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Beatriz Fonteles
Estados de hidratação
Dizer que um indivíduo está em um estado normal de hidratação significa que ele
apresenta uma oferta de líquidos e eletrólitos de acordo com as necessidades do
organismo e que não há perdas extras (diarreia, vômitos, febre, taquipneia,
sudorese excessiva), sem reposição adequada. Essas pessoas apresentam uma
pele com boa elasticidade e com leve grau de umidade. As mucosas costumam ser
úmidas e não há alterações oculares, nem perda abrupta de peso. Os termos
“euhidratado” e “normohidratado” podem ser usados para definir um indivíduo em
uma condição normal de hidratação. Porém, quando há um desequilíbrio dessa
condição, pode-se notar um estado de desidratação ou de super-hidratação.
➢ Desidratação
O estado de desidratação é caracterizado como a diminuição de água e eletrólitos
totais do organismo. Os sinais e sintomas mais comuns em uma desidratação são:
sede, diminuição abrupta do peso, pele seca - com elasticidade e turgor diminuídos
-, mucosas secas, enoftalmia, estado geral comprometido, excitação psíquica ou
abatimento e oligúria.
Tais alterações variam diretamente com o grau de desidratação do paciente. Por
isso, ao observar um indivíduo com suspeita de desidratação, alguns aspectos
devem ser verificados minuciosamente, como nível de consciência, presença de
olhos encovados (enoftalmia), perfusão periférica, pressão arterial, débito urinário,
frequência respiratória e retração de fontanelas (em lactentes). Além disso, uma
forma de perceber um estado de desidratação e prever o seu grau no exame físico é
por meio do sinal de prega, usado de forma mais efetiva em crianças. Com os
dedos polegar e indicador faz-se uma prega na pele da criança e observa-se o
tempo levado para voltar à posição normal. Em condições de desidratação, esse
retorno tende a ser de forma mais lentificada do que em pessoas normohidratadas.
Ressalta-se que em pacientes mais velhos, em especial idosos, a elasticidade da
pele já costuma ser fisiologicamente diminuída, por isso, nesses casos, o sinal de
prega não apresenta um valor semiológico tão consistente.
De acordo com o Ministério da Saúde, pode-se classificar a desidratação de
acordo com a sua gravidade, sendo leve, moderada ou grave. A definição da
gravidade da desidratação é importante, pois fornece a estimativa aproximada da
quantidade de água perdida e, assim, do volume a ser reposto. O quadro abaixo
mostra os sinais e sintomas presentes em cada grau de desidratação.
Fonte: PORTO & PORTO, 2013, p.94.
Essa gravidade pode ser classificada também de acordo com a perda de peso que
o paciente apresenta. Nesse caso, define-se como:
● Leve ou de 1º grau, aqueles com perda de de até 5%;
● Moderada ou de 2º grau, aqueles com perda de peso entre 5% e 10%; e
● Grave ou de 3º grau, aqueles com perda de peso acima de 10%.
Já quanto à osmolaridade, definição que será importante para escolher a
qualidade da solução a ser administrada na reposição, classifica-se em:
● Desidratação isotônica, quando o sódio está dentro dos limites normais
(130-150 mEq/ f), comum em perdas digestivas agudas - com vômitos,
diarreia e fístulas digestivas -, e em casos de peritonite, íleo adinâmico e
paracentese;
● Desidratação hipotônica, quando o sódio está abaixo dos limites de
normalidade (<130 mEq/f), comum em perdas digestivas crônicas - com
vômitos, diarreia e fístulas digestivas -, e em casos de hipoaldosteronismo
primário e perda salina em nefropatas; e
● Desidratação hipertônica, quando o sódio está acima dos limites normais (>
150 mEq/ f), comum em casos de sudorese acentuada, diabetes insipidus,
diurese osmótica por hiperglicemia e de oferta insuficiente de líquido durante
nutrição enteral ou parenteral.
É importante ressaltar que a desidratação é ainda mais preocupante na infância,
em especial em lactentes. Isso acontece porque, no período neonatal, a proporção
de água corpórea é de 80%, enquanto nos adultos a proporção é de 60%, o que,
nesse último, facilita o balanço hidroeletrolítico. Crianças com baixa faixa etária,
baixo peso ao nascer e desnutrição são as mais propensas a desenvolverem um
estado de desidratação, em especial o causado pela Doença Diarreica Aguda.
Ressalta-se que retração das fontanelas é um dos achados mais comuns em
lactentes com essa condição. Na imagem abaixo, vê-se alguns dos sinais que que
costumam estar presentes.
Fonte: apediatricaviana.com
Já em adultos, a diarreia crônica, definida como aquela com duração maior que
quatro semanas, é uma das causas mais agravantes de desidratação. Essa
cronicidade diarreica é encontrada, principalmente em patologias como doença de
Crohn, retocolite ulcerativa, diabetes mellitus, esclerodermia, hipo ou
hipertireoidismo, Zollinger-Ellison, síndrome de má absorção, neoplasia de cólon,
parasitose, intolerância à lactose e síndrome do intestino irritável.
Além disso, a falta de oferta de água e eletrólitos também é uma causa comum
de desidratação em lactentes e em idosos com quadros demenciais e/ou de
prostração. Por isso, faz-se necessário avaliar os cuidadores e perguntar ao
acompanhante acerca das condições de vida do paciente, a fim de perceber
possíveis negligências ou privação de uma alimentação adequada.
Um desequilíbrio no balanço eletrolítico também é comum em pacientes
cirúrgicos, em especial naqueles em cirurgias de grande porte, causando a
desidratação. Por isso, cabe ao médico realizar corretamente a hidratação
pré-operatória correta, a depender do estado do paciente, a fim de evitar possíveis
danos.
➢ Super-hidratação
Em oposição à desidratação, é válido ressaltar ainda a existência do achado
clínico chamado de super-hidratação, que ocorre quando há oferta exagerada ou
perda insuficiente de líquidos. Em condições normais, os rins podem eliminar
facilmente esse excesso de água, ou seja, condições de super-hidratação, somente
acontecem quando associadas a outras patologias pré-existentes. Ela pode ser
dividida quando a sua osmolaridade, como segue abaixo:
● Super-hidratação isotônica, comum em casos de insuficiência renal, cardíaca
ou hepática, por exemplo, onde pode haver uma diminuição ou completa
parada nessa excreção, provocando graves retenções de líquidos. Esses
pacientes podem apresentar aumento do peso corpóreo, oligúria, edema
generalizado, entre outros sintomas;
● Super-hidratação hipotônica - também chamada de intoxicação hídrica - é
comum em casos de pacientes que se submetem a cirurgias e apresentam
doenças crônicas debilitantes, câncer e/ou insuficiência cardíaca congestiva,
hepática ou renal. Esse estado costuma ser expresso por meio de náuseas,
vômitos, aumento de peso e pode evoluir para manifestações neurológicas,
como convulsões e coma, caso haja edema cerebral.
● Super-hidratação hipertônica, ocorre apenas em casos de iatrogenia (erro
médico), quando há uma administração exagerada de líquido hipertônico
em paciente com perda insuficiente.
Visto os estados expostos acima, percebe-se que colher uma correta anamnese
e realizar um exame físico completo é imprescindível para definir corretamente um
desequilíbrio no estado de hidratação e a sua causa, podendo, dessa forma, eleger
o melhor tratamento para cada paciente.

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