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5MEDD - EBOOK GESTÃO TRIBUTÁRIA UNIFBV/ESTACIO

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MERCADO DE
CAPITAIS
MERCADO DE CAPITAIS
Apresentação
Os conteúdos a seguir evidenciarão que o mercado de capitais é 
parte integrante do sistema financeiro, uma estrutura vital para 
o funcionamento da economia. O mercado de capitais possibilita 
a circulação e transferência dos recursos financeiros gerados e 
poupados no sistema, de maneira ágil e não onerosa, para que 
investidores possam aplicar o dinheiro excedente em negócios que 
gerem lucro, emprego e renda. 
Entre as diferentes esferas do sistema financeiro, esta disciplina 
mostrará como funciona a economia, em sua dimensão monetária. 
Compreender a evolução da moeda (e também os conceitos de 
liquidez, taxas de juros etc.) e sua importância para as trocas é essencial 
para analisar o funcionamento do mercado financeiro e de capitais. 
Depois, passaremos para uma caracterização geral do mercado 
financeiro com suas instituições e principais agentes. A seguir, serão 
apresentadas as ferramentas de análise mais comuns empregadas 
no mercado de capitais, também chamado de renda variável. Por 
fim, serão abordadas questões relativas ao sistema financeiro 
internacional e sua relação com as políticas macroeconômicas, além 
da governança corporativa, como ferramenta fundamental para a 
transparência e o bom funcionamento do mercado de capitais.
MERCADO DE CAPITAIS
Introdução
A origem da moeda
Nesta unidade serão discutidas as seguintes questões relacionadas à 
economia monetária: o conceito de moeda; os fundamentos da sua 
existência, dentro de um sistema econômico e as principais funções 
desempenhadas pela moeda, na economia de mercado, com base 
em trocas indiretas de mercadorias.
O sistema monetário exerce papel crucial em nossas vidas, pois o 
processo de compra e venda de bens e serviços está pautado em 
uma convenção social, organizada justamente no conceito de moeda. 
Assim, ao conhecê-lo, entenderemos melhor como funcionam os 
mercados, em especial, o mercado de capitais.
MERCADO DE CAPITAIS
A origem da moeda e os meios de pagamento: 
unidade de conta e reserva de valor
Tudo aquilo que conhecemos hoje como “dinheiro” ou “moeda” faz parte de uma realidade 
bastante natural, mas nem sempre foi assim. Antes da instituição do dinheiro, em um 
momento histórico relativamente recente, diversas necessidades eram solucionadas 
mediante a troca direta de bens entre as pessoas, isto é, mercadoria por mercadoria, em 
um sistema denominado “escambo”. Com a evolução da sociedade, o desenvolvimento 
das estruturas socioeconômicas e o aumento da sua complexidade, precisou-se de um 
denominador comum que garantisse mais agilidade às trocas e resolvesse a indivisibilidade 
e não coincidência de necessidades - dois problemas típicos do sistema de escambo. 
Tome como exemplo uma estrutura de mercado simples, constituída apenas por dois 
agentes econômicos que realizam trocas entre si: eu e meu vizinho. Nós inicialmente 
satisfazemos nossas necessidades mediante trocas: eu atendo à dele de se vestir, 
fornecendo-lhe minha produção de roupas; e ele faz o mesmo comigo, em relação ao 
alimento que preciso, fornecendo-me carne, sob a forma de um boi de seu pequeno 
rebanho, a cada período. Em um determinado ponto, a carne que meu vizinho tinha para 
trocar não é mais o bastante para mim, pois agora anseio por peixe (não coincidência de 
necessidades) ou ainda quero consumir carne, mas menos do que antes – ao invés de um 
boi, quero apenas meio boi; a outra metade precisará ser destinada a outros consumidores 
(indivisibilidade dos bens).
MERCADO DE CAPITAIS
A moeda surge então para suprir essa necessidade de um denominador comum entre as 
mercadorias, dando um novo sentido ao sistema: na medida em que potencializa as trocas 
econômicas, tornando-as mais eficientes, ela acaba possibilitando o desenvolvimento da 
economia de mercado tal como conhecemos hoje, ampliando (e sofisticando) o conceito 
de moeda para um “conjunto de ativos da economia que as pessoas usam regularmente 
para comprar bens e serviços de outras pessoas” (MANKIW, 2015, p. 592).
Atualmente, a moeda desempenha três funções básicas na economia: meio de troca, 
unidade de conta e reserva de valor. 
A primeira função, meio de troca, refere-se ao denominador comum que é a moeda em 
si, sendo aceita pela coletividade e aplicada em transações de compra e venda de bens e 
serviços e liquidação de dívidas. 
A segunda função, unidade de conta, relaciona-se ao cálculo do valor dos bens, ou seja, 
o preço das coisas. Os bens devem ser reduzidos a um valor monetário comum, a partir 
do qual será possível aos compradores e vendedores, após compará-lo, realizar as 
transações.
Por fim, a função denominada reserva de valor está relacionada à criação e manutenção 
de riqueza, ou seja, à constituição de patrimônio sob a forma de moeda.
Outro aspecto importante, relacionado ao conceito de moeda, é o da liquidez, que se 
refere ao grau de facilidade/rapidez com o qual um ativo se transforma em meio de 
troca, podendo haver ativos mais ou menos líquidos. Por exemplo, uma carteira de 
ações é mais líquida do que um imóvel, pois pode ser mais rapidamente transformada 
em meio de troca. 
A moeda é o ativo mais líquido, porém está sujeita à sua própria desvalorização perante 
os outros bens, caracterizando o fenômeno da inflação. Essa relação entre a moeda e o 
aumento do nível geral de preços mostra sua ação na economia como um todo e em seus 
diversos mercados, inclusive o financeiro e de capitais.
Meio de troca Unidade de conta Reserva de valor
Aquilo que pessoas que 
querem comprar dão a 
quem está vendendo algo. 
A forma pela qual a troca 
se realiza.
Uma medida comum 
entre os diversos bens a 
partir da qual os preços 
são fixados e as dívidas 
calculadas.
Criação de riqueza e patri-
mônio. Poder de compra 
que não se realiza de 
imediato e é postergado.
MERCADO DE CAPITAIS
Portanto, do ponto de vista econômico, o conceito de moeda possui uma definição mais 
específica. Não se trata apenas de possuir riqueza. O dinheiro que temos (cada vez mais 
em saldos de cartão de débito/crédito do que na carteira), não possui valor em si, mas 
seu valor está relacionado ao potencial de comprar um lanche, um tênis ou uma viagem. 
Ou seja, a moeda funciona como meio de obtenção daquilo que precisamos/desejamos.
Nesse sentido, possuir um ativo de grande valor como imóveis, ações ou uma empresa 
pode torná-lo uma pessoa rica, porém esses ativos não podem ser usados para comprar 
bens e serviços imediatos. Assim, a moeda seria o ativo mais adequado porque é aceito 
por todas as lanchonetes, lojas de roupa e agências de viagens.
É evidente, portanto, o papel da moeda como mediadora do funcionamento do 
sistema econômico baseado em troca indireta (não mais escambo) de mercadorias 
– bens e serviços.
Devido à sua importância, a quantidade de moeda em uma economia influencia todas 
as variáveis econômicas mais básicas, tais como o nível de emprego, produção de bens e 
serviços, inflação e taxa de juros, e produz efeitos em todos os mercados, em especial o 
mercado financeiro e de capitais: 
Deduziremos assim de forma simples, a inevitabilidade da moeda para o 
bom funcionamento de uma economia de trocas, assim como suas muitas 
MERCADO DE CAPITAIS
vantagens e sua crescente importância na evolução econômica das 
nações. (LOPES; ROSSETTI, 1992, p. 15). 
Por fim, devemos destacar dois atores fundamentais nesse cenário: o sistema bancário, e 
sua participação no processo de criação da moeda, e o governo federal, especialmente, 
com seu controle da quantidade de moeda em circulação em uma economia.
Você aprendeu sobre a origem da moeda e os meios de pagamento, as funções da 
moeda, unidade de conta e unidade de valor. Para complementar seu aprendizado, realize 
as atividades que acompanham esta aula. 
MERCADO DE CAPITAIS
Introdução
A evolução da moeda: a moeda bancária
Nesta unidade você aprenderá sobre os conceitos mais básicos de 
economia monetária. Já vimos na Unidade 1 umamenção inicial 
sobre o nascimento do conceito de moeda como solução às restrições 
estruturais (indivisibilidade e não coincidência de necessidades) 
existentes no sistema mais primitivo de escambo, característico dos 
primeiros agrupamentos humanos organizados.
Nesta unidade, daremos continuidade a esse relato, apresentando 
a evolução da moeda ao longo da sua história, percorrendo os 
seus diversos estágios, desde a já mencionada troca direta, a 
moeda como mercadoria, até a sua utilização denominada moeda 
fiduciária, chegando finalmente aos conceitos de moeda bancária e 
moeda escritural.
A moeda bancária e escritural, foco desta aula, está associada 
à evolução do sistema bancário e à necessidade de guardar e 
transferir o dinheiro com mais agilidade e segurança em transações 
econômicas caracterizadas agora por cédulas de papel, depósitos 
bancários (transformados em dinheiro), pagamentos com cartões e 
transferências monetárias via internet.
MERCADO DE CAPITAIS
A evolução histórica das moedas fiduciária, 
bancária e escritural
À medida que a organização socioeconômica foi se sofisticando, as transações econômicas 
evoluíram de um padrão baseado em troca direta de mercadorias - o escambo dos 
primórdios das civilizações, para operações indiretas por meio de um denominador 
comum, a moeda.
Contudo, a moeda de então era diferente da que conhecemos hoje. A moeda-mercadoria, 
representada por metais preciosos, como ouro e prata, além de funcionar como unidade 
de medida dos bens e serviços a serem transacionados e trocados, possuía também um 
valor intrínseco, isto é, um valor da própria mercadoria em si.
O ouro, especialmente, possuía as qualidades ideais para funcionar como moeda nas 
transações de troca: durabilidade (não perecível); mobilidade: estar onde a transação 
acontecia; divisibilidade: facilitar os pagamentos (um problema comum do escambo); 
homogeneidade: equiparar as unidades; e disponibilidade limitada: preservar seu valor 
justamente por não ser abundante.
Para facilitar ainda mais, ourives e comerciantes passaram a oferecer um serviço de 
guarda de metais preciosos, mediante a emissão de recibos de custódia, com os quais 
MERCADO DE CAPITAIS
se poderia realizar as transações sem ter de carregá-los consigo. O papel-moeda era 
conversível em ouro, emitido de maneira proporcional à quantidade de ouro armazenada 
com os custodiantes e se baseava no “padrão ouro”, que é o modo de operação de uma 
economia que usa “ouro como moeda (ou usa papel que seja conversível em ouro à 
vista)” (MANKIW, 2015, p. 593).
Baseado estritamente em confiança, esse sistema de emissão de papéis representativos 
do metal passou a ser cada vez mais aceito em uma troca e sobrepujou a troca com o 
ouro propriamente dito. Assim, a emissão de papel-moeda com lastro em ouro crescia 
junto com a confiança das pessoas no novo padrão, a partir do entendimento de que era 
possível reutilizar o mesmo papel para adquirir outros bens e serviços.
Contudo, com o aumento das transações, a emissão de papel-moeda passou a superar 
o estoque de ouro, além do que, ao depositar o metal com os custodiantes, a maioria 
das pessoas não solicitava reconversão na mesma proporção do papel-moeda emitido. 
Assim, surgiu a moeda fiduciária. Do verbo fidere do latim, “fidúcia” significa confiar. Então, 
a moeda fiduciária era o papel-moeda ou moedas metálicas sem lastro em ouro, isto é, 
não se podia (pelo menos não integralmente, como antes) ir a um depósito e trocar os 
papéis por barras de ouro.
O sistema baseado em moeda fiduciária completa sua evolução quando os governos 
tomam o lugar dos comerciantes e ourives como únicos emissores de papel-moeda, 
passando a controlar a oferta de moeda ao instituir o “curso forçado”, por decreto 
garantido por disposições legais, mas sem valor intrínseco.
MERCADO DE CAPITAIS
Apesar do controle governamental da moeda, sua plena eficácia ainda dependia 
da confiança da sociedade, das convenções sociais e das expectativas de ser aceita 
normalmente nas transações. Assim, com a evolução do sistema econômico, desenvolveu-
se a moeda bancária e escritural, que transformou os recursos financeiros em depósitos 
bancários movimentados por meio da emissão de cheques ou de créditos/débitos em 
cartões, o chamado “dinheiro de plástico”.
Com isso, a maior parte do papel-moeda existente na economia deixa de circular 
fisicamente e passa a ser movimentada mediante a emissão de títulos, e os cheques 
passam a funcionar como meio de troca válido. Os bancos, portanto, ao administrar 
depósitos e saques de seus correntistas, assumem um papel importante na criação e 
circulação da moeda, como veremos adiante.
A moeda bancária é também denominada moeda invisível pelo fato de 
não ter existência física; e é escritural, por corresponder a lançamentos 
a débito e crédito, registrados nas contas correntes dos bancos. (LOPES; 
ROSSETTI, 1992, p. 34).
 A efetividade da moeda bancária também depende da confiança no bom funcionamento 
da economia e na competência do governo em geri-la e da aceitação da sociedade para 
sua plena utilização, bem como da confiança dos agentes econômicos na solidez do 
sistema bancário. 
 
Moeda
Bancária: 
Moeda
Papel:
Moeda
Fiduciária : 
 
De emissão sem 
lastro integral, 
controlada pelo 
governo, com suporte 
legal. Moeda legal ou 
de curso forçado.
Seu valor intrínseco 
depende do valor 
do bem que ela 
representa, e no 
qual está lastreada.
Moeda representada 
por depósitos 
bancários. Realização 
de pagamentos por 
meio da emissão de 
cheques ou créditos/
débitos de cartões 
bancários.
MERCADO DE CAPITAIS
Nesta unidade você acompanhou a evolução histórica da moeda desde a troca direta; 
passando pela moeda-papel, que representava o metal; o papel-moeda, baseado na 
confiança e aceitação geral das pessoas em sua eficiência nas transações econômicas; 
até a moeda dos dias de hoje, com destaque especial para as duas modalidades mais 
importantes dessa evolução: a moeda fiduciária e a moeda bancária e escritural. Para 
complementar seu aprendizado, faça as atividades desta aula. !
MERCADO DE CAPITAIS
Introdução
Introdução ao sistema financeiro: conceitos 
iniciais
Nesta unidade, abordaremos dois conceitos fundamentais para 
compreender o funcionamento do mercado financeiro: liquidez e taxa 
de juros.
Também vamos entender o conceito de “quase-moeda”, que surge 
com a evolução e sofisticação do uso da moeda como meio de troca. 
Moeda e quase-moeda são ativos financeiros que costumam ser 
agregados segundo critérios associados à liquidez. 
Por fim, a partir de uma perspectiva mais macro - considerando a 
economia como um todo -, exploraremos o conceito de agregados 
monetários, que são a própria quantidade de moeda circulando 
na economia. 
MERCADO DE CAPITAIS
Liquidez e taxa de juros: quase-moeda e 
agregados monetários no Brasil
A liquidez da moeda se refere ao grau de facilidade/rapidez com o qual um ativo se 
transforma em meio de troca. A liquidez de cada ativo é considerada ao decidir 
investimentos para aumentar ou manter riqueza. 
A moeda é o ativo mais líquido, porém está sujeita à sua própria desvalorização perante 
outros bens (inflação), sendo, portanto, limitada como reserva de valor e manutenção do 
poder de compra. Já os ativos menos líquidos, como ações e imóveis, podem funcionar 
melhor como reserva de valor (desde que bons ativos sejam adquiridos – assunto que 
será comentado mais à frente).
A taxa de juros é o preço que agentes superavitários, isto é, agentes econômicos que, 
em determinado momento, possuem uma sobra de recursos, emprestam seus recursos 
excedentes a agentes deficitários, aqueles que carecem de recursos, a um determinado 
valor. Ao aceitar, o agente deficitário renuncia ao uso desse recurso no presente e, em 
troca, os superavitários fazem jus a uma compensação, isto é, esperam receber no futuro 
os recursos emprestados, acrescidos de um percentual sobre eles. Esse percentual, mais 
o risco de o empréstimonão ser pago, compõem a taxa de juros. A taxa de juros está 
relacionada ao processo de financiamento da economia, à moeda a aos bancos. 
MERCADO DE CAPITAIS
O sistema financeiro é o mecanismo de transferência de recursos dos agentes superavitários 
aos agentes deficitários. 
Nesse processo de financiamento da economia, quem tem dinheiro sobrando (agentes 
superavitários) empresta para quem está com dinheiro faltando (agentes deficitários), a 
partir de um mecanismo de transferência, representado pelo mercado financeiro, do qual 
destacam-se os bancos. Ao atuar como intermediários financeiros, os bancos emitem 
títulos no mercado (CDB, Letras de Câmbio etc.) e captam, por meio dessa emissão, 
recursos junto ao público, que poderão ser ofertados aos setores privado e público. 
Ou seja, os bancos pagam juros pelos recursos depositados e depois financiam 
gastos de consumo e investimento (formação de capital) para famílias, empresas e 
governo. O lucro vem da cobrança de seus serviços como guardadores, remuneradores, 
emprestadores e transferidores de dinheiro (pagamento de contas e transferência de 
recursos entre agentes econômicos), por meio de tarifas e, também, no caso de captação 
e empréstimo, do diferencial de juros (os juros de captação devem ser menores que os 
juros de empréstimos).
Os excedentes de renda, sob a forma de unidades familiares, das empresas 
e do governo, são canalizados ao sistema financeiro que intermedeia 
esses recursos, destinando-os ao financiamento de consumo das unidades 
familiares, do capital de giro das empresas, e da formação de capital das 
empresas e do governo. (LOPES; ROSSETTI, 1992, p. 43). 
Os agregados monetários são os ativos financeiros da economia, classificados 
de acordo com seu nível de liquidez, sendo que a moeda em poder do público ou 
depositada nos bancos (depósitos à vista) é o ativo mais líquido, e os menos líquidos são 
aqueles que sofrem algum tipo de remuneração (depósitos a prazo, como poupança). 
Como desempenham apenas algumas funções monetárias, esses ativos são também 
chamados de quase-moeda.
Além do papel moeda, existe também a moeda bancária, representada pelos depósitos 
bancários: depósitos à vista, com disponibilidade (liquidez) imediata; depósitos de 
poupança, com uma menor disponibilidade; e depósitos a prazo, fundos a prazo fixo, 
que podem ser disponibilizados mediante uma série de penalizações, o que diminui 
sua liquidez.
Moeda em poder 
do público
Depósitos de 
poupança Depósitos a prazo
Papel moeda e depósitos 
à vista nos bancos - maior 
liquidez.
Depósitos com baixa 
remuneração e relativa 
facilidade de resgate - li-
quidez mediana.
Depósitos a prazo fixo, 
com regras de punição 
para resgates antes do 
prazo - menor liquidez.
MERCADO DE CAPITAIS
Os agregados monetários (ou base monetária) são classificados de acordo com o grau 
de liquidez, em uma escala de M1 a M4, sendo M1 o mais líquido.
Especificamente no contexto brasileiro, o Banco Central (BC) classifica esses agregados 
monetários de duas formas: uma restrita, que enquadra somente o M1, representado pela 
soma do papel moeda em poder do público, mais os depósitos à vista no sistema bancário; 
e uma ampla, que engloba a soma de todas as faixas de agregados monetários, a saber:
M2 - composto pelo M1 + títulos emitidos por instituições depositárias (CDB e CDI), depósitos 
de poupança e depósitos especiais remunerados.
M3 - composto pelo M2 + fundos de renda fixa e operações compromissadas registradas 
no sistema Selic.
M4 - composto pelo M3 + todos os títulos públicos de alta liquidez.
A ilustração a seguir mostra a composição da classificação das faixas de liquidez dos 
agregados monetários:
Em uma economia complexa como a brasileira, não é simples diferenciar o que é ou 
não moeda. A própria metodologia de classificação do Banco Central sofre alterações e 
atualizações periódicas, para acompanhar a evolução da economia monetária ao longo 
do tempo. Mais do que conhecer em detalhe as diferenças de composição dos agregados 
monetários, o essencial é saber que o estoque de moeda de determinada economia 
inclui a moeda em circulação (cédulas e moedas) e os depósitos bancários, que também 
podem, em maior ou menor grau, ser utilizados para aquisição de bens e serviços.
M4
M3
M2
M1
MERCADO DE CAPITAIS
 
Por fim, destacamos o papel central dos bancos no funcionamento de qualquer sistema 
financeiro, pois são eles que, juntamente com o Banco Central, controlam a oferta, o 
processo de movimentação e a evolução da moeda em suas várias manifestações. Com 
o passar do tempo, os bancos se tornaram tão importantes que acabaram por dividir com 
o governo a função de criação da própria moeda, objeto de discussão em outra unidade.
Segundo Mankiw (2014, p. 611), “sempre que compramos e vendemos alguma coisa, 
confiamos na convenção social extraordinariamente útil denominada ‘moeda’”. 
Nesta unidade você conheceu os conceitos de liquidez, taxa de juros, quase-moeda e 
agregados monetários. Para complementar seu aprendizado, faça as atividades que 
acompanham esta aula.
MERCADO DE CAPITAIS
Introdução
A oferta de moeda: princípios básicos
Nesta unidade você compreenderá a dinâmica da demanda por 
moeda (transação, precaução e especulação) e da oferta de moeda 
(intervenções com o mercado econômico).
Assim, para introduzirmos algumas das principais abordagens 
que explicam a mensuração da demanda e da oferta de moeda, 
relembraremos o conceito de moeda e as motivações básicas para 
sua utilização, além de tratarmos a importância de definir quais ativos 
são contabilizados nessa operação e a identificação dos principais 
agregados monetários.
MERCADO DE CAPITAIS
Moeda: demanda e oferta
Devido à grande influência da moeda sobre a atividade econômica, o governo costuma 
interferir no mercado monetário, comprometendo a análise de sua oferta e demanda 
(MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). Portanto, entendemos a oferta de moeda como uma 
variável autônoma, controlada pelo governo, focando, assim, nos determinantes da sua 
demanda, definida como:
A demanda ou procura de moeda pela coletividade corresponde à 
quantidade de moeda que o setor privado não bancário retém, em média, 
seja com o público, seja no cofre das empresas, e em depósitos à vista nos 
bancos comerciais. (PINHEIRO, 2016, p. 22).
Segundo o autor, existem, basicamente, três motivos que levam os agentes financeiros a 
utilizar a moeda: a realização de transações, liquidez e especulação.
A realização de transações reflete a necessidade dos agentes em manter saldos de caixa 
e de depósitos bancários, com o intuito de atender a transações não previstas.
A liquidez é a capacidade de utilizar moeda para concretizar transações como pagamento 
em gastos inesperados.
MERCADO DE CAPITAIS
Já a realização da especulação tem como base a ameaça existente na elevação de taxas 
de juros ou, ainda, de outros fatores que possam desestabilizar a economia. Por funcionar 
como reserva de valor, a moeda pode ser utilizada para acumulação ou especulação 
(PINHEIRO, 2016).
Para Mellagi Filho e Ishikawa (2011), os determinantes da demanda de moeda fazem com 
que as pessoas retenham-na, ao invés de investi-la em outras aplicações.
Assim, considerando o sentido mais estrito de moeda, em que o ativo por si só não rende 
remuneração, existem pelo menos três abordagens para explicar a demanda: o modelo 
Baumol-Tobin, a teoria quantitativa e a teoria da preferência pela liquidez. Há, ainda, no 
sentido amplo da moeda, em que o ativo rende remuneração para o público, a teoria da 
carteira (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). Embora distintas, as abordagens se completam, 
variando apenas a ênfase de um ou outro aspecto da moeda.
Para compreender a oferta, é preciso relembrar o conceito de moeda, pois ela pode ser 
mensurada de diversas formas, definindo quais ativos serão contabilizados.
A conceituação mais restritiva considera apenas o papel-moeda (a moeda manual, isto é, 
notas de papel e moedasde metal) e a moeda escritural (depósito à vista em instituições 
financeiras); definições mais amplas incluem outros ativos financeiros, como depósitos a 
prazo, depósitos em cadernetas de poupança ou títulos públicos federais. Estes últimos 
são chamados de quase-moedas, pois só são classificados como moedas, quando se 
considera justamente um sentido mais amplo (PINHEIRO, 2016). A mensuração, portanto, 
ocorre apenas quando se compreende o que está incluso no conceito.
Para a classificação do total de moeda de um país, devemos compreender algumas 
definições de medida de oferta de moeda (agregados monetários ou meios de 
pagamento). Pinheiro (2016, p. 17) define como o “estoque de moeda disponível para uso 
da coletividade (setor privado não bancário) a qualquer momento e que podem ou não 
incluir as quase-moedas”.
Entre os agregados monetários, Rossetti (1997) destaca:
 • meio circulante é a moeda em espécie (papel-moeda impresso e moedas metálicas), 
produzida por instituições, como a Casa da Moeda, aos bancos centrais;
 • papel-moeda emitido é a totalidade do meio circulante, emitido com a autorização dos 
bancos centrais, independentemente de sua posse;
 • papel-moeda em circulação é a totalidade do meio circulante que não está em posse 
dos bancos centrais, mas foi colocada em circulação;
 • depósitos à vista no sistema bancário ou moeda escritural, por serem em maior parte, 
o resultado de operações ativas dos bancos, não existem fisicamente;
MERCADO DE CAPITAIS
 • base monetária é a soma do papel-moeda emitido e das reservas voluntárias e 
compulsórias mantidas pelos bancos nos bancos centrais;
 • oferta monetária, em sentido estrito e convencional, é a totalidade de ativos monetários 
mantidos pelas pessoas (papel-moeda e depósitos à vista); em sentido mais amplo, 
passa a ser todos os ativos financeiros, monetários e quase monetários.
Uma das estratégias dos bancos comerciais para aumentar a oferta de moeda é o 
efeito multiplicador da moeda escritural ou depósitos à vista, mediante a não utilização 
simultânea do total dos depósitos à vista recebidos pelos clientes em espécie, considerando 
que os bancos precisam disponibilizar, sob forma de moeda em espécie, de 3% a 5%, 
podendo emprestar o restante aos clientes, multiplicando a capacidade de pagamento 
dos depósitos iniciais (PINHEIRO, 2016).
O quadro, a seguir, mostra um exemplo prático do efeito multiplicador, simulando a 
situação em que o banco utiliza o dinheiro depositado pelo cliente.
O cliente efetua um 
depósito de R$ 100,00
O cliente efetua um 
depósito de R$ 100,00
O poder de pagamento 
do depósito de R$ 100,00 
passa a ser de R$ 195,00
• aproveitando sua ca-
pacidade de acumulação 
de recursos oriundos 
dos depósitos à vista, o 
banco utiliza R$ 95,00 
dos R$ 100,00 inicial-
mente depositados para 
emprestá-los a outro 
cliente; e 
• ao realizar um emprés-
timo de R$ 95,00 a outro 
cliente, o banco multiplica 
a capacidade de paga-
mento dos R$ 100,00 para 
R$ 195,00, pois: 
> o cliente inicial continua 
possuindo capacidade de 
pagamento de R$ 100,00 
resultante de seu depósi-
to; e
> o banco, que não pos-
suía direitos sobre esses 
R$ 100,00 passa a ser 
credor de outro cliente so-
bre um valor de R$ 95,00 
baseando-se em recursos 
ociosos de clientes.
• o cliente passa a pos-
suir a capacidade de 
utilização dos R$ 100,00 
a qualquer momento, 
ou seja, sua capacidade 
de pagamento continua 
sendo de R$ 100,00
• o banco passa a pos-
suir os R$ 100,00 como 
recursos, mas também 
adquire uma obrigação 
financeira no valor de 
R$ 100,00; e 
• como o banco está sem-
pre recebendo novos 
depósitos de clientes 
que não serão utilizados 
simultaneamente, nem 
em montante nem em 
prazo, surge um gap 
(descasamento) entre 
as entradas e saídas e 
os prazos, o que pos-
sibilita a formação de 
uma “caixa-d’água” 
com recursos dis-
poníveis ao banco.
Fonte: Pinheiro (2016, p. 20).
MERCADO DE CAPITAIS
Uma das intervenções do Banco Central na economia é o controle do volume de emissões 
de moedas manuais. Se realizado de maneira desenfreada, compromete a credibilidade 
do país perante o mercado, elevando a inflação. Assim, aumentar a produção de cédulas 
com o único propósito de melhorar a economia de um país teria o efeito inverso.
Para controlar a multiplicação da moeda escritural, existem as taxas de reserva 
compulsórias. Governos possuem contas bancárias, assim como pessoas físicas e jurídicas, 
geralmente no Banco Central, para realizar pagamentos e recebimentos, mantendo os 
depósitos à vista e realizando transações com as demais instituições financeiras. Tais 
contas são chamadas de reservas, representando ativos para os bancos e passivos para 
o Banco Central (PINHEIRO, 2016).
O Banco Central exige que estas contas mantenham parte dos grandes volumes 
de recursos à vista das instituições financeiras e um valor mínimo estipulado, de 
depósitos compulsórios.
Um dos principais instrumentos de política monetária, e também fator determinante dos 
movimentos da base monetária e oferta da moeda, são as operações de open market 
(mercado aberto), sendo a compra e a venda de títulos do governo efetuadas pelo Banco 
Central - uma compra aumenta a base monetária, e sua venda, reduz.
Nesta unidade você compreendeu as dinâmicas da oferta de moeda e da demanda por 
moeda. Para complementar seu aprendizado, realize as atividades que acompanham 
esta aula.!
MERCADO DE CAPITAIS
Introdução
Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) a mais uma unidade. Nela, 
você aprenderá o conceito de banco comercial, suas principais 
características, instrumentos e atividades. Também entenderá o 
multiplicador monetário, a política monetária, a função e a influência 
do Banco Central, além das operações de encaixe obrigatório, 
redesconto e de mercado aberto. 
Vamos juntos?
MERCADO DE CAPITAIS
LS 1 - Banco comercial e o multiplicador 
monetário
Banco comercial é uma instituição financeira regulamentada pelo banco central, 
caracterizada principalmente pela forma como capta recursos: por depósitos à vista, que 
são contas correntes mantidas pelo público com total liberdade de movimentação; ou por 
depósitos a prazo, que são aplicações financeiras dos clientes do banco, com remuneração 
em prazos determinados. Outras fontes de recursos envolvem produtos comercializados 
e serviços prestados, bem como taxas cobradas (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011).
Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas 
que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos 
necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, 
as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em 
geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é 
atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos 
a prazo. Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua 
denominação social deve constar a expressão “Banco” (Resolução CMN 
2.099, de 1994; BRASIL, 2019a). 
MERCADO DE CAPITAIS
Além da captação de depósitos à vista e a prazo, destacam-se, entre as atividades dos 
bancos comerciais: processamento de pagamento e transferências de crédito; emissão 
de cheques de correntistas, cheques entre bancos e cheques administrativos; concessão 
de empréstimos pessoais e jurídicos; fornecimento de documentos (cartas de crédito, 
garantias, cauções e subscrições de títulos); guarda de documento e valores em cofres; 
venda de seguros, e fundo de investimentos básicos, como depósitos em poupança 
(PINHEIRO, 2016).
Os bancos comerciais são responsáveis, ainda, pelo efeito multiplicador monetário, ou 
seja, ao receber algum recurso via depósito e retirar o percentual de encaixe obrigatório 
(moeda em espécie para eventuais movimentações), realiza empréstimo a clientes, 
aumentando a capacidade de pagamento (PINHEIRO, 2016).
MERCADO DE CAPITAIS
LS 2 - O Banco Central e as políticas 
monetárias: encaixe obrigatório, redesconto 
e operações demercado aberto
A atuação do Banco Central varia de país a país, sendo que seu poder de intervenção 
na economia e na política monetária ganhou destaque a partir da Grande Depressão do 
século XX (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). De modo geral, antes disso esse Banco ora 
seguia o modelo norte-americano, atendendo às necessidades do sistema bancário de 
regulação e de refinanciamento eventual de seus membros, ora seguia o modelo europeu, 
facilitando o financiamento do governo.
Ainda segundo Mellagi Filho e Ishikawa (2011), o Banco Central é o principal órgão 
responsável pela atuação junto às políticas monetárias, e possui cinco papéis básicos: 
o banco dos bancos (depósitos compulsórios e redescontos de liquidez); gestor do 
sistema financeiro nacional (normas, autorizações, fiscalização e intervenção); executor 
da política monetária (controle dos meios de pagamento e orçamento monetário, além 
de instrumentos de política monetária); banco emissor (emissão e saneamento do meio 
circulante); e banqueiro do governo (intermediário financeiro do Tesouro Nacional, 
administrador da dívida pública interna e externa, gestor e fiel depositário das reservas 
internacionais do país, e representante junto às instituições financeiras internacionais).
Existem três principais instrumentos tradicionais da política monetária junto ao mercado: 
controle das reservas bancárias (encaixe obrigatório e depósito compulsório), empréstimos 
de liquidez às instituições financeiras (operações de redesconto) e operações com títulos 
públicos (mercado primário e mercado aberto) (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011).
MERCADO DE CAPITAIS
 O controle das reservas bancárias (ou encaixes monetários) pode ser de dois tipos: as 
reservas livres, definidas pelos próprios bancos para suprimir sua necessidade de liquidez, 
e as reservas compulsórias, depositadas pelos bancos comerciais junto ao Banco Central 
(MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). Assim, quanto maior a taxa de reservas, menor será o 
multiplicador bancário.
De acordo com o site do Banco Central do Brasil (2019b), os recolhimentos compulsórios 
e o encaixe obrigatório são instrumentos que permitem ao Banco Central influenciar 
a quantidade de moeda na economia. São quatro suas modalidades: recolhimento 
compulsório sobre recursos à vista; recolhimento compulsório sobre recursos de depósitos 
e de garantias realizadas; encaixe obrigatório sobre recursos de depósitos de poupança; e 
recolhimento compulsório sobre recursos a prazo.
As operações de redesconto ou empréstimos de liquidez às instituições financeiras ocorrem 
no eventual problema de liquidez, enfrentado por bancos comerciais para honrar os saques 
de seus correntistas e fazer alguns pagamentos, quando não conseguem empréstimos de 
outros bancos, tendo que recorrer ao Banco Central. O Banco Central cobra uma taxa de 
juros para essa operação – a taxa de redesconto das reservas bancárias, influenciando 
a liquidez do sistema bancário: quanto maior a taxa de redesconto cobrada pelo banco 
central, menor tende a ser a liquidez do sistema financeiro (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 
2011).
Segundo Pinheiro (2016), as operações de redesconto podem ser classificadas em: 
redesconto intradia (operação sem custo que não gera crédito, mas gera liquidez) e 
redesconto overnight (operação com custo punitivo.)
Fonte: Pinheiro (2016, p. 22)
Controle
das emissões
Compulsório
Open market
Instrumentos Níveis de liquidez Taxa de juros
Aumento do controle
Diminuição do controle
Aumento da taxa
Diminuição da taxa
Venda de títulos
Compra de títulos
Redesconto
Aumento dos juros, redução de
prazos e de limites operacionais
Diminuição dos juros, redução
de prazos e de limites operacionais
Diminuição
Aumento
Diminuição
Aumento
Diminuição
Aumento
Diminuição
Aumento
Aumento
Queda
Aumento
Queda
Aumento
Queda
Aumento
Queda
MERCADO DE CAPITAIS
O Banco Central também impacta na oferta de moeda via operações de compra e 
venda de títulos públicos, “um papel que se compromete a pagar periodicamente uma 
remuneração financeira denominada juro com base no valor de face do título, ou seja, da 
quantia emprestada” (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011, p. 111). Assim, basicamente, quanto 
mais títulos públicos o governo vender, em troca de papel-moeda ou ativos de maior 
liquidez, menor será a oferta monetária na economia. Como agentes financeiros podem 
utilizar tais títulos como dinheiro, quanto maior a oferta de títulos, tende a ser maior a 
taxa de juros a ser cobrada, o que ocasionaria uma menor atividade econômica, menor 
demanda por crédito e menor circulação de dinheiro no sistema financeiro, resultando 
na redução da liquidez do sistema. Inversamente, quanto mais títulos públicos forem 
resgatados pelo governo, maior será o grau de liquidez do mercado.
Para vender títulos públicos, o governo os lança no mercado primário, um mercado restrito, 
composto por dealers. Caso não haja proibição, tais instituições escolhidas pelo governo 
podem revender os títulos adquiridos para outras instituições financeiras no mercado 
aberto (open market). O governo também pode atuar no mercado aberto, comprando 
e revendendo títulos, o que pode significar o controle de taxas de juros de curto prazo, a 
regulação da liquidez da economia e a sinalização de uma orientação à política monetária 
(MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011).
Caro(a) estudante, você chegou ao fim desta aula. Parabéns! Nela, você aprendeu sobre 
o conceito de banco comercial e multiplicador monetário, a função do Banco Central e 
a política monetária, e ainda acerca das operações de encaixe obrigatório, redesconto e 
operações de mercado aberto. Para complementar seu aprendizado, realize as atividades 
que acompanham esta aula. Até a próxima!
MERCADO DE CAPITAIS 
Introdução 
Nesta unidade, você entenderá a importância da intermediação 
financeira e seu impacto no desenvolvimento econômico. 
Este material está dividido em três partes: 1) a participação do mercado 
financeiro no planejamento econômico do país; 2) instrumentos e 
conceitos de transferência de riscos e as operações especulativas; 3) 
a estrutura e os segmentos do mercado financeiro.
O papel do sistema financeiro é permitir a melhor alocação dos 
recursos de poupança em investimentos nos mercados monetário, de 
crédito, de capitais e de câmbio. 
MERCADO DE CAPITAIS 
Plano de desenvolvimento econômico
O sistema econômico de um país é composto por famílias, empresas e o governo. Além 
disso, as relações entre nações geram uma série de transações mediadas pela moeda.
O governo mantém o monopólio da emissão de moeda e coloca recursos em circulação, 
com base nas necessidades de desenvolvimento e controle da economia. O sistema de 
impostos serve para corrigir imperfeições do sistema de produção e renda. O dinheiro 
exerce as seguintes funções: denominador comum de valor (pois permite a precificação 
de produtos e serviços); meio de troca (já que viabiliza as trocas); e reserva de valor 
(uma forma de acumular riqueza). Assim, ao controlar os meios de pagamentos, o Estado 
consegue estabelecer metas para o desenvolvimento econômico. 
O controle das variáveis econômicas – produção, emprego, renda e preços – é vital para 
o planejamento econômico, pois elas afetam as decisões de investimento, consumo e 
poupança, de acordo com o ambiente econômico. O estado controla essas variáveis a 
partir de políticas econômicas (política fiscal, política monetária, política cambial e política 
de rendas), dependendo dos objetivos estabelecidos para o desenvolvimento econômico.
A política fiscal trata das questões associadas à forma como o governo arrecada e gasta 
os recursos (orçamento público: receitas e despesas); a política monetária versa sobre 
a manutenção do poder de compra da moeda e das decisões sobre como o sistema 
financeiro funciona; a política cambial é composta pelas decisões sobre o regime aduaneiro 
e de câmbio; e, por fim, a política de renda caracteriza-se pelas ações governamentais, 
diretas ou indiretas,a partir das quais são estabelecidas decisões para corrigir e incentivar 
a melhor distribuição das riquezas.
MERCADO DE CAPITAIS 
Como o planejamento acontece a partir das diretrizes econômicas, os meios de 
comunicação destacam o comportamento do sistema financeiro frente às decisões 
macroeconômicas, ressaltando variáveis, como a taxa de juros, o nível de preços (inflação, 
deflação), a taxa de desemprego, o nível de ocupação da indústria, a taxa de câmbio etc, 
que são controladas por políticas e decisões tomadas nos âmbitos público e privado. 
O desenvolvimento econômico está ligado, enfim, à compreensão das relações entre 
essas variáveis e como o Estado projeta e implementa suas políticas econômicas.
MERCADO DE CAPITAIS 
Mercado financeiro: proteção e especulação
O sistema financeiro tem como funções: permitir a liquidação das transações econômicas 
(sistema de pagamentos); captar recursos de poupança e alocá-los em operações de 
crédito (sistema de poupança e empréstimo); e transferir riscos entre agentes econômicos, 
a partir de operações de seguro (sistema de seguros e derivativos).
Toda atividade econômica tem riscos associados ao ambiente de negócios. Conceitualmente, 
o risco total de uma atividade econômica qualquer pode ser dividido em: a) risco sistêmico 
– associado ao ambiente externo, ou seja, aos aspectos do comportamento da economia 
(nível de renda, emprego, preços, produção, taxa de câmbio etc.); e b) risco não sistêmico – 
que refere-se às condições do ambiente próprio de negócios da empresa (características 
de mercado, modelo de gestão financeira etc.). 
A proteção à exposição de riscos de uma atividade acontece via operações de seguro, a 
partir das quais os riscos são transferidos para uma seguradora, mediante um contrato 
de seguro. Por exemplo, quando uma empresa faz seguro contra roubo ou perda de um 
equipamento de sua fábrica. 
Há ainda operações com derivativos que, embora tenham outras funções, servem como 
instrumento de transferência de riscos entre participantes. Por exemplo, quando uma 
empresa exportadora realiza operações com contratos futuros de dólar, para proteger-
se da variação da taxa de câmbio. 
MERCADO DE CAPITAIS 
Nos segmentos em que são emitidos e negociados ativos financeiros, como ações e 
títulos de dívidas privados e públicos, os participantes realizam operações especulativas 
de compra e venda desses ativos, viabilizadas por recursos poupados, convertidos em 
ativos financeiros. 
As instituições financeiras, cujo papel é intermediar as transações entre compradores 
e vendedores, permitem, no ambiente onde são negociados os ativos (plataformas de 
negociação, mercados organizados, bolsas de valores), sua transmutação, ou seja, a 
possibilidade de transformar recursos financeiros em ativos, a partir de sua negociação 
no sistema financeiro. Assim, o participante pode alocar seus recursos de poupança, ao 
diversificar seus investimentos, buscando um retorno mais eficiente e menores riscos, 
embora a dinâmica da economia demande ajustes das carteiras de investimento.
A natureza dos fluxos cria, pelo conjunto de eventos relacionados ao comportamento dos 
indicadores econômicos, uma constante oscilação no valor dos ativos. Essa volatilidade 
propicia ao ambiente de negócios operações especulativas, uma forma de alguns 
participantes obterem ganhos financeiros de curto prazo e gerar liquidez às negociações.
Quando há transparência na formação de preços no mercado, o especulador tenta 
antecipar a tendência dos preços dos ativos, podendo ganhar ou perder sua aposta, e 
permite, assim, a fluência dos negócios.
MERCADO DE CAPITAIS 
Os mercados financeiros: monetário, de 
crédito, de câmbio e de capitais
O sistema financeiro é a parte da economia na qual os agentes econômicos (empresas, 
famílias, governo), por intermédio de instituições especializadas (bancos, financeiras, 
seguradoras etc.), realizam quatro transações básicas: 1) pagamentos e recebimentos; 2) 
aplicações – alocam recursos em aplicações financeiras quando a renda supera os gastos; 
3) empréstimos – emprestam recursos para adiantar despesas futuras; 4) e transferências 
de riscos – transferem riscos indesejáveis para preservar seu patrimônio, via contratação 
de seguros (FORTUNA, 2017).
Por exemplo, para receber seu salário e efetuar os diversos pagamentos relativos às suas 
despesas, você mantém uma conta bancária. Quando sobram recursos, ou seja, você 
gasta menos do que recebeu, pode aplicar o dinheiro e receber uma remuneração. Caso 
você necessite de recursos para suprir um imprevisto, pode contratar um empréstimo. 
Finalmente, se deseja preservar seu patrimônio (imóvel, automóvel, máquinas, 
equipamentos, operações etc.), você contrata um seguro e, assim, transfere o risco 
indesejado de perda para a companhia seguradora.
As demandas de pessoas físicas ou jurídicas por transações são similares, ou seja, todos 
necessitam de contas bancárias para movimentar seu caixa: de aplicações, quando 
sobram recursos; de empréstimos, para adiantar despesas correntes; ou de investimento 
e de seguros, para preservar o patrimônio.
O sistema divide-se, então, em segmentos nos quais as operações são realizadas:
I. Mercado monetário
Segmento no qual ocorrem as transações cotidianas de empresas, famílias, governo e 
instituições financeiras. Para a economia funcionar, são necessários recursos monetários 
em circulação, mantidos, sob responsabilidade legal do Estado/Governo, na forma física 
ou em depósitos à vista ou a prazo. Já os Bancos Centrais centralizam o controle do 
volume de recursos em circulação, necessários ao funcionamento do sistema econômico, 
ou seja, meios de pagamento (moeda e depósitos), e fiscalizam a atuação das instituições 
financeiras, controlando o nível geral de preços para evitar a inflação (aumento geral dos 
níveis de preço) ou a deflação (queda geral do nível de preços).
MERCADO DE CAPITAIS 
Instituições bancárias “compram” e “vendem” dinheiro: elas captam recursos, via depósitos 
à vista e a prazo e, em contrapartida, prometem uma remuneração pelos recursos que 
são utilizados em operações de empréstimos aos tomadores de recursos (pessoas ou 
empresas).
Para realizar uma transação financeira sem recursos, o agente econômico poderá obtê-
los no mercado de crédito, no qual as operações são viabilizadas por tomadores de 
recursos em instituições financeiras – um intermediário que capta recursos poupados e 
os empresta.
II. Mercado de crédito
O mercado de crédito é o segmento no qual os recursos de poupança, em crédito no 
sistema financeiro, são canalizados/alocados aos potenciais tomadores, por meio 
das instituições financeiras, que exercem papel de “interposição” na relação entre 
poupadores e tomadores, assumindo os riscos.
Por exemplo, uma empresa de calçados (poupador) efetua uma aplicação financeira via 
conta bancária. Os recursos aplicados na instituição são direcionados a operações de 
crédito para um comerciante (tomador).
MERCADO DE CAPITAIS 
Empresa e comerciante não se conhecem, mas a instituição financeira atua como 
intermediária entre as partes: responsabiliza-se pelos recursos depositados pelo poupador 
e os canaliza para o tomador, assumindo os riscos da operação de crédito.
O poupador mantém sua aplicação, por acreditar e confiar na expertise da instituição 
financeira em alocar os recursos e devolvê-los com remuneração. Por outro lado, o 
comerciante, tomador dos recursos, deverá apresentar uma série de informações à 
instituição financeira antes de obter o empréstimo.
O mercado de crédito atende, portanto, as demandas de recursos de curto e médio prazos 
dos agentes econômicos.
III. Mercado de capitais
No mercado de capitais, as operações de captação de recursos acontecem via empresas 
(não financeiras), a partir da emissão de títulos próprios, que podem ser representativos 
de dívidas (debêntures, commercial papers etc.) ou representativos de participação 
societária (ações). Com a venda dos títulosao público (poupadores/investidores), a 
empresa levanta fundos para realizar seus projetos. 
IV. Mercado de câmbio
Em algumas transações financeiras e comerciais, realizadas fora do país (exportações, 
importações, investimentos de residentes no exterior, investimentos estrangeiros no país, 
pagamento de dívidas contraídas no exterior, pagamento de dívidas por residentes no 
exterior etc.), pagamentos ou recebimentos devem ocorrer em outra moeda. O mercado 
de câmbio é o segmento no qual acontecem a compra e venda de moeda estrangeira 
para viabilizar estas operações.
MERCADO DE CAPITAIS 
Nesta unidade, você estudou como funciona o sistema financeiro, seu papel no 
desenvolvimento da economia e os conceitos de risco e especulação financeira. Para 
complementar seu aprendizado, faça as atividades que acompanham esta aula.
MERCADO DE CAPITAIS 
Introdução 
Vamos apresentar, nesta unidade, o marco histórico e a evolução do 
Sistema Financeiro Nacional (SFN) até chegar em sua estrutura atual. 
A partir da compreensão dos segmentos que o compõem – órgãos 
normativos, supervisores e operadores –, e suas respectivas funções, 
aprenderemos a analisá-lo.
Depois, entenderemos por que surgiu a Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM) e quais as suas atribuições, bem como abordaremos 
a importância da fusão que originou a BM&FBovespa e o seu papel 
para o mercado nacional. 
MERCADO DE CAPITAIS 
O Sistema Financeiro Nacional
O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é inaugurado no período de transição brasileiro de 
colônia portuguesa a sede do Império Português. Pinheiro (2016) destaca seu marco: a 
criação do Banco do Brasil, o primeiro banco nacional, após o alvará de 1808, expedido 
pelo príncipe-regente Dom João de Bragança (futuro rei D. João VI de Portugal), com as 
funções de depósito, desconto, emissão e venda de produtos comercializados pela Coroa.
Em 1920, foi criada a Inspetoria Geral de Bancos que, junto com a carteira de redesconto 
do Banco do Brasil, serviu de base para o desenvolvimento, em 1945, da Superintendência 
da Moeda e do Crédito (Sumoc).
A década de 1960 foi marcada por uma profunda expansão da rede bancária, com a 
proliferação dos bancos comerciais, seguida da evolução do Sistema Financeiro Nacional, 
após a Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, que dispunha sobre a política monetária e 
as instituições financeiras, e da consequente criação, em 1965, do Banco Central do Brasil, 
órgão gestor do SFN.
Em 1967, houve importantes fusões e incorporações bancárias, além de incentivos de 
capitalização das empresas, o que garantiu mais segurança ao sistema bancário e 
possibilitou que o governo implementasse sua estratégia de internacionalização. 
Já as décadas de 1970 e 1980 foram marcadas pela reserva de mercado, com a proibição 
de cartas patentes e o sistema de ponto. A partir daí, os bancos privados se destacam 
como financiadores do setor público (União, estados, municípios e empresas estatais).
MERCADO DE CAPITAIS 
Após o Conselho Monetário Nacional permitir, em 1987, que os intermediários financeiros se 
tornassem bancos múltiplos, iniciou-se um movimento intenso de fusões e de exploração 
por instituições financeiras do floating, com o ganho propiciado pelas transferências 
inflacionárias utilizado para viabilizar suas operações no mercado financeiro. Além disso, 
os bancos obtinham lucros exorbitantes das chamadas “cirandas financeiras” devido ao 
grande número de agências captadoras de recursos. Quanto maior a inflação do mês, 
mais os correntistas depositavam seu dinheiro em fundos de investimentos, na tentativa 
de evitar a desvalorização.
Com a estabilização da macroeconomia, os bancos tiveram de lidar com o boom de 
agências da década de 1960. A modernização e sistematização de serviços e processos 
alteraram a estratégia dos bancos da quantidade para a qualidade.
Em 1995, o Banco Central passou a controlar as entradas, além de direcionar o capital 
estrangeiro de qualquer investidor que quisesse participar dos bancos instalados no 
Brasil. Ações eram tomadas pelo governo à medida que o mercado apresentasse novas 
demandas.
O Banco Central passou, então, a disponibilizar uma lista de instituições nacionais que 
seriam liquidadas extrajudicialmente, sob intervenção ou em regime de administração 
especial temporária, aos bancos estrangeiros que entraram no país. Assim, “a participação 
estrangeira nos ativos dos vinte maiores bancos privados nacionais apresentou um 
aumento de quase 50% só de 1997 para 1998” (PINHEIRO, 2016, p. 49).
MERCADO DE CAPITAIS 
A estrutura do SFN, conforme quadro a seguir, é basicamente dividida entre órgãos 
normativos, responsáveis por promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir ao 
interesse da coletividade; entidades supervisoras, que editam as normas que definem os 
parâmetros para a transferência de recursos dos agentes superavitários para deficitários, 
além de controlar o funcionamento de empresas envolvidas; e operadores.
Devido às carências econômicas e sociais do país (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011), o SFN 
foi impactado pelo significativo endividamento público, diminuindo consideravelmente 
sua eficiência. Atualmente, ele se baseia, principalmente, nas reformas bancárias e no 
mercado de capitais (Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e Lei n. 7, de 14 de julho de 
1965).
Vale salientar que autoridades monetárias não devem ser confundidas com instituições 
financeiras do próprio governo, tais como Banco do Brasil, Banco Nacional do 
Desenvolvimento Econômico e Social, Caixa Econômica e bancos estaduais.
MERCADO DE CAPITAIS 
O papel da Comissão de Valores Mobiliários 
(CVM)
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma autarquia federal criada pela Lei nº 
6.385, de 7 de dezembro de 1976, responsável por normatizar, regulamentar, desenvolver, 
controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 
2011), definidos como:
títulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de 
participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante 
de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do 
empreendedor ou de terceiros. (BRASIL, 2001)
Quando ofertados publicamente, os valores mobiliários entram no regime da CVM.
Os principais exemplos de valores mobiliários são as ações, participações no capital de 
companhias abertas que podem ter seu valor negociado no mercado, e os debêntures, 
títulos emitidos por sociedades anônimas, representando dívidas de uma empresa 
e rendendo juros (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011), seguidos de notas promissórias 
comerciais, partes beneficiárias, bônus de subscrição, direitos de subscrição, recibos de 
subscrição, certificados de depósitos mobiliários, índices representativos de ações, opções 
de compra e venda de valores mobiliários, cotas de fundos imobiliários e certificados de 
investimento audiovisual.
MERCADO DE CAPITAIS 
Companhias abertas são autorizadas pela CVM a negociar valores mobiliários em bolsa 
de valores ou mercado de balcão (sem leilão), organizados ou não (MELLAGI FILHO; 
ISHIKAWA, 2011; PINHEIRO, 2016).
Pinheiro (2016) destaca o papel da CVM em contribuir para a criação de uma estrutura 
jurídica que viabilize e favoreça a capitalização das empresas, por meio do mercado de 
capitais de risco; fortaleça a empresa privada nacional; e defenda acionistas e investidores.
No quadro a seguir são apresentadas as atividades disciplinadas e fiscalizadas pela CVM 
– que influenciam instituições de mercado, companhias abertas e investidores –, além de 
suas atribuições, em conjunto com o Conselho Monetário Nacional.
Atividades 
disciplinadas e 
fiscalizadas
Atribuições
Emissão e distribuição de va-
lores mobiliários no mercado.
Estimular a formação de poupança e sua apli-
cação em valores mobiliários.
Negociação e intermediação no 
mercado de valores mobiliários.
Promover a expansão e o funcionamento efici-
ente e regular do mercado de ações; estimular 
as aplicações permanentesem ações do capital 
social de companhias abertas, sob controle de 
capitais privados nacionais.
Organização, funcionamento e 
operação das bolsas de valores.
Assegurar o funcionamento eficiente e regular 
dos mercados da bolsa e do balcão.
Administração de carteiras e 
custódia de valores mobiliários.
Proteger os titulares de valores mobiliários e os 
investidores do mercado contra:
⦁emissões irregulares de valores mobiliários
⦁atos ilegais de administradores e acionistas 
controladores das companhias abertas ou de ad-
ministradores de carteira de valores mobiliários 
negociados no mercado.
MERCADO DE CAPITAIS 
Atividades 
disciplinadas e 
fiscalizadas
Atribuições
Administração de carteiras e 
custódia de valores mobiliários.
Proteger os titulares de valores mobiliários e os 
investidores do mercado contra:
emissões irregulares de valores mobiliários,
atos ilegais de administradores e acionistas con-
troladores das companhias abertas ou de ad-
ministradores de carteira de valores mobiliários 
negociados no mercado.
Auditoria das companhias aber-
tas.
Evitar ou coibir modalidades de fraude ou 
manipulação, destinadas a criar condições 
artificiais de demanda, oferta ou preço dos 
valores mobiliários negociados no mercado.
Serviços de consultor e analista 
de valores mobiliários.
Assegurar o acesso do público a informações so-
bre os valores mobiliários negociados e às com-
panhias que os tenham emitido.
Assegurar a observância de práticas comerciais 
equitativas no mercado de valores mobiliários.
Assegurar a observância, no mercado, das 
condições de utilização de crédito fixadas pelo 
Conselho Monetário Nacional.
O desenvolvimento do mercado de ações é dificultado pela alta concentração de renda 
no Brasil. De forma ideal, a abertura de capital proporcionaria uma alternativa de 
financiamento, substituindo empréstimos bancários e propiciando uma maior base de 
captação de recursos para a empresa, com mais investidores envolvidos (MELLAGI FILHO; 
ISHIKAWA, 2011).
MERCADO DE CAPITAIS 
O papel da BMF&BOVESPA
A BMF&BOVESPA, uma instituição oriunda da fusão da Bolsa de Valores de São Paulo e 
da Bolsa de Mercadorias e Futuros, atua nas relações de troca de recursos de tomadores 
e poupadores. Segundo Pinheiro (2016, p. 375), sua atividade-fim é “desenvolver, implantar 
e prover sistemas para a negociação de ações, derivativos de ações, títulos de renda 
fixa, títulos públicos federais, derivativos financeiros, moedas à vista e commodities 
agropecuárias”, além de realizar o registro, a compensação e a liquidação física e 
financeira das operações ocorridas em pregões e sistemas eletrônicos.
Com a soma do valor de mercado das bolsas BOVESPA Holding S. A. e BM&F S. A., que 
se fundiram após assembleias extraordinárias em 4 de julho de 2008, a nova empresa 
tornou-se a terceira maior bolsa mundial em preços, atrás apenas da alemã Deustsche 
Börse e da americana Chicago Mercantile Exchange (PINHEIRO, 2016). 
Em março de 2017, a BMF&BOVESPA se fundiu com a CETIP (Central de ustódia e de 
Liquidação Financeira de Títulos) criando assim a B3, em referência a Brasil, Bolsa e Balão, 
tornando-se a quinta maior bolsa de mercado de capitais do mundo, com um patrimônio 
estimado em 13 bilhões de dólares (MOREIRA, 2017).
A B3 passou a oferecer a investidores sistemas confiáveis para negociações de compra 
e venda de títulos e valores mobiliários de forma transparente e com maior liquidez, e a 
ampliar as opções, com a consolidação do mercado de ações e de futuros; a beneficiar 
corretoras de valores devido à ampliação do seu mercado de atuação, economizando até 
25% das despesas operacionais e aumentando a capacidade competitiva das corretoras 
independentes; e, por ser uma bolsa de tamanho proporcional ao território nacional e 
de alto nível, garantiu ao país condições de competir com mercados globais e suportar 
turbulências internacionais, controlando o capital nacional, oferecendo mecanismos 
mais eficientes de proteção contra o risco e inviabilizando as tentativas estrangeiras de 
aquisição, bem como fortalecendo as empresas como um todo, pois puderam captar 
recursos a custos mais baixos.
MERCADO DE CAPITAIS 
Além da influência da B3 no Sistema Financeiro Nacional (PINHEIRO, 2016), a bolsa atua 
em dois grandes grupos: na estrutura operacional e na autorregulação do mercado.
Em relação à estrutura operacional, destacam-se as atividades discriminadas a seguir:
 • Viabilização de meios e ambiente necessários para a realização de compra e venda de 
valores mobiliários, inclusive ações.
 • Manutenção de local adequado para a realização das transações de compra e venda 
de títulos e valores mobiliários.
 • Disponibilização de infraestrutura e condições eficientes e seguras na realização das 
operações, com recursos técnicos e administrativos. 
 • Estabelecimento de um sistema de negociação que assegure a continuidade das 
cotações e a liquidez do mercado.
 • Realização de registro, compensação e liquidação de ativos e valores mobiliários 
negociados em seus ambientes, assim como a listagem de ações e de outros ativos.
 • Atuação como depositária central dos ativos negociados em seus pregões.
 • Controle e gerenciamento de riscos das operações por meio de uma estrutura de 
clearing (compensação), de maneira a assegurar o funcionamento eficiente e seguro 
de seus mercados.
Já no que tange à autorregulação do mercado, a B3 permite, de maneira importante, 
a minimização dos efeitos de possíveis manipulações do mercado, fiscalizando o 
cumprimento das questões legais das operações de bolsa, divulgando as operações 
efetuadas no pregão, evitando a manipulação de preços, além de ser capaz de detectar 
movimentos anormais do mercado e suspender os negócios, se necessário.
Sua atuação especificamente frente à manipulação do mercado está pautada em quatro 
exemplos principais (PINHEIRO, 2016): o ramping (quando existe influência dos preços das 
ações de uma empresa, para então tirar vantagem disso), o front running (quando uma 
corretora negocia um ativo com informações produzidas por seu próprio departamento 
sem que seus clientes tenham recebido recomendações), o painting the tape (quando 
um grupo de investidores negocia entre si um mesmo ativo, atraindo investidores 
desavisados), e o wash trading (quando um mesmo especulador compra e vende ações 
de uma empresa por duas corretoras diferentes).
MERCADO DE CAPITAIS 
Segmentos do mercado 
financeiro
Introdução
Nesta unidade, você aprenderá como funcionam as Bolsas de 
Valores no Brasil, seus principais produtos e operações; entenderá o 
conceito de ações ordinárias e preferenciais e seus proventos; e, por 
fim, observará como uma empresa capta recursos via oferta pública 
inicial de ações, a chamada IPO (Initial Public Offering), no mercado 
de capitais.
MERCADO DE CAPITAIS 
A Bolsa de Valores no Brasil: produtos e 
operações 
No Brasil, a B3 - Brasil, Bolsa e Balcão S.A., fusão entre a Bolsa de Valores de São Paulo 
(Bovespa), a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e a CETIP S.A. (Central de Títulos 
Privados), é atualmente a única empresa operando as plataformas de negociação de ações 
e outros ativos financeiros, como mercadorias e contratos derivativos, além de realizar 
serviços de custódia, registro e liquidação de operações.
A partir do final do século XX, um movimento mundial tomou conta dos mercados 
financeiros, notadamente nos mercados de capitais em que atuam as Bolsas de Valores, 
obrigando-as a substituir os ambientes de negociação presenciais e os pregões viva 
voz, onde corretores se reuniam para comprar e vender ações, e investir em tecnologia 
da informação, com sistemas automáticos e plataformas eletrônicas responsáveis por 
transmitir as negociações dos investidores.
Assim, acontece o processo de desmutualização: a transformação da Bolsa de Valores, 
antes entidade sem fins lucrativos mantida por corretores, em uma empresa de capital 
aberto, que precisou se capitalizar para obter recursos,realizar investimentos e promover 
o ambiente de negociação de ativos financeiros e contratos junto ao público.
Pregão da Bolsa de Mercadorias de Chicago. O ambiente de negociação de ativos 
financeiros presencial foi substituído por sistemas eletrônicos.
MERCADO DE CAPITAIS 
Gráficos e cotações no livro de ofertas (compra e venda) de ações, plataforma que 
registra as negociações e operações no mercado de ações via computadores, tablets e 
smartphones.
O diagrama a seguir evidencia o esquema de negociação: 
CORRETORA DE
VALORESINVESTIDOR
BOLSA DE
VALORES
PLATAFORMA
DE
NEGOCIAÇÃO
Investidores abrem uma conta na corretora de valores e encaminham suas ordens de 
compra e venda para o sistema de negociação. A corretora é autorizada pela Bolsa 
de Valores a realizar a operação em sua plataforma de negociação. Nas Bolsas de Valores, 
investidores podem operar em diferentes segmentos, conforme seus objetivos.
MERCADO DE CAPITAIS 
Segmentos do mercado financeiro
 •Mercado à vista 
Swing trade: investidores compram ou vendem ações e as mantêm em carteira por 
um horizonte superior a um dia e inferior a um mês.
Day trade: estratégia especulativa de curto prazo adotada por investidores que 
buscam ganhos com a oscilação (cotação máxima e mínima) diária das cotações. 
Em um mesmo dia, operam uma determinada quantidade de ações de uma mesma 
companhia e tipo, obtendo lucro ou prejuízo, contribuindo para o aumento da liquidez 
das ações. Por exemplo, as ações do Banco do Brasil S.A. começam o dia sendo 
negociadas por R$ 50,00, em um determinado pregão; segundo a estratégia de day 
trade, um investidor acredita que a cotação vai subir e compra lotes de ações por 
R$ 50,00 às 10h30. Durante o dia, as cotações oscilam e sobem para R$ 51,00. Ao 
vender os lotes de ações comprados pela manhã, o investidor realiza seu lucro de 
R$ 1,00 (R$ 51 - R$ 50) por lote.
 •Mercado a termo 
Investidores compram ou vendem ações hoje por um preço em contrato para 
liquidação futura. Por exemplo, um investidor acredita na valorização das ações 
da Petrobrás S.A. Como não tem recursos hoje para adquiri-las, compra um lote no 
mercado a termo para pagamento em 30 dias. O valor da liquidação será o preço à 
vista das ações, hoje acrescido de juros até o vencimento (D + 30 dias). O vendedor 
das ações a termo pode ser um investidor que tenha ativos em carteira e queira 
vender a prazo por conta da remuneração de juros paga pelo comprador ou um 
participante com recursos para comprar ações no mercado à vista e vendê-las ao 
interessado em comprar a termo, como um financiador.
 •Mercado de opções
Investidores negociam não a ação, mas o direito de comprar ou vender uma determinada 
ação em data futura, por um preço fixado. Existem as opções de compra (CALL), em 
que é negociado o direito de comprar a ação na data futura por determinado preço, 
e as opções de venda (PUT), que dão ao comprador o direito de vender a ação por 
determinado preço em data futura. Desse modo, por negociar direitos sobre um 
determinado ativo objeto (ações de uma empresa, no caso), essa ação gera negócios 
em outra modalidade de operação e os contratos derivativos. 
MERCADO DE CAPITAIS 
Ações ordinárias e preferenciais 
O capital social de uma empresa é representado por um determinado número de ações. 
Assim, a menor fração do capital social de uma empresa é uma ação, e a quantidade de 
ações determina a participação dos proprietários em seu capital social.
O capital social da empresa pode ser constituído por ações com direito a voto (ordinárias) 
ou uma combinação entre ações com direito a voto (ordinárias) e ações sem direito a 
voto (preferenciais).
Mas qual é a diferença entre ações ordinárias e preferenciais? As ações preferenciais 
surgiram como uma alternativa para as empresas captarem recursos sem o risco de 
perda de controle acionário. Ao abdicar do direito de votar decisões relacionadas à gestão 
da companhia e à condução dos negócios, o acionista proprietário da ação preferencial 
recebe uma remuneração maior pelo capital investido, em termos de distribuição de 
lucros. Isso porque as ações preferenciais conferem um valor superior de dividendos, o 
lucro líquido da empresa dividido entre os sócios, que receberão um valor de dividendo 
proporcional à quantidade de ações que possuem.
O quadro a seguir resume as diferenças entre as ações ordinárias e preferenciais:
Tipo de ação Ordinárias Preferenciais
Direito de voto Sim Não
Distribuição de resultados
Subordinada, quando 
existir, às ações 
preferenciais
Preferencial em relação às 
ações ordinárias
Composição máxima no 
capital social da cia 1/3 2/3
Dessa forma, pode-se concluir que a maior parte das empresas, atualmente, constitui seu 
capital social a partir da emissão de apenas ações ordinárias. No entanto, ao combinar os 
tipos de ações, as ordinárias ficam em poder dos sócios controladores e as preferenciais 
ficam com os sócios financiadores, pois só oferecem remuneração maior aos seus 
proprietários.
MERCADO DE CAPITAIS 
Os mercados primário e secundário: oferta 
pública inicial (IPO) 
Empresas constituídas como Sociedades Anônimas (S.A.) contratam instituições financeiras 
para mediar o processo de emissão e venda de títulos representativos de dívida ou 
participação (debêntures ou ações) junto ao público (mercado primário/investidores). 
Essa etapa está sujeita à aprovação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão 
regulador do mercado de capitais, sob Instrução Normativa n. 400, que estabelece os 
critérios para a condução da operação pretendida, exigindo informações como dados 
econômico-financeiros da empresa emissora, fatores de risco dos negócios, relações com 
as instituições financeiras participantes, para compor um prospecto a ser avaliado por 
potenciais investidores.
A operação de uma companhia de sociedade anônima de oferecer ações ao público pela 
primeira vez é chamada oferta pública inicial ou IPO (initial public offering). A empresa 
que não possui ações em circulação e vende novas ações aumenta o seu capital social 
empresa (oferta pública inicial primária) ou vende ações dos seus sócios (oferta pública 
inicial secundária), direcionando os recursos obtidos aos sócios, não à empresa.
MERCADO DE CAPITAIS 
Concluída a operação de colocação (venda) da oferta pública inicial de ações, a empresa 
passa a ser negociada no mercado secundário de ações, via Bolsa de Valores na qual está 
registrada, havendo uma data para o início do pregão, sua estreia no mercado de ações. 
Assim, a empresa não recebe mais recursos dos investidores, que passam a negociar 
entre si as ações emitidas pela companhia diretamente no mercado primário na Bolsa de 
Valores. Já a cotação das ações no mercado secundário é a referência para determinar 
o valor de mercado da empresa (quantidade total de ações da empresa multiplicada por 
sua cotação), e está sujeita a eventos da economia.
Você chegou ao fim desta aula. Para complementar seu aprendizado, faça as atividades 
propostas.
MERCADO DE CAPITAIS
Os mercados financeiros e os 
principais players
Introdução
Nesta unidade, vamos apresentar a Bolsa de Valores no Brasil, 
focando em seus produtos, a diferença entre renda variável e renda 
fixa, além do mercado de commodities, câmbios e derivativos.
Depois, aprenderemos a identificar os agentes e as formas de 
operação em cada um dos mercados estudados, explorando as 
funções das corretoras, home broker, fundos de investimentos e os 
índices das bolsas de valores.
MERCADO DE CAPITAIS 
Os mercados financeiros e os principais 
players
A Bolsa de Valores no Brasil: produtos e operações
Agora que você já conhece a história da Bolsa de Valores no Brasil, vamos compreender 
como ela funciona e quais são seus principais produtos, a partir da Bolsa de Valores de 
São Paulo (Bovespa), como exemplo.
Os produtos principais da Bovespa são as ações, as opções de ações e a compra diferida 
de ações (mercado a termo) (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). As açõessão títulos que 
representam frações do capital de uma empresa, denominada “Sociedade Anônima”, 
podendo ser de capital aberto ou fechado, e classificadas em ações ordinárias, conferindo 
ao titular o direito a voto em assembleias gerais ou extraordinárias de acionistas, e ações 
preferenciais, que concedem a prioridade no recebimento do dividendo (MELLAGI FILHO; 
ISHIKAWA, 2011).
As opções sobre ações são negociações do direito sobre elas, ou seja, o direito de 
comprar ou vender até uma data determinada uma quantidade de ações a um preço já 
estabelecido. Conheça, a seguir, alguns termos deste mercado (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 
2011):
 • titular: o comprador da opção, quem adquire o direito de exercer tal opção;
 • lançador: quem vende a opção;
MERCADO DE CAPITAIS 
 • prêmio: o preço a ser pago pela negociação da opção;
 • opção de compra: a modalidade em que o titular tem o direito de comprar uma 
quantidade de ações a um preço preestabelecido até determinada data;
 • opção de venda: a modalidade em que o titular tem o direito de vender uma quantidade 
de ações a um preço preestabelecido até determinada data;
 • preço de exercício: o preço que o titular deve pagar ou receber, ao exercer seu direito;
 • vencimento: a data que os direitos do titular terminam; e
 • séries de uma opção: opções do mesmo tipo (compra ou venda) para uma mesma 
ação ou objeto.
Já o mercado a termo é um produto da Bovespa, no qual é realizada a compra ou venda 
de determinada quantidade de ações, com um preço fixado para uma liquidação futura, 
consolidando, assim, um contrato entre as partes envolvidas, de forma que “todas as 
ações negociáveis na Bovespa podem ser objeto de um contrato a termo” (MELLAGI 
FILHO; ISHIKAWA, 2011, p. 239). Os prazos permitidos para negociações a termo são de 30, 
60, 90, 120, 150 e 180 dias.
MERCADO DE CAPITAIS 
Para operar no mercado a termo, deve-se depositar uma margem de garantia, obedecendo 
a uma tabela criada pela Bovespa, atualizada periodicamente segundo a volatilidade da 
ação e sua liquidez.
Como regra geral, os papéis com maior liquidez e menor volatilidade 
enquadram-se nos menores intervalos da tabela. A Bovespa pode, se 
assim desejar, solicitar um reforço da margem para garantir os contratos 
negociados, em função das oscilações do mercado à vista. Todas as 
margens de garantia depositadas em dinheiro são remuneradas, e seu 
rendimento repassado ao investidor. (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011, p. 
239)
Desse modo, as operações envolvidas para tais produtos são a compra e venda de ações 
no mercado à vista, de opções de compra, de opções de venda e de ações no mercado a 
termo (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011).
MERCADO DE CAPITAIS 
Os mercados financeiros e os principais 
players
Os mercados de commodities, de câmbio e derivativos e 
seus agentes
Antes de mais nada, vamos apresentar algumas definições e os agentes dos mercados de 
commodities, câmbio e derivativos, que atuam em interação.
Do inglês, commoditie pode ser traduzida como mercadorias; porém, para o mercado 
financeiro, significa matéria-prima produzida em larga escala e que pode ser estocada 
sem perder qualidade. Existem basicamente quatro tipos de commodities: agrícola (como 
café e trigo), mineral (como o ouro), financeira (índices como Ibovespa) e de recursos 
energéticos (como o etanol) (PINHEIRO, 2016). O mercado de commodities é definido 
pelas operações financeiras que ocorrem nas bolsas de valores de mercadorias, com 
destaque para as commodities agrícolas, as mais comercializadas no Brasil.
Câmbio consiste na operação de troca de moeda de um país pela moeda de outro país.
Por exemplo, quando um turista brasileiro vai viajar para o exterior e precisa 
de moeda estrangeira, o agente autorizado pelo Banco Central a operar 
no mercado de câmbio recebe do turista brasileiro a moeda nacional e lhe 
entrega (vende) a moeda estrangeira. Já quando um turista estrangeiro 
quer converter moeda estrangeira em reais, o agente autorizado a operar 
no mercado de câmbio compra a moeda estrangeira do turista estrangeiro, 
entregando-lhe os reais correspondentes. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 
2019b)
O mercado de câmbio, ou mercado cambial, é o setor financeiro onde ocorrem operações 
de compra e venda de moeda estrangeira, ou seja, a conversão de moeda nacional 
em moeda estrangeira (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). No Brasil, a política cambial 
é definida pelo Conselho Monetário Nacional e executada pelo Banco Central do Brasil, 
responsável por regulamentar o mercado de câmbio, autorizar as instituições a operar, 
além de fiscalizar o mercado, podendo punir dirigentes e instituições que infrinjam alguma 
legislação, ou pode atuar no mercado de maneira direta, comprando e vendendo moeda 
estrangeira, visando controlar a taxa de câmbio.
Taxa de câmbio é o comparativo da relação entre moeda nacional e moeda estrangeira. 
Por exemplo, R$ 3,50 representa US$ 1,00 (taxa de câmbio meramente ilustrativa, devido 
à sua variação diária).
MERCADO DE CAPITAIS 
As instituições autorizadas pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio são: 
bancos múltiplos; bancos comerciais; caixas econômicas; bancos de investimento; bancos 
de desenvolvimento; bancos de câmbio; agências de fomento; sociedades de crédito, 
fi nanciamento e investimento; sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários; 
sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras de 
câmbio (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2019b).
No quadro a seguir são discriminadas as atividades que tais agentes podem executar no 
mercado de câmbio:
Agente Operações
Banco (exceto de 
desenvolvimento e Caixa 
Econômica Federal).
Todas as operações previstas para o mercado 
de câmbio.
Bancos de desenvolvimento; 
sociedades de crédito, 
fi nanciamento e investimento e 
agências de fomento.
Operações específi cas autorizadas pelo Banco 
Central.
MERCADO DE CAPITAIS 
Agente Operações
Sociedades corretoras de 
títulos e valores mobiliários; 
sociedades distribuidoras de 
títulos e valores mobiliários 
e sociedades corretoras de 
câmbio.
Operações de câmbio com clientes para 
liquidação pronta de até US$ 100 mil ou o seu 
equivalente em outras moedas.
Operações no mercado interbancário, 
arbitragens no País e, por meio de banco 
autorizado a operar no mercado de câmbio, 
arbitragem com o exterior.
O mercado de câmbio é dividido em mercado primário, que recebe (fluxo de entrada) ou 
entrega (fluxo de saída) moeda estrangeira por clientes como exportadores, importadores 
e turistas; e secundário, que consiste em operações cambiais em que um ativo migra de 
uma instituição a outra, sem o fluxo de entrada ou saída da moeda estrangeira do país 
(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2019b).
O mercado de câmbio nacional é dividido basicamente em mercado de câmbio de 
taxas livres (câmbio comercial), presentes em operações de importação e exportação, 
pagamento internacional de juros e dividendos, empréstimos externos, investimentos de 
capital, entre outros; e mercado de câmbio de taxas flutuantes (câmbio turismo), presentes 
em operações de turismo e demais ações relacionadas.
A Taxa Ptax, calculada por meio de uma média aritmética das taxas divulgadas pelos 
maiores bancos, é um indicador do Banco Central utilizado na divulgação diária da cotação 
de todas as moedas estrangeiras, sendo uma referência ao mercado, e não obrigatória 
(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2019b).
Para Pinheiro (2016, p. 433), derivativos são “contratos cujos valores e características de 
negociação estão vinculados aos ativos que lhes servem de referência, ou seja, são ativos 
financeiros cujos valores dependem (ou derivam) de valores de outras variáveis básicas”. 
O termo derivativo vem do fato do valor de um ativo ser derivado de outro, como na 
Opção de Petrobrás, que tem o valor derivado do ativo da Ação da Petrobrás.
Para realizar uma operação a prazo, são necessários elementos como o preço à vista 
da ação ou commodities a serem negociadas; a data futura na qual

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