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Semiologia do Abdome Fonte: Bates, 11ª ed.Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 2 | Página · Anatomia e fisiologia - O exame do abdome deve ser realizado em sentido horário e vários órgãos são palpáveis, com exceção do estômago e grande parte do fígado e baço · QSD: - A borda inferior do fígado é frequentemente palpável na altura do rebordo costal direito. A aorta abdominal apresenta com frequência pulsações visíveis no epigástrio. Em um nível mais profundo, o polo inferior do rim direito e a extremidade da 12ª costela podem ser palpáveis, principalmente em crianças e indivíduos magros com musculatura abdominal relaxada · QSE: - O baço situa-se lateral e posteriormente ao estomago, acima do rim esquerdo na LAM esquerda. As costelas 9, 10 e 11 protegem a maior parte do órgão. Em alguns casos de esplenomegalia, ele pode ser palpável abaixo do rebordo costal esquerdo · QIE: - Com frequência se pode palpar o colo sigmoide (consistência firme e formato estreito e tubular). Algumas partes dos colos ascendente e transverso também são palpáveis (principalmente se houver fezes no lúmen) · QID: - Localizam-se as alças intestinais e apêndice, mas não são palpáveis nos indivíduos hígidos · Anamnese - Existe uma ampla gama de sinais e sintomas gastrintestinais superiores, inclusive dor abdominal, pirose, náuseas e vômitos, disfagia ou odinofagia, vômito do conteúdo gástrico ou de sangue, anorexia e icterícia - Numerosos sinais e sintomas também se originam dos sistemas genital e urinário: disúria, urgência urinária e polaciúria, hesitação e redução do jato urinário em homens, grande volume de urina, nictúria, incontinência, hematúria, além de dor nos flancos e cólicas provocadas por cálculos ou infecção renal. Com frequência, eles são acompanhados por sintomas GI, como dor abdominal, náuseas e vômitos · Padrões e mecanismos da dor abdominal: - Dividida em três categorias principais: · Dor visceral → ocorre quando órgãos abdominais ocos, como o intestino ou a árvore biliar, contraem-se de modo incomumente vigoroso ou estão distendidos/estirados. Orgaos sólidos, como o fígado, também podem causar essa dor, pelo estiramento da sua cápsula · Localização → difícil localização, tipicamente ocorrendo próximo à linha média, em níveis que variam de acordo com a estrutura envolvida · Características → pode ser sentida como corrosão, queimação, cólica, ou ser imprecisa. Quando intensa, pode vir acompanhada de sudorese, palidez, náuseas, vômito e inquietação · Dor parietal → origina-se de inflamação no peritônio parietal (peritonite). A sensação álgica é constante e vaga, geralmente mais intensa que a dor visceral, e com uma correspondência de localização mais precisa sobre a estrutura envolvida. A dor é agravada pelos movimentos e tosse e o paciente prefere ficar em decúbito, imóvel Comment by Andressa Pereira: Ao contrário da peritonite, os pacientes com dor em caráter de cólica devido a cálculo renal se movem muito na tentativa de encontrar uma posição confortável · Dor referida → percebida em locais mais distantes, que são inervados aproximadamente pelos mesmos níveis espinais que as estruturas acometidas. A dor referida aparece, com frequência, à medida que a dor inicial torna-se mais intensa, parecendo irradiar-se ou disseminar-se a partir do seu ponto de origem. Ela pode ser palpada superficial ou profundamente, mas em geral é localizada. A dor pode ser referida para o abdome a partir do tórax, da coluna vertebral ou da pelve, complicando ainda mais a avaliação do quadro álgico abdominal · Sistema digestório: · Dor ou desconforto agudo na parte alta do abdome 1. Determine a cronologia da dor: “Ela é aguda ou crônica?”. A dor abdominal aguda tem muitos padrões. “A dor surgiu de modo gradual ou súbito? Quando começou? Quanto tempo dura? Qual é o seu padrão em 24h? em semanas ou meses?” 2. Solicite ao paciente que descreva a dor com suas próprias palavras. Investigue detalhes importantes: “Onde a dor começa?” “Ela se irradia ou se espalha para outro lugar?” “Como é a dor?” Se o paciente tiver dificuldade em descrever a dor, tente um sistema de múltipla escolha, do tipo: “Ela é vaga e imprecisa, em queimação, em corrosão, ou de que tipo…?” 3. Solicite ao paciente que aponte o lugar da dor. Os pacientes nem sempre conseguem descrever com clareza a localização da dor. O quadrante onde a dor está localizada ajuda a identificar os órgãos subjacentes que podem estar comprometidos 4. Solicite ao paciente que avalie a intensidade da dor, de 1 a 10. Vale mencionar que a intensidade nem sempre ajuda a identificar a causa e a sensibilidade individual à dor abdominal varia muito 5. Explore os fatores de melhora e piora da dor. deve-se dar atenção especial à posição do corpo, à associação com as refeições, ao consumo de bebidas alcoólicas, ao uso de medicamentos (incluindo ácido acetilsalicílico e AINEs, além de fármacos de venda livre), estresse e uso de antiácidos. Deve-se perguntar se a indigestão ou o desconforto está relacionado com esforço físico e melhora com repouso Comment by Andressa Pereira: Observe que a angina consequente a doença da artéria coronária (DAC) na parede inferior do coração pode se apresentar como “indigestão”, mas é precipitada por esforço físico e aliviada com o repouso · Dor ou desconforto crônico na parte alta do abdome - Dispepsia (indigestão) é definida como desconforto crônico ou recorrente, ou dor centralizada na parte superior do abdome, caracterizada por saciedade precoce e dor ou sensação de queimação epigástrica · OBS: distensão abdominal, náuseas ou eructação podem ocorrer de forma isolada, mas também acompanham outras patologias. Se essas condições ocorrerem isoladamente, não atendem aos critérios de dispepsia - Muitos pacientes que apresentam dor ou desconforto crônico na parte alta do abdome queixam-se de pirose, disfagia ou regurgitação. Se os pacientes relatarem a associação de pirose e regurgitação mais de 1 vez/semana, a acurácia do diagnóstico de DRGE é superior a 90% · Dor aguda na parte baixa do abdome - Os pacientes podem se queixar de dor aguda localizada no QID. Primeiro deve-se verificar se é intensa e contínua, ou intermitente e em caráter de cólica, fazendo com que eles se curvem para a frente - Quando os pacientes relatam dor aguda no QIE, ou dor abdominal difusa, é preciso questionar se há sinais ou sintomas associados, como febre e perda de apetite - Dor abdominal difusa com distensão abdominal, borborigmo hiperativo agudo e dor à palpação levanta a suspeita de obstrução do intestino delgado ou grosso, enquanto dor associada a desaparecimento dos sons intestinais, rigidez, dor à percussão e defesa é sugestiva de peritonite · Dor crônica na parte baixa do abdome - Se houver dor crônica nos quadrantes do abdome inferior, pergunte sobre alteração nos hábitos intestinais e diarreia e constipação intestinal alternadas - Dor intermitente durante 12semanas dos 12meses anteriores, com alívio após defecação, alteração na frequência de defecação ou alterações do formato das fezes (pastosas, aquosas, em bolinhas), associada a irritantes da mucosa e luminais que modificam a motilidade, a secreção e a sensibilidade à dor sugerem síndrome do intestino irritável · Outros sinais e sintomas GI: · Disfagia e odinofagia · Alteração da função intestinal → “com que frequência você defeca em 1 semana?” · Diarreia → eliminação de fezes pastosas ou aquosas, sem dor. “Existe muco, pus ou sangue? Tenesmo? Dor? Cólicas? Ocorre durante a noite?” · Constipação intestinal → quantas defecações durante a semana? Esforço ou sensação de defecação incompleta? Fezes em “bolinhas” ou duras? · Obstipação (obstrução) intestinal → “Há melena? Hematoquezia? Determine o volume e a frequência de eliminação de sangue nas fezes · Icterícia → pergunte também sobre a coloração das fezes (acolia fecal). “existe prurido cutâneo sem motivo aparente? Dor associada? Isso era recorrente anteriormente?” · Técnicas de exame - Pra começar, explique as técnicas do exame do abdome ao paciente e procuresempre local com boa iluminação. O paciente deve estar com a bexiga vazia. Antes de começar, pergunte se tem alguma região com dor, para ser examinada por último. Aqueça as mãos e o estetoscópio, podem estar frios. Visualize cada órgão na região que você estiver examinando. Observe atentamente a face do paciente, à procura de sinais de dor ou desconforto · Inspeção: - Observe a aparência geral do paciente – deitado tranquilamente, contorcendo-se com desconforto ou apertando um lado - Observar: · Superfícies, contornos (simetria) · Pulsações, peristaltismo · Coloração (hematomas, equimoses, eritemas, icterícia) · Cicatrizes · Circulação colateral · Umbigo (cicatriz protusa, plana ou intrusa) · Ausculta: - A ausculta fornece informações importantes sobre a motilidade intestinal. Deve-se pesquisar os sons intestinais normais e os sopros, muito semelhantes a bulhas cardíacas nas grandes artérias do abdome - Os sons intestinais são amplamente transmitidos pelo abdome, a ausculta em um único ponto, como o QID, é, em geral, suficiente. Os sons intestinais alterados são comuns na diarreia, na obstrução intestinal, no íleo paralítico e na peritonite - Um sopro com componentes sistólicos e diastólicos em uma dessas regiões é muito sugestivo de estenose da artéria renal como causa da hipertensão arterial. Um total de 4 a 20% dos indivíduos normais apresentam sopros abdominais · Percussão: - Deve-se percutir delicadamente os quatro quadrantes do abdome para determinar a distribuição do timpanismo e da macicez. O timpanismo costuma predominar, em função dos gases existentes no sistema digestório, mas também são típicas regiões esparsas de macicez, em virtude de haver líquido e fezes · Palpação: · Superficial → com uma mão, delicada, para identificação de dor à palpação, resistência muscular e alguns órgãos ou massas superficiais. Serve também para tranquilizar e relaxar o paciente. Se houver resistência, tente diferenciar a defesa voluntária da rigidez (pedir para expirar e fazer a palpação) ou espasmo muscular involuntário (sugere peritonite) · Profunda → com as duas mãos, palpando em ondas. Verificar massas, localização, forma, formato, consistência, hipersensibilidade, pulsações e mobilidade com a respiração ou com a mão examinadora · Avaliação de possível peritonite → peritonite sinaliza abdome agudo → teste positivo para tosse, defesa, rigidez, descompressão dolorosa na região de dor à palpação e dor a percussão. Mesmo antes da palpação, peça ao paciente para tossir e identificar onde a tosse gera dor. A seguir, palpa-se delicadamente o abdome, começando com um dedo e depois usando a mão para localizar a área de dor. Durante a palpação, verifique sinais peritoneais se ocorrer defesa, rigidez e descompressão dolorosa. Quando esses sinais são positivos, quase duplica a probabilidade de peritonite; a rigidez torna a peritonite quase quatro vezes mais provável. As causas incluem apendicite, colecistite e perfuração da parede intestinal. FÍGADO → maior parte fica protegida pela caixa torácica, nem sempre é palpável · Percussão → medir na LHC, começa abaixo do umbigo, indo para cima para identificar a borda inferior do fígado. Abaixo da linha do mamilo, percutir no sentido caudal, até encontrar a borda superior BAÇO · Percussão → espaço de Traube
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