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1 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 1 Farmacologia – Sistema Nervoso Autônomo e Seus Principais Receptores Celulares. 1. Introdução ▪ O sistema nervoso autônomo consiste em nervos motores, que conduzem impulsos do SNC para a musculatura lisa de órgãos viscerais e de glândulas. Além disso, também se responsabiliza pelo controle do sistema digestório e do sistema excretor. ▪ Divisão básica – SNA simpático, SNA parassimpático e SNA entérico. ▪ Os nervos que constituem o SNA apresentam dois tipos de conformação, a saber os pré-ganglionares, nos quais o corpo celular se localiza dentro do SNC e os pós- ganglionares, nos quais o corpo celular se localiza dentro do gânglio. 2. Divisão e Característica ▪ Repare, praticamente todos os órgãos que recebem inervação do SNA apresentam fibras simpáticas e fibras parassimpáticas. ▪ Nesse sentido, a inervação simpática atuará em situações de “luta ou fuga”, enquanto a inervação parassimpática atuará em situações de relaxamento. ▪ SNA Simpático – Dilata a pupila (midríase), inibe a salivação, relaxa os brônquios (broncodilatação), acelera os batimentos cardíacos, inibe atividade do estomago e do pâncreas, estimula a liberação de glicose pelo fígado (glicogenólise), estimula a síntese de adrenalina e de noradrenalina, relaxa a bexiga, promove a ejaculação. Localização: Tóraco-lombar. Além disso, é importante destacar a extensão neuronal, sendo o neurônio pré-ganglionar curto e o neurônio pós- ganglionar longo. 2 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 2 ▪ SNA Parassimpático – Realiza ações contrarias as do simpático. Além disso, promove a ereção e estimula a vesícula biliar. Localização: Crânio-sacral. Quanto à extensão neuronal, tem-se que o neurônio pré-ganglionar é longo e o neurônio pós-ganglionar curto. ▪ Aspectos Funcionais do Simpático – Adrenérgico, catabólico e de desgaste. ▪ Aspectos Funcionais do Parassimpático – Colinérgico, anabólico e de síntese. ▪ Neurotransmissores do Simpático – No neurônio pré- ganglionar (mais curto) ocorre a liberação de acetilcolina, enquanto no neurônio pós-ganglionar ocorre a liberação de norepinefrina, a qual já atuará nas células do sistema alvo, pelos receptores do tipo alfa ou do tipo beta. ▪ Neurotransmissores do Parassimpático – No neurônio pré- ganglionar (mais longo) ocorre a liberação de acetilcolina. Do mesmo modo, no neurônio pós-ganglionar também ocorre a liberação de acetilcolina, a qual atuara no sistema alvo por meio da ligação em receptores muscarínicos ou nicotínicos. ▪ Obs.: Existe uma exceção para a divisão simpática, sendo a inervação da glândula suprarrenal, na qual não há neurônio pós-ganglionar. O que se verifica é uma única célula que parte do SNC e se dirige ao órgão alvo. Assim, tem-se a liberação direta de Ach na célula cromafim da medula suprarrenal. Lembre-se que a célula cromafim é um NEURONIO PRIMITIVO, sendo ela a responsável pela secreção da EPINEFRINA. 3 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 3 3. Sinapse Colinérgica ▪ O famoso neurotransmissor Acetilcolina (Ach) deriva da união entre uma molécula de colina, captada pelo neurônio pré-ganglionar, por meio de um transportador de sódio, e uma molécula de acetil, que deriva do metabolismo da glicose. Nesse caso, a enzima chamada acetilcolina-transferase é a responsável por realizar a união entre esses dois compostos, formando a acetilcolina, que será armazenada em vesículas até o momento de sua liberação. ▪ A partir de um impulso nervoso, de uma despolarização de membrana, ocorre a liberação dessa acetilcolina na fenda sináptica. Com isso, pode ocorrer a ligação desse neurotransmissor a um receptor muscarínico (M1,M2,M3,M4,M5) ou a um receptor nicotínico (Nn ou Nm) ou, ainda, pode ocorrer sua degradação pela enzima acetilcolinesterase (AchE), que produzirá uma colina e um acetil, os quais serão novamente introduzidos no neurônio. 4 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 4 4. Receptores Muscarínicos da Acetilcolina ▪ Em relação à Ach, os receptores presentes em seus sítios de ligação são do tipo metabotrópicos, acoplados à proteína G, especificamente Gq e Gi. ▪ A divisão anatômica ocorre da seguinte forma: ▪ M1 – Plexo entérico e neuronal. Proteína Gq – excitatório. ▪ M2 – Cardíaco. Proteína Gi – Inibitório. ▪ M3 – Glandular e vascular. Proteína Gq – Excitatório. ▪ M4 – SNC. Proteína Gi – Inibitório. ▪ M5 – SNC. Proteína Gq – Excitatório. ▪ Proteína Gq – Aumenta os níveis de IP3 e de DAG, aumenta o influxo de Ca2+, diminui a condutância de K+. Promove despolarização. ▪ Proteína Gi – Diminui os níveis de cAMP, inibe os canais de influxo de Ca2+, aumenta a condutância de K+. Promove hiperpolarização. 5 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 5 ▪ Repare bem, na imagem acima, o efluxo de potássio promovido por Gi, culminando no processo de hiperpolarização e redução da atividade celular. 5. Receptores Nicotínicos de Acetilcolina ▪ As fibras do tipo colinérgicas não apresentam apenas receptores do tipo muscarínicos, mas também receptores do tipo nicotínicos, quem recebem a ligação de nicotina e também de acetilcolina. ▪ Esses receptores são do tipo ionotrópicos, ou seja, são canais iônicos. De modo mais detalhado, são formados por 5 cadeias polipeptídicas, que formam um pentâmero com sítios de ligação para neurotransmissores específicos. 6 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 6 ▪ Receptor Nn ou N1 – Gânglios e medula suprarrenal. Formado por 3 unidades alfa e 2 unidades beta ou por 2 unidades alfa e por 3 unidades beta. ▪ Receptor Nm ou N2 – Musculo esquelético. No adulto é formado por 2 unidades alfa, 1 beta, 1 delta e 1 gama. ▪ Obs.: A Ach, no adulto, liga-se às duas subunidades alfa. Somente assim ocorre a estimulação do canal. 6. Sinapse Adrenérgica ▪ Em relação a esse tipo de sinapse, os principais neurotransmissores são a epinefrina e a norepinefrina. ▪ O precursor da síntese desses dois neurotransmissores é o aminoácido TIROSINA. Inicialmente, a tirosina sofre uma hidroxilação, por meio da enzima TIROSINA- HIDROXILASE, gerando o neurotransmissor DOPA. Em sequência, a DOPA sofre uma descarboxilação, por meio 7 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 7 da enzima DOPA-DESCARBOXILASE, gerando a DOPAMINA. Tudo esse processo ocorre no citoplasma da célula. ▪ Essa dopamina produzida será capturada por vesículas sinápticas, nas quais sofre a ação da enzima DOPAMINA- BETAHIDROXILASE, originando a NOREPINEFRINA, um neurotransmissor do SNA SIMPATICO. Em uma etapa posterior, que ocorre na MEDULA ADRENAL, essa norepinefrina sofre ação da enzima FENILETANOLAMINA-N- METILTRANSFERASE, que a transforma em EPINEFRINA. Esse processo ocorre nas VESÍCULAS SINAPTICAS. ▪ Obs.: Para que a dopamina entre nas vesículas, é necessário que ela passe por um transportador de membrana específico, chamado de VMAT. ▪ Repare, após sua formação e armazenamento, a noradrenalina será liberada, por exemplo, mediante presença de estimulo elétrico, o que faz com que ela seja lançada na fenda sináptica, podendo atuar nos receptores adrenérgicos, a saber receptores tipo Alfa ou receptores tipo Beta. ▪ Todavia, também é possível que essa norepinefrina seja recapturada pelos transportadores do tipo NET, os quais a reintroduzem no neurônio pré sináptico. Uma vez dentro do neurônio, a norepinefrina pode ser degradada por uma 8 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 8 enzima chamada de MONOAMINO-OXIDADE (MAO) ou pode ser novamente armazenada nas vesículas sinápticas, o que depende do transportador VMAT. 7. Receptores Adrenérgicos ▪ Esse tipo de receptor está primordialmente associado aos dois neurotransmissores citados no tópico anterior, a epinefrina e a norepinefrina. ▪ Receptor Alfa 1 – Mediado por proteínaGq, esse receptor se encontra na musculatura lisa do leito vascular, do trato geniturinário, do TGI e do fígado. Lembre-se que, por ser proteína Gq, os efeitos são excitatórios. ▪ Receptor Alfa 2 – Mediado por proteína Gi, esse receptor se encontra nas células beta do pâncreas, nas plaquetas, em alguns nervos e no musculo liso vascular. Lembre-se que, por ser proteína Gi, os efeitos são inibitórios. Por exemplo, no caso das plaquetas, o que ocorre é a agregação. ▪ Receptor Beta 1 – Mediado por proteína Gs, esse receptor se encontra no coração e nas células Justaglomerulares renais. Lembre-se que, por ser proteína Gs, os efeitos são excitatórios. ▪ Receptor Beta 2 – Mediado por proteína Gs, esse receptor se encontra no musculo liso, no musculo esquelético e no fígado. ▪ Receptor Beta 3 – Mediado por proteína Gs, esse receptor se encontra no tecido adiposo. Sua estimulação conduz à lipólise. 9 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 9 Exemplo do que ocorre na administração de fármacos beta agonistas em um paciente asmático. 8. Termino da Ação dos Neurotransmissores ▪ Terminações Colinérgicas – Finalização enzimática por meio da acetilcolinesterase. ▪ Terminações Adrenérgicas – Nesse caso, tem-se duas possibilidades. Na primeira, a captação é pré- ganglionar, por meio do transportador de membrana NET, que envia a norepinefrina de volta para o neurônio, onde ela será degradada pela enzima MAO. Já na segunda possibilidade, a captação é pós-ganglionar, a noradrenalina é captada pelos tecidos periféricos, sofrendo ação de degradação pela enzima COMT (CATECOL- ORTO-METIL-TRANSFERASE), produzindo metabolitos inativos. 9. Farmacologia Colinérgica – Visão Geral dos Agonistas a) Sistema Cardiovascular ▪ Efeito inotrópico negativo – diminuição da força de contração por estimulo de M2. ▪ Efeito cronotrópico negativo – diminuição da frequência cardíaca por estimulo de M2. ▪ Efeito dromotrópico negativo – diminuição da taxa de condução elétrica por estimulo de M2. b) Sistema Gastrointestinal ▪ Contração da musculatura lisa do TGI – Atuação de receptores M2 e M3. ▪ Estimulo de secreção ácida – Atuação de receptores M1. c) Sistema Geniturinário ▪ Contração do musculo detrusor da bexiga. ▪ Relaxamento dos músculos trígono e dos esfíncteres. 10 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 10 ▪ Contração do musculo liso do epidídimo, ducto deferente, vesícula seminal e próstata. ▪ Contração do miométrio. ▪ Envolvimento na proliferação celular prostática e das células de Sertoli. d) Sistema Nervoso Central ▪ Regulação de funções cognitivas, sensoriais, motoras e comportamentais. ▪ A transmissão colinérgica tem se mostrado importante na fisiopatologia de múltiplas doenças, como Alzheimer, Parkinson, esquizofrenia e depressão. e) Outros Efeitos ▪ Pulmão – Broncoconstrição e aumento da secreção traqueobrônquica. ▪ Glândulas – Aumento das secreções salivar, sudorípara e lacrimal. ▪ Olhos – Contração dos músculos circula e ciliar da íris. 10. Agonistas Muscarínicos ▪ Correspondem aos fármacos que se ligarão em algum receptor muscarínico, produzindo efeito semelhante ao da acetilcolina. ▪ Drogas de Ação Direta – Ocupam e ativam receptores muscarínicos. ▪ Drogas de Ação Indireta – Inibem a ação da acetilcolinesterase, aumento os níveis de acetilcolina e potencializando seus efeitos. ▪ Efeitos Cardiovasculares – redução da frequência e do debito cardíaco, vasodilatação generalizada e queda da PA. Geralmente, utilizado com anti-hipertensivos. ▪ Efeitos sobre o Musculo Liso – Contração e aumento do peristaltismo no TGI. Contração de brônquios e de bexiga. ▪ Efeito sobre as Glândulas – Estimulação das glândulas exócrinas, como salivar, lacrimal, sudorípara. ▪ Efeito sobre o Olho – Contração do musculo ciliar. Importante no tratamento do glaucoma. Éster Susceptibilidade a AchE Atividade Cardíaca Atividade no TGI Atividade Urinaria Atividade Ocular Antagonismo da Atropina Atividade Nicotínica Ach +++ ++ ++ ++ + +++ ++ Metacolina + +++ ++ ++ + +++ + Carbacol - + +++ +++ ++ + +++ Betanecol - + ou - +++ +++ ++ +++ - 11 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 11 11. Usos Terapêuticos dos Agonistas Colinérgicos ▪ Betanecol – Estimular musculatura lisa do TGI e da bexiga em certos quadros neurológicos ou pós- cirúrgicos. ▪ Pilocarpina – Glaucoma e Xerostomia. ▪ Cevimelina – Xerostomia. ▪ Agonistas M1 Seletivos – Em estudo para doença de Alzheimer. Aparentemente, agonistas M1 podem reduzir a síntese de proteínas beta-amiloide. ▪ Metacolina – Uma vez que ela causa Broncoconstrição, seu uso é para teste diagnostico de hiper-reatividade brônquica. 12. Agonistas Colinérgicos – Contraindicações ▪ Asma – DPOC. ▪ Distúrbios pépticos ácidos. ▪ Hipotensão. ▪ Insuficiência coronária. 13. Agonistas Colinérgicos Indiretos – Anticolinesterásicos ▪ Como apresentado anteriormente, esse tipo de fármaco não atua diretamente no receptor, mas, de alguma maneira, é capaz de elevar a concentração de acetilcolina. Por exemplo, agindo sobre a enzima acetilcolinesterase, que degrada a acetilcolina. 12 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 12 ▪ A acetilcolinesterase é uma enzima de membrana, principalmente localizada na membrana plasmática do neurônio pós-ganglionar. ▪ A acetilcolinesterase é ligada à membrana plasmática do neurônio pós-sináptico por meio do colágeno, e apresenta cada enzima apresenta 4 subunidades proteicas, sendo cada uma responsável pela degradação de uma molécula de acetil colina. Além disso, cada colágeno pode se ligar a até 3 AchE. ▪ O primeiro anticolinesterásico descoberto foi a Fisostigmina, um alcaloide extraído da planta “fava de Calabar”. 13 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 13 ▪ Obs.: Os organofosforados são ditos ligantes irreversíveis, devido a elevada força de ligação entre o fármaco e a sitio de ação. ▪ Intoxicação por Organofosforados - Em um período de até 30-40 minutos, a administração de Pralidoxime reverterá parcialmente a inativação da AchE. 14. Uso Clinico dos Anticolinesterásicos ▪ Olho – Os inibidores da AchE causam miose e bloqueio da acomodação ocular. O principal uso desses fármacos ocorre no tratamento do glaucoma de ângulo aberto ou glaucoma secundário. ▪ Trato Gastrointestinal – Os inibidores da AchE são responsáveis por aumentar a motilidade, sendo muito utilizados em casos de íleo paralitico e de atonia da bexiga, por exemplo. ▪ Placa Motora – Os inibidores da AchE são principalmente utilizados no tratamento da Miastenia Gravis e, também, na reversão do bloqueio neuromuscular pós-operatório. ➢ Lembre-se, na Miastenia Gravis a quantidade de Ach produzida pelo organismo é fisiologicamente normal, todavia, não se apresentam receptores suficientes para essa produção, ou seja, tem-se uma deficiência nos receptores para Ach. Essa falta de receptores, por sua vez, decorre da produção de anticorpos específicos pelo organismo, os quais se ligam aos receptores nicotínicos, impedindo a ligação da Ach. Desse modo, o musculo não consegue realizar contração de modo satisfatório, acarretando seu relaxamento. ➢ Uma das apresentações características dessa condição é a ptose palpebral. 14 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 14 ▪ Reversão da Toxicidade por Agente Anticolinérgicos – Por exemplo, intoxicação por elevadas doses de atropina ou de antidepressivos tricíclicos. ▪ Obs.: Alguns inibidores mais modernos da AchE têm sido utilizados no tratamento de demências. Por exemplo, denezepila (Alzheimer), rivastigmina e galantamina (Alzheimer). 15. Toxicidade e Tratamento com Inibidores de AchE ▪ As principais reações adversas podem ser memorizadas pela sigla “SLUDE”, que significa SALIVAÇÃO, LACRIMEJAMENTO, URINA, DIARREIAE EMESE. Todos são decorrentes de receptores muscarínicos. ▪ Obs.: Lembre-se, se você utiliza um inibidor da AchE, o que ocorrerá é um aumento da Ach livre. Logo, esse neurotransmissor estará livre para se ligar a outros receptores, em outros locais do organismo, o que explica os efeitos adversos. ▪ Além disso, podem apresentar outros efeitos, como bradicardia, hipertensão/hipotensão, cólicas, náuseas, Broncoconstrição e indução de convulsões. ▪ Tratamento – Bloquear os receptores da Ach, o que pode ser feito utilizando antagonistas muscarínicos, como a atropina, impedindo que o excesso de Ach consiga ativar determinado receptor. 16. Antagonistas Muscarínicos ▪ Constituem fármacos que, embora apresentem afinidade pelos receptores muscarínicos, uma vez ligados neles, não apresentam realização de nenhuma atividade característica desses receptores. ▪ Efeito Glandular – Inibição baixa das glândulas lacrimais, salivares, brônquicas e sudoríparas. Boca seca é um dos principais sintomas do paciente em uso de antagonistas muscarínicos. ▪ Efeito Cardiovascular – Moderada taquicardia. Em baixas doses, pode causar bradicardia paradoxal. ▪ Efeito Ocular – Midríase, não responsividade à luz e cicloplegia, comprometendo a visão de perto. ▪ Efeitos Gastrointestinais – Inibição da motilidade. ▪ Efeito Muscular – Relaxamento da arvore brônquica, bem como dos tratos biliares e urinário. ▪ Efeito no SNC – A atropina, por exemplo, produz efeitos excitatórios no SNC. Em baixas doses, causa leve inquietação. Já em altas doses, provoca agitação e desorientação. 15 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 15 17. Uso Clinico dos Agentes Anticolinérgicos ▪ Respiratório – Redução da secreção brônquica. Por exemplo, Atropina. ▪ Asma – Dilatação brônquica. Por exemplo, ipratrópio. ▪ Cardíaco – Combater a bradicardia. Por exemplo, Atropina. ▪ Cinetose – Escopolamina. ▪ Distúrbios GI – Ulceras e diarreia. Por exemplo, pirenpezina. ▪ Envenenamento por Pesticidas – Atropina. ▪ Envenenamento por Sarin – Atropina. 18. Efeitos Adversos dos Antagonistas Colinérgicos ▪ Boca seca. ▪ Taquicardia. ▪ Visão borrada. ▪ Dificuldade miccional. ▪ Redução da motilidade gástrica. ▪ Lembre-se, sempre que o parassimpático se encontrar bloqueado, o que se observará são efeitos do simpático. 19. Farmacologia Adrenérgica – Aspectos Gerais ▪ Relembrando a sinapse simpática, tem-se que o neurônio pré-ganglionar libera Ach, enquanto o neurônio pós- ganglionar libera noradrenalina, que é um dos principais neurotransmissores adrenérgicos. ▪ Obs.: Lembre-se que, no caso da divisão parassimpática, o neurotransmissor liberado tanto no pré-ganglionar, quanto no pós-ganglionar é a Ach. ▪ Anteriormente, foi apresentado o mecanismo de síntese da noradrenalina a partir do aminoácido tirosina. Todavia, em um estudo mais detalhado da farmacologia adrenérgica, é necessário pontuar a síntese de outro neurotransmissor essencial, a adrenalina ou epinefrina. 16 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 16 ▪ O aminoácido TIROSINA sofre ação da enzima TIROSINA- HIDROXILASE, originando a DOPA, que, por sua vez, sofre ação da enzima DOPA-DESCARBOXILASE, originando o neurotransmissor DOPAMINA. Em sequência, por ação da enzima DOPAMINA-BETA-HIDROXILASE, tem-se a síntese da NOREPINEFRINA. Todo esse processo ocorre nos neurônios adrenérgicos. ▪ Em sequência, na MEDULA ADRENAL, tem-se a etapa final para a síntese da epinefrina. Por meio da enzima FENILETANOLAMINA-N-METILTRANSFERASE, tem-se a síntese da EPINEFRINA. ▪ Após sua síntese, a norepinefrina deve ser armazenada em vesículas neuronais. Esse armazenamento, por sua vez, depende do transportador VMAT-2, que será responsável por levar a norepinefrina do citoplasma para a vesícula. Uma vez armazenado, o neurotransmissor permanece aguardando potencial de ação para que ocorra sua liberação na fenda sináptica. ▪ Em relação à captação desse neurotransmissor, tem-se ação de dois mecanismos. Primeiro, os transportadores do tipo NET, que atua no neurônio pré-sináptico, e do tipo DAT, que atua no neurônio pré-sináptico, capturando dopamina. Veja, esses dois transportadores são INIBIDOS POR COCAINA, o que explica os efeitos euforizantes dessa substancia, uma vez que a dopamina 17 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 17 e a norepinefrina passam a agir por mais tempo na fenda sináptica. O outro tipo de captação não ocorre no neurônio, mas nos tecidos periféricos, por meio de um transportador denominado OCT3, capturador de norepinefrina. ▪ Por fim, tem-se a possível degradação desses compostos, que pode ser realizada por duas enzimas distintas. Inicialmente, tem-se a MONOAMINO-OXIDASE(MAO), uma enzima intracelular e ligada à superfície mitocondrial. Sua principal ação é converter as catecolaminas em seus aldeídos correspondentes. A outra enzima é a CATECOL- O-METILTRANSFERASE(COMT), atuando no citosol celular, em tecidos neuronais e não neuronais. 18 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 18 20. Receptores Adrenérgicos ▪ Alfa 1 – São receptores principalmente encontrados em tecido muscular, sendo responsáveis, na maior parte dos casos, por sua contração. Os principais locais onde se encontra esse tipo de receptor são vasos, brônquios, útero, bexiga e íris. ▪ Obs.: Também existem receptores Alfa 1 no TGI, porem, nesse sitio anatômico, a ação realizada é o relaxamento, e não a contração. ▪ Alfa 2 – São receptores pré-sinápticos e inibitórios. Repare, esses receptores atuam como reguladores da atividade da noradrenalina, pois são capazes de se ligar a ele ainda na fenda sináptica, introduzindo-a novamente na célula. ▪ Beta 1 – São receptores encontrados principalmente no coração, estimulando a atividade simpática desse musculo, ou seja, sua contração. ▪ Beta 2 – Em semelhança com Alfa 1, os receptores do tipo Beta 2 são encontrados na musculatura, como em vasos, em brônquios, no TGI, no útero, na bexiga, nas vias seminais e nos cílios. Todavia, nesse caso, a ação é de relaxamento e não de contração. ▪ Obs.: Repare bem, existem receptores ALFA 1 e receptores BETA 2 nos mesmos locais, a exemplo dos vasos. Então, o que determina qual receptor deve ser ativado? Já que suas ações são ANTAGONICAS. Ora, nessa situação, o fator determinante será a DENSIDADE DE RECEPTORES naquele lugar. Desse modo, por exemplo, havendo mais receptores 19 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 19 BETA 2, o estimulo por norepinefrina acarretará um relaxamento dessas estruturas. ▪ Beta 3 – Presente nos adipócitos, esses receptores atuam estimulando a síntese de lipases, ou seja, enzimas que degradam lipídeos, promovendo a lipólise. 21. Afinidade dos Receptores Adrenérgicos ▪ Receptores Alfa: Norepinefrina> Epinefrina> Isoprenalina. ▪ Receptores Beta: Isoprenalina> Epinefrina> Norepinefrina. ▪ Agonistas Seletivos de Alfa 1 – Fenilefrina e Metoxamina. Por exemplo, a fenilefrina é utilizada como descongestionante nasal, uma vez que estimula a constrição dos vasos, evitando o extravasamento de plasma. ▪ Antagonistas Seletivos de Alfa 1 – Prazosina e Doxazosina. Impedem que a norepinefrina atue nos receptores alfa 1, logo, não há contração vascular, por exemplo. Desse modo, pode haver redução da PA. ▪ Agonistas Seletivos de Alfa 2 – Clonidina. Ligam-se aos receptores pré-sinápticos alfa 2, impedindo que mais norepinefrina seja liberada. Desse modo, também podem ser uteis como anti-hipertensivos. ▪ Antagonistas Seletivos de Alfa 2 – Ioimbina e Idazoxano. Impedem a ação de alfa 2, logo, promovem maior liberação de norepinefrina, sendo, assim, estimulantes. ▪ Agonistas Seletivos de Beta 1 – Dobutamina e Xamoterol. Ao se ligarem em receptores beta 1, promovem aumento da força de contração cardíaca. ▪ AntagonistasSeletivos de Beta 1 – Atenolol e Metoprolol. Impedem a ação da norepinefrina em beta 1, ou seja, diminuem a força de contração cardíaca, reduzindo a PA. São utilizados como anti-hipertensivos. ▪ Agonistas Seletivos de Beta 2 – Salbutamol, Terbutalina, Salmoterol, Formoterol. Estimulam as ações desse tipo de receptor, ou seja, relaxamento, como no caso dos brônquios. São bastante utilizados em pacientes asmáticos. ▪ Antagonistas Seletivos de Beta 2 – Butoxamina. Clinicamente, sua utilidade é quase nula. Promovem Broncoconstrição, um efeito bastante indesejado em quase todas as situações. 22. Agonistas e Antagonistas Adrenérgicos Diretos ▪ Os fármacos adrenérgicos podem ser classificados por meio de sua estrutura química e por meio de seu mecanismo de ação. Vejamos: a) Estrutura Química 20 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 20 i. Catecolaminas – Epinefrina, norepinefrina, Dopamina e Isoprenalina. ii. Não Catecolaminas – Efedrina, Anfetamina, Fenilefrina, Metoxamina. b) Mecanismo de Ação i. Ação Indireta – Tiramina e Anfetamina. ii. Ação Direta – Catecolaminas e Fenilefrina. iii. Ação Mista – Efedrina e Metaraminol. 21 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 21 ▪ Antagonistas Alfa Não Seletivos – Fenoxibenzamina e Fentolamina. Utilizados no tratamento do feocromocitoma, um tumor de adrenal. ▪ Antagonistas Alfa 1 Seletivos – Prazosina e Doxazosina. Utilizados como anti-hipertensivos e no tratamento da hiperplasia prostática benigna. Lembre-se que os receptores Alfa 1 se encontram mais presentes nos vasos sanguíneos. ▪ Antagonistas Alfa 2 seletivos – Ioimbina e Idazoxano. Utilizados na disfunção erétil. Lembre-se que os receptores Alfa 2 são pré-sinápticos, atuando na recepção de norepinefrina, logo, sua inibição, promove aumento desse neurotransmissor. ▪ Antagonistas Beta Não Seletivos – Ao mesmo tempo que produzem redução da força e da frequência de contração, podem produzir aumento da resistência vascular periférica, devido ao bloqueio de Beta 2. ▪ Antagonistas Beta-1 Seletivos – Atenolol e Metoprolol. Inibem a contração do coração, diminuindo frequência e força desse musculo. ▪ Antagonistas Beta-2 Seletivos – Butoxamina. Causa Broncoconstrição, apresentando pouco uso clinico. 23. Agonistas e Antagonistas Adrenérgicos Indiretos a) Antagonistas Adrenérgicos Indiretos ▪ Fármacos que atuam reduzindo os níveis de norepinefrina na fenda sináptica. De modo geral, eles agem inibindo a síntese da noradrenalina. ▪ Reserpina – Bloqueia o armazenamento de noradrenalina, por meio do comprometimento da atividade do transportador VMAT-2. 22 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 22 ▪ Alfa-Metiltirosina – Inibe a enzima tirosina- hidroxilase, responsável pela conversão de tirosina em DOPA. Utilizado no tratamento do feocromocitoma. ▪ Carbidopa – Bloqueia a síntese de DOPA. Utilizado na Doença de Parkinson. ▪ Alfa-Metildopa – Inibe a síntese de dopamina. b) Agonistas Adrenérgicos Indiretos ▪ Atuam no neurônio, permitindo que ele produza ou libere maior quantidade de noradrenalina. ▪ Anfetamina – É absorvida pelo neurônio e age na vesícula sináptica, permitindo maior liberação de noradrenalina. Um exemplo desse tipo de fármaco é a Ritalina (Cloridrato de Metilfenidato). ▪ Inibidores da MAO – Inibem a degradação de noradrenalina pela enzima mono-amino-oxidase (MAO). Esses fármacos são principalmente utilizados como antidepressivos. (Observar imagem na próxima página) ▪ Inibidores da Recaptação de Noradrenalina – Atuam sobre o transportador do tipo NET, impedindo que a noradrenalina seja recaptada pelo neurônio. Assim, o neurotransmissor prolonga sua estadia na fenda sináptica. Um exemplo desse tipo de fármaco é a cocaína. 23 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 23
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