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May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM QUEIXA GI HISTÓRIA CLÍNICA Componentes da história clínica: A evolução temporal dos sintomas: Sintomas de curta duração geralmente são causados por infecções agudas, exposição a toxinas ou inflamação ou isquemia súbita. Sintomas de longa duração indicam distúrbios inflamatórios crônicos ou neoplásicos, ou transtornos intestinais funcionais. Os padrões e a duração dos sintomas podem sugerir a etiologia subjacente: A dor da úlcera ocorre a intervalos intermitentes de semanas ou meses, enquanto a cólica biliar tem início súbito e persiste por várias horas. A dor da inflamação aguda (p. ex., pancreatite aguda) é grave e persiste por dias ou semanas. O início dos sintomas depois de uma viagem deve levar a uma investigação detalhada para infecções entéricas. Fatores associados: Os sinais e os sintomas causados por obstrução mecânica, isquemia, doença intestinal inflamatória e distúrbios intestinais inflamatórios são agravados pela ingestão alimentar. Por outro lado, os sintomas das úlceras podem ser atenuados pela ingestão de alimentos ou antiácidos. A ingestão alimentar provoca diarreia em alguns pacientes com doença intestinal inflamatória e síndrome do colo irritável e a evacuação atenua o desconforto desses pacientes. Os distúrbios intestinais funcionais são agravados pelo estresse. Em geral, a diarreia causada pela má absorção melhora com o jejum, enquanto a diarreia secretória persiste mesmo quando não há ingestão oral. Alguns fármacos podem causar dor, alterações dos hábitos intestinais ou sangramento GI. Aspectos individuais e epidemiologicos: A doença celíaca é prevalente entre os descendentes do norte da Europa, enquanto a doença intestinal inflamatória é mais comum em algumas populações judias. A história sexual pode sugerir a possibilidade de doenças sexualmente transmissíveis ou imunodeficiência. SEMIOLOGIA DO TRATO GASTROINTESTINAL May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) ANAMNESE A anamnese desse sistema deve ser direcionada às queixas e peculiaridades de cada segmento. CAVIDADE ORAL Aspectos da anamnese que são relevantes na semiologia da cavidade oral: ➢ Identificação: idade, sexo ➢ Interrogatório Sintomatológico: Dor e suas características, halitose, lesões e alteração na salivação. ➢ Antecedentes Médicos: alterações do desenvolvimento. ➢ Hábitos de Vida: alimentação e higiene bucal Principais queixas 1. Dor Cáries dentárias: dor aguda, localizada, de curta duração e que desaparece quando retira o estímulo. Pulpite: um processo inflamatório decorrente da perda do esmalte dentário, que acaba causando estímulos dolorosos no nervo. A dor é aguda, a princípio localizada, mas se irradia com o evoluir do processo, sem cessar com o uso de analgésicos. Abcesso: é um processo inflamatório que ocorre a presença de pus. Dor aguda, pulsátil, contínua, localizada na fase inicial, tornando-se reflexa a distância 2. Halitose Pode estar relacionado a causas orais, respiratórias, digestivas, mucosas e até metabólicas. Além de higiene bucal ineficiente (fermentação e putrefação de substâncias orgânicas), doenças gengivais, perdontais, úlceras. 3. Sialorréia/ Ptialismo Excesso de salivação. Pode estar relacionado a diversos fatores, como diminuição do controle muscular da boca, paralisia cerebral, parckson, prótese, medicamentos. 4. Xerostomia - Hipossialia – Hipossalivação Uso de alguns medicamentos (antihipertensivo, anti alégicos), fatores de desidratação bucal (respiração bucal, fala). May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) ESÔFAGO Principais queixas: 1. Disfagia Consiste na dificuldade de deglutir. Disfagia bucofaríngea: ocorre nas duas primeiras fases da deglutição, podendo ser alta ou de transferência. O alimento permanece no todo ou em parte na cavidade bucal após a tentativa de deglutição. Causas: mecânicas, miopatias, psicogênicas, distúrbio funcional e doenças do SNC. Disfagia esofágica: ocorre na terceira fase da deglutição, classificada como baixa ou de transporte. O paciente tem a sensação de parada do bolo alimentar no esôfago, embora não possa localizar precisamente o nível da obstrução. Causas: mecânicas ou motoras. 2. Odinofagia Dor ao deglutir. Causas: ulcerações na mucosa ou a contrações musculares de maior intensidade no esôfago distal. O caráter da dor é variável, sendo referida como dor urgente (pirose mais intensa), em punhalada, constritiva ou espasmódica. 3. Pirose Queimação (azia) de piora gradativa que pode vir acompanhada de regurgitação de um líquido amargo. Na maioria das vezes, é de localização retroestemal, sendo percebida no nível do apêndice xifoide, podendo propagar-se para a região epigástrica, para ambos os lados do tórax ou, mais comumente, em direção ascendente, até o nível do manúbrio esternal. Causa: insuficiência do mecanismo impediente do refluxo, cujas causas mais comuns são o relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago, a hérnia hiatal e a hipotonia do esfíncter inferior do esôfago. 4. Regurgitação É a volta do alimento ou de secreções contidas no esôfago ou estômago à cavidade bucal, sem náuseas e sem a participação dos músculos abdominais. Causas: mecânicas (como neoplasias, estenoses, obstrução do lúmen) ou motoras (megaesôfago, acalasia idiopática). o No megaesôfago existem dois tipos de regurgitação: -ativa/dinâmica/ortostática que é caracterizada por surgir imediatamente após as refeições e a passiva/decúbito: paciente deitado, geralmente á noite. 5. Eructações Deglutição de uma grande quantidade de ar (aerofagia) May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) 6. Soluços pode ser decorrente de diversos fatores (como disfunções no SNC, irritação do nervo frênico…), mas as causas esofágicas são o megaesôfago e a hernia hiatal. 7. Sialorreia ou ptialismo Produção excessiva de saliva decorrente de receptores na parede esofágica muito relacionada à disfagia orofaríngea. Observada nas esofagopatias obstrutivas de modo geral e, em particular, no megaesôfago chagásico. 8. Hematêmese vômito com sangue. Hemorragia digestiva alta (boca até ângulo de Treitz-trasição duodenojejunal-). Principal causa: ruptura das varizes esofágicas. 9. Dor A dor espontânea pode ser causada por mudanças do pH intraluminal, atividade motora anormal ou processos inflamatórios ou neoplásicos da parede esofágica. Varia com a doença de base, deve ser definido o evento temporal, o local exato, causas de melhora ou piora, a intensidade, o tipo (queimação, corrosão…). Pode ser confundida com insuficiência coronariana, pois ambas podem irradiar para o pescoço, braços, ombros e o diagnóstico vai se diferenciar a partir da posição do paciente ou com uso de medicamentos (ex. antiácidos vão diminuir a dor esofágica e não a coronariana). ESTÔMAGO Principais sintomas e suas principais causas. 1. Dor Visceral, difusa ou queimação. Visceral: pura do estômago e do bulbo duodenal, provocada experimentalmente, é percebida na linha epigástrica mediana, comum em: úlcera peptica, gastrite aguda, cancer gástrico e doenças inflamatórias. 2. Náuseas e Vômitos Analisar a cor, o odor, o volume, a quantidade, além da presença de sangue (hematêmese, que denota lesões a montante do ângulo de Treitz), bile (quantidades elevadas sugerem obstrução intestinal alta) ou alimentos (grande quantidade de alimentos ingeridos várias horas antes, há forte indicação de estase gástrica). As causas gástricas mais comuns são: úlcera péptica, varizes esofágicas, lacerações da transição esofagogástrica pelo esforço do vômito (síndrome de Mallory-Weiss), gastrite aguda e carcinoma do estômago. 3. Dispepsia Desconforto ou dor na parte alta do abdomen (região epigástrica), pode ou não estar associada a patologias. 4. Pirose May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) dor ou queimação na parte retrosternal (causa mais comum é refluxo gastroesofágico). Já foi descrita anteriormente. 5. Hemorragia (Hematêmese Ou Melena) Melena: fezes negras (borra de café), caracterísitica de hemorragia digestiva alta Hematequezia: fezes avermelhadas, característica de hemorragia digestiva baixa. INTESTINO DELGADO Principais sinais e sintomas 1. Diarreia Aumento da evacuação em 24h. Pode ser causada por 4 razões: Síndrome da má absorção: substâncias reabsorvidas com dificuldade causam acúmulo de liquido nas fezes. Aumento da secreção de água e eletrólitos (diarreia secretora): enterotoxinas bacterianas, cólera, medicamentos Aumento da permeabilidade da mucosa intestinal (diarreia exudativa): causada por algumas alterações inflamatórias, neoplásicas ou isquêmicas. Alteração na motilidade do intestino delgado (diarreia motora – persiste ao jejum) 2. Esteatorreia gordura excretada nas fezes por má absorção lipídica. A gordura é fonte de caloria, por isso a esteatorréia pode causar fadiga, fraqueza, perda de peso, hipertrofia compensatória. Visivelmente, as fezes flutuam na água. 3. Dor Modo da dor, início, associações de melhora ou piora. Pode ser decorrente de distensão na parede intestinal, aumento da tensão da musculatura intestinal, alterações vasculares (congestão e isquemia). Deve-se diferenciar a dor intestinal da dor peritoneal: o Na intestinal, o paciente movimenta-se e busca posição confortável, faz a compressão abdominal com as mãos. o Já em casos de dor peritoneal, o paciente fica imóvel (movimentação ou compressão causam piora da dor). Cólica intestinal: dor de início súbito, com agravamento rápido e progressivo da intensidade. May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) FÍGADO E VIAS BILIARES 1. Dor abdominal Localizada no quadrante superior direito, apresenta diferentes características, conforme a afecção que a provoca. Cólica biliar: de início súbito, de grande intensidade, localizado no hipocôndrio direito e com várias horas de duração. Paciente fica inquieto, nausedo e pode apresentar vômitos. O aparecimento de icterícia após episódio de cólica sugere passagem do cálculo para o colédoco. Colecistite aguda: dor continua, no hipocôndrio direito, podendo irradiar para escápula ou ombro direito, via nervo frênico. A compressão da região provoca dor (reflexo de Murphy). 2. Icterícia Consiste em uma coloração amarelada da pele e das mucosas devido a uma impregnação do tecido por pigmentos biliares. Tempo de duração, intensidade, evolução da icterícia (súbita ou gradativa), flutuação do quadro. 3. Ascite Acúmulo de líquido ceroso no peritônio. A ascite é denominada "barriga d'águà: termo muito popular nas zonas endêmicas de esquistossomose 4. Perda de peso 5. Sinais de insuficiência hepática Os primeiros sinais consistem em: Alterações na cor da pele, dor abdominal, fadiga crônica, coceira na pele, indigestão, miccão frequente, fezes claras. Icterícia,hematomas e sangramento maior, confusão mental ou desorientação, irregularidades açúcar no sangue. Outros sintomas que podem ser experimentados no último estágio da doença hepática crônica é a depressão, tremores musculares e até convulsões. PÂNCREAS Principais sinais e sintomas: 1. Dor É o sintoma mais frequente, sobretudo na pancreatite (aguda ou crônica), podendo irradiar para o dorso. Costuma ser contínua e durar horas. Apresenta-se em epigástrico e hipocôndrio esquerdo. Piora com alimentação e consumo de bebidas alcoólicas e pode diminuir quando o paciente se inclina para frente. 2. Vômitos São de difícil controle, podendo causar graves desequilíbrios hidroeletrolíticos. 3. Icterícia Pode ser intensa ou não. É um sinal comum nas doenças pancreáticas, caracteriza pela bilirrubina direta, indicando colestase extra-hepática (obstrução dos ductos). Em casos de icterícia intensa, geralmente o ducto obstruído é o colédoco. May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) 4. Diarréia Fezes oleosas, pastosas, brilhantes, de odor rançoso, coloração pálida. 5. Perda de peso Pode ocorrer na pancreatite crônica, devido a insuficiência endócrina e exócrina. Na aguda, o emagrecimento é devido ao jejum prolongado. 6. Anorexia Associada à neoplasias pancreáticas. 7. Astenia Associada a anorexia e emagrecimento e é indicativo de neoplasia. 8. Má-absorção Representado por esteatorréia (defeito na lipase) e creatorréia (perda de proteínas nas fezes). 9. Diabetes Pode variar desde uma branda, com intolerância glicídica, até uma grave. Pode surgir desde o início, mas é mais comum após determinado período de tempo (DM tipo 2) 10. Hemorragias Geralmente na pancreatite aguda e na agudização da crônica, ocorre devido a ruptura de vasos sanguíneos pelas enzimas pancreáticas. O sangue pode exteriorizar-se sob forma de hemorragia digestiva. As doenças pancreáticas podem estar relacionadas a outras patologias, como: afecções biliares, traumas, afecções respiratórias crônicas, hiperparatireoidismo, úlcera péptica, desnutruição, medicamentos, antecedentes familiares. May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) EXAME FÍSICO O exame físico complementa as informações obtidas pela história clínica. Os sinais vitais anormais fornecem indícios diagnósticos e determinam a necessidade de realizar uma intervenção imediata. Febre sugere inflamação ou neoplasia. O exame físico (EF) do abdome se inicia com o paciente em decúbito dorsal, relaxado e com os braços estendidos ao longo do corpo. O examinador deve estar posicionado à sua Direita. O abdome possui uma divisão topográfica em 9 regiões: AUSCULTA Deve ocorrer antes da palpação e percussão para não modificar a frequência dos ruídos hidroaéreos Deve-se auscultar com o estetoscópio os ruídos intestinais nas diferentes regiões topográficas do abdome, ou ao menos os quatro quadrantes, para avaliar o PERISTALTISMO. O esperado é que se ouça RUÍDOS HIDROAÉREOS no abdome. o Em pessoas com diarreia, os ruídos ficam muito mais intensos o No íleo paralítico como, ocorre o silêncio abdominal, onde os ruídos desaparecem. A ausculta também permite detectar: Sopros sistólicos em caso de: o Aneurisma o Fístula arteriovenosa o Compressões arteriais May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) INSPEÇÃO É possível observar a forma e o volume do abdome, bem como o peristaltismo quando visível. Deve ser avaliado: PERCUSSÃO A percussão busca avaliar o conteúdo abdominal, que vai ser dada uma ideia de acordo ao som produzido: As vísceras maciças como o fígado e o baço produzem som maciço As vísceras que possuem ar dentro produzem som timpânico. Podendo encontrar achados patológicos da presença de líquido, como a ascite, ou a presença de massas, inclusive tumorais. Inspeção Forma Plano Globoso Obesidade Ascite Escavado Desnutrição Simetria Simétrico Assimétrico Esplenomegalia Megacólon Síndromes obstrutivas Cicatriz umbilical Retrusa Protrusa Hérnia Movimentos peristálticos Visíveis Obstrução Não visíveis Caquexia Ciculação colateral Presente obstrução May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) TÉCNICA: A mão do examinador fica espalmada delicadamente sobre a parede abdominal, mantendo os dedos afastados um do outro. Faz-se a percussão com o dedo médio ou o indicador da mão direita sobre os dedos da mão esquerda, exceto o polegar. PERCUSSÃO DE FÍGADO: Para determinar os limites superior e inferior do fígado, e poder identificar suaborda inferior para palpação, é preciso proceder com sua percussão. O limite superior é determinado pela percussão ao longo da linha hemiclavicular no nível do 5 espaço intercostal do lado esquerdo, identificado pelo som submaciço. Não existe percussão de borda superior. A da borda inferior, é feita suavemente de baixo para cima, na projeção das linhas hemiclavicular, e medioesternal, em direção à arcada costocondral. Os pontos de macicez é o limite inferior do fígado e é o local de referência para a sua palpação. PERCUSSÃO ESPLÊNICA, é válido que o profissional percuta o Espaço de Traube, sendo ele uma zona de percussão de timbre timpânico de formato semilunar, limitada à direita pelo lobo esquerdo do fígado, acima pelo diafragma e pulmão esquerdos e à esquerda pela linha axilar anterior esquerda. De modo geral, esse espaço tem largura de 12cm e altura de 9cm, projetando-se sobre da 6ª à 9-10ª costelas. A expressão “Traube Livre”, muito usada no cotidiano dos hospitais e acadêmicos, significa dizer que a percussão do espaço apresenta o timbre timpânico e que a loja de Traube encontra-se “livre” de ocupação, conforme normal. Sinal De Torres- Homem: percussão digito-digital imensamente dolorosa, localizada e circunscrita. Caracteriza o abcesso hepático May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) PALPAÇÃO A palpação do abdome deve ser feita com o paciente também em decúbito dorsal. Só deve- se adotar a flexão das coxas quando paciente tiver dor e contração muscular. Ela se divide em SUPERFICIAL e PROFUNDA, e pode ser feita só com uma das mãos, ou com as duas. A mão espalmada será colocada sobre a parede anterior do abdome, com dedos em ligeira flexão os quais se movimentam à medida que se aprofunda a palpação. O paciente deve respirar calmamente e na sua fase expiratória ele diminui a tensão abdominal e o examinador deve prosseguir com a palpação profunda. A palpação superficial é feita primeiro e vai buscar hipersensibilidade em alguma área, a temperatura, espessura, continuidade da parede abdominal, eventualmente vísceras mais superficiais, a própria estrutura da pele e avaliar a tensão da parede abdominal, em condições normais ela é maior no centro do que nos flancos. A palpação superficial do abdome permite a constatação de hipotrofia da parede nos casos de desnutrição ou o aumento da tensão nas distensões hidroaéreas das alças intestinais e nas ascites de grande volume. Pode, ainda, revelar hipertonia associada a inflamações peritoneais localizadas ou generalizadas. A palpação profunda, vem depois. Com as pontas dos dedos, devem produzir entre dois e três abalos em cada local e percorrer todas as regiões do abdome de forma ordenada. Onde deve-se palpar órgãos da cavidade abdominal, massas, a borda inferior do fígado, etc. AH!! Alterações patológicas permitem a palpação de estruturas não palpáveis, como a esplenomegalia que permite a palpação de baço. PALPAÇÃO DE FÍGADO: baseia-se em algumas manobras, sendo elas: (1)Palpação Hepática Bimanual - Esta palpação, por sua vez, é muito semelhante à palpação profunda. Quando o paciente inspirar, o profissional realizará uma pressão para baixo no sentido cranial, de modo a permitir que a borda do fígado deslize sobre a ponta dos dedos. De forma mais específica, o médico irá, com as duas mãos, realizar um movimento em parábola embaixo do rebordo costal direito. (2) Lemos-Torres – O profissional realizará o mesmo movimento da palpação hepática bimanual, porém, ao invés das duas mãos realizarem o movimento em parábola juntas, uma ficará na lombar do paciente. May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) (3) Mathié/Manobra em Garra/Método do Gancho – Para executá-la, o examinador coloca-se à altura do ombro direito do paciente deitado, podendo o médico ficar em pé ou sentado no leito. Onde as outras manobras identificaram a borda, colocam-se os dedos mínimo, anular e médio de ambas as mãos, no mesmo alinhamento, de tal maneira que as extremidades dos dedos médios se toquem. Isso permite formar uma enorme superfície contínua para a palpação. Solicitando que o paciente inspire profunda e lentamente outra vez, as pontas dos dedos trazem para cima a borda hepática, que pode ser então avaliada. PALPAÇÃO DO BAÇO procede-se da mesma maneira que na palpação do fígado, a região examinada é o quadrante superior esquerdo. Se não for possível palpar o baço por meio das manobras descritas, utiliza-se um outro recurso, que consiste em examinar este órgão com o paciente na posição de Schuster. Em decúbito lateral direito, o paciente deve estar com a perna direita estendida e a coxa esquerda fletida sobre o abdome em um ângulo de 90º; ademais, o ombro esquerdo é elevado, colocando-se o braço correspondente sobre a cabeça. De início, o examinador posta- se diante do paciente, pousando com alguma pressão sua mão esquerda sobre a área de projeção do baço como se quisesse desloca-lo para baixo. Enquanto isso, a mão direita executa a palpação, coordenando-a com os movimentos respiratórios do paciente, de tal modo que, durante a inspiração, o examinador avança sua mão no rumo do rebordo costal. May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) MANOBRAS Teste da Macicez móvel: Com o paciente em decúbito dorsal, percute-se o centro do abdome, no qual se obtém som timpânico, e nos flancos, no qual se percebe som maciço. Ao colocar o paciente em decúbito lateral, direito e esquerdo, o examinador irá notar o deslocamento ou mobilidade da massa líquida, de tal maneira que, na parede abdominal superior, a percussão é timpânica, enquanto na parede inferior, quase em contato com o leito, é maciça. Teste da Onda Líquida (Piparote) – Com o paciente deitado, solicita-se a ele ou a um auxiliar que coloque a margem cubital da mão sobre o abdome, exercendo uma pequena pressão. O examinador coloca sua mão esquerda, espalmada, sobre a parede lateral direita do abdome. Com a mão direita, o examinador dá um piparote (peteleco), com o dedo médio, na parede lateral esquerda. As ondas líquidas transmitem-se para o lado oposto, sendo percebidas pela mão esquerda. SINAIS Sinal de Murphy O examinador fará a pesquisa do sinal no ponto cístico, que é o local onde se encontra a vesícula biliar (rebordo costal direito). Com o paciente em decúbito dorsal, o examinador pede a ele que realize uma inspiração voluntária e profunda. Na expiração subsequente, o examinador faz uma digitopressão no ponto cístico e, solicita que o paciente continue o movimento respiratório e inspire profundamente. Se o sinal for positivo, o paciente sentirá dor ou desconforto no momento da inspiração e interromperá o progresso da inspiração, sendo então indicativo de colecistite. Sinal De Blumberg - A palpação superficial bimanual pode detectar regiões de maior resistência (defesa abdominal), o que contribui para a identificação do local mais comprometido. O encontro concomitante de hiperestesia cutânea e de dor à descompressão brusca (Sinal de Blumberg) compõe o quadro da irritação peritoneal. May Freitas (Dor abdominal, diarréia, vômito e Icterícia) Sinal de Rovsing é um sinal médico de apendicite. Se a palpação do quadrante inferior esquerdo do abdômen do paciente resultar em dor no quadrante inferior direito, diz-se que o paciente é positivo para o sinal de Rovsing. • Ponto de McBurney, também chamado de ponto apendicular, é definido através do delineamento de uma linha que liga a cicatriz umbilical com a espinha ilíaca ântero-superior. Divide- se esta linha em 3 partes, sendo o ponto referido o local que corresponde ao encontro do terço médio com o terço distal da linha. • Com o paciente em decúbito dorsal, érealizada uma compressão no ponto de McBurney, seguida de uma descompressão súbita, que será referida pelo paciente como dor ou piora da dor quando o sinal estiver presente. Esse sinal da “descompressão dolorosa” está relacionado a apendicite. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES A hipotensão ortostática ocorre quando há perda significativa de sangue, desidratação, sepse ou neuropatia autônoma. Anormalidades cutâneas, oculares ou articulares podem apontar para diagnósticos específicos icterícia. A doença cardiopulmonar pode manifestar-se com dor abdominal ou náuseas; deste modo, os exames dos pulmões e do coração são importantes. O exame pélvico avalia se a dor abdominal tem etiologia ginecológica. O toque retal pode detectar sangue e sugerir lesão da mucosa ou neoplasia intestinal, ou demonstrar uma massa inflamatória palpável na apendicite. A inspeção do abdome pode detectar distensão secundária à obstrução, tumor ou ascite, ou a presença de anormalidades vasculares quando há doença hepática. A pancreatite grave causa equimoses. A ausculta pode detectar sopros ou atritos da doença vascular ou dos tumores hepáticos. O desaparecimento dos ruídos peristálticos indica íleo paralítico, enquanto os sons hiperativos agudos caracterizam obstrução intestinal. A percussão permite determinar o tamanho do fígado e pode detectar macicez móvel produzida por ascite. A palpação avalia hepatosplenomegalia assim como massas neoplásicas ou inflamatórias. O exame abdominal é útil para avaliar dor inexplicável: o A isquemia intestinal causa dor intensa, mas pouca hipersensibilidade. o Os indivíduos com dor parietal ou peritonite relatam dor bem delimitada, a maioria das vezes com defesa muscular involuntária, rigidez ou rebote. o Os pacientes com dor musculoesquelética na parede abdominal podem referir hipersensibilidade exacerbada pelas manobras de Valsalva ou de elevação da perna estendida.
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