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Arte_e_educacao_Inclusao_Socioeducacional_Unidades1e2

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Prévia do material em texto

Sônia Regina Victorino Fachini
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Inclusão
 Socioeducacional
Inclusão
 Socioeducacional
Sônia Regina Victorino Fachini
Editora
Inclusão
Socioeducacional
1º Ed. / Outubro / 2013
Impressão em São Paulo - SP
Inclusão Socioeducacional
Coordenação Geral
Nelson Boni
Coordenação de Projetos
Leandro Lousada
Professora Responsável
Sônia Regina Victorino Fachini
Projeto Gráfico, Diagramação e Capa
Glaucia Ferraro
Revisão Ortográfica
Nádia Fátima de Oliveira
Carlos Beltrão
Marcela Aparecida de Oliveira
1º Edição: Julho de 2013
Impressão em São Paulo/SP
Copyright © EaD KnowHow 2013
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer 
meio sem a prévia autorização desta instituição.
F139i Fachini, Sônia Regina Victorino.
 Inclusão socioeducacional. / Sônia Regina Victorino Fachini. -
 São Paulo: Know How, 2009.
 144 p. : 22 cm.
 Inclui bibliografia 
 ISBN: 978-85-63092-13-7
 1. Inclusão socioeducacional. 2. Exclusão social. 3. Escola 
 inclusiva. 4. Portadores de necessidades especiais. II. Título. 
 CDD 371.9
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
Inclusão
Socioeducacional
 Você está recebendo o livro-texto da disciplina 
de Inclusão Socioeducacional, que foi construído com a 
finalidade de ampliar a compreensão a respeito da dí-
ade exclusão e delimitar o escopo de utilização desse 
conceito em educação, elucidando, assim, o contexto em 
que a inclusão deve fazer-se presente. 
 Buscamos, de forma permanente, a atualização 
e a melhoria deste material e você pode nos auxiliar, 
encaminhando sugestões e propostas de melhoria, via 
monitor, tutor ou professor. Pela sua ajuda, antecipada-
mente, ficamos gratos. 
 Entre sempre em contato conosco, quando sur-
gir alguma dúvida ou dificuldade, pois a sua passagem 
por esta disciplina será também acompanhada pelo Sis-
tema de Ensino EaD Tupy, seja por correio postal, fax, 
telefone, e-mail ou Ambiente Virtual de Aprendizagem. 
 Participe dos bate-papos (chats) marcados e 
envie suas dúvidas pelo Tira-Dúvidas.
 Toda equipe está à disposição para atendê-lo 
(a). Seu desenvolvimento intelectual e profissional é a 
nossa satisfação e o nosso maior objetivo.
 Acredite no seu sucesso, seja persistente e te-
nha bons momentos de estudo!
Equipe EaD KnowHow
Sumário
Plano de Estudo
Capítulo 1
 Exclusão Social
Capítulo 2 
 Aspectos Legais da Inclusão
Capítulo 3
 Escola e Diversidade
Capítulo 4
 Escola Inclusiva
Capítulo 5
 Portadores de Necessidades Especiais I
Capítulo 6 
 Portadores de Necessidades Especiais II
Referências
9
11
29
55
73
95
113
136
9
Plano de Estudos
Ementa
 A análise sociohistórica da estrutura da socie-
dade brasileira: as questões relativas à inclusão/exclusão 
escolar; considerações teóricas sobre o conceito de in-
clusão e exclusão sociocultural. Alguns condicionantes 
da exclusão educacional no contexto escolar; políticas 
públicas ou projetos não-governamentais de inclusão 
para uma educação de qualidade; cidadania e inclusão 
escolar.
Objetivo Geral
 Apresentar e discutir a dialética inclusão/ex-
clusão social e sua relação com as políticas de inclusão 
escolar. Promover reflexões junto aos alunos sobre uma 
perspectiva mais ampla acerca da inclusão em nossa so-
ciedade dentro do paradigma da ética e dos direitos hu-
manos.
Capítulo 1
Exclusão Social
13
Caro(a) Aluno(a) 
 Seja bem-vindo (a)!
 A primeira unidade da disciplina Inclusão So-
cioeducacional pretende contextualizar o conceito de ex-
clusão social ressaltando seu aspecto multidimensional. 
Estudaremos os fatores responsáveis pela exclusão as-
sociados às dimensões em que ela se exprime. Convido 
vocês a iniciarem a leitura e a refletirem sobre o assunto 
evidenciado. 
 Boas reflexões!
14
15
 Você, com certeza, já percebeu que uma das ter-
minologias mais empregadas hoje é o termo “exclusão 
social”. Na contextualização desse tema, o pressuposto 
de que exclusão é uma metacategoria, deriva do fato de 
ser um termo utilizado nas mais variadas áreas do co-
nhecimento, portanto serve-se ao objeto de estudo a que 
se destina. Por adquirir conceitos diversos, discutiremos 
o assunto partindo de alguns pressupostos e proposições 
que correspondam a posições conhecidas, e com funda-
mento científico já discutido. 
 Nesse sentido, considerar-se-á aqui a exclusão 
social, essencialmente como: 
 Por esse prisma, a exclusão social pode impli-
car privação, falta de recursos ou, de uma forma mais 
1. A Exclusão Social
e suas Dimensões
 Uma condição humana de falta de 
acesso às oportunidades oferecidas pela so-
ciedade aos seus membros.
16
abrangente, ausência de cidadania. Cidadania aqui de-
fendida como condição inerente ao ser humano de par-
ticipação plena na sociedade, aos diferentes níveis em 
que esta se organiza e se exprime: ambiental, cultural, 
econômico, político e social.
 Desse modo, consideramos a exclusão social 
necessariamente multidimensional, pois se exprime em 
diferentes níveis – ambiental, cultural, econômico, po-
lítico e social, não raramente sendo cumulativa, ou seja, 
compreendendo vários deles ou até mesmo todos. 
 Aderindo às ideias de AMARO (2.000), pode-
se dizer que a exclusão social se exprime em seis dimen-
sões principais do quotidiano dos indivíduos, quanto:
 • ao SER, ou seja, à personalidade, à dignidade 
e à autoestima e ao autorreconhecimento individual;
 • ao ESTAR, ou seja, às redes de pertença so-
cial, desde a família, às redes de vizinhança, aos grupos 
de convívio e de interação social e à sociedade mais geral;
 • ao FAZER, ou seja, às tarefas realizadas e so-
cialmente reconhecidas, quer sob a forma de emprego 
remunerado (uma vez que, a forma dominante de reco-
nhecimento social assenta na possibilidade de se aufe-
rir um rendimento traduzível em poder de compra e em 
estatuto de consumidor), quer sob a forma de trabalho 
voluntário não remunerado;
 • ao CRIAR, ou seja, à capacidade de empreen-
der, de assumir iniciativas, de definir e concretizar proje-
tos, de inventar e criar ações, quaisquer que elas sejam;
 • ao SABER, ou seja, ao acesso à informação 
(escolar ou não; formal ou informal), necessária à toma-
da fundamentada de decisões, e à capacidade crítica face 
à sociedade e ao ambiente envolvente;
17
 • ao TER, ou seja, ao rendimento, do poder de 
compra, ao acesso a níveis de consumo médios da socie-
dade, à capacidade aquisitiva (incluindo a capacidade de 
estabelecer prioridades de aquisição e consumo). 
 A exclusão social, segundo essa leitura, é uma 
situação de não realização de algumas ou de todas essas 
dimensões. Pode-se dizer que é o “não ser”, o “não es-
tar”, o “não fazer”, o “não criar”, o “não saber” e/ou o 
“não ter”. 
1.1 Os fatores da exclusão social
 Como resultado do exposto acima, percebe-se 
que os fatores da exclusão social estão, inevitavelmente, 
associados às dimensões em que ela se exprime, ou seja, 
na origem das diversas formas de exclusão social há 
marcadores ambientais, culturais, econômicos, políticos 
e sociais. 
 Quanto à macropolítica global, os países per-
tencentes à América Latina, África e parte do continente 
asiático são considerados excluídos da ordem econômi-
ca mundial, em relação aos países centrais, tais como os 
Estados Unidos da América, países da União Europeia e 
outros países economicamente desenvolvidos.
 Dado o peso dominante da dimensão econômi-
ca nas sociedades industriais que marcaram a História da 
Humanidade dos últimos 200 anos, pode-se inferir que 
os fatores econômicos têm assumido um peso decisivo, 
embora não seja o único e nem por vezes suficiente, na 
18explicação de grande parte das situações de exclusão so-
cial que surgiram nessas sociedades.
 Para melhor entendimento, dividiremos os fato-
res de exclusão social em três grandes grupos, seguindo 
a proposta de AMARO (2000): 
 a) Fatores de ordem macro;
 b) Fatores de ordem meso;
 c) Fatores de ordem micro. 
 a) Os fatores de ordem macro são de natureza 
estrutural, na grande maioria, e estão relacionados com 
o funcionamento global das sociedades: tipo de sistema 
econômico, regras e imposições do sistema financeiro, 
modelo de desenvolvimento, estrutura e característi-
cas das relações econômicas internacionais, estratégias 
transnacionais, valores e princípios sociais e ambientais 
dominantes, paradigmas culturais, condicionantes do 
sistema político, atitudes e comportamentos face à natu-
reza, modelos de comunicação e de informação, proces-
sos de globalização, etc.
 b) Os fatores de ordem meso são frequente-
mente de natureza estrutural. São normalmente de âm-
bito mais local, situando-se no quadro das relações e das 
condições de proximidade que regulam e interferem no 
quotidiano dos indivíduos. Podem ter origem em áreas 
tão diversas como: características do mercado local de 
trabalho, comportamentos e estratégias empresariais lo-
cais, preconceitos sociais e culturais, normas e compor-
tamentos locais, estratégias de exclusão de atores locais 
(incluindo as associações e outras organizações), etc. 
 c) Os fatores de ordem micro situam-se no âm-
bito individual e familiar, e dependem de lacunas e fra-
gilidades experimentadas nos percursos pessoais, de ca-
pacidades frustradas ou não valorizadas, de incidências 
19
negativas, exemplificadas como: empregos ocupados, 
situações de desemprego, qualificações profissionais ad-
quiridas ou ausentes, níveis de remunerações, capacida-
de aquisitiva, modelos de consumo, etc. 
 Percebe-se que os dois primeiros tipos de fato-
res se referem às oportunidades oferecidas ou negadas 
pela sociedade, enquanto o último centra-se nas capaci-
dades e competências individuais e familiares. 
 Em todos os níveis, encontramos fatores eco-
nômicos, quer os que estão relacionados com o fun-
cionamento global da sociedade, quer os que atuam 
localizadamente, quer os que caracterizam os percursos 
individuais e familiares.
1.2 Estratégias de inserção e de inclusão
 Uma vez definida e caracterizada a exclusão 
social, acreditamos que a sua erradicação implica um 
duplo processo de interação positiva entre os indivíduos 
excluídos e a sociedade a que pertencem e que passa im-
preterivelmente por dois caminhos: 
 • o dos indivíduos que se tornam cidadãos plenos; 
 • o da sociedade que permite e acolhe a cidadania. 
 A esse duplo processo chamamos integração 
que envolve dois elementos: a pessoa que quer se in-
tegrar e assumir seu papel na sociedade, e a sociedade 
disposta a aceitá-la e acolhê-la. 
 Muitas vezes, integração confunde-se com 
20
“assimilação”, o que, no contexto aqui estudado não se 
atribui, pois consideramos integração um processo de 
interação entre uma das partes e as outras partes de um 
todo e com esse todo. Nessa interação parte-partes-todo 
ocorre não só a interdependência positiva – solidarieda-
de -, mas também a tensão e confronto. 
 Nesse sentido, a integração (social) de que aqui 
falamos é o processo que viabiliza o acesso às oportuni-
dades da sociedade, a quem dele estava excluído, permi-
tindo a retomada da relação interativa entre sujeito e so-
ciedade a que ele pertence, trazendo-lhe algo de próprio, 
de específico e de diferente, que o enriquece e mantém 
a sua individualidade e especificidade. “Integração” sig-
nifica que todos os que vivem num país tenham partici-
pação no todo. Já “assimilação”, implica uma decisão 
individual de se adaptar. 
 Nesses termos, a integração é sempre uma 
oportunidade de mais valia para a sociedade, através do 
enriquecimento pela diversidade. 
 Como duplo processo que foi referido, a inte-
gração associa duas lógicas: 
 • a do indivíduo que passa a ter acesso às opor-
tunidades da sociedade, podendo escolher se as utiliza 
ou não – a esse processo (se a opção for pela positiva) 
chamaremos de inserção na sociedade; 
 • a da sociedade que se organiza de forma a 
abrir as suas oportunidades para todos, reforçando-as e 
tornando-as equitativas – a esse processo chamaremos 
de inclusão.
21
 Inserção e inclusão são assim as duas faces de 
um processo (duplo) que é o da integração.
 Quanto aos fatores de exclusão social, seguindo 
a proposta de AMARO (2000), já referenciados anterior-
mente, isso implica: 
 • remoção ou pelo menos, redução dos fatores 
macro e meso e, por outro lado, reforço e elevação das 
oportunidades permitidas pela sociedade, o que remete-
ria ao conceito de “inclusão” e de “sociedade inclusiva”; 
 • remoção ou pelo menos, redução dos fatores 
micro e, sobretudo, promoção das capacidades e compe-
tências individuais e familiares, o que faz apelo ao con-
ceito de “inserção” e de “empowerment”. 
 Quanto a esse último aspecto, caso se retomem 
as dimensões da exclusão social anteriormente apresen-
tadas, estamos falando da promoção e reforço das capa-
cidades e competências em seis níveis:
 • Competências do SER ou competências pes-
soais: reforço de autoestima e da dignidade, autorreco-
nhecimento, etc.;
 • Competências do ESTAR ou competências 
sociais e comunitárias: reativação ou criação das re-
des e dos laços familiares, de vizinhança e sociais mais 
INCLUSÃO INTEGRAÇÃO INSERÇÃO
22
gerais, retomada ou desenvolvimento das interações so-
ciais, etc.; 
 • Competências do FAZER ou competências 
profissionais: qualificações profissionais, aprendizagem 
de tarefas socialmente úteis, partilha de saberes-fazeres, 
etc.;
 • Competências do CRIAR ou competências 
empresariais: capacidade de sonhar e de concretizar 
alguns sonhos, assumindo riscos, protagonizando ini-
ciativas, liderando projetos (mesmo os mais simples) de 
qualquer tipo, etc.;
 • Competências do SABER ou competências 
informativas: escolarização, outras aprendizagens de 
saberes formais e informais, desenvolvimento de mode-
los de leitura da realidade e de capacidade crítica, funda-
mentação das decisões, etc.;
 • Competências do TER ou competências 
aquisitivas: acesso a um rendimento e sua tradução em 
poder de compra, capacidade de priorizar e escolher con-
sumos, etc.
 Nesse sentido, concluímos que os fatores eco-
nômicos podem ser decisivos na explicação de grande 
parte das situações de exclusão social, consequentemen-
te, também a dimensão econômica da integração assu-
me importância crucial, quer na perspectiva da inserção, 
quer na da inclusão.
23
Gênero E Exclusão Social
 Izaura Rufino Fischer
Pesquisadora da Fundação J. Nabuco
Fernanda Marques
Professora da Univers. Estadual de Mossoró/RN 
 O termo exclusão social, de origem francesa, 
toma vulto a partir do livro Les Exclus (1974), de au-
toria de Lenoir, que define os excluídos como aqueles 
indivíduos concebidos como resíduos dos trinta anos 
gloriosos de desenvolvimento. Seguindo as ideias de 
Lenoir, o estudioso brasileiro Hélio Jaguaribe, em mea-
dos de 80, prevê a partir da pobreza crescente, a exclu-
são de contingentes humanos e a define como resul-
tado da crise econômica que se inicia em 1981-83. Para 
esse autor, a exclusão assume as feições da pobreza. 
O escritor e político brasileiro Cristovam Buarque (in 
Nascimento, 1996), seguindo a mesma perspectiva de 
compreensão, ao analisar a crise econômica, publica 
escritos (1991, 1993 e 1994) que chamam a atenção 
para a ameaça à paz social. Segundo Buarque, a ex-
clusão social passa a ser vista como um processo 
presente, visível e que ameaça confinar grande parte 
da população num apartheid informal, expressão 
que dá lugar ao termo “apartação social”. Para ele, 
fica evidente a divisão entre o pobre e o rico, em que o 
pobre é miserável e ousado enquanto o outro se carac-
terizacomo rico, minoritário e temeroso. 
 A exclusão social remonta à antiguidade 
grega, onde escravos, mulheres e estrangeiros eram 
excluídos, mas o fenômeno era tido como natural. So-
mente, a partir da crise econômica mundial que ocorre 
na Idade Contemporânea e que dá evidência à pobre-
za, é que a exclusão social toma visibilidade e subs-
tância. A partir de 1980, os seus efeitos despontam, 
gerando desemprego prolongado e, parafraseando 
Castel (1998), os desafiliados do mercado passam a 
ser denominados de socialmente excluídos. A partir 
de então, esse tema ganha centralidade nos meios 
24
acadêmicos e políticos. 
 A discussão sobre exclusão social, de acordo 
com Gary Rogers (In Dupas, 1999), apareceu na Euro-
pa com o crescimento da pobreza urbana, e sua orien-
tação varia de acordo com as conjunturas políticas 
e econômicas das sociedades. Silver (in Dupas, 1999), 
tentando entender a problemática da integração so-
cial na Europa e nos Estados Unidos, seleciona três 
paradigmas, ligando cada um deles a uma filosofia 
política. Assim, o paradigma da “solidariedade” esta-
ria associado ao republicanismo, sendo a exclusão 
vista como quebra de vínculo entre o indivíduo e a 
sociedade. Nesse paradigma, cabe ao Estado a obri-
gação de ajudar na inclusão dos indivíduos. No da 
“especialização”, associado ao liberalismo, a exclu-
são se refere à discriminação. Nesse caso, o Estado 
deve garantir o trânsito do excluído nas categorias 
sociais. No paradigma do “monopólio”, ligado à 
social-democracia, a exclusão seria explicada pela 
formação de monopólios de grupos sociais. 
 De acordo com Rogers (In Dupas, 1999), a 
exclusão, em sua essência, é multidimensional, ma-
nifesta-se de várias maneiras e atinge as sociedades 
de formas diferentes, sendo os países pobres afetados 
com maior profundidade. Os principais aspectos em 
que a exclusão se apresenta dizem respeito à falta de 
acesso ao emprego, a bens e serviços, e também à fal-
ta de segurança, justiça e cidadania. Assim, observa-se 
que a exclusão se manifesta no mercado de trabalho 
(desemprego de longa duração), no acesso à moradia 
e aos serviços comunitários, a bens e serviços públi-
cos, à terra, aos direitos, etc. Silver, ao enumerar várias 
categorias de excluídos, reúne os velhos desprotegi-
dos da legislação, os sem-terra, os analfabetos e as 
mulheres que, a nosso ver, apesar de excluídas como 
indivíduos, no espaço privado, devem levar apoio aos 
demais excluídos no âmbito da sociedade. 
 Para continuar lendo o texto vá à Biblioteca virtual no 
WEB ENSINO e acesse o link http://www.fundaj.gov.br/tpd/113.html 
25
Filme: Crash
 Trate de preparar a pipoca e o guaraná porque 
a discussão no fórum da primeira Unidade partirá das 
intersecções feitas entre o assunto visto e o filme “Crash 
– no limite”.
Sinopse
 O filme mostra o encontro de vários perso-
nagens totalmente diferentes nas ruas de Los Angeles: 
uma dona-de-casa e seu marido, promotor público, da 
alta sociedade; um lojista persa; um casal de detetives 
da polícia - ele afro-americano, ela latina -, que também 
são amantes; um diretor de televisão afro-americano e 
sua esposa; um mexicano especialista em chaves; dois 
ladrões de carros da periferia; um policial novato e um 
casal coreano de meia-idade. Todos vivem em Los An-
geles e cada um tem sua própria história. Nas próximas 
36 horas, eles vão se encontrar.
 Para quem já quer ficar com água na boca, acesse o link 
http://www.youtube.com/watch?v=fN_U3wqg6Mg que se encontra na 
Biblioteca do curso na pasta “FILMES”.
 Nessa unidade definimos o termo “exclusão so-
cial” e estudamos o seu caráter multidimensional. Vimos 
que os fatores da exclusão social estão inevitavelmente 
associados às dimensões em que ela se exprime, ou seja, 
na origem das diversas formas de exclusão social há 
marcadores ambientais, culturais, econômicos, políticos 
e sociais. Concluímos que sua erradicação implica um 
duplo processo de interação positiva entre os indivíduos 
excluídos e a sociedade a que pertencem.
Síntese do capítulo
26
 Na próxima unidade estudaremos as políticas 
inclusivas e suas implicações no ambiente escolar.
27
1) AMARO (2.000) diz que a exclusão social se exprime 
em seis dimensões principais do quotidiano dos indiví-
duos. Discorra sobre essas dimensões e aponte exemplos 
de cada uma delas.
2) Com base nas leituras e discussões feitas sobre o 
tema dessa unidade, explique a seguinte asserção:
 “Inserção e inclusão são assim as duas faces de um pro-
cesso (duplo) que é o da integração”. 
3) O filme “Crash – no limite” aborda várias questões 
que interceptam a psicologia: preconceitos, classes so-
ciais, racismo, fatalidade, violência, etc. O site http://
www.65anosdecinema.pro.br/Crash_no_limite.htm traz 
uma crítica dizendo que “O filme presume que a maioria 
das pessoas sente preconceito e ressentimentos contra 
membros de outros grupos e observa as consequências 
desses sentimentos”.
 Que relação você estabeleceria entre a crítica 
feita e o processo de assimilação e de integração aborda-
dos nesta Unidade? 
 Poste sua resposta no fórum da nossa disciplina. 
Atividades
Capítulo 2
Aspectos Legais
da Inclusão
31
Caro(a) Aluno(a) 
 Seja bem-vindo (a)!
 Nesta unidade, teceremos algumas conside-
rações sobre políticas de inclusão adotadas na sociedade 
e suas implicações no ambiente escolar. Apresentaremos 
os documentos legais que têm a finalidade de garantir o 
direito de todos ao ensino, inclusive aos “portadores de 
deficiência”, preferencialmente na rede regular. 
 Bons estudos!!!
32
33
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos 
representou um marco na história dos direitos e das ga-
rantias individuais e coletivas do homem no Brasil e no 
mundo. Foi proclamada no dia 10 de dezembro de 1948, 
na Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada na ci-
dade de São Francisco. 
 Significando um compromisso moral de toda a 
humanidade na realização da paz e do bem-estar social, 
buscou nos 30 artigos que a compõem, identificar e agru-
par os direitos fundamentais ao pleno desenvolvimento 
dos indivíduos. Tendo como fundamento maior a digni-
dade e o valor da pessoa humana, traçou princípios bási-
cos para fundamentar a concepção dos direitos humanos, 
entre eles, a liberdade e a igualdade, expressos logo no 
artigo primeiro: 
1. As Políticas Inclusivas e 
suas Implicações no
Ambiente Escolar
 “Todos os seres humanos nascem livres 
e iguais em dignidade e em direitos. Dotados 
de razão e de consciência, devem agir uns para 
com os outros em espírito de fraternidade.” 
34
 Em decorrência da promulgação da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, foram criados vários 
organismos internacionais destinados à promoção e ao 
acompanhamento dos direitos fundamentais, entre os 
quais se destacam:
 • OIT – Organização Internacional do Trabalho; 
 • UNESCO – Organização das Nações Unidas 
para a Educação, a Ciência e a Cultura;
 • UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a 
Infância. 
 Além disso, foram criados vários instrumentos 
jurídicos, como tratados e convenções, para dar executi-
vidade aos princípios da Declaração.
 O artigo XXVI da Declaração dos Direitos Hu-
manos declara:
 “1. Toda pessoa tem direito à instrução. 
A instrução será gratuita, pelo menos nos 
graus elementares e fundamentais. A instru-
ção elementar será obrigatória. A instrução 
técnico-profissional será acessível a todos, 
bem como a instrução superior, está baseada 
no mérito. 
 2. A instrução será orientada no senti-
do do pleno desenvolvimento da personali-
dade humana e do fortalecimento do respei-
to pelos direitos humanos e pelas liberdades 
fundamentais. A instrução promoverá a com-
preensão, a tolerância e a amizade entre to-
das as nações e grupos raciais ou religiosos, 
e coadjuvará as atividades das Nações Uni-
das em prol da manutenção da paz. 
 3. Os pais têm prioridade de direito na 
escolha do gênero de instrução que será mi-
nistrada a seus filhos.”
35
 Embora, porsua natureza, a Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos não exija vinculação jurídica 
em relação aos países signatários, a Constituição Federal 
(1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio-
nal (1996) fazem alusão à inclusão com a finalidade de 
garantir direito de todos ao ensino. Esses documentos ti-
veram como referência documentos e organismos políti-
cos, sociais e educacionais mundiais, tais como, além da 
Declaração dos Direitos Humanos (1948), a Conferência 
Mundial de Educação para Todos, de Jontien (1990) e a 
Conferência Mundial sobre Educação Especial, de Sala-
manca (1994).
 O artigo 205 da Constituição dispõe sobre o direi-
to à educação e a forma pela qual ela deve ser ministrada:
 Percebe-se, no artigo apresentado, que o dever 
de garantir aos cidadãos brasileiros o ensino a que tem 
direito é de responsabilidade da família e do Estado.
 O Brasil tem definido políticas públicas e cria-
do instrumentos legais que garantem tais direitos. A 
transformação dos sistemas educacionais tem se efetiva-
do para garantir o acesso universal à escolaridade básica 
e a satisfação das necessidades de aprendizagem para 
todos os cidadãos.
 
 “Art. 205. A educação, direito de todos e 
dever do Estado e da família, será promovida 
e incentivada com a colaboração da socieda-
de, visando ao pleno desenvolvimento da pes-
soa, seu preparo para o exercício da cidadania 
e sua qualificação para o trabalho.”
36
• Constituição Federal (1988) 
 A Constituição da República Federativa do 
Brasil, de 1988, de maneira formal, adota os mesmos 
princípios proferidos pela Declaração Universal dos Di-
reitos Humanos e assim introduz, no país, uma nova prá-
tica administrativa, configurada pela descentralização do 
poder.
 A partir da vigência desta Constituição, os mu-
nicípios passaram a ter autonomia política para tomar 
decisões e implantar os recursos e processos necessários 
para garantir a melhor qualidade de vida para os cida-
dãos que neles residem. Cabe ao município, mapear as 
necessidades de seus cidadãos, traçar metas e executar 
recursos e serviços que se revelam necessários para aten-
der ao conjunto de suas necessidades, em todas as áreas 
da atenção pública. 
• Estatuto da Criança e do Adolescente (1990)
 O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n° 
8.069, promulgada em13 de julho de 1990, dispõe, no 
Art. 3°, que 
1.1 Legislação Brasileira
 “a criança e o adolescente gozam de todos os 
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem 
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, asse-
gurando-lhes por lei, todas as oportunidades e facilida-
des, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, men-
tal, moral, espiritual e social, em condições de liberdade 
e de dignidade.”
37
 Afirma, também que
 No que se refere à educação, o ECA estabelece, 
no Art. 53, que “a criança e o adolescente têm direito à 
educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pes-
soa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação 
para o trabalho”, assegurando:
 I. Igualdade de condições para o acesso e per-
manência na escola;
 II. Direito de ser respeitado por seus educadores;
 III. Acesso à escola pública e gratuita próxima 
de sua residência. 
 O Art. 54 diz que “é dever do Estado assegurar 
à criança e ao adolescente”:
 I. Ensino fundamental obrigatório e gratuito, 
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade 
própria;
 II. Atendimento educacional especializado aos 
portadores de deficiência, preferencialmente na rede re-
gular de ensino;
 III. Atendimento em creche e pré-escola às 
crianças de zero a seis anos de idade;
 IV. Atendimento no ensino fundamental, atra-
vés de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
 “é dever da família, da comunidade, da socie-
dade em geral e do poder público assegurar, com ab-
soluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, 
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comuni-
tária. (Art.4°).”
38
 No Art. 55, dispõe que “os pais ou responsável 
têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na 
rede regular de ensino”.
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996)
 A Lei de Diretrizes e Bases Nacionais, Lei nº 
9.394, de 20.12.1996, determinou aos municípios brasi-
leiros a obrigatoriedade de oferecer Educação Infantil e 
Fundamental para todas as crianças e jovens que neles 
residem. É também do município a responsabilidade de 
implementar, em sua realidade sociogeográfica, a educa-
ção inclusiva, no âmbito da Educação Infantil e Funda-
mental.
• Política Nacional para a Integração da Pessoa Por-
tadora de Deficiência - Decreto n° 3.298 (1999)
 A política nacional para a integração da pessoa 
portadora de deficiência, prevista no Decreto 3298/99, 
adota os seguintes princípios:
 I. Desenvolvimento de ação conjunta do Estado 
e da sociedade civil, de modo a assegurar a plena inte-
gração da pessoa portadora de deficiência no contexto 
socioeconômico e cultural;
 II. Estabelecimento de mecanismos e instru-
mentos legais e operacionais que assegurem às pessoas 
portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direi-
tos básicos que, decorrentes da Constituição e das leis, 
propiciam o seu bem-estar pessoal, social e econômico;
 III. Respeito às pessoas portadoras de deficiên-
cia, que devem receber igualdade de oportunidades na 
sociedade, por reconhecimento dos direitos que lhes são 
assegurados, sem privilégios ou paternalismos.
 No que se refere especificamente à educação, o 
Decreto estabelece a matrícula compulsória de pessoas 
39
com deficiência, em cursos regulares, a consideração da 
educação especial como modalidade de educação escolar 
que permeia transversalmente todos os níveis e modali-
dades de ensino, a oferta obrigatória e gratuita da edu-
cação especial em estabelecimentos públicos de ensino, 
dentre outras medidas (Art. 24, I, II, IV).
• Plano Nacional de Educação (2001)
 O Plano Nacional de Educação, aprovado pela 
Lei nº 10.17/01, estabelece objetivos e metas para a edu-
cação das pessoas com necessidades educacionais espe-
ciais. Dentre eles, destacam-se os que tratam:
 • Do desenvolvimento de programas educacio-
nais em todos os municípios, em parceria com as áreas de 
saúde e assistência social, visando à ampliação da oferta 
de atendimento da educação infantil;
 • Dos padrões mínimos de infraestrutura das 
escolas para atendimento de alunos com necessidades 
educacionais especiais; 
 • Da formação inicial e continuada dos profes-
sores para atendimento às necessidades dos alunos;
 • Da disponibilização de recursos didáticos es-
pecializados de apoio à aprendizagem nas áreas visual e 
auditiva;
 • Da articulação das ações de educação especial 
com a política de educação para o trabalho;
 • Do incentivo à realização de estudos e pesqui-
sas nas diversas áreas relacionadas com as necessidades 
educacionais dos alunos;
 • Do sistema de informações sobre a população 
a ser atendida pela educação especial;
 • Convenção Interamericana para Eliminação 
de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas 
com Deficiência (2001).
40
 Em 08 de outubro de 2001, o Brasil, através do 
Decreto 3.956, promulgou a Convenção Interamericana 
para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Ao instituir 
esse Decreto, o Brasil comprometeu-se a:
 • Tomar as medidas de caráter legislativo, social, 
educacional, trabalhista ou de qualquer outra natureza, 
que sejam necessárias para eliminar a discriminação con-
tra as pessoas portadoras de deficiência e proporcionar a 
sua plena integração à sociedade (...):
 a) medidas das autoridades governamentais e/
ou entidades privadas para eliminar progressivamente a 
discriminação e promover a integração na prestação ou 
fornecimento de bens, serviços, instalações, programase atividades, tais como o emprego, o transporte, as co-
municações, a habitação, o lazer, a educação, o esporte, 
o acesso à justiça e aos serviços policiais e às atividades 
políticas e de administração;
 • Trabalhar prioritariamente nas seguintes áreas:
 a) prevenção de todas as formas de deficiência;
 b) detecção e intervenção precoce, tratamento, 
reabilitação, educação, formação ocupacional e presta-
ção de serviços completos para garantir o melhor nível 
de independência e qualidade de vida para as pessoas 
portadoras de deficiência;
 c) sensibilização da população, por meio de 
campanhas de educação, destinadas a eliminar precon-
ceitos, estereótipos e outras atitudes que atentem contra o 
direito das pessoas a serem iguais, permitindo dessa for-
ma o respeito e a convivência com as pessoas portadoras 
de deficiência.
 • Diretrizes Nacionais para a Educação Especial 
na Educação Básica (2001).
41
 A Resolução CNE/CEB n° 02/2001, instituiu as 
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Edu-
cação Básica, que manifesta o compromisso do país com 
“o desafio de construir coletivamente as condições para 
atender bem à diversidade de seus alunos”.
 Essa resolução representa um avanço na pers-
pectiva da universalização do ensino e um marco da 
atenção à diversidade, na educação brasileira, quando 
ratifica a obrigatoriedade da matrícula de todos os alunos 
e assim declara:
 Dessa forma, não é o aluno que tem que se 
adaptar à escola, mas é ela que, consciente da sua função, 
coloca-se à disposição do aluno, tornando-se um espaço 
inclusivo. A educação especial é concebida para possi-
bilitar que o aluno com necessidades educacionais espe-
ciais atinja os objetivos propostos para sua educação. 
 A proposição da política expressa nas Diretri-
zes traduz o conceito de escola inclusiva, pois centra seu 
foco na discussão sobre a função social da escola e no 
projeto pedagógico.
 • Documentos Norteadores da Prática Educa-
cional para Alunos com Necessidades Educacionais Es-
peciais.
 Em consonância com os instrumentos legais 
 “Os sistemas de ensino devem matricu-
lar todos os alunos, cabendo às escolas or-
ganizarem-se para o atendimento aos educan-
dos com necessidades educacionais especiais, 
assegurando as condições necessárias para 
uma educação de qualidade para todos.”
42
acima mencionados, o Brasil elaborou documentos 
norteadores para a prática educacional, visando espe-
cialmente superar a tradição segregatória da atenção ao 
segmento populacional constituído de crianças, jovens e 
adultos com necessidades educacionais especiais;
 a) Saberes e Práticas da Inclusão - O documen-
to “Saberes e Práticas da Inclusão na Educação Infan-
til”, publicado em 2003, aponta para a necessidade de 
apoiar as creches e as escolas de educação infantil, a fim 
de garantir a essa população condições de acessibilidade 
física e de acessibilidade a recursos materiais e técnicos 
apropriados para responder a necessidades educacionais 
especiais.
 Para tanto, o documento se refere à necessidade de:
 Orienta, ainda sobre a necessidade de divul-
gação “da visão de educação infantil, na perspectiva 
da inclusão”, para as famílias, a comunidade escolar e 
a sociedade em geral, bem como do estabelecimento de 
parcerias com a área da Saúde e da Assistência Social, de 
forma que “possam constituir-se em recursos de apoio, 
cooperação e suporte”, no processo de desenvolvimento 
da criança.
 O documento “Saberes e Práticas da Inclusão 
no Ensino Fundamental” publicado em 2003 reconhece 
que:
 “disponibilizar recursos humanos capacitados 
em educação especial/ educação infantil para dar su-
porte e apoio ao docente das creches e pré-escolas, ou 
centros de educação infantil, assim como possibilitar 
sua capacitação e educação continuada, por intermédio 
da oferta de cursos ou estágios em instituições compro-
metidas com o movimento da inclusão.”
43
 • Toda pessoa tem direito à educação, indepen-
dentemente de gênero, etnia, deficiência, idade, classe 
social ou qualquer outra condição;
 • O acesso à escola extrapola o ato da matrícula, 
implicando na apropriação do saber, da aprendizagem e 
na formação do cidadão crítico e participativo;
 • A população escolar é constituída de grande 
diversidade e a ação educativa deve atender às maneiras 
peculiares dos alunos aprenderem.
 b) Educação Profissional - O documento “Edu-
cação Profissional - Indicações para a ação: a interface 
educação profissional/educação especial” visa estimular 
o desenvolvimento de ações educacionais que permitam 
alcançar a qualidade na gestão das escolas, removendo 
barreiras atitudinais, arquitetônicas e educacionais para 
a aprendizagem, assegurando melhor formação inicial e 
continuada aos professores, com a finalidade de lhes pro-
piciar uma ligação indispensável entre teoria e prática.
 Destaca ainda a importância da articulação e 
parceria entre as instituições de ensino, trabalho e seto-
res empresariais para o desenvolvimento do Programa de 
Educação Profissional. O documento enfatiza as seguin-
tes temáticas: 
 • A relação educação e trabalho no Brasil e a 
emergência da nova legislação da Educação Profissional;
 • Balizamentos e marcos normativos da Educa-
ção Profissional;
 • Educação Profissional/Educação Especial: fa-
ces e formas;
 • Desdobramentos possíveis no âmbito de uma 
agenda de capacitação docente;
 • Desafios para implementação de uma política 
de Educação Profissional para o aluno da Educação Es-
44
pecial.
 c) Direito à Educação - O documento “Direito 
à Educação - Subsídios para a Gestão do Sistema Educa-
cional Inclusivo”, apresenta um conjunto de textos que 
tratam da política educacional no âmbito da Educação 
Especial - subsídios legais que devem embasar a cons-
trução de sistemas educacionais inclusivos.
 O documento é constituído de duas partes:
 1. Orientações Gerais
 • A política educacional no âmbito da Educação 
Especial;
 • Diretrizes Nacionais para a Educação Especial 
na Educação Básica - Parecer 17/2001;
 • Fontes de Recursos e Mecanismos de Finan-
ciamentos da Educação Especial;
 • Evolução Estatística da Educação Especial.
 2. Marcos Legais
 Trata do Ordenamento Jurídico, contendo as 
leis que regem a educação nacional e os direitos das pes-
soas com deficiência, constituindo importantes subsídios 
para embasamento legal à gestão dos sistemas de ensino.
 Inclui a seguinte legislação:
 • Constituição da República Federativa do Bra-
sil /88;
 • Lei 7853/89 - Dispõe sobre o apoio às pessoas 
portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a 
Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Por-
tadora de Deficiência - CORDE, institui a tutela jurisdi-
cional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, 
disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes 
e dá outras providências. (Alterada pela Lei 8.028/90);
 • Lei 8069/90 - Dispõe sobre o Estatuto da 
Criança e do Adolescente e dá outras providências - ECA
45
 • Lei 8859/94 - Modifica dispositivos da Lei nº 
6.494, de 07 de dezembro de1977, estendendo aos alunos 
de ensino especial o direito à participação em atividades 
de estágio;
 • Lei 9394/96 - Estabelece as Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional - LDBEN;
 • Lei 9424/96 - Dispõe sobre o Fundo de Ma-
nutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e 
Valorização do Magistério - FUNDEF;
 • Lei 10098/00 - Estabelece normas gerais e 
critérios básicos para a promoção da acessibilidade das 
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade re-
duzida e dá outras providências;
 • Lei 10172/2001 - Aprova o Plano Nacional de 
Educação e dá outras providências;
 • Lei 10216/2001 - Dispõe sobre a proteção e os 
direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e 
redireciona o modelo assistencial em saúde mental;
 • Lei 10436/02 - Dispõe sobre a Língua Brasi-
leira de Sinais - Libras e dá outras providências;
 • Lei 10845/2004 - Institui o Programa de Com-
plementação ao Atendimento Educacional Especializado 
às pessoas portadoras dedeficiência e dá outras provi-
dências - PAED.
 Decretos
 • Decreto 2.264/97 - Regulamenta a Lei 9424/96 
- FUNDEF, no âmbito federal, e determina outras provi-
dências;
 • Decreto 3.298/99 - Regulamenta a Lei no 
7.853, de 24 de outubro de 1989, que dispõe sobre a Po-
lítica Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de 
Deficiência, consolida as normas de proteção e dá outras 
providências;
 • Decreto 3030/99 - Dá nova redação ao art.2º 
46
do Decreto 1.680/95 que dispõe sobre a competência, a 
composição e o funcionamento do Conselho Consultivo 
da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa 
Portadora de Deficiência (CORDE);
 • Decreto 3076/99 - Cria no âmbito do Ministé-
rio da Justiça o Conselho Nacional dos Direitos da Pes-
soa Portadora de Deficiência (CONADE);
 • Decreto 3631/00 - Regulamenta a Lei 8899/94, 
que dispõe sobre o transporte de pessoas portadoras de 
deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual.
 • Decreto 3.952/01 - Dispõe sobre o Conselho 
Nacional de Combate à Discriminação (CNCD);
 • Decreto 3956/01 - Promulga a Convenção In-
teramericana para a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiên-
cia. (Convenção da Guatemala).
 Portarias - MEC
 • Portaria 1793/94 -Recomenda a inclusão da 
disciplina Aspectos Ético - Político - Educacionais na 
normalização e integração da pessoa portadora de neces-
sidades especiais, prioritariamente, nos cursos de Peda-
gogia, Psicologia e em todas as Licenciaturas;
 • Portaria 319/99 - Institui no Ministério da 
Educação, vinculada à Secretaria de Educação Especial/
SEESP a Comissão Brasileira do Braille, de caráter per-
manente;
 • Portaria 554/00 - Aprova o Regulamento In-
terno da Comissão Brasileira do Braille;
 • Portaria 3.284/03 - Dispõe sobre requisitos 
de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências, 
para instruir os processos de autorização e de reconheci-
mento de cursos e de credenciamento de instituições;
 • Portaria do Ministério do Planejamento 
47
08/2001 - Atualiza e consolida os procedimentos ope-
racionais adotados pelas unidades de recursos humanos 
para a aceitação, como estagiários, de alunos regular-
mente matriculados e que venham frequentando, efeti-
vamente, cursos de educação superior, de ensino médio, 
de educação profissional de nível médio ou de educação 
especial, vinculados à estrutura do ensino público e par-
ticular.
 Resoluções
 • Resolução 09/78 - Conselho Federal de Edu-
cação - Autoriza, excepcionalmente, a matrícula do alu-
no classificado como superdotado nos cursos superiores 
sem que tenha concluído o curso de 2º grau;
 • Resolução 02/81 - Conselho Federal de Edu-
cação - Autoriza a concessão de dilatação de prazo de 
conclusão do curso de graduação aos alunos portadores 
de deficiência física, afecções congênitas ou adquiridas;
 • Resolução 02/01 - Conselho Nacional de Edu-
cação - Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Es-
pecial na Educação Básica;
 • Resolução 01 e 02/02 - Conselho Nacional de 
Educação - Diretrizes Nacionais para a Formação de Pro-
fessores da Educação Básica, em nível superior, gradua-
ção plena;
 • Resolução 01/04 - Conselho Nacional de Edu-
cação - Estabelece Diretrizes Nacionais para organização 
e realização de Estágio de alunos do Ensino Profissio-
nalizante e Ensino Médio, inclusive nas modalidades de 
Ensino Especial e Educação de Jovens e Adultos.
 Quando tais garantias legais são postas à prova 
no cotidiano da comunidade, da escola e do aluno, perce-
bemos que o direito que garante o acesso escolar não é o 
mesmo que garante o ensino de qualidade. A garantia de 
48
alunos com deficiência a classes regulares, por exemplo, 
não necessariamente garante seu sucesso escolar. Nes-
se sentido, torna-se pertinente averiguar como tem sido 
o processo de escolarização do aluno com necessidade 
especial no que se refere ao acesso ao ensino regular, à 
permanência na escola, bem como a natureza dos ser-
viços educacionais oferecidos. Sobre isso falaremos na 
próxima unidade. 
Texto Complementar
Identidade dos Alunos com
Necessidades Educacionais
Especiais no Contexto da
Política Educacional Brasileira
Prof. Dr. Marcos J. S. Mazzotta 
 A complexidade que envolve a questão da iden-
tidade pessoal, da identidade social e mesmo das iden-
tidades nacionais deve-se, em grande parte, à dualidade 
determinada pela presença ou ausência de participação 
ativa, dignidade e respeito. Em outras palavras, deve-se 
às situações de inclusão e exclusão ou marginalização do 
ser humano enquanto ser que pensa e age.
 No mundo ocidental, as últimas décadas do sé-
culo XX, configuram-se como destacado momento da 
globalização da economia, de valores e culturas, bem 
como momento de fortalecimento dos movimentos so-
49
ciais organizados em defesa da inclusão e eliminação das 
situações de exclusão. 
 Iniciamos o novo milênio imbuídos da crença 
na importância da preservação e alargamento dos espa-
ços conquistados na luta pela melhoria da qualidade de 
vida de cada um e de todos os homens, pautando-nos 
mais pelo desejável do que pelo que nos apresenta como 
possível . Nesse sentido, é oportuno lembrar o que dizem 
autores como Giddens para quem:
 Particularmente no que se refere às identidades 
culturais, Hall (1997), comenta que:
 “os processos atuantes em escala global 
atravessam fronteiras nacionais, integrando e conec-
tando comunidades e organizações em novas com-
binações de espaço-tempo, tornando o mundo, em 
realidade e em experiência, mais interconectado. A 
globalização implica um movimento de distanciamen-
to da ideia sociológica clássica da ‘sociedade’ como 
um sistema bem delimitado e sua substituição por 
uma perspectiva que se concentra na forma como a 
vida social está ordenada ao longo do tempo e do es-
paço” (Giddens, 1990, p.64, apud HALL, 1997, p.72). 
 “...as identificações “globais”, uma 
vez colocadas acima do nível da cultura nacio-
nal, começam a deslocar e, algumas vezes, a apa-
gar as identidades nacionais. As identidades na-
cionais permanecem fortes, especialmente com 
respeito a coisas como direitos legais e de cidadania, 
mas as identidades locais, regionais e comunitárias 
têm se tornado mais importantes.”(HALL, 1997, p.78) 
50
 Da mesma maneira, a busca fundamental do 
homem pela liberdade, no plano individual, e pela igual-
dade de direitos e de oportunidades, no espaço social, 
fortalece a construção de sua identidade pessoal e social. 
A importância, pois, das comunidades locais e regionais 
não pode ser ignorada ou diminuída na elaboração, dis-
cussão e entendimento das políticas sociais públicas.
 Partindo desses pressupostos é que registramos 
nossa leitura crítica da política educacional brasileira, to-
mando como referência os principais documentos legais 
e normativos oficiais a partir da Constituição Federal de 
1988. Assim, foram analisados os seguintes documentos: 
Lei Federal no. 7853/89 (dispõe sobre a Política Nacional 
para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência), 
Lei no. 9394/96 (institui a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional), Decreto Federal no. 3298/99 (Re-
gulamenta a Lei 7853/89 e Institui a Política Nacional 
para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência), 
Lei no. 10.172, de 09 de janeiro de 2001(aprova o Plano 
Nacional de Educação), Resolução CNE no. 02, de 11 de 
setembro de 2001 (institui as Diretrizes Nacionais para a 
Educação Especial na Educação Básica).
 Nessa tentativa de síntese, focalizaremos a 
linguagem política relativa aos educandos com necessi-
dades educacionais especiais, a integração e a inclusão 
escolar, detalhando alguns pontos do Plano Nacional de 
Educação e da Resolução CNE no. 02/2001. 
 Cabe destacar, de início, que a política edu-
cacional é somente uma das áreas das políticas sociais 
construídas segundo o princípio da igualdade de todos 
perante a lei. Assim, ainda que diferencialmente, abran-
ge igualmente as pessoas de todas as classes sociais. Tem 
também comopilar outro princípio da democracia social 
51
que é a igualdade de oportunidades, cuja concretização 
demanda referência a situações específicas e historica-
mente determinadas. 
 Para continuar lendo esse texto vá até a BibliotecaVirtual 
no WEB ENSINO e acesse o link http://intervox.nce.ufrj.br/~elizabet/
identidade.htm.
 Nesta unidade, estudamos as políticas inclusi-
vas e suas implicações no ambiente escolar. Estudamos 
como o Brasil tem definido suas políticas públicas e cria-
do instrumentos legais que asseguram os direitos de to-
dos, buscando garantir o acesso universal à escolaridade 
básica e a satisfação das necessidades de aprendizagem 
para todos os cidadãos.
Síntese do capítulo
52
Atividades
1) Qual a importância da Declaração Universal dos Di-
reitos Humanos para a humanidade?
2) A Constituição determina que “o dever de garantir 
aos cidadãos brasileiros o ensino a que tem direito é de 
responsabilidade da família e do Estado”. 
Como você vê a participação dessas duas organizações – 
Estado e família – em relação aos seus deveres expressos 
na Constituição? 
3) Na prática escolar, como ocorre a execução das polí-
ticas públicas apresentadas nessa unidade?

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