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Aparente Conflito entre Normas Penais

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APARENTE CONFLITO ENTRE NORMAS PENAIS:
CONCEITO: Situações nas quais duas ou mais normas concorrem para ser aplicadas sobre o mesmo fato.
PRINCÍPIOS:
ESPECIALIDADE – uma norma especial prevalece sobre uma geral. Ex. art. 121 (homicídio) matar alguém vs. 123: Art. 123 (infanticídio) Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após; Ex. 155 (furto). Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel vs. 157 (roubo). Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa
SUBSIDIARIEDADE – é quando uma norma está contida dentro da outra, constituindo uma parte da norma mais gravosa. Nesse caso aplica-se a norma mais gravosa com algum agravante. Ex. crime de dano (art. 163) vs. crime de furto com agravante de rompimento de obstáculo (art. 155 § 4º): o furto incorpora o crime de dano, assim a pena é sobre um único crime, ainda de agravado. Ex. roubo, homicídio em vista do crime de latrocínio. 
ALTERNATIVIDADE – diz respeito aos crimes de ação múltipla. Ou seja, quando a norma descreve duas ou mais formas da prática da conduta típica, o agente cometerá o crime, independentemente de praticar uma ou várias de suas ações.
Obs.: tipo misto alternativo e tipo misto cumulativo: retomada do princípio. Normas penais com dois ou mais verbos não interessa se o agente pratica, só uma ou todos, ele incide sobre aquele mesmo crime. 
Ex. Lei antidrogas: “Art. 33.  Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: qualquer das condutas praticadas há incidência no mesmo crime. 
CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO – o crime fim absorve o crime meio. O agente responde pelo crime fim quando se utiliza de um crime meio. O crime de dano absorve o crime de perigo. Só se aplica a crimes dolosos e é imprescindível que o “crime meio” seja uma etapa na consumação do “crime fim” (diferença em relação ao princípio da subsidiariedade) Ex. João quer comprar uma BMW, não tem dinheiro então, falsifica os documentos do Leandro, que tem dinheiro e faço a compra: desde o início a intensão da conduta é comprar o carro, assim o crime fim é o objetivo do agente desde o princípio, portanto o agente responde somente pelo crime fim, considerando os crimes ao longo do processo como “atos preparatórios” (crimes meios). No exemplo, João responderia exclusivamente pelo crime de estelionato ignorando-se a prática de falsificação. Ex. o prefeito faz um convênio para empréstimos consignados com o Banco, falsifica cheques de funcionários fantasmas. O Banco autentica o cheque e encaminha o dinheiro para a conta falsa (art. 299: falsidade ideológica vs. art. 171 de estelionato: um a cinco e art. 297: falsificação de documento público: dois a seis anos). Ex. quando ocorre um estupro e em razão do estupro ocorre a morte, o crime fim: estupro absorve o crime meio: homicídio (responde pelo estupro com o respectivo agravante).
OBS. Alguns falam que o crime fim tem que ser o mais grave isso não é verdade. Não precisam ser crimes de mesma espécie (ou seja, podem estar inseridos em artigos diferentes). 
OBS. O crime de dano absorve o crime de perigo: ex. porte de arma vs. homicídio. 
Conduta fim e pergunta: os crimes eram uma etapa necessária. Se não eles são aplicados de forma autônoma (concurso impunível). 
PÓS FATO IMPUNÍVEL – é quando a conduta posterior é um mero desdobramento da conduta anterior. Ex. Receptação (art.180) como desdobramento natural do furto (também se vincula ao dolo do agente). Ex. crime de falsificação de moeda e a inserção de moeda falsa no mercado, consequência natural. Nesse caso se responde pelo crime originário, como a falsificação e o furto (análise da conduta típica inicial e consequência NECESSÁRIA daquela conduta).
CONTAGEM DE PRAZO NO DP: O prazo de direito material engloba o dia em que o fato ocorreu (Ex. o prazo de representação da vítima, que pode ir no mesmo dia da ocorrência, para crimes como a ameaça: contando-se o limite de seis meses a partir do mesmo dia). Prazo de direito processual (formal) não contabiliza o dia do ato, começa a contar do dia seguinte e inclui o dia final (Ex. prazo para interpor recurso).

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