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BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE • É uma doença crônica transmissível, na qual os pulmões constituem o alvo primário, embora qualquer órgão possa ser infectado (tuberculose extrapulmonar) • É causada principalmente pelo Mycobacterium tuberculosis (Bacilo de Koch), um bacilo delgado que se organiza em forma de contas o Há outras 6 espécies causadoras da tuberculose; M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae o A transmissão também pode ocorrer por desbridamentos de lesões e troca de curativos • O grupo de alto risco inclui crianças de até 4 anos, idosos enfermos, receptores de transplantes de órgãos, indivíduos privados de liberdade, pessoas desnutridas, pacientes quimioterápicos e imunocomprometidos, principalmente os infectados pelo HIV ou portadores de AIDS, e imigrantes de regiões do mundo onde a doença é endêmica o Africanos, índios norte-americanos e esquimós são especialmente suscetíveis Epidemiologia • É uma das doenças bacterianas mais importantes em seres humanos, sendo umas das 10 principais causas de morte no mundo, matando cerca de 3mi de pessoas/ano; o Brasil ainda permanece entre os 20 países que mais apresentam casos da doença e, nos EUA, a incidência anual é de 12:100.000 • Em 2015, estima-se que 10,4 milhões de pessoas desenvolveram a Tuberculose, e 1,4 milhões mortos pela doença; porém, nesse mesmo ano, só foram notificados 6,1 milhões de casos – subnotificação • No Brasil, a incidência, prevalência e mortalidade se dá de forma heterogênea, demonstrando que existem fatores de vulnerabilidade e que os determinantes sociais influenciam fortemente os agravos da TB, apresentando uma relação direta com a pobreza e a exclusão social o O estado com maior incidência é o Amazonas, e o de maior mortalidade é o Rio de Janeiro, sendo a população negra a mais afetada (57,5%), havendo um destaque para os presidiários (1.000:100.000) o De acordo com a nova classificação da OMS 2016 – 2020, o Brasil ocupa a 20° posição na lista dos trinta países prioritários e a 19° na lista dos trinta países prioritários para TB-HIV; é responsável por 35% dos casos na região das Américas, com maior incidência e prevalência no sexo masculino e em menores de 15 anos • O Brasil está dentre os 30 países de alta carga para a TB e TB-HIV, sendo definido como um dos principais países com prioridade pra o tratamento o A cada ano ocorrem cerca de 73 mil novos casos, 10% deles com TB-HIV e, em média, 4 mil óbitos Transmissão • A transmissão ocorre entre os seres humanos por gotículas em aerossóis (transmissão aerógena) produzidas pela tosse/fala/espirro de um doente com TB ativa pulmonar ou laríngea que, geralmente, é positivo para o exame do escarro, sendo estes os maiores transmissores o As gotículas leves exaladas no meio externo (Gotículas de Flugge), rapidamente tornam-se secas e transformam-se partículas menores, que são os núcleos de Wells contendo de 1 – 2 bacilos, que podem se manter em suspensão no ar por horas, capazes de alcançar os alvéolos, onde irão se multiplicar e formar a primo-infecção o As partículas médias e pesadas ficam retidas no trato respiratório superior e são removidas por meio do fluxo mucociliar, sendo digeridas pelo suco gástrico e, consequentemente, inativadas ▪ Bacilos que se depositam em roupas, lençóis e copos dificilmente se dispersarão em aerossóis BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE Micobactérias • As micobactérias são bactérias aeróbicas facultativas em forma de bastonete que não formam esporos e se diferenciam das demais por reterem fucsina básica em sua parede celular, mesmo na presença de álcool e ácido – daí a denominação de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) • O seu crescimento ocorre de forma lenta (18 – 24h), levando semanas para formar colônias visíveis em meio sintético, demonstrando ser fracas como gram- positivas e não possuem cápsula • A principal fonte de detecção é através do escarro • Apesar de não serem facilmente coradas, resistem à descoloração por ácido ou álcool e, por isso, são denominados bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR), devido ao seu alto teor lipídico da parede celular composta pelo ácido micólico o A técnica de aquecimento Ziehl-Neelsen de coloração (fucsina > primeira lavação de esfregaço com a água > álcool-ácido > azul de metileno > segunda lavação do esfregaço com água) é empregada na identificação dessas bactérias o A parede celular rica em lipídios torna a micobactéria pouco permeável a maioria dos antibióticos, facilitando a sobrevida o Pode formar ‘’cordas’’ ou aglutinar em cultura líquida • Os ácidos micólicos consistem em um fator importante na patogenicidade das micobactérias, pois estimulam fortemente uma resposta inflamatória no hospedeiro o Mycobacterium tuberculosis: provoca a tuberculose o Mycobacterium leprae: causa a hanseníase Fisiopatologia • A doença se dá, principalmente, pela resposta do hospedeiro à infecção, e se caracteriza por inflamação e destruição tissular pela resposta imunológica do hospedeiro i. A M. tuberculosis é um patógeno intracelular, capaz de estabelecer infecções que duram a vida toda; no momento da exposição, a micobactéria entra pelas vias aéreas respiratórias e partículas infecciosas penetram nos alvéolos, onde serão fagocitadas pelos macrófagos alveolares na tentativa de uma inativação ii. A M. tuberculosis evita a fusão do fagossoma com o lisossoma, impedindo a sua eliminação e bloqueando a sua destruição, continuando a se multiplicar no interior dos lisossomos dos macrófagos iii. Na tentativa de eliminar a bactéria, um macrófago secreta principalmente as citocinas IL-12 e TNF-alfa (também há liberação de IL-6, IL-8 e quimiocinas), que irão aumentar a inflamação local por meio do recrutamento de células imunológicas, principalmente Th1(age contra patógenos intracelulares) iv. Produção de IFN-gama pelas Th1, ativando células NK e TCD8, induzindo a apoptose de células infectadas BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE v. Intensa proliferação bacilar com início de um processo de necrose – sem sucesso na inativação, inicia-se um processo de proliferação livre no interior dos macrófagos vi. Após um acúmulo, há a lise da célula, liberando cerca de 100mil bacilos livres para a invasão de outros macrófagos; cada vez mais células imunológicas vão se aglomerando ao redor da bactéria e as citocinas liberadas não vão apenas para atrair novas células, mas também para afetar o tecido pulmonar ao liberar TNF-alfa, desenvolvendo um pequeno foco pneumônico, imperceptível na radiografia, devido a uma resposta imunológica exacerbada, na tentativa de eliminar a bactéria vii. Sendo assim, as micobactérias intracelulares são circundadas por uma parede TCD4, CD8, NK e macrófagos, originando o granuloma, formada por camadas de células, sendo a última composta por fibroblastos, gerando fibrose das células e, por último, calcificação viii. Os bacilos serão drenados para os linfonodos hilares e mediastinais, onde irão atingir a corrente sanguínea e se disseminar por vários órgãos [disseminação linfo-hematogênica] Surgimento da imunidade • Após 2 – 10 semanas a imunidade celular específica se desenvolve por meio da proliferação de linfócitos T Helper CD4+ específicos contra os bacilos, que tem como a principal função a ativação de macrófagos pela liberação de interleucinas decorrentes do aumento do citoplasma e da capacidade bactericida, que permite o acúmulo dessas células ao redor do foco primário e nos focos de disseminação e hematogênicos • Além das TCD4, os principais mecanismos de escape do M. tuberculosis envolvema produção de moléculas como o ESAT-6 capaz de inibir a produção de IL-12 e IFN-y o O acúmulo de IFN-y por linfócitos Th1 no pulmão, consequentemente gera uma parada do crescimento bacteriano dentro de 20 dias o Pacientes com mutação recessiva de genes para receptores ligantes de IFN-y, a subunidade IL12p40 e a cadeia beta-1 do receptor de IL-12, e os portadores de SIDA adoecem gravemente quando infectados pelo Mtb, pois são incapazes de sintetizar IFN-gama e outras citocinas Th1, o que impede a formação do granuloma para conter o parasito, com a formação de lesão difusa e necrótica, não se restringindo o crescimento do Mtb ao sítio da infecção Processo de cronificação da tuberculose • A infecção crônica caracteriza-se pela formação dos granulomas, caracterizado como uma reação inflamatória de hipersensibilidade tipo 4 • É mais comum em idosos • Ocorre quando há presença dos neutrófilos, em vez apenas dos macrófagos BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE i. Mais células do sistema imune, como as células dendríticas e as NK, agem contra as micobactérias ou contra células infectadas ii. As micobactérias ficarão ‘’presas’’ dentro de granulomas iii. Ao redor dos granulomas começa a formação de um agrupamento de macrófagos e de outras células, formando células ‘’gigantes’’ – caracteriza a cronicidade iv. Os granulomas alteram seu processo metabólico para anaeróbico, a partir do uso de reservas lipídicas ou nitrogenadas v. Os granulomas se rompem e liberam bacilos, revertendo a infecção latente para ativa vi. Pacientes com menor produção de IFN-gama têm um maior comprometimento pulmonar o O granuloma pode conter, em seu interior, células gigantes de Langerhans resultantes da fusão de macrófagos ativados o Na TB, existe um tipo específico de granuloma em que há uma necrose sólida caseosa no centro da reação, o granuloma caseoso [a ‘’aparência’’ caseosa é decorrente da lise de lipídios da parede celular do bacilo] ▪ Quando a carga de bacilos é grande, o granuloma caseoso tende a ser maior, porém não é essa característica que este irá conter o processo infeccioso, podendo ocorrer do granuloma ficar na tentativa de eliminar o bacilo, sem sucesso, formando os focos progressivos ▪ No granuloma caseoso os bacilos se proliferam com dificuldade pela escassez de O2; quando o cáseo é mantido, há chances de liquefação da necrose caseosa – os produtos da degradação aumentam a osmolaridade da região, permitindo a infiltração da água e, consequentemente, estabelecendo um meio de cultura para os bacilos o Se esta liquefação atinge um brônquio, pode permitir a comunicação granuloma caseoso – ar, rico em O2, formando uma caverna tuberculosa que despeja o material liquefeito rico em bacilo para os brônquios favorecendo a contaminação Fatores determinantes na infecção • Os fatores endógenos como a lesão, carga bacilar, virulência, hipersensibilidade, o tempo decorrido desde a infecção e a imunidade contribuem para o risco de adoecimento, que representa a progressão da infecção ativa, representando a nidação de um foco com microrganismos que podem ou não causar dano tecidual o Condições ambientais: as partículas dispersas no ar podem ser diluídas se estiverem em ambientes ao ar livre, onde costumam ser inativadas pela luz ultravioleta – o risco e transmissão é maior em ambientes fechados e pouco luminosos o Intensidade e frequência do contato: quanto maior o inócuo de bacilos e menor a resposta imunológica, maior a infecção (não a doença); contatos esporádicos raramente são infectantes, sendo os cotidianos e os domiciliares responsáveis pela transmissão ▪ Maior inócuo inalado pelo contactante: quantidade de bacilos expelidos pela fonte, tempo e proximidade do contato, condições ambientais ▪ Menor resistência natural do contactante: aspectos genéticos, doenças debilitantes ou imunodepressoras o Concentração de bacilos expelidos pela fonte: apenas os indivíduos com a doença desenvolvida podem eliminar os bacilos e transmiti-los; os paucibacilíferos (formas não cavitarias) possuem baciloscopia de escarro negativa, mas cultura positiva ▪ As crianças com tuberculose pulmonar não são baculíferas, então não participam da cadeia de transmissão; é mais indicado procurar o adulto fonte • Imunidade: a infecção depende do estado imunológico do paciente, podendo ocorrer em 3 situações a. Eliminação do agente pela resposta imune do hospedeiro – indivíduo não infectado b. Apresentação típica da tuberculose quando o sistema imune do hospedeiro não consegue controlar a replicação do bacilo; a doença se desenvolve após a infecção, apresentando sinais e sintomas – tuberculose ativo c. Há infecção pela bactéria, mas não há expressão de sintomatologia pois há contenção do bacilo em granuloma, de forma latente, pelo sistema imune do hospedeiro – tuberculose latente ▪ Os bacilos podem sair dos granulomas para voltarem às replicações – tuberculose ativa • Fatores exógenos: duração do contato com a fonte, tipo de ambiente compartilhado, grau de infectividade do caso fonte BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE Patologia • São 3 os tipos de lesão parenquimatosa na tuberculose, a proliferativa, a exsudativa e a mista o Proliferativa: formação de granulomas caseosos bem delimitados por uma cápsula fibrosa, contendo a infecção ao local dos focos o Exsudativa: caracteriza uma pneumonia tuberculosa; a resposta exsudativa costuma ocorrer nos focos de disseminação broncogênica, em alvéolos preenchidos por macrófagos e neutrófilos em meio a necrose caseosa – quanto maior o inócuo, maiores as chances de bacilos residuais nos granulomas o Mista: os dois tipos de lesão em diferentes áreas do pulmão Tipos de tuberculose Síndrome da tuberculose • A doença se desenvolve em apenas 10% dos indivíduos infectados, sendo que em 5% dos casos a primo- infecção evolui para a tuberculose primária ocorrendo em até 3 anos após a infecção – forma clássica em crianças, e os outros 5% se desenvolvem depois de 3 anos da primo-infecção, evoluindo para a tuberculose pós-primária, podendo ser resultante de uma reativação do foco latente ou de uma reinfecção – forma clássica em > 15 anos de idade Tuberculose pulmonar • Representa 90% dos casos • A via de transmissão é prioritariamente por via aérea • O período de incubação dura entre 4 – 12 semanas • A patogênese é caracterizada por tosse produtiva, com ou sem hemoptise há mais de 3 semanas (inicialmente pode ser seca), dor torácica, comprometimento do estado geral, febre baixa vespertina com sudorese, emagrecimento, aumento dos linfonodos Complexo primário Pulmonar – Complexo de Ranke • Ocorre após a inalação de partículas infectantes do BAAR (bacilo álcool- ácido resistente), denominado complexo primário pulmonar, caracterizado por uma pequena área de consolidação inflamatória formada após a replicação da micobactérias nos alvéolos, constituída por um granuloma parenquimatoso periférico, frequentemente nos lobos inferiores e no lobo médio do pulmão direito, circunscrito, comumente com 1 – 2cm de diâmetro, e que contém necrose central, chamado de nódulo de Ghon. Há uma disseminação linfática regional, seguida de distribuição hematogênica o A resolução do foco de Ghon (lesão primária) resulta em uma lesão calcificada o Se essa lesão estiver associada a linfadenopatia mediastinal, é denominada complexo de Ghon Tuberculose primária • Costuma ocorrer pouco tempo após a formação do complexo primário, dentro de 2 – 3 anos após a primo- infecção • Geralmente ocorre em crianças < 5 anos, adolescentes ou adultos jovens, uma vez que a resposta imunológica dos linfonodos hilares e mediastinais é exacerbada, podendo evoluirpara a compressão brônquica, cursando com atelectasias • A febre é um achado frequente durando, em média, 14 – 21 dias podendo atingir 2 – 3 meses, acompanhado de tosse produtiva, geralmente seca (muitas vezes confundida com uma gripe fraca, embora não apresente coriza, cefaleia), perda ponderal e dor pleurítica sugestiva para pleurite tuberculosa • No decorrer da infecção primária o individuo desenvolve hipersensibilidade, que se torna evidente pelo aparecimento da reação positiva à tuberculina; o PPD é alcançado por fracionamento químico da tuberculina envelhecida, concentrado de caldo em que os bacilos da tuberculose se desenvolvem no período de 6 semanas para medir a resposta imune e celular a estes antígenos BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE o Em mais de 90% dos adultos normais, a infecção tuberculosa é autolimitada, pois o hospedeiro, imunologicamente, conterá a infecção através das: a. Células T: quando sensibilizadas, secretam interferon-gama, que irá ativar os macrófagos para destruir as micobactérias b. Células T destruidoras: quando sensibilizadas, destroem os macrófagos infectados o Se alguns macrófagos infectados persistem, são circundados por tecido fibroso e contidos o Quando o n° de microrganismos é alto, uma reação de hipersensibilidade produz necrose tissular com consistência caseosa característica • Achados radiológicos: na fase de primo-infecção, pode-se observar opacidade parenquimatosa (nódulo de Ghon ou consolidações), adenopatia hilar ipsilateral ao foco primário unilateral o Esses achados podem desaparecer em 6 meses – 1 ano, deixando uma cicatriz (tuberculoma) visto no raio-x • Possíveis complicações incluem atelectasias por compressão hilar, principalmente no lobo direito, pneumonia tuberculosa devido a ruptura para o brônquio e evolução para a forma linfo-hematogênica (miliar) mais comum em menos de 2 anos, podendo evoluir para a TB progressiva Tuberculose primária progressiva • Em hospedeiros imunologicamente incompetentes, os granulomas são mal formados e a infecção progride para linfonodos regionais, ou se disseminam para múltiplos locais, evoluindo para uma grande inflamação granulomatosa e exsudativa, causando pneumonia tuberculosa o Também ocorre em pacientes com grande inócuo Tuberculose secundária – Cavitária (Reativação) • Decorre da proliferação de M. tuberculosis em um indivíduo previamente infectado há anos ou décadas [PPD – purified protein derivative – positivo], na maioria das vezes de forma assintomática; representa a reativação ou a reinfecção, e ocorre geralmente em jovens entre 15 anos e adultos • Caracteriza-se por múltiplos granulomas e extensa necrose tecidual, mais comum nos lobos superiores, mas que podem afetar qualquer parte do pulmão o Cerca de 50% dos casos de reativação estão restritos somente aos pulmões, acometendo principalmente o segmento posterior dos lobos superiores e o segmento superior dos lobos inferiores; maior tensão de oxigênio e menor drenagem linfática ▪ Quando se inicia a disseminação broncogênica, os bacilos podem atingir qualquer lobo ou segmento pulmonar, causando novos infiltrados o Essas lesões podem sofrer cura e calcificação, ou podem sofrer erosão até um brônquio adjacente, provocando uma cavidade tuberculosa, composta de nódulos necróticos macios, envolvidos por uma membrana interna delgada acinzentada, uma zona média de tecido de granulação e uma borda colagenosa mais externa o O material caseoso contém macrófagos repletos de bacilos acidorresistentes o Se a cavidade estabelecer comunicação com os brônquios, o material infeccioso dissemina-se para as vias respiratórias e o interior do pulmão • O quadro clínico é considerado oligossintomático, sendo a principal queixa a tosse crônica, seca, mucoide, com expectoração purulenta e hemoptoica, associada a perda de peso, febre vespertina e sudorese noturna o Os exames laboratoriais podem revelar leve anemia normocítica e normocrômica e um aumento na velocidade de hemossedimentação, sugestivo para um processo inflamatório na corrente sanguínea o A resposta que se segue acarreta na produção de cavidades tuberculosas contendo material caseoso e repleto de micobactérias, que podem permanecer confinadas no pulmão ou se disseminar para outros órgãos • Como o paciente é multibacilífero e dificilmente procura um médico por esses sintomas, quando busca já se encontra em fases avançadas e, provavelmente, já contaminou outros indivíduos; quando não tratada, pode ser uma doença debilitante e, por vezes, fatal; as complicações incluem: o Tuberculose miliar: múltiplos granulomas minúsculos em muitos órgãos BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE o Hemoptise: causada pela erosão de pequenas artérias pulmonares o Fístula broncopleural: ocorre quando uma cavidade subpleural rompe-se no espaço pleural o Laringite tuberculosa o Tuberculose intestinal: pode suceder a deglutição de material infeccioso o Aspergiloma: massa fúngica causada por superinfecção por Aspergillus • Em geral, a fonte das bactérias são microrganismos liberados de granulomas antigos e, entre as principais causas do ressurgismo, estão a migração para áreas endêmicas, habitações superlotadas e mal ventiladas, falhas nos programas de controle e tratamento e epidemia de AIDS Tuberculose extrapulmonar - Miliar • Mais comum em crianças < 2 anos não vacinadas ou imunocomprometidos moderado-grave [ocorre mais comumente a disseminação para qualquer outro local por má formação ou não formação do granuloma], e em idosos nos quais as manifestações clínicas são menus exuberantes, a não ser pela presença de febre e adinamia (grande fraqueza muscular) • Na fase de primo-infecção, a disseminação linfo-hematogênica não é contida, o que continua a lançar bacilos no sangue, sendo as meninges e o interstício pulmonar mais afetados, além do fígado, baço, linfonodos • A resistência e a hipersensibilidade do hospedeiro influenciam fortemente o desenvolvimento da doença e o tipo de lesões observadas • Não é contagiosa • A patogênese é caracterizada de acordo com o órgão afetado e, não necessariamente, apresenta sintomas pulmonares, como na tuberculose gastrointestinal, caracterizada por um quadro de dor abdominal e diarreia, ou a tuberculose renal, caracterizada por disúria, hematúria e piuria o É obrigatoriamente aeróbica, sendo assim, se dissemina para órgãos altamente irrigados o O HIV+ com tuberculose deve ser internado o quão antes por haver uma queda natural do TCD4 [a manifestação varia de acordo com o grau de comprometimento de TCD4], que também compõe o granuloma ▪ Grau de comprometimento de TCD4: ▪ 350 – 500/mm³: a TB tem padrão cavitário (TB pós-primária) ▪ < 350/mm³: a TB tem padrão exsudativo ▪ Se imunossupressão extrema, é uma reação inflamatória extensa e inespecífica Tuberculose pós-primária • Desenvolvimento da tuberculose em pacientes infectados há mais de 3 anos, seja por reativação ou por reinfecção • É a forma crônica, típica em indivíduos entre 15 – 40 anos que já tenham o derivado proteico da Mycobacterium tuberculosis há mais tempo • Os focos granulomatosos da primo-infecção contém o bacilo de forma latente e, por determinados mecanismos, pode haver uma reativação deles, iniciando a proliferação • A reinfecção desencadeia uma resposta semelhante a reativação, porém com uma resposta imunológica mais rápida Tuberculose Intestinal • É uma doença pouco frequente, causada por Mycobacterium bovis ou Mycobacterium tuberculosis • Ocorre pela ingestão de alimento contaminado ou deglutição de escarro infeccioso • O microrganismo invade a parede intestinal na região ileocecal rica em tecido linfoide, provocando uma infecção por conta da formação de granuloma, além de úlcerase inflamações de toda a espessura em determinados casos BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE • A patogênese é caracterizada por dor abdominal crônica, desnutrição, perda de peso, febre, fraqueza e, com frequência, uma massa palpável no quadrante inferior direito Epididimite tuberculosa • Ocorre associada a tuberculose franca e contém granulomas caseosos visualizados à microscopia • O granuloma espermático ocorre quando os espermatozoides penetram no interstício do epidídimo, resultando em uma inflamação densa que perdura por vários meses • O desfecho do granuloma espermático, frequentemente, consiste em fibrose, obstrução ductal e infertilidade Tuberculose no sistema hematopoiético • A tuberculose é uma das principais causas de basofilia, frequente nas reações de hipersensibilidade do tipo imediato e nas síndromes mieloproliferativas crônicas • Tuberculose no sistema endócrino • A tuberculose é uma das causas da Doença de Addison, ou Insuficiência suprarrenal crônica primária, um distúrbio debilitante decorrente de falência suprarrenal completa, com ausência de produção de glicocorticoides, mineralocorticoides e androgênios Tuberculose óssea • Frequentemente origina-se no pulmão ou em linfonodos, e alcança o osso por disseminação hematógena • A infecção da coluna vertebral, denominada espondilite tuberculosa (doença de Pott) é uma complicação da tuberculose infantil e afeta o corpo de vértebras, poupando a lâmina e as vértebras adjacentes, mais frequente nas vértebras torácicas; há formação de uma massa granulomatosa epidural que destrói a coluna e provoca compressão de medula espinhal • Provoca doença por meio da formação de granulomas caseosos no interior da medula óssea, levando a uma lenta reabsorção de osso e pouca ou nenhuma formação de osso reativo, podendo ocorrer colapso das vértebras, provocando cifose e escoliose • Se a infecção se rompe no tecido mole anteriormente, pus e fragmentos necróticos alcançam os ligamentos espinhais, formando um abscesso frio, com ausência de elementos inflamatórios agudos • Além disso, a tuberculose também pode resultar em artrite, com destruição da cartilagem articular, ou osteomielite dos ossos longos • Com a antibioticoterapia atual, a tuberculose do osso é uma doença rara Sapingite tuberculosa e Endometrite tuberculosa • Ocorrem secundariamente à disseminação hematógena da micobactérias a partir dos pulmões • Dentro do endométrio, granulomas não-caseosos mal formados são identificados associados à renovação rápida do endométrio durante o ciclo reprodutivo, provocando sequelas crônicas, incluindo fibrose da tuba de falópio e complicações decorrentes Meningite tuberculosa • Apresenta mortalidade extremamente alta entre os idosos • Frequentemente ocorre sucedendo a disseminação hematógena de micobactérias para as leptomeninges, onde os microrganismos são encontrados, e também no líquido cefalorraquidiano (LCR), e identificados por colorações especiais para bacilos acidorresistentes • Manifesta-se por sintomas semelhantes ao da meningite bacteriana; as meninges demonstram granulomas compostos de histiocitose epitelioides, células de Langhans maiores e linfócitos que circundam regiões de necrose caseosa o São frequentes as sequelas neurológicas o Alguns podem manifestar demência ou obnubilação não explicada, sem febre ou rigidez de nuca BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE • A punção lombar pode revelar o aumento da quantidade de linfócitos no LCR • Se não tratada, a meningite tuberculosa pode resultar em fibrose meníngea, hidrocefalia comunicante e artrite, podendo resultar em infarto, ou pode ser fatal dentro de um período de 4 – 6 semanas Diagnóstico • Paciente adulto – Tuberculose pós-primária: a confirmação diagnóstica requer a demonstração da presença do bacilo no corpo do paciente o Pode-se ainda fazer o diagnóstico clinico epidemiológico, o qual o paciente tem o quadro clínico típico, e contexto epidemiológico condizente • Exame radiológico de tórax: tem como papel auxiliar no diagnóstico, uma vez que seus achados são sugestivos e não patognomônicos o Em pacientes com baciloscopia positiva, doença confirmada, indica-se realização do raio-x para afastar outras causas pulmonares • Teste rápido para TB – TRM-TB; Coleta de escarro coletado em pelo menos 2 dias consecutivos o O escarro é o material de maior riqueza bacilar e de fácil obtenção, pois pode ser espontâneo ou induzido, com volume ideal entre 5 – 10mL, com capacidade para volume entre 35 – 50mL o A indicação de um escarro positivo é decorrente de encontrar na baciloscopia de 1 – 10 bacilos/campo em 50 campos • Baciloscopia; exame direto com esfregaço de amostra clínica para coloração de Ziehl-Neelsen (BAAR) – é um teste de baixa sensibilidade, indicado no acompanhamento da eficácia do tratamento; o escarro deve ser coletado no momento da consulta e outra na manhã do dia seguinte para a descoberta do bacilo o Se o paciente tiver fortes indícios clínicos e radiológicos de tuberculose, mas duas baciloscopias negativas, pode-se considerar a repetição o A baciloscopia é o exame de escolha para o acompanhamento de tratamento da tuberculose pulmonar bacilífera, uma vez que a negativação é o parâmetro mais confiável na avaliação da eficácia do tratamento o Nas crianças é um exame de baixa sensibilidade, pela dificuldade de obter-se uma amostra viável • Broncoscopia com lavada alveolar: endoscopia para uma biópsia pulmonar; útil para formas em que os achados micobacteriológicos sejam negativos, em casos de suspeita de doença pulmonar que não a tuberculose • Teste rápido molecular: utilização de PCR (reação em cadeia da polimerase) para identificação mais rápida, detectando especificamente o DNA da Mycobacterium tuberculosis e identificando a existência de genes que conferem resistência à rifampicina o Possui alta sensibilidade e especificidade; mas não serve para acompanhar resposta ao tratamento, uma vez que o DNA detectado pode ser do bacilo vivo ou morto o Em crianças há uma dificuldade para obter uma amostra viável; geralmente é um teste feito em adultos e adolescentes • Cultura + Teste de Sensibilidade Antimicrobiana: possui elevada sensibilidade e especificidade, podendo ser realizada em meios sólidos ou líquidos; se a cultura for positiva, são realizados testes bioquímicos para a definição da espécie, e o TSA onde é testada a rifampicina, isoniazida, etambutol e a estreptomicina o Meio de cultura Lowenstein-Jensen; apesar de mais sensível que a baciloscopia, leva entre 3 – 8 semanas; é o exame padrão ouro • Prova tuberculínica (PT); identifica os indivíduos infectados pelo bacilo, seja infecção latente ou infecção- doença; ocorre através da inoculação intradérmica de um derivado proteico do Mycobacterium bacterium tuberculosis (tuberculina; contém os principais antígenos do bacilo)– PPD; não deve se usar como teste confirmatório, pois pode concluir um falso-positivo se a pessoa já teve contato com a bactéria, como na vacina BCG; indicado para tuberculose latente o É feita a partir da administração de 2 unidades tuberculínicas no terço médio da face anterior e do antebraço; mede-se a induração e não o eritema após 48 – 72h o Após 48-72h de infecção (pós 2 – 10 semanas), a PPD vai causar uma lesão indurada e eritematosa BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE • Triagem de resistência à Rifampicina em casos de retratamento ou em suspeita de falência do tratamento a Tuberculose – teste de grande sensibilidade • Histopatológico: feito quando há suspeita de tuberculose extrapulmonar; radiologicamente apresenta-se como tuberculose difusa • Diagnóstico diferencial: com relação às micoses pulmonares, a história epidemiológica é importantee, ao contrário da tuberculose, a necrose do granuloma é do tipo liquefação, apresentando no raio-x nódulos de múltiplos tamanhos, bilaterais e simétricos • Diagnóstico precoce: depende da procura passiva de sintomas respiratórios, pela apresentação do doente ao serviço de saúde, e da rápida suspeição, pelo serviço, para solicitação de baciloscopia para o diagnóstico o Os doentes gastam uma grande quantidade de tempo e dinheiro buscando soluções alternativas para amenizar os sinais e sintomas antes de começar o tratamento e, muitas vezes, não recebem o diagnóstico ou o tratamento efetivo o Os SS’s (serviços de saúde) devem se organizar para um dos principais desafios no controle da tuberculose, que é melhorar a detecção de casos por meio da busca ativa de sintomas respiratórios, a despeito da prática habitual, que é a utilização da busca passiva • Estratégia para confirmação diagnóstica da Tuberculose: o Sempre que disponível o Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB), deve ser solicitada para a suspeita de tuberculose o Em populações vulneráveis, como os índios, presidiários, HIV e moradores de rua, independente do resultado do TRM-TB, há solicitação de cultura + TSA Tratamento • É um tratamento longo, durando entre média de 6 meses, é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) devendo ser realizado, preferencialmente, em regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO) o O percentual de sucesso foi de 83% entre os casos novos e recidivas, e de TB coinfectada com TB-HIV foi de 75%; de acordo com a OMS, para que a cadeia de transmissão seja quebrada, é recomendada o percentual de cura acima de 85% com taxas inferiores a 5% - abaixo desse valor é indicativo de uma possível existência de pacientes bacilíferos em contínua transmissão da doença • A associação de drogas é necessária, devido ao frequente aparecimento de subpopulações resistentes; por isso, apesar de todo tratamento ser oferecido pelo Ministério da Saúde, é um um tratamento diretamente observado • Os fármacos utilizados interferem no sistema enzimático ou bloqueiam a síntese de algum metabólito essencial para o crescimento do bacilo – atuam somente em bacilos vivos, não em bacilos latentes Suspeita de tuberculose pulmonar ou laríngea MTB detectado Paciente com TB Resistência à rifampicina detectada Realizar outro TRM-TB + cultura + TS Encaminhar para referência terciária Resistência a rifampicina não detectada Realizar cultura + TS Iniciar tratamento para TB com Etambutol MTB não detectado Mantém sintomas? Não Excluído diagnóstico de TB Sim Realizar cultura + TS Continuar investigação Realizar TRM-TB BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE • A OMS propõe o tratamento diretamente observado, que se baseia nos princípios: I. Compromisso politico com a estratégia e mobilização da sociedade II. Garantia de exames bacteriológicos de qualidade III. Tratamento padronizado e supervisionado IV. Fornecimento de medicamentos V. Sistema de notificação de casos o No Brasil, todos os casos de tuberculose devem ser submetidos ao TDO, que aumenta a adesão ao tratamento, que consiste em não apenas observar a deglutição do medicamento, mas a construção de um vínculo, geralmente entre o profissional de saúde e o doente • As indicações para o esquema básico são os casos novos de TB, infectados ou não por HIV e retratamento, exceto meningoencefalite o É dividido em fases: i. Intensiva: tem como objetivo reduzir rapidamente a população bacilar e, consequentemente, a transmissão o No Brasil, para adultos e adolescentes, nessa fase utiliza-se 4 fármacos, e para crianças menores de 10 anos utiliza-se 3 fármacos ▪ O abandono do TTO nessa fase tem sido um dos principais fatores contribuintes para a reinfecção no Brasil, levando ao surgimento de cepas resistentes a antibióticos o A principal diferença do tratamento entre crianças maiores de 10 anos é o Etambutol, fármaco que apresenta grande toxicidade ocular em menores de 10 anos ii. Manutenção: tem como objetivo eliminar os bacilos o No Brasil, para adultos e adolescentes, nessa fase utiliza-se 2 fármacos, e para crianças menores de 10 anos utiliza-se 2 fármacos iii. Latentes/resistente: por meio do uso de medicamentos com amplo poder bactericida o Em algumas situações devem ter cuidados especiais, como em mulheres em uso de anticoncepcional, pacientes em uso de outras drogas hepatóxicas, portadores de doença hepática, etilistas, pessoas com mais de 60 anos e em mau estado geral, além do HIV o É considerada falência no tratamento quando há persistência de positividade do escarro ao final do tratamento ou quando se mantém a condição de fortemente positivo até o 4° mês ou com positividade inicial seguida de negativação e a nossa positividade por dois meses consecutivos a partir do 4° mês de tratamento o As dificuldades mais comuns para a realização do tratamento são eventos adversos dos medicamentos, abandono, consumo excessivo de álcool, desemprego, baixa escolaridade e resistência das cepas bacterianas Esquema de tratamento Esquema Faixa de peso Unidade/dose Duração RHZE 150/75/400/275mg (comprimidos em doses fixas combinadas) 20 – 35kg 2 comprimidos 2 meses (fase intensiva) 36 – 50kg 3 comprimidos 51 – 70kg 4 comprimidos Acima de 70kg 5 comprimidos RH 300/150mg ou 150/75mg (comprimidos em doses fixas combinadas) 20 – 35kg 1 comprimido 300/150mg ou 2 comprimidos 150/75mg 4 meses (fase de manutenção) 36 – 50kg 1 comprimido 300/150mg + 1 comprimidos de 150/75mg ou 3 comprimidos 150/75mg 51 – 70kg 2 comprimidos 300/150mg ou 4 comprimidos 150/75mg Acima de 70kg 2 comprimidos 300/150mg + 1 comprimido de 150/75mg ou 5 comprimidos 150/75mg Efeitos colaterais menores – não indicam suspensão do esquema medicamentoso Drogas Efeito Conduta Rifampicina, isoniazida, pirazinamida, etambutol Irritação gástrica (náuseas, vômitos, dor abdominal) Administrar junto a uma refeição e avaliar função hepática BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE Isoniazida, pirazinamida Artralgia ou artrite Medicar com AAS ou outros AINE Isoniazida (comum), etambutol (raro) Neuropatia periférica (queimação em extremidades) Medicar com piridoxina 50mg/dia (vitamina B6) Isoniazida Cefaleia e mudanças de comportamento Apenas orientação Rifampicina Suor e urina vermelhos alaranjada Apenas orientação Isoniazida, rifampicina Prurido ou exantema leve Medicar com anti-histamínico Pirazinamida, etambutol Hiperuricemia (com ou sem gota) Dieta hipopurínica + colchicina/alopurinol Isoniazida, rifampicina Febre medicamentosa Apenas orientação Efeitos maiores (indicam suspensão e, muitas vezes, mudança no esquema) Rifampicina, isoniazida, pirazinamida, etambutol e estreptomicina Exantema ou hipersensibilidade moderada a grave Suspender o tratamento. Reintroduzir um a um após melhora. Caso reincida, trocar o esquema modificando a droga culpada Isoniazida Encefalopatia Suspender isoniazida e iniciar esquema especial sem esta droga Etambutol Neurite óptica Suspender etambutol e iniciar esquema especial sem esta droga Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida Hepatotoxicidade Suspender esquema. Aguardar melhora clínica e laboratorial. Reintroduzir um a um. Caso recidiva, fazer esquema especial sem a droga culpada Estreptomicina Ototoxicidade (hipoacusia, vertigem, nistagmo) Suspender estreptomicina e iniciar esquema especial sem esta droga Rifampicina Trombocitopenia, leucopenia, anemia hemolítica, eosinofilia, agranulocitose, vasculite Suspender rifampicina e iniciar esquema especial sem esta droga Rifampicina Nefrite intersticial Suspender rifampicina e iniciar esquema especial sem esta droga PirazinamidaRabdomiólise grave com mioglobinúria e IRA Suspender pirazinamida e iniciar esquema especial sem esta droga o OBS: Lesão cavitaria é ótima para o crescimento bacilar, então a probabilidade de existirem espécies mutacionadas para a resistência a antibióticos é alta; na lesão caseosa, que é fechada, as condições de crescimento bacilar estão limitadas, e esses são chamados de latentes, responsáveis pela TB pós primária [os bacilos latentes dentro dos granulomas poderão ser reativados]. Dessa forma, o medicamento antiTB varia de acordo com o metabolismo bacilar; na lesão caseosa fechada, predominam os medicamentos que se difundem no meio intracelular e em pH ácido (rifampicina, etambutol), na lesão cavitaria a rifampicina, isoniazida e estreptomicina são mais efetivas Prevenção • Estudos apontam que, um portador de TB, pode infectar ao longo de 1 ano cerca de 10 a 15 pessoas • A principal forma de prevenção é através da vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin), oferecida no SUS, feita com a linhagem da Mycobacterium bovis, a qual oferta proteção a não infectados contra as formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea o A 2° dose no Brasil não é recomendada o A vacina deve ser dada ao nascer ou, no máximo, até os 4 anos, 11 meses e 29 dias • Tratamento da Infecção Latente da Tuberculose (ILTB): é uma estratégia importante de prevenção para evitar o desenvolvimento da TB ativa, especialmente em contatos domiciliares, crianças e indivíduos com condições especiais, como HIV+, comorbidades associadas ou uso de alguns medicamentos o É essencial a avaliação dos contatos de pessoas com TB e a oferta de exame diagnóstico da ILTB aos demais grupos populacionais pela equipe de saúde • Além da vacina, há outras formas de prevenção: Estratégia em casos suspeitos Rastreio DiagnósticoTratamento BRENDA RODRIGUES MICROBIOLOGIA – PATOLOGIA 3° SEMESTRE o Melhores condições de moradia e nutrição o Rápida identificação e tratamento, já que o paciente se torna não infeccioso entre 2 – 3 semanas após o início do tratamento o Isolamento respiratório (máscara N95/PFF2) o Identificação de indivíduos expostos a paciente com doença pulmonar ativa e posterior isolamento em quarto privativo ▪ Caso não exista quarto privativo, manter distância entre 1,5m entre um leito e o outro; o uso de máscara cirúrgica é recomendado o Pasteurização do leite para Mycobacterium bovis o Controle de infecção efetivo dentro dos serviços de saúde • Para reduzir o n° de casos e óbitos por TB no Brasil, foram estabelecidas algumas medidas: o Programa Nacional de Controle: visa a integração do controle de TB com a atenção básica, garantindo a efetiva ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento; www.saude.gov.br/tuberculose o Plano Estratégico para o controle da Tuberculose; 2007 – 2015 o Manual de Recomendações para o controle da Tuberculose no Brasil; 2011, Ministério da Saúde o Grupo de Trabalho de Tuberculose; MERCOSUL, 2012 – identifica e analisa pontos como exames laboratoriais, vigilância epidemiológica, identificação sintomática, dente outros • As análises microbiológicas fazem parte de um arsenal considerável no diagnóstico e na identificação de micobactérias; sendo assim, o controle da tuberculose e verdadeira erradicação da doença no Brasil só podem acontecer quando o conhecimento sobre a prevenção, controle, a importância do diagnóstico precoce e do tratamento chegar aos ouvidos da população, principalmente em comunidades desfavorecidas o Além disso, o controle da AIDS é um fator importante na diminuição dos casos ou da evolução da patogenia Visão: Um mundo livre da Tuberculose Meta: 95% da redução do n° de mortes por TB e 90% de redução da incidência até 2035 Cuidado integrado, centrado no paciente e prevenção •Diagnóstico precoce, TSA universal, investigação sistemática dos contatos e das populações mais vulneráveis •Tratamento de todas as pessoas com TB, inclusive drogaresistentes, e apoio ao paciente •Atividades colaborativas TB-HIV e manejo de outras comorbidades •Tratamento preventivo para pessoas com alto risco de adoecimento e vacinação contra a TB Políticas arrojadas e sistemas de apoio •Comprometimento político, alocação adequada de recursos para o cuidado e prevenção da TB •Engajamento comunitário das organizações da sociedade civil e dos setores público e privado •Políticas de cobertura universal em saúde, marcos regulatórios para notificação de casos, registro vital, uso racional de medicamentos de qualidade e controle da infecção •Proteção social, redução da pobreza e ações relacionadas aos determinantes da tuberculose Intensificação da pesquisa e inovação •Descoberta, desenvolvimento e incorporação de novas ferramentas, intervenções e estratégias •Pesquisa para otimizar a implantação, o impacto e a promoção de inovações http://www.saude.gov.br/tuberculose
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