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FISIOPATOLOGIA DA NEURALGIA DO TRIGÊMEO

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ALÍCIA ROCHA SIQUEIRA BARROSO 
GEÓRGIA FREITAS CAFÉ 
FRANCISCO WILLAME DA SILVA 
JOÃO VICTOR DE OLIVEIRA FARIAS 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO 
 A neuralgia do trigêmeo é a mais comum enfermidade dentre as 
neuralgias faciais e uma das principais condições relatadas como causadoras 
de dores intensas e ininterruptas, podendo ocasionar significativa morbidade. 
Sabe-se que o conhecimento anatômico e funcional do nervo trigêmeo, bem 
como dos aspectos fisiopatológicos, ainda inespecíficos, envolvendo sinais e 
sintomas da neuralgia trigeminal, são indispensáveis para o diagnóstico correto 
e tratamento adequado. O diagnóstico é eminentemente clínico, com base em 
uma anamnese minuciosa e exclusão de possíveis diagnósticos diferenciais. O 
tratamento varia entre clínico ou medicamentoso e cirúrgico, correspondendo o 
clínico à primeira escolha por ser menos invasiva. Assim, ressalta-se a 
importância da sensibilidade e experiência do profissional no atendimento e 
detecção dessa afecção, visto que a imprecisão diagnóstica implica em um 
tratamento ineficaz com prognóstico desfavorável. 
PALAVRAS - CHAVE: Dor facial; Nervo trigêmeo; Neuralgia do trigêmeo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
A neuralgia do trigêmeo, também chamada de prosopalgia dolorosa, 
compreende uma patologia crônica que envolve condições associadas a dor 
aguda, intensa e incessante originado por processo patológico no nervo 
trigêmeo, V par de nervo craniano. Trata-se de um nervo fibras sensitivas e 
fibras motoras. Este é responsável pela sensibilidade proprioceptiva, a qual o 
indivíduo consegue ter percepções de movimento, localização espacial do 
corpo, posição e orientação, por exemplo. Além da percepção dolorosa, de tato 
e temperatura na região da face. Ademais, inerva os músculos da mastigação. 
(BORBOLATO e AMBIEL, 2009) 
 Na área da medicina, foi descrita como uma das dores de nível mais 
grave e insuportável. O índice de ocorrência é mais presente em mulheres e 
com idade acima de 60 anos, por estar associado aos processos degenerativos 
decorrentes do envelhecimento. Há maior incidência de sintomatologia no lado 
direito da face, envolvendo três ramos do nervo trigêmeo. São esses o ramo 
mandibular, mais afetado e emerge do forame oval, o ramo maxilar que emerge 
do forame redondo e está em segunda posição na escala de maior incidência, 
além do ramo oftálmico que é o menos atingido. (BORBOLATO e AMBIEL, 
2009) 
Não foi definido de forma concreta um fator etiológico que origina a 
patologia, porém, a etiologia mais aceita está por lesão e impacto da 
compressão do nervo por vasos periféricos, geralmente artérias e degeneração 
advinda do processo de envelhecimento. Existem outras causas estudadas, 
como esclerose múltipla, aneurisma, histórico familiar e comprometimento dos 
alvéolos após uma extração dentária. (FRIZZO e VERONESE, 2004) (LUNA, 
2010) 
É uma doença sintomática, com sensação de queimação, pulsação ou 
choque elétrico na face. Sua crise é de curta duração, variando de segundos 
até minutos. No entanto, a frequência com que ocorre e sua severidade são 
bastante variáveis. O diagnóstico pode ser realizado com observação dos 
sintomas relatados pelo paciente, entre eles está a prostração e principalmente 
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a dor. É comum observar uma reação bem frequente da mobilização das mãos 
em direção à face, isso acontece porque o paciente tem a expectativa e 
esperança de novos quadros não se repetirem se o fizer. É importante salientar 
que devido a doença afetar uma região comum à odontologia, muitos afetados 
vão em busca de um cirurgião-dentista para o diagnóstico, cabe ao profissional 
saber direcionar de forma correta o paciente, assim evitando sofrimento 
desnecessário do mesmo. Uma atitude bastante comum é o abandono de 
escovação dos dentes, lavar ou barbear a zona de gatilho, uma zona ao redor 
do nariz e próxima aos lábios. Essa área, após um episódio de crise não 
desencadeia um processo doloroso novamente na região por certo tempo, 
mesmo existindo estímulos, chama-se esse momento de período refratário. 
(BORBOLATO e AMBIEL, 2009) (FRIZZO e VERONESE, 2004) 
O tratamento consiste e pode ser realizado de forma medicamentosa e 
cirúrgica. A primeira consiste em uso de método por aplicação de 
medicamentos não invasivos que atuam como anticonvulsivantes, agem 
impedindo a condução do impulso nervoso aferente, dessa forma, bloqueando 
a percepção dolorosa, exemplos deles são à base de carbamazepina com 
consumo variando de 100mg/dia podendo chegar a 1600mg/dia com intervalo 
de 8 em 8 horas. Outros exemplos são difenilhidantoína, baclofeno, 
propoxifeno, clonazepam e levomepromazina. A segunda é utilizada em casos 
que houve ineficácia do tratamento medicamentoso ou em crises muito 
intensas. O procedimento cirúrgico apresenta resultado positivo e de sucesso 
de 70 a 85% dos casos. Cirurgias mais comuns são de microdescompressão 
vascular, a qual envolve craniotomia para realizar a separação do vaso 
sanguíneo que está comprimindo um dos ramos do nervo trigêmeo, até 
variando às mais diversas como alcoolização dos ramos periféricos, 
eletrocoagulação percutânea e termocoagulação por radiofrequência. (FRIZZO 
e VERONESE, 2004), (LUNA, 2010), (BORBOLATO e AMBIEL, 2009) 
 
 
 
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2 OBJETIVOS 
2.1 OBJETIVOS GERAIS 
Realizar uma revisão da literatura sobre Neuralgia Do Trigêmeo (NT) e a 
importância de sua identificação pelo cirurgião-dentista. 
2.2 OBJEITVOS ESPECÍFICOS 
 
 Estudar os aspectos fisiopatológicos da NT; 
 Identificar hipóteses etiológicas; 
 Correlacionar aspectos anatômicos do nervo trigêmeo a 
sintomatologia apresentada; 
 Explorar métodos de diagnóstico clínico; 
 Verificar na literatura os tipos de tratamento propostos, 
medicamentoso e/ou cirúrgico; 
 Propor terapêuticas alternativas e conservadoras para NT; 
 Orientar os dentistas sobre a abordagem clínica desses 
pacientes; 
 
 
 
 
 
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3 JUSTIFICATIVA 
A neuralgia do trigêmeo é uma doença cuja principal e mais preocupante 
sintomatologia é a dor intensa e intermitente, sob esse viés o conhecimento de 
todo o processo fisiopatológico construído através do estudo aprofundado da 
atividade normal do nervo trigêmeo, identificação das anormalidades em sua 
anatomia e consequentemente em seu funcionamento adequado, bem como o 
entendimento da natureza dessas alterações advindas da patologia pode e 
deve auxiliar o profissional no diagnóstico adequado ,a fim de ser estabelecida 
o tratamento diante da urgência em cessar a condição álgica insustentável. 
Em síntese, essa enfermidade não possui uma etiologia concreta, os 
seus mecanismos fisiopatológicos ainda são limitados deixando evidente a 
necessidade de maiores esclarecimentos a respeito dessa temática. A presente 
revisão de literatura se faz necessária mediante a exigência de maior 
compreensão fisiológica e patológica pelo cirurgião dentista, estabelecimento 
de diagnóstico, métodos terapêuticos apropriados e aspectos epidemiológicos, 
os quais podem ocasionar o quadro clínico da neuralgia do trigêmeo (NT). 
 
 
 
 
 
 
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4 METODOLOGIA 
O presente estudo teve como método de pesquisa uma busca de artigos 
com o intuito de fazer uma revisão ampla de literatura, em artigos, livros e 
revistas. A pesquisa foi realizada em sites de busca de artigos científicos 
publicados nos últimos 20 anos, em sites como Scielo, Google Acadêmico, 
Biblioteca Virtual de Saúde utilizando os seguintes descritores em Saúde: Dor 
facial, Nervo trigêmeo; Neuralgia do trigêmeo. Além disso, foram incluídos na 
pesquisa, livros, dissertações e teses que apresentaram informações 
pertinentes a pesquisa em seu conceito mais amplo, assim correlacionando o 
conhecimento do assunto abordado ao decorrer do estudo. 
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5 RESULTADOS E DISCUSSÕESDe acordo com a metodologia proposta, foram incluídos nesta pesquisa 
07 artigos categorizados por ano e por aspecto predominante. 
A concepção fisiopatológica da NT auxilia no diagnóstico preciso e 
tratamento eficaz, porém existem desconhecimento dos parâmetros 
relacionados a sua causa específica que possibilite sua detecção. Sabe-se que 
o nervo trigêmeo possui duas raízes destacando-se como sensitivas e motoras, 
o mesmo se ramifica em nervo oftálmico, maxilar e mandibular e todas essas 
vias de raízes e ramificações destinam-se a conduzir estímulos à diversas 
regiões da face. Quando esse nervo é acometido por uma lesão, compressão, 
infecções, degenerações de maneira persistente na sua estrutura anatômica, 
desencadeia-se um processo patológico caracterizado por dores intensas e 
incessantes a neuralgia do trigêmeo (NT). (FRIZZO e VERONESE, 2004) 
É consenso entre os autores que a neuralgia do trigêmeo ainda possui 
etiologia específica desconhecida, destacando essa doença como sendo 
multifatorial. Então diversas são as hipóteses etiológicas associada a ela, 
classificadas em primária/idiopática como compressão do nervo por vasos 
periféricos (atrito neurovascular) ou secundária/sintomática causado por 
compressão tumoral; traumas em áreas da face inervadas por raízes sensitivas 
e motoras, havendo rompimento na estrutura do nervo; reabsorção óssea do 
rebordo da mandíbula, promovendo a exposição de um dos nervos do ramo 
mandibular; casos de degenerações nervosas advindas do envelhecimento, o 
que causa desmielinização e consequentemente hipersensibilidade; esclerose 
múltipla; aneurismas; infecções virais; variações anatômicas dos ossos do 
crânio; comprometimento alveolar pós extração dentária; tratamento incorreto 
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de traumatismos faciais; entre outros. (CAMPOLONGO e NOSÉ, 2001) (LUNA, 
2010) (QUESADA, 2005) 
Toda a estruturação anatômica do nervo trigêmeo está intimamente 
ligada a sintomatologia apresentada por um indivíduo acometido pela NT, 
partindo desse pressuposto toda e qualquer variação na integridade dessa 
estrutura nervosa, determina os sinais de sintomas da doença, a qual 
caracteriza-se principalmente por alterações álgicas orofaciais extremas. A 
compreensão anatômica é a base para um diagnóstico seguro. (LUNA, 2010) 
O diagnóstico é feito através de exames clínicos, com base em uma 
anamnese criteriosa, a fim de obter informações claras a respeito da 
sintomatologia referida pelo paciente; exames complementares (radiografias, 
tomografias, etc); exames físicos e principalmente a análise comportamental do 
indivíduo, visto que existem características específicas demonstradas durante 
as crises álgicas. Destacando-se semblante preocupado ou nervosismos, 
ausência de conversação, em reposta a dor leva as mãos as laterais da face 
com o intuito de impedir ou diminuir a intensidade da crise, também pode ser 
analisada alguns aspectos como desidratação, escovação inadequada, perda 
de peso e entre outras coisas é de suma importância o acompanhamento do 
profissional na evolução da dor, bem como da identificação de seu local ou 
zona de gatilho. Existe a necessidade de cessar os sintomas da neuralgia do 
trigêmeo o mais rapidamente possível, o diagnóstico precisa ser eficiente, 
dessa forma evitando submeter o paciente a procedimentos desnecessários. 
(FRIZZO e VERONESE, 2004) (LUNA, 2010) 
Existem dois tipos de tratamentos para NT, são eles o tratamento clínico 
medicamentoso e/ou cirúrgico. Inicialmente prioriza-se o tratamento 
medicamentoso por não ser de caráter invasivo, são utilizados fármacos 
anticonvulsivantes como a carbamazepina que atua inibindo a condução do 
estímulo elétrico ao sistema nervoso central (SNC), assim o potencial de ação 
celular não se inicia com frequência devido a acentuada inativação dos canais 
de sódio e o estímulo doloroso não é processado. Entre outras drogas que 
agem com eficiência estão o baclofem (antiespasmódico) que possui seu 
mecanismo de ação voltada a deflagrar o estímulo excitatório, decorrente da 
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dor; fenitoína, a qual é ministrada em conjunto com a carbamazepina, por não 
ter eficiência a longo prazo; dentre outras. O tratamento cirúrgico por sua vez é 
realizado em casos, nos quais a intervenção medicamentosa não obteve 
sucesso e principalmente nos casos de traumas. São realizados técnicas como 
descompressão neurovascular (realização de craniotomia), alcoolização 
periférica (ingestão de álcool nos ramos periféricos), rizotomia por 
radiofrequência, compressão com balão e rizotomia com glicerol (acontece a 
destruição das fibras nervosas lesadas por termocoagulação ou por aplicação 
de substância toxica como glicerol). (BORBOLATO e AMBIEL, 2009) 
(QUESADA, 2005) 
Os métodos terapêuticos adequados são propostos visando 
reestabelecer a homeostase corporal com foco principalmente clínica devido a 
urgência em controlar as alterações álgicas insustentáveis. Dessa forma, a 
abordagem clínica feita pelo profissional dentista deve ser minuciosa, 
observando todos os sinais comportamentais, correlacionando os sintomas 
referidos, bem como a detecção do foco inicial da dor, possibilitando o 
estabelecimento do diagnóstico, tratamento mais eficiente ou encaminhamento 
a um profissional capacitado. (BORBOLATO e AMBIEL, 2009) (FRIZZO e 
VERONESE, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
FRIZZO, Helitana Mara; VERONESE, R. M. Neuralgia do trigêmeo: revisão 
bibliográfica analítica/Trigeminal neuralgia: na analythic review of the 
literature. Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, v. 4, n. 
4, p. 212-217, 2004. 
BORBOLATO, Rodrigo Martini; AMBIEL, Celia Regina. Neuralgia do Trigêmeo: 
Aspectos importantes na clínica odontológica. Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 2, p. 
201-208, 2009. 
LUNA, Eloá Borges et al. Aspectos anatômicos e patológicos da neuralgia do 
trigêmeo: uma revisão da literatura para estudantes e profissionais da saúde= 
Anatomic and pathologic aspects of the trigeminal neuralgia: a literature review 
for students and health professionals. Bioscience Journal, v. 26, n. 4, 2010. 
CAMPOLONGO, Gabriel Denser; NOSÉ, André Ricardo. Tratamento 
medicamentoso da neuralgia do trigêmeo. Rev. Odontol, v. 1, n. 1, p. 14-17, 
2001 
QUESADA, Gustavo Adolfo Terra et al. Neuralgia Trigeminal-do diagnóstico ao 
tratamento. Revista Dentísfica on line, v. 5, n. 11, 2005.

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