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Revisão da Matéria de Fundamentos de Estatística e Epidemiologia

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Revisão da Matéria de Fundamentos de Estatística e Epidemiologia
· Classificação de Variável
Em estatística, quando falamos de variável estamos falando sobre um atributo, uma característica de uma pessoa ou coisa. A altura de uma pessoa, o número de filhos e o estado civil são exemplo de variáveis.
As variáveis podem ser divididas em qualitativas ou quantitativas:
· Variáveis Quantitativas: são variáveis numéricas, mensuráveis em uma escala quantitativa. A altura de uma pessoa e a quantidade de filhos que ela tem são variáveis quantitativas. Essas variáveis podem ainda ser divididas em variáveis discretas ou contínuas.
· Discretas: são variáveis quantitativas cujos valores possíveis formam um conjunto finito ou enumerável de números (números inteiros, não negativos e contáveis). Resulta de procedimento de contagem. Exemplos: número de filhos, quantidade de latas de cerveja, número de ovos que uma galinha bota ao longo da vida, etc.
· Contínuas: são características (valores) mensuráveis, porcentagem. Em um determinado intervalo, podem adotar quaisquer valores (números reais). Na construção de tabelas de frequência, para estas variáveis, é necessário construir intervalos que agrupem os dados. Exemplos: altura, peso, renda salarial, etc.
· Variáveis Qualitativas: são variáveis que não possuem valor quantitativo, não são expressas numericamente. A cor dos olhos e o sexo de um indivíduo são exemplos de variáveis qualitativas. Podemos ainda dividir estas variáveis em nominais e ordinais.
· Nominais: variáveis que não possuem ordenação. Exemplos: sexo, cor dos olhos, nacionalidade, cidade de nascimento, etc.
· Ordinais: variáveis que possuem ordenação. Exemplos: escolaridade, classe social, etc.
O quadro abaixo – um pouco mau desenhado, confesso – resume a classificação de variáveis:
 Variáveis
 Quantitativas Qualitativas
Discretas Contínuas Nominais Ordinais 
Nº de filhos Altura Sexo Escolaridade
Nº de peças defeituosas Peso Profissão Classe social
Nº de ovos de galinha Renda Cor dos pelos Mês de observação do experimento
· Surto x Epidemia x Pandemia x Endemia
· Surto: Acontece quando há um aumento inesperado do número de casos de determinada doença em uma região específica. Em algumas cidades, a dengue, por exemplo, é tratada como um surto e não como uma epidemia, pois acontece em regiões específicas (como um bairro).
· Epidemia: Uma epidemia irá acontecer quando existir a ocorrência de surtos em várias regiões. A epidemia a nível municipal é aquela que ocorre quando diversos bairros apresentam certa doença, a nível estadual ocorre quando diversas cidades registram casos e a nível nacional, quando a doença ocorre em diferentes regiões do país. Exemplo: Em fevereiro deste ano, vinte cidades haviam decretado epidemia de dengue.
· Pandemia: A pandemia, em uma escala de gravidade, é o pior dos cenários. Ela acontece quando uma epidemia se estende a níveis mundiais, ou seja, se espalha por diversas regiões do planeta. Em 2009, a gripe A (ou gripe suína) passou de uma epidemia para uma pandemia quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) começou a registrar casos nos seis continentes do mundo.
· Endemia: A endemia não está relacionada a uma questão quantitativa. É uma doença que se manifesta com frequência e somente em determinada região, de causa local. A Febre Amarela, por exemplo, é considerada uma doença endêmica da região norte do Brasil.
· Prevalência x Incidência
· Prevalência: (Foto/dado momento/hoje) – Número de casos existentes de uma doença, em um dado momento. É a medida estática (fotográfica). Indivíduos são avaliados uma única vez.
· A prevalência refere-se ao número de casos de uma doença em uma população, durante um período específico de tempo. Deste modo, ela determina o número total de casos de uma doença em uma dada população e o impacto que isso tem na sociedade, levando em consideração casos antigos e novos. O cálculo da prevalência pode ser feito de dois modos. A prevalência de período é aquela calculada com base em um período de tempo, já a prevalência pontual é calculada em cima de um ponto específico no tempo.
P=C / N
 T T 
Onde: Ct representa o número de casos prevalentes no instante T; Nt refere-se ao tamanho da população estudada, no mesmo instante T.
· Incidência: (novos casos de períodos/Intervalo de tempo) – Frequência com que surgem novos casos de uma doença, num intervalo de tempo. Há o conceito de risco. Tempo de incidência = Evento de referência T0 até o desfecho. Se não houver desfecho fica como tempo indeterminado. Taxa de incidência ou incidência acumulada.
· Incidência refere-se à taxa de manifestação de uma determinada doença. É usado para medir a taxa de ocorrência de uma doença em um determinado período, lidando com o número de novos casos diagnosticados em uma população, durante um período específico. Ele fornece informações sobre o risco das pessoas serem acometidas pela doença e é muito importante no estudo de suas causas.
TI = I/PT
 (T0, T) 
Onde: (T0,T) refere-se ao intervalo entre a origem T0 e o instante T; I representa o número de casos novos que surgiram entre T0 e T; e PT representa a quantidade de pessoas-tempo acumulada pela população, durante o estudo.
	
	Incidência
	Prevalência
	Definição
	Incidência é a taxa de manifestação de uma determinada doença.
	A prevalência é o número de casos de uma doença em uma população, durante um período específico de tempo.
	Mensura
	O surgimento da doença.
	Mede a proporção da população que já tem a doença.
	Cálculo da taxa
	A taxa de incidência é o número de novos casos de uma doença, dividido pelo número de pessoas em risco.
	A taxa de prevalência é calculada usando o número de indivíduos afetados em determinado momento, dividido pelo número total de pessoas.
	Tempo de diagnóstico de doença
	Recém diagnosticada.
	Casos de sobreviventes, diagnosticados a qualquer momento.
	Denominador
	População em risco.
	População total.
	Casos analisados
	Conta apenas novos casos.
	Conta todos os casos.
	Acompanhamento
	Requer o acompanhamento de indivíduos em uma população para identificar novos casos.
	Não necessita de acompanhamento.
	Fator de duração da doença
	Não depende da duração da doença.
	Depende da duração, pois uma longa duração acabará por aumentar a prevalência de uma doença.
	Quando é usada
	Quando se estuda causa e efeito.
	Para estimar o ônus da população de uma doença crônica.
Quanto mais elevada a incidência, ou a duração de uma doença, maior tende a ser a prevalência.
· Transição Demográfica e Epidemiológica
Transição Demográficas – Populações antigas – alta mortalidade. Crescimento progressivo da população com registro de alta mortalidade em catástrofe, aproximando número de mortes do número de nascimentos. As pessoas cassavam cedo e morriam cedo. Esperança de vida ao nascer era de 20 anos.
A história recente mudou muito. Redução de catástrofe, industrialização e desenvolvimento das sociedades reduziu a mortalidade. Isso acelerou o crescimento populacional.
 
Transição Epidemiológicas - Nos últimos 100 anos nos Países industrializados houve grande mudança do perfil epidemiológico, com menos doenças infecciosas e parasitárias e aumento das doenças crônicas-degenerativas (principalmente cardiovasculares). Países em desenvolvimento sofreram semelhantes mudanças nos últimos 30-40 anos. No Brasil, houve mudanças a partir de 1960, chegando a um perfil epidemiológico polarizado, mas prevalece alta as endemias rurais (chagas, esquistossomose, malária localizada), surtos dedengue e hanseníase.
· Notificação Compulsória
Notificação Compulsória: (casos de suspeitas de doenças agravantes) É a comunicação da ocorrência de ama doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adotar medidas de intervenções.
A notificação compulsória consiste na comunicação da ocorrência de casos individuais, agregados de casos ou surtos, suspeitos ou confirmados, da lista de agravos relacionados na Portaria, que deve ser feita às autoridades sanitárias por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, visando à adoção das medidas de controle pertinentes. Além disso, alguns eventos ambientais e doenças ou morte de determinados animais também se tornaram de notificação obrigatória. É obrigatória a notificação de doenças, agravos e eventos de saúde pública constantes nas Portaria nº 204 e Portaria 205, de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde.
Moda
Modal
Amodal
Gráfico (dispersão) Correlação
· Vigilância Alimentar e Nutricional
A Epidemiologia Nutricional pode ser entendida como a relação do consumo, uso e utilização dos alimentos, nutrientes e eventos relacionados à saúde e ao estado nutricional; estudo da oferta do alimento do ponto de vista químico, físico ou microbiológico, pesquisando qualidade, deficiência ou excesso dos alimentos relacionados com a saúde e a doença das populações (ASSIS; BARRETO, 2013). A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) tem como propósito a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição (BRASIL, 2013). O monitoramento das situações alimentar e nutricional é uma das diretrizes da PNAN, instituída em 1999 no Brasil, centrada no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. O SISVAN corresponde a um sistema de informações que tem como objetivo primordial promover o conhecimento contínuo sobre as condições nutricionais da população e os fatores que as influenciam, visando melhorias para que as crianças cresçam adequadamente e adotem uma alimentação saudável desde cedo, contribuindo para a qualidade de vida de toda população (SISVAN, 2015). A epidemiologia nutricional deverá fornecer dados desagregados para os distintos âmbitos geográficos, categorias de gênero, idade, raça/etnia, populações específicas (como indígenas e povos e comunidades tradicionais) e outras de interesse para um amplo entendimento da diversidade e dinâmicas nutricional e alimentar da população brasileira. O seu fortalecimento institucional possibilitará documentar a distribuição, magnitude e tendência da transição nutricional, identificando seus desfechos, determinantes sociais, econômicos e ambientais (BRASIL, 2013). O SISVAN trabalha com dados de peso, altura e indicadores do consumo alimentar em diferentes fases da vida. Tais dados são provenientes dos atendimentos realizados nos estabelecimentos de saúde ou pela Estratégia Saúde da Família e pelo Programa Agentes Comunitários de Saúde (SISVAN, 2015). Semestralmente, são registradas as informações das condicionalidades do setor saúde no sistema de gestão do Programa Bolsa Família, incluindo o acompanhamento do crescimento das crianças e a realização do pré-natal entre as gestantes. Os dados antropométricos (peso e altura) dessas crianças e das mulheres em idade fértil são registrados no sistema de gestão e são exportados para o SISVAN Web, permitindo análises sobre o perfil nutricional desses grupos (UNICEF, 2010).
· Vigilância Ambiental
A Epidemiologia Ambiental e/ou Vigilância Ambiental em Saúde são definidas como o conjunto de ações de conhecimento e detecção de mudanças nos fatores do meio ambiente que interferem na saúde do homem, com a finalidade de desenvolver medidas de prevenção, controle dos fatores de risco das doenças e agravos (BRASIL, 2002). Para sua compreensão, com relação aos agentes químicos, o sistema deve considerar meios para atender os aspectos desta vigilância, são eles: • Vigilância dos efeitos dos poluentes à saúde; • Vigilância dos poluentes do organismo humano; • Vigilância dos poluentes do meio ambiente; • Vigilância dos fatores de risco.
Nesse contexto, ressaltamos que a saúde das pessoas poderá ser afetada quando sofrerem exposição a algum fator nocivo, como por exemplo, a poluição ambiental. As características dos poluentes são diferentes e os tipos de poluição também variam de um lugar para outro. Por sua vez, a exposição é diferente para os indivíduos, pode variar de acordo com suas atividades ocupacionais, hábitos, estilo de vida, fatores biológicos e situação de saúde, entre outros aspectos (BRASIL, 2002). A concepção integrada do modelo é contrária à verticalização e compreende desde a análise dos efeitos dos riscos ambientais para a saúde da população até o desenvolvimento e a implementação de processos decisórios, de políticas públicas e o manejo dos riscos.
A vigilância ambiental dos fatores de risco não biológicos apresenta, por sua vez, como integrantes: 1) água de consumo humano; 2) contaminantes ambientais; e 3) desastres naturais e acidentes com produtos perigosos. Já no grupo de fatores de riscos biológicos, integram: 1) vetores; 2) hospedeiros e reservatórios; e 3) animais peçonhentos (BRASIL, 2002). O sistema de vigilância implica, por natureza própria, o desenvolvimento de ações primárias de investigação relativas ao estudo de surtos, de casos suspeitos, com o propósito de descartá-los ou confirmá-los, de denúncias, de situações epidemiológicas definidas, identificadas a partir de casos clínicos, ou casos suspeitos, etc.
· Doenças Cíclicas
Doenças Cíclicas: Essa denominação caracteriza as oscilações periódicas de frequência. A colocação da frequência anual de certos eventos, em gráficos, permite detectar flutuações de frequências, nas quais um determinado ano sobressai, com maior número de casos, entre um ou vários anos de frequências mais baixas e muito semelhantes. Esta periodicidade independe de a tendência ser ascendente ou descendente e aparece mesmo quando não se configura qualquer tendência.
A elevação cíclica do número de casos está relacionada à presença de suscetíveis, ao lado do efeito de outros fatores que facilitam ou dificultam a transmissão de doença. Os mecanismos de intervenção, à disposição da sociedade, podem fazer com que as frequências sejam atenuadas e o padrão de periodicidade alterado. Por exemplo, a vacinação de toda a população infantil, contra sarampo, ou das pessoas em risco de febre amarela, tende a mascarar as variações cíclicas destas doenças ou mesmo fazê-las desaparecer.
A importância de estudar esse tipo de variação, bem como o de caráter sazonal, reside em que as oscilações tendem a se repetir periodicamente. Se o ritmo é conhecido, pode-se prever a sua ocorrência, o que se presta à adoção de medicas preventivas, em tempo hábil. Este conhecimento também é útil em avaliação de programas, para não tomar como fracasso ou êxitos as elevações e decréscimo periódico de incidência dos eventos.
· Doenças Sazonais
Doenças Sazonais: A denominação é usada para designar oscilações periódicas de frequências, cujos ciclos configuram ritmo sazonal. O padrão de ocorrência do dano à saúde pode estar relacionado a múltiplos fatores, tais como as condições meteorológicas e outras condições ambientais, as celebrações sociais que as acompanham, de cunho econômico, cultural, regional ou de outra natureza, e os hábitos da população. A sazonalidade destes eventos pode explicar a sazonalidade dos agravos à saúde.
A variação sazonal da temperatura, por exemplo, se caracteriza por temperatura alta no verão, e baixa, no inverno. Essas oscilações de temperatura estão associadas à maior incidência de diarreias, no verão, e de infecção transmitidas por vias respira´torias no inverno.
Um padrão de sazonalidade é também encontrado na maioria das doenças infeciosas, mas elenão é especifico deste grupo de agravos à saúde. Os acidentes de trabalhos ocorridos em épocas de colheitas agrícolas são também considerados eventos sazonais. Além disso, nas comunidades rurais pobres, o peso das pessoas, particularmente das crianças, mostra estreita relação com as estações do ano.
Doenças Irregulares
Doenças Irregulares: São alterações na frequência de agravos à saúde, devidas a acontecimentos não-previsíveis, ou pelo menos, não-enquadrados nas categorias anteriormente apresentadas. Exemplo extremos destes acontecimentos são as catástrofes naturais (terremotos) ou artificiais (Guerra, renovações). As epidemias por contaminações da água de abastecimento e os surtos de toxinfecções alimentares constituem situações relativas à variação irregular. 
· Indicador Epidemiológico – IDH 
Medida importante concebida pela ONU para avaliar a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico de uma população.
Anualmente é elaborado um Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) pelo programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com base em 03 (três) critérios saúde, educação e renda.
Saúde: Uma vida longa e saudável: Expectativa de vida ao nascer. 
Entende-se que quanto maior for essa taxa, melhores serão as condições de vida de seus habitantes. Ações como campanhas de vacinação e educação sobre saúde, pre-natal, organização de sistemas públicos de saúde, ações de fornecimento de medicamento, entre outros, colaboram para elevar esse indicador.
Educação: Acesso ao conhecimento: média de anos de estudo (adultos) e anos esperados de escolaridade (crianças).
Entende-se que, quanto maior for o tempo de permanência de uma população na escola, melhores serão as chances de desenvolvimento para esse País. Por outro lado, mostra ainda o comprometimento dos gestores com o futuro de sua Nação, na medida em que esse indicador reflete-se diretamente no desenvolvimento da futuras gerações. Assim, as políticas de Estado para matricular todas as crianças e adolescentes nas escolas e diminuir as taxas de evasão e repetência, por exemplo, visam à melhora da posição do País nesse tipo de indicador.
Renda: Um padrão de vida descente: Medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) com base na paridade de poder de compra (PPC) por habitante.
No quesito renda mede-se o valor médio do rendimento dos cidadãos com base na média do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de toda a riqueza produzida por um País em determinado período (normalmente anual) dividida pelo número de habitantes.
O IDH varia entre 0 (nenhum desenvolvimento humano) e 1 (desenvolvimento humano total), revelando que quanto maior a proximidade de 1, mais desenvolvido é o País. A média mundial dos 188 Países avaliados em 2014 foi de 0,702.
A utilização das variáveis educação, saúde e renda permite uma comparação com praticamente todos os Países do globo e serve de referência para mensurar a resposta de determinado País frente a essas importantes demandas.
Ainda que o IDH se proponha a fazer uma avaliação com um menor peso do critério econômico, este se mostra cada vez mais determinante na definição de seus indicadores.

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