Buscar

1ª semana a 3ª semana de desenvolvimento fetal

Prévia do material em texto

principais eventos que ocorrem no período entre a 1ª semana e o final da 3ª semana de desenvolvimento fetal
O espermatozoide quando se funde com o óvulo denomina-se fertilização e a partir disso nascerá uma nova célula, chamada zigoto. O zigoto possui 23 pares de cromossomos homólogos, pois cada gameta possui metade dos cromossomos das células somáticas do corpo, ou seja, são 23 cromossomos originários do pai e 23 da mãe. Durante o processo de fertilização, milhares de espermatozoides participam da corrida, entretanto muitos ficam pelo caminho devido ao ambiente ácido da vagina e outros elementos que impedem sua chegada, como cílios. O espermatozoide passa pelo colo do útero, que está mais propicio a passagem do gameta quando a mulher está em fase de ovulação, em direção ao útero que com suas contrações auxiliam na chegada até o ovócito e para isso, os gametas vão em direção à tuba uterina. A capacitação é um período de condicionamento no sistema genital feminino que, nos seres humanos, dura aproximadamente 7 horas. Assim, chegar logo à ampola não é uma vantagem, uma vez que a capacitação ainda não ocorreu e esses espermatozoides não conseguem fertilizar o oócito. A maior parte desse condicionamento durante a capacitação acontece na tuba uterina e envolve as interações epiteliais entre os espermatozoides e a superfície mucosa da tuba. Quando o gameta chega na camada externa do ovócito, a zona pelúcida, se liga a receptores que fazem com que seus acrossomos liberem enzimas digestivas quebrando a camada glicoproteica e permitindo que os espermatozóides entre na camada. Com as reações cortical e de zona a membrana do oócito se torna impenetrável a outros espermatozoides, e a zona pelúcida altera sua estrutura e sua composição para evitar a ligação e a penetração do espermatozoide. Essas reações evitam a poliespermia. O oócito termina sua segunda divisão meiótica imediatamente após a entrada do espermatozoide. Uma das células-filhas, que recebe pouco ou nenhum citoplasma, é conhecida como segundo corpúsculo polar; a outra é o oócito definitivo ou óvulo. Seus cromossomos (22 mais X) se dispõem em um núcleo vesicular conhecido como pró-núcleo feminino. Durante o crescimento dos pró-núcleos masculino e feminino (ambos haploides), cada pró-núcleo deve replicar seu DNA. Se isso não ocorrer, cada célula do zigoto no estágio de duas células terá apenas metade da quantidade normal de DNA. Imediatamente após a síntese de DNA, os cromossomos se organizam no fuso em preparo para a divisão mitótica normal. Os 23 cromossomos maternos e os 23 paternos (duplicados) separam-se longitudinalmente no centrômero, e as cromátides-irmãs se movem para polos opostos, fornecendo às duas primeiras células do zigoto a quantidade diploide de cromossomos e de DNA.
O zigoto se formou e passa por uma série de divisões meióticas para aumentar o número de células, Essas células, que se tornam menores a cada divisão de clivagem, são conhecidas como blastômeros. após a terceira clivagem, os blastômeros maximizam seus contatos uns com os outros, formando uma bola compacta de células mantidas unidas por junções de oclusão. Esse processo, a compactação, segrega as células internas, que se comunicam intensamente por junções comunicantes, das células externas. Aproximadamente 3 dias após a fertilização, as células do embrião compactado se dividem novamente, formando uma mórula de 16 células. As células internas da mórula constituem a massa celular interna, e as células circunjacentes compõem a massa celular externa. A massa celular interna origina os tecidos do embrião em si e a massa celular externa forma o trofoblasto, que mais tarde contribui para a formação da placenta. Por volta do período em que a mórula entra na cavidade uterina, um fluido começa a penetrar os espaços intercelulares da massa celular interna através da zona pelúcida. Gradualmente, esses espaços intercelulares se tornam confluentes e, finalmente, é formada uma única cavidade, a blastocele. Nesse período, o embrião é denominado blastocisto. Nos seres humanos, as células trofoblásticas sobre o polo do embrioblasto começam a penetrar entre as células epiteliais da mucosa uterina por volta do sexto dia. Após a captura pelas selectinas, a ligação adicional e a invasão pelo trofoblasto envolvem as integrinas expressas pelo trofoblasto e as moléculas de matriz extracelular laminina e fibronectina. Os receptores de integrina para a laminina promovem a ligação, enquanto os para a fibronectina estimulam a migração. Essas moléculas também interagem com vias de transdução de sinal para regular a diferenciação do trofoblasto, de modo que a implantação é o resultado da ação mútua entre o trofoblasto e o endométrio. Assim, até o fim da primeira semana do desenvolvimento, o zigoto humano já passou pelos estágios de mórula e de blastocisto, e teve início a implantação na mucosa uterina.
Devido aos fatores de crescimento de fibroblastos (FGFs) no estágio inicial do blastocisto, as células no embrioblasto se diferenciam em células do epiblasto e hipoblasto. algumas das células do hipoblasto são especificadas para formar o endoderma visceral anterior (EVA), e essas células migram para o que se tornará a extremidade cranial do embrião.
No oitavo dia do desenvolvimento, o blastocisto está parcialmente encaixado no estroma endometrial. o trofoblasto se diferenciou em duas camadas. As células mitóticas são encontradas no citotrofoblasto, mas não no sinciciotrofoblasto. Assim, as células do citotrofoblasto se dividem e migram para o sinciciotrofoblasto, no qual se fusionam e perdem suas membranas celulares individuais. aparece uma pequena cavidade no epiblasto, que aumenta para se tornar a cavidade amniótica.
No nono dia, O blastocisto está alojado mais profundamente no endométrio. no polo embrionário, as células achatadas, originadas provavelmente do hipoblasto, formam uma membrana fina, a membrana exocelômica (de Heuser), que está alinhada na superfície interna do citotrofoblasto. Essa membrana com o hipoblasto forma o revestimento da cavidade exocelômica, ou vesícula vitelínica primitiva.
Do décimo primeiro ao décimo segundo dia do desenvolvimento, o blastocisto está completamente inserido no estroma endometrial e produz, então, uma pequena protrusão no lúmen uterino. As lacunas sinciciais se tornam contínuas com os sinusoides, e o sangue materno entra no sistema lacunar. Conforme o trofoblasto continua a abrir cada vez mais sinusoides, o sangue materno começa a fluir pelo sistema trofoblástico, estabelecendo a circulação uteroplacentária. As células que aparecem entre a superfície interna do citotrofoblasto e a superfície externa da cavidade exocelômica, derivadas do saco vitelínico, formam um tecido conjuntivo frouxo e delicado, o mesoderma extraembrionário.
Até o 13º dia o hipoblasto produz células adicionais que migram ao longo do interior da membrana exocelômica. Elas proliferam e formam gradualmente uma nova cavidade dentro da cavidade exocelômica. Essa nova cavidade é conhecida como vesícula vitelínica secundária ou vesícula vitelínica definitiva. O mesoderma extraembrionário que reveste o interior do citotrofoblasto e sua camada é conhecido como placa coriônica. O único local onde o mesoderma extraembrionário atravessa a cavidade coriônica é no pedúnculo embrionário. Com o desenvolvimento dos vasos sanguíneos, o pedúnculo se transforma no cordão umbilical.
Terceira semana:
A gastrulação começa com a formação da linha primitiva na superfície do epiblasto. As células do epiblasto migram para a linha primitiva. Quando chegam à região da linha, elas adotam um formato de frasco, desprendem-se do epiblasto e deslizam para baixo dele. Após a invaginação das células, algumas deslocam o hipoblasto, criando o endoderma embrionário, e outras ficam entre o epiblasto e o endoderma recém-criado, formando o mesoderma. As células que permanecem no epiblasto formam, então, o ectoderma. Assim, o epiblasto, por meio do processo de gastrulação, é a fonte de todas as camadas germinativas; células dessascamadas darão origem a todos os tecidos e órgãos do embrião.
As células pré-notocordais que se invaginam pelo nó primitivo movem-se cranialmente na linha média até alcançar a placa precordal. Essas células pré-notocordais ficam intercaladas no hipoblasto de modo que, por um curto período, a linha média do embrião consiste em duas camadas de células que formam a placa notocordal. À medida que o hipoblasto é substituído por células endodérmicas que se deslocam para a linha primitiva, as células da placa notocordal proliferam e se soltam do endoderma. Elas formam, então, um cordão sólido de células, a notocorda definitiva, que se posiciona sob o tubo neural e é um centro de sinalização para a indução do esqueleto axial.
No estágio de blastocisto, o eixo A-P é determinado, e as células que são destinadas para formar o endoderma visceral anterior (EVA) na extremidade cranial da camada endodérmica do disco bilaminar migram em direção ao que se tornará a região da cabeça. A invaginação das células superficiais na linha primitiva e sua migração subsequente para a frente e lateralmente continua até o fim da quarta semana. Na parte cefálica, as camadas germinativas começam sua diferenciação específica por volta da metade da terceira semana, enquanto, na parte caudal, a diferenciação começa até o fim da quarta semana. Assim, a gastrulação, ou a formação das camadas germinativas, continua nos segmentos caudais ao mesmo tempo que as estruturas craniais estão se diferenciando, fazendo com que o embrião se desenvolva no sentido cefalocaudal. Ao fim da terceira semana, as células mesodérmicas no centro da vilosidade começam a se diferenciar em células sanguíneas e em pequenos vasos sanguíneos, formando o sistema capilar da vilosidade. Os capilares da vilosidade terciária fazem contato com os capilares que se desenvolvem no mesoderma da placa coriônica e do pedúnculo embrionário. Esses vasos, por sua vez, estabelecem contato com o sistema circulatório embrionário, conectando a placenta e o embrião.

Continue navegando

Outros materiais