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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA FEDERAL DE FLORIANÓPOLIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA JOÃO, brasileiro, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n. ..., inscrito no CPF/MF n. xxxxxx, portador do título de eleitor n. xxxxxx, residente e domiciliado xxxxxx, nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritório à rua xxxxxxx, endereço para onde devem ser remetidas notificações e intimações conforme estabelece o art. 39, I, do CPC, vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro nos termos do art. 5º, LXXIII, da Constituição Federal e da Lei nº. 4.717/65, ajuizar a presente AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR Em face de ato praticado pelo senhor SENADOR DA REPÚBLICA, com domicílio profissional no xxxxxxxxxxxxx, com base nas razões de fato e de direito a seguir apresentadas. 1- DOS FATOS João, nascido e domiciliado na cidade de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, indignou-se ao saber, em abril de 2009, por meio da imprensa, que o senador que merecera seu voto nas últimas eleições havia determinado a reforma total de seu gabinete, orçada em mais de R$ 1.000.000,00, a qual seria custeada pelo Senado Federal. A referida reforma incluía aquecimento e resfriamento com controle individualizado para o ambiente e instalação de ambiente físico para projeção de filmes em DVD, melhorias que João considera suntuosas, incompatíveis com a realidade brasileira. O senador declarara, em entrevistas, que os gastos com a reforma seriam necessários para a manutenção da representação adequada ao cargo que exerce. Tendo tomado conhecimento de que o processo de licitação já se encerrara e que a obra não havia sido iniciada, João, temendo que nenhum ente público tomasse qualquer atitude para impedir o início da referida reforma, dirigiu-se a uma Delegacia de Polícia Civil, onde foi orientado a que procurasse a Polícia Federal. 2 - DO DIREITO A presente Ação Popular possui natureza civil, que dá direito a todos os cidadãos para a impugnação e a anulação de atos administrativos comissivos e omissivos que sejam lesivos ao patrimônio público em geral, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, com a condenação dos administradores, dos agentes administrativos e, também, dos beneficiados pelos atos lesivos ao ressarcimento dos cofres públicos, em prol da pessoa jurídica lesada, conforme consta no art. 5º, LXXIII, da Constituição Federal: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;” Desta forma, para ser legitimado ativo da ação popular segundo o artigo citado acima, em concordância com o art. 1º da Lei n. 4.717/65: “Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.” Além disso, para que a Ação Popular seja proposta, há ainda que se levar em conta os requisitos legais previstos no art. 2º da Lei n. 4.717/65, que são nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: (...) b) vício de forma; (...) e) desvio de finalidade. Cabe lembrar que houve lesão ao patrimônio público, pois foi utilizado dinheiro do Senado Federal para beneficiar um agente político em suas pretensões pessoais, para a melhoria do seu próprio gabinete, o que de forma expressa é vedado pela Constituição, nos termos do art. 37, caput, já que a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Houve portanto, expressa violação ao princípio da moralidade, uma vez que o dinheiro público e a máquina pública foram gastos para atender fins pessoais. 3 - DA MEDIDA LIMINAR Conforme estabelece o art. 5º, § 4º, da Lei n. 4.717/65, na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado. Observa-se que, no caso em tela, a situação atenta contra a moralidade administrativa, princípio expresso no caput do art. 37 da Constituição Federal, o que demonstra inequivocamente o fumus boni iuris. Já o periculum in mora faz-se presente, visto que o processo licitatório já se encerrou. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao46.htm#art141%C2%A738 Embora as obras ainda não tenham se iniciado, necessário se faz evitar que os gastos sejam efetuados, tendo em vista a enorme dificuldade de reembolso ou ressarcimento por parte do Político. Assim, presentes os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, é cabível e necessária a concessão da liminar. 4- DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer o impetrante que Vossa Excelência: a) conceda a medida liminar para suspender imediatamente o contrato de reforma do gabinete do senador, bem como a sustação de qualquer ato que digne a pagar tais despesas com recursos públicos. b) cite o impetrado, para que responda à presente ação no prazo legal; c) intime o representante do Ministério Público Federal para intervir no feito até o final, nos termos do art. 7º, I, a, da Lei n. 4.717/65; d) ao final julgue procedente o pedido, confirme a liminar e determine a anulação do contrato firmado para reforma do gabinete do senador, com base nos arts. 3º e 4º da Lei n. 4.717/65. e) pretende-se produzir todos os meios de prova em direito admitidos, principalmente a prova documental, prova testemunhal e pericial. Dá-se à causa, o valor de R$ R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais). Nesses termos, Pede deferimento. Local e data Advogado OAB xxx/xx
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