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PRISCILA SAMARA DA SILVA 
Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.
 Paulo Freire
Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.
Paulo Freire
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
UNIDADE II
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• compreender a problemática das identidades de gênero e étnico-raciais no contexto escolar e histórico-social;
• identificar a importância da inclusão social e escolar na diversidade;
• abordar o tema diversidade no espaço escolar relacionado às questões legais do Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei nº 10.639/03 e a Lei nº 11.645/07.
PLANO DE ESTUDOS
TÓPICO 1 – DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
TÓPICO 2 – A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
TÓPICO 3 – DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA: DIVERSIDADE E INCLUSÃO
ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
Educação e Diversidade – Unidade II
Na Unidade II, Apresentamos as funções do ESTADO, através das POLÍTICAS PÚBLICAS e da GESTÃO DEMOCRÁTICA para a promoção da DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO. Para tanto, precisamos considerar que:
https://www.i9treinamentos.com/politicas-publicas-reforcam-acoes-para-combater-a-pobreza-no-brasil/
TÓPICO 1 
DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
A legislação brasileira prevê a educação como direito de todos e dever do Estado. 
Por esta razão, conceber uma educação de qualidade perpassa pela inclusão de todos, sem distinção, na rede de ensino e no respeito às necessidades de cada indivíduo ao longo de seu percurso formativo.
TÓPICO 1 
DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
A Constituição Federal de 1988 prevê a educação como direito de todos e dever do Estado. 
Contudo, historicamente, os caminhos de nossa sociedade configuraram uma realidade de exclusão social, de invisibilidade das crianças e adolescentes, especialmente aqueles em condições de vulnerabilidade.
Os infográficos a seguir são indicadores que representam as desigualdades e o acesso aos direitos sociais estratificados por cor/raça e sexo.
A diversidade coloca determinados grupos – nesse caso em particular, negros e mulheres – em uma situação de exclusão.
A distância entre a renda média de brancos e negros significa também uma distância de oportunidades. 
A diversidade significa uma desvantagem para grande parte da população brasileira.
 
E a educação? Como a diversidade pode ser observada quando analisamos o acesso à educação em nosso país?
A população branca passa maior tempo na escola que a população negra.
Não é suficiente ampliar o acesso à educação sem conhecer e considerar a diversidade de nossa população e o que ela representa em termos de desigualdades.
Um dos desafios da educação se encontra na necessidade de superar nossas desigualdades.
MÉDIA DE ANOS DE ESTUDO DA POPULAÇÃO OCUPADA COM 16 ANOS OU MAIS DE IDADE, SEGUNDO SEXO E COR/RAÇA - 1999 E 2009.
Por que o direito à educação é tão importante? Por que garantir educação de qualidade a todos é fundamental para superar as desigualdades sociais? Porque o reflexo da desigualdade no acesso à educação atinge outras áreas da vida das pessoas, como o mercado de trabalho
Os índices de desemprego mostram que, proporcionalmente, os negros sofrem mais que os brancos com essa questão. 
Assim como entre mulheres e homens, elas somam maior número de desempregados. As mulheres negras são o grupo mais vulnerável ao desemprego.
O percentual de indivíduos que necessita de apoio das políticas de assistência social para garantir condições mínimas de vida para suas famílias.
Mais uma vez observamos a diversidade cultural de nossa população convertendo-se em desigualdade social: do total de famílias que recebem o Bolsa Família, 70% são formadas por negros.
O respeito à diversidade exige de nós, educadores, compreender que para alcançar esse ideal devemos reconhecer em nossos alunos o que significa ser diverso. São diversos porque vivem em realidades diferentes, com contextos sociais, têm oportunidades, experiências de vida e expectativas diferentes em relação à escola.
					TOPICO 1
	BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O histórico da exclusão de crianças e adolescentes refere-se também ao tratamento que a lei previa, pois eram considerados como figuras incapazes, que necessitavam da tutela do Estado
A representação da criança e do adolescente como sujeitos vem sofrendo alterações de acordo com as dinâmicas sociais.
Pela lei (antes do ECA) estavam distantes das noções de cidadania.
Sugestão de leitura
Os termos criança e família não possuíram sempre o mesmo significado que conhecemos hoje. 
Para conhecer as diferentes representações desses termos na história, Philippe Ariès nos mostra como as ações dos sujeitos moldam as sociedades.
As transformações que iremos no Estado brasileiro
Declaração de Genebra é considerada o marco inicial para o debate da questão dos Direitos da Criança e do Adolescente, a partir dessa declaração foi estabelecida internacionalmente a garantia de uma proteção especial à criança. 
Declaração Universal dos Direitos da Criança e do Adolescente de 1959 representou avanços importantes ao colocar como responsabilidade dos Estados princípios e obrigações referentes ao tratamento prioritário de crianças e adolescentes.
Convenção Americana de Direitos Humanos de 1992, reafirma as medidas de proteção às crianças e adolescentes, reforçando que o direito humano é garantido pelo simples fato de sermos humanos, independentemente do país em que vivemos ou de outras características particulares.
O direito à educação é mencionado como direito fundamental em todos os textos considerados como marcos históricos dos Direitos Humanos. 
A educação é capaz de permitir o pleno desenvolvimento do indivíduo. No caso das crianças e adolescentes, a educação é capaz de transformar suas realidades. 
Por esta razão, a importância do direito à educação garantida por lei é consenso em todo o mundo
 O ECA representou um avanço para a legislação ao priorizar a questão da criança e do adolescente. 
 O Direito da Criança e do Adolescente surgiu através da organização popular. 
 As transformações na legislação garantiram o direito à cidadania para crianças e adolescentes antes excluídos desse contexto
 Entre os documentos internacionais criados para proteger os direitos das crianças e dos adolescentes destaca-se a Convenção Internacional dos Direitos das Crianças como elemento central para a consolidação desse movimento na América Latina. 
 
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O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
 A Doutrina da Situação Irregular estabelecia uma divisão da infância entre crianças, adolescentes e menores. Os menores eram o grupo excluído socialmente em decorrência de seu contexto de vulnerabilidade. 
 A Doutrina da Proteção Integral garante a prioridade absoluta no tratamento das crianças e dos adolescentes. O Direito da Criança e do Adolescente pode ser definido como a área do Direito que visa garantir os direitos fundamentais desse grupo. 
https://ccdcufba.wordpress.com/2015/07/13/eca-comemora-15-anos-de-conquistas-para-criancas-e-adolescentes-em-todo-o-pais/
 As críticas ao ECA no Brasil apontam para a proteção excessiva de crianças e adolescentes que cometem infrações. Em contraponto às críticas, o ECA é elogiado por suas medidas educativas em relação àqueles que cometem infrações. 
 O direito à educação no ECA prevê a educação como base para a construção da cidadania. No texto do ECA fica garantido o acesso à educação, mas a tarefa de educar é entendida como responsabilidade da escola, da família e da comunidade. 
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 O direito à diversidade é contemplado no ECA, pois o Estatuto garante o acesso e a permanência na escola, o tratamento respeitoso,a participação na construção do projeto pedagógico e a representação nas entidades estudantis a todos.
https://brasilescola.uol.com.br/saude-na-escola
TÓPICO 2
 A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
	INCLUSÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA
O uso do termo inclusão remete a processos que visam incluir pessoas ou grupos sociais que por algum motivo encontram-se marginalizados na sociedade. 
 Por exemplo, pessoas com deficiências físicas e intelectuais ou grupos que pela posição econômica não têm acesso aos mesmos direitos e oportunidades previstos pela legislação.
 A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
O termo necessidades especiais necessita de reflexão
	
	Necessidades Educacionais são as demandas apresentadas pelos sujeitos para aprender o que é considerado importante para a sua faixa etária, pela comunidade à qual a escola faz parte. Necessidades Educacionais Especiais são aquelas demandas exclusivas dos sujeitos que, para aprender o que é esperado para o seu grupo de referência, precisam de diferentes formas de interação pedagógica e/ou suportes adicionais [...] (GLAT; BLANCO, 2007, p. 25-26, grifo do original).
Deficiência e necessidade educacional especial
Quando nos referimos à deficiência entramos no campo das condições orgânicas de cada indivíduo. E quando nos referimos às necessidades educacionais especiais damos conta dessas questões orgânicas, mas também consideramos outros fatores que influenciam nas condições de aprendizagem de cada indivíduo (GLAT; BLANCO, 2007).
As instituições
No caso das pessoas com deficiência física, a legislação garante seu acesso às escolas, pois historicamente o atendimento a esse grupo acontecia em instituições especiais.
A criação de instituições para atendimento de pessoas com deficiência e as mudanças na legislação marcaram a história da inclusão e da exclusão na sociedade brasileira.
A inclusão das pessoas com deficiências no ensino regular é prevista por lei desde a CF de 1988; desde então, uma série de leis foram criadas tendo como objetivo a garantia desse direito.
Leis e garantias
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
 Declaração Mundial de Educação para Todos de 1990
O Plano Nacional para a Educação 
O Plano Nacional para a Educação em Direitos Humanos de 2013 
PCN
 Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
ATENÇÃO
O termo "Portador de deficiência" utilizado no livro de estudos, é mencionado apenas num contexto histórico. O termo atual passa a ser "pessoa com Deficiência .  A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência. 
Por exemplo, não dizemos e nem escrevemos que uma certa pessoa é portadora de olhos verdes ou pele morena.  Nesse sentido, o Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência definiu através da portaria 2.344, o termo correto para o tratamento das pessoas com necessidades especiais. 
Por lei, elas devem ser tratadas como Pessoa com Deficiência. 
Inclusão social das pessoas com deficiência segue como desafio para a educação brasileira
	Entre os motivos que dificultam as ações no sentido da inclusão estão: 
Os altos custos para as adaptações necessárias nos espaços físicos e para as adaptações curriculares de grande porte, bem como nas adaptações de porte menor e na escolha de recursos e metodologias diversificados. Bem como, a resistência de muitos educadores diante desse novo paradigma da educação (BATALHA, 2009).
Questões como a inclusão do debate sobre gênero e sexualidade, sobre a diversidade religiosa, sobre a imigração e sobre questões políticas.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA E RESPEITO À DIVERSIDADE
Apenas pensar diferente não significa necessariamente que a ação será diferente. 
Para que uma escola possa chegar ao ideal de inclusão deverá proporcionar a formação da equipe pedagógica e gestora e rever de forma reflexiva todos os segmentos que compõem e interferem na escola. 
Reavaliar os espaços da sua estrutura física, as formas de organização escolar, a elaboração e avaliação do projeto político-pedagógico, os recursos didáticos, métodos e estratégias de ensino-aprendizagem utilizados e também as formas de avaliação (GLAT; BLANCO, 2007).
Lei nº 10.639/03 e Lei nº 11.645/08 
A inclusão da temática da história e cultura afro-brasileira tem como marco a Lei nº 10.639/03, que altera a LDB e a torna obrigatória no currículo oficial da rede de ensino em todo o país. 
A Lei nº 11.645/08 altera a LDB e torna obrigatório, juntamente com o ensino da história e cultura afro-brasileira, o ensino da história e cultura indígena.
Gênero e sexualidade
As reflexões que abordam a questão de gênero foram introduzidas no currículo como temas transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997. Contudo, não foram observadas transformações na forma como são conduzidos esses conteúdos nas escolas.
As diversas representações da sexualidade compreendidas como construção social estão presentes no universo da escola. E o respeito à diversidade contempla as diferentes orientações sexuais e identidades de gênero. 
 TÓPICO 3 
DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA: DIVERSIDADE E INCLUSÃO
“Toda vez que se propõe uma gestão democrática da escola pública básica que tenha efetiva participação de pais, educadores, alunos e funcionários da escola, isso acaba sendo considerado como coisa utópica […] A palavra utopia significa o lugar que não existe. Não quer dizer que não possa vir a existir”. (Vitor Henrique Paro)
A GESTÃO DEMOCRÁTICA E O DIREITO À EDUCAÇÃO
O direito à educação representa, além do acesso e permanência dos alunos na escola, sua participação na construção do projeto pedagógico e no direito de questionar o processo avaliativo.
A gestão do processo pedagógico se constitui como uma ação coletiva do corpo docente sob a liderança do gestor responsável.
DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA EDUCAÇÃO
Paro (2016) aponta duas contradições: a primeira contempla a questão da autoridade, o sistema hierárquico prevalece na organização escolar. Nesse sistema o poder acaba centralizado nas decisões do diretor.
A segunda contradição se refere à questão técnica: o diretor deve ter conhecimento e competência técnica que lhe permitam uma administração bem sucedida da escola, porém, suas competências e habilidades de gestão escolar esbarram na falta de autonomia em relação aos seus superiores e a falta de recursos para administrar a escola.
É preciso conceber o direito à igualdade como prerrogativa para a educação.
A gestão democrática acompanha todo o percurso da construção de uma educação de qualidade pautada não somente na garantia de acesso e permanência, mas também no reconhecimento de que a educação como direito só pode ser construída no coletivo.
A construção coletiva da educação deve ocorrer a partir da participação da comunidade em decisões da escola. Essa participação pode ocorrer através de órgãos colegiados existentes em grande parte das escolas brasileiras: 
Conselho Escolar, 
Conselho de Classe, 
Associação de Pais e Mestres e 
 Grêmio Estudantil
Sugestões de caminhos possíveis para construir uma gestão democrática
Três objetivos que devem nortear a gestão democrática: 
o acesso, 
a permanência e 
qualidade da educação

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