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M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – T u t o r i a – P á g i n a | 1 Cláudia, 34 anos, sempre gostou de cuidar da saúde, por isso, faz regularmente atividade física na academia. Há 3 meses, notou que algo estranho está acontecendo, pois vem apresentando indisposição e fraqueza, estando sem conseguir fazer musculação como fazia anteriormente. Diz estar muito difícil pentear os cabelos e levantar da cama de tão fraca que se sente. Refere estar muito inchada e ganhando peso, acha que aumentou 15 kg em 6 meses, mesmo mantendo exercício na academia e seguindo dieta orientada por nutricionista. O cabelo está caindo muito e o rosto está com alguns vasos proeminentes, por isso procurou acompanhamento dermatológico e aguarda consulta já agendada. AM: Nega comorbidades. Está usando uma pomada por conta própria numa “feridinha” que apareceu na mão direita há 6 meses, mas não sabe informal qual a composição. Menarca aos 14 anos, ciclos sempre foram regulares, porém DUM há 2 meses. AF: DM tipo 2 – Mãe. Obesidade – Irmã e Pai. HAS – Pai. Nega outras doenças na família. HV: Nega tabagismo. Etilismo social. Exame físico: Geral: Bom estado geral, mucosas descoradas (+/4+), fácies pletórica. Dados antropométricos: Peso: 83 kg Altura: 165 cm IMC: 30,48 kg/m2 CA: 98 cm. Sinais vitais: PR: 100 bpm, rítmico FR: 17 ipm PA: 154 x 96 mmHg Pele e fâneros: pletora facial, com telangiectasias em região malar, pelos grossos em região submentoniana. Cabeça e Pescoço: Tireoide tópica, móvel à deglutição, fibroelástica, sem nódulos. A. Respiratório: Murmúrio vesicular bem distribuído, sem ruídos adventícios. A. Cardiovascular: Bulhas rítmicas, normofonéticas, em dois tempos, sem sopros. Abdome: globoso à custa de panículo adiposo, estrias avermelhadas, ruídos hidroaéreos presentes, sem massas e visceromegalias palpáveis. Neurológico: força muscular grau 4 em todos os membros. PERGUNTAS 1) Porque a paciente apresentou ganho de peso? CHECK 2) Qual a relação da Síndrome de Cushing e o quadro clínico da paciente? CHECK 3) Qual a relação da Síndrome dos ovários policísticos e o quadro clínico da paciente? CHECK 4) Como se faz o diagnóstico de Síndrome de Cushing? CHECK 5) O que, nesse caso, seria a “feridinha” na mão direita? Qual a relação? CHECK 6) Quais exames devem ser solicitados no caso dessa paciente? CHECK 7) O que significa facies pletóricas? O que isso indica? CHECK 8) Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento de síndrome de Cushing? CHECK 9) Qual o tratamento para síndrome de Cushing? CHECK 10) A síndrome de Cushing pode vir de um distúrbio autoimune? 11) Estudar a fisiologia do o eixo hipotálamo hipófise adrenal.? CHECK FISIOLOGIA DO EIXO H IPOTALÁMO-HIPÓFISE-ADRENAL . I Antes de falarmos sobre Síndrome de Cushing, vamos falar das suprarrenais, que estão localizadas nos lobos superiores dos rins como pequenos chapéus e são divididas em duas camadas – córtex e medula – que são totalmente diferentes, do ponto de vista histológico, embriológico e fisiológico. I Porém, hoje, vamos falar sobre o córtex, que secreta três tipos de hormônios esteroides – aldosterona (às vezes denominada mineralocorticoide, devido ao seu efeito nos minerais sódio e potássio), glicocorticoides e hormônios sexuais – ainda é divido em 3 camadas: glomerular, fasciculada e reticular. o GLOMERULAR (CAMADA EXTERNA): Aldosterona. o FASCICULADA (CAMADA INTERMEDIÁRIA): Glicocorticoides – capacidade de aumentar as concentrações plasmáticas de glicose – sendo o cortisol o principal glicocorticoide. o RETICULAR (CAMADA MAIS INTERNA: Andrógenos – hormônios sexuais dominantes nos homens. I A síntese de todos os hormônios esteroides inicia com o colesterol, que é modificado por diversas enzimas para formar aldosterona, glicocorticoides ou hormônios sexuais (androgênios ou ainda estrogênios ou progesterona, os hormônios sexuais dominantes nas mulheres). I A grande semelhança estrutural entre os hormônios esteroides faz os sítios de Síndrome de Cushing - Caso 08 M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – T u t o r i a – P á g i n a | 2 ligação nos seus receptores também serem similares, levando a efeitos cruzados quando um esteroide se liga ao receptor de uma molécula similar. Por exemplo, os receptores de mineralocorticoides (MRs) para a aldosterona são encontrados no néfron distal. Os MRs também se ligam e respondem ao cortisol, que pode ser cem vezes mais concentrado no sangue que a aldosterona. I COMO EVITAR QUE ISSO ACONTEÇA E INFLUENCIE NA EXCREÇÃO DE Na+ E DE K+? As células do túbulo renal que apresentam MRs possuem uma enzima (11-beta-hidroxiesteroide desidrogenase) que converte o cortisol em uma forma menos ativa com menor especificidade ao MR, prevenindo esse efeito cruzado. Entretanto, a atividade cruzada e as similaridades estruturais dos esteroides possibilitam que, em muitas doenças, os pacientes possam experimentar sintomas relacionados a mais de um hormônio. SECREÇÃO DE CORTISOL É CONTROLADA PELO ACTH I O controle da secreção de cortisol é conhecido como eixo hipotálamo-hipófise- suprarrenal (HPA). I O eixo HPA inicia com o hormônio liberador de corticotrofinas (CRH), que é secretado no sistema porta hipotalâmico-hipofisário e transportado até a adeno-hipófise. O CRH estimula a secreção do ACTH da adeno- hipófise. O ACTH, por sua vez, atua no córtex para promover a síntese e a liberação de cortisol. O cortisol, então, atua como um sinal de retroalimentação negativa, inibindo a secreção de ACTH e de CRH. I A secreção de cortisol é contínua e possui um forte ritmo diurno. O pico da secreção geralmente ocorre pela manhã e diminui durante a noite. A secreção de cortisol também aumenta com o estresse. I O cortisol é um hormônio esteroide típico e é sintetizado conforme a demanda. Quando ele é sintetizado, ele difunde-se das células suprarrenais para o plasma, onde grande parte desses hormônios é transportado por uma proteína – CBG –, também conhecida como transcortina. E o hormônio não ligado está livre para se difundir para dentro das células-alvo. SECREÇÃO DE CORTISOL É CONTROLADA PELO ACTH I Os glicocorticoides suprarrenais são, às vezes, chamados de hormônios do estresse devido ao seu papel como mediador do estresse a longo prazo. AQUI JÁ ENTRA NA MEDULA, NÃO VAMOS FALAR SOBRE ELA HOJE, MAS → As catecolaminas suprarrenais, particularmente a adrenalina, são responsáveis por respostas metabólicas rápidas necessárias em situações de luta ou fuga. I O cortisol é essencial à vida. Os animais cujas glândulas suprarrenais tenham sido removidas morrem se expostos a qualquer estresse ambiental significativo. O efeito metabólico mais importante do cortisol é seu efeito protetor contra a hipoglicemia. Quando os níveis sanguíneos de glicose diminuem, a resposta normal é a secreção do glucagon pancreático, que promove a gliconeogênese e a quebra de glicogênio. Na ausência de cortisol, entretanto, o glucagon é incapaz de responder adequadamente a um desafio hipoglicêmico. I Todos os efeitos metabólicos do cortisol têm o objetivo de PREVENIR A HIPOGLICEMIA. Globalmente, o cortisol é catabólico: 1. O CORTISOL PROMOVE GLICONEOGÊNESE HEPÁTICA: Uma parte da glicose produzida no fígado é liberada para o sangue, e o restante é estocado como glicogênio. Como resultado, o cortisol aumenta a concentração de glicose no sangue. 2. O CORTISOL CAUSA A DEGRADAÇÃO DE PROTEÍNAS DO MÚSCULO ESQUELÉTICO para fornecer substrato à gliconeogênese. M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – T u t o r i a – P á g i n a | 3 3. O CORTISOL AUMENTA A LIPÓLISE, disponibilizando ácidos graxos aos tecidos periféricos para a produção de energia. O glicerol pode ser usado para a gliconeogênese. 4. O CORTISOL INIBE O SISTEMA IMUNE POR MEIO DE MÚLTIPLAS VIAS: Esse efeito é discutido em mais detalhes mais adiante. 5. O CORTISOL CAUSAEQUILÍBRIO NEGATIVO DO CÁLCIO: O cortisol diminui a absorção intestinal de Ca2+ e aumenta a excreção renal de Ca2+, resultando na perda de Ca2+ pelo corpo. Além disso, o cortisol é catabólico no tecido ósseo, causando a degradação da matriz óssea calcificada. Como consequência, as pessoas que tomam cortisol para tratamento por longos períodos têm uma incidência mais alta de fratura dos ossos. MUITO INTERESSANTE. 6. O CORTISOL INFLUENCIA A FUNÇÃO CEREBRAL: Estados de excesso de cortisol ou de deficiência causam alterações no humor, assim como alterações de memória e de aprendizagem. Alguns desses efeitos podem ser mediados por hormônios da via de liberação do cortisol, como o CRH. O CORTISOL É UM FÁRMACO TERAPÊUTICO ÚTIL I O cortisol suprime o sistema imune, evitando a liberação de citocinas e a produção de anticorpos pelos leucócitos. Ele também inibe a resposta inflamatória pela diminuição da mobilidade e migração dos leucócitos. Estes efeitos imunossupressores do cortisol fazem dele um fármaco útil no tratamento de várias condições, inclusive na reação alérgica a picadas de abelhas, à hera venenosa e ao pólen. O cortisol também ajuda a evitar a rejeição de órgãos transplantados. Entretanto, os glicocorticoides também têm efeitos colaterais potencialmente graves devido às suas ações metabólicas. I A administração exógena de glicocorticoides tem um efeito de retroalimentação negativa na adeno-hipófise e pode interromper a produção de ACTH. Sem a estimulação do ACTH, as células da glândula suprarrenal que produzem cortisol atrofiam. Por essa razão, é essencial que os pacientes que tomam esteroides diminuam as suas doses gradualmente, dando à hipófise e à glândula suprarrenal uma chance de se recuperarem, em vez de interromper o tratamento abruptamente. AS DISFUNÇÕES DO CORTISOL RESULTAM DO EXCESSO OU DA FALTA DO HORMÔNIO I HIPERCORTISOLISMO: O excesso de cortisol no corpo é chamado de hipercortisolismo. Ele pode ocorrer devido a hormônios secretados por tumores ou pela administração exógena do hormônio. O tratamento com altas doses de cortisol por mais de uma semana tem o potencial de causar hipercortisolismo, também conhecido como SÍNDROME DE CUSHING. I Muitos sinais de hipercortisolismo podem ser previstos a partir das ações normais do hormônio. O excesso de gliconeogênese causa hiperglicemia, que imita o diabetes. A degradação de proteínas musculares e a lipólise causam perda de tecido. Paradoxalmente, o excesso de cortisol deposita gordura extra no tronco e na face, talvez em parte devido ao aumento do apetite e da ingestão alimentar. I A APARÊNCIA CLÁSSICA dos pacientes com hipercortisolismo é braços e pernas finos, obesidade no tronco e uma “face de lua cheia” com bochechas rechonchudas. I Os efeitos no SNC do excesso de cortisol incluem euforia inicial, seguida de depressão, bem como comprometimento da aprendizagem e da memória. O HIPERCORTISOLISMO TEM TRÊS CAUSAS COMUNS: 1. UM TUMOR SUPRARRENAL QUE SECRETA CORTISOL DE MODO AUTÔNOMO: Esses tumores não estão sob controle do ACTH hipofisário. Essa condição é um exemplo do hipercortisolismo primário. 2. UM TUMOR NA HIPÓFISE QUE SECRETA ACTH DE MODO AUTÔNOMO. O excesso de ACTH leva à supersecreção de cortisol pela glândula suprarrenal (hipercortisolismo secundário). O tumor não responde à retroalimentação negativa. Essa condição também é chamada de doença de Cushing, uma vez que foi a doença real descrita pelo Dr. Cushing. (Hipercortisolismo por qualquer causa é chamado de síndrome de Cushing). 3. O HIPERCORTISOLISMO IATROGÊNICO (“CAUSADO PELO MÉDICO”) ocorre secundariamente ao tratamento com cortisol para alguma outra condição clínica. I HIPOCORTIOLISMO: Não vamos falar dele hoje. SÍNDROME DE CUSHING M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – T u t o r i a – P á g i n a | 4 I A síndrome de Cushing (SC) é decorrente da exposição prolongada a quantidades excessivas de glicocorticoides, é mais comum no sexo feminino e o início dela se dá, geralmente, entre 15 e 50 anos. É uma doença de progressão muito lenta e, muitas vezes, os paciente ficam muito tempo sem saber que tem aquela síndrome. Pode ser fruto da administração terapêutica prolongada de glicocorticoides (SC exógena ou iatrogênica) ou, bem menos frequentemente, da hiperprodução crônica de cortisol (SC endógena). I A SC ENDÓGENA ainda persiste como a doença endócrina mais desafiadora em termos de avaliação diagnóstica. Diversos fatores contribuem para isso, entre eles o fato de muitas das manifestações clinicolaboratoriais da SC serem observadas em doenças bem mais frequentes (p. ex., obesidade e síndrome dos ovários policísticos). EPIDEMIOLOGIA I A SC pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum em adultos, com idade mediana de 40 anos ao diagnóstico, e predomínio no sexo feminino. ETIOLOGIA I A SC leva à diminuição da imunidade, mas não o contrário. I O estresse leva a uma SC, mas é uma secreção aguda. I Um tumor de suprarrenal (causa endógena). I Um paciente que tem lúpus (LES) e tem uma doença renal avançada precisa fazer pulsos de corticoide, de modo que ele desenvolverá SC, mas de causa exógena. I Essa SC exógena, é semelhante à endógena em termos clínicos, mas os exames laboratoriais e o tratamento irão mudar. Pode ser decorrente do uso de qualquer corticoide (prednisona, dexametasona, hidrocortisona). EXEMPLO – SC EXÓGENA: I Júlia toma corticoide desde pequena por um quadro pulmonar, de modo que por causa desse uso continuo ela desenvolveu a SC. Dessa forma, os resultados dos exames laboratoriais serão: I ACTH . I CORTISOL . I Apesar de clinicamente ter SC, o seu cortisol estará baixo, porque o cortisol medido é o produzido por Júlia (endógeno), não o que ela toma (exógeno). O corticoide que ela está tomando está suprimindo a produção de ACTH e diminuindo o cortisol. I Eu comentei que o uso excessivo de cortisol por uma semana já começa ter alterações. Porém isso depende do tipo que você toma, existindo SC por colírio, comprimido e injetável: I NASONEX: Degradação rápida, não tem poder de supressão do ACTH, porque são de baixa dosagem. O CORTISOL NA SC ESTÁ AUMENTANDO OU DIMINUINDO? I Depende se é a SC exógena ou endógena, porque quando perguntam, sempre se referem ao que o laboratório mede. I Quando falamos de SC, temos que considerar também fatores externos, como estresse, ritmo circadiano. ETIOLOGIA – O QUE PODE LEVAR UM AUMENTO DA PRODUÇÃO DE CORTISAL NA SC ENDÓGENA I TUMORE DE SUPRARRENAL. I TUMOR HIPOFISÁRIO. I Diferente da tireoide, na suprarrenal dividimos em causas ACTH dependentes e ACTH independentes. CAUSAS MAIS COMUNS DE ACTH INDEPENDENTE I ADENOMA ADRENAL. I CARCINOMA ADRENAL. I HIPERPLASIA NODULAR ADRENAL. I Os tumores malignos, são os mais agressivos, crescendo mais rápido, de forma que atravessa as 3 camadas mais rapidamente, aumenta a produção de andrógenos e leva um fenômeno de virilização, a mulher começa a ter barba, falar grosso, hipertrofia de clitóris. CAUSAS MAIS COMUNS DE ACTH DEPENDENTE I DOENÇA DE CUSHING. I SÍNDROME DE ACTH ECTÓPICO: Mais prevalente no sexo masculino, com maior incidência entre 40 e 60 anos. SAE pode se originar de diversos tumores; porém, provavelmente, a causa mais comum é o carcinoma pulmonar de células pequenas. I ACTH DE ORIGEM DESCONHECIDA. I É importante não confundir a SC com a DC: 1. SÍNDROME DE CUSHING: Todo o quadro de hipercortisolismo. 2. DOENÇA DE CUSHING: É a presença de um tumor hipofisário produtor de ACTH. Com predomínio no sexo feminino, de progressão lenta, entre os 20 e 40 anos. M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – T u t o r i a – P á g i n a | 5 Nos casos pré-puberais, contudo, há maior ocorrência no sexo masculino. I A DC é, portanto, uma causa da SC. I Ocorre quando o hipercortisolismo se origina da secreçãoexcessiva de ACTH. SE EU TENHO UM PACIENTE COM UM TUMOR DE SUPRARRENAL, EU POSSO D IZER QUE O CORTISOL DELE ESTÁ BAIXO OU ALTO? I CORTISOL , ACTH . I Nas causas de ACTH independente, teremos: CORTISOL , ACTH . I Já se eu tenho um tumor hipofisário (DC), responsável por causar a SC, teremos CORTISOL porque o ACTH (ACTH dependente). I Existe uma outra situação em que o paciente pode ter uma doença em outro lugar que não a hipófise, mas capaz de produzir ACTH ectópico: Paciente que tem um melanoma ou um tumor pulmonar, p.ex., ele pode ter uma síndrome paraneoplásica, quando eu tenho um tumor em um lugar, mas com sintomas de uma doença de outro lugar. Paciente tem melanoma, mas ele começa a ter produção de ACTH ectópico. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA I INDEPENDENTE de ser endógena (ACTH dependente ou ACTH independente) ou exógena, as manifestações clinicas são as mesmas: I Ganho de peso, letargia, fraqueza, irregularidades menstruais, perda da libido, acnes, miopatia proximal, disfunção erétil, distúrbios psiquiátricos, fácies de lua cheia, edema, hiperglicemia (cortisol é um hormônio contrarregulatório), aumento de preso (principalmente na região abdominal, com braços e pernas finas), giba de búfalo, pele fina sem gordura subcutânea, pletora (aumento de volume de sangue no organismo, que provoca inturgescência vascular), estrias violáceas (pelo menos uma delas com mais de 1cm), hematomas, alteração de humor (chegando a ter surtos psiquiátricos), duplo queixo, ginecomastia. I Quando trata, a estria não sai, ela se torna branca. Importante o diagnóstico diferencial com síndrome de ovários policísticos (acne, hirsutismo). I Problemas associados, como hipertensão e diabetes melito, são comuns e podem ser o motivo que leva os pacientes a procurar assistência médica I A miopatia proximal, mais bem demonstrada pedindo-se ao paciente que se levante com os braços cruzados estando agachado ou sentado, pode ser, às vezes, a queixa dominante na doença de Cushing. DIAGNÓSTICO I Diante da suspeita clínica de SC, deve-se, de início, descartar o uso de glicocorticoides. I A investigação da SC endógena inclui duas etapas: confirmação do hipercortisolismo e definição de sua etiologia. A maioria dos protocolos de investigação utiliza, no mínimo, dois testes funcionais que enfocam diferentes aspectos da fisiopatologia do eixo HHA. A confirmação do estado de M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – T u t o r i a – P á g i n a | 6 hipercortisolismo precisa ser estabelecida antes de qualquer tentativa para o diagnóstico diferencial. I Se há suspeita de hipercortisolismo, vamos dosar cortisol. O problema é que a dosagem de cortisol oscila com muita frequência, de modo que não serve como diagnostico e precisamos fazer testes dinâmicos, temos que dar cortisol ao paciente e ver como ele irá responder. TESTE DE SUPRESSÃO COM BAIXAS DOSES DE DEXAMETASONA: I 1mg overnight: Dexametasona às 23h, dosar cortisol às 8h do dia seguinte. I 2mg/dia 48h: 0,5mg de dexa 6/6h por 48h, dosar cortisol 6h após a última dose. o Em indivíduos normais, há supressão do cortisol, pois o eixo está integro. O ponto de corte é 1,8, ou seja, se esse numero diminuir é porque o paciente está normal. DOSAGEM DO CORTISOL A ME IA NOITE (SÉR ICO E SALIVAR) : I O cortisol salivar pode fazer o diagnóstico da SC. DOSAGEM DO CORTISOL L IVRE UR INÁRIO : I Após confirmar o hipercortisolismo, precisamos terminar a causa desse, se é ACTH dependente ou independente. DOSAGEM DO ACTH : I > 15pg/ml: ACTH dependente. I < 15pg/ml: ACTH independente. o Se tiver entre 5 e 15, porém, teremos que utilizar o bom senso entre o que o paciente pode pagar, onde ele mora e etc. TESTE DO CRH : I Administração de CRH e dosagem do mesmo após 0, 30, 60 e 90min. I TU ectópicos não responderão com elevação do ACTH (S. paraneoplásica). CATETER ISMO DO SE IO PETROSO INFER IOR (B IPSS ) : I Efluente hipofisário drena para seios cavernosos e petrosos: I Gradiente > 2:1 (seio petroso x periferia) = DC. o Dosa o ACTH pertinho da hipófise (seio petroso) e no sangue, se o paciente tiver um tumor de hipófise, a quantidade de ACTH perto da hipófise vai ser maior. TESTE DE SUPRESSÃO COM ALTAS DOSES DE DEXAMETASO NA: I SAE – Supressão <50%. I DC – Supressão >50%. DIAGNÓSTICO – EXAMES DE IMAGEM I HIPÓFISE: A RM da sela túrcica deve ser realizada em todo paciente com SC ACTH- dependente. No entanto, sua sensibilidade na identificação de microadenomas é de apenas 50 a 60%, e a da TC é ainda menor (40 a 50%). I ADRENAL: A TC permanece como a modalidade de imagem que dá maior resolução espacial para a anatomia adrenal, possibilitando a visualização de quase 100% dos tumores produtores de cortisol. I SAE (SÍNDROME DO ACTH ECTÓPICO): Diante da suspeita da SAE, devem ser realizadas uma TC e/ou uma RM de pescoço, tórax e abdome. O câncer de pulmão de células pequenas ou alveolares e os tumores carcinoides brônquicos são as fontes mais comuns de secreção ectópica de ACTH. I Existe uma situação chamada incidentaloma, que é um tumor localizado numa região que poderia produzir hormônio, mas que, na verdade, não produz nada. Por isso, que nunca começamos a fazer diagnostico de SC por exames de imagem (ressonância). Só fazemos as imagens, quando passamos por todas essas outras etapas. I Exames de imagem da hipófise são realizados se as concentrações de ACTH e os testes de estímulo sugerirem causa hipofisária; RM usando gadolínio como contraste é mais precisa, mas alguns microadenomas são visíveis na TC. Se os exames sugerem uma causa não hipofisária, testes por imagem incluem TC de alta resolução de tórax, pâncreas e adrenais; cintilografia ou PET com octreotídio radiomarcador ou, preferencialmente, dotatato de gálio-68 e, às vezes, PET com fluorodesoxiglicose (FDG). A amostragem do seio petroso pode ser necessária para diferenciar fontes hipofisárias de ectópicas. I Em crianças com doença de Cushing, os tumores hipofisários são muito pequenos e podem não ser detectados por RM. Amostras do seio petroso são particularmente úteis nessa situação. É preferível a utilização da RM à TC em gestantes, para evitar a exposição fetal à radiação. TRATAMENTO I A alta ingestão de proteínas e a administração de potássio (ou fármacos que poupam potássio, como a espironolactona). I Às vezes, análogos de somatostatina, agonistas de dopamina ou mifepristona. M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – T u t o r i a – P á g i n a | 7 I Se eu tenho um tumor, o tratamento é removê- lo. DOENÇA DE CUSH ING : I Adenomectomia transesfenoidal. I Hemihipofisectomia. TU DE SUPRARRENAL: I Remoção cirúrgica. I Metástases: Mitotano (6 a 12g/VO/dia). PRODUÇÃO ECTÓP ICA DE ACTH : I CETOCONAZOL: 200-1200mg/dia. I Inibidores adrenais como metirapona, mitotano ou cetoconazol I AMINOGLUTETIMIDA: 750-6000mg/dia. I Inicialmente, a condição geral do paciente deve ser mantida por uma dieta rica em proteínas e administração adequada de potássio. Se as manifestações clínicas forem intensas, pode ser razoável bloquear a secreção de corticoides com metirapona (250 mg a 1 g, 3 vezes ao dia) ou cetoconazol (400 mg VO uma vez ao dia), aumentando até a dose máxima de 400 mg, 3 vezes ao dia. O cetoconazol provavelmente tem início de ação mais lento e, às vezes, é hepatotóxico. O etomidato parenteral (um anestésico intravenoso que também bloqueia a produção de cortisol) pode salvar a vida em pacientes com sintomas fulminantes; é administrado em infusão intravenosa: a dose inicial geralmente é 1 a 2 mg/hora, aumentando conforme necessário, com avaliações frequentes dos níveis de cortisol e a dose titulada de acordo. I Estudos sugerem que casos leves de doença persistente ou recorrente podem se beneficiar do PASIREOTIDO, um análogo da somatostatina. Mas hiperglicemia éum efeito adverso significativo. A CABERGOLINA, um agonista da dopamina, também pode ser ocasionalmente útil. Alternativamente, os receptores de corticoides podem ser bloqueados com MIFEPRISTONA → aumenta o cortisol plasmático, mas bloqueia os efeitos dos corticoides e pode causar hipopotassemia. I A ADRENALECTOMIA BILATERAL é reservada a pacientes com hiperadrenocorticismo hipofisário que não respondem à exploração da hipófise (com possível adenomectomia) nem à radioterapia, ou em pacientes nos quais a cirurgia não foi bem-sucedida e radioterapia é contraindicada. A adrenalectomia torna necessária a reposição de corticoides por toda a vida. I Tumores adrenocorticais são removidos CIRURGICAMENTE. Os pacientes devem receber cortisol durante a cirurgia e no período pós-operatório, em razão da supressão e atrofia do córtex adrenal não tumoral. Adenomas benignos podem ser removidos por via laparoscópica. Na hiperplasia adrenal multinodular, a adrenalectomia bilateral pode ser necessária. Mesmo após adrenalectomia total presumida, ocorre recrescimento funcional em alguns pacientes. I A síndrome de produção de ACTH ectópico é tratada pela remoção do tumor não hipofisário que produz ACTH. Entretanto, em alguns casos, o tumor está disseminado e não pode ser removido. Os inibidores da adrenal, como metirapona (500 mg VO 3 vezes ao dia, até um total de 6 g/dia) ou mitotano (0,5 g VO uma vez ao dia, aumentando até o máximo de 3 a 4 g/dia) geralmente controlam os distúrbios metabólicos graves (p. ex., hipopotassemia). Quando se utiliza mitotano, grandes doses de hidrocortisona ou dexametasona podem ser necessárias. As médias da produção de cortisol podem não ser confiáveis e pode ocorrer hipercolesterolemia grave. Cetoconazol (400 a 1.200 mg VO uma vez ao dia) também bloqueia a síntese de corticoides, embora possa causar toxicidade hepática e sintomas de Addison. A mifepristona também pode ser útil no tratamento da síndrome de ACTH ectópico. I Algumas vezes, tumores que secretam ACTH respondem aos análogos da somatostatina de ação prolongada, embora sua administração por > 2 anos exija acompanhamento rigoroso porque pode ocorrer gastrite leve, colelitíase, colangite, icterícia e má absorção. I PLETÓRIO: Aumento excessivo de sangue no organismo, causando um inchaço vascular.
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