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Hemostasia, trombose e embolia 1 🔬 Hemostasia, trombose e embolia Class Patologia Created Reviewed Hemostasia normal Processo envolvendo as plaquetas, os fatores de coagulação e o endotélio, que ocorre no local de lesão vascular e culmina na formação de um tampão fibrinoplaquetário, que serve para evitar ou limitar a extensão do sangramento. Vasoconstrição arteriolar imediata e redução do fluxo sanguíneo para a área lesionada. Mediada por mecanismos reflexos neurogênicos, aumentados pela secreção local de fatores, como a endotelina (vasoconstritor) → efeito transitório. Hemostasia primária: formação do tampão plaquetário. Descontinuidade do endotélio expõe o fator de von Willebrand (vWF) e o colágeno subendotelial → promovem a adesão e ativação das plaquetas. Ativação plaquetária muda a morfologia: de pequenos discos arredondados para placas achatadas com protuberâncias espiculadas que aumentam sensivelmente a sua área de superfície + liberação de grânulos de secreção. Os produtos secretados recrutam mais plaquetas, que sofrem agregação e formam um tampão hemostático primário. Hemostasia secundária: deposição de fibrina. Lesão expõe fator tecidual → glicoproteína pró-coagulante expressa pelas células subendoteliais na parede dos vasos (células musculares lisas e os fibroblastos). O fator tecidual liga-se e ativa o fator VII → cascata para geração de trombina. A Jan 9, 2021 108 PM Hemostasia, trombose e embolia 2 trombina cliva o fibrinogênio → formando fibrina insolúvel → gera uma malha de fibrina e ativa plaquetas → potencialização do tampão hemostático Estabilização e reabsorção do tampão hemostático: fibrina polimerizada e as plaquetas agregadas sofrem contração para formar um tampão sólido e permanente que impede ainda mais a hemorragia. Mecanismos contrarregulatórios (p. ex., ativador de plasminogênio tecidual, t-PA produzido por células endoteliais) estão em movimento para limitar a coagulação ao local da lesão e desencadear a reabsorção do tampão para reparo do tecido. Hemostasia, trombose e embolia 3 Hemostasia, trombose e embolia 4 As células endoteliais são os reguladores centrais de hemostasia. O equilíbrio entre as atividades antitrombóticas e pró-trombóticas do endotélio determina se ocorre formação, propagação ou dissolução do trombo. As células endoteliais normais expressam uma variedade de fatores anticoagulantes que inibem a agregação plaquetária, a coagulação, e promovem fibrinólise. O equilíbrio é alterado após a lesão e as células endoteliais adquirem atividades pró-coagulantes. Além do trauma, o endotélio pode ser ativado por patógenos microbianos, forças hemodinâmicas e uma série de mediadores pró-inflamatórios. Plaquetas Formação de um tampão hemostático primário, que inicialmente sela os defeitos vasculares e proporciona uma superfície que recruta e concentra os fatores de coagulação ativados. Fragmentos celulares anucleados, em forma de disco, presentes na corrente sanguínea, que se originam dos megacariócitos medulares. Função plaquetária depende de vários receptores de glicoproteína da família das integrinas, um citoesqueleto contrátil e dois tipos de grânulos citoplasmáticos. Os grânulos-α possuem a molécula de adesão P-selectina nas suas membranas e contêm proteínas envolvidas na coagulação, como o fibrinogênio, o fator de coagulação V e o vWF, bem como fatores proteicos que podem estar envolvidos na cicatrização de feridas, como a fibronectina, o fator de plaquetas 4 (uma quimiocina ligante de heparina), o fator de crescimento derivado de plaquetas PDGF e o fator de crescimento transformante β. Os grânulos densos (ou δ) contêm difosfato de adenosina ADP e trifosfato de adenosina, cálcio ionizado, serotonina e epinefrina. Adesão plaquetária mediada amplamente por interações com o vWF ponte entre a glicoproteína Ib do receptor da superfície das plaquetas GpIb) e o Hemostasia, trombose e embolia 5 colágeno exposto. � Deficiências genéticas de vWF (doença de von Willebrand) ou GpIb (síndrome de Bernard-Soulier) resultam em distúrbios hemorrágicos. 2. Alteração de forma após a adesão → de discos lisos para esferas com numerosas extensões citoplasmáticas longas e espiculadas, aumentando em muito a área de superfície (semelhantes a “ouriços do mar”). → Alterações na glicoproteína IIb/IIIa que aumenta a afinidade para o fibrinogênio, e pela translocação de fosfolipídeos carregados negativamente (fosfatidilserina) para a superfície da plaqueta. → Fosfolipídeos se ligam ao cálcio e servem como locais de nucleação para a montagem de complexos de fatores de coagulação. 3. Secreção (reação de liberação) do conteúdo dos grânulos → ocorre junto com as mudanças na forma: ambos são chamados de ativação plaquetária. Acionada por vários fatores: fator da coagulação trombina e ADP. A trombina ativa as plaquetas através de um tipo especial de receptor acoplado à proteína G denominado receptor ativado por protease PAR, que é ativado por clivagem proteolítica promovida pela trombina. ADP é componente dos grânulos densos → produzem ciclos adicionais de ativação plaquetária: recrutamento. As plaquetas ativadas também produzem a prostaglandina tromboxano A2 TxA2 → indutor da agregação plaquetária. Aspirina inibe a agregação plaquetária COX 4. Agregação plaquetária → alteração conformacional da glicoproteína IIb/IIIa permite ligação do fibrinogênio. � Deficiência hereditária da GpIIb-IIIa resulta em distúrbio hemorrágio (trombastenia de Glanzmann) A onda inicial de agregação plaquetária é reversível, mas a ativação simultânea da trombina estabiliza o tampão causando mais ativação e agregação → promove a contração plaquetária irreversível. A trombina também converte o fibrinogênio em fibrina insolúvel, cimentando as plaquetas no lugar e criando o tampão hemostático secundário definitivo. Hemostasia, trombose e embolia 6 As hemácias e leucócitos aprisionados também são encontrados nos tampões hemostátivos, em parte devido à aderência de leucócitos à selectina-P expressa nas plaquetas. Cascata de coagulação Série de reações enzimáticas amplificadores que culminam com a deposição de um coágulo de fibrina insolúvel → montagem dos complexos de reação depende do cálcio → montados em superfície de fosfolipídeos com carga negativa → vitamina K como cofator Hemostasia, trombose e embolia 7 Trombina Conversão de fibrinogênio em fibrina entrecruzada → e amplifica o processo de coagulação tivando o fato XI e cofatores V e VIII + estabiliza o tampão hemostático secundário ao ativar o fator XIII que entrecruza a fibrina Ativação plaquetária → indutor da ativação e agregação plaquetária pelos PARs Efeitos pró-inflamatórios → PARs Efeitos anticoagulantes → no endotélio normal a trombina tem a função pró-coagulante alterada para anticoagulante evitando que a coagulação se estenda para além do local da lesão vascular Ilustração esquemática da conversão do fator X em fator Xa através da via extrínseca, que, por sua vez, converte o fator II (protrombina) em fator IIa (trombina). O complexo da reação inicial é formado por uma enzima proteolítica (fator VIIa), um substrato (fator X e um acelerador da reação (fator tecidual), que são reunidos na superfície fosfolipídica das plaquetas. Os íons cálcio mantêm os componentes juntos e são essenciais para a reação. O fator ativado Xa torna-se uma protease para o segundo complexo adjacente da cascata da coagulação, convertendo o substrato protrombina II em trombina (IIa) usando o fator Va como acelerador da reação Hemostasia, trombose e embolia 8 Fibrinólise - cascata fibrinolítica Atividade enzimática da plasmina → quebra a fibrina Produtos da quebra do fibrinogênio (dímero-D derivado da fibrina) são marcadores clínicos de estados trombóticos Plasmina → catabolismo enzimático do plasminogênio Endotélio Efeitos inibidores sobre as plaquetas Liberação de fatoresque inibem a ativação plaquetária → prostaciclina PGI2, óxido nítrico NO e adenosina difosfatase Hemostasia, trombose e embolia 9 Efeitos anticoagulantes → expressão de fatores: trombomodulina, receptores de proteína C endotelial, moléculas semelhantes à heparina e inibidores da via do fator tecidual A trombomodulina e o receptor de proteína C endotelial se ligam à trombina e à proteína C, respectivamente, em um complexo na superfície celular endotelial. Quando unida nesse complexo, a trombina perde a capacidade de ativar os fatores da coagulação e as plaquetas, e, em vez disso, cliva e ativa a proteína C, uma protease vitamina K-dependente, a qual requer um cofator, a proteína S. O complexo ativado proteína C/proteína S é um potente inibidor dos fatores da coagulação Va e VIIIa. As moléculas semelhantes à heparina na superfície do endotélio se ligam e ativam a antitrombina III, que inibe, então, a trombina e os fatores IXa, Xa, XIa e XIIa. � A utilidade clínica da heparina e de outros fármacos relacionados é baseada na sua habilidade de estimular a atividade da antitrombina III. Inibidor da via do fator tecidual TFPI, como a proteína C, requer a proteína S como cofator e, como diz o seu nome, se liga ao complexo fator tecidual/fator VIIa e o inibe. Efeitos fibrinolíticos → sintetizam t-PA (componente da via fibrinolítica) Trombose As anormalidades que levam à trombose: Tríade de Virchow: Lesão endotelial Alteração do fluxo sanguíneo Hipercoagulabilidade Hemostasia, trombose e embolia 10 Lesão endotelial Desnudamento endotelial (ativação da via intrínseca) Disfunção endotelial → mudança de anti-trombótico pra pró-trombótico Alterações pró-trombóticas: redução da expressão de trombomodulina → ativação prolongada da trombina → estimula plaquetas e aumenta inflamação + endotélio reduz a expressão de anticoagulantes (proteína C e proteína inibidora do fator tecidual) Efeitos antifibrinolíticos: células endoteliais secream inibidores do ativador do plasminogênio PAIs) que limitam a fibrinólise e diminuem a expressão de t-PA Causas Placas de aterosclerose ulceradas (hipercolesterolemia), infarto agudo do miocárdio, trauma, vasculite, hipertensão, turbo turbulento, toxinas bacterianas, radiação, toxinas do tabaco, hiper-homocisteinimia (aumento de aminoácidos → alta ingestão de aminoácidos) Hemostasia, trombose e embolia 11 Alteração de fluxo sanguíneo Promove a ativação endotelial, aumentando a atividade pró-coagulante e a adesão leucocítica → pró-inflamação. Rompem o fluxo laminar Reduzem a eliminação (lavagem) e a diluição dos fatores de coagulação Turbulência (artérias e câmaras cardíacas) Lesão endotelial e ruptura do fluxo laminar Trombos arteriais e cardíacos (aneurismas, defeitos cardíacos congênitos) Bifurcação Estase (fluxo lento) veias Acúmulo de plaquetas e fatores pró-trombóticos (trombos venosos: IC, aumento da viscosidade, dilatação do vaso) Causas Placas, aneurismas, valvulopatias, anemia falciforme Hipercoagulabilidade (trombofilia) Alterações nos mecanismo de coagulação Hemostasia, trombose e embolia 12 Distúrbios primários (genéticas) → fator V de Leiden (resistência à inativação da proteína c), mutação / deficiência na protrombina G20210A, proteína C, S Secundário (adquirido) → paciente que não deambula, muito tempo deitado, fibrilação atrial, câncer (neoplasias secretam substâncias trombogênicas), protéses cardíacas Localização dos trombos: artérias, veias, capilares, câmaras cardíacas � Como detectar aterosclerose no exame clínico? Ausculta da carótida → sopro é suspeita de placa Trombos arteriais: trombo branco → plaquetas, fibrina, hemácias e leucócitos, tem crescimento retrógrado, principais locais são coronárias, cerebrais e femorais (taxa de infarto, AVC, necrose de mmii alta) Trombos venosos: trombos vermelhos → relacionados à estase, mais hemácias, crescimento anterógrado, locais principais são mmii e vasos profundos, mmss, plexo periprostáticop e veias gonadais Trombose venosa Superficial: veias safenas varicosas : congestão, edema e dor, predisposição a úlceras e infecções, raramente embolizam Profunda: tipicamente em veias profundas dos mmii, 50% dos pacientes é assintomáticas, pode evoluir para embolia pulmonar (principal causa), doença da camada íntima (endotélio) Trombos cardíacos: fluxo anormal → arritmia, cardiomiopatica, IAM, fibrilação, dano endocárdico (trauma por cateter e inflamações). Trombos em válvulas - vegetação Embolia: cérebro, rins, baço e membros inferiores Desfechos da trombose Dissolução → fibrinólise Propagação → crescimento Hemostasia, trombose e embolia 13 Organização e recanalização → migração de células endoteliais, fibroblastos e miócitos, com síntese de colágeno, incorporação à parede do vaso e com formação de lúmen, além de possível calcifiação distrófica Embolia → fragmentação e migração do fragmento pela circulação Infecção → presença de microorganismos na circulação Coagulação intravascular disseminada → coagulação sanguínea no interior de muitos vasos pequenos, formando inúmeros microtrombos. Causa lesão endotelial extensa pela liberação de tromboplastina (trauma, grande queimado, complicações obstétricas, feto morto, pré-eclâmpsia, sídrome de HELLP, câncer, reações alérgicas graves, pancreatite aguda severa). Morte por sangramento em diversos locais → mas por que que ele sangra? Há ativação do sistema de coagulação (grande quantidade de trombina) → como é um sangramento intenso há um esgotamento de plaqueas que leva a uma diátese hemorrágica. Sintomas neurológicos, insufiiência renal, distúrbios respiratórios, choque séptico 90% de letalidade) Fatores de risco para a trombose venosa profunda: pacientes politraumatizados, grande queimados, gravidez, uso de anticoncepcionais, aterosclerose, obesidade, tabagismo, trombofilias, paralisia de mmii, quimioterapia, doenças renais Hipertensão venosa → hiperpigmentação ou dermatite ocre, eczema de estase, erisipela Embolia Processo em que uma massa sólida, líquida ou gasosa é caregado na circulação para algum outro lugar Embolia pulmonar → formação de trombos em veias periféricas. Cor pulmonale agudo → obstrução de 60% ou mais da circulação pulmonar, trombo em sela, infarto pulmonar, embolia pulmonar crônica (hipertensão pulmonar) Tromboembolia sistêmica → gralmente vêm do coração e viaja para outro lugar. Locais de impactação: membros inferiores, rins, baço e mmss → isquemia e necrose Hemostasia, trombose e embolia 14 Embolia gordurosa e de medula óssea → principais causas são traum, RCP e lipoaspiração → liberação de ácidos graxos → dano endotelial → ativação plaquetária Embolia gasosa → injeção inadvertida de gás na circulação → trauma e cirurgia de cabeça e pescoço, pnemotórax com ruptura de veia, parto/aborto, inserção de cateteres, circulação extracorpórea, queda brusca de pressão atmosférica Embolia de líquido amniótico → parto ou pós-parto imediato → ruptura de veias uterinas ou fenda e membranas → penetação de líquido amniótico, pelos, gordura e mucina nos vasos maternos → comprometimento de vasos pulmonares
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