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Hemostasia, Trombose e Embolia 1 Hemostasia, Trombose e Embolia Homeostasia É a capacidade do nosso organismo de manter o equilíbrio do meio interno, mesmo diante de condições adversas do meio externo (ex.: manutenção de temperatura corporal independente do meio externo). Hemostasia Série de eventos biológicos que são ativados no nosso organismo, de modo a manter a fluidez do sangue constante. Buscam evitar sangramento fora dos vasos e obstrução dos vasos, para manter o fluxo laminar de sangue e a distribuição de gases e nutrientes de maneira eficiente. Introdução A circulação do sangue e distribuição de líquidos e substâncias no organismo é realizado por: coração (bomba contrátil), vasos (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias) e valvas (evitam o refluxo sanguíneo e linfático). MACROCIRCULAÇÃO → irrigação de toda a periferia do corpo e do sistema pulmonar; MICROCIRCULAÇÃO → envolve arteríolas, capilares e vênulas, além de vasos linfáticos (entremeados entre capilares, coletam líquido intersticial restantes das trocas entre vasos e tecidos) - troca de substâncias (nutrientes, células, gases etc) entre vasos e tecidos. Definição Conjunto de mecanismos que permite a fluidez do sangue pelos vasos sanguíneos, ou seja, o que equilíbrio entre fatores anti-coagulates e fatores pró-coagulantes. Mantém o fluxo laminar (parte líquida do sangue fica entre elementos do sangue e endotélio, a fim de evitar atritos e lesões) uniforme e constante. Envolve eventos biológicos para a parada ou cessação de um sangramento. HEMOSTASIA PODE SER: NATURAL/FISIOLÓGICA/ESPONTÂNEA → hemostasia espontânea; ARTIFICIAL → ligadura ou cauterização de vasos lesados. ENVOLVE: PLAQUETAS → reconhecem a lesão e os fatores expostos (liga-se ao fator von Willebrand e ao colágeno exposto); FATORES DE COAGULAÇÃO: ATIVAÇÃO VIA INTRÍNSECA → exposição colágeno subendotelial; ATIVAÇÃO VIA EXTRÍNSECA → exposição fator tecidual (tromboplastina tecidual) liberado de células lesadas. ENDOTÉLIO DO LOCAL DA LESÃO PAREDE VASCULAR (onde ocorre a formação do tampão) → vasoconstrição arteriolar reflexa imediata à lesão (reduz o fluxo sanguíneo e a diminuição da passagem de elementos sanguíneos). Formam um tampão fibrionoplaquetário (plaquetas + fibrinas/fatores de coagulação) que limita a extensão do sangramento. obs.: 2 vias de ativação que geram o mesmo produto final (formação de fibrina). Etapas Processo ocorre em 4/5 etapas: VASOCONSTRIÇÃO ARTERIOLAR FORMAÇÃO DO TAMPÃO PLAQUETÁRIO ESTRUTURAÇÃO DA REDE DE FIBRINA ESTABILIZAÇÃO DO COÁGULO TROMBO Hemostasia, Trombose e Embolia 2 DISSOLUÇÃO DO COÁGULO PELO SISTEMA FIBRINOLÍTICO Plaquetas Estrutura São fragmento celulares, provenientes do megacariócito. Sinônimo de trombócito (formam trombos - não é correto chamar de coágulo, dado que esse ocorre fora dos vasos). Os megacariócitos possuem muitas organelas, grânulos (acúmulos de moléculas e substâncias, como glicogênio, elérton- denso, alfa-específico) e invaginações com canalículos, que auxiliam na secreção de grânulos. Com a fragmentação do megacariócito e a formação de plaquetas, essas conterão grânulos que serão excretados, quando recrutadas. PLAQUETA → fragmento do citoplasma de megacarióticos de medula óssea; célula discoide anuclear 35 microns); maturação 45 dias, meia-vida de 910 dias; Contém uma membrana bilaminar que contém várias invaginações com um sistema canicular aberto ligado intracelularmente a um sistema tubular denso, formando uma rede de interconexão através da célula (complexo membrânico), e que facilita a secreção de grânulos. Quando está inativada, fica no formato discoide e, quando ativada, fica no formato de uma célula dendrítica (com ramificações). Hemostasia, Trombose e Embolia 3 Apresentam receptores de glicoproteínas GPIb/V/IX que se ligam ao fator von Willebrand → tornam-se ativadas sofrendo alteração na sua forma e liberando conteúdos de seus grânulos (ADP e TxA2) que recrutam plaquetas adicionais para formação do tampão homeostático. Coagulação No sistema de coagulação, temos 2 vias de ativação: intrínseca e extrínseca. Independente da ativação, o produto final será a formação de uma malha de fibrina (moléculas de fibrinas sofrem polimerização; fibrina estável) para conter o sangramento local. Endotélio POSSUI: ATIVIDADE PRÓCOAGULANTE; ATIVIDADE ANTICOAGULANTE → em conjunto com plaquetas e fatores de coagulação; fibrinólise. O balanço entre as atividade anticoagulantes e coagulantes do endotélio determina se ocorrerá a formação, a propagação (aumento do trombo) ou a dissolução dos trombos. Hemostasia, Trombose e Embolia 4 Em estado basal (presença de normotensão, fluxo laminar, fatores de crescimento adequados), há superfície não adesiva e não trombogênica. Em estado "ativado" (presença de fluxo turbulento, hipertensão, citocinas, complemento, produtos bacterianos, lipídicos e finais de glicação avançada, hipóxia, acidose, vírus, fumo), há aumento da expressão de pró-coagulantes, molécula de adesão e fatores pró-inflamatórios e expressão alterada de quimiocinas, citocinas e fatores de crescimento. Lesões ou exposições a certos mediadores resultam na ativação endotelial, estado em que as células endoteliais desenvolvem uma superfície pró-coagulantes que pode ser adesiva para células inflamatórias e passam a expressar fatores que podem causar contração muscular lisa e/ou proliferação e síntese de MEC. obs.: fluxo turbulento ocorre nas regiões de bifurcação (além de por patologias), o que promove o atrito entre células e elementos sanguíneos e endotélio, o que pode causar lesões e ativar o endotélio. obs.: hipertensão aumenta o fluxo sanguíneo e promove o atrito entre células e elementos sanguíneos e endotélio, o que pode causar lesões e ativar o endotélio Atividade anticoagulante PLAQUETAS → prostaciclina, NO, ADP → AMP; quando liberadas pelas plaquetas favorecem a ação anticoagulante do endotélio; CASCATA DE COAGULAÇÃO → aumento de trombomodulina, receptor de proteína C, molécula semelhante à heparina, inibidores da via do fator tecidual; FIBRINÓLISE → t-PA (ativador plasminogênio tecidual); livre para converter plasminogênio → plasmina e essa plasmina poder degradar a rede de fibrina que foi formada. Atividade pró-coagulante PLAQUETAS → ADP, fator de von Willebrand, TxA2; quando liberadas pelas plaquetas favorecem a agregação plaquetária; CASCATA DE COAGULAÇÃO → diminuição de trombomodulina, receptor de proteína C, molécula semelhante à heparina, inibidores da via do fator tecidual; ANTIFIBRINÓLISE → secreção de inibidores de t-PA (ativador plasminogênio tecidual); trombo aumenta (não é dissolvido). Trombina FUNÇÃO: fibrinogênio —trombina→ fibrina Normalmente, liga-se no receptor de trombina PAR para ter uma ação pró-coagulante. Entretanto, quando existe a trombomodulina, ela "captura" a trombina e a impede de ter seu papel coagulante e, consequentemente, favorece a ação anticoagulante do endotélio. Eventos hemostasia VASOCONSTRIÇÃO ARTERIOLAR TRANSITÓRIA Hemostasia, Trombose e Embolia 5 FORMAÇÃO DO TAMPÃO PLAQUETÁRIO DEPOSIÇÃO DE FIBRINA ESTABILIZAÇÃO E REABSORÇÃO DO TAMPÃO Vasoconstrição arteriolar reflexa Com a injúria endotelial, pode haver/há desnudamento e exposição da MEC subendotelial, o que estimula a liberação de fatores neuro-humorais próximo ao local da lesão, como a endotelina (pelo endotélio), causando a vasoconstrição arteriolar reflexa. Essa vasoconstrição é transitória e tem o objetivo de diminuir o fluxo sanguíneo e a chegada de elemento figurado (ou diminuir sua velocidade) e, assim, evitar o agravo da lesão. As plaquetas que passam por aquele local, passam em velocidade menor e reconhecem a exposição (fator von Willebrand e colágeno exposto) e recrutam os outros elementos necessários para o tamponamento local - formação do tampão fibrinoplaquetário = trombo (massa sólida de células e moléculas que se forma na região de injúria vascularpara que ela consiga se reestabelecer). Com o reconhecimento do colágeno exposto e do fator von Willebrand (receptor GPIb), as plaquetas iniciam a primeira adesão plaquetária, em que há ativação e mudança morfológica plaquetária, mediada pela entrada de cálcio, a fim de aumentar a superfície de contato da plaqueta e aderir ao local de injúria e a outras plaquetas. Além disso, após ativação, os canalículos permitem a secreção de grânulos, com diversas substâncias, como ADP e TxA2. ADP liberado se liga a outras plaquetas, mobiliza Ca2, recruta mais plaquetas e promove mais agregação Hemostasia, Trombose e Embolia 6 plaquetária. Busca-se aumentar a agregação, a fim de tamponar a região e evitar/cessar o extravasamento sanguíneo. Além da agregação plaquetária por seus prolongamentos no estado ativados, há adesão por glicoproteína GPIb e fator von Willebrand e glicoproteína GPIIbIIIa e fibrinogênio (proveniente da cascata de coagulação). Formação do tampão plaquetário Plaqueta ativada, com seus prolongamentos, adere-se a outras plaquetas e secreta grânulos, com substâncias que recrutam mais plaquetas, a fim de estancar o sangramento ou evitar o agravamento da lesão. Conforme há agregação plaquetária, forma-se a agregação plaquetária/tampão plaquetário ou hemostático/hemostasia primária, que é formado somente por plaquetas. Hemostasia, Trombose e Embolia 7 Deposição de fibrina Após formação do tampão plaquetário, há sedimentação de plaquetas no local de lesão, através da deposição de fibrina. Quando há lesão endotelial, há exposição, além de colágeno e fator von Willebrand, de fator tecidual, o qual liga-se ao fator VII da cascata de coagulação. Como o fator tecidual é exposto somente no local da injúria, o organismo entende a necessidade de cascata de coagulação naquele local (formação de trombina, que quebra fibrinogênio → fibrina, que se polimeriza) e, portanto, há deposição de malha de fibrina no tampão plaquetário, formando o tampão fibrinoplaquetário (indissolúvel para o organismo fazer o reparo) = trombo → hemostasia secundária. obs.: é possível que haja captura de elementos figurados no trombo. Estabilização e reabsorção do tampão fibrinoplaquetário A partir do momento que esse trombo maduro sofre contração, ele se torna um tampão permanente. Tal fato não é interessante, pois pode gerar turbilhonamento e lesões. Por conta disso, há ativação de eventos antitrombóticos/fibrinólise, em que há dissolução do trombo. Uma vez que o reparo tecidual ocorreu, mecanismos contrarreguladores promovem a liberação de t-PA (fibrinólise; converte plasminogênio → plasmina, que degrada a rede de fibrina) e trombomodulina (bloqueia a cascata de coagulação; captura trombina, que não converte fibrinogênio em fibrina). Sistema fibrinolítico Hemostasia, Trombose e Embolia 8 Ativador do plasminogênio tecidual (t-PA, uroquinase (ativador plasminogênio) e trombomodulina. Todos convertem plaminogênio → plasmina, a qual degrada a rede de fibrina. Plasmina quebra ligações entre fibrinas da rede de fibrina, que libera os elementos figurados que estavam naquele tampão. Equilíbrio da hemostasia Se o sistema de formação de trombos (hemodinâmico, fator vascular, plaquetário e coagulação) se sobressai = TROMBOSE. Se o sistema de degradação de trombos (fibrinólise e inibidores anticoagulantes) se sobressai = HEMORRAGIA. Fisiologicamente, há um equilíbrio entre os sistemas. Hemostasia, Trombose e Embolia 9 Trombose Solidificação no sangue no leito vascular ou no interior das câmaras cardíacas em um indivíduo vivo. Formação de trombos em excesso. Patológico. Fatores pró-coagulantes > anti-coagulantes → sistema de formação de trombos de sobressai ao de degradação. TROMBO → é a massa sólida de sangue gerada pela coagulação sanguínea que pode se formar em qualquer território do sistema cardiovascular; fisiológico; indivíduos vivos; são friáveis e aderentes à parede do vaso ou do coração. COÁGULO → após a morte do indivíduo e por causa da parada da circulação sanguínea, o sangue forma coágulos; são elásticos, brilhantes e não aderentes. Trombos A formação de trombos envolve o processo de coagulação sanguínea e a atividade plaquetária, estando associada a 3 componentes: CLASSE TRÍADE DE VIRCHOW: LESÃO ENDOTELIAL CONSTANTE → HIPERCOLESTEROLEMIA, INFLAMAÇÃO FLUXO SANGUÍNEO ANORMAL → ESTASE (indivíduo em repouso por muito tempo, fibrilação atrial), TURBULÊNCIA (aterosclerose) HIPERCOAGULABILIDADE → HEREDITÁRIA (fator V de Leiden) ou ADQUIRIDA (câncer avançado) Na maioria dos casos, 2 ou 3 fatores estão implicados na formação de trombos. TIPOS DE TROMBOS: HEMOSTÁTICO → fisiológico; VENOSO → patológico; ocorre em locais de estase sanguínea (flebotrombose); dificilmente oclusivo; VEIAS SUPERFICIAIS → ocorrem dilatações varicosas das veias safenas e raramente embolizam; VV. PRODUNFAS → causam embolia pulmonar e consequentemente infarto pulmonar, associada com hipercoagulabilidade. Podem causar congestão e edema dolorosos, tendência de embolizar para os pulmões. ARTERIAL → patológico; ocorrem em locais de turbulência ou de lesão endotelial; frequentemente oclusivos; localização mais comuns são coronárias, cerebrais e femorais; PRINCIPAL CAUSA → aterosclerose. Trombos murais no coração e na a. aorta são propensos à embolização. Cérebro, baço e rins são os órgãos mais acometidos devido ao seu grande suprimento sanguíneo. Podem embolizar e causar infartos a jusante. Trombos são focalmente fixados na superfície vascular (ponto de iniciação). A partir desse ponto, trombos arteriais crescem em sentido retrógrado e trombos venosos crescem em sentido do fluxo sanguíneo. A parte em crescimento Hemostasia, Trombose e Embolia 10 está, em geral, menos firmemente ligada à parede e, portanto, propensa à fragmentação e embolização (formação de êmbolos). Trombo vs Coágulo Trombo vermelho e branco TROMBO VERMELHO → estase sanguínea (sistema venoso - pouca circulação e grande encontro de elementos sanguíneos); fibrina + plaquetas + hemácias; TROMBO BRANCO → microcirculação; fibrina + plaquetas. Evolução dos trombos TROMBOS PODEM: PROPAGAR → trombos venosos e arteriais; DISSOLUÇÃO; EMBOLIZAÇÃO → fragmentam-se e formam êmbolos sólidos; ORGANIZAÇÃO → não é dissolvido e é absorvido pelo vaso; RECANALIZAÇÃO → parte do trombo são degradas para restaurar o fluxo sanguíneo. Hemostasia, Trombose e Embolia 11 Embolia Obstrução de um vaso sanguíneo ou linfático por um corpo sólido (trombos), líquido (óleos) ou gasoso (descompressões muito rápidas) em circulação e que não se mistura com o sangue ou linfa. obs.: TROMBOSE VENOSA PROFUNDA → por conta de baixa velocidade no fluxo sanguíneo, fatores pró-coagulantes sanguíneos promovem a formação de trombos em veias profundas, os quais podem se fragmentar e formar êmbolos sólidos (pode gerar embolia pulmonar - perda de respiração, dor repentina e aguda no peito, aturdimento ou tontura, batimentos cardíacos acelerados ou irregulares, tosse com sangue) SINTOMAS → inchaço da perna ou da vida, dor e sensibilidade na área, aquecimento da pele, pele avermelhada ou descolorida. PREVENÇÃO → caminhar, meias para compressão e anticoagulante. Veia profunda
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