Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DA NACIONALIDADE CONCEITO • A nacionalidade pode ser definida como um vínculo jurídico- político entre o Estado e o indivíduo que faz deste um componente do povo. • Nacionalidade e nação derivam, etimologicamente, do vocábulo latino natio, que significa “aquele que é nascido”. • Nacionalidade x Nação • Povo x População ESPÉCIES DE NACIONALIDADE Nacionalidade originária (primária ou atribuída) - NATO • Local do nascimento (jus soli): como regra por países novos, de imigração, com a finalidade de vincular os imigrantes ao solo; • Filiação do indivíduo (jus sanguinis): jus sanguinis é mais comum em países de emigração que desejam a manutenção do vínculo com os descendentes de seus nacionais, como ocorre na Alemanha, na Áustria e na Itália; • Sistema misto • Critério territorial • Nascido em território nacional (CF, art. 12, I, a). Este compreende rios, mares, ilhas e golfos brasileiros; navios e aeronaves de guerra brasileiros; aeronaves e navios brasileiros, de natureza pública ou privada, quando em trânsito por espaços neutros. • Ressalvas: • - Filhos de pais estrangeiros a serviço de seu país • a) quando um dos pais está acompanha aquele a serviço – nacionalidade estrangeira • b) quando não estiver a serviço, mas se casar e ter filhos com um(a) brasileiro(a) ou estrangeiro(a) que também não está a serviço – pode obter dupla nacionalidade; • c) quando estiver a serviço de outro país – brasileiro • Critério sanguíneo • Nacionalidade dos pais como critério para a atribuição da nacionalidade originária em três situações: 1 - considera como brasileiro nato o indivíduo nascido no estrangeiro, mas filho de pai brasileiro ou mãe brasileira a serviço da República Federativa do Brasil (jus sanguinis + critério funcional) (CF, art. 12, I, b); 2 - atribui a nacionalidade originária aos nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente (jus sanguinis + registro) (CF, art. 12, I, c, primeira parte); 3 - caso venha a residir no Brasil, o indivíduo poderá optar, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (jus sanguinis + critério residencial + opção confirmativa) (CF, art. 12, I, c, segunda parte). Nacionalidade adquirida (secundária, derivada, ou de eleição) - Naturalização • É adquirida por um ato de vontade do indivíduo que opta por uma determinada nacionalidade. • Essa manifestação da vontade pode ser tácita ou expressa. Naturalização tácita (grande naturalização ou naturalização coletiva) • Os estrangeiros residentes no País que não declararem, dentro de determinado período, o ânimo de permanecer com a nacionalidade de origem, automaticamente adquirirão a nacionalidade do país em que residem. (CF 1824 e CF 1889) Naturalização expressa • A naturalização expressa depende de requerimento do interessado, podendo ser ordinária ou extraordinária. • A naturalização ordinária pode ocorrer em duas hipóteses (CF, art. 12, II, a): a) Esta espécie de nacionalidade é adquirida na forma da lei, sendo que a Lei de Migração (Lei 13445/17), em seu art. 62, estabelece as seguintes condições gerais: I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos; III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. b) No caso de originários de países de língua portuguesa – Açores, Angola, Cabo Verde, Gamão, Guiné Bissau, Goa, Macau, Moçambique, Portugal, Príncipe e Timor Leste –, a própria Constituição estabelece os requisitos: residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. • Para a naturalização extraordinária são exigidos, além do requerimento do interessado, quinze anos de residência ininterrupta e ausência de condenação penal (CF, art. 12, II, b). • *Direito Público Subjetivo OBSERVAÇÕES - Diferenças de tratamento entre brasileiro nato e naturalizado (art. 12, §2º); - Ressalva para cargos privativos (art. 12, §3º); - Ressalva para assento no Conselho da República (art. 89,VII); - Ressalva para Propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão (art. 222); EXTRADIÇÃO • Não se confunde com a EXPULSÃO (art. 54 da Lei 13.445/17): Consiste na retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado; • Não se confunde com DEPORTAÇÃO (art. 50 da Lei 13.445/17): Consiste na retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional. • A EXTRADIÇÃO (art. 81 da Lei 13.445/17): Consiste na medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso. • Vedação para brasileiro nato (CF, art. 5.°, LI); PERDA DO DIREITO DE NACIONALIDADE a) A primeira hipótese de perda da nacionalidade é em virtude de atividade nociva ao interesse nacional (CF, art. 12, § 4.°, I). • Não há nenhuma referência legislativa ao que seja uma atividade nociva ao interesse nacional. (Exemplo) • Somente poderá ser considerado nocivo ao interesse nacional um ato que, além de tipificado na legislação penal como crime, seja, de alguma forma, contrário aos interesses do Estado brasileiro. • Cancelada a naturalização, a nacionalidade Brasileira não poderá ser readquirida, salvo por ação rescisória. b) A segunda hipótese se dá no caso de naturalização voluntária (CF, art. 12, § 4.°, II). A aquisição de outra nacionalidade acarreta, em regra, a perda da nacionalidade brasileira. • Exceções: 1 – Se houver o reconhecimento da nacionalidade originária pela lei estrangeira (CF, art. 12, § 4.°, II, a). Portanto, se o Estado estrangeiro admitir a dupla nacionalidade, o brasileiro nato não perderá a nacionalidade brasileira. (não se aplica ao naturalizado). 2 – A segunda exceção é no caso de imposição de naturalização ao brasileiro nato ou naturalizado residente em estado estrangeiro como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis (CF, art. 12, § 4.°, II, b). • Admite-se reaquisição. CHINESA PERDE NACIONALIDADE BRASILEIRA POR COMETER CRIMES A chinesa Zhong Xiao Lei, naturalizada brasileira desde 1991, teve sua naturalização cancelada no dia 1º de dezembro pelo juiz federal Março Aurélio de Mello Castrianni, da 1ª Vara Cível Federal de São Paulo, por ter praticado atividade nociva ao interesse nacional. Para o Ministério Público Federal, autor da ação de cancelamento de naturalização, a ré se utilizou de sua condição de brasileira para abrigar no país, em condições subumanas, chineses em situação irregular, explorando o sofrimento alheio com intuito de lucro, atividade esta nociva ao interesse nacional. Em 19/1/1996 Zhong Xiao Lei foi condenada a dois anos de reclusão (dois de detenção) em ação penal da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo (proc. nº 94.0103159-2) por infração ao artigo 297 do Código Penal (falsificação de documento) e artigo 125, inciso XII, da Lei nº 6.815/80 (introduzir estrangeiro clandestinamente ou ocultar clandestino ou irregular). Na sentença condenatória consta que a ré, juntamente com outro acusado, exploravam o rentável negócio da imigração clandestina ou irregular [...]. A casa da rua Montemagno exalava o pior odor. Restos alimentares infectavam o ambiente. As acomodações eram precárias. Enfim, estrangeiros estavam amontoados como animais. Esta é a realidade documentada em vários depoimentos colhidos na instrução. Foi esta condenaçãoque motivou o MPF a ingressar com a ação de cancelamento da naturalização. Tem razão o Ministério Público Federal em suas alegações [...]. Diante do exposto julgo procedente o pedido para declarar cancelada a naturalização de Zhong Xiao Lei, concluiu o juiz Março Aurélio Castrianni. (RAN) • Ação nº 2006.61.00.016348-2
Compartilhar