fato de a Procuradora-Geral da República pedir o arquivamento do inquérito foi uma tentativa de fechar uma fenda aberta no estado democrático de direito. As razões de Raquel Dodge foram fundadas no que dispõe a lei sobre a ação penal: sua titularidade é do Ministério Público. Ou seja, não cabe ao STF instaurar um inquérito de ofício, sem dar ciência formal ou encaminhar aos autos ao Ministério Público Federal para manifestação deste. A democracia brasileira, talvez nunca tenha sofrido um golpe tão duro como esse desde quando a Constituição de 88 foi implantada. Não podemos entrar no mérito sobre as alegações do delator Marcelo Odebrecht acerca do Ministro Dias Toffoli. Os Ministros do Supremo merecem todo o respeito e admiração da sociedade, pois se trata de juristas de altíssima reputação e conhecimento jurídico. Trata-se de uma corte fundada em 1891, que sempre atuou em busca da defesa das constituições. Entretanto, em momentos em que o Brasil procura se recuperar de graves crises política e econômica, não é plausível que a Instituição máxima de justiça atue contra os princípios do estado democrático de direito.
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