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Hermes Pessoa Filho/ Medcurso 25/04/2021 Pediatria DOENÇAS INFECCIOSAS Sepse Neonatal · Sepse Neonatal Precoce · Manifesta-se na primeira semana de vida, normalmente até 72h após o nascimento · Relaciona com infecção intraútero ou durante o parto · Segundo o MS, SNP = <48h, causado por patógenos do trato genital materno, durante o parto (Streptococcus agalactiae, E. coli e L. monocytogenes) · Sepse Neonatal Tardia · Manifesta-se após a primeira semana de vida · Relaciona-se com contaminação nosocomial o adquirida na comunidade após alta · Segundo MS, SNT = >48h, provocada por patógenos do ambiente hospitalar (Gram-negativos, S. aureus, estafilococos coagulase negativo e fungos) Fatores de Risco · Prematuridade/ RN <34 semanas · Corioamnionite · Alterações no canal de parto (colonização por germes patogênicos) · Ambiente hospitalar · Ruptura Prolongada >18horas, antes do trabalho de parto · Infecção urinária Clínica · Instabilidade térmica <35 ou >38,5 · Taquipneia · Hipóxemia PaO2 < 70mmHg · Taquicardia · Hipotensão, Enchimento Capilar >3seg · Sinais Neurológicos = Ruim prognóstico Diagnóstico · Clínica +Fatores de Risco + Laboratório · Segundo o Ministério da Saúde, três ou mais sinais clínicos no RN, ou dois sinais associados a fatores de risco maternos = sepse clínica ou síndrome séptica, justificando-se o início da antibioticoterapia sem o auxílio de exames laboratorial Tratamento · Ampicilina 200mg/kg/dia + Gentamicina 5mg/kg/dia (Empírico) SNP Sífilis Congênita · Agente etiológico = Treponema pallidum · Transmissão placentária ou durante o parto · Chance de transmissão maior na fase primária e secundária · Leite materno não transmite sífilis · 25% resulta em óbito fetal · Compromete órgãos, pele, ossos, mucosa e SNC · 50% assintomático até 3 meses · Sífilis Congênita Precoce · Aparecimento após o nascimento até 2 anos de vida · Hepatomegalia e Esplenomegalia quase sempre presentes · Lesão cutânea, pseudo paralisia de Parrot · Anemia, purpura, icterícia, aumento das transaminases (pode ocorrer) · Quanto mais precoce os sinais clínicos, pior o prognóstico · Sífilis Congênita Tardia · Aparecimento após os 2 anos de vida · Nariz em sela, tíbia em sabre, dentes de Hutchinson, · Articulação de Clutton (derrame articular) · Ceratite, lesão de 8° par craniano, hidrocefalia, retardo mental Diagnóstico · Pesquisa direta do Treponema, colhida em lesões (húmidas cutâneas e mucosas, do coto umbilical e das fossas nasais) · Reações Sorológicas para Sífilis · Testes Não Treponêmicos (Sensíveis, mas não específicos) · VDRL e RPR · Realizado no sangue periférico do RN e não no cordão · Títulos crescente e superiores aos maternos, indicam infecção · Pode ser negativa se a mãe contraiu sífilis no final da gestação · Positiva mesmo após a cura, no entanto seus títulos caem · Teste quantitativo, marca a atividade da doença · Usado para diagnóstico e seguimento terapêutico · Testes Treponêmicos (Pouco sensível, muito específico) · Pesquisa de Treponema em campo escuro · Usado para confirmação diagnóstica se VDRL for negativo · FTA-ABS (FLUORESCENT TREPONEMAL ANTIBODY ABSORPT O Ministério da Saúde preconiza o VDRL no 1º trimestre de gravidez, no início do 3º trimestre (28ª semana) e repetido na admissão para trabalho de parto ou aborto. Na presença de VDRL reagente, recomenda-se a realização de teste treponêmico confirmatório, e na sua ausência, considera-se um caso de risco para sífilis congênita qualquer titulação de VDRL materno para gestantes não tratadas ou tratadas inadequadamente Devemos realizar a punção lombar para investigação de comprometimento neurológico (60% dos casos assintomáticos) em todos os casos suspeitos de sífilis congênita. Sempre que o VDRL for positivo no líquido cefalorraquidiano, o RN deve ser considerado como portador de neurossífilis congênita. Tratamento RN · Isolamento do RN · Sífilis Cong. Precoce = Penicilina Cristalina 50.000 U/kg/dose IV de 12/12 Horas (1°sem) seguido de 8/8 Horas (após primeira semana) · OU Penicilina Procaína 50.000 U/Kg/ dia IM DU diária por 10 dias · Sífilis Cong. Tardia = Penicilina Cristalina 50.000 U/kg/dose IV de 4/4 horas · OU Penicilina Procaína 50.000 U/Kg/dose IM de 12/12h Seguimento · Avaliações mensais até o sexto mês e bimensais do sexto ao 12° mês · Realizar VDRL com 1, 3, 6, 12 e 18 meses, interrompendo quando se observar negativação em dois exames consecutivo · Acompanhamento oftalmológico, neurológico e audiológico semestral por dois anos · No caso de interrupção do tratamento por mais de um dia, o tratamento deverá ser reiniciado · Nos casos onde o LCR esteve alterado, deve-se proceder à reavaliação liquórica a cada seis meses, até a normalização do LCR TOXOPLASMOSE CONGÊNITA · Agente etiológico = Toxoplasma gondii · Transmissão transplacentária · Menor idade gestacional = menor probabilidade de transmissão para o feto, porém mais grave é a infecção · 50% dos bebês não apresentação manifestação clínica · Acometimento de túnicas oculares e SNC Quadro Clínico · Gestante · Assintomática ou sinais inespecíficos (febre, mialgia, odinofagia) · RN · 80-90% assintomático · Maioria das manifestações são viscerais, neurológicas ou oftalmológicas · Dividimos em forma neurológica e forma generalizada Forma Neurológica · Infecção nas fases iniciais da gestação · Alterações liquóricas, calcificações intracranianas, convulsões, microcefalia hidrocefalia, paralisia de membros · Hidrocefalia Obstrutiva = manifestação clássica e mais comumente encontrada Forma Generalizada · Infecção nas fases tardias da gestação · Retinocoroidite, hepatoesplenomegalia, icterícia, anemia · Síndrome nefrótica · Tríade de Sabin: Coriorretinite + Calcificações intracranianas+ hidrocefalia ou microcefalia ou retardo mental · Quando o QC aparece ao nascimento as sequelas são mais frequentes e gaves (retardo mental, dificuldade visual e auditiva) Diagnóstico · Radiografia Simples de crânio = calcificações · TC ou USG de crânio = evidenciam atrofias e dilatações · Sorologia IgM e IgG na mãe · Teste de Avidez IgG · Amniocentese = PCR · Exame do líquor, oftalmoscopia, audiometria (neonato) Tratamento · Todos os neonatos com toxoplasmose congênita confirmada ou nos filhos de mães com toxoplasmose comprovada ou provável deverão receber tratamento por 12 meses, independente de terem ou sinais/sintomas da doença · Espiramicina = reduz transmissão para o feto · Sulfadiazina e Pirimetamina = quando feto já tiver contaminado · Pirimetamina = 1mg/kg/dia VO DU por 2 a 6 meses · Sulfadiazina = 100mg/kg/dia VO de 12/12 RUBÉOLA CONGÊNITA · O risco de defeitos congênitos é maior quando a grávida adquire infecção primária durante o primeiro trimestre · Ocorrem defeitos congênitos em 90% dos RN infectados durante as primeiras 11 semanas de gestação · Mais de 50% assintomático Quadro Clínico · Deficiência auditiva (80-90%) · Retardo do crescimento intrauterino (50- 85%) · Manifestações cardíacas (30-40%) = a persistência de canal arterial e estenose pulmonar · Malformações oculares = Catarata geralmente bilateral, glaucoma (precoce ou tardio), retinopatia e microftalmia podem estar presentes · Microcefalia, meningoencefalite, tetraplegia espástica, retardo do desenvolvimento psicomotor. Diagnóstico · O diagnóstico da infecção materna requer a demonstração de anticorpos antirrubéola no sangue (mãe) · Sorologia + (IgM) no feto = diagnóstico · Todos os RN com suspeita de rubéola congênita deverão realizar hemograma, radiografia de ossos longos, ecocardiografia, exame de imagem do sistema nervoso central e avaliação audiométrica Tratamento · Não existe tratamento medicamentoso para a síndrome da rubéola congênita. Apenas a catarata e a cardiopatia são as manifestações clínicas passíveis de correção cirúrgica. · Prevenção = Vacina · Mulheres em idade fértil devem ser vacinadas · Crianças de 1 a 6 anos = tríplice viral CITOMEGALOVIROSE CONGÊNITA · Pertence ao grupo dos Herpes Vírus · Transmissãovertical (mãe-feto) · Infecção perinatal (leite ou secreções vaginas) · Entre crianças no berçário ou creche · Menor idade gestacional = menor probabilidade de transmissão para o feto, porém mais grave é a infecção · Normalmente ocorre após primeira infecção da mãe · Entre os RN afetados, somente 10% nascem com infecção sintomática; 90% desses apresentam sequelas e aproximadamente 10% evoluem para óbito · Não contraindica amamentação em RN a termo Quadro Clínico · Prematuridade · Hepatoesplenomegalia + icterícia + petéquia = quadro mais comum · Pneumonia, trombocitopenia, anemia · Hepatite, icterícia, sinais neurológicos (microcefalia e calcificações paraventriculares) · CIUR = Crescimento Intrautero Restrito Diagnóstico · Detecção de IgM positivo para CMV (materno) · PCR em líquido amniótico · PCR na urina de bebês ou saliva (mais específicos) Tratamento · Ganciclovir 12mg/kg/dia EV por seis semanas (reduz efeitos neurológicos) · Em casos leves não sintomáticos, não há terapia medicamentosa VARICELA CONGÊNITA · Infecção fetal se mãe for contaminada com menos de 20 semanas · O VVZ tem tropismo pelos nervos sensoriais, raízes lombossacras e cervicais, cérebro e olhos Quadro Clínico · Cicatrizes cutâneas correspondentes aos dermátomos acometidos. · Nervos sensoriais: lesões cutâneas cicatriciais; hipopigmentação. · Olhos: microftalmia, catarata, coriorretinite, atrofia óptica. · SNC: microcefalia, hidrocefalia, calcificações · Déficit motor e sensitivo, síndrome de Horner, disfunção esfinctérica anal e retal. Diagnóstico · A coleta de sangue de cordão ou biópsia de vilo coriônico para realização de técnicas de detecção de DNA · O diagnóstico após o nascimento é basicamente determinado pela história clínica de varicela na gravidez associada a manifestações clínicas típicas Tratamento · Como a lesão causada pelo vírus não progride no período pós-parto, não está indicado tratamento antiviral para pacientes com varicela congênita EXPOSIÇÃO PERINATAL AO HIV · Transmissão vertical durante o trabalho de parto/parto (75%) · Transmissão durante período intraútero ou no aleitamento · A carga viral elevada e a ruptura prolongada das membranas amnióticas são reconhecidas como os principais fatores associados à transmissão vertical do HIV. A carga viral nas secreções cervicovaginais e no leite materno têm se mostrado um importante determinante de risco de transmissão intraparto e pela amamentação Fatores que se relacionam com a patogênese da transmissão vertical do HIV · Fatores virais, tais como a carga viral, genótipo e fenótipo viral; · Fatores maternos, incluindo estado clínico e imunológico, presença de DST e outras coinfecções e o estado nutricional da mulher; tempo do uso de antirretrovirais na gestação · Fatores obstétricos, tais como a duração da ruptura das membranas amnióticas, a via de parto e a presença de hemorragia intraparto · Fatores inerentes ao recém-nascido, tais como prematuridade, baixo peso ao nascer Profilaxia da transmissão vertical pelo HIV · Escolha da via de parto · Parto vaginal: gestante em TARV adequada com CV indetectável sustentada, e caso não haja indicação de cesárea por outro motivo · Parto cesárea: gestantes com CV desconhecida ou CV > 1.000 cópias/ml após 34 semanas de gestação, marcar cesárea eletiva na 38ª semana · AZT (Zidovudina) injetável durante o trabalho de parto: · Indicado para prevenir a transmissão vertical do HIV. Deve ser mantido do início do trabalho de parto até o clampeamento do cordão umbilical. · Exceção: o AZT injetável não deverá ser feito para gestantes com CV indetectável após 34 semanas de gestação. ARV NO NEONATO · AZT (Zidovudina) · > 35 semanas de IG: 4 mg/kg/dose 12/12h. · 30-35 semanas de IG: 2 mg/kg/dose 12/12h (primeiros 14 dias) e 3 mg/kg/dose 12/12h (a partir do 15º dia). · < 30 semanas: 2 mg/kg/dose 12/12h. · Nevirapina · Três doses: 1ª dose (até 48 horas de vida); 2ª dose (48 horas após a primeira); 3ª dose (96 horas após a segunda) · > 2 kg de peso: 12 mg/dose. · 1,5-2 kg de peso: 8 mg/dose. · < 1,5 kg: NÃO USAR A NVP CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO · 1. Limpar secreções com sangue e proceder ao banho do neonato ainda na sala de parto. · 2. Quando necessária a aspiração de boca e narinas, proceder de modo gentil para evitar trauma de mucosa. · 3. Iniciar AZT xarope ainda na sala de parto para o neonato, ou até quatro horas após o nascimento. Não há evidências de que esta profilaxia seja eficaz se realizada após 48 horas do parto. · 4. Acrescentar Nevirapina (NVP) ao esquema de profilaxia para crianças cujas mães não fizeram antirretrovirais (ARV) na gestação ou para aquelas que não tem Carga Viral (CV) menor que 1.000 cópias/ml documentada no último trimestre de gestação. · 5. Alojamento conjunto para o binômio mãe-bebê. · 6. Contraindicar a amamentação e a amamentação cruzada. Os neonatos filhos de mães HIV positivas têm direito a receber Fórmula Infantil (FI) de partida até o 6º mês de vida. Alguns estados proporcionam a FI até 12 meses. Em determinadas situações especiais (ex.: neonatos prematuros ou baixo peso) o Ministério da Saúde autoriza a utilização de leite materno pasteurizado estocados em bancos de leite PROFILAXIA PRIMÁRIA CONTRA · Pneumocystis jiroveci · Quando iniciar? Todo lactente exposto verticalmente ao HIV após quatro a seis semanas do nascimento até quatro meses · Quando suspender? Após duas cargas virais negativas, geralmente após os quatro meses de vida · Como fazer? SMX-TMP 750 mg (SMX)/m2 / dia 12/12h, às 2ª, 4ª e 6ª feiras · CONJUNTIVITE NEONATAL · Chlamydia trachomatis: atualmente é o agente que mais comumente provoca conjuntivite no período neonatal segundo dados epidemiológicos americanos. O período de incubação é de 5 a 14 dias, após os quais surge a conjuntivite que varia desde quadros leves a graves, podendo ocorrer descarga purulenta copiosa · . −Neisseria gonorrhoeae: inicia-se entre dois a cinco dias após o nascimento, uni ou bilateral, com descarga serossanguinolenta inicialmente, evoluindo com quemose e descarga purulenta. Se não tratada evolui com ulceração de córnea e cegueira. A instilação preventiva do nitrato de prata 1% (Credé) após o nascimento reduz a incidência de conjuntivite gonocócica de 10% para 0,3%. · −Pseudomonas aeruginosa: causa rara de oftalmia neonatorum, geralmente adquirida intra-hospitalar. Apresenta um período de incubação de 5 a 18 dias, e inicia-se com edema, eritema, descarga purulenta, sepse, choque e óbito. · Diagnóstico diferencial com conjuntivite química: o nitrato de prata 1% pode causar uma conjuntivite química em até 20% dos casos, geralmente, com sinais e sintomas iniciados ainda nas 12 primeiras horas de vida e resolução completa em 48 horas. · Portanto, TODA CONJUNTIVITE QUE SE INICIA APÓS 48 HORAS, deve ser avaliada para a possibilidade de infecção. Deve-se colher swab conjuntival com coloração por Gram e Giemsa bem como para cultura Tratamento · Conjuntivite neonatal por clamídia: eritromicina 50 mg/kg/doa VO 6/6h por 14 dias além da irrigação ocular com salina fisiológica. · Conjuntivite neonatal por gonococo: ceftriaxone 50 mg/kg/dia uma dose IM ou cefotaxima 100 mg/kg/dia IV 12/12h por sete dias além da irrigação ocular com salina fisiológica. · Conjuntivite neonatal por pseudomonas: aminoglicosídeo parenteral + ocular, além da irrigação ocular com salina fisiológica
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