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@isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA Aspectos clínicos e histopatológicos da cárie dentária A cárie dentária vem de um processo onde tem a interação entre o biofilme bacteriano presente na superfície dos dentes do hospedeiro junto com o açúcar, ou seja, ela é uma doença biofilme açúcar depende. Para a formação da lesão de cárie é necessário o desequilíbrio de desmineralização e de remineralização. Com o restabelecimento desse equilíbrio, a perda mineral é interrompida promovendo a inativação ou paralização da lesão de cárie. Como saber se uma cárie está ativa ou inativa? Cárie ativa no esmalte: vai ter uma macha branca, vai ser rugosa e opaca. Cárie ativa na dentina: seu tecido vai ser amolecido com coloração marrom. Cárie inativa no esmalte: vai ter mancha branca, vai ser lisa, brilhante ou pigmentada. Cárie inativa na dentina: seu tecido vai ser duro e bem escurecido. Cárie em esmalte O esmalte é o tecido de maior dureza do corpo, apresenta em sua estrutura 95% de cristais de hidroxiapatita e 5% de água e proteínas. Quando ocorre a lesão de cárie no esmalte vai se formando algumas zonas, como: zona translúcida, zona escura, corpo da lesão e camada superficial. A lesão de cárie coronária inicia-se no esmalte e logo depois atinge a dentina. Os cristais de hidroxiapatita se encontram bem juntos, fazendo com que, o esmalte principalmente resista a grandes forças mastigatórias. Apesar da alta justaposição cristalina, esse tecido é permeável, ou seja, ocorre trocas iônicas entre o esmalte e o ambiente da cavidade bucal (saliva e biofilme), sendo a substância líquida intracristalina a condutora destas trocas. Incialmente a área de dissolução do esmalte é caracterizada pelo aumento da porosidade do tecido, formando uma área chamada de zona translúcida externa Características: A área apresenta profundidade de aproximadamente 20 a 100um; Nesse momento, a lesão não é evidenciada clinicamente; Na observação ultraestrutural, os cristais de hidroxiapatita diminuem de tamanho, aumentando os espaços entre eles, que são preenchidos por água e proteínas; Após duas semanas sem a remoção do biofilme, observam-se modificações estruturais no esmalte mais pronunciadas; @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA A erosão da superfície é caracterizada por microcavidades e porosidade aumentada. Uma lesão de subsuperfície apresenta-se mais pronunciada logo abaixo de uma camada superficial menor desorganizada. As alterações já podem ser evidenciadas clinicamente após a limpeza e secagem de superfície dental. Pequenas perdas de mineral são evidenciadas somente após a secagem da superfície do esmalte. A necessidade da secagem da superfície dentária se dá por um fenômeno óptico determinado pelos diferentes índices de refração das estruturas envolvidas. Índice de refração: Hidroxiapatita é de 1,62 Água é de 1,3 Ar é de 1,0 Quando a lesão é inicial, pequena quantidade de água permanece entre os cristais, e como o índice de refração da água é semelhante ao da HA, fica difícil detectar a área afetada, por isso é necessário fazer a secagem da superfície para substituir a água pelo ar, que possui o índice de refração diferenciado em relação ao do cristal de HA, só assim conseguimos ver a lesão. Com o desenvolvimento e aumento da lesão, continua aumentando a porosidade, tendo assim a camada superficial que vai estar um pouco mais mineralizada do que as outras zonas (porque ela é a zona que tem as trocas entre os íons). Características: Aproximadamente 3 a 9 um; Após 3 a 4 semanas sob o biofilme, o esmalte apresenta extensa perda mineral com evidencias clinicas e irregularidades na superfície; Os espaços intercristalinos apresentam-se mais alargados, determinando um aumento ainda maior da porosidade. Clinicamente, a lesão pode ser observada facilmente sem a necessidade da secagem. Na imagem abaixo se observa uma cárie não cavitada (furada), mas ativa, está opaca/ esbranquiçada e rugosa. A zona superficial, apesar de ser mais mineralizada e apresentar cristais com diâmetros maiores, está longe de ser intacta. Ela apresenta erosão em diferentes estágios de dissolução, mostrando-se porosa e frágil. @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA A medida que o acúmulo do biofilme continua acontecendo, os cristais vão diminuindo de tamanho, o espaço entre os cristais vão alargando e o tecido fica mais poroso, nesse momento já conseguimos ver a zona trasnlúcida. Com a continuação do processo de Des/remineralização, a zona translúcida vai se internalizando acabando por se constituir na zona mais interna da lesão. No decorrer desse processo, ocorre a formação de mais duas zonas: zona do corpo da lesão e zona escura. Todas essas zonas vão ter diferentes tamanhos de cristais e diferentes porosidades. 1. Superficial 2. Corpo da lesão 3. Escura 4. Translúcida Camadas que são associadas a remineralização: camadas superficiais e zona escura (cristais de maior diâmetro). Camadas que são associadas a desmineralização: corpo da lesão e zona translúcida (cristais de menor diâmetro). Nos primeiros estágios das alterações decorrentes da doença cárie no esmalte, já se observa os seus efeitos na dentina. Quando a agressão se da inicialmente na superfície do esmalte, o líquido que está entre os cristais (intercristalino) vai transmitir o dano ao tecido dentinário que responde prontamente. As primeiras reações observadas são: inflamação pulpar, esclerose da dentina e a formação de dentina teciária. Cárie em dentina Vai possuir quatro áreas: dentina desorganizada (a primeira dentina, aquela mais amolecida); infectada; afetada e esclerozada. Dentina desorganizada ou alomecida: é a primeira que removemos facilmente com a cureta, tem ascpecto úmido e amolecido. Dentina infectada ou cociácea: vai ser umida, menos amolecida e de aspecto borrachoide. Dentina afetada ou firme: um pouco mais resistente que as outras, também é amolecida e úmida. Dentina esclerosada ou dura: é endurecida de cor marron e não é removível. @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA Esquema de como a lesão de cárie atinge a dentina: Histologicamente, quando a cárie antinge a dentina: Os odontoplastos ficam cada vez em menor número, a zona de pré-dentina vai se reduzindo; A zona acelular bem definida na polpa dentária normal desaparece como resposta ao dano. Também se observa o aumento da proporção das proteínas, colágenos tipo I, fosfoforina e sialoproteína dentária; A sintetização ativa destes elementos está relacionada à formação de novo tecido dentinário com o objetivo de reparar o dano. Mesmo quando tem uma lesão de cárie na metade do esmalte e que não chegou ainda na dentina, essa dentina faz a esclerose ou oblietração dos túbulo dentinários para bloquear o dano a polpa, para que o dente não perda a vitalidade. Para que ocorra a esclerose, é necessário que existam odontoblastos vitais. Por vezes, a doença se mostra tão agressiva e progride com intensidade e rapidez, que acaba provocando a morte do odontoblasto, impedindo assim a esclerose dentinária. Outra reação que pode ter na dentina é a formação da dentina terciária que é semelhante a dentina original, ou seja, essa formação se da por conta que a lesão alcança a junção amelodentinária e ocorre a desmineralização da dentinta. Histologicamente, na dentina possui três zonas, do interior para a superfície podemos observar: Zona de desmineralização produnfa (DP); Zona de desmineralização superficial (DS); Zonza de destruição e desorganização total ou também chamada de Zona de peptonização,mais externamente (P). Zona de destruição total: é a mais fácil de ser observada. É um material organico amorfo eosinófilo sem organização nenhuma, apresenta- se solto sem estar preso a estrutura, ela facilmente é removida e degradada. Mesmo com a conformação dos túbulos dentinários, os microrganismos conseguem entrar. @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA Camada de desmineralização (DS): É a de mais fácil detectção, e possui os túbulos dentinário com o maior diâmetro. Camada de desmineralização profunda (DP): é mais proximo da dentina sadia e é mais semelhante a ela também. Quando as variáveis são controladas o processo de perda mineral (cárie) vai inativar. Essa inativação promove o desgaste da camada porosa superficial e consequentemente um polimento do tecido afetado tentando resgatar uma camada interna de esmalte com maior resistencia, menor porosidade e reposição mineral. Esses dois processos, polimento e ganho mineral, ocorrem simultaneamente. Na presença do flúor, a reposição mineral ganha qualidade na formação de um novo cristal mais resistente a dissolução ácida, a fluorapatita. Essas lesões de cárie assume características diferentes, dependendo da superfície que ela atinge, como: superfície oclusal e radicular. Lesões oclusais: são as mais prevalentes por conta da sua antomia dental, ou seja, possui fóssulas e fissuras estreitas que impede o controle do biofilme, levando ao desenvolvimento da doença. Antigamente acreditavam que 99% das superfícies oclusais iriam necessariamente cariar. Os pesquisadores da época propuseram a trasnformação das fissuras em sulcos e fazer restaurações preventivas. Depois foi visto que essa forma de controlar a cárie era ineficaz. Hoje em dia é aplicado selantes de fóssula e fissuras, impedindo que os microrganismos fiquem aderidos na superfície. Histologicamente, na lesão oclusal mostra-se como duas lesões semelhantes, com o progresso dessa lesão, essas duas se unem formando uma só lesão. Além da retenção natural de biofilme que a anatomia da superfície oclusal oferece, existe uma constatação de que o período eruptivo se torna ainda mais crítico para a prevalência da doença, por isso as crianças são as que mais sofrem. Isso acontece porque quando o dente está erupcionando ele ainda não está em correta oclusão, sendo mais difícil para fazer a higienização dos dentes. Lesões radiculares: ocorre quando tem a retração da gengiva, seja ela por um trauma, doença periodontal ou pelo processo fisiológico do @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA envelhecimento, consequentemente expondo a porção radicular. Inicialmente essa lesão ocorre no cemento, progredindo rapidamente para a dentina. As diferenças na resposta ao dano da superfície oclusal da superfície radicular são diversas, uma vez que o cemento é um tecido com menor espessura e conteúdo mineral do que o esmalte. A porção dental adjacente à margem gengival já́ é por si só uma área de estagnação de biofilme, seja esta superfície dental recoberta por esmalte ou por cemento. Quando ocorre a exposição da raiz, também expõe algumas fibras de Shapey que garantia a sustentação desse dente e os microrganismos vão começar a penetrar na raiz. A lesão em seus primeiros estágios clínicos apresenta-se como pequenas áreas amareladas ou marrom claro e bem definidas. Ela pode ser única ou subdividida em várias pequenas lesões. Características clínicas A cárie pode ser classificada: Quanto a localização; Quanto ao sítio anatômico; Quanto a presença de cavidade; Quanto ao tecido envolvido; Quanto a atividade; Quanto a presença ou não de restauração prévia na superfície dentária. Quanto a localização Podemos ter uma cárie coronário (na coroa) e uma cárie radicular (na raiz). As cáries radiculares tem uma expansão de forma mais lateral do que de profundidade, ou seja, elas são largas e rasas. Quanto ao sítio anatômico Vai depender da superfície, como: Cárie de sulcos, fóssulas e fissuras: são localizadas nas superfícies oclusais de molares, pré-molares e nos sulcos das superfícies linguais dos dentes anteriores. Cárie de superfície lisa: localizadas no terço cervical das superfícies vestibulares e linguais dos dentes. @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA Cárie interproximal: localizadas nas superfícies proximais dos dentes, abaixo do plano oclusal e é de difícil acesso. Quanto ao tecido envolvido Pode ser cárie que se limita ao esmalte; uma cárie que já atingiu a dentina e cárie em cemento ou radicular. Quanto a atividade Podem estar ativas ou inativas Ativas: desenvolvimento rápido, frequentemente coberta por placa, esmalte de aspecto branco e opaco, dentina com coloração amarelada ou marrom clara e consistência amolecida. Quando está bem ativa vai ter a presença de gengivite e acúmulo de placa. Inativa: evolução lenta, superfície lisa e brilhante, coloração marrom escura ou preta e vai estar bem dura. Quando o paciente já vai controlando a lesão, vai ter um aspecto brilhante e pigmentado é a gengiva vai estar saudável. Quanto a presença ou não de restaurações Cárie primária: que tem início nas cicatrículas, fissuras e superfícies lisas do dente hígido. Cárie secundária: recidivantes ou recorrentes, detectadas ao redor das margens das restaurações.
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