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Natália Parduci Fisiologia da Reprodução- Margarida Movimentação do óvulo e espermatozoides, fertilização e implantação Maturação e Movimentação do Óvulo O processo de maturação do óvulo é regulado principalmente pelos hormônios FSH, LH e estradioI. Pouco antes da ovulação → o óvulo completa sua primeira divisão meiótica e forma o primeiro corpo polar. A segunda divisão meiótica inicia-se durante a ovulação, mas só se completa após a fertilização pelo espermatozoide. No momento da ovulação, o óvulo liberado e as células da granulosa aderidas, conhecidas como cumulus oophorus, são coletados pelas terminações ciliadas das fímbrias da trompa uterina. Na mulher, movimentação do óvulo ao longo da trompa uterina ocorre já nos minutos seguintes. O óvulo passa das terminações das fímbrias à região ampular, onde permanece por 1 -2 dias, período em que poderá ocorrer a fertilização. O óvulo fertilizado atravessa o istmo da trompa uterina e fica retido na junção istmo-útero, completando o período de 3 dias desde a ovulação. Durante este estágio, estrogênios e progesterona vão agir sobre o endométrio, na preparação à implantação. A etapa final da movimentação ocorre 3-4 dias após a ovulação, quando o óvulo fertilizado chega à cavidade uterina. Movimentação e Capacitação dos Espermatozoides Após a ejaculação, os espermatozoides deixam a vagina em direção ao colo uterino. Na região ampular é onde ocorre a fertilização. A movimentação dos espermatozoides é muito mais rápida que a do óvulo. Dos milhões de espermatozoides depositados na vagina, apenas 50 a 1 00 conseguem migrar por todo o trato reprodutivo feminino para alcançar o oócito, na junção istmoampular da trompa uterina. Capacitação. O contato do espermatozoide com a zona pelúcida induz o início da reação acrossômica → fusão do acromossoma com a membrana plasmática do espermatozoide e a exocitose do seu conteúdo enzimático (rico em proteases e glicosidases). Durante a capacitação, os espermatozoides apresentam aumento de motilidade. Fertilização Os espermatozoides mantêm a capacidade de fertilização por cerca de 48 a 72 horas após adentrarem o trato genital feminino. O óvulo é viável para fertilização por cerca de 24 a 48 horas após a ovulação. Sem fertilização→ óvulo e espermatozoides se degeneram no trato reprodutivo feminino. A fusão da cabeça do espermatozoide com o óvulo completa a segunda divisão meiótica deste e também dispara mecanismos que impedem a fertilização por múltiplos espermatozoides. Com a fertilização reconstitui-se o número de 2n=46 → zigoto. A partir daí inicia-se o desenvolvimento de um embrião. Durante a migração do zigoto pela trompa uterina em direção ao sítio de implantação na cavidade do útero, mitoses sucessivas formam a mórula cerca de 96 horas após a fertilização. A mórula deixa a trompa uterina e alcança o útero em torno de quatro dias após a fertilização, permanece suspensa na cavidade uterina enquanto se desenvolve em blastocisto e é nutrida por constituintes do fluido uterino neste período. As células externas do blastocisto, denominadas trofoblastos, participam do processo de implantação e formam os componentes da placenta. Implantação O blastocisto implanta-se na parede uterina aproximadamente 7 a 8 dias após a fertilização → janela de implantação. A implantação apresenta características similares às de um processo inflamatório, incluindo a indução de moléculas de adesão no endométrio, seguida de invasão e angiogênese. Antes da implantação, o blastocisto separa-se da zona pelúcida; assim, as células trofoblásticas, aderem ao endométrio, via glicoproteínas de superfície. Microvilos das células trofoblásticas interdigitam-se e formam complexos juncionais com as células endometriais. Na presença de progesterona proveniente do corpo lúteo, o endométrio sofre a decidualização, propiciando as condições para a implantação. Desse modo, 8 a 12 dias após a ovulação o embrião penetra no epitélio uterino estando embebido no estroma endometrial. A partir do 13º dia de desenvolvimento, o mesoderma somático extra-embriônico surge na superfície dos trofoblastos e juntos formam o saco coriônico. Os trofoblastos do córion mantêm contato direto com as células decidualizadas do endométrio, formando duas populações celulares distintas: 1) o citotrofoblasto, que vai compor as células do vilo no início da gestação, e 2) o sinciciotrofoblasto, uma camada de células constituídas pela fusão da membrana de células do citotrofoblasto. Este sincício multinuclear é altamente diferenciado e inicia a secreção de gonadotrofina coriônica (hCG), que será fundamental para a manutenção do corpo lúteo. No final da segunda semana de fertilização, os vilos coriônicos desenvolvem-se como cordões epiteliais dos citotrofoblastos. A vascularização desses cordões ocorre a partir do sistema vascular embrionário. Do lado materno formam-se os sinusoides sanguíneos em torno destes cordões trofoblásticos, cujas células desenvolvem as vilosidades placentárias que são invadidas por capilares fetais. Nesta interface ocorrem as trocas gasosas entre o sangue materno e o sangue fetal. O sangue fetal chega aos capilares das vilosidades Natália Parduci placentárias pelas duas artérias umbilicais e, após as trocas com o sangue materno através da membrana placentária, retorna ao feto através da veia umbilical. O corpo lúteo se mantém funcional de 7 a 9 semanas. Gestação Placenta A gestação humana prolonga-se, em média, por 280 dias (40 semanas) a partir da data da última menstruação. Entretanto, considerando-se a data da fertilização, a gestação dura cerca de duas semanas menos. A placenta é um órgão transitório e funciona como interface entre os organismos materno e fetal. Esta estrutura complexa é constituída por um componente materno (a decídua), formada por células endometriais e um componente fetal formado por células trofoblásticas. Ela desempenha várias funções indispensáveis ao desenvolvimento fetal: nutricional (nutrientes: mãe → feto), respiratória (trocas gasosas de O2 e CO2), excretora (eliminação de metabólitos fetais) e endócrina (síntese de hormônios com ações na mãe e no feto). Através da membrana placentária ocorre difusão de nutrientes e O2 da mãe para o feto e de metabólitos e CO2 do feto para a mãe. Função endócrina da placenta Envolve a produção de substâncias com atividades biológica e imunológica similares aos hormônios hipotalâmicos (como GnRH, ACTH e GHRH) e aos hipofisários (TSH, PRL, GH e a POMC). A placenta secreta também fatores de crescimento, citocinas e hormônios esteroides. Dentre todos os hormônios produzidos pela placenta, os principais são a gonadotrofina coriônica - hCG, a somatotrofina coriônica - hPL, o estrogênio e a progesterona Gonadotrofina Coriônica Humana (hCG). O aparecimento de hCG no sangue e na urina 24 horas após a implantação do embrião constitui o primeiro sinal detectável de gestação. A secreção de hCG aumenta gradativamente até atingir valores máximos de concentração plasmática durante o terceiro mês de gestação, quando começa a diminuir paulatinamente até estabilizar-se no último trimestre de gestação. Este hormônio tem vida média longa, cerca de 24 horas, devido à presença de ácido siálico na molécula, e age por meio de receptores com afinidade elevada, que se expressam em células do corpo lúteo. A ação luteotrófica da hCG é fundamental para manutenção da gestação especialmente no primeiro trimestre, já que neste período a placenta não está completamente desenvolvida. Tal ação promove aumento da secreção de estrogênios e progesterona, hormônios indispensáveis para manter as condições adequadas no endométrio para implantação e manutenção do futuro embrião. Em fetos masculinos, a hCG estimula células intersticiais responsáveis pela secreção de testosterona, que em parte é convertida pela ação da enzima 5α-redutase em outroandrogênio, a diidrotestosterona. Estes dois androgênios são responsáveis pela diferenciação das estruturas genitais masculinas internas e externas. Somatotrofina Coriônica (hPL). Este hormônio, também chamado de lactogênio placentário, começa a ser produzido mais tardiamente que a hCG, por volta da sexta semana de gestação. As ações da somatotrofina coriônica teriam o objetivo de disponibilizar quantidade maior de substrato energético ao feto. Estrogênios e Progesterona. A síntese de esteroides placentários depende de esteroides produzidos pela gestante e pelo feto. Apesar de a placenta produzir muita progesterona, ela é incapaz de convertê-la em estrogênio devido à deficiência da enzima 17α- hidroxilase. Os estrogênios placentários são sintetizados a partir da conversão dos androgênios desidroepiandrosterona (DHEA) e 16OH-DHEA, secretados pelas adrenais fetais e maternas. Entre as principais ações estrogênicas incluem-se: aumento do útero materno pelo aumento do miométrio (estímulo da síntese de proteínas), acúmulo de líquido (retenção de água e eletrólitos) e aumento da vascularização (indução de angiogênese). Outras ações significativas ocorrem nas glândulas mamárias, principalmente no crescimento e desenvolvimento do sistema de ductos, preparando-as para a lactação pós-parto. A progesterona facilita a manutenção do embrião no útero, impedindo as contrações uterinas para evitar o aborto espontâneo. Também tem ação significativa nas glândulas mamárias, principalmente no crescimento e desenvolvimento dos alvéolos, onde ocorre a produção do leite por ação estimuladora da prolactina. Natália Parduci Outros parâmetros funcionais estão aumentados, como ventilação, retenção de água e eletrólitos, taxa de filtração glomerular, ingestão de água, metabolismo basal (consumo maior de energia), volume sanguíneo, metabolismo de cálcio e fosfato, demanda de ferro e vitaminas D e K. Parto O parto é o processo durante o qual ocorre a expulsão do feto, placenta e anexos fetais do interior da cavidade uterina. A contratilidade uterina durante a gestação e o parto compreende três fases distintas. A fase 0 é aquela em que o útero é mantido em quiescência durante a gestação, principalmente por efeito da progesterona. Outros fatores incluem: prostaciclina, relaxina e hormônio liberador de corticotrofina (CRH). O início do parto corresponde à transição da fase 0 para a fase 1. A fase 1 relaciona-se com a ativação da função uterina ocasionada pelo estiramento e tensão provocados pelo crescimento do feto, pela ativação do eixo hipotálamo- hipófise-adrenal fetal e pelo aumento de prostaglandinas, entre outros fatores. A fase 2 caracteriza-se por contrações uterinas mais intensas, sendo estimulada pela ocitocina, CRH e prostaglandinas, especialmente as produzidas intraútero. Estas são fundamentais no início e progressão do parto, que ocorrem na fase 2. Finalmente, a fase 3 corresponde à involução uterina no pós-parto, que está associada principalmente com a ocitocina. Além das contrações uterinas, os primeiros sinais do trabalho de parto incluem também alterações do colo uterino, que se torna amolecido e mais fino. A dilatação do colo uterino ajusta-se a outras alterações anatômicas, como afrouxamento de ligamentos de ossos da bacia, elasticidade vaginal e maior distensibilidade dos músculos da região vulvar-perineal para constituir o chamado canal do parto. As contrações provocam, ainda, a ruptura da bolsa amniótica, com a perda de líquido; isto facilita o acesso do feto ao canal de parto, contribuindo para distensão do colo uterino. Esta estimulação do colo uterino aciona uma via sensorial ascendente, através da medula espinal até os neurônios ocitocinérgicos do hipotálamo, cujos terminais na neuro-hipófise liberam ocitocina para a circulação sistêmica. Este hormônio aumenta a contratilidade do miométrio uterino, o que impulsiona o feto no sentido do colo uterino, gerando mais estímulos para secreção de ocitocina. Forma-se assim um mecanismo de retroalimentação positiva que é interrompido pela expulsão do feto. A secreção de ocitocina não aumenta na mãe e no feto antes de iniciado o trabalho de parto, mas sim durante este. A contração uterina pós-parto, além de reduzir o sangramento, tem o efeito de cisalhamento e deslocamento da placenta da parede uterina, para que seja também expulsa. A administração de ocitocina exógena para facilitar o trabalho de parto é procedimento frequente nos serviços obstétricos. Contraindicada: mulheres previamente submetidas a cesárea ou miomectomia, com história de gestações múltiplas e em caso de desproporção cefalopélvica etc. Por outro lado, a presença de ocitocina materna parece não ser indispensável para o trabalho de parto. O estrogênio e a progesterona têm ações inversas sobre o miométrio. A progesterona causa hiperpolarização do miométrio e reduz a síntese de receptores para ocitocina, inibindo a contratilidade. O estrogênio promove contratilidade uterina associada ao aumento de receptores para ocitocina. Assim, a alteração da razão estrogênio: progesterona pode facilitar ou dificultar a expressão de receptores para ocitocina, influenciando, portanto, a ação da ocitocina na expulsão do feto. Outras substâncias estão envolvidas no trabalho de parto, como prostaglandinas e catecolaminas. O ácido araquidônico, presente no âmnion e no córion em concentrações elevadas, é precursor das prostaglandinas. O aumento da produção de prostaglandinas está associado à facilitação do trabalho de parto. A administração de prostaglandinas a gestantes causa amaciamento e dilatação do colo uterino, além de induzir contrações uterinas. Por outro lado, a progesterona inibe a formação de prostaglandinas e inibidores destas impedem o parto prematuro. As catecolaminas atuantes em receptores alfa2 estimulam as contrações uterinas, enquanto em receptores beta2 inibem o trabalho de parto. A progesterona aumenta a razão entre receptores beta e receptores alfa no miométrio, favorecendo a manutenção da gestação. Puerpério O puerpério é o período de seis semanas pós-parto no qual o organismo retorna progressivamente à condição não-gestacional. Diversas modificações funcionais e Natália Parduci algumas estruturais que ocorreram durante a gestação são revertidas no puerpério, por exemplo: a redução do tamanho do útero com redução do miométrio e recomposição do endométrio, o afrouxamento dos ligamentos pélvicos, o aumento de volume sanguíneo, o aumento da metabolização hepática e renal de substâncias, o aumento das concentrações plasmáticas totais de hormônios tireoidianos e corticoides, entre outras. Durante o período de puerpério há ausência de menstruação (amenorreia), que pode prolongar-se por mais ou menos tempo, na dependência de a mulher estar ou não amamentando. A maioria das mulheres que não amamentam retoma o ciclo menstrual normal com ovulação em tomo de seis semanas pós-parto. A amamentação pode prolongar a amenorreia pós-parto, devido à ação antigonadotrófica indireta da prolactina, inibindo a secreção de GnRH pelo hipotálamo. Entretanto, a amamentação não garante um estado de anovulação, mesmo que a mulher puérpera esteja em amenorreia, principalmente se não é fonte exclusiva de alimentação do lactente e, portanto, o número de mamadas é menor Lactação A lactação é a fase final do ciclo reprodutivo completo dos mamíferos. O processo de lactação pode ser dividido em três estágios: 1) a mamogênese ou o crescimento e desenvolvimento da glândula mamária, que ocorre durante todo o período gestacional e a torna capaz de produzir leite; 2) a lactogênese, que é a síntese de leite pelas células alveolares e a sua secreção no lume do alvéolo, iniciando-se com a queda dos esteroides placentários após o parto, e a lactopoese, que é a manutenção da lactação já estabelecida e que depende da duração e da frequência do hábito deamamentar; 3) a ejeção de leite, que é a passagem do leite do lume alveolar para o sistema de duetos até duetos maiores e a ampola, culminando com a liberação do leite para o bebê. Mamogênese A unidade fundamental secretória da mama é o alvéolo, que é aí produzido e secretado para o lúmen do alvéolo por ação da prolactina. Os aIvéolos mamários são rodeados por células mioepiteliais, que têm função contrátil, e se reúnem em grupos formando os lóbulos mamários. Cada alvéolo drena o seu conteúdo para um pequeno ducto; os ductos de vários alvéolos confluem em duetos maiores que se abrem nas ampolas, pequenos reservatórios de leite de onde saem os ductos lactíferos, por onde o leite é ejetado A ejeção do leite dos alvéolos para os ductos e então para o exterior ocorre como consequência da contração de células mioepiteliais em resposta à ocitocina. Os alvéolos se desenvolvem na puberdade, bem como também há o aumento da aréola e o crescimento das mamas, em decorrência do acúmulo de gorduras e crescimento desses sistemas de ductos supracitados. Quando se iniciam os ciclos menstruais, a exposição contínua da mama aos estrogênios e à progesterona promove aumento adicional da arborização e do comprimento dos ductos e acelera o desenvolvimento dos alvéolos. Durante a gestação a glândula mamária passa por um processo de preparação para a lactação. A mama cresce sob influência de estrogênios, progesterona, glicocorticoides, prolactina, hPL, GH, IGF- I e insulina. Há aumento do tecido adiposo, da vascularização e da rede de células mioepiteliais que envolve os alvéolos. O sistema de ductos cresce e arboriza-se, o número de alvéolos aumenta e formam-se muitos lóbulos. No entanto, a produção de leite não ocorre antes do parto devido às concentrações elevadas de estrogênios e progesterona, que impedem a ação da prolactina nas células alveolares. Durante a amamentação há proliferação adicional dos alvéolos e do sistema de ductos que, associada ao acúmulo de leite nos alvéolos, promove o aumento das mamas. Após cessar a amamentação a glândula regride rapidamente, mas os alvéolos persistem. Portanto, a mama de uma mulher que já amamentou é diferente das nulíparas. Lactogênese e Lactopoese Lactogênese Após a eliminação da placenta, as concentrações dos estrogênios e da progesterona caem abruptamente → início da lactação, que ocorre 36 a 48 horas após o parto, estimulada principalmente pela prolactina. A composição do leite varia no período pós-parto. Nos primeiros dias uma secreção amarelada e mais espessa é secretada. É o colostro que contém menos vitaminas hidrossolúveis (C e complexo B), gordura e açúcar que leite, mas que possui maiores quantidades de Natália Parduci proteínas e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e imunoglobulinas (IgG). No decorrer das próximas 2-3 semanas as concentrações das IgG e proteínas diminuem, enquanto as de lactose e gordura aumentam, tomando o leite com valor calórico maior do que o do colostro. Após este período de transição, o leite é uma solução aquosa contendo água, açúcar (o principal é a lactose), gordura (principal fonte energética), aminoácidos (incluindo aminoácidos essenciais), proteínas (a caseína é a principal proteína do leite), minerais (cálcio, ferro, magnésio, potássio, sódio, fósforo e enxofre) e vitaminas (A, B1 , B2, B 12, C, D, E e K). 1. Via Secretória (Exocitose) Síntese de proteínas do REG → Golgi → empacotamento em vesículas secretórias → secreção no lúmen do alvéolo por exocitose. A água entra na vesícula por osmose. A membrana basal das células alveolares capta imunoglobulinas (especialmente a IgA) da mãe, por um processo de endocitose mediado por receptor. O complexo IgA-receptor internaliza-se em vesículas, sendo estas transportadas pela célula até a membrana apical, onde são secretadas por exocitose. 2. Via dos Lipídeos Os ácidos graxos formam gotículas que se movem em direção à membrana apical ao mesmo tempo em que vão aumentando de tamanho. A gotícula empurra a membrana, que se distende e perde suas microvilosidades no local; em seguida a gotícula é envolvida pela membrana. Por fim, a membrana pinça o citoplasma e se funde de forma a envolver totalmente a gotícula, que é então eliminada para o lume do alvéolo envolta em membrana. 3. Transporte Transcelular de Água e Sal A água se move através da célula por gradiente osmótico, gerado primariamente pela lactose e em menor extensão pelos eletrólitos. Os íons monovalentes seguem a água por gradiente eletroquímico. 4. Via Paracelular Por causa das tight junctions as substâncias normalmente não passam entre as células dos alvéolos. Mas durante a sucção estas junções se tornam mais frouxas, permitindo a passagem de sais e água para o leite, bem como de células tipo leucócitos e imunoblastos que secretam IgA. Este processo é dependente de estradiol, progesterona e prolactina, que favorecem esta migração. Água e sais também podem se mover para o lume do alvéolo via gap junctions. A prolactina é produzida por lactotrofos da adeno- hipófise. Uma vez secretado, este hormônio alcança a circulação sistêmica e se liga a seus receptores de membrana, localizados nas células secretoras dos alvéolos, induzindo assim a síntese de componentes do leite e a sua secreção para o lume alveolar (Iactogênese), A secreção de prolactina é tonicamente inibida pelo hipotálamo, por ação da dopamina. A dopamina é liberada na eminência mediana por terminais neuronais próximas ao plexo primário de capilares do sistema porta-hipofisário, alcançando, via vasos porta longos, a adeno-hipófise, onde inibe a secreção de prolactina nos lactotrofos. OBS: Lembrar que a lactogênese só acontece quando as [estrogênio e progesterona] caem. Lactopoese Após o parto, grandes quantidades de prolactina são secretadas pelos lactotrofos em resposta à sucção do mamilo. Se não houver sucção, as concentrações deste hormônio caem lentamente, e apenas uma pequena quantidade de leite pode ainda ser secretada por 3 a 4 semanas após o parto. No entanto, se houver o aleitamento, as concentrações de prolactina se manterão elevadas. Em 2 a 5 dias a produção de leite estará plenamente estabelecida, e a manutenção da secreção copiosa de leite (lactopoese) dependerá estritamente do estímulo frequente da sucção. Neste caso, a sucção manterá as concentrações plasmáticas de prolactina altas durante as primeiras 8 - 12 semanas. No entanto, com o passar do tempo, a secreção basal de prolactina diminui, e a sucção já não provoca aumentos desta secreção na mesma magnitude; mesmo que a mulher continue amamentando, a produção de leite diminui gradativamente, e a reposição de prolactina é inefetiva para restaurá-la. Ejeção do leite A sucção, além de induzir a liberação de prolactina garantindo a lactogênese, constitui o estímulo mais importante para a liberação de ocitocina, responsável pela ejeção do leite. Este hormônio é produzido nos neurônios magnocelulares do núcleo para ventricular (PVN) e supraóptico (SON) do hipotálamo. Após sua síntese nos corpos celulares, a ocitocina é transportada em grânulos até os terminais desses neurônios, localizados na neuro-hipófise, onde é armazenada. O processo de liberação de ocitocina é desencadeado pela despolarização dos neurônios do PNV e SON, e a sucção é um dos estímulos mais poderosos para que ela ocorra. Em consequência à despolarização desses neurônios, a ocitocina é liberada por exocitose junto aos capilares da neuro-hipófise, onde não há BHE. O hormônio então atravessa a parede destes capilares fenestrados e alcança a circulação sistêmica. Nas células mioepiteliais que envolvem os alvéolos mamários, a ocitocina se liga aos seus receptores de membrana induzindo a contração destas células, o que força o leite a sair dos alvéolos para os ductos. Natália Parduci Reflexo neuroendócrino da lactação. 1) A sucção deforma os mecanorreceptorespresentes no mamilo, ativando-os. 2) Os sinais sensoriais aí originados trafegam por nervos torácicos entrando no sistema nervoso central pela raiz dorsal da medula espinal. 3) Estes sinais ascendem via coluna ântero-Iateral para o tronco cerebral, onde estabelecem sinapses. Os neurônios que participam desta via polissináptica se projetam: 4) para os núcleos paraventricular (PVN) e supra-óptico (SON), estimulando-os a secretar ocitocina dos seus terminais na neuro-hipófise, 5) para os neurônios dopaminérgicos, em especial do núcleo arqueado (ARC), inibindo a liberação de dopamina na eminência mediana, e 6) para os neurônios que produzem fatores Iiberadores de prolactina (PRF), estimulando-os a secretarem seus produtos que irão, direta ou indiretamente, estimular a secreção de prolactina. 7) Sem o controle inibitório, os lactotrofos secretam prolactina, que alcança a circulação sistêmica. 8) Nas células alveolares a prolactina liga-se aos seus receptores de membrana, induzindo a síntese de leite e sua secreção para o lume do alvéolo. 9) A ocitocina liberada pelos terminais neuronais na neuro- hipófise alcança a circulação sistêmica. 10) A ocitocina liga-se aos seus receptores nas membranas das células mioepiteliais do alvéolo mamário, induzindo sua contração e expulsão do leite do lume para os duetos alveolares. Amenorreia durante a lactação A duração da amenorreia pós-parto parece estar diretamente relacionada à duração, à frequência e à intensidade da amamentação. Assim, o efeito inibitório da amamentação nos ciclos reprodutivos explica a cultura popular de que a amamentação funciona como um contraceptivo natural; entretanto, na vida moderna em muitos países isso não mais corresponde à realidade, uma vez que atualmente houve uma diminuição da intensidade, da frequência e da duração da amamentação Métodos Contraceptivos Os métodos que se baseiam em prevenir o acesso dos espermatozoides à vizinhança do óvulo incluem, basicamente, os métodos de barreira: condom e diafragma. Quando associados com agentes espermicidas, estes métodos apresentam eficácia praticamente similar aos anticoncepcionais orais. São incluídos também nesta categoria métodos menos eficazes, como o coito interrompido e o método do ritmo (abstinência no período provável em que o óvulo esteja na trompa uterina). Os anticoncepcionais hormonais contêm estrogênios sintéticos em combinação com diferentes classes de progestogênios. O mecanismo de ação é o bloqueio da ovulação pelos componentes hormonais do anticoncepcional, inibindo o pico pré-ovulatório do LH. Embora os anticoncepcionais orais sejam os mais populares e mais frequentemente usados, diferentes formulações utilizando outras vias de administração que não a oral estão disponíveis, como os adesivos, o anel vaginal ou os injetáveis. É possível ainda optar-se pela administração subcutânea de depósito, em que os hormônios vão sendo liberados de forma constante, durante até cinco anos. Alguns anticoncepcionais podem conter apenas o progestogênio em doses mais baixas, sendo denominados minipílulas. Seu mecanismo de ação não é bloquear a ovulação, mas sim tornar mais espesso o muco cervical e diminuir a peristalse da trompa uterina, dificultando a movimentação dos espermatozoides ao longo do trato reprodutivo. Esta classe de anticoncepcional é recomendada para mulheres com contraindicação para o uso de estrogênios, como aquelas que estão amamentando, entre outros exemplos. Outros anticoncepcionais atuam interferindo com o transporte do zigoto ou com o processo de implantação. O dispositivo intrauterino (DIU) se enquadra na categoria dos métodos que impedem a implantação, promovendo inflamação do endométrio e produção de prostaglandinas. A eficácia do DIU também é elevada, especialmente aqueles contendo cobre, zinco ou progestogênio. Os anticoncepcionais ditos pós-coitais são formulações com doses elevadas de estrogênios e progestogênios; devem ser utilizados até 72 horas após a atividade sexual não protegida, em 2 doses no intervalo de 1 2 horas. Eles alteram as condições intrauterinas, dificultando o movimento e a implantação de um possível concepto. A vasectomia corresponde à secção dos dois duetos deferentes, impedindo a passagem dos espermatozoides para o ejaculado. A ligadura tubária é realizada pela ligação das trompas uterinas. Cirurgias para promover a restauração dos duetos deferentes ou das trompas uterinas podem ser realizadas, mas com sucesso limitado. Por isso, ambos são considerados métodos irreversíveis.
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