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Farmacologia - Aula 01 - SNA

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Farmacologia – Sistema Nervoso Autônomo e Seus Principais 
Receptores Celulares. 
1. Introdução 
▪ O sistema nervoso autônomo consiste em nervos motores, 
que conduzem impulsos do SNC para a musculatura lisa de 
órgãos viscerais e de glândulas. Além disso, também se 
responsabiliza pelo controle do sistema digestório e do 
sistema excretor. 
▪ Divisão básica – SNA simpático, SNA parassimpático e 
SNA entérico. 
▪ Os nervos que constituem o SNA apresentam dois tipos de 
conformação, a saber os pré-ganglionares, nos quais o 
corpo celular se localiza dentro do SNC e os pós-
ganglionares, nos quais o corpo celular se localiza 
dentro do gânglio. 
 
2. Divisão e Característica 
▪ Repare, praticamente todos os órgãos que recebem 
inervação do SNA apresentam fibras simpáticas e fibras 
parassimpáticas. 
▪ Nesse sentido, a inervação simpática atuará em 
situações de “luta ou fuga”, enquanto a inervação 
parassimpática atuará em situações de relaxamento. 
▪ SNA Simpático – Dilata a pupila (midríase), inibe a 
salivação, relaxa os brônquios (broncodilatação), 
acelera os batimentos cardíacos, inibe atividade do 
estomago e do pâncreas, estimula a liberação de glicose 
pelo fígado (glicogenólise), estimula a síntese de 
adrenalina e de noradrenalina, relaxa a bexiga, promove 
a ejaculação. Localização: Tóraco-lombar. Além disso, 
é importante destacar a extensão neuronal, sendo o 
neurônio pré-ganglionar curto e o neurônio pós-
ganglionar longo. 
 
 
 
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▪ SNA Parassimpático – Realiza ações contrarias as do 
simpático. Além disso, promove a ereção e estimula a 
vesícula biliar. Localização: Crânio-sacral. Quanto à 
extensão neuronal, tem-se que o neurônio pré-ganglionar 
é longo e o neurônio pós-ganglionar curto. 
▪ Aspectos Funcionais do Simpático – Adrenérgico, 
catabólico e de desgaste. 
▪ Aspectos Funcionais do Parassimpático – Colinérgico, 
anabólico e de síntese. 
▪ Neurotransmissores do Simpático – No neurônio pré-
ganglionar (mais curto) ocorre a liberação de 
acetilcolina, enquanto no neurônio pós-ganglionar 
ocorre a liberação de norepinefrina, a qual já atuará 
nas células do sistema alvo, pelos receptores do tipo 
alfa ou do tipo beta. 
▪ Neurotransmissores do Parassimpático – No neurônio pré-
ganglionar (mais longo) ocorre a liberação de 
acetilcolina. Do mesmo modo, no neurônio pós-ganglionar 
também ocorre a liberação de acetilcolina, a qual atuara 
no sistema alvo por meio da ligação em receptores 
muscarínicos ou nicotínicos. 
▪ Obs.: Existe uma exceção para a divisão simpática, sendo 
a inervação da glândula suprarrenal, na qual não há 
neurônio pós-ganglionar. O que se verifica é uma única 
célula que parte do SNC e se dirige ao órgão alvo. 
Assim, tem-se a liberação direta de Ach na célula 
cromafim da medula suprarrenal. Lembre-se que a célula 
cromafim é um NEURONIO PRIMITIVO, sendo ela a 
responsável pela secreção da EPINEFRINA. 
 
 
 
 
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3. Sinapse Colinérgica 
▪ O famoso neurotransmissor Acetilcolina (Ach) deriva da 
união entre uma molécula de colina, captada pelo 
neurônio pré-ganglionar, por meio de um transportador 
de sódio, e uma molécula de acetil, que deriva do 
metabolismo da glicose. Nesse caso, a enzima chamada 
acetilcolina-transferase é a responsável por realizar 
a união entre esses dois compostos, formando a 
acetilcolina, que será armazenada em vesículas até o 
momento de sua liberação. 
 
▪ A partir de um impulso nervoso, de uma despolarização 
de membrana, ocorre a liberação dessa acetilcolina na 
fenda sináptica. Com isso, pode ocorrer a ligação desse 
neurotransmissor a um receptor muscarínico 
(M1,M2,M3,M4,M5) ou a um receptor nicotínico (Nn ou Nm) 
ou, ainda, pode ocorrer sua degradação pela enzima 
acetilcolinesterase (AchE), que produzirá uma colina e 
um acetil, os quais serão novamente introduzidos no 
neurônio. 
 
 
 
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4. Receptores Muscarínicos da Acetilcolina 
▪ Em relação à Ach, os receptores presentes em seus sítios 
de ligação são do tipo metabotrópicos, acoplados à 
proteína G, especificamente Gq e Gi. 
▪ A divisão anatômica ocorre da seguinte forma: 
▪ M1 – Plexo entérico e neuronal. Proteína Gq – 
excitatório. 
▪ M2 – Cardíaco. Proteína Gi – Inibitório. 
▪ M3 – Glandular e vascular. Proteína Gq – Excitatório. 
▪ M4 – SNC. Proteína Gi – Inibitório. 
▪ M5 – SNC. Proteína Gq – Excitatório. 
▪ Proteína Gq – Aumenta os níveis de IP3 e de DAG, aumenta 
o influxo de Ca2+, diminui a condutância de K+. Promove 
despolarização. 
▪ Proteína Gi – Diminui os níveis de cAMP, inibe os canais 
de influxo de Ca2+, aumenta a condutância de K+. Promove 
hiperpolarização. 
 
 
 
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▪ Repare bem, na imagem acima, o efluxo de potássio 
promovido por Gi, culminando no processo de 
hiperpolarização e redução da atividade celular. 
 
5. Receptores Nicotínicos de Acetilcolina 
▪ As fibras do tipo colinérgicas não apresentam apenas 
receptores do tipo muscarínicos, mas também receptores 
do tipo nicotínicos, quem recebem a ligação de nicotina 
e também de acetilcolina. 
▪ Esses receptores são do tipo ionotrópicos, ou seja, são 
canais iônicos. De modo mais detalhado, são formados 
por 5 cadeias polipeptídicas, que formam um pentâmero 
com sítios de ligação para neurotransmissores 
específicos. 
 
 
 
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▪ Receptor Nn ou N1 – Gânglios e medula suprarrenal. 
Formado por 3 unidades alfa e 2 unidades beta ou por 2 
unidades alfa e por 3 unidades beta. 
▪ Receptor Nm ou N2 – Musculo esquelético. No adulto é 
formado por 2 unidades alfa, 1 beta, 1 delta e 1 gama. 
▪ Obs.: A Ach, no adulto, liga-se às duas subunidades 
alfa. Somente assim ocorre a estimulação do canal. 
 
6. Sinapse Adrenérgica 
▪ Em relação a esse tipo de sinapse, os principais 
neurotransmissores são a epinefrina e a norepinefrina. 
▪ O precursor da síntese desses dois neurotransmissores 
é o aminoácido TIROSINA. Inicialmente, a tirosina sofre 
uma hidroxilação, por meio da enzima TIROSINA-
HIDROXILASE, gerando o neurotransmissor DOPA. Em 
sequência, a DOPA sofre uma descarboxilação, por meio 
 
 
 
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da enzima DOPA-DESCARBOXILASE, gerando a DOPAMINA. Tudo 
esse processo ocorre no citoplasma da célula. 
▪ Essa dopamina produzida será capturada por vesículas 
sinápticas, nas quais sofre a ação da enzima DOPAMINA-
BETAHIDROXILASE, originando a NOREPINEFRINA, um 
neurotransmissor do SNA SIMPATICO. Em uma etapa 
posterior, que ocorre na MEDULA ADRENAL, essa 
norepinefrina sofre ação da enzima FENILETANOLAMINA-N-
METILTRANSFERASE, que a transforma em EPINEFRINA. Esse 
processo ocorre nas VESÍCULAS SINAPTICAS. 
▪ Obs.: Para que a dopamina entre nas vesículas, é 
necessário que ela passe por um transportador de 
membrana específico, chamado de VMAT. 
 
▪ Repare, após sua formação e armazenamento, a 
noradrenalina será liberada, por exemplo, mediante 
presença de estimulo elétrico, o que faz com que ela 
seja lançada na fenda sináptica, podendo atuar nos 
receptores adrenérgicos, a saber receptores tipo Alfa 
ou receptores tipo Beta. 
▪ Todavia, também é possível que essa norepinefrina seja 
recapturada pelos transportadores do tipo NET, os quais 
a reintroduzem no neurônio pré sináptico. Uma vez dentro 
do neurônio, a norepinefrina pode ser degradada por uma 
 
 
 
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enzima chamada de MONOAMINO-OXIDADE (MAO) ou pode ser 
novamente armazenada nas vesículas sinápticas, o que 
depende do transportador VMAT. 
7. Receptores Adrenérgicos 
▪ Esse tipo de receptor está primordialmente associado 
aos dois neurotransmissores citados no tópico anterior, 
a epinefrina e a norepinefrina. 
▪ Receptor Alfa 1 – Mediado por proteínaGq, esse receptor 
se encontra na musculatura lisa do leito vascular, do 
trato geniturinário, do TGI e do fígado. Lembre-se que, 
por ser proteína Gq, os efeitos são excitatórios. 
▪ Receptor Alfa 2 – Mediado por proteína Gi, esse receptor 
se encontra nas células beta do pâncreas, nas plaquetas, 
em alguns nervos e no musculo liso vascular. Lembre-se 
que, por ser proteína Gi, os efeitos são inibitórios. 
Por exemplo, no caso das plaquetas, o que ocorre é a 
agregação. 
 
▪ Receptor Beta 1 – Mediado por proteína Gs, esse receptor 
se encontra no coração e nas células Justaglomerulares 
renais. Lembre-se que, por ser proteína Gs, os efeitos 
são excitatórios. 
▪ Receptor Beta 2 – Mediado por proteína Gs, esse receptor 
se encontra no musculo liso, no musculo esquelético e 
no fígado. 
▪ Receptor Beta 3 – Mediado por proteína Gs, esse receptor 
se encontra no tecido adiposo. Sua estimulação conduz 
à lipólise. 
 
 
 
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Exemplo do que ocorre na administração de fármacos beta agonistas em 
um paciente asmático. 
8. Termino da Ação dos Neurotransmissores 
▪ Terminações Colinérgicas – Finalização enzimática por 
meio da acetilcolinesterase. 
▪ Terminações Adrenérgicas – Nesse caso, tem-se duas 
possibilidades. Na primeira, a captação é pré-
ganglionar, por meio do transportador de membrana NET, 
que envia a norepinefrina de volta para o neurônio, 
onde ela será degradada pela enzima MAO. Já na segunda 
possibilidade, a captação é pós-ganglionar, a 
noradrenalina é captada pelos tecidos periféricos, 
sofrendo ação de degradação pela enzima COMT (CATECOL-
ORTO-METIL-TRANSFERASE), produzindo metabolitos 
inativos. 
9. Farmacologia Colinérgica – Visão Geral dos Agonistas 
a) Sistema Cardiovascular 
▪ Efeito inotrópico negativo – diminuição da força de 
contração por estimulo de M2. 
▪ Efeito cronotrópico negativo – diminuição da frequência 
cardíaca por estimulo de M2. 
▪ Efeito dromotrópico negativo – diminuição da taxa de 
condução elétrica por estimulo de M2. 
b) Sistema Gastrointestinal 
▪ Contração da musculatura lisa do TGI – Atuação de 
receptores M2 e M3. 
▪ Estimulo de secreção ácida – Atuação de receptores M1. 
c) Sistema Geniturinário 
▪ Contração do musculo detrusor da bexiga. 
▪ Relaxamento dos músculos trígono e dos esfíncteres. 
 
 
 
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▪ Contração do musculo liso do epidídimo, ducto 
deferente, vesícula seminal e próstata. 
▪ Contração do miométrio. 
▪ Envolvimento na proliferação celular prostática e das 
células de Sertoli. 
d) Sistema Nervoso Central 
▪ Regulação de funções cognitivas, sensoriais, motoras e 
comportamentais. 
▪ A transmissão colinérgica tem se mostrado importante na 
fisiopatologia de múltiplas doenças, como Alzheimer, 
Parkinson, esquizofrenia e depressão. 
e) Outros Efeitos 
▪ Pulmão – Broncoconstrição e aumento da secreção 
traqueobrônquica. 
▪ Glândulas – Aumento das secreções salivar, sudorípara 
e lacrimal. 
▪ Olhos – Contração dos músculos circula e ciliar da íris. 
10. Agonistas Muscarínicos 
▪ Correspondem aos fármacos que se ligarão em algum 
receptor muscarínico, produzindo efeito semelhante ao 
da acetilcolina. 
▪ Drogas de Ação Direta – Ocupam e ativam receptores 
muscarínicos. 
▪ Drogas de Ação Indireta – Inibem a ação da 
acetilcolinesterase, aumento os níveis de acetilcolina 
e potencializando seus efeitos. 
▪ Efeitos Cardiovasculares – redução da frequência e do 
debito cardíaco, vasodilatação generalizada e queda da 
PA. Geralmente, utilizado com anti-hipertensivos. 
▪ Efeitos sobre o Musculo Liso – Contração e aumento do 
peristaltismo no TGI. Contração de brônquios e de 
bexiga. 
▪ Efeito sobre as Glândulas – Estimulação das glândulas 
exócrinas, como salivar, lacrimal, sudorípara. 
▪ Efeito sobre o Olho – Contração do musculo ciliar. 
Importante no tratamento do glaucoma. 
Éster Susceptibilidade 
a AchE 
Atividade 
Cardíaca 
Atividade 
no TGI 
Atividade 
Urinaria 
Atividade 
Ocular 
Antagonismo 
da Atropina 
Atividade 
Nicotínica 
Ach +++ ++ ++ ++ + +++ ++ 
Metacolina + +++ ++ ++ + +++ + 
Carbacol - + +++ +++ ++ + +++ 
Betanecol - + ou - +++ +++ ++ +++ - 
 
 
 
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11. Usos Terapêuticos dos Agonistas Colinérgicos 
▪ Betanecol – Estimular musculatura lisa do TGI e da 
bexiga em certos quadros neurológicos ou pós-
cirúrgicos. 
▪ Pilocarpina – Glaucoma e Xerostomia. 
▪ Cevimelina – Xerostomia. 
▪ Agonistas M1 Seletivos – Em estudo para doença de 
Alzheimer. Aparentemente, agonistas M1 podem reduzir a 
síntese de proteínas beta-amiloide. 
▪ Metacolina – Uma vez que ela causa Broncoconstrição, 
seu uso é para teste diagnostico de hiper-reatividade 
brônquica. 
 
12. Agonistas Colinérgicos – Contraindicações 
▪ Asma – DPOC. 
▪ Distúrbios pépticos ácidos. 
▪ Hipotensão. 
▪ Insuficiência coronária. 
13. Agonistas Colinérgicos Indiretos – 
Anticolinesterásicos 
▪ Como apresentado anteriormente, esse tipo de fármaco 
não atua diretamente no receptor, mas, de alguma 
maneira, é capaz de elevar a concentração de 
acetilcolina. Por exemplo, agindo sobre a enzima 
acetilcolinesterase, que degrada a acetilcolina. 
 
 
 
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▪ A acetilcolinesterase é uma enzima de membrana, 
principalmente localizada na membrana plasmática do 
neurônio pós-ganglionar. 
▪ A acetilcolinesterase é ligada à membrana plasmática do 
neurônio pós-sináptico por meio do colágeno, e 
apresenta cada enzima apresenta 4 subunidades 
proteicas, sendo cada uma responsável pela degradação 
de uma molécula de acetil colina. Além disso, cada 
colágeno pode se ligar a até 3 AchE. 
 
▪ O primeiro anticolinesterásico descoberto foi a 
Fisostigmina, um alcaloide extraído da planta “fava de 
Calabar”. 
 
 
 
 
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▪ Obs.: Os organofosforados são ditos ligantes 
irreversíveis, devido a elevada força de ligação entre 
o fármaco e a sitio de ação. 
▪ Intoxicação por Organofosforados - Em um período de até 
30-40 minutos, a administração de Pralidoxime reverterá 
parcialmente a inativação da AchE. 
14. Uso Clinico dos Anticolinesterásicos 
▪ Olho – Os inibidores da AchE causam miose e bloqueio da 
acomodação ocular. O principal uso desses fármacos 
ocorre no tratamento do glaucoma de ângulo aberto ou 
glaucoma secundário. 
▪ Trato Gastrointestinal – Os inibidores da AchE são 
responsáveis por aumentar a motilidade, sendo muito 
utilizados em casos de íleo paralitico e de atonia da 
bexiga, por exemplo. 
▪ Placa Motora – Os inibidores da AchE são principalmente 
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis e, também, 
na reversão do bloqueio neuromuscular pós-operatório. 
➢ Lembre-se, na Miastenia Gravis a quantidade de Ach 
produzida pelo organismo é fisiologicamente normal, 
todavia, não se apresentam receptores suficientes para 
essa produção, ou seja, tem-se uma deficiência nos 
receptores para Ach. Essa falta de receptores, por sua 
vez, decorre da produção de anticorpos específicos pelo 
organismo, os quais se ligam aos receptores 
nicotínicos, impedindo a ligação da Ach. Desse modo, o 
musculo não consegue realizar contração de modo 
satisfatório, acarretando seu relaxamento. 
➢ Uma das apresentações características dessa condição é 
a ptose palpebral. 
 
 
 
 
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▪ Reversão da Toxicidade por Agente Anticolinérgicos – 
Por exemplo, intoxicação por elevadas doses de atropina 
ou de antidepressivos tricíclicos. 
▪ Obs.: Alguns inibidores mais modernos da AchE têm sido 
utilizados no tratamento de demências. Por exemplo, 
denezepila (Alzheimer), rivastigmina e galantamina 
(Alzheimer). 
15. Toxicidade e Tratamento com Inibidores de AchE 
▪ As principais reações adversas podem ser memorizadas 
pela sigla “SLUDE”, que significa SALIVAÇÃO, 
LACRIMEJAMENTO, URINA, DIARREIAE EMESE. Todos são 
decorrentes de receptores muscarínicos. 
▪ Obs.: Lembre-se, se você utiliza um inibidor da AchE, 
o que ocorrerá é um aumento da Ach livre. Logo, esse 
neurotransmissor estará livre para se ligar a outros 
receptores, em outros locais do organismo, o que explica 
os efeitos adversos. 
▪ Além disso, podem apresentar outros efeitos, como 
bradicardia, hipertensão/hipotensão, cólicas, náuseas, 
Broncoconstrição e indução de convulsões. 
▪ Tratamento – Bloquear os receptores da Ach, o que pode 
ser feito utilizando antagonistas muscarínicos, como a 
atropina, impedindo que o excesso de Ach consiga ativar 
determinado receptor. 
16. Antagonistas Muscarínicos 
▪ Constituem fármacos que, embora apresentem afinidade 
pelos receptores muscarínicos, uma vez ligados neles, 
não apresentam realização de nenhuma atividade 
característica desses receptores. 
▪ Efeito Glandular – Inibição baixa das glândulas 
lacrimais, salivares, brônquicas e sudoríparas. Boca 
seca é um dos principais sintomas do paciente em uso de 
antagonistas muscarínicos. 
▪ Efeito Cardiovascular – Moderada taquicardia. Em baixas 
doses, pode causar bradicardia paradoxal. 
▪ Efeito Ocular – Midríase, não responsividade à luz e 
cicloplegia, comprometendo a visão de perto. 
▪ Efeitos Gastrointestinais – Inibição da motilidade. 
▪ Efeito Muscular – Relaxamento da arvore brônquica, bem 
como dos tratos biliares e urinário. 
▪ Efeito no SNC – A atropina, por exemplo, produz efeitos 
excitatórios no SNC. Em baixas doses, causa leve 
inquietação. Já em altas doses, provoca agitação e 
desorientação. 
 
 
 
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17. Uso Clinico dos Agentes Anticolinérgicos 
▪ Respiratório – Redução da secreção brônquica. Por 
exemplo, Atropina. 
▪ Asma – Dilatação brônquica. Por exemplo, ipratrópio. 
▪ Cardíaco – Combater a bradicardia. Por exemplo, 
Atropina. 
▪ Cinetose – Escopolamina. 
▪ Distúrbios GI – Ulceras e diarreia. Por exemplo, 
pirenpezina. 
▪ Envenenamento por Pesticidas – Atropina. 
▪ Envenenamento por Sarin – Atropina. 
18. Efeitos Adversos dos Antagonistas Colinérgicos 
▪ Boca seca. 
▪ Taquicardia. 
▪ Visão borrada. 
▪ Dificuldade miccional. 
▪ Redução da motilidade gástrica. 
▪ Lembre-se, sempre que o parassimpático se encontrar 
bloqueado, o que se observará são efeitos do simpático. 
19. Farmacologia Adrenérgica – Aspectos Gerais 
▪ Relembrando a sinapse simpática, tem-se que o neurônio 
pré-ganglionar libera Ach, enquanto o neurônio pós-
ganglionar libera noradrenalina, que é um dos 
principais neurotransmissores adrenérgicos. 
▪ Obs.: Lembre-se que, no caso da divisão parassimpática, 
o neurotransmissor liberado tanto no pré-ganglionar, 
quanto no pós-ganglionar é a Ach. 
▪ Anteriormente, foi apresentado o mecanismo de síntese 
da noradrenalina a partir do aminoácido tirosina. 
Todavia, em um estudo mais detalhado da farmacologia 
adrenérgica, é necessário pontuar a síntese de outro 
neurotransmissor essencial, a adrenalina ou epinefrina. 
 
 
 
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▪ O aminoácido TIROSINA sofre ação da enzima TIROSINA-
HIDROXILASE, originando a DOPA, que, por sua vez, sofre 
ação da enzima DOPA-DESCARBOXILASE, originando o 
neurotransmissor DOPAMINA. Em sequência, por ação da 
enzima DOPAMINA-BETA-HIDROXILASE, tem-se a síntese da 
NOREPINEFRINA. Todo esse processo ocorre nos neurônios 
adrenérgicos. 
▪ Em sequência, na MEDULA ADRENAL, tem-se a etapa final 
para a síntese da epinefrina. Por meio da enzima 
FENILETANOLAMINA-N-METILTRANSFERASE, tem-se a síntese 
da EPINEFRINA. 
 
▪ Após sua síntese, a norepinefrina deve ser armazenada 
em vesículas neuronais. Esse armazenamento, por sua 
vez, depende do transportador VMAT-2, que será 
responsável por levar a norepinefrina do citoplasma 
para a vesícula. Uma vez armazenado, o neurotransmissor 
permanece aguardando potencial de ação para que ocorra 
sua liberação na fenda sináptica. 
▪ Em relação à captação desse neurotransmissor, tem-se 
ação de dois mecanismos. Primeiro, os transportadores 
do tipo NET, que atua no neurônio pré-sináptico, e do 
tipo DAT, que atua no neurônio pré-sináptico, 
capturando dopamina. Veja, esses dois transportadores 
são INIBIDOS POR COCAINA, o que explica os efeitos 
euforizantes dessa substancia, uma vez que a dopamina 
 
 
 
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e a norepinefrina passam a agir por mais tempo na fenda 
sináptica. O outro tipo de captação não ocorre no 
neurônio, mas nos tecidos periféricos, por meio de um 
transportador denominado OCT3, capturador de 
norepinefrina. 
▪ Por fim, tem-se a possível degradação desses compostos, 
que pode ser realizada por duas enzimas distintas. 
Inicialmente, tem-se a MONOAMINO-OXIDASE(MAO), uma 
enzima intracelular e ligada à superfície mitocondrial. 
Sua principal ação é converter as catecolaminas em seus 
aldeídos correspondentes. A outra enzima é a CATECOL-
O-METILTRANSFERASE(COMT), atuando no citosol celular, 
em tecidos neuronais e não neuronais. 
 
 
 
 
 
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20. Receptores Adrenérgicos 
▪ Alfa 1 – São receptores principalmente encontrados em 
tecido muscular, sendo responsáveis, na maior parte dos 
casos, por sua contração. Os principais locais onde se 
encontra esse tipo de receptor são vasos, brônquios, 
útero, bexiga e íris. 
▪ Obs.: Também existem receptores Alfa 1 no TGI, porem, 
nesse sitio anatômico, a ação realizada é o relaxamento, 
e não a contração. 
▪ Alfa 2 – São receptores pré-sinápticos e inibitórios. 
Repare, esses receptores atuam como reguladores da 
atividade da noradrenalina, pois são capazes de se ligar 
a ele ainda na fenda sináptica, introduzindo-a 
novamente na célula. 
 
▪ Beta 1 – São receptores encontrados principalmente no 
coração, estimulando a atividade simpática desse 
musculo, ou seja, sua contração. 
▪ Beta 2 – Em semelhança com Alfa 1, os receptores do 
tipo Beta 2 são encontrados na musculatura, como em 
vasos, em brônquios, no TGI, no útero, na bexiga, nas 
vias seminais e nos cílios. Todavia, nesse caso, a ação 
é de relaxamento e não de contração. 
▪ Obs.: Repare bem, existem receptores ALFA 1 e receptores 
BETA 2 nos mesmos locais, a exemplo dos vasos. Então, 
o que determina qual receptor deve ser ativado? Já que 
suas ações são ANTAGONICAS. Ora, nessa situação, o fator 
determinante será a DENSIDADE DE RECEPTORES naquele 
lugar. Desse modo, por exemplo, havendo mais receptores 
 
 
 
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BETA 2, o estimulo por norepinefrina acarretará um 
relaxamento dessas estruturas. 
▪ Beta 3 – Presente nos adipócitos, esses receptores atuam 
estimulando a síntese de lipases, ou seja, enzimas que 
degradam lipídeos, promovendo a lipólise. 
21. Afinidade dos Receptores Adrenérgicos 
▪ Receptores Alfa: Norepinefrina> Epinefrina> 
Isoprenalina. 
▪ Receptores Beta: Isoprenalina> Epinefrina> 
Norepinefrina. 
▪ Agonistas Seletivos de Alfa 1 – Fenilefrina e 
Metoxamina. Por exemplo, a fenilefrina é utilizada como 
descongestionante nasal, uma vez que estimula a 
constrição dos vasos, evitando o extravasamento de 
plasma. 
▪ Antagonistas Seletivos de Alfa 1 – Prazosina e 
Doxazosina. Impedem que a norepinefrina atue nos 
receptores alfa 1, logo, não há contração vascular, por 
exemplo. Desse modo, pode haver redução da PA. 
▪ Agonistas Seletivos de Alfa 2 – Clonidina. Ligam-se aos 
receptores pré-sinápticos alfa 2, impedindo que mais 
norepinefrina seja liberada. Desse modo, também podem 
ser uteis como anti-hipertensivos. 
▪ Antagonistas Seletivos de Alfa 2 – Ioimbina e Idazoxano. 
Impedem a ação de alfa 2, logo, promovem maior liberação 
de norepinefrina, sendo, assim, estimulantes. 
▪ Agonistas Seletivos de Beta 1 – Dobutamina e Xamoterol. 
Ao se ligarem em receptores beta 1, promovem aumento da 
força de contração cardíaca. 
▪ AntagonistasSeletivos de Beta 1 – Atenolol e 
Metoprolol. Impedem a ação da norepinefrina em beta 1, 
ou seja, diminuem a força de contração cardíaca, 
reduzindo a PA. São utilizados como anti-hipertensivos. 
▪ Agonistas Seletivos de Beta 2 – Salbutamol, 
Terbutalina, Salmoterol, Formoterol. Estimulam as ações 
desse tipo de receptor, ou seja, relaxamento, como no 
caso dos brônquios. São bastante utilizados em 
pacientes asmáticos. 
▪ Antagonistas Seletivos de Beta 2 – Butoxamina. 
Clinicamente, sua utilidade é quase nula. Promovem 
Broncoconstrição, um efeito bastante indesejado em 
quase todas as situações. 
22. Agonistas e Antagonistas Adrenérgicos Diretos 
▪ Os fármacos adrenérgicos podem ser classificados por 
meio de sua estrutura química e por meio de seu 
mecanismo de ação. Vejamos: 
a) Estrutura Química 
 
 
 
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i. Catecolaminas – Epinefrina, norepinefrina, Dopamina e 
Isoprenalina. 
ii. Não Catecolaminas – Efedrina, Anfetamina, Fenilefrina, 
Metoxamina. 
b) Mecanismo de Ação 
i. Ação Indireta – Tiramina e Anfetamina. 
ii. Ação Direta – Catecolaminas e Fenilefrina. 
iii. Ação Mista – Efedrina e Metaraminol. 
 
 
 
 
 
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▪ Antagonistas Alfa Não Seletivos – Fenoxibenzamina e 
Fentolamina. Utilizados no tratamento do 
feocromocitoma, um tumor de adrenal. 
▪ Antagonistas Alfa 1 Seletivos – Prazosina e Doxazosina. 
Utilizados como anti-hipertensivos e no tratamento da 
hiperplasia prostática benigna. Lembre-se que os 
receptores Alfa 1 se encontram mais presentes nos vasos 
sanguíneos. 
▪ Antagonistas Alfa 2 seletivos – Ioimbina e Idazoxano. 
Utilizados na disfunção erétil. Lembre-se que os 
receptores Alfa 2 são pré-sinápticos, atuando na 
recepção de norepinefrina, logo, sua inibição, promove 
aumento desse neurotransmissor. 
▪ Antagonistas Beta Não Seletivos – Ao mesmo tempo que 
produzem redução da força e da frequência de contração, 
podem produzir aumento da resistência vascular 
periférica, devido ao bloqueio de Beta 2. 
▪ Antagonistas Beta-1 Seletivos – Atenolol e Metoprolol. 
Inibem a contração do coração, diminuindo frequência e 
força desse musculo. 
▪ Antagonistas Beta-2 Seletivos – Butoxamina. Causa 
Broncoconstrição, apresentando pouco uso clinico. 
23. Agonistas e Antagonistas Adrenérgicos Indiretos 
a) Antagonistas Adrenérgicos Indiretos 
▪ Fármacos que atuam reduzindo os níveis de norepinefrina 
na fenda sináptica. De modo geral, eles agem inibindo 
a síntese da noradrenalina. 
▪ Reserpina – Bloqueia o armazenamento de noradrenalina, 
por meio do comprometimento da atividade do 
transportador VMAT-2. 
 
 
 
 
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▪ Alfa-Metiltirosina – Inibe a enzima tirosina-
hidroxilase, responsável pela conversão de tirosina em 
DOPA. Utilizado no tratamento do feocromocitoma. 
▪ Carbidopa – Bloqueia a síntese de DOPA. Utilizado na 
Doença de Parkinson. 
▪ Alfa-Metildopa – Inibe a síntese de dopamina. 
b) Agonistas Adrenérgicos Indiretos 
▪ Atuam no neurônio, permitindo que ele produza ou libere 
maior quantidade de noradrenalina. 
▪ Anfetamina – É absorvida pelo neurônio e age na vesícula 
sináptica, permitindo maior liberação de noradrenalina. 
Um exemplo desse tipo de fármaco é a Ritalina 
(Cloridrato de Metilfenidato). 
 
▪ Inibidores da MAO – Inibem a degradação de noradrenalina 
pela enzima mono-amino-oxidase (MAO). Esses fármacos 
são principalmente utilizados como antidepressivos. 
(Observar imagem na próxima página) 
▪ Inibidores da Recaptação de Noradrenalina – Atuam sobre 
o transportador do tipo NET, impedindo que a 
noradrenalina seja recaptada pelo neurônio. Assim, o 
neurotransmissor prolonga sua estadia na fenda 
sináptica. Um exemplo desse tipo de fármaco é a cocaína. 
 
 
 
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