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MERCADO DE CAPITAIS MERCADO DE CAPITAIS Apresentação Os conteúdos a seguir evidenciarão que o mercado de capitais é parte integrante do sistema financeiro, uma estrutura vital para o funcionamento da economia. O mercado de capitais possibilita a circulação e transferência dos recursos financeiros gerados e poupados no sistema, de maneira ágil e não onerosa, para que investidores possam aplicar o dinheiro excedente em negócios que gerem lucro, emprego e renda. Entre as diferentes esferas do sistema financeiro, esta disciplina mostrará como funciona a economia, em sua dimensão monetária. Compreender a evolução da moeda (e também os conceitos de liquidez, taxas de juros etc.) e sua importância para as trocas é essencial para analisar o funcionamento do mercado financeiro e de capitais. Depois, passaremos para uma caracterização geral do mercado financeiro com suas instituições e principais agentes. A seguir, serão apresentadas as ferramentas de análise mais comuns empregadas no mercado de capitais, também chamado de renda variável. Por fim, serão abordadas questões relativas ao sistema financeiro internacional e sua relação com as políticas macroeconômicas, além da governança corporativa, como ferramenta fundamental para a transparência e o bom funcionamento do mercado de capitais. MERCADO DE CAPITAIS Introdução A origem da moeda Nesta unidade serão discutidas as seguintes questões relacionadas à economia monetária: o conceito de moeda; os fundamentos da sua existência, dentro de um sistema econômico e as principais funções desempenhadas pela moeda, na economia de mercado, com base em trocas indiretas de mercadorias. O sistema monetário exerce papel crucial em nossas vidas, pois o processo de compra e venda de bens e serviços está pautado em uma convenção social, organizada justamente no conceito de moeda. Assim, ao conhecê-lo, entenderemos melhor como funcionam os mercados, em especial, o mercado de capitais. MERCADO DE CAPITAIS A origem da moeda e os meios de pagamento: unidade de conta e reserva de valor Tudo aquilo que conhecemos hoje como “dinheiro” ou “moeda” faz parte de uma realidade bastante natural, mas nem sempre foi assim. Antes da instituição do dinheiro, em um momento histórico relativamente recente, diversas necessidades eram solucionadas mediante a troca direta de bens entre as pessoas, isto é, mercadoria por mercadoria, em um sistema denominado “escambo”. Com a evolução da sociedade, o desenvolvimento das estruturas socioeconômicas e o aumento da sua complexidade, precisou-se de um denominador comum que garantisse mais agilidade às trocas e resolvesse a indivisibilidade e não coincidência de necessidades - dois problemas típicos do sistema de escambo. Tome como exemplo uma estrutura de mercado simples, constituída apenas por dois agentes econômicos que realizam trocas entre si: eu e meu vizinho. Nós inicialmente satisfazemos nossas necessidades mediante trocas: eu atendo à dele de se vestir, fornecendo-lhe minha produção de roupas; e ele faz o mesmo comigo, em relação ao alimento que preciso, fornecendo-me carne, sob a forma de um boi de seu pequeno rebanho, a cada período. Em um determinado ponto, a carne que meu vizinho tinha para trocar não é mais o bastante para mim, pois agora anseio por peixe (não coincidência de necessidades) ou ainda quero consumir carne, mas menos do que antes – ao invés de um boi, quero apenas meio boi; a outra metade precisará ser destinada a outros consumidores (indivisibilidade dos bens). MERCADO DE CAPITAIS A moeda surge então para suprir essa necessidade de um denominador comum entre as mercadorias, dando um novo sentido ao sistema: na medida em que potencializa as trocas econômicas, tornando-as mais eficientes, ela acaba possibilitando o desenvolvimento da economia de mercado tal como conhecemos hoje, ampliando (e sofisticando) o conceito de moeda para um “conjunto de ativos da economia que as pessoas usam regularmente para comprar bens e serviços de outras pessoas” (MANKIW, 2015, p. 592). Atualmente, a moeda desempenha três funções básicas na economia: meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. A primeira função, meio de troca, refere-se ao denominador comum que é a moeda em si, sendo aceita pela coletividade e aplicada em transações de compra e venda de bens e serviços e liquidação de dívidas. A segunda função, unidade de conta, relaciona-se ao cálculo do valor dos bens, ou seja, o preço das coisas. Os bens devem ser reduzidos a um valor monetário comum, a partir do qual será possível aos compradores e vendedores, após compará-lo, realizar as transações. Por fim, a função denominada reserva de valor está relacionada à criação e manutenção de riqueza, ou seja, à constituição de patrimônio sob a forma de moeda. Outro aspecto importante, relacionado ao conceito de moeda, é o da liquidez, que se refere ao grau de facilidade/rapidez com o qual um ativo se transforma em meio de troca, podendo haver ativos mais ou menos líquidos. Por exemplo, uma carteira de ações é mais líquida do que um imóvel, pois pode ser mais rapidamente transformada em meio de troca. A moeda é o ativo mais líquido, porém está sujeita à sua própria desvalorização perante os outros bens, caracterizando o fenômeno da inflação. Essa relação entre a moeda e o aumento do nível geral de preços mostra sua ação na economia como um todo e em seus diversos mercados, inclusive o financeiro e de capitais. Meio de troca Unidade de conta Reserva de valor Aquilo que pessoas que querem comprar dão a quem está vendendo algo. A forma pela qual a troca se realiza. Uma medida comum entre os diversos bens a partir da qual os preços são fixados e as dívidas calculadas. Criação de riqueza e patri- mônio. Poder de compra que não se realiza de imediato e é postergado. MERCADO DE CAPITAIS Portanto, do ponto de vista econômico, o conceito de moeda possui uma definição mais específica. Não se trata apenas de possuir riqueza. O dinheiro que temos (cada vez mais em saldos de cartão de débito/crédito do que na carteira), não possui valor em si, mas seu valor está relacionado ao potencial de comprar um lanche, um tênis ou uma viagem. Ou seja, a moeda funciona como meio de obtenção daquilo que precisamos/desejamos. Nesse sentido, possuir um ativo de grande valor como imóveis, ações ou uma empresa pode torná-lo uma pessoa rica, porém esses ativos não podem ser usados para comprar bens e serviços imediatos. Assim, a moeda seria o ativo mais adequado porque é aceito por todas as lanchonetes, lojas de roupa e agências de viagens. É evidente, portanto, o papel da moeda como mediadora do funcionamento do sistema econômico baseado em troca indireta (não mais escambo) de mercadorias – bens e serviços. Devido à sua importância, a quantidade de moeda em uma economia influencia todas as variáveis econômicas mais básicas, tais como o nível de emprego, produção de bens e serviços, inflação e taxa de juros, e produz efeitos em todos os mercados, em especial o mercado financeiro e de capitais: Deduziremos assim de forma simples, a inevitabilidade da moeda para o bom funcionamento de uma economia de trocas, assim como suas muitas MERCADO DE CAPITAIS vantagens e sua crescente importância na evolução econômica das nações. (LOPES; ROSSETTI, 1992, p. 15). Por fim, devemos destacar dois atores fundamentais nesse cenário: o sistema bancário, e sua participação no processo de criação da moeda, e o governo federal, especialmente, com seu controle da quantidade de moeda em circulação em uma economia. Você aprendeu sobre a origem da moeda e os meios de pagamento, as funções da moeda, unidade de conta e unidade de valor. Para complementar seu aprendizado, realize as atividades que acompanham esta aula. MERCADO DE CAPITAIS Introdução A evolução da moeda: a moeda bancária Nesta unidade você aprenderá sobre os conceitos mais básicos de economia monetária. Já vimos na Unidade 1 umamenção inicial sobre o nascimento do conceito de moeda como solução às restrições estruturais (indivisibilidade e não coincidência de necessidades) existentes no sistema mais primitivo de escambo, característico dos primeiros agrupamentos humanos organizados. Nesta unidade, daremos continuidade a esse relato, apresentando a evolução da moeda ao longo da sua história, percorrendo os seus diversos estágios, desde a já mencionada troca direta, a moeda como mercadoria, até a sua utilização denominada moeda fiduciária, chegando finalmente aos conceitos de moeda bancária e moeda escritural. A moeda bancária e escritural, foco desta aula, está associada à evolução do sistema bancário e à necessidade de guardar e transferir o dinheiro com mais agilidade e segurança em transações econômicas caracterizadas agora por cédulas de papel, depósitos bancários (transformados em dinheiro), pagamentos com cartões e transferências monetárias via internet. MERCADO DE CAPITAIS A evolução histórica das moedas fiduciária, bancária e escritural À medida que a organização socioeconômica foi se sofisticando, as transações econômicas evoluíram de um padrão baseado em troca direta de mercadorias - o escambo dos primórdios das civilizações, para operações indiretas por meio de um denominador comum, a moeda. Contudo, a moeda de então era diferente da que conhecemos hoje. A moeda-mercadoria, representada por metais preciosos, como ouro e prata, além de funcionar como unidade de medida dos bens e serviços a serem transacionados e trocados, possuía também um valor intrínseco, isto é, um valor da própria mercadoria em si. O ouro, especialmente, possuía as qualidades ideais para funcionar como moeda nas transações de troca: durabilidade (não perecível); mobilidade: estar onde a transação acontecia; divisibilidade: facilitar os pagamentos (um problema comum do escambo); homogeneidade: equiparar as unidades; e disponibilidade limitada: preservar seu valor justamente por não ser abundante. Para facilitar ainda mais, ourives e comerciantes passaram a oferecer um serviço de guarda de metais preciosos, mediante a emissão de recibos de custódia, com os quais MERCADO DE CAPITAIS se poderia realizar as transações sem ter de carregá-los consigo. O papel-moeda era conversível em ouro, emitido de maneira proporcional à quantidade de ouro armazenada com os custodiantes e se baseava no “padrão ouro”, que é o modo de operação de uma economia que usa “ouro como moeda (ou usa papel que seja conversível em ouro à vista)” (MANKIW, 2015, p. 593). Baseado estritamente em confiança, esse sistema de emissão de papéis representativos do metal passou a ser cada vez mais aceito em uma troca e sobrepujou a troca com o ouro propriamente dito. Assim, a emissão de papel-moeda com lastro em ouro crescia junto com a confiança das pessoas no novo padrão, a partir do entendimento de que era possível reutilizar o mesmo papel para adquirir outros bens e serviços. Contudo, com o aumento das transações, a emissão de papel-moeda passou a superar o estoque de ouro, além do que, ao depositar o metal com os custodiantes, a maioria das pessoas não solicitava reconversão na mesma proporção do papel-moeda emitido. Assim, surgiu a moeda fiduciária. Do verbo fidere do latim, “fidúcia” significa confiar. Então, a moeda fiduciária era o papel-moeda ou moedas metálicas sem lastro em ouro, isto é, não se podia (pelo menos não integralmente, como antes) ir a um depósito e trocar os papéis por barras de ouro. O sistema baseado em moeda fiduciária completa sua evolução quando os governos tomam o lugar dos comerciantes e ourives como únicos emissores de papel-moeda, passando a controlar a oferta de moeda ao instituir o “curso forçado”, por decreto garantido por disposições legais, mas sem valor intrínseco. MERCADO DE CAPITAIS Apesar do controle governamental da moeda, sua plena eficácia ainda dependia da confiança da sociedade, das convenções sociais e das expectativas de ser aceita normalmente nas transações. Assim, com a evolução do sistema econômico, desenvolveu- se a moeda bancária e escritural, que transformou os recursos financeiros em depósitos bancários movimentados por meio da emissão de cheques ou de créditos/débitos em cartões, o chamado “dinheiro de plástico”. Com isso, a maior parte do papel-moeda existente na economia deixa de circular fisicamente e passa a ser movimentada mediante a emissão de títulos, e os cheques passam a funcionar como meio de troca válido. Os bancos, portanto, ao administrar depósitos e saques de seus correntistas, assumem um papel importante na criação e circulação da moeda, como veremos adiante. A moeda bancária é também denominada moeda invisível pelo fato de não ter existência física; e é escritural, por corresponder a lançamentos a débito e crédito, registrados nas contas correntes dos bancos. (LOPES; ROSSETTI, 1992, p. 34). A efetividade da moeda bancária também depende da confiança no bom funcionamento da economia e na competência do governo em geri-la e da aceitação da sociedade para sua plena utilização, bem como da confiança dos agentes econômicos na solidez do sistema bancário. Moeda Bancária: Moeda Papel: Moeda Fiduciária : De emissão sem lastro integral, controlada pelo governo, com suporte legal. Moeda legal ou de curso forçado. Seu valor intrínseco depende do valor do bem que ela representa, e no qual está lastreada. Moeda representada por depósitos bancários. Realização de pagamentos por meio da emissão de cheques ou créditos/ débitos de cartões bancários. MERCADO DE CAPITAIS Nesta unidade você acompanhou a evolução histórica da moeda desde a troca direta; passando pela moeda-papel, que representava o metal; o papel-moeda, baseado na confiança e aceitação geral das pessoas em sua eficiência nas transações econômicas; até a moeda dos dias de hoje, com destaque especial para as duas modalidades mais importantes dessa evolução: a moeda fiduciária e a moeda bancária e escritural. Para complementar seu aprendizado, faça as atividades desta aula. ! MERCADO DE CAPITAIS Introdução Introdução ao sistema financeiro: conceitos iniciais Nesta unidade, abordaremos dois conceitos fundamentais para compreender o funcionamento do mercado financeiro: liquidez e taxa de juros. Também vamos entender o conceito de “quase-moeda”, que surge com a evolução e sofisticação do uso da moeda como meio de troca. Moeda e quase-moeda são ativos financeiros que costumam ser agregados segundo critérios associados à liquidez. Por fim, a partir de uma perspectiva mais macro - considerando a economia como um todo -, exploraremos o conceito de agregados monetários, que são a própria quantidade de moeda circulando na economia. MERCADO DE CAPITAIS Liquidez e taxa de juros: quase-moeda e agregados monetários no Brasil A liquidez da moeda se refere ao grau de facilidade/rapidez com o qual um ativo se transforma em meio de troca. A liquidez de cada ativo é considerada ao decidir investimentos para aumentar ou manter riqueza. A moeda é o ativo mais líquido, porém está sujeita à sua própria desvalorização perante outros bens (inflação), sendo, portanto, limitada como reserva de valor e manutenção do poder de compra. Já os ativos menos líquidos, como ações e imóveis, podem funcionar melhor como reserva de valor (desde que bons ativos sejam adquiridos – assunto que será comentado mais à frente). A taxa de juros é o preço que agentes superavitários, isto é, agentes econômicos que, em determinado momento, possuem uma sobra de recursos, emprestam seus recursos excedentes a agentes deficitários, aqueles que carecem de recursos, a um determinado valor. Ao aceitar, o agente deficitário renuncia ao uso desse recurso no presente e, em troca, os superavitários fazem jus a uma compensação, isto é, esperam receber no futuro os recursos emprestados, acrescidos de um percentual sobre eles. Esse percentual, mais o risco de o empréstimonão ser pago, compõem a taxa de juros. A taxa de juros está relacionada ao processo de financiamento da economia, à moeda a aos bancos. MERCADO DE CAPITAIS O sistema financeiro é o mecanismo de transferência de recursos dos agentes superavitários aos agentes deficitários. Nesse processo de financiamento da economia, quem tem dinheiro sobrando (agentes superavitários) empresta para quem está com dinheiro faltando (agentes deficitários), a partir de um mecanismo de transferência, representado pelo mercado financeiro, do qual destacam-se os bancos. Ao atuar como intermediários financeiros, os bancos emitem títulos no mercado (CDB, Letras de Câmbio etc.) e captam, por meio dessa emissão, recursos junto ao público, que poderão ser ofertados aos setores privado e público. Ou seja, os bancos pagam juros pelos recursos depositados e depois financiam gastos de consumo e investimento (formação de capital) para famílias, empresas e governo. O lucro vem da cobrança de seus serviços como guardadores, remuneradores, emprestadores e transferidores de dinheiro (pagamento de contas e transferência de recursos entre agentes econômicos), por meio de tarifas e, também, no caso de captação e empréstimo, do diferencial de juros (os juros de captação devem ser menores que os juros de empréstimos). Os excedentes de renda, sob a forma de unidades familiares, das empresas e do governo, são canalizados ao sistema financeiro que intermedeia esses recursos, destinando-os ao financiamento de consumo das unidades familiares, do capital de giro das empresas, e da formação de capital das empresas e do governo. (LOPES; ROSSETTI, 1992, p. 43). Os agregados monetários são os ativos financeiros da economia, classificados de acordo com seu nível de liquidez, sendo que a moeda em poder do público ou depositada nos bancos (depósitos à vista) é o ativo mais líquido, e os menos líquidos são aqueles que sofrem algum tipo de remuneração (depósitos a prazo, como poupança). Como desempenham apenas algumas funções monetárias, esses ativos são também chamados de quase-moeda. Além do papel moeda, existe também a moeda bancária, representada pelos depósitos bancários: depósitos à vista, com disponibilidade (liquidez) imediata; depósitos de poupança, com uma menor disponibilidade; e depósitos a prazo, fundos a prazo fixo, que podem ser disponibilizados mediante uma série de penalizações, o que diminui sua liquidez. Moeda em poder do público Depósitos de poupança Depósitos a prazo Papel moeda e depósitos à vista nos bancos - maior liquidez. Depósitos com baixa remuneração e relativa facilidade de resgate - li- quidez mediana. Depósitos a prazo fixo, com regras de punição para resgates antes do prazo - menor liquidez. MERCADO DE CAPITAIS Os agregados monetários (ou base monetária) são classificados de acordo com o grau de liquidez, em uma escala de M1 a M4, sendo M1 o mais líquido. Especificamente no contexto brasileiro, o Banco Central (BC) classifica esses agregados monetários de duas formas: uma restrita, que enquadra somente o M1, representado pela soma do papel moeda em poder do público, mais os depósitos à vista no sistema bancário; e uma ampla, que engloba a soma de todas as faixas de agregados monetários, a saber: M2 - composto pelo M1 + títulos emitidos por instituições depositárias (CDB e CDI), depósitos de poupança e depósitos especiais remunerados. M3 - composto pelo M2 + fundos de renda fixa e operações compromissadas registradas no sistema Selic. M4 - composto pelo M3 + todos os títulos públicos de alta liquidez. A ilustração a seguir mostra a composição da classificação das faixas de liquidez dos agregados monetários: Em uma economia complexa como a brasileira, não é simples diferenciar o que é ou não moeda. A própria metodologia de classificação do Banco Central sofre alterações e atualizações periódicas, para acompanhar a evolução da economia monetária ao longo do tempo. Mais do que conhecer em detalhe as diferenças de composição dos agregados monetários, o essencial é saber que o estoque de moeda de determinada economia inclui a moeda em circulação (cédulas e moedas) e os depósitos bancários, que também podem, em maior ou menor grau, ser utilizados para aquisição de bens e serviços. M4 M3 M2 M1 MERCADO DE CAPITAIS Por fim, destacamos o papel central dos bancos no funcionamento de qualquer sistema financeiro, pois são eles que, juntamente com o Banco Central, controlam a oferta, o processo de movimentação e a evolução da moeda em suas várias manifestações. Com o passar do tempo, os bancos se tornaram tão importantes que acabaram por dividir com o governo a função de criação da própria moeda, objeto de discussão em outra unidade. Segundo Mankiw (2014, p. 611), “sempre que compramos e vendemos alguma coisa, confiamos na convenção social extraordinariamente útil denominada ‘moeda’”. Nesta unidade você conheceu os conceitos de liquidez, taxa de juros, quase-moeda e agregados monetários. Para complementar seu aprendizado, faça as atividades que acompanham esta aula. MERCADO DE CAPITAIS Introdução A oferta de moeda: princípios básicos Nesta unidade você compreenderá a dinâmica da demanda por moeda (transação, precaução e especulação) e da oferta de moeda (intervenções com o mercado econômico). Assim, para introduzirmos algumas das principais abordagens que explicam a mensuração da demanda e da oferta de moeda, relembraremos o conceito de moeda e as motivações básicas para sua utilização, além de tratarmos a importância de definir quais ativos são contabilizados nessa operação e a identificação dos principais agregados monetários. MERCADO DE CAPITAIS Moeda: demanda e oferta Devido à grande influência da moeda sobre a atividade econômica, o governo costuma interferir no mercado monetário, comprometendo a análise de sua oferta e demanda (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). Portanto, entendemos a oferta de moeda como uma variável autônoma, controlada pelo governo, focando, assim, nos determinantes da sua demanda, definida como: A demanda ou procura de moeda pela coletividade corresponde à quantidade de moeda que o setor privado não bancário retém, em média, seja com o público, seja no cofre das empresas, e em depósitos à vista nos bancos comerciais. (PINHEIRO, 2016, p. 22). Segundo o autor, existem, basicamente, três motivos que levam os agentes financeiros a utilizar a moeda: a realização de transações, liquidez e especulação. A realização de transações reflete a necessidade dos agentes em manter saldos de caixa e de depósitos bancários, com o intuito de atender a transações não previstas. A liquidez é a capacidade de utilizar moeda para concretizar transações como pagamento em gastos inesperados. MERCADO DE CAPITAIS Já a realização da especulação tem como base a ameaça existente na elevação de taxas de juros ou, ainda, de outros fatores que possam desestabilizar a economia. Por funcionar como reserva de valor, a moeda pode ser utilizada para acumulação ou especulação (PINHEIRO, 2016). Para Mellagi Filho e Ishikawa (2011), os determinantes da demanda de moeda fazem com que as pessoas retenham-na, ao invés de investi-la em outras aplicações. Assim, considerando o sentido mais estrito de moeda, em que o ativo por si só não rende remuneração, existem pelo menos três abordagens para explicar a demanda: o modelo Baumol-Tobin, a teoria quantitativa e a teoria da preferência pela liquidez. Há, ainda, no sentido amplo da moeda, em que o ativo rende remuneração para o público, a teoria da carteira (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). Embora distintas, as abordagens se completam, variando apenas a ênfase de um ou outro aspecto da moeda. Para compreender a oferta, é preciso relembrar o conceito de moeda, pois ela pode ser mensurada de diversas formas, definindo quais ativos serão contabilizados. A conceituação mais restritiva considera apenas o papel-moeda (a moeda manual, isto é, notas de papel e moedasde metal) e a moeda escritural (depósito à vista em instituições financeiras); definições mais amplas incluem outros ativos financeiros, como depósitos a prazo, depósitos em cadernetas de poupança ou títulos públicos federais. Estes últimos são chamados de quase-moedas, pois só são classificados como moedas, quando se considera justamente um sentido mais amplo (PINHEIRO, 2016). A mensuração, portanto, ocorre apenas quando se compreende o que está incluso no conceito. Para a classificação do total de moeda de um país, devemos compreender algumas definições de medida de oferta de moeda (agregados monetários ou meios de pagamento). Pinheiro (2016, p. 17) define como o “estoque de moeda disponível para uso da coletividade (setor privado não bancário) a qualquer momento e que podem ou não incluir as quase-moedas”. Entre os agregados monetários, Rossetti (1997) destaca: • meio circulante é a moeda em espécie (papel-moeda impresso e moedas metálicas), produzida por instituições, como a Casa da Moeda, aos bancos centrais; • papel-moeda emitido é a totalidade do meio circulante, emitido com a autorização dos bancos centrais, independentemente de sua posse; • papel-moeda em circulação é a totalidade do meio circulante que não está em posse dos bancos centrais, mas foi colocada em circulação; • depósitos à vista no sistema bancário ou moeda escritural, por serem em maior parte, o resultado de operações ativas dos bancos, não existem fisicamente; MERCADO DE CAPITAIS • base monetária é a soma do papel-moeda emitido e das reservas voluntárias e compulsórias mantidas pelos bancos nos bancos centrais; • oferta monetária, em sentido estrito e convencional, é a totalidade de ativos monetários mantidos pelas pessoas (papel-moeda e depósitos à vista); em sentido mais amplo, passa a ser todos os ativos financeiros, monetários e quase monetários. Uma das estratégias dos bancos comerciais para aumentar a oferta de moeda é o efeito multiplicador da moeda escritural ou depósitos à vista, mediante a não utilização simultânea do total dos depósitos à vista recebidos pelos clientes em espécie, considerando que os bancos precisam disponibilizar, sob forma de moeda em espécie, de 3% a 5%, podendo emprestar o restante aos clientes, multiplicando a capacidade de pagamento dos depósitos iniciais (PINHEIRO, 2016). O quadro, a seguir, mostra um exemplo prático do efeito multiplicador, simulando a situação em que o banco utiliza o dinheiro depositado pelo cliente. O cliente efetua um depósito de R$ 100,00 O cliente efetua um depósito de R$ 100,00 O poder de pagamento do depósito de R$ 100,00 passa a ser de R$ 195,00 • aproveitando sua ca- pacidade de acumulação de recursos oriundos dos depósitos à vista, o banco utiliza R$ 95,00 dos R$ 100,00 inicial- mente depositados para emprestá-los a outro cliente; e • ao realizar um emprés- timo de R$ 95,00 a outro cliente, o banco multiplica a capacidade de paga- mento dos R$ 100,00 para R$ 195,00, pois: > o cliente inicial continua possuindo capacidade de pagamento de R$ 100,00 resultante de seu depósi- to; e > o banco, que não pos- suía direitos sobre esses R$ 100,00 passa a ser credor de outro cliente so- bre um valor de R$ 95,00 baseando-se em recursos ociosos de clientes. • o cliente passa a pos- suir a capacidade de utilização dos R$ 100,00 a qualquer momento, ou seja, sua capacidade de pagamento continua sendo de R$ 100,00 • o banco passa a pos- suir os R$ 100,00 como recursos, mas também adquire uma obrigação financeira no valor de R$ 100,00; e • como o banco está sem- pre recebendo novos depósitos de clientes que não serão utilizados simultaneamente, nem em montante nem em prazo, surge um gap (descasamento) entre as entradas e saídas e os prazos, o que pos- sibilita a formação de uma “caixa-d’água” com recursos dis- poníveis ao banco. Fonte: Pinheiro (2016, p. 20). MERCADO DE CAPITAIS Uma das intervenções do Banco Central na economia é o controle do volume de emissões de moedas manuais. Se realizado de maneira desenfreada, compromete a credibilidade do país perante o mercado, elevando a inflação. Assim, aumentar a produção de cédulas com o único propósito de melhorar a economia de um país teria o efeito inverso. Para controlar a multiplicação da moeda escritural, existem as taxas de reserva compulsórias. Governos possuem contas bancárias, assim como pessoas físicas e jurídicas, geralmente no Banco Central, para realizar pagamentos e recebimentos, mantendo os depósitos à vista e realizando transações com as demais instituições financeiras. Tais contas são chamadas de reservas, representando ativos para os bancos e passivos para o Banco Central (PINHEIRO, 2016). O Banco Central exige que estas contas mantenham parte dos grandes volumes de recursos à vista das instituições financeiras e um valor mínimo estipulado, de depósitos compulsórios. Um dos principais instrumentos de política monetária, e também fator determinante dos movimentos da base monetária e oferta da moeda, são as operações de open market (mercado aberto), sendo a compra e a venda de títulos do governo efetuadas pelo Banco Central - uma compra aumenta a base monetária, e sua venda, reduz. Nesta unidade você compreendeu as dinâmicas da oferta de moeda e da demanda por moeda. Para complementar seu aprendizado, realize as atividades que acompanham esta aula.! MERCADO DE CAPITAIS Introdução Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) a mais uma unidade. Nela, você aprenderá o conceito de banco comercial, suas principais características, instrumentos e atividades. Também entenderá o multiplicador monetário, a política monetária, a função e a influência do Banco Central, além das operações de encaixe obrigatório, redesconto e de mercado aberto. Vamos juntos? MERCADO DE CAPITAIS LS 1 - Banco comercial e o multiplicador monetário Banco comercial é uma instituição financeira regulamentada pelo banco central, caracterizada principalmente pela forma como capta recursos: por depósitos à vista, que são contas correntes mantidas pelo público com total liberdade de movimentação; ou por depósitos a prazo, que são aplicações financeiras dos clientes do banco, com remuneração em prazos determinados. Outras fontes de recursos envolvem produtos comercializados e serviços prestados, bem como taxas cobradas (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a expressão “Banco” (Resolução CMN 2.099, de 1994; BRASIL, 2019a). MERCADO DE CAPITAIS Além da captação de depósitos à vista e a prazo, destacam-se, entre as atividades dos bancos comerciais: processamento de pagamento e transferências de crédito; emissão de cheques de correntistas, cheques entre bancos e cheques administrativos; concessão de empréstimos pessoais e jurídicos; fornecimento de documentos (cartas de crédito, garantias, cauções e subscrições de títulos); guarda de documento e valores em cofres; venda de seguros, e fundo de investimentos básicos, como depósitos em poupança (PINHEIRO, 2016). Os bancos comerciais são responsáveis, ainda, pelo efeito multiplicador monetário, ou seja, ao receber algum recurso via depósito e retirar o percentual de encaixe obrigatório (moeda em espécie para eventuais movimentações), realiza empréstimo a clientes, aumentando a capacidade de pagamento (PINHEIRO, 2016). MERCADO DE CAPITAIS LS 2 - O Banco Central e as políticas monetárias: encaixe obrigatório, redesconto e operações demercado aberto A atuação do Banco Central varia de país a país, sendo que seu poder de intervenção na economia e na política monetária ganhou destaque a partir da Grande Depressão do século XX (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). De modo geral, antes disso esse Banco ora seguia o modelo norte-americano, atendendo às necessidades do sistema bancário de regulação e de refinanciamento eventual de seus membros, ora seguia o modelo europeu, facilitando o financiamento do governo. Ainda segundo Mellagi Filho e Ishikawa (2011), o Banco Central é o principal órgão responsável pela atuação junto às políticas monetárias, e possui cinco papéis básicos: o banco dos bancos (depósitos compulsórios e redescontos de liquidez); gestor do sistema financeiro nacional (normas, autorizações, fiscalização e intervenção); executor da política monetária (controle dos meios de pagamento e orçamento monetário, além de instrumentos de política monetária); banco emissor (emissão e saneamento do meio circulante); e banqueiro do governo (intermediário financeiro do Tesouro Nacional, administrador da dívida pública interna e externa, gestor e fiel depositário das reservas internacionais do país, e representante junto às instituições financeiras internacionais). Existem três principais instrumentos tradicionais da política monetária junto ao mercado: controle das reservas bancárias (encaixe obrigatório e depósito compulsório), empréstimos de liquidez às instituições financeiras (operações de redesconto) e operações com títulos públicos (mercado primário e mercado aberto) (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). MERCADO DE CAPITAIS O controle das reservas bancárias (ou encaixes monetários) pode ser de dois tipos: as reservas livres, definidas pelos próprios bancos para suprimir sua necessidade de liquidez, e as reservas compulsórias, depositadas pelos bancos comerciais junto ao Banco Central (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). Assim, quanto maior a taxa de reservas, menor será o multiplicador bancário. De acordo com o site do Banco Central do Brasil (2019b), os recolhimentos compulsórios e o encaixe obrigatório são instrumentos que permitem ao Banco Central influenciar a quantidade de moeda na economia. São quatro suas modalidades: recolhimento compulsório sobre recursos à vista; recolhimento compulsório sobre recursos de depósitos e de garantias realizadas; encaixe obrigatório sobre recursos de depósitos de poupança; e recolhimento compulsório sobre recursos a prazo. As operações de redesconto ou empréstimos de liquidez às instituições financeiras ocorrem no eventual problema de liquidez, enfrentado por bancos comerciais para honrar os saques de seus correntistas e fazer alguns pagamentos, quando não conseguem empréstimos de outros bancos, tendo que recorrer ao Banco Central. O Banco Central cobra uma taxa de juros para essa operação – a taxa de redesconto das reservas bancárias, influenciando a liquidez do sistema bancário: quanto maior a taxa de redesconto cobrada pelo banco central, menor tende a ser a liquidez do sistema financeiro (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). Segundo Pinheiro (2016), as operações de redesconto podem ser classificadas em: redesconto intradia (operação sem custo que não gera crédito, mas gera liquidez) e redesconto overnight (operação com custo punitivo.) Fonte: Pinheiro (2016, p. 22) Controle das emissões Compulsório Open market Instrumentos Níveis de liquidez Taxa de juros Aumento do controle Diminuição do controle Aumento da taxa Diminuição da taxa Venda de títulos Compra de títulos Redesconto Aumento dos juros, redução de prazos e de limites operacionais Diminuição dos juros, redução de prazos e de limites operacionais Diminuição Aumento Diminuição Aumento Diminuição Aumento Diminuição Aumento Aumento Queda Aumento Queda Aumento Queda Aumento Queda MERCADO DE CAPITAIS O Banco Central também impacta na oferta de moeda via operações de compra e venda de títulos públicos, “um papel que se compromete a pagar periodicamente uma remuneração financeira denominada juro com base no valor de face do título, ou seja, da quantia emprestada” (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011, p. 111). Assim, basicamente, quanto mais títulos públicos o governo vender, em troca de papel-moeda ou ativos de maior liquidez, menor será a oferta monetária na economia. Como agentes financeiros podem utilizar tais títulos como dinheiro, quanto maior a oferta de títulos, tende a ser maior a taxa de juros a ser cobrada, o que ocasionaria uma menor atividade econômica, menor demanda por crédito e menor circulação de dinheiro no sistema financeiro, resultando na redução da liquidez do sistema. Inversamente, quanto mais títulos públicos forem resgatados pelo governo, maior será o grau de liquidez do mercado. Para vender títulos públicos, o governo os lança no mercado primário, um mercado restrito, composto por dealers. Caso não haja proibição, tais instituições escolhidas pelo governo podem revender os títulos adquiridos para outras instituições financeiras no mercado aberto (open market). O governo também pode atuar no mercado aberto, comprando e revendendo títulos, o que pode significar o controle de taxas de juros de curto prazo, a regulação da liquidez da economia e a sinalização de uma orientação à política monetária (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). Caro(a) estudante, você chegou ao fim desta aula. Parabéns! Nela, você aprendeu sobre o conceito de banco comercial e multiplicador monetário, a função do Banco Central e a política monetária, e ainda acerca das operações de encaixe obrigatório, redesconto e operações de mercado aberto. Para complementar seu aprendizado, realize as atividades que acompanham esta aula. Até a próxima! MERCADO DE CAPITAIS Introdução Nesta unidade, você entenderá a importância da intermediação financeira e seu impacto no desenvolvimento econômico. Este material está dividido em três partes: 1) a participação do mercado financeiro no planejamento econômico do país; 2) instrumentos e conceitos de transferência de riscos e as operações especulativas; 3) a estrutura e os segmentos do mercado financeiro. O papel do sistema financeiro é permitir a melhor alocação dos recursos de poupança em investimentos nos mercados monetário, de crédito, de capitais e de câmbio. MERCADO DE CAPITAIS Plano de desenvolvimento econômico O sistema econômico de um país é composto por famílias, empresas e o governo. Além disso, as relações entre nações geram uma série de transações mediadas pela moeda. O governo mantém o monopólio da emissão de moeda e coloca recursos em circulação, com base nas necessidades de desenvolvimento e controle da economia. O sistema de impostos serve para corrigir imperfeições do sistema de produção e renda. O dinheiro exerce as seguintes funções: denominador comum de valor (pois permite a precificação de produtos e serviços); meio de troca (já que viabiliza as trocas); e reserva de valor (uma forma de acumular riqueza). Assim, ao controlar os meios de pagamentos, o Estado consegue estabelecer metas para o desenvolvimento econômico. O controle das variáveis econômicas – produção, emprego, renda e preços – é vital para o planejamento econômico, pois elas afetam as decisões de investimento, consumo e poupança, de acordo com o ambiente econômico. O estado controla essas variáveis a partir de políticas econômicas (política fiscal, política monetária, política cambial e política de rendas), dependendo dos objetivos estabelecidos para o desenvolvimento econômico. A política fiscal trata das questões associadas à forma como o governo arrecada e gasta os recursos (orçamento público: receitas e despesas); a política monetária versa sobre a manutenção do poder de compra da moeda e das decisões sobre como o sistema financeiro funciona; a política cambial é composta pelas decisões sobre o regime aduaneiro e de câmbio; e, por fim, a política de renda caracteriza-se pelas ações governamentais, diretas ou indiretas,a partir das quais são estabelecidas decisões para corrigir e incentivar a melhor distribuição das riquezas. MERCADO DE CAPITAIS Como o planejamento acontece a partir das diretrizes econômicas, os meios de comunicação destacam o comportamento do sistema financeiro frente às decisões macroeconômicas, ressaltando variáveis, como a taxa de juros, o nível de preços (inflação, deflação), a taxa de desemprego, o nível de ocupação da indústria, a taxa de câmbio etc, que são controladas por políticas e decisões tomadas nos âmbitos público e privado. O desenvolvimento econômico está ligado, enfim, à compreensão das relações entre essas variáveis e como o Estado projeta e implementa suas políticas econômicas. MERCADO DE CAPITAIS Mercado financeiro: proteção e especulação O sistema financeiro tem como funções: permitir a liquidação das transações econômicas (sistema de pagamentos); captar recursos de poupança e alocá-los em operações de crédito (sistema de poupança e empréstimo); e transferir riscos entre agentes econômicos, a partir de operações de seguro (sistema de seguros e derivativos). Toda atividade econômica tem riscos associados ao ambiente de negócios. Conceitualmente, o risco total de uma atividade econômica qualquer pode ser dividido em: a) risco sistêmico – associado ao ambiente externo, ou seja, aos aspectos do comportamento da economia (nível de renda, emprego, preços, produção, taxa de câmbio etc.); e b) risco não sistêmico – que refere-se às condições do ambiente próprio de negócios da empresa (características de mercado, modelo de gestão financeira etc.). A proteção à exposição de riscos de uma atividade acontece via operações de seguro, a partir das quais os riscos são transferidos para uma seguradora, mediante um contrato de seguro. Por exemplo, quando uma empresa faz seguro contra roubo ou perda de um equipamento de sua fábrica. Há ainda operações com derivativos que, embora tenham outras funções, servem como instrumento de transferência de riscos entre participantes. Por exemplo, quando uma empresa exportadora realiza operações com contratos futuros de dólar, para proteger- se da variação da taxa de câmbio. MERCADO DE CAPITAIS Nos segmentos em que são emitidos e negociados ativos financeiros, como ações e títulos de dívidas privados e públicos, os participantes realizam operações especulativas de compra e venda desses ativos, viabilizadas por recursos poupados, convertidos em ativos financeiros. As instituições financeiras, cujo papel é intermediar as transações entre compradores e vendedores, permitem, no ambiente onde são negociados os ativos (plataformas de negociação, mercados organizados, bolsas de valores), sua transmutação, ou seja, a possibilidade de transformar recursos financeiros em ativos, a partir de sua negociação no sistema financeiro. Assim, o participante pode alocar seus recursos de poupança, ao diversificar seus investimentos, buscando um retorno mais eficiente e menores riscos, embora a dinâmica da economia demande ajustes das carteiras de investimento. A natureza dos fluxos cria, pelo conjunto de eventos relacionados ao comportamento dos indicadores econômicos, uma constante oscilação no valor dos ativos. Essa volatilidade propicia ao ambiente de negócios operações especulativas, uma forma de alguns participantes obterem ganhos financeiros de curto prazo e gerar liquidez às negociações. Quando há transparência na formação de preços no mercado, o especulador tenta antecipar a tendência dos preços dos ativos, podendo ganhar ou perder sua aposta, e permite, assim, a fluência dos negócios. MERCADO DE CAPITAIS Os mercados financeiros: monetário, de crédito, de câmbio e de capitais O sistema financeiro é a parte da economia na qual os agentes econômicos (empresas, famílias, governo), por intermédio de instituições especializadas (bancos, financeiras, seguradoras etc.), realizam quatro transações básicas: 1) pagamentos e recebimentos; 2) aplicações – alocam recursos em aplicações financeiras quando a renda supera os gastos; 3) empréstimos – emprestam recursos para adiantar despesas futuras; 4) e transferências de riscos – transferem riscos indesejáveis para preservar seu patrimônio, via contratação de seguros (FORTUNA, 2017). Por exemplo, para receber seu salário e efetuar os diversos pagamentos relativos às suas despesas, você mantém uma conta bancária. Quando sobram recursos, ou seja, você gasta menos do que recebeu, pode aplicar o dinheiro e receber uma remuneração. Caso você necessite de recursos para suprir um imprevisto, pode contratar um empréstimo. Finalmente, se deseja preservar seu patrimônio (imóvel, automóvel, máquinas, equipamentos, operações etc.), você contrata um seguro e, assim, transfere o risco indesejado de perda para a companhia seguradora. As demandas de pessoas físicas ou jurídicas por transações são similares, ou seja, todos necessitam de contas bancárias para movimentar seu caixa: de aplicações, quando sobram recursos; de empréstimos, para adiantar despesas correntes; ou de investimento e de seguros, para preservar o patrimônio. O sistema divide-se, então, em segmentos nos quais as operações são realizadas: I. Mercado monetário Segmento no qual ocorrem as transações cotidianas de empresas, famílias, governo e instituições financeiras. Para a economia funcionar, são necessários recursos monetários em circulação, mantidos, sob responsabilidade legal do Estado/Governo, na forma física ou em depósitos à vista ou a prazo. Já os Bancos Centrais centralizam o controle do volume de recursos em circulação, necessários ao funcionamento do sistema econômico, ou seja, meios de pagamento (moeda e depósitos), e fiscalizam a atuação das instituições financeiras, controlando o nível geral de preços para evitar a inflação (aumento geral dos níveis de preço) ou a deflação (queda geral do nível de preços). MERCADO DE CAPITAIS Instituições bancárias “compram” e “vendem” dinheiro: elas captam recursos, via depósitos à vista e a prazo e, em contrapartida, prometem uma remuneração pelos recursos que são utilizados em operações de empréstimos aos tomadores de recursos (pessoas ou empresas). Para realizar uma transação financeira sem recursos, o agente econômico poderá obtê- los no mercado de crédito, no qual as operações são viabilizadas por tomadores de recursos em instituições financeiras – um intermediário que capta recursos poupados e os empresta. II. Mercado de crédito O mercado de crédito é o segmento no qual os recursos de poupança, em crédito no sistema financeiro, são canalizados/alocados aos potenciais tomadores, por meio das instituições financeiras, que exercem papel de “interposição” na relação entre poupadores e tomadores, assumindo os riscos. Por exemplo, uma empresa de calçados (poupador) efetua uma aplicação financeira via conta bancária. Os recursos aplicados na instituição são direcionados a operações de crédito para um comerciante (tomador). MERCADO DE CAPITAIS Empresa e comerciante não se conhecem, mas a instituição financeira atua como intermediária entre as partes: responsabiliza-se pelos recursos depositados pelo poupador e os canaliza para o tomador, assumindo os riscos da operação de crédito. O poupador mantém sua aplicação, por acreditar e confiar na expertise da instituição financeira em alocar os recursos e devolvê-los com remuneração. Por outro lado, o comerciante, tomador dos recursos, deverá apresentar uma série de informações à instituição financeira antes de obter o empréstimo. O mercado de crédito atende, portanto, as demandas de recursos de curto e médio prazos dos agentes econômicos. III. Mercado de capitais No mercado de capitais, as operações de captação de recursos acontecem via empresas (não financeiras), a partir da emissão de títulos próprios, que podem ser representativos de dívidas (debêntures, commercial papers etc.) ou representativos de participação societária (ações). Com a venda dos títulosao público (poupadores/investidores), a empresa levanta fundos para realizar seus projetos. IV. Mercado de câmbio Em algumas transações financeiras e comerciais, realizadas fora do país (exportações, importações, investimentos de residentes no exterior, investimentos estrangeiros no país, pagamento de dívidas contraídas no exterior, pagamento de dívidas por residentes no exterior etc.), pagamentos ou recebimentos devem ocorrer em outra moeda. O mercado de câmbio é o segmento no qual acontecem a compra e venda de moeda estrangeira para viabilizar estas operações. MERCADO DE CAPITAIS Nesta unidade, você estudou como funciona o sistema financeiro, seu papel no desenvolvimento da economia e os conceitos de risco e especulação financeira. Para complementar seu aprendizado, faça as atividades que acompanham esta aula. MERCADO DE CAPITAIS Introdução Vamos apresentar, nesta unidade, o marco histórico e a evolução do Sistema Financeiro Nacional (SFN) até chegar em sua estrutura atual. A partir da compreensão dos segmentos que o compõem – órgãos normativos, supervisores e operadores –, e suas respectivas funções, aprenderemos a analisá-lo. Depois, entenderemos por que surgiu a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e quais as suas atribuições, bem como abordaremos a importância da fusão que originou a BM&FBovespa e o seu papel para o mercado nacional. MERCADO DE CAPITAIS O Sistema Financeiro Nacional O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é inaugurado no período de transição brasileiro de colônia portuguesa a sede do Império Português. Pinheiro (2016) destaca seu marco: a criação do Banco do Brasil, o primeiro banco nacional, após o alvará de 1808, expedido pelo príncipe-regente Dom João de Bragança (futuro rei D. João VI de Portugal), com as funções de depósito, desconto, emissão e venda de produtos comercializados pela Coroa. Em 1920, foi criada a Inspetoria Geral de Bancos que, junto com a carteira de redesconto do Banco do Brasil, serviu de base para o desenvolvimento, em 1945, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc). A década de 1960 foi marcada por uma profunda expansão da rede bancária, com a proliferação dos bancos comerciais, seguida da evolução do Sistema Financeiro Nacional, após a Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, que dispunha sobre a política monetária e as instituições financeiras, e da consequente criação, em 1965, do Banco Central do Brasil, órgão gestor do SFN. Em 1967, houve importantes fusões e incorporações bancárias, além de incentivos de capitalização das empresas, o que garantiu mais segurança ao sistema bancário e possibilitou que o governo implementasse sua estratégia de internacionalização. Já as décadas de 1970 e 1980 foram marcadas pela reserva de mercado, com a proibição de cartas patentes e o sistema de ponto. A partir daí, os bancos privados se destacam como financiadores do setor público (União, estados, municípios e empresas estatais). MERCADO DE CAPITAIS Após o Conselho Monetário Nacional permitir, em 1987, que os intermediários financeiros se tornassem bancos múltiplos, iniciou-se um movimento intenso de fusões e de exploração por instituições financeiras do floating, com o ganho propiciado pelas transferências inflacionárias utilizado para viabilizar suas operações no mercado financeiro. Além disso, os bancos obtinham lucros exorbitantes das chamadas “cirandas financeiras” devido ao grande número de agências captadoras de recursos. Quanto maior a inflação do mês, mais os correntistas depositavam seu dinheiro em fundos de investimentos, na tentativa de evitar a desvalorização. Com a estabilização da macroeconomia, os bancos tiveram de lidar com o boom de agências da década de 1960. A modernização e sistematização de serviços e processos alteraram a estratégia dos bancos da quantidade para a qualidade. Em 1995, o Banco Central passou a controlar as entradas, além de direcionar o capital estrangeiro de qualquer investidor que quisesse participar dos bancos instalados no Brasil. Ações eram tomadas pelo governo à medida que o mercado apresentasse novas demandas. O Banco Central passou, então, a disponibilizar uma lista de instituições nacionais que seriam liquidadas extrajudicialmente, sob intervenção ou em regime de administração especial temporária, aos bancos estrangeiros que entraram no país. Assim, “a participação estrangeira nos ativos dos vinte maiores bancos privados nacionais apresentou um aumento de quase 50% só de 1997 para 1998” (PINHEIRO, 2016, p. 49). MERCADO DE CAPITAIS A estrutura do SFN, conforme quadro a seguir, é basicamente dividida entre órgãos normativos, responsáveis por promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir ao interesse da coletividade; entidades supervisoras, que editam as normas que definem os parâmetros para a transferência de recursos dos agentes superavitários para deficitários, além de controlar o funcionamento de empresas envolvidas; e operadores. Devido às carências econômicas e sociais do país (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011), o SFN foi impactado pelo significativo endividamento público, diminuindo consideravelmente sua eficiência. Atualmente, ele se baseia, principalmente, nas reformas bancárias e no mercado de capitais (Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e Lei n. 7, de 14 de julho de 1965). Vale salientar que autoridades monetárias não devem ser confundidas com instituições financeiras do próprio governo, tais como Banco do Brasil, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, Caixa Econômica e bancos estaduais. MERCADO DE CAPITAIS O papel da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma autarquia federal criada pela Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, responsável por normatizar, regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011), definidos como: títulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros. (BRASIL, 2001) Quando ofertados publicamente, os valores mobiliários entram no regime da CVM. Os principais exemplos de valores mobiliários são as ações, participações no capital de companhias abertas que podem ter seu valor negociado no mercado, e os debêntures, títulos emitidos por sociedades anônimas, representando dívidas de uma empresa e rendendo juros (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011), seguidos de notas promissórias comerciais, partes beneficiárias, bônus de subscrição, direitos de subscrição, recibos de subscrição, certificados de depósitos mobiliários, índices representativos de ações, opções de compra e venda de valores mobiliários, cotas de fundos imobiliários e certificados de investimento audiovisual. MERCADO DE CAPITAIS Companhias abertas são autorizadas pela CVM a negociar valores mobiliários em bolsa de valores ou mercado de balcão (sem leilão), organizados ou não (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011; PINHEIRO, 2016). Pinheiro (2016) destaca o papel da CVM em contribuir para a criação de uma estrutura jurídica que viabilize e favoreça a capitalização das empresas, por meio do mercado de capitais de risco; fortaleça a empresa privada nacional; e defenda acionistas e investidores. No quadro a seguir são apresentadas as atividades disciplinadas e fiscalizadas pela CVM – que influenciam instituições de mercado, companhias abertas e investidores –, além de suas atribuições, em conjunto com o Conselho Monetário Nacional. Atividades disciplinadas e fiscalizadas Atribuições Emissão e distribuição de va- lores mobiliários no mercado. Estimular a formação de poupança e sua apli- cação em valores mobiliários. Negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários. Promover a expansão e o funcionamento efici- ente e regular do mercado de ações; estimular as aplicações permanentesem ações do capital social de companhias abertas, sob controle de capitais privados nacionais. Organização, funcionamento e operação das bolsas de valores. Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e do balcão. Administração de carteiras e custódia de valores mobiliários. Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra: ⦁emissões irregulares de valores mobiliários ⦁atos ilegais de administradores e acionistas controladores das companhias abertas ou de ad- ministradores de carteira de valores mobiliários negociados no mercado. MERCADO DE CAPITAIS Atividades disciplinadas e fiscalizadas Atribuições Administração de carteiras e custódia de valores mobiliários. Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra: emissões irregulares de valores mobiliários, atos ilegais de administradores e acionistas con- troladores das companhias abertas ou de ad- ministradores de carteira de valores mobiliários negociados no mercado. Auditoria das companhias aber- tas. Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação, destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado. Serviços de consultor e analista de valores mobiliários. Assegurar o acesso do público a informações so- bre os valores mobiliários negociados e às com- panhias que os tenham emitido. Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários. Assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de crédito fixadas pelo Conselho Monetário Nacional. O desenvolvimento do mercado de ações é dificultado pela alta concentração de renda no Brasil. De forma ideal, a abertura de capital proporcionaria uma alternativa de financiamento, substituindo empréstimos bancários e propiciando uma maior base de captação de recursos para a empresa, com mais investidores envolvidos (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). MERCADO DE CAPITAIS O papel da BMF&BOVESPA A BMF&BOVESPA, uma instituição oriunda da fusão da Bolsa de Valores de São Paulo e da Bolsa de Mercadorias e Futuros, atua nas relações de troca de recursos de tomadores e poupadores. Segundo Pinheiro (2016, p. 375), sua atividade-fim é “desenvolver, implantar e prover sistemas para a negociação de ações, derivativos de ações, títulos de renda fixa, títulos públicos federais, derivativos financeiros, moedas à vista e commodities agropecuárias”, além de realizar o registro, a compensação e a liquidação física e financeira das operações ocorridas em pregões e sistemas eletrônicos. Com a soma do valor de mercado das bolsas BOVESPA Holding S. A. e BM&F S. A., que se fundiram após assembleias extraordinárias em 4 de julho de 2008, a nova empresa tornou-se a terceira maior bolsa mundial em preços, atrás apenas da alemã Deustsche Börse e da americana Chicago Mercantile Exchange (PINHEIRO, 2016). Em março de 2017, a BMF&BOVESPA se fundiu com a CETIP (Central de ustódia e de Liquidação Financeira de Títulos) criando assim a B3, em referência a Brasil, Bolsa e Balão, tornando-se a quinta maior bolsa de mercado de capitais do mundo, com um patrimônio estimado em 13 bilhões de dólares (MOREIRA, 2017). A B3 passou a oferecer a investidores sistemas confiáveis para negociações de compra e venda de títulos e valores mobiliários de forma transparente e com maior liquidez, e a ampliar as opções, com a consolidação do mercado de ações e de futuros; a beneficiar corretoras de valores devido à ampliação do seu mercado de atuação, economizando até 25% das despesas operacionais e aumentando a capacidade competitiva das corretoras independentes; e, por ser uma bolsa de tamanho proporcional ao território nacional e de alto nível, garantiu ao país condições de competir com mercados globais e suportar turbulências internacionais, controlando o capital nacional, oferecendo mecanismos mais eficientes de proteção contra o risco e inviabilizando as tentativas estrangeiras de aquisição, bem como fortalecendo as empresas como um todo, pois puderam captar recursos a custos mais baixos. MERCADO DE CAPITAIS Além da influência da B3 no Sistema Financeiro Nacional (PINHEIRO, 2016), a bolsa atua em dois grandes grupos: na estrutura operacional e na autorregulação do mercado. Em relação à estrutura operacional, destacam-se as atividades discriminadas a seguir: • Viabilização de meios e ambiente necessários para a realização de compra e venda de valores mobiliários, inclusive ações. • Manutenção de local adequado para a realização das transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários. • Disponibilização de infraestrutura e condições eficientes e seguras na realização das operações, com recursos técnicos e administrativos. • Estabelecimento de um sistema de negociação que assegure a continuidade das cotações e a liquidez do mercado. • Realização de registro, compensação e liquidação de ativos e valores mobiliários negociados em seus ambientes, assim como a listagem de ações e de outros ativos. • Atuação como depositária central dos ativos negociados em seus pregões. • Controle e gerenciamento de riscos das operações por meio de uma estrutura de clearing (compensação), de maneira a assegurar o funcionamento eficiente e seguro de seus mercados. Já no que tange à autorregulação do mercado, a B3 permite, de maneira importante, a minimização dos efeitos de possíveis manipulações do mercado, fiscalizando o cumprimento das questões legais das operações de bolsa, divulgando as operações efetuadas no pregão, evitando a manipulação de preços, além de ser capaz de detectar movimentos anormais do mercado e suspender os negócios, se necessário. Sua atuação especificamente frente à manipulação do mercado está pautada em quatro exemplos principais (PINHEIRO, 2016): o ramping (quando existe influência dos preços das ações de uma empresa, para então tirar vantagem disso), o front running (quando uma corretora negocia um ativo com informações produzidas por seu próprio departamento sem que seus clientes tenham recebido recomendações), o painting the tape (quando um grupo de investidores negocia entre si um mesmo ativo, atraindo investidores desavisados), e o wash trading (quando um mesmo especulador compra e vende ações de uma empresa por duas corretoras diferentes). MERCADO DE CAPITAIS Segmentos do mercado financeiro Introdução Nesta unidade, você aprenderá como funcionam as Bolsas de Valores no Brasil, seus principais produtos e operações; entenderá o conceito de ações ordinárias e preferenciais e seus proventos; e, por fim, observará como uma empresa capta recursos via oferta pública inicial de ações, a chamada IPO (Initial Public Offering), no mercado de capitais. MERCADO DE CAPITAIS A Bolsa de Valores no Brasil: produtos e operações No Brasil, a B3 - Brasil, Bolsa e Balcão S.A., fusão entre a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e a CETIP S.A. (Central de Títulos Privados), é atualmente a única empresa operando as plataformas de negociação de ações e outros ativos financeiros, como mercadorias e contratos derivativos, além de realizar serviços de custódia, registro e liquidação de operações. A partir do final do século XX, um movimento mundial tomou conta dos mercados financeiros, notadamente nos mercados de capitais em que atuam as Bolsas de Valores, obrigando-as a substituir os ambientes de negociação presenciais e os pregões viva voz, onde corretores se reuniam para comprar e vender ações, e investir em tecnologia da informação, com sistemas automáticos e plataformas eletrônicas responsáveis por transmitir as negociações dos investidores. Assim, acontece o processo de desmutualização: a transformação da Bolsa de Valores, antes entidade sem fins lucrativos mantida por corretores, em uma empresa de capital aberto, que precisou se capitalizar para obter recursos,realizar investimentos e promover o ambiente de negociação de ativos financeiros e contratos junto ao público. Pregão da Bolsa de Mercadorias de Chicago. O ambiente de negociação de ativos financeiros presencial foi substituído por sistemas eletrônicos. MERCADO DE CAPITAIS Gráficos e cotações no livro de ofertas (compra e venda) de ações, plataforma que registra as negociações e operações no mercado de ações via computadores, tablets e smartphones. O diagrama a seguir evidencia o esquema de negociação: CORRETORA DE VALORESINVESTIDOR BOLSA DE VALORES PLATAFORMA DE NEGOCIAÇÃO Investidores abrem uma conta na corretora de valores e encaminham suas ordens de compra e venda para o sistema de negociação. A corretora é autorizada pela Bolsa de Valores a realizar a operação em sua plataforma de negociação. Nas Bolsas de Valores, investidores podem operar em diferentes segmentos, conforme seus objetivos. MERCADO DE CAPITAIS Segmentos do mercado financeiro •Mercado à vista Swing trade: investidores compram ou vendem ações e as mantêm em carteira por um horizonte superior a um dia e inferior a um mês. Day trade: estratégia especulativa de curto prazo adotada por investidores que buscam ganhos com a oscilação (cotação máxima e mínima) diária das cotações. Em um mesmo dia, operam uma determinada quantidade de ações de uma mesma companhia e tipo, obtendo lucro ou prejuízo, contribuindo para o aumento da liquidez das ações. Por exemplo, as ações do Banco do Brasil S.A. começam o dia sendo negociadas por R$ 50,00, em um determinado pregão; segundo a estratégia de day trade, um investidor acredita que a cotação vai subir e compra lotes de ações por R$ 50,00 às 10h30. Durante o dia, as cotações oscilam e sobem para R$ 51,00. Ao vender os lotes de ações comprados pela manhã, o investidor realiza seu lucro de R$ 1,00 (R$ 51 - R$ 50) por lote. •Mercado a termo Investidores compram ou vendem ações hoje por um preço em contrato para liquidação futura. Por exemplo, um investidor acredita na valorização das ações da Petrobrás S.A. Como não tem recursos hoje para adquiri-las, compra um lote no mercado a termo para pagamento em 30 dias. O valor da liquidação será o preço à vista das ações, hoje acrescido de juros até o vencimento (D + 30 dias). O vendedor das ações a termo pode ser um investidor que tenha ativos em carteira e queira vender a prazo por conta da remuneração de juros paga pelo comprador ou um participante com recursos para comprar ações no mercado à vista e vendê-las ao interessado em comprar a termo, como um financiador. •Mercado de opções Investidores negociam não a ação, mas o direito de comprar ou vender uma determinada ação em data futura, por um preço fixado. Existem as opções de compra (CALL), em que é negociado o direito de comprar a ação na data futura por determinado preço, e as opções de venda (PUT), que dão ao comprador o direito de vender a ação por determinado preço em data futura. Desse modo, por negociar direitos sobre um determinado ativo objeto (ações de uma empresa, no caso), essa ação gera negócios em outra modalidade de operação e os contratos derivativos. MERCADO DE CAPITAIS Ações ordinárias e preferenciais O capital social de uma empresa é representado por um determinado número de ações. Assim, a menor fração do capital social de uma empresa é uma ação, e a quantidade de ações determina a participação dos proprietários em seu capital social. O capital social da empresa pode ser constituído por ações com direito a voto (ordinárias) ou uma combinação entre ações com direito a voto (ordinárias) e ações sem direito a voto (preferenciais). Mas qual é a diferença entre ações ordinárias e preferenciais? As ações preferenciais surgiram como uma alternativa para as empresas captarem recursos sem o risco de perda de controle acionário. Ao abdicar do direito de votar decisões relacionadas à gestão da companhia e à condução dos negócios, o acionista proprietário da ação preferencial recebe uma remuneração maior pelo capital investido, em termos de distribuição de lucros. Isso porque as ações preferenciais conferem um valor superior de dividendos, o lucro líquido da empresa dividido entre os sócios, que receberão um valor de dividendo proporcional à quantidade de ações que possuem. O quadro a seguir resume as diferenças entre as ações ordinárias e preferenciais: Tipo de ação Ordinárias Preferenciais Direito de voto Sim Não Distribuição de resultados Subordinada, quando existir, às ações preferenciais Preferencial em relação às ações ordinárias Composição máxima no capital social da cia 1/3 2/3 Dessa forma, pode-se concluir que a maior parte das empresas, atualmente, constitui seu capital social a partir da emissão de apenas ações ordinárias. No entanto, ao combinar os tipos de ações, as ordinárias ficam em poder dos sócios controladores e as preferenciais ficam com os sócios financiadores, pois só oferecem remuneração maior aos seus proprietários. MERCADO DE CAPITAIS Os mercados primário e secundário: oferta pública inicial (IPO) Empresas constituídas como Sociedades Anônimas (S.A.) contratam instituições financeiras para mediar o processo de emissão e venda de títulos representativos de dívida ou participação (debêntures ou ações) junto ao público (mercado primário/investidores). Essa etapa está sujeita à aprovação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão regulador do mercado de capitais, sob Instrução Normativa n. 400, que estabelece os critérios para a condução da operação pretendida, exigindo informações como dados econômico-financeiros da empresa emissora, fatores de risco dos negócios, relações com as instituições financeiras participantes, para compor um prospecto a ser avaliado por potenciais investidores. A operação de uma companhia de sociedade anônima de oferecer ações ao público pela primeira vez é chamada oferta pública inicial ou IPO (initial public offering). A empresa que não possui ações em circulação e vende novas ações aumenta o seu capital social empresa (oferta pública inicial primária) ou vende ações dos seus sócios (oferta pública inicial secundária), direcionando os recursos obtidos aos sócios, não à empresa. MERCADO DE CAPITAIS Concluída a operação de colocação (venda) da oferta pública inicial de ações, a empresa passa a ser negociada no mercado secundário de ações, via Bolsa de Valores na qual está registrada, havendo uma data para o início do pregão, sua estreia no mercado de ações. Assim, a empresa não recebe mais recursos dos investidores, que passam a negociar entre si as ações emitidas pela companhia diretamente no mercado primário na Bolsa de Valores. Já a cotação das ações no mercado secundário é a referência para determinar o valor de mercado da empresa (quantidade total de ações da empresa multiplicada por sua cotação), e está sujeita a eventos da economia. Você chegou ao fim desta aula. Para complementar seu aprendizado, faça as atividades propostas. MERCADO DE CAPITAIS Os mercados financeiros e os principais players Introdução Nesta unidade, vamos apresentar a Bolsa de Valores no Brasil, focando em seus produtos, a diferença entre renda variável e renda fixa, além do mercado de commodities, câmbios e derivativos. Depois, aprenderemos a identificar os agentes e as formas de operação em cada um dos mercados estudados, explorando as funções das corretoras, home broker, fundos de investimentos e os índices das bolsas de valores. MERCADO DE CAPITAIS Os mercados financeiros e os principais players A Bolsa de Valores no Brasil: produtos e operações Agora que você já conhece a história da Bolsa de Valores no Brasil, vamos compreender como ela funciona e quais são seus principais produtos, a partir da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), como exemplo. Os produtos principais da Bovespa são as ações, as opções de ações e a compra diferida de ações (mercado a termo) (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). As açõessão títulos que representam frações do capital de uma empresa, denominada “Sociedade Anônima”, podendo ser de capital aberto ou fechado, e classificadas em ações ordinárias, conferindo ao titular o direito a voto em assembleias gerais ou extraordinárias de acionistas, e ações preferenciais, que concedem a prioridade no recebimento do dividendo (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). As opções sobre ações são negociações do direito sobre elas, ou seja, o direito de comprar ou vender até uma data determinada uma quantidade de ações a um preço já estabelecido. Conheça, a seguir, alguns termos deste mercado (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011): • titular: o comprador da opção, quem adquire o direito de exercer tal opção; • lançador: quem vende a opção; MERCADO DE CAPITAIS • prêmio: o preço a ser pago pela negociação da opção; • opção de compra: a modalidade em que o titular tem o direito de comprar uma quantidade de ações a um preço preestabelecido até determinada data; • opção de venda: a modalidade em que o titular tem o direito de vender uma quantidade de ações a um preço preestabelecido até determinada data; • preço de exercício: o preço que o titular deve pagar ou receber, ao exercer seu direito; • vencimento: a data que os direitos do titular terminam; e • séries de uma opção: opções do mesmo tipo (compra ou venda) para uma mesma ação ou objeto. Já o mercado a termo é um produto da Bovespa, no qual é realizada a compra ou venda de determinada quantidade de ações, com um preço fixado para uma liquidação futura, consolidando, assim, um contrato entre as partes envolvidas, de forma que “todas as ações negociáveis na Bovespa podem ser objeto de um contrato a termo” (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011, p. 239). Os prazos permitidos para negociações a termo são de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias. MERCADO DE CAPITAIS Para operar no mercado a termo, deve-se depositar uma margem de garantia, obedecendo a uma tabela criada pela Bovespa, atualizada periodicamente segundo a volatilidade da ação e sua liquidez. Como regra geral, os papéis com maior liquidez e menor volatilidade enquadram-se nos menores intervalos da tabela. A Bovespa pode, se assim desejar, solicitar um reforço da margem para garantir os contratos negociados, em função das oscilações do mercado à vista. Todas as margens de garantia depositadas em dinheiro são remuneradas, e seu rendimento repassado ao investidor. (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011, p. 239) Desse modo, as operações envolvidas para tais produtos são a compra e venda de ações no mercado à vista, de opções de compra, de opções de venda e de ações no mercado a termo (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). MERCADO DE CAPITAIS Os mercados financeiros e os principais players Os mercados de commodities, de câmbio e derivativos e seus agentes Antes de mais nada, vamos apresentar algumas definições e os agentes dos mercados de commodities, câmbio e derivativos, que atuam em interação. Do inglês, commoditie pode ser traduzida como mercadorias; porém, para o mercado financeiro, significa matéria-prima produzida em larga escala e que pode ser estocada sem perder qualidade. Existem basicamente quatro tipos de commodities: agrícola (como café e trigo), mineral (como o ouro), financeira (índices como Ibovespa) e de recursos energéticos (como o etanol) (PINHEIRO, 2016). O mercado de commodities é definido pelas operações financeiras que ocorrem nas bolsas de valores de mercadorias, com destaque para as commodities agrícolas, as mais comercializadas no Brasil. Câmbio consiste na operação de troca de moeda de um país pela moeda de outro país. Por exemplo, quando um turista brasileiro vai viajar para o exterior e precisa de moeda estrangeira, o agente autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio recebe do turista brasileiro a moeda nacional e lhe entrega (vende) a moeda estrangeira. Já quando um turista estrangeiro quer converter moeda estrangeira em reais, o agente autorizado a operar no mercado de câmbio compra a moeda estrangeira do turista estrangeiro, entregando-lhe os reais correspondentes. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2019b) O mercado de câmbio, ou mercado cambial, é o setor financeiro onde ocorrem operações de compra e venda de moeda estrangeira, ou seja, a conversão de moeda nacional em moeda estrangeira (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2011). No Brasil, a política cambial é definida pelo Conselho Monetário Nacional e executada pelo Banco Central do Brasil, responsável por regulamentar o mercado de câmbio, autorizar as instituições a operar, além de fiscalizar o mercado, podendo punir dirigentes e instituições que infrinjam alguma legislação, ou pode atuar no mercado de maneira direta, comprando e vendendo moeda estrangeira, visando controlar a taxa de câmbio. Taxa de câmbio é o comparativo da relação entre moeda nacional e moeda estrangeira. Por exemplo, R$ 3,50 representa US$ 1,00 (taxa de câmbio meramente ilustrativa, devido à sua variação diária). MERCADO DE CAPITAIS As instituições autorizadas pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio são: bancos múltiplos; bancos comerciais; caixas econômicas; bancos de investimento; bancos de desenvolvimento; bancos de câmbio; agências de fomento; sociedades de crédito, fi nanciamento e investimento; sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários; sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras de câmbio (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2019b). No quadro a seguir são discriminadas as atividades que tais agentes podem executar no mercado de câmbio: Agente Operações Banco (exceto de desenvolvimento e Caixa Econômica Federal). Todas as operações previstas para o mercado de câmbio. Bancos de desenvolvimento; sociedades de crédito, fi nanciamento e investimento e agências de fomento. Operações específi cas autorizadas pelo Banco Central. MERCADO DE CAPITAIS Agente Operações Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários; sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras de câmbio. Operações de câmbio com clientes para liquidação pronta de até US$ 100 mil ou o seu equivalente em outras moedas. Operações no mercado interbancário, arbitragens no País e, por meio de banco autorizado a operar no mercado de câmbio, arbitragem com o exterior. O mercado de câmbio é dividido em mercado primário, que recebe (fluxo de entrada) ou entrega (fluxo de saída) moeda estrangeira por clientes como exportadores, importadores e turistas; e secundário, que consiste em operações cambiais em que um ativo migra de uma instituição a outra, sem o fluxo de entrada ou saída da moeda estrangeira do país (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2019b). O mercado de câmbio nacional é dividido basicamente em mercado de câmbio de taxas livres (câmbio comercial), presentes em operações de importação e exportação, pagamento internacional de juros e dividendos, empréstimos externos, investimentos de capital, entre outros; e mercado de câmbio de taxas flutuantes (câmbio turismo), presentes em operações de turismo e demais ações relacionadas. A Taxa Ptax, calculada por meio de uma média aritmética das taxas divulgadas pelos maiores bancos, é um indicador do Banco Central utilizado na divulgação diária da cotação de todas as moedas estrangeiras, sendo uma referência ao mercado, e não obrigatória (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2019b). Para Pinheiro (2016, p. 433), derivativos são “contratos cujos valores e características de negociação estão vinculados aos ativos que lhes servem de referência, ou seja, são ativos financeiros cujos valores dependem (ou derivam) de valores de outras variáveis básicas”. O termo derivativo vem do fato do valor de um ativo ser derivado de outro, como na Opção de Petrobrás, que tem o valor derivado do ativo da Ação da Petrobrás. Para realizar uma operação a prazo, são necessários elementos como o preço à vista da ação ou commodities a serem negociadas; a data futura na qual
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