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Inquisição: Um Passado Sombrio da Igreja

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INQUISIÇÃO 
 
INQUISIÇÃO NUNCA MAIS 
Pr Airton Evangelista da Costa 
AOS LEITORES Este trabalho é um esboço, um ensaio, um estudo, em que 
condensamos diversos fatos relacionados com a INQUISIÇÃO. O assunto, de tão vasto, 
não se esgota nestas páginas. As dificuldades enfrentadas pela Igreja de Cristo 
através dos séculos devem ser conhecidas por todos os cristãos. Os católicos precisam 
conhecer a história negra de sua igreja. Os evangélicos não devem esquecer os heróis 
da fé, os homens que, com ousadia, romperam com as tradições, com o poder 
eclesiástico de sua época, e ajudaram na implantação de uma igreja reformada, livre 
do poder papal, submissa a Jesus, e tendo a Bíblia Sagrada como única regra de fé e 
prática. Conhecer um pouco dos horrores dos tribunais eclesiástico é descobrir o quão 
difícil foi a caminhada até os dias atuais. Os alicerces de nossa fé ficam mais 
fortalecidos quando nos miramos no exemplo de nossos irmãos do passado, 
"atribulados mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados, perseguidos, 
mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos", pois "BEM-AVENTURADOS 
SOIS VÓS, QUANDO VOS INJURIAREM E PERSEGUIREM E, MENTINDO, DISSEREM 
TODO O MAL CONTRA VÓS POR MINHA CAUSA" (Mateus 5.11). A lista dos mártires e 
perseguidos parece não ter fim. A Igreja Católica estava disposta a vigiar e manter sob 
seu domínio todo o universo do pensamento humano. Qualquer um que ousasse 
defender suas idéias - científicas, religiosas, ou em qualquer área -, em desacordo com 
a interpretação do Vaticano, era considerado um herético, e, por isso, por esse crime, 
julgado e condenado. Era quase impossível aos hereges se livrarem da tortura e da 
fogueira. Pelo modo cruel como os protestantes foram massacrados; pela forma cruel 
com que subjugaram alguns, sob tortura; em razão dos milhões que perderam a vida 
nas Cruzadas, nas fogueiras ou de outras maneiras, e por muitas outras práticas 
assassinas e injustas usadas no decorrer de vários séculos de INQUISIÇÃO, não 
vacilamos em afirmar que esse monstruoso Santo Ofício foi UM CRIME CONTRA A 
HUMANIDADE... todavia, um crime que não mais se repetirá, NUNCA MAIS. Louvado 
seja nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. O AUTOR 
INQUISIÇÃO: SIGNIFICADO E OBJETIVO 
Também chamada de Santo Ofício, INQUISIÇÃO era a designação dada a um tribunal 
eclesiástico, vigente na Idade Média e começos dos tempos modernos. Esse Tribunal, 
instituído pela Igreja Católica Romana, tinha por meta prioritária julgar e condenar os 
hereges. A palavra "herege" significa aquele que escolhe, que professa doutrina 
contrária ao que foi definido pela Igreja como sendo matéria de fé. Então, todos os que 
se rebelavam contra a autoridade papal ou faziam qualquer espécie de crítica à Igreja 
de Roma eram considerados hereges. INQUISIÇÃO é o ato de INQUIRIR: indagar, 
investigar, pesquisar, perguntar, interrogar judicialmente. Os hereges seriam os 
"irmãos separados", os "protestante", os "crentes", os "evangélicos" de hoje. Em 
suma, a INQUISIÇÃO foi um tribunal eclesiástico criado com a finalidade de investigar 
e punir os crimes contra a fé católica. Da Enciclopédia BARSA, vol 7, pags. 286-287 
extraímos o seguinte: " Heresia, no sentido geral é uma atitude, crença ou doutrina, 
nascida de uma escolha pessoal, em oposição a um sistema comumente aceito e 
acatado. É uma opinião firmemente defendida contra uma doutrina estabelecida. A 
Igreja Católica, no seu Direito Canônico, estabelece uma distinção entre heresia, 
apostasia e cisma. Assim diz este documento: "Depois de recebido o batismo, se 
alguém, conservando o nome de cristão, nega algumas das verdades que se devem 
crer com fé divina e católica ou dela duvida, é HEREGE. Se afasta-se totalmente da fé 
cristã, é APÓSTATA. Se recusa submeter-se ao Sumo Pontífice (o Papa) ou tratar com 
os membros da Igreja aos quais está sujeito, é CISMÁTICO" (Direito Canônico 1.325, 
párag. 2). Então, por esse raciocínio e decreto de Roma, os milhões de crentes no 
mundo são hereges e cismáticos porque negam muitas das "verdades" da fé católica, 
não se submetem ao Sumo Pontífice, e só reconhecem Jesus Cristo como 
autoridade máxima da Igreja. De acordo com o que foi noticiado em janeiro/98 
pelos jornais, a Igreja Católica Romana resolveu abrir os arquivos do Santo Ofício ou 
Inquisição, colocando-os à disposição dos pesquisadores. Nesses arquivos constam 
4.500 obras sob fatos e julgamentos de quatro séculos da Igreja Católica, conforme 
noticiado. A abertura desses processos é de muita valia para os pesquisadores, 
historiadores e interessados em conhecer um pouco mais do passado negro da Igreja 
de Roma. Nem por isso a humanidade deixou de conhecer as crueldades, as chacinas, 
o extermínio, as torturas que tiraram a vida de milhões de hereges. Os arquivos do 
Vaticano vão mostrar, certamente, com mais detalhes, como foram conduzidos os 
processos sumários e quais os métodos usados para obter confissões e retratações. 
Todavia, a guarda a sete chaves dessas informações não impediu que o mundo 
tomasse conhecimento dos crimes cometidos pelos tribunais inquisitórios. A História 
não pode ser apagada. 
O INÍCIO DAS PERSEGUIÇÕES 
Embora a Inquisição tenha alcançado seu apogeu no século XIII, suas origens 
remontam ao século IV: o herege espanhol Prisciliano foi condenado à morte pelos 
bispos espanhóis no ano de 1385; no século X muitos casos de execuções de hereges, 
na fogueira ou por estrangulamento; em 1198 o Papa Inocêncio III liderou uma 
cruzada contra os "ALBIGENSES" (hereges do sul da França), com execuções em 
massa; em 1229, no Concílio de Tolouse, foi oficialmente criada a Inquisição ou 
Tribunal do Santo Ofício, sob a liderança do Papa Gregório IX; em 1252, o Papa 
Inocêncio IV publicou o documento intitulado "AD EXSTIRPANDA", em que vociferou: 
"os hereges devem ser esmagados como serpentes venenosas". Este documento foi 
fundamental na execução do diabólico plano de exterminar os hereges. As autoridades 
civis, sob a ameaça de excomunhão no caso de recusa, eram ordenadas a queimar os 
hereges. O "AD EXSTIRPANDA" foi renovado ou reforçado por vários papas, nos anos 
seguintes: Alexandre IV (1254-1261); Clemente IV (1265-1268), Nicolau IV (1288-
1292); Bonifácio VIII (1294-1303) e outros. Inocêncio IV autorizou o uso da tortura. 
OS MÉTODOS DE TORTURA 
No seu "Livro das Sentenças da Inquisição" (Liber Sententiarum Inquisitionis) o padre 
dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis, 1261-1331), "um dos mais completos 
teóricos da Inquisição", descreveu vários métodos para obter confissões dos acusados, 
inclusive o enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro". Usava-se, dentre outros, 
os seguintes processos de tortura: a manjedoura, para deslocar as juntas do corpo; 
arrancar unhas; ferro em brasa sob várias partes do corpo; rolar o corpo sobre lâminas 
afiadas; uso das "Botas Espanholas" para esmagar as pernas e os pés; a Virgem de 
Ferro: um pequeno compartimento em forma humana, aparelhado com facas, que, ao 
ser fechado, dilacerava o corpo da vítima; suspensão violenta do corpo, amarrado 
pelos pés, provocando deslocamento das juntas; chumbo derretido no ouvido e na 
boca; arrancar os olhos; açoites com crueldade; forçar os hereges a pular de abismos, 
para cima de paus pontiagudos; engolir pedaços do próprio corpo, excrementos e 
urina; a "roda do despedaçamento funcionou na Inglaterra, Holanda e Alemanha, e 
destinava-se a triturar os corpos dos hereges; o "balcão de estiramento" era usado 
para desmembrar o corpo das vítimas; o "esmaga cabeça" era a máquina usada para 
esmagar lentamente a cabeça do condenado, e outras formas de tortura. Com a 
promessa de irem diretamente para o Céu, sem passagem pelo purgatório, muitos 
homens eram exortados pelos inquisidores para guerrearem contra os hereges. No ano 
de 1209, em Beziers (França), 60 mil foram martirizados; dois anos depois, em Lauvau 
(França), o governador foi enforcado, sua mulher apedrejada e 400 pessoas 
queimadas vivas.A carnificina se espalhou por outras cidades e milhares foram 
mortos. Conta-se que num só dia 100.000 hereges foram vitimados. Depois de 
acusados, os hereges tinham pouca chance de sobrevivência. Geralmente as vítimas 
não conheciam seus acusadores, que podiam ser homens, mulheres e até crianças. O 
processo era sumário. Ou seja: rápido, sem formalidades, sem direito de defesa. Ao 
réu a única alternativa era confessar e retratar-se, renunciar sua fé e aceitar o domínio 
e a autoridade da Igreja Católica Romana. Os direitos de liberdade e de livre escolha 
não eram respeitados. A Igreja de Roma, sob o pretexto de que detinha as chaves dos 
céus e do inferno e poderes para livrar as almas do purgatório e perdoar pecados, 
pretendia ser UNIVERSAL, dominar as nações mediante pressão sob seus governantes 
e estabelecer seus domínios por todo o Planeta. 
 
 
MORTE NA FOGUEIRA DE SAVONAROLA,1498 
 
CRUELDADE E MATANÇA, OS VALDENSES 
A seguir, um relato sucinto do extermínio de hereges. A matança dos valdenses - Um 
dos primeiros grupos organizados a serem atormentados foram os valdenses. 
Valdenses eram chamados "os membros da seita, também chamada Pobres de Lião, 
fundada pelo mercador Pedro Valdo por volta de 1170, na França. Inspirada na 
pobreza evangélica, repudiava a riqueza da Igreja Católica". O grupo organizado por 
Pedro Valdo, um rico comerciante, cria que todos os homens tinham o direito de 
possuir a Bíblia traduzida na sua própria língua. Acreditavam, também, que a Bíblia era 
a autoridade final para a fé e para a vida. Os valdenses se vestiam com simplicidade - 
contrapondo-se à luxúria dos sacerdotes católicos - , ministravam a Ceia do Senhor e o 
Batismo, e ordenavam leigos para a pregação e ministração dos sacramentos. "O 
grupo tinha seu próprio clero, com bispos, sacerdotes e diáconos". Tal liberdade não 
era admitida pela Igreja Católica porque não havia submissão ao Papa e aos seus 
ensinos. Os valdenses possuíam a Bíblia traduzida na sua língua materna, o que 
facilitou a pregação da Palavra. Outros grupos sucumbiram diante das ameaças e 
castigos impostos pelos romanistas. Os valdenses, todavia, resistiram. Na escuridão 
das cavernas, cada versículo era copiado, lido e ensinado. Na Bíblia encontraram a Luz 
- uma luz forte que inunda corpo, alma e espírito... uma luz chamada Jesus. Os 
valdenses foram, certamente, os primeiros a se organizarem como igreja, formar seu 
próprio clero e enviar missionários para outras regiões na França e Itália. Tudo com 
muito sacrifício e sob implacável perseguição. Essa liberdade de ação motivou os 
líderes romanos a adotarem medidas duras contra a "seita". Uma bula papal classificou 
os valdenses como hereges e, como tal, condenados à morte. A única acusação contra 
eles era a de que "tinham uma aparência de piedade e santidade que seduzia as 
ovelhas do verdadeiro aprisco". Uma cruzada foi organizada contra esse povo santo. 
Como incentivo, a Igreja prometia perdão de todos os pecados aos que matassem um 
herege, "anulava todos os contratos feitos em favor deles (dos valdenses), proibia a 
toda a pessoa dar-lhe qualquer auxílio, e era permitido se apossar de suas 
propriedades por meio de violência". Não se sabe quantos valdenses morreram nas 
Cruzadas. Sabemos, portanto, que esses obstinados cristãos fincaram os alicerces da 
Reforma que viria séculos depois. 
O MASSACRE DE SÃO BARTOLOMEU 
Os católicos franceses apelidavam de "huguenotes" os protestantes. Uma designação 
depreciativa. Já fomos tratados de huguenotes, hereges, heréticos, protestantes, 
cristãos novos, irmãos separados, crentes, evangélicos, etc. Mas o Pai nos chama de 
FILHOS. O massacre de São Bartolomeu ou a Noite de São Bartolomeu ficou 
conhecido como "a mais horrível entre as ações diabólicas de todos os séculos". Com a 
concordância do Papa Gregório XIII, o rei da França, Carlos IX, eliminou em poucos 
dias milhares de huguenotes. A matança iniciou-se na noite de 24.08.1572, em Paris, 
e se estendeu a todas as cidades onde se encontravam protestantes. Segundo Ellen G. 
Write, em seu Livro "O GRANDE CONFLITO", foram martirizados cerca de setenta mil 
nesse massacre. "Quando a notícia do massacre chegou a Roma, a alegria do clero não 
teve limites. O cardeal de Lorena recompensou o mensageiro com mil coroas; o 
canhão de Santo Ângelo reboou em alegre salva; os sinos dobraram em todos os 
campanários; e o Papa Gregório XIII, acompanhado dos cardeais e outros dignitários 
eclesiásticos, foi, em longa procissão, à igreja de S.Luís, onde o cardeal de Lorena 
cantou o Te Deum. Um sacerdote falou "daquele dia tão cheio de felicidade e regozijo, 
em que o santíssimo padre recebeu a notícia e foi em aparato solene dar graças a 
Deus e a S.Luís". Para comemorar e perpetuar na memória dos povos esse horrendo 
massacre, por ordem do Papa Gregório XIII foi cunhada uma moeda, onde se via a 
figura de um anjo com a espada numa mão e, na outra, uma cruz, diante de um grupo 
de horrorizados huguenotes. Nessa moeda comemorativa lia-se a seguinte inscrição: 
"UGONOTTORUM STANGES, 1572" ("A MATANÇA DOS HUGUENOTES, 1572"). Em seu 
livro "OS PIORES ASSASSINOS E HEREGES DA HISTÓRIA", o historiador e pesquisador 
cearense Jeovah Mendes, à pág. 238, assim registra a fatídica Noite de S.Bartolomeu: 
"Papa Gregório XIII (Ugo Buoncompagni) (1502-1585) - Em irreprimível ritmo 
acelerado recrudescia o ódio contra os protestantes em rumo de um trágico desfecho. 
O cardeal de Lorena, com a aprovação e bênção pontifícia de Gregório XIII, engendrou 
o mais horrível banho de sangue por motivos religiosos em toda a História da França 
ou de qualquer nação do mundo. Consumou-se o projeto assassino aos 24 de agosto 
de 1572, a inqualificável NOITE DE S.BARTOLOMEU, sendo nesse macabro festival de 
sangue, morto o impetérrito Coligny, mártir do Evangelho e honra de sua Pátria. Como 
troféu da bárbara carnificina, a cabeça de Coligny fora remetida ao "sumo pontífice" 
Gregório XIII (Maurício Lachatre, História dos Papas, vol. IV, pg. 68)". O MASSACRE 
DOS ALBIGENSES - Albigenses eram os nascidos na cidade de Albi, sul da França. Em 
1198, por iniciativa do Papa Inocêncio III, foram instituídos "Os Inquisidores da Fé 
contra os Albigenses". Esses franceses foram considerados "hereges" porque seus 
ensinos doutrinários não se alinhavam com os da Igreja de Roma. O extermínio 
começou no ano de 1209 e se estendeu por 20 anos, quando milhares de albigenses 
pereceram. Fala-se em mais de 20.000 mortos, entre homens, mulheres e crianças. O 
MASSACRE DA ESPANHA - Tomás de Torquemada (1420-1498), espanhol, padre 
dominicano, nomeado para cargo de grande-inquisidor pelo Papa Sisto IV, dirigiu as 
operações do Tribunal do Santo Ofício durante 14 anos. "Celebrizou-se por seu 
fanatismo religioso e crueldade". De mãos dadas com os reis católicos, promoveu a 
expulsão dos judeus da Espanha por édito real de 31.03.1492, tendo estes o prazo 
reduzido de quatro meses para se retirarem do país sem levar dinheiro, ouro ou prata. 
É acusado de haver condenado à fogueira 10.220 pessoas, e cerca de 100.000 foram 
encarceradas, banidas ou perderam haveres e fazendas. Tudo em nome da fé católica 
e da honra de Jesus Cristo. O MASSACRE DOS ANABATISTAS - Grupo religioso iniciado 
na Inglaterra no século XVI, que defendia o batismo somente de pessoa adulta. Por 
autorização do Papa Pio V (1566-1572), cem mil foram exterminados. O MASSACRE 
EM PORTUGAL - Diante dos insistentes pedidos de D. João III, o Papa Paulo III 
introduziu, por bula de 1536, o Tribunal do Santo Ofício em Portugal. As perseguições 
foram de tal ordem que o comércio e a indústria na Espanha e em Portugal ficaram 
praticamente paralisados. "As execuções públicas eram conhecidas como autos-de-fé. 
No começo, funcionaram tribunais da Inquisição nas diversas dioceses de Portugal, 
mas no século XVI ficaram apenas os de Lisboa, Coimbra e Évora. Depois, somente o 
da capital do reino, presidido pelo inquisidor-geral. Até 1732, em Portugal, o número 
desentenciados atingiu 23.068, dos quais 1.554 condenados à morte. Na torre do 
Tombo, em Lisboa, estão registrados mais de 36.000 processos". Daí porque os 4.500 
processos constantes dos arquivos de terror do Vaticano - Os Arquivos do Santo Ofício 
- recentemente liberados aos pesquisadores, não contam toda a história da desumana 
Inquisição. 
 
 
O MASSACRE DA NOITE DE SÃO BARTOLOMEU 
 
REFERÊNCIAS GERAIS SOBRE A INQUISIÇÃO 
A INQUISIÇÃO EM CUBA - Não havia parte nenhuma no mundo onde os protestantes 
ou hereges estivessem livres para o exercício de sua fé. Partindo da Europa, muitos 
procuraram refúgio nas Américas do Sul e Central, o "Novo Mundo". Mas para cá 
também vieram os inquisidores. A inquisição em Cuba iniciou-se em 1516 sob o 
comando de dom Juan de Quevedo, bispo de Cuba, que, com requintes de maldade, 
eliminou setenta e cinco "hereges". A INQUISIÇÃO NO BRASIL - O padre Antônio Vieira 
(1608-1697), pregador missionário e diplomata, defensor dos indígenas, considerado a 
maior figura intelectual luso-brasileira do séc. 17 foi condenado por heresia pelo Santo 
Ofício, e mantido em prisão por cerca de dois anos. O brasileiro Antônio José da Silva, 
poeta e comediólogo, foi um dos supliciados em autos-da-fé. A Inquisição se instalou 
no Brasil em três ocasiões: Em 09.06.1591, na Bahia, por três anos; em Pernambuco, 
de 1593 a 1595; e novamente na Bahia, em 1618. Há notícia de que no século XVIII 
Inquisição atuou no Brasil. Segundo o jornal "Mensageiro da Paz", número 1334, de 
maio/1998, "cento e trinta e nove "pessoas foram queimadas vivas, no Brasil, entre os 
anos de 1721 e 1777. Todos os que confessavam não crer nos dogmas católicos eram 
sentenciados. De acordo com os dados históricos, quase todos os cristãos-novos 
presos no Brasil pela Inquisição, durante o século 18, eram brasileiros natos e 
pertenciam a todas as camadas sociais. Praticamente a metade dos prisioneiros 
brasileiros cristãos-novos no século 18 era mulheres. Na Paraíba, Guiomar Nunes foi 
condenada à morte na fogueira em um processo julgado em Lisboa. A Inquisição 
interferiu profundamente na vida colonial brasileira durante mais de dois séculos. Um 
dos exemplos dessa interferência era a perseguição aos descendentes de judeus. Os 
que estavam nessa condição podiam ser punidos com a morte, confisco dos bens e na 
melhor das hipóteses ficavam impedidos de assumir cargos públicos". A matéria do 
Mensageiro da Paz foi assinada por Regina Coeli. Do livro "BABILÔNIA: A RELIGIÃO 
DOS MISTÉRIOS" de Ralph Woodrow - "As autoridades civis eram ordenadas pelos 
papas, sob pena de excomunhão, a executarem as sentenças legais que condenavam 
os hereges impenitentes ao poste. Deve-se notar que a excomunhão em si mesma não 
era uma coisa simples, pois, se a pessoa excomungada não se livrasse da excomunhão 
dentro de um ano, passava a ser considerada herética, e incorria em todas as 
penalidades que afetavam a heresia" (pág. 110). "A intolerância religiosa que incitou a 
Inquisição, causou guerras que envolveram cidades inteiras. Em 1209 a cidade de 
Beziers foi tomada por homens que tinham recebido a promessa do papa de que 
entrando na cruzada contra os hereges, eles (os assassinos), ao morrerem, passariam 
direto para o céu, desviando-se do purgatório. Reporta-se que sessenta mil, nesta 
cidade, pereceram pela espada. Em Lavaur, em 1211, o governador foi enforcado e a 
esposa lançada num poço e esmagada com pedras. Quatrocentas pessoas foram 
queimadas vivas em Lavaur. Os cruzados assistiram à missa solene pela manhã, em 
seguida passaram a tomar outras cidades da área. Neste cerco estima-se que cem mil 
albigenses (protestantes) caíram em um só dia. Seus corpos foram amontoados e 
queimados. No massacre de Merindol, quinhentas mulheres foram trancadas em um 
celeiro ao qual atearam fogo. Se qualquer uma pulasse das janelas seria recebida na 
ponta de lanças. Mulheres foram ostensiva e dolorosamente violentadas. Crianças 
assassinadas diante de seus pais. Algumas pessoas eram lançadas de abismos ou 
arrancavam suas roupas e arrastavam-nas pelas ruas. Métodos semelhantes foram 
usados no massacre de Orange em 1562. O exército italiano, enviado pelo Papa Pio IV, 
recebeu ordem e matar homens, mulheres e crianças. A ordem foi seguida com terrível 
crueldade, sendo o povo exposto a vergonha e tortura indescritíveis. Dez mil 
huguenotes (protestantes) foram mortos no sangrento massacre em paris no "Dia de 
São Bartolomeu", em 1572". (págs. 113-114). Enciclopédia BARSA, vol. 8, pág. 30-31, 
edição 1977 - "Em 1229, no Concílio de Tolouse, criou-se oficialmente a Inquisição ou 
Tribunal do Santo Ofício. A partir deste momento, e sobretudo com o trabalho dos 
frades dominicanos, foi-se precisando a legislação e jurisprudência da Inquisição. O 
processo era sumário. O acusado podia ignorar o nome do acusador. Mulheres, 
crianças e escravos podiam ser testemunhas na acusação, mas não na defesa. Num 
destes processos consta o nome de uma testemunha de dez anos e idade. O padre 
dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis, 1261-1331), um dos mais completos 
teóricos da Inquisição, enumerou, no seu Liber Sententiarum Inquisitionis ("Livro das 
Sentenças da Inquisição"), vários processos para a boa obtenção de confissões, 
inclusive pelo enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro." Do livro "OS PIORES 
ASSASSINOS E HEREGES DA HISTÓRIA, DE CAIM A SADDAM HUSSEIN, do cearense 
Jeovah Mendes, edição 1997, págs 249-250. "Em toda a sua calamitosa história, a 
Igreja Católica nada mais tem feito que perseguir o homem, sob o sofisma de agir em 
nome de Deus. Vejamos os morticínios que ela levou a efeito: As cruzadas à Terra 
Santa custaram à humanidade o sacrifício de dois milhões de vítimas; de Leão X a 
Clemente IX (papas) os sanguinários agentes do catolicismo, que dominavam a 
França, a Holanda, a Alemanha, a Flandes e a Inglaterra, realizaram a tenebrosa São 
Bartolomeu, de que já falamos, degolando, massacrando, queimando mais de dois 
milhões de infiéis, enquanto a Companhia de Jesus, obra do abominável Inácio de 
Loyola, cometia as maiores atrocidades, chegando mesmo a envenenar o Papa 
Clemente XIV. O seu agente S. Francisco Xavier, em missão no Japão, imolava cerca 
de quatrocentos mil nipônicos; as cruzadas levadas a efeito entre os indígenas da 
América, segundo Las Casas, bispo espanhol e testemunha ocular de perseguição e 
autos-de-fé, sacrificaram doze milhões de seres em holocausto ao seu Deus; a guerra 
religiosa que se seguiu ao suplício do Padre João Huss e Jerônimo de Praga, contou 
mais de cento e cinqüenta mil vidas imoladas à Igreja Romana; no século XIV, o 
grande Cisma do Ocidente cobriu a Europa de cadáveres, dado que nada menos de 
cinqüenta mil vidas foram o preço cobrado pela ira papal; as cruzadas levadas a efeito 
a partir de Gregório VII (papa), roubaram à Europa cerca de trezentos mil homens, 
assassinados com requintes de selvageria; nas terras do Báltico, os frades cavaleiros, 
além de uma devastação e pilhagem completa, ainda sacrificaram mais de cem mil 
vidas; a imperatriz Teodora, dando cumprimento a uma penitência imposta pelo seu 
confessor, fez massacrar cento e vinte mil maniqueus, no ano de 845; as disputas 
religiosas entre iconoclastas e iconólatras devastaram muitas províncias, resultando 
ainda no sacrifício de mais de sessenta mil cristãos degolados e queimados. A Santa 
Inquisição, na sua longa e tenebrosa jornada, levou aos mais horrorosos suplícios, 
inclusive às fogueiras, algumas centenas de milhares de pobres desgraçados; segundo 
o Barão d´Holbach, a Igreja Católica Romana, pelos seus papas, bispos e padres, é a 
responsável pelo sacrifício de cerca de dez milhões de vidas. Que mais é preciso 
dizer"? 
AS TENTATIVAS DE ALGEMAR A PALAVRA DE DEUS 
A história dos massacres e perseguições perde-se no tempo. Quase impossível para os 
historiadores é levantar o número exato ou aproximado de vítimas da Inquisição. O 
banho de sangue começou na Europa, mais precisamenteem França, e se estendeu 
por países vizinhos. Havia, por parte da Igreja de Roma, uma preocupação constante 
com a propagação do Evangelho, com o conhecimento da Palavra, com a tradução da 
Bíblia em outras línguas. Preocupação no sentido de proibir. Só pelo fato de um 
católico passar a ler as Escrituras estava sujeito a ser considerado um herege e, como 
tal, ser excomungado e levado à fogueira. A Bíblia era, assim, considerada um 
obstáculo às pretensões da Igreja de Roma, de colocar todos os povos sob seus 
domínios. Muitos meios foram usados para que a Bíblia ficasse restrita ao pequeno 
círculo dos sacerdotes, dos padres, dos bispos e dos papas. Dentre as medidas para 
conter o avanço da Palavra de Deus, estão as seguintes: 1) Em 1229, o Concílio de 
Tolouse (França), o mesmo que criou a diabólica Inquisição, determinou: "Proibimos os 
leigos de possuírem o Velho e o Novo Testamento... Proibimos ainda mais 
severamente que estes livros sejam possuídos no vernáculo popular. As casas, os mais 
humildes lugares de esconderijo, e mesmo os retiros subterrâneos de homens 
condenados por possuírem as Escrituras devem ser inteiramente destruídos. Tais 
homens devem ser perseguidos e caçados nas florestas e cavernas, e qualquer que os 
abrigar será severamente punido." (Concil. Tolosanum, Papa Gregório IX, Anno Chr. 
1229, Canons 14:2). Foi este mesmo Concílio que decretou a Cruzada contra os 
albigenses. Em "Acts of Inquisition, Philip Van Limborch, History of the Inquisition, cap. 
08, temos a seguinte declaração conciliar: "Essa peste (a Bíblia) assumiu tal extensão, 
que algumas pessoas indicaram sacerdotes por si próprias, e mesmo alguns 
evangélicos que distorcem e destruíram a verdade do evangelho e fizeram um 
evangelho para seus próprios propósitos... (elas sabem que) a pregação e explanação 
da Bíblia é absolutamente proibida aos membros leigos".(grifo nosso). 2) No Concílio e 
Constança, em 1415, o santo Wycliffe, protestante, foi postumamente condenado 
como "o pestilento canalha de abominável heresia, que inventou uma nova tradução 
das Escrituras em sua língua materna". 3) O Papa Pio IX, em sua encíclica "Quanta 
cura", em 8 de dezembro de 1866, emitiu uma lista de oito erros sob dez diferentes 
títulos. Sob o título IV ele diz: "Socialismo, comunismo, sociedades clandestinas, 
sociedades bíblicas... pestes estas devem ser destruídas através de todos os meios 
possíveis". 4) Em 1546 Roma decretou: "a Tradição tem autoridade igual à da Bíblia". 
Esse dogma está em voga até hoje, até porque existe o dogma da "infalibilidade 
papal". Ora, se os dogmas, bulas, decretos papais e resoluções outras possuem 
autoridade igual à das Sagradas Escrituras, os católicos não precisam buscar verdades 
na Palavra e Deus. 5) O Papa Júlio III, preocupado com os rumos que sua Igreja 
estava tomando, ou seja, perdendo prestígio e poder diante do número cada vez maior 
de "irmãos separados" ou "'cristãos novos" ou "protestantes" (apesar dos massacres), 
convocou três bispos, dos mais sábios, e lhes confiou a missão de estudarem com 
cuidado o problema e apresentarem as sugestões cabíveis. Ao final dos estudos, 
aqueles bispos apresentaram ao papa um documento intitulado "DIREÇÕES 
CONCERNENTES AOS MÉTODOS ADEQUADOS A FORTIFICAR A IGREJA DE ROMA". Tal 
documento está arquivado na Biblioteca Imperial de Paris, fólio B, número 1088, vol. 
2, págs 641 a 650. O trecho final desse ofício é o seguinte: "Finalmente (de todos os 
conselhos que bem nos pareceu dar a Vossa Santidade, deixamos para o fim o mais 
necessário), nisto Vossa Santidade deve pôr toda a atenção e cuidado de permitir o 
menos que seja possível a leitura do Evangelho, especialmente na língua vulgar, em 
todos os países sob vossa jurisdição. O pouco dele que se costuma ler na Missa, deve 
ser o suficiente; mais do que isso não devia ser permitido a ninguém. Enquanto os 
homens estiverem satisfeitos com esse pouco, os interesses de Vossa Santidade 
prosperarão, mas quando eles desejarem mais, tais interesses declinarão. Em suma, 
aquele livro (a Bíblia) mais do que qualquer outro tem levantado contra nós esses 
torvelinhos e tempestades, dos quais meramente escapamos de ser totalmente 
destruídos. De fato, se alguém o examinar cuidadosamente, logo descobrirá o 
desacordo, e verá que a nossa doutrina é muitas vezes diferente da doutrina dele, e 
em outras até contrária a ele; o que se o povo souber, não deixará de clamar contra 
nós, e seremos objetos de escárnio e ódio geral. Portanto, é necessário tirar esse livro 
das vistas do povo, mas com grande cuidado, para não provocar tumultos" - Assinam 
Bolonie, 20 Octobis 1553 - Vicentius De Durtantibus, Egidus Falceta, Gerardus 
Busdragus. 6) Além de tentar tapar a boca de Deus algemando a Sua Palavra, a Igreja 
de Roma modifica ou suprime trechos sagrados da Bíblia para justificar sua Tradição. 
Daremos dois exemplos: 1) acatou o livro apócrifo de Macabeus dentre outros, 
admitindo-o como divinamente inspirado, para justificar a oração pelos mortos. 2) 
suprimiu o SEGUNDO MANDAMENTO em seu Catecismo. No Catecismo da Primeira 
Eucaristia, 12ª edição, Paulinas, São Paulo, 1975, à pág. 70, lê-se: Mandamentos da 
lei de Deus: 1) amar a Deus sobre todas as coisas; 2) não tomar seu santo nome em 
vão; 3) guardar os domingos e festas; 4) honrar pai e mãe; 5) não matar; 6) não 
pecar contra a castidade; 7) não furtar; 8) não levantar falso testemunho; 9) não 
desejar a mulher do próximo; 10) não cobiçar as coisas alheias. 7) Os mandamentos 
de Deus estão no livro de Êxodo. No capítulo 20, versos 4 e 5 assim está escrito: "NÃO 
FARÁS PARA TI IMAGEM DE ESCULTURA, NEM SEMELHANÇA ALGUMA DO QUE HÁ EM 
CIMA DOS CÉUS, NEM EM BAIXO NA TERRA, NEM NAS ÁGUAS DEBAIXO DA TERRA. 
NÃO TE ENCURVARÁS A ELAS NEM AS SERVIRÁS". Então, como se vê, a Igreja 
Romana suprimiu do seu Catecismo o Segundo Mandamento. Isto é grave para quem é 
temente a Deus. Muito grave. Por que suprimiu? Para que não houvesse o confronto de 
suas práticas idólatras com a Palavra de Deus? Todos esses maléficos expedientes 
usados para eliminar, alterar ou suprimir as Sagradas Escrituras não conseguiram 
êxito. A Bíblia é o livro mais vendido e mais lido em todo o mundo e está traduzido 
para quase 2.000 línguas e dialetos. Só no Brasil são vendidos por ano mais de quatro 
milhões de bíblias, afora uns 150 milhões de livros com pequenos trechos (bíblias 
incompletas), Os reflexos desses expedientes, ou seja, as tentativas de algemar a 
Palavra de Deus, ainda hoje são sentidos. No Brasil são poucos os católicos que se 
dedicam à leitura da Bíblia, embora os carismáticos estejam mais desenvolvidos no 
particular. Regra geral, se contentam "com o pouco que lhes são oferecido na missa", 
e enquanto se contentam com esse pouco (como sugeriram aqueles bispos ao papa, 
item 5 retro) continuam errando. "ERRAIS, NÃO CONHECENDO AS ESCRITURAS, NEM 
O PODER DE DEUS". (Mateus 22.29) 
O SANGUE DOS MÁRTIRES 
Não se pode separar a Inquisição da Reforma, uma vez que as perseguições, e com 
elas os inquisidores, surgiram em decorrência do protesto (advindo daí a alcunha de 
protestantes) de homens inconformados com as doutrinas e práticas da Igreja de 
Roma, cada vez mais se distanciando do Evangelho de Jesus Cristo. Wycliffe, John 
Huss, Jerônimo e Lutero não se calaram diante da luxúria, da venda de indulgências, 
do jogo de interesses e do baixo nível moral do clero romano. Esses "reformadores" 
desejavam, em suma, criar condições favoráveis a que a Igreja Católica Romana 
corrigisse seus erros. Apresentavam a Bíblia como única regra de fé e prática; Jesus 
como único Sumo Sacerdote; defendiam a liberdade de a Bíblia ser traduzida na língua 
de cada povo, de ser lida e interpretada por qualquer cristão; combatiam a submissão 
dos governantes aos papas e a espoliação do povo através de cobrança de impostos 
para os cofres de Roma. "Pelo pagamento de dinheiro à igreja, o povo poderia livrar-se 
do pecado e igualmente libertar as almas de amigos falecidosque estivessem 
confinadas às chamas atormentadoras. Por esses meios Roma encheu os cofres e 
sustentou a magnificência, luxo e vícios dos pretensos representantes dAquele que não 
tinha onde reclinar a cabeça". Em vez de considerar os protestos e analisá-los à luz da 
Palavra de Deus, e proceder as mudanças internas cabíveis, Roma preferiu partir para 
o ataque. Criou a Inquisição para exterminar os protestantes; proibiu a leitura da 
Bíblia e sua tradução em outras línguas; classificou de heresia qualquer ensino ou 
crença contrários à fé católica; sentenciou, torturou, degolou, exterminou, 
excomungou, massacrou um número incalculável de santos. "ENTÃO, VOS HÃO DE 
ENTREGAR PARA SERDES ATORMENTADOS E MATAR-VOS-ÃO. E SEREIS ODIADOS DE 
TODAS AS GENTES POR CAUSA DO MEU NOME" (Mateus 24.9). Muitos pagaram com a 
vida pelo desejo de reformar. Alcançaram a vitória porque resolveram enfrentar a 
poderosa Igreja de Roma, os inquisidores, a fogueira, a excomunhão e toda a espécie 
de vexames; enfrentaram acusações e ameaças mas não dobraram seus joelhos diante 
dos papas. Vejamos alguns exemplos. JOHN WYCLIFFE (1320 - 1384) Wycliffe, teólogo 
inglês, precursor da Reforma, pregava uma Igreja sem a direção papal, era adversário 
das indulgências e combatia o excesso de bens materiais dos clérigos. Foi doutor de 
Teologia, advogado eclesiástico a serviço da Coroa, e tornou-se reitor de Lutterworth 
em 1374. Sua maior obra, contudo, foi a tradução das Escrituras para o inglês. A partir 
daí a Palavra de Deus se fez conhecida na Inglaterra. Ousado e destemido, Wycliffe 
atacou de forma brilhante o clero romano, acusando-o de explorar o povo e os 
governantes com a venda de indulgências; de criar clima de tensão e horror ao 
ameaçar os fiéis com excomunhão; de tentar conter a propagação da Palavra ao 
proibir a leitura da Bíblia e a sua tradução para línguas conhecidas do povo. Chamado 
a retratar-se por ocasião de uma enfermidade que muito o enfraqueceu, disse: "Não 
hei de morrer, mas viver e denunciar novamente as más ações dos frades". Tendo sido 
levado pela terceira vez ao tribunal eclesiástico, e acusado de heresia, Wycliffe 
declarou: "Com que julgais estar a contender? Com um ancião às bordas da sepultura? 
Não! Estais a contender com a Verdade, Verdade que é mais forte do que vós e vos 
vencerá". Deus livrou Wycliffe da fogueira: faleceu repentinamente após um ataque de 
paralisia. Sua voz silenciou, mas sua fé em Jesus Cristo fez discípulos em todo o 
mundo. JOHN HUSS (1369 - 1415) Divulgador das idéias do santo Wycliffe, natural da 
Boêmia, depois de completar o curso superior ordenou-se sacerdote, havendo exercido 
o cargo de professor e mais tarde de reitor da universidade de Praga. Huss, embora 
não estivesse de acordo com todos os ensinos de Wycliffe, ficou bastante influenciado 
pelas idéias desse inglês, e resolveu aprofundar-se mais no estudo da Bíblia. O 
segundo passo foi denunciar o verdadeiro caráter do papado, o orgulho, a ambição e a 
corrupção da hierarquia. Defendia a Bíblia como sendo a única regra de fé e prática do 
cristão, e ensinava que a Palavra de Deus podia ser pregada por qualquer pessoa. Esse 
tipo de liberdade de pensamento não era admitido pela todo-poderosa Igreja de Roma. 
A reação veio rápida. O santo Huss foi convocado a comparecer perante o papa, em 
Roma. Apoiado pelos governantes e por uma parcela da população, ele não atendeu ao 
chamado. Diante de tão grande afronta ao Sumo Pontífice, Huss foi excomungado e a 
cidade de Praga interditada. Com a interdição, o povo ficaria privado das bênçãos 
divinas, bênçãos que somente o papa, como representante de Deus, tinha autoridade 
para ministrar. Era isso que ensinava a Igreja era assim que pensavam muitos. O 
período da Inquisição - uns 600 anos - foi um período negro na história da Igreja de 
Roma. Muitos povos, muitos grupos, muitas nações se enchem de orgulho e júbilo 
quando falam do seu passado. A Igreja Católica Romana não tem do que se alegrar. A 
lista dos ANTIPAPAS compreende 39 sumos pontífices, no período de 217 a 1449, 
abrangendo, portanto, um interregno de 1.200 anos, conforme a Enciclopédia BARSA. 
O clímax da imoralidade papal deu-se no período de 1378 a 1417, "durante o qual 
houve diversos papas ao mesmo tempo: a França e seus aliados obedeciam ao Papa 
de Avignon, enquanto a Alemanha, a Itália e a Inglaterra ao de Roma". No caso do 
santo Huss, acusado de heresia, não se sabia a quem recorrer porque a Igreja estava 
dividida. Daí porque a pedido do imperador Sigismundo, o Papa João XXIII - um dos 
três papas rivais - convocou um concílio geral na cidade de Constança, ao qual 
compareceram, como réus, o excomungado John Huss e o Papa João XXIII, este 
acusado por vários crimes cometidos durante seu ministério no período de 1410 a 
1415: fornicação, adultério, incesto, sodomia, roubo, simonia, assassinato. "Foi 
provado, por uma legião de testemunhas, que ele havia seduzido e violado trezentas 
freiras, e que havia montado um harém em Boulogne onde não menos de duzentas 
meninas tinham sido vítimas de sua lubricidade". Condenaram-no por cinqüenta e 
quatro crimes. Deus colocou num mesmo tribunal um "herege" e um papa. O único 
"crime" do santo Huss fora o não se submeter à vontade de Roma. Por isso, foi 
condenado à fogueira. Antes da fogueira, Huss foi preso e lançado numa masmorra. 
Da prisão escreveu a um amigo: "Escrevo esta carta na prisão e com as mãos 
algemadas, esperando a sentença de morte para manhã... Quando, com o auxílio de 
Jesus Cristo, de novo nos encontrarmos na deliciosa paz da vida futura, sabereis quão 
misericordioso Deus Se mostrou para comigo, quão eficazmente me sustentou em 
meio de tentações e provas". Em outra carta disse: "Que a glória de Deus e a salvação 
das almas ocupem a tua mente, e não a posse de benefícios e bens. Acautela-te de 
adornar tua casa mais do que a tua alma; e, acima de tudo, dá teu cuidado ao edifício 
espiritual. Sê piedoso e humilde para com os pobres, e não consumas haveres em 
festas". Antes de ser levado ao local da execução, deu-se a cerimônia da degradação: 
as vestes sacerdotais do santo Huss foram arrancadas e sobre sua cabeça colocaram 
uma carapuça de papel com a inscrição "Arqui-herege". "Com muito prazer, disse 
Huss, "levarei sobre a cabeça esta coroa de ignomínia por Teu amor ó Jesus, que por 
mim levaste uma coroa de espinhos. Invoco a Deus para testemunhar que tudo que 
escrevi e preguei foi dito com o fim de livrar almas do pecado e perdição; e, portanto, 
muito alegremente confirmarei com meu sangue a verdade que escrevi e preguei". As 
chamas começaram a tomar conta do seu corpo. Huss orou várias vezes até perder a 
voz: "JESUS, FILHO DE DAVI, TEM MISERICÓRDIA DE MIM". O martírio do Santo Huss 
se deu em 6 de julho de 1415, no mesmo dia de sua condenação. Naquele mesmo dia 
o santo John Huss se encontrou com Jesus, no Paraíso. 
JERÔNIMO DE PRAGA (1360 - 1416) 
Jerônimo, embora consciente do risco que corria, apresentou-se ao Concílio de 
Constança (sudoeste da Alemanha), ano de 1414, para defender os ensinos do seu 
amigo John Huss, e dar testemunho de sua fé. Logo após haver confirmado suas idéias 
"heréticas", foi encarcerado numa masmorra, alimentado a pão e água. Doente, 
debilitado e abandonado por amigos, cedeu à pressão dos inquisidores e declarou que 
retornaria à fé católica. Ainda assim, retornou à prisão e lá permaneceu por trezentos 
e quarenta dias. Durante esse tempo, refletiu sobre a sua fraqueza de fé e se sentiu 
envergonhado de haver cedido. Verificou que não valia a pena negar as verdades 
bíblicas para salvar a pele. Novamente perante o Concílio, Jerônimo falou: "Estou 
pronto para morrer. Não recuarei diante dos tormentos que me estão preparados por 
meus inimigos e falsas testemunhas, que um dia terão que prestar contas de suas 
imposturas diante do grande Deus, a quem nada pode enganar. De todos os pecados 
que cometi desde minha juventude, nenhum pesa tão gravemente em meu espírito e 
me acusatão pungente remorso, como aquele que cometi neste lugar fatídico, quando 
aprovei a iníqua sentença dada contra Wycliffe e com o mártir John Huss, meu mestre 
e amigo". E prosseguiu Jerônimo: "Confesso-o de todo o coração e declaro com horror, 
que desgraçadamente fraquejei quando, por medo da morte, condenei suas doutrinas. 
Portanto, suplico a Deus Todo-poderoso Se digne perdoar meus pecados, e em 
particular este, O MAIS HEDIONDO DE TODOS. Provai-me pelas escrituras que estou 
em erro, e o abjurarei. São as tradições dos homens mais dignas de fé do que o 
Evangelho do nosso Salvador?" Jerônimo foi logo levado à fogueira. Quando as 
chamas começaram a queimar seu corpo, orou ao Pai: "Senhor, Pai Todo-poderoso, 
tem piedade de mim e perdoa os meus pecados; pois sabes que sempre amei Tua 
verdade". 
JOANA D'ARC (1412 - 1431) 
Uma das milhares de vítimas dos autos-de-fé do Santo Ofício. Dizendo-se enviada por 
Deus, ela desejou e conseguiu, embora parcialmente, livrar sua Pátria, a França, da 
dominação inglesa. A "heroína da França" não se livrou das mãos dos inquisidores. Por 
causa de suas ousadas atitudes, foi acusada de feiticeira, sortílega, bruxa, pseudo-
profeta, invocadora de espíritos malignos, idólatra ( logo os católicos 
chamando ela de idólatra) maldita e amaldiçoada, escandalosa, sediciosa, 
perturbadora da paz do País, incitadora de guerras, cruelmente sequiosa de sangue 
humano, mentirosa, perniciosa, abusadora do povo, mágica, supersticiosa, cruel, 
dissoluta, invocadora de diabos, apóstata, cismática e herege. Joana d´Arc, vítima de 
uma traição, é feita prisioneira e entregue ao Tribunal da Inquisição para julgamento 
espiritual. O inquérito é comandado pelo Bispo Messire Pierre Cauchon, bispo de 
Beauvais, a quem coube intermediar o resgate da donzela por dez mil escudos 
franceses, a fim de ser entregue ao Vigário Geral da Inquisição da Fé no Reino de 
França. A alegação era a de que, por ela, "Deus tinha sido ofendido sem medida, a Fé 
excessivamente afrontada, e a Igreja desonrada". O Tribunal da Inquisição funcionava 
assim: se o réu reconhece a culpa, há esperança de ser reconduzido ao rebanho de 
Deus, e será condenado à prisão perpétua; se não se retrata, será torturado uma vez. 
Como a tortura não podia ser renovada, era apenas "interrompida" no caso de 
desmaio. A nova sessão de tortura seria uma continuação, e não uma nova tortura. 
Lembremos que o emprego da tortura foi permitido pelo Papa Inocêncio III. 
Condenada a ser queimada viva como relapsa, herética e feiticeira, Joana d´Arc foi 
supliciada publicamente na Praça do Mercado Velho, em Rouen (França), em 30 de 
maio 1431. Por ato do Papa Bento V, em 1920, a "maldita" donzela foi canonizada. 
Aos olhos da Igreja Católica ela, agora, é uma santa. Aos olhos de Deus, ela 
sempre foi uma santa, a Santa Joana d'Arc. 
MARTINHO LUTERO (1483 - 1546) 
Considerado o fundador da doutrina protestante, Lutero, de naturalidade alemã, 
doutorou-se em Teologia pela Universidade de Wittenberg, e, por esse tempo, leu pela 
primeira vez a Bíblia. Tendo sido tomado de um imenso desejo de ter uma comunhão 
mais estreita com Deus, resolveu ser monge e entrou na Ordem dos Agostinianos, no 
ano de 1505. Lutero levava uma vida de simplicidade, de jejum e orações. A leitura 
da Bíblia lhe havia despertado a consciência. Foi tocado pela luz do Evangelho e 
estava decidido em caminhar no Caminho chamado Jesus. Em 1510, "esteve sete 
meses em Roma, a fim de tratar assuntos relacionados com a Ordem, e voltou de lá 
impressionado com o que vira: luxo, pompa, casas suntuosas para os monges que não 
raro de banqueteavam fartamente. E não apenas isso. Ele se encheu de espanto ao ver 
a iniqüidade entre o clero, "gracejos imorais dos prelados, profanidade durante a 
missa, desregramento e libertinagem". "Ninguém pode imaginar", escreveu ele, "que 
pecados e ações infames se cometem em Roma... Se há inferno, Roma está construída 
sobre ele". Ainda em Roma, quando fazia penitência subindo de joelhos a "escada de 
Pilatos", ouviu uma voz dizendo: "O justo viverá pela fé" (Rm 1.17). Entendeu, 
então, que os homens não podem alcançar a salvação por suas obras. As 
penitências exigidas pelo clero romano não tinham valor algum. Seu afastamento de 
Roma se tornou cada vez maior. Lutero se indignou com a venda de indulgências. 
Pecados cometidos, ou os que porventura fossem praticados no futuro, eram 
perdoados pela Igreja, bastando que o pecador pagasse certa quantia. Lutero pregava 
que somente o arrependimento e a fé em Jesus Cristo poderiam salvar o pecador. O 
destemido sacerdote resolveu tomar uma atitude extrema. Afixou na porta da igreja de 
Wittenberg noventa e cinco teses contra as indulgências. Com base na Bíblia, 
mostrava que o Papa nem qualquer homem pode perdoar pecados. "Mostrava 
que a graça de Deus é livremente concedida a todos os que O buscam com 
arrependimento e fé". Rapidamente os ensinos de Lutero se espalharam pela Europa, e 
as verdades bíblicas começaram a se instalar nos corações. "ASSIM SERÁ A PALAVRA 
QUE SAIR DA MINHA BOCA: ELA NÃO VOLTARÁ PARA MIM VAZIA, MAS FARÁ O QUE 
ME APRAZ, E PROSPERARÁ NAQUILO PARA QUE A ENVIEI" (Isaias 55.11). "Aquele que 
deseja proclamar a verdade de Cristo ao mundo, deve esperar a morte a cada 
momento". Com esse pensamento Lutero se dirigiu a Augsburgo, cidade alemã, onde 
se defrontaria com os representantes do Papa Leão X. Convidado a retratar-se, Lutero 
não se dobrou diante de ameaças e confirmou todas as verdades que dissera em seus 
escritos. Não poderia renunciar à verdade. O prelado inquisidor, cheio de ódio, disse-
lhe: "Retrate-se ou mandá-lo-ei a Roma". Roma seria o fim do caminho, o caminho da 
morte, a morte na fogueira, tal qual acontecera com seu amigo John Huss. Na 
madrugada do dia seguinte, estando a cidade às escuras, Lutero conseguiu se evadir 
de Augsburgo contando, para isso, com a ajuda de amigos. Escapou milagrosamente 
das mãos do representante papal que intentara prendê-lo. Embora diante de tantas 
dificuldades, já classificado de herege, excomungado e condenado, Lutero não 
diminuiu suas severas críticas ao papado e às doutrinas romanas. Disse: "Estou lendo 
os decretos do pontífice e... não sei de o papa é o próprio anticristo, ou seu 
apóstolo...". Enquanto isso os papas intensificavam o negócio das indulgências. O Papa 
Alexandre VI, predecessor de Júlio II, foi quem instituiu a venda de indulgências, pois 
precisava de dinheiro "para adornar com diamantes e pérolas a filha Lucrécia Bórgia". 
Esse papa não só foi amante de sua própria filha, a célebre Lucrécia Bórgia, como foi 
amante, também, da irmã de um cardeal que se tornou o papa seguinte, Pio III, em 
1503. Os papas Júlio II e Leão X, por sua vez, apelaram para o rendoso comércio do 
perdão, aquele tendo em mira a construção da Basílica de São Pedro e este para 
satisfazer seus gastos supérfluos. Um dos encarregados da venda de indulgências, o 
frei João Tetzel, fazia-o com voz forte nas feiras anuais, oferecendo a sua mercadoria. 
Dizia: - Assim que o dinheiro tilinta na caixa, a alma salta fora do purgatório. Ninguém 
mais se importava em pecar e a moralidade estava em baixa. Se algum padre 
desejasse impor alguma penitência, os fiéis apresentavam o documento comprovando 
a "compra" do perdão divino. Enquanto a Igreja de Roma subtraía elevados recursos 
financeiros ao povo, com heresias, superstições e ameaças, Lutero se aprofundava no 
estudo da Bíblia. Declarava abertamente que não havia distinção entre pecado mortal 
e pecado venial - como dizia o catolicismo - pois, afirmava, "pecado é pecado, sem 
gradação, e qualquer pecado leva ao inferno, pois afasta o pecador de Deus". Boa 
parte de seus sermões era destinada a protestar contra o comércio das indulgências, 
dizendo que estas eram inúteis. E perguntava: "Se o Papa pode libertar as almas do 
purgatório quando lhe dão dinheiro, por que não esvazia de uma vez o purgatório?" 
Abrimos aqui um parêntese para perguntar: se as missasde sétimo dia podem livrar 
as almas do purgatório, por que não se faz uma única missa (um missão) em favor de 
todas as almas e as livra de uma só vez do fogo purificador? Martinho Lutero continuou 
derrubando uma a uma, com a Palavra, as doutrinas romanas. A um enviado do Papa 
Leão X, que lhe propôs uma reconciliação e alegou, como argumento, a autoridade do 
Papa, Lutero respondeu com firmeza: "Só na Bíblia e não no Papa reside a autoridade". 
E continuou: "O próprio Cristo é o chefe da Igreja e não o Papa. Não lhe é permitido 
estabelecer um artigo de fé, sem base bíblica. "O papa é soberano legítimo, não com 
direito divino, mas humano". No dia 15 de junho de 1520, com a bula Exurge, o Papa 
Leão X "condenou quarenta e uma proposições de Lutero, ameaçando-o de 
excomunhão, se não se retratasse dentro de sessenta dias". Essa bula condenava, em 
suma, a liberdade de consciência. O historiador Schaff assim definiu o documento: 
"Podemos inferir daquele documento em que estado de servidão intelectual estaria o 
mundo atualmente, se o poder de Roma houvesse conseguido esmagar a Reforma. 
Difícil será avaliar quanto devemos a Martinho Lutero, no terreno da liberdade e do 
progresso..." Num gesto memorável de audácia, destemor e ousadia, Lutero queimou 
a bula papal em praça pública a 10 de dezembro de 1520. Por mais de uma vez Lutero 
compareceu diante dos emissários de Roma. Aconselhado a não se apresentar em 
razão do risco que corria, Lutero respondeu: "Ainda que acendessem por todo o 
caminho de Worms a Wittenberg uma fogueira... em nome do Senhor eu caminharia 
pelo meio dela; compareceria perante eles... e confessaria o Senhor Jesus Cristo". Na 
presença do imperador Carlos V, da Alemanha, de príncipes e delegados de Roma, que 
esperavam uma retratação do excomungado herege, Lutero falou: "visto que vossa 
sereníssima majestade e vossas nobres altezas exigem de mim resposta clara, simples 
e precisa, dar-vo-la-ei, e é esta: não posso submeter minha fé, quer ao papa, quer aos 
concílios, porque é claro como o dia que eles têm freqüentemente errado e se 
contradito um ao outro. A menos que eu seja convencido pelo testemunho das 
Escrituras... não posso retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão 
falar contra a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; queira Deus 
ajudar-me. Amém". As tentativas de reconciliação do sacerdote Martinho Lutero com o 
papado, ou seja, os planos de fazê-lo voltar ao aprisco de Roma fracassaram todos: 
"Consinto em que o imperador, os príncipes e mesmo o mais obscuro cristão, 
examinem e julguem os meus livros; mas sob uma condição: que tomem a Palavra de 
Deus como norma. Os homens nada têm a fazer senão obedecer-lhe. No tocante à 
Palavra de Deus e à fé, todo cristão é juiz tão bom como pode ser o próprio papa, 
embora apoiado por um milhão de concílios". O Concílio em Worms não se deteve em 
examinar, pelas Escrituras, as verdades contidas nos pronunciamentos e escritos de 
Lutero. "Deus não quer - dizia ele - que o homem se submeta ao homem, pois tal 
submissão em assuntos espirituais é verdadeiro culto, e este deve ser prestado 
unicamente ao Criador. Alertado de que estava proibido de subir ao púlpito, recusou-se 
a obedecer: "Nunca me comprometi a acorrentar a Palavra de Deus, nem o farei". 
LUTERO LIVRA-SE DA FOGUEIRA 
Tão logo expirasse o prazo de um salvo-conduto que o imperador lhe concedera, 
Lutero, conforme resolução do Concílio, deveria ser preso, todos os seus escritos 
destruídos; a ninguém era permitido dar-lhe comida ou bebida, e os seus discípulos 
sofreriam igual condenação. Isto, em outras palavras, significava FOGUEIRA. O plano 
de Deus era outro. Para livrá-lo da fogueira um grupo de amigos "seqüestrou" a Lutero 
e o transportou, através da floresta, para o castelo de Wartburgo, construído nas 
montanhas, e de difícil acesso. Lutero alguns anos depois saiu daquele castelo e 
continuou fazendo discípulos e pregando o Evangelho da salvação. A Reforma estava 
implantada. A Luz alcançava muitos países. Iluminou a Europa, as Américas, a América 
do Sul, o Brasil... porque ninguém pode algemar a Palavra de Deus. 
GALILEU GALILEI (1564 - 1642) 
Físico italiano, fez numerosas descobertas nos campos da Física e da Astronomia. Com 
seu telescópio (luneta) descobriu as montanhas da Lua, os satélites de Júpiter, as 
manchas solares, as fases de Vênus, os anéis de Saturno. Suas descobertas e ensinos 
foram considerados uma heresia pelos censores romanos. Acabrunhado, doente, preso 
em Roma, assinou sua retratação. Antes, os inquisidores lhe mostraram a sala de 
tortura e os respectivos instrumentos. Combalido e ajoelhado diante dos 
representantes do Papa Urbano VIII, leu e assinou sua retratação: "Eu, Galileu Galilei, 
tendo sido trazido pessoalmente ao julgamento e ajoelhando-me diante de vós, 
Eminentíssimos e Reverendíssimos Cardeais, Inquisidores Gerais da Comunidade Cristã 
Universal contra a depravação herética... juro que sempre acreditei em cada artigo que 
a sagrada Igreja Católica, Apostólica de Roma, sustenta, ensina e prega.. Mas porque 
este Sagrado Ofício ordenou-me que abandonasse completamente a falsa opinião, a 
qual sustenta que o Sol é o centro do mundo e imóvel, e proíbe abraçar, defender ou 
ensinar de qualquer modo a dita falsa doutrina... com sinceridade abjuro, maldigo e 
detesto os ditos erros de heresia..." A diabólica Inquisição não só condenou os ensinos 
de Galileu, mas também os de Copérnico. O Tribunal Inquisitório assim se pronunciou: 
"A tese de que o Sol é o centro do sistema e não se move ao redor da Terra, é néscia, 
absurda, teologicamente falsa e herética, sendo frontalmente contrária às Sagradas 
Escrituras..." Galileu livrou-se da fogueira, mas passou vários meses sob prisão. Muito 
doente e cego, veio a falecer no dia 8 de janeiro de 1642. E a Igreja de Roma acabava 
de escrever mais um capítulo de terror em sua história. Em janeiro de 1998, o Papa 
João Paulo II, formalizou o tardio pedido de perdão ao notável astrônomo Galileu. 
Podemos imaginar quão constrangedor para esse notável homem foi ajoelhar-se diante 
de uma corte devassa e negar anos e anos de estudo e observação. Dizem que Galileu, 
antes de morrer, balbuciou: "a terra por si se move". 
MÁRTIRES ANÔNIMOS 
Wycliffe, Huss, Jerônimo e Lutero foram citados apenas como exemplo. O caminho da 
fogueira foi trilhado por milhares e milhares de mártires anônimos, gente simples, 
discípulos fervorosos, pessoas indefesas e pobres, homens, mulheres, jovens, velhos e 
crianças, vítimas da sanha assassina dos representantes da poderosa Igreja Católica 
Romana, que, aliada ao poder das armas, teve a pretensão de ser universal e de impor 
suas doutrinas aos seus súditos. Mártires anônimos foram os albigenses e os 
valdenses; mártir quase desconhecido foi Luís de Berquin, que, apaixonado pelo 
Evangelho, foi estrangulado e queimado em 1529 sem tempo para dar uma última 
palavra; mártires anônimos foram muitos franceses queimados vivos com requintes de 
crueldade, sem direito a defesa. A todos esses homens de fé e de coragem, baluartes 
da defesa das Sagradas Escrituras como única fonte de autoridade, a eles nossa 
homenagem póstuma, nossa gratidão, nossa admiração pelo que fizeram em prol de 
um cristianismo livre de heresias, de idolatria, de práticas pagãs. 
UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE 
Recuso-me a chamar a INQUISIÇÃO de Santo Ofício ou de Santa Inquisição. Seria 
santa se inspirada por Deus ou a Seu serviço. Não foi de inspiração divina porque Deus 
é amor. Deus não gera o ódio nos corações dos homens. Ele não é a fonte do mal. Não 
foi de inspiração divina a Inquisição porque Deus não iria perseguir, torturar e executar 
homens e mulheres que defendiam as Escrituras Sagradas, ou seja, a Palavra de Deus; 
não foi de inspiração divina porque muitos dos papas que direta ou indiretamente 
comandaram os massacres - papas, frades, monges, padres, cardeais (o clero romano) 
- não possuíam a direção do EspíritoSanto, pois foram chamados de "antipapas" em 
razão do baixo nível moral em que viviam (adultério, imoralidade sexual, estupros, 
luxúria, etc). Quem comandou a Inquisição ou os Tribunais Eclesiásticos foi o próprio 
Satanás". O maior inimigo de Deus e do homem, ele, o Diabo, foi quem arquitetou 
esse plano diabólico nos palácios de Roma, pois ele era e é o mais interessado em 
algemar a Palavra de Deus; em não permitir a divulgação e propagação do Evangelho; 
em cristianizar o paganismo ou paganizar o cristianismo. A Inquisição teve, portanto, 
origem diabólica. O paradoxo é que esse crime contra a humanidade foi urdido no seio 
de uma igreja que se declarou infalível e dona da verdade. Em nenhuma outra época 
se assistiu com tanta realidade o cumprimento da profecia de Jesus: -"Então vos hão 
de entregar para serdes atormentados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as 
nações por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos se escandalizarão, trair-se-ão 
mutuamente e se odiarão uns aos outros. Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão 
a muitos... e este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho 
a todas as nações. Então virá o fim". (Mateus 24.9-14). O cumprimento dessa profecia 
continua em andamento. Milhares de cristãos são mortos anualmente em todo o 
mundo. Mas, por outro lado, o evangelho do reino continua sendo pregado ("será 
pregado em todo o mundo"), mudando a vida de milhões de pessoas. As Cruzadas e a 
Inquisição mataram mais gente do que o nazismo na Segunda Guerra Mundial, na qual 
morreram seis milhões de judeus. Os massacres em nome de Deus vitimaram um 
número bem superior de pessoas classificadas de "hereges", acusadas de 
desenvolverem uma fé contrária à da Igreja Católica, de não aceitarem a "infalível" 
autoridade papal e de combaterem, ousadamente, a imoralidade, a ganância e a 
corrupção no clero romano. Não se tem notícia de que os assassinos da Inquisição 
tenham se submetido a um tribunal internacional para responder por seus crimes. Um 
ou outro papa foi preso e condenado, como no caso do Papa João XXIII (1410-1415) 
julgado e condenado pelo Concílio de Constança por cinqüenta e quatro crimes da pior 
espécie. A História condena a todos, mas a justiça maior virá do céu: o Rei dos reis e 
Senhor dos senhores, o Justo Juiz, quando voltar, derramará seus juízos sobre a Terra, 
e os criminosos que morreram sem arrependimento e conversão receberão o merecido 
castigo. O sangue dos mártires estará sempre na lembrança dos homens. As 
perseguições e os massacres foram contra o próprio Jesus. Vejam o que disse Jesus a 
Saulo, este que perseguia os cristãos (Atos 9.4-5): - Saulo, Saulo, por que me 
persegues? - Eu sou Jesus, a quem tu persegues. PALAVRAS FINAIS O que relatamos 
neste estudo representa apenas uma pequena parcela do que realmente foi a diabólica 
Inquisição e o que ela representou de negativo para toda a humanidade. Os 
representantes papais nunca agiam sozinhos. A igreja Católica estava atrelada de tal 
forma aos imperadores, reis e governos que, por vezes, não se sabia o que pesava 
mais num massacre: se o motivo religioso, em que Roma defendia seus altos 
interesses, ou o político, sob manobra dos governantes. O certo é que a parceria 
Igreja-Estado fabricou uma arma mortífera: A Inquisição. O sangüinário Hitler tentou 
purificar a raça ariana executando o povo judeu. Os sangüinários inquisidores tentaram 
purificar a fé católica matando os "hereges". Uma pergunta que devemos fazer é a 
seguinte: a Igreja Católica, apostólica e romana, foi realmente guiada desde sua 
instituição pelo Espírito Santo? Se a resposta for negativa, então a criação da 
Inquisição está plenamente justificada. Se positiva a resposta, isto é, se aceitarmos a 
versão de que o Espírito de Deus guiou essa Igreja desde o seu nascedouro, teremos 
que fazer outra indagação: O Espírito Santo errou ao escolher homens sanguinários 
para dirigir a Igreja de Cristo? O Espírito de Deus erra? Quando lemos o livro de Atos, 
deparamo-nos com o Senhor Jesus orientando, exortando e guiando Sua Igreja e até 
comissionando obreiros. Vejamos alguns exemplos: 1) " O anjo do Senhor disse a 
Filipe: Levanta-te, e vai para a região do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para 
Gaza, que está deserta" (Atos 8.26). 2) "Disse o Senhor a Ananias, numa visão: 
Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem 
de Tarso, chamado Saulo, pois ele está orando... vai, ele é para mim um vaso 
escolhido para levar o meu nome perante os gentios, os reis e os filhos de Israel" (Atos 
9.10-15). 3) "Disse o Espírito Santo: Apartai-vos a Barnabé e a Saulo para a obra a 
que os tenho chamado" (Atos 13.1-2). 4) "Passando (Paulo e Timóteo) pela Frígia e 
pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra 
na Ásia. Quando chegaram à Misia, tentavam ir para a Bitínia. MAS O ESPÍRITO DE 
JESUS NÃO LHO PERMITIU" (Atos 16.6-7) Assim, em muitas ocasiões o Espírito de 
Deus conduziu os destinos da Igreja de Cristo. Em nenhum momento vê-se aqueles 
santos cometerem qualquer deslize, qualquer ato reprovável. Não alimentavam o 
desejo de exterminar as pessoas que não aceitavam o Evangelho ou não se 
convertiam. Para justificar os crimes cometidos pelos inquisidores a Igreja de Roma 
põe a culpa no Diabo. O Espírito Santo permitiu que forças demoníacas se instalassem 
na sede dessa Igreja, em Roma, donde saíram as bulas e decretos papais autorizando 
ou consentindo as Cruzadas, os massacres, as perseguições? Proibindo a tradução da 
Bíblia em outras línguas? Proibindo aos leigos a leitura das Sagradas Escrituras? 
Autorizando a venda de perdão (indulgências) como se fora uma mercadoria? 
Impedindo a livre manifestação do pensamento? Não, não foi o Espírito de Deus que 
comandou essa carnificina chamada Inquisição. Quem armou essa trama foi o mesmo 
espírito que enganou a Eva; o mesmo que tentou a Jesus no deserto, e o mesmo que 
encarnou em Hitler. Foi ele mesmo, o Diabo, que assumiu o comando em Roma e 
dirigiu o banho de sangue na Europa e em outras partes do mundo. A igreja Católica 
perdeu uma das melhores oportunidades de sua história de voltar-se à Palavra de 
Deus, remover os empecilhos, rever suas doutrinas, ouvir os reformadores, humilhar-
se, arrepender-se e suplicar a misericórdia do Senhor. Somente assim a influência 
maligna seria contida. Por mais que desejemos fazer reflexões com serenidade, não 
conseguimos conter nossa perplexidade diante de tantos desatinos promovidos por 
homens que se diziam, "Vigários de Cristo" e "infalíveis". Os crimes cometidos em 
nome da fé católica, quer nas Cruzadas, quer nos Tribunais de Inquisição, são crimes 
inqualificáveis, crimes contra a humanidade, e como tal devem ser lembrados por 
todos os séculos. Jesus afirmou que "AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO 
CONTRA A SUA IGREJA" (Mateus 16.18). Não prevaleceram. A Igreja de Cristo, que 
parecia aterrada diante do poder de Roma, saiu-se vitoriosa. As muralhas de Jericó 
foram derrubadas. De nada valeram as perseguições, as humilhações e a matança. A 
luz do Evangelho se espalhou por todo o mundo. Não houve como impedir a 
propagação do Evangelho do nosso Salvador. Mais uma vez o inimigo foi derrotado. 
Acossados em determinada cidade ou região os crentes procuravam refúgio nas 
cavernas, nos guetos ou em outras nações. Mas por onde passavam davam 
testemunho de sua fé. Por toda a parte a fé bíblica era aceita com alegria, em 
substituição à fé católica. A Igreja de Roma viu cair por terra seu intento de ser 
universal. A palavra "católica" quer dizer universal. Nas regiões onde o protestantismo 
prevaleceu, a Igreja romana foi substituída por uma série de igrejas evangélicas 
autônomas, completamente desligadas do poder papal. O sangue dos justos serviu 
para regar a Palavra plantada. A Inquisição não impediu o crescimento numérico e 
qualitativo dos protestantes, que, submissos a Deus e à Sua Palavra, desprezam 
tradições e dogmas não alinhadoscom a Bíblia Sagrada. Louvado, engrandecido e 
exaltado seja o nome do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Eis aí apenas um 
esboço do que foi a diabólica INQUISIÇÃO, que tantos malefícios causou à 
humanidade. Muito longe estamos de conhecer todos os labirintos dos tribunais 
inquisitórios. O atual representante da Igreja de Roma (estamos em agosto/98) tem 
ensaiado pedidos de perdão, como no caso de Galileu Galilei. Mas pergunto: pedido de 
perdão a quem? A Deus? À Humanidade? Às famílias das vítimas? Ora, não se pode 
pedir perdão a Deus em nome de um pecador. Ademais, não é o caso de pedido de 
perdão em nome da entidade religiosa, porque não será a Igreja Romana que receberá 
o castigo eterno. O castigo será individual. Cada um receberá pessoalmente a sentença 
do Justo Juiz. Logo, o pedido de perdão formulado pela Igreja Católica, através de seu 
líder, é na verdade um gesto elogiável, uma manifestação de humildade, mas, por si 
só, não apaga o pecado dos algozes da Inquisição. Sem arrependimento não há perdão 
e sem perdão não há salvação. Todos os envolvidos nos massacres - papas, cardeais, 
frades, monges, reis e rainhas - se não se arrependeram de seus crimes e não 
rogaram o perdão de Deus, ou seja, se não se converteram ao Senhor Jesus antes de 
morrerem, certamente estão num lugar de TORMENTOS, e ali aguardarão a plenitude 
dos tempos para serem lançados no GEENA. É assim que ensina a Palavra de Deus: 
"Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos HOMICIDAS, e 
aos adúlteros, a aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte 
será NO LAGO QUE ARDE COM FOGO E ENXOFRE, que é a segunda morte" (Apocalipse 
21.8). INQUISIÇÃO NUNCA MAIS - Católicos e protestantes hoje vivem em paz. A 
Igreja Católica não mais classifica os protestantes de "hereges". Hoje, chama-os de 
"irmãos separados". Exceção feita às escaramuças na Irlanda do Norte, que duram 30 
anos, crentes e católicos não se defrontam, não se enfrentam no corpo a corpo. O 
Vaticano, não se pode negar, empenha-se pela paz entre as nações. A Igreja Católica 
reconhece seus erros e, humilde, pede perdão à Humanidade. Devemos perdoá-la... 
mas não podemos apagar a História. A verdade é que as fogueiras do Santo Ofício não 
mais se acenderão. Nunca mais Inquisição. Graças a Deus. 
GLOSSÁRIO 
ABJURAR - Renunciar solenemente a uma crença ou religião.Desdizer-se ou retratar-
se. 
ALBIGENSES - Membros de uma seita religiosa no sul da França, nos séc. XII e XIII. 
Negavam a realidade da encarnação de Jesus Cristo e condenavam a procriação. 
ANTIPAPAS - São considerados os falsos papas. Chefe de igrejas locais, geralmente 
bispo, que pretendeu, por oposição ao Romano Pontífice, governar toda a Igreja 
Católica. Hipólito foi o primeiro antipapa de 217 a 235, nascido em Roma, eleito pelo 
povo. APÓSTATA - Aquele que renuncia à fé cristã. 
AUGSBURGO - Cidade da Alemanha. AUTOS-DE-FÉ - Cerimônias em que se 
executavam as sentenças da Inquisição. Passou a chamar-se assim, principalmente, o 
suplício dos penitentes pelo fogo. 
CLÉRIGO - Aquele que pertence à classe eclesiástica. Sacerdote cristão. CLERO - A 
corporação dos sacerdotes. Classe eclesiástica. CONCÍLIO - Reunião de bispos da 
Igreja Católica, convocados para estudar assuntos de interesse eclesiástico. 
CONSTANÇA - Cidade da Romênia. CONTRA-REFORMA - Movimento restaurador 
iniciado pela Igreja Católica, com vistas a superar as dificuldades surgidas com a 
Reforma. O Concílio de Trento (1545 - 1563) concretizou esses esforços. CRUZADAS - 
Expedições militares de caráter religioso que se faziam na Idade Média, contra hereges 
ou infiéis. 
EXCOMUNGAR - Separar da Igreja Católica qualquer dos seus membros. Expulsar, 
tornar maldito, condenar. GUETO - Rua ou bairro onde são isoladas pessoas ou grupos 
por imposição econômica, racial ou religiosa. HEREGE - Pessoa que professa doutrina 
contrária ao que foi definida pela Igreja como sendo matéria de fé. Eram chamados os 
que se opunham às doutrinas da Igreja Romana. HUGUENOTE - Designação 
depreciativa que os católicos franceses deram aos protestantes, especialmente os 
calvinistas, e que estes adotaram. 
ICONOCLASTA - Indivíduo que não reverencia imagens ou obras de arte. Que as 
destrói. ICONÓLATRA - Diz-se do indivíduo que adora ou venera imagens, ídolos ou 
obras de arte. IGNOMÍNIA - Grande desonra. Infâmia. IMPETÉRRITO - Destemido, 
impávido, sem temor. 
INCESTO - União sexual ilícita entre parentes consangüíneos, afins ou adotivos. 
INDULGÊNCIA - Graça concedida pela Igreja Católica aos seus membros, perdoando 
total ou parcialmente a pena devida a um pecado. Perdão de pecados. A venda de 
indulgências pelo Papado foi a principal causa da Reforma. 
INQUISIÇÃO - Nome dado a um tribunal eclesiástico criado oficialmente em 1229, no 
Concílio de Toulouse, também chamado Tribunal do Santo Ofício, com poderes para 
julgar, condenar à morte ou prender pessoas suspeitas de não professarem a fé 
católica. INQUISIDOR - Juiz do Tribunal da Inquisição. LUBRICIDADE - Qualidade de 
lúbrico: lascivo, sensual, devasso. 
MANIQUEU - Adepto ou membro do maniqueísmo, seita que teve simpatizantes na 
Índia, China, África, Itália e sul da Espanha, segundo a qual o Universo foi criado e é 
dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o 
mal absoluto ou o Diabo. 
MÁRTIR - Pessoa que sofreu tormentos, torturas, perseguições ou a morte por 
sustentar a fé cristã. 
MONGE - Religioso que vive em mosteiros e está sujeito a uma regra comum. 
NOITE DE SÃO BARTOLOMEU - Designação dada à matança de huguenotes que se 
iniciou em Paris na noite de S. Bartolomeu (em 24 de agosto de 1572) e se estendeu 
por toda a França, e até 3 de outubro daquele ano o número de mortos elevou-se a 
50.000. PAPA - Título dado ao chefe da Igreja Católica Apostólica Romana. Também 
chamado Sumo Pontífice Romano. 
PROCESSO SUMÁRIO - Objetivo, resumido, sem formalidades, rápido, sem apelação 
para a instância superior, sem direito a defesa. PROTESTANTES - Nome dado aos 
partidários do protestantismo que, no séc. XVI, compreendia uma crença contrária à fé 
católica e à autoridade suprema do papa. REFORMA - Movimento religioso e político 
que, no princípio do séc. XVI, quebrou a unidade católica, dividindo a Igreja em dois 
campos: o católico e o protestante. SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - Conflito iniciado no 
dia 1º de setembro de 1939 e terminado em 2 de setembro de 1945. Iniciou-se com a 
invasão da polônia pelos alemães. A Inglaterra e a França declararam guerra à 
Alemanha poucos dias depois. A maioria dos países do mundo participou dessa guerra, 
inclusive o Brasil. O conflito terminou com a derrota dos alemães. SIMONIA - Tráfico 
de coisas sagradas ou espirituais, tais como sacramentos, dignidades, benefícios 
espirituais. 
SODOMIA - Relação sexual anal entre homem e mulher, ou entre homossexuais 
masculinos. 
SÚDITOS - Aqueles que estão submetidos à vontade e outra pessoa. Vassalos. 
TE DEUM - Expressão de origem latina que significa "A ti Deus". Cântico da Igreja 
Católica em ação de graças, que principia por essas palavras. 
TOULOUSE - Cidade do sudoeste da França. 
VALDENSES - Nome pelo qual são conhecidos os membros de um grupo protestante 
fundado na região francesa de Vaud (hoje cantão da Suíça), no séc. XII. 
REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS 
ALEXANDRE IV - Papa de 1254 a 1261. Autorizou a instalação do Tribunal Inquisitório 
em França. BONIFÁCIO VIII - Papa de 1294 a 1303. Sobre ele diz a The Catholic 
Encyclopedia: "Dificilmente qualquer possível crime foi omitido - infidelidade, heresia, 
simonia, grosseira e inatural imoralidade, idolatria, mágica, perda da Terra Santa, 
morte de Celestino V, etc. Historiadores protestantes e até mesmo modernos 
escritores católicos classificam-no entre os papas iníquos, como ambicioso, arrogante e 
impiedoso, enganador e traiçoeiro. O poeta Dante visitou Roma e descreveu o Vaticano 
como um "esgoto de corrupção".Uma das frases desse Papa: "Gozar e deitar-me 
carnalmente com mulheres ou com meninos não é mais pecado do que esfregar as 
mãos". 
GALILEU GALILEI - (1564 - 1642) - Italiano nascido em Pisa. Introduziu o método 
experimental como o mais importante dos métodos das ciências naturais. Fez 
numerosas descobertas e invenções, a exemplo da luneta (mais tarde telescópio) com 
que desvendou alguns mistérios dos astros. Defendeu a tese de que a Terra e os 
demais planetas se moviam em torno do Sol, sendo este o centro do Sistema. A Igreja 
Católica prestou um desserviço à Ciência ao julgar, condenar e prender um dos mais 
fecundos investigadores da época. GREGÓRIO XIII - Papa no período de 1572 a 1585. 
Aprovou a Cruzada contra os huguenotes, cujo desfecho se deu a 24 de agosto de 
1572, "Noite de S. Bartolomeu". Como troféu, recebeu a cabeça de Gaspar de Coligny. 
INOCÊNCIO III - Papa no período de 1198 a 1216. Autorizou a Cruzada contra os 
albigenses, sul da França, em 1208. JERÔNIMO DE PRAGA - Religioso tcheco, discípulo 
do reformador João Huss; acusado de ataques às autoridades eclesiásticas, foi 
condenado à fogueira pelo Concílio de Constança em 1416. Nasceu em 1360. JOANA 
D´ARC - (1412 - 1431) - Heroína francesa também chamada a "Virgem de Orleans". À 
frente de um pequeno exército que lhe confiara o Rei Carlos VII, venceu aos ingleses 
em Orleans e Patay (1429). Considerada herética, foi condenada à fogueira em 1431 e 
canonizada em 1920. JOHN HUSS - Nascido em 1369 e queimado vivo na fogueira em 
1415. Teólogo e reformador religioso tcheco, natural de Husinec, Boêmia. Acusado de 
heresia e condenado à morte por não abjurar suas idéias. JOHN WYCLIFFE - Nasceu 
em 1320 e faleceu em 1384. Teólogo inglês, precursor da Reforma, natural e Hipswell. 
Pregava uma Igreja sem a direção papal, era adversário das indulgências e combatia o 
excesso de bens materiais dos clérigos. Suas doutrinas foram condenadas no concílio 
de Constança. JOSÉ JEOVAH MENDES - Nasceu em Itapiúna (Ce), a 24 de maio de 
1955. Na década de 60 ingressou na Escola Apostólica de Baturité - Ce, dos padres 
jesuítas, para dar curso à sua vocação sacerdotal. Alguns anos depois desligou-se 
dessa Ordem e ingressou no Convento dos Franciscanos, em Canindé (Ce), onde 
permaneceu até 1976. LEÃO X - Papa no período de 1513 a 1521. Nasceu em Florença 
(Itália). Excomungou formalmente a Lutero em 1521. Seu nome civil: Giovanni de 
Médicis. Seus recursos financeiros garantiram rápida ascensão na Igreja: aos oito anos 
de idade já era arcebispo, e aos treze foi cardeal. A The Catholic Encyclopedia relata 
que Leão X "entregou-se sem restrições aos divertimentos... possuído por um amor 
insaciável ao prazer... gostava de dar banquetes e divertimentos caros, acompanhados 
por orgia e bebedeira". MARTINHO LUTERO - Nascido em 1483, natural de Eisleben, 
Saxônia, fundador da doutrina protestante, em oposição ao catolicismo. Doutorou-se 
em Teologia pela Universidade de Wittenberg. Em 1517 submeteu suas teses a debate. 
Em 1520 foi excomungado como herege pelo Papa Leão X. faleceu em 1546. TOMÁS 
DE TORQUEMADA - (1420 - 1498) - Sacerdote espanhol da Ordem dos Dominicanos, 
inquisidor-geral da Espanha por muitos anos, responsável pela morte de 10.200 
cristãos não católicos na fogueira, afora cerca de cem mil pessoas encarceradas ou 
expulsas do país. 
BIBLIOGRAFIA 
ALMEIDA - Bíblia de estudo pentecostal. Revista e corrigida. Sociedade Bíblica do 
Brasil. CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos. ENCICLOPÉDIA BARSA. 
Enciclopaedia Britannica Ltda. 15 volumes, edição 1977. MENDES, Jeovah. Os piores 
assassinos e hereges da história. 1997. VIDAS ILUSTRES. Coleção - Volumes VI (os 
cientistas) e IX (líderes religiosos). WHITE, Ellen G. O grande conflito. Edição 
condensada; Tradução de Hélio L. Grellmann; 1992. WOODROW, Ralph. Babilônia: a 
religião dos mistérios. Airton Evangelista da Costa, Pastor da Assembléia de Deus 
Palavra da Verdade, em Aquiraz (CE).

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