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TRABALHO DE DIREITOS REAIS_FINAL

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TRABALHO DE DIREITOS REAIS 
PROFESSORA: THAIS MARCONDES 
 
ALUNOS: 
JAQUELINE RIBEIRO BORGES – RA 01540005282 
MARIA APARECIDA ALVES DOS SANTOS - RA 01540009088 
EDUARDO DE BORBA TRINTINAGLIA – RA 01540005427 
 
 
Questão 01 – É possível a autotutela da posse? De que formas? Explique e 
Justifique. 
Resposta: 
Sim – é possível a autotutela do instituto jurídico denominado “posse” conceituado 
de forma sucinta por exercício de um dos atributos da propriedade, ou ainda, 
domínio fático do possuidor sobre a coisa. O código civil pátrio permite, em 
excepcionalidade, a defesa extrajudicial da posse chamada de autotutela da posse 
e devidamente autorizada nos dispositivos do parágrafo primeiro do artigo 1.210 
do Código Civil (de modo específico) e de forma mais geral no inciso primeiro do 
artigo 188 do CC. Em regra geral, a autotutela, que é a defesa de um direito pelas 
próprias forças ou, ainda, a solução dos conflitos sociais diretamente entre as 
partes sem a intermediação do Estado-Juiz por meio do poder judiciário (o fazer 
justiça pelas próprias mãos), não é permitido no nosso ordenamento jurídico. A 
regra é a defesa do direito violado ou ameaçado por meio da função judiciária do 
Estado, entretanto, ciente que o amparo judicial nem sempre é rápido e em casos 
especiais, o legislador excepcionalmente permitiu o exercício da autotutela, ou seja, 
para que esta aconteça é necessária previsão na lei e cumprimento dos requisitos 
legais. Assim, os termos da autotutela da posse autorizada no nosso código civil 
pelos artigos 188, I e art. 1.210, § 1º estão transcritos abaixo: 
Art. 188 - Não constituem atos ilícitos: I – os praticados em legítima 
defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido. 
Art. 1.210. (…) § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou 
restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, 
ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou 
restituição da posse 
A partir da análise dos artigos acima, verificamos os termos da autorização legal 
para a prática direta por autotutela de um dos mais importantes efeitos 
(consequências jurídicas previstas por lei) da posse que é a proteção possessória - 
a possibilidade legal dos meios de defesa da posse da coisa (jus possessions). A 
proteção possessória, além de amparada pela possibilidade de defesa da posse 
pelos meios judiciais mais tradicionais por meio dos chamados interditos 
possessórios que são ações possessórias como ação de manutenção de posse; ação 
de reintegração de posse; e interdito proibitório; também possui o amparo legal 
para que o possuidor possa defender a sua posse de forma direta contra terceiros 
que a coloquem em risco ou a perturbem por autotutela conforme já destacamos 
na forma do artigo 1.210 § 1º do Código Civil que identifica dois tipos distintos de 
proteção possessória por autotutela: 
a) Legítima defesa ou defesa direta - o possuidor age por meios próprios, ele pode 
se utilizar de sua própria força, ou até mesmo o auxílio de terceiros para repelir a 
perturbação (turbação) no exercício e manutenção da sua posse; A turbação é 
qualquer ato que atrapalhe a posse e criando obstáculos ao exercício desta posse. 
Na turbação o possuidor mantém a posse, mas há um obstáculo no exercício da 
forma plena desta posse. 
 b) o desforço direto, ou imediato - o possuidor busca a reintegração de sua posse 
totalmente perdida contra sua vontade por atos originados de violência, 
clandestinidade e precariedade (esbulho possessório). Neste caso, o possuidor 
reage e consegue retomar a coisa imediatamente. 
Entretanto, a lei também dispôs limites para o uso da autotutela na defesa da posse. 
O primeiro limite é o temporal – onde o parágrafo primeiro do artigo 1.210 do CC 
determina: “contanto que o faça logo”, ou seja, a reação de defesa direta da posse 
deve ser realizada de modo imediato – a lei não permite lapsos temporais entre a 
agressão ao direito de posse e a reação por autotutela do possuidor. O segundo 
limite está definido na parte final do mesmo dispositivo legal: “os atos de defesa, 
ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção ou restituição 
da posse”, ou seja, não podem existir excessos na defesa direta - a reação do 
possuidor deve ser proporcional à agressão sofrida e somente na medida 
indispensável para a manutenção/restituição da posse. 
Resumidamente, nos termos dos artigos 188, I e art. 1.210, § 1º, verificamos que 
o nosso Código Civil possibilita a defesa da posse por autotutela com o uso da 
própria força, a chamada legítima defesa da posse, nos casos de turbação quando 
a posse é ameaçada, ou o desforço direto (ou imediato) nos casos de esbulho 
possessório quando a posse é perdida – assim o legislador permitiu ao possuidor 
defender sua posse extrajudicialmente e por suas próprias forças reagindo às 
agressões injustas ao seu direito mas limita esta possibilidade para que a mesma 
seja de forma imediata (desde que o faça logo) e que os atos de defesa não sejam 
desproporcionais e que sejam observados os princípios fundamentais da dignidade 
humana, da função social da posse e da propriedade e dentro dos limites da 
legalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade. 
 
Questão 02 – Os parágrafos 4º e 5º, do artigo 1228 do Código Civil, expressam: “§ 
4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado 
consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco 
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em 
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse 
social e econômico relevante. § 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a 
justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como 
título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.” Qual o instituto está 
presente na disposição legal descrita acima? Explique. 
Resposta: 
Sabemos que o direito de propriedade, apesar de ser uma garantia constitucional, 
não é um direito absoluto. A partir da Constituição de 1988, a função social da 
propriedade redefiniu o direito de propriedade a partir do cumprimento de sua 
finalidade social. O Estado pode em virtude de necessidade , utilidade pública ou 
interesse social desapropriar a coisa do seu legítimo dono mediante prévia e justa 
indenização bem como pode requisitar a propriedade, em caso de perigo público 
https://jus.com.br/tudo/propriedade
iminente. Além da desapropriação e requisição, temos ainda a aquisição da pro-
priedade por meio de usucapião – a transferência da propriedade do legítimo 
dono/possuidor a um terceiro dentro de certos requisitos legais. 
Dentro deste contexto, os parágrafos 4º e 5º, do artigo 1228 do Código Civil 
configuram uma inovação do atual código civilista de 2002 e trouxeram uma 
celeuma doutrinária acerca da natureza do instituto que tratam os dispositivos – 
embora grande parte da doutrina mais significativa estabeleça se tratar do Instituto 
da Desapropriação Judicial já que os comandos legais referentes ao artigo 1.228, 
§§ 4º e 5º do Código Civil de 2002 fazem menção às razões de ordem/interesse 
social e ainda estabelecem justa indenização em favor do proprietário da coisa 
reivindicada - previsões legais que são pontos em comum exigidos de forma 
assemelhada nas desapropriações do poder executivo, alguns doutrinadores ainda 
consideram o novo instituto como uma espécie de usucapião coletivo – 
consideração que não parece apropriada pela previsibilidade da justa indenização 
prevista no parágrafo quinto do artigo em análise. A denominação desapropriação 
judicial se dá pelo fato da necessidade de demanda judicial perante um juiz 
competente que analisará o feito e decidirá por meio de sentença judicial e não por 
ato administrativocomo as desapropriações ocorridas pelo poder executivo. 
Vamos à análise dos dispositivos transcritos abaixo: 
Art. 1228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o 
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado 
consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa fé, por mais de cinco 
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em 
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse 
social e econômico relevante. 
§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao 
proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel 
em nome dos possuidores. 
Assim, o legislador criou outra modalidade de perda da propriedade nos termos 
do artigo 1228, § 4º e 5º - onde o dono perderá a propriedade em casos de imóveis 
com área extensa, posse ininterrupta e de boa fé pelo prazo superior a 5 anos e de 
considerável número de pessoas que, em conjunto ou separadamente, tenham 
https://jus.com.br/tudo/posse
realizado obras consideradas de interesse social/econômico de relevância pelo juízo 
competente já que o legislador deixou a análise subjetiva da questão a cargo do 
judiciário. Há ainda a previsão de justa indenização para o proprietário 
determinada pelo Juiz. Todos os requisitos estabelecidos devem ser atendidos para 
que o juiz possa decidir pela desapropriação no caso concreto. 
 
Questão 03 – Camila, Marcela e Nayara são proprietárias de um imóvel residencial 
indivisível no bairro Batel em Curitiba, avaliado em três milhões de reais. Camila 
quer vender o imóvel e desfazer o condomínio. Marcos tem interesse em comprar e 
ofereceu três milhões pelo imóvel as proprietárias do bem. No entanto, Marcela e 
Nayara individualmente têm também interesse na compra da parte de Camila. Qual 
a regra prevista na legislação para venda no caso de bem indiviso com consortes? 
Resposta: 
No caso de bem indivisível em condomínio como nesta situação específica – há 
expressa previsão legal consolidada no artigo 504 do Código Civil de 2002 que deve 
ser observada e que cuida do direito de preferência, ou preempção, do condômino 
consorte transcrito a seguir: 
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estra-
nhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der 
conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida 
a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. 
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de 
maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem 
iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando 
previamente o preço. 
Assim, o condômino que quer realizar a alienação da sua parte a um estranho deve 
dar conhecimento aos demais condôminos - no nosso caso concreto: Camila deve 
fazer a devida comunicação da intenção de venda aos demais consortes em 
notificação escrita e extrajudicial onde constará as condições de realização do 
negócio como preços, prazos e condições de pagamento e deve dar preferência pelo 
mesmo preço ofertado por Marcos aos demais condôminos. Caso contrário e se a 
venda ao terceiro for concretizada, os condôminos a quem não se deu preferência, 
neste caso Marcela e Nayara, podem depositar o preço e requererem para si a parte 
vendida a estranhos no prazo decadencial de 180 dias após a data do registro 
(imóveis) ou da tradição (móveis), independentemente da data de realização do 
negócio. A preferência tem o objetivo de impedir a entrada de pessoas estranhas ao 
condomínio à revelia dos demais consortes. No caso de mais de um condômino se 
interessar pela aquisição do quinhão a ser vendido, nesta questão é o caso de 
Marcela e Nayara que se interessaram individualmente na aquisição da parte de 
Camila - deveremos aplicar o sistema de preferências estabelecida no parágrafo 
único do artigo 504: se mais de um consorte pretender a cota em negociação, 
preferirá primeiro aquele que tiver benfeitorias de maior valor e, persistindo o 
empate, aquele que possuir o quinhão maior. Se persistir o empate será vendido 
ao consorte que depositar previamente o preço. 
 
Questão 04 – Explique e diferencie posse direta da indireta, posse justa de posse 
injusta e posse nova de posse velha. 
Resposta: 
De acordo com o artigo 1.196 do código civil, é considerado possuidor todo aquele 
que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à 
propriedade, sendo estes o usar, gozar, dispor ou reaver. 
Para melhor exemplificar a classificação da posse direta ou indireta (posse civil ou 
jurídica), imagine-se um contrato de locação onde o locatário fica como possuidor 
indireto e o proprietário com a posse direta, portanto, consta no próprio documento 
o tipo de posse existente. 
A posse justa se diferencia da posse injusta ao passo em que primeira se refere a 
“coisa” que não foi adquirida mediante violência, clandestinidade ou precariedade, 
enquanto a posse injusta fora adquirida mediante tais vícios de aquisição da posse. 
Por fim, tanto a posse nova quanto a posse velha são protegidas juridicamente, 
todavia, dependendo do tio de posse a mesma poderá usufruir de aspectos 
processuais ou não, por exemplo, o pedido de reintegração de posse com 
antecipação de tutela não pode ser realizado na posse velha. 
Deste modo, a posse nova independe da utilização do bem ou do convalescimento 
do vício, pois o período de posse deve ser de um ano, após este período é 
considerada velha. 
 
Questão 05 – Maria é dona de um cachorro que, muitas vezes, é encontrado no 
terreno do seu vizinho Lucas. No terreno de Lucas há um belo jardim, pois esse 
aprecia jardinagem e mantém um jardim com diversas flores e plantas. Ocorre que 
o cachorro de Maria toda vez que invade o terreno de Lucas destrói parte do seu 
belo jardim. Lucas está cansado de passar por essa situação. No que se refere ao 
direito de vizinhança, o que Lucas poderá fazer? Explique e justifique a sua 
resposta. 
Resposta: Lucas poderá ingressar com ação de indenização por danos materiais a 
invasão do cachorro em seu jardim, se assim a comprovação dos prejuízos forem 
demonstrado, ademais o mesmo também poderá requerer, de acordo com a 
necessidade, a construção de algum tapume especial para que se impeça a 
passagem de animais de pequeno porte, as despesas necessárias para tanto 
correrão por conta de quem houver provocado a necessidade do tapume, não 
estando o confinante obrigado a contribuir. 
Neste sentido, o artigo 1.297 prevê " O proprietário tem direito a cercar, murar, 
valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger 
o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar 
rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se 
proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas 
§ 3 A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de 
pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade 
deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas. 
Ademais, o art. 1.277 assegura "sempre que houver uma interferência prejudicial 
que atinja a segurança, o sossego e a saúde, decorrente do uso anormal da 
propriedade, nasce o direito do vizinho de reclamar do outro que cesse a conduta". 
Questão 06 – Explique e diferencie os institutos do constituo possessório e o 
traditio brevi manu. 
 
Resposta: 
Constituo possessório é uma operação jurídica que altera a titularidade na posse, 
de maneira que, aquele que possuía em seu próprio nome, passa a possuir em 
nome deoutrem, exemplo no contrato de aluguel, em que o locador era o antigo 
locatário. Oposto ao traditio brevi manu, no qual aquele que possuía em nome 
alheio, passa a possuir em nome próprio, no caso do contrato de compra e venda, 
em que o locatário tende a se tornar o proprietário do bem. 
 
Questão 07 – Quais são as ações classicamente denominadas de interditos 
possessórios? Explique cada uma delas. 
Resposta: 
Os interditos possessórios são instrumentos processuais para a defesa da posse, 
sendo, ação de manutenção de posse (turbação): quando ocorre um impedimento 
ou forma de atrapalhar o exercício da posse, posse mantida de forma insatisfatória; 
ação de reintegração de posse (esbulho): comportamento da pessoa com intenção 
de retirar a coisa completamente da posse (detenção física) do possuidor, 
impedindo de forma total ou incompleta qualquer tipo ou poder que o possuidor 
teria sobre a coisa; por fim, interdito proibitório ( ameaça): ameaça eminente e 
comprovada de turbação ou esbulho, dependendo do tipo de comportamento pode 
caber outras ações. 
 
Questão 08 – Rodrigo trabalha há trinta anos como caseiro em uma fazenda de 
café no interior do Estado de Minas Gerais, sendo responsável pela administração 
do local. Rodrigo reside com a família em uma casa cedida pelo proprietário dentro 
do terreno da fazenda. Rodrigo que mora na casa há trinta anos poderá ingressar 
com ação de usucapião face a casa em que reside? Explique e justifique sua 
resposta. 
Resposta: 
Não, visto que Rodrigo possui um vínculo empregatício com os donos do imóvel, 
uma vez que os critérios para usucapião são: 
- Posse mansa e pacífica; 
- Posse de boa-fé; 
- Posse contínua e duradoura; 
- Posse com intenção de dono. 
 Portanto, como Rodrigo é empregado dos donos, apesar de ser clara a posse 
de boa-fé, mansa e pacífica e a durabilidade da mesma, mesmo que essa seja de 
tempo suficiente para ensejar a ação, a situação narrada descaracteriza a 
intenção de dono (animus domini). Não cabe, portanto, ação de usucapião. 
 
 
Questão 09 – Cite e explique as modalidades de usucapião de bens móveis e 
imóveis previstos na legislação. 
Resposta: 
Independente da modalidade de usucapião, a doutrina, jurisprudência e lei define 
que essas tem como premissa: a boa-fé referente a posse, de modo contínuo e 
ininterrupto, em forma mansa e pacífica e intenção de dono. Já sobre as 
modalidades e diferenças quanto ao objeto, tempo e sujeito, temos: 
-Usucapião de coisa móvel: A lei versa no do Art. 1260 ao 1262 do Código Civil 
sobre o tempo e os critérios que embasam o usucapião de coisa móvel, sendo eles: 
possuir coisa como sua durante três anos, de forma contínua e incontestadamente 
com boa-fé e justo título, ou durante cinco anos, independente de boa-fé e título. 
-Usucapião de coisa Imóvel: Já o usucapião em caráter de bem imóvel é mais 
complexo e mais criterioso, os requisitos começam a partir do Art. 1238 do Código 
Civil, a doutrina divide suas modalidades em: 
 -Usucapião Extraordinária: é definida pelo Art. 1238 do CC, possível num 
prazo de 15 anos de posse mansa, pacífica e ininterrupta, independente de título e 
boa-fé, declarada por sentença, ou no prazo de 10 anos se o possuidor tiver 
moradia no local e/ou produzir obras ou serviços de caráter produtivo. 
 -Usucapião Constitucional: estabelecida no Art. 1240 do CC. e 183 da 
Constituição Federal, seu requisito é moradia (apenas) mansa, contínua, pacífica e 
de boa-fé pelo prazo mínimo de cinco anos, com animus domini, não podendo o 
possuidor ter outro imóvel e a área máxima não ultrapassar 250 m². Cabível apenas 
uma vez. 
 -Usucapião Por abandono do Lar: Art. 1240 – A do CC. define que essa 
modalidade como sub categoria da anterior e traz como diferença um tempo inferior 
(de 2 anos) de moradia e o requisito de que a propriedade seja total ou dividida com 
ex-companheiro(a) que tenha abandonado o lar. 
 -Usucapião Ordinária: Art. 1242 do CC. – É a modalidade mais simples, nos 
termos desta, é necessário possuidor ter boa-fé, justo título e posse mansa e 
ininterrupta pelo prazo de dez anos, ou de cinco anos em situação de compra do 
imóvel que foi cancelada depois da tradição desde que seja local de moradia do 
possuidor ou que este tenha realizado investimentos de interesse social ou 
econômico. 
 -Usucapião Especial Urbana coletiva: essa é estabelecida pelo Art. 10 da Lei 
10.257 de 2001. A modalidade é possível em imóveis de área superior a 250m², 
cujo a destinação seja a moradia de população com baixa renda pelo prazo mínimo 
de 5 anos, desde que de maneira mansa, pacífica e contínua. 
 
Questão 10 – Joana casou-se com Marcos no ano de 2010 e teve com ele dois 
filhos, Carlos e Rafael. O casal comprou uma casa no bairro da Fazendinha em 
Curitiba, com 150 metros quadrados de área construída e lá passou a residir. O 
único bem imóvel de ambos é casa na qual residem. Marcos após uma discussão 
com Joana arrumou suas malas e foi embora. Após três anos, sem ter notícias de 
Marcos, vivendo com os filhos na casa e pagando todas as despesas do imóvel e da 
família, o que Joana poderá fazer para ter a propriedade integral da casa? Explique 
e justifique sua resposta. 
Resposta: 
Joana pode requerer em juízo a propriedade do imóvel por Usucapião em decor-
rência do abandono do lar, visto que arca sozinha com todas as despesas do imóvel, 
sua moradia é de forma mansa, contínua e pacífica, tem boa-fé na situação nar-
rada, não possui outra propriedade, além do abandono se enquadrar no prazo es-
tabelecido em lei (de dois anos) e a área não ser superior a 250 m². 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Código Civil: lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Brasília, DF Câmara dos Deputados, 
2002. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 4º vol.: Direito das Coisas. 22ª ed., ver. e 
atual. de acordo com a reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, 2007 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro. 5 v. São Paulo: Saraiva, 2009.

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