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Fisiologia da Reprodução- Margarida

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Natália Parduci 
Fisiologia da Reprodução- Margarida 
Movimentação do óvulo e espermatozoides, 
fertilização e implantação 
Maturação e Movimentação do Óvulo 
O processo de maturação do óvulo é regulado 
principalmente pelos hormônios FSH, LH e estradioI. 
Pouco antes da ovulação → o óvulo completa sua 
primeira divisão meiótica e forma o primeiro corpo 
polar. A segunda divisão meiótica inicia-se durante a 
ovulação, mas só se completa após a fertilização pelo 
espermatozoide. 
No momento da ovulação, o óvulo liberado e as células 
da granulosa aderidas, conhecidas como cumulus 
oophorus, são coletados pelas terminações ciliadas das 
fímbrias da trompa uterina. Na mulher, movimentação 
do óvulo ao longo da trompa uterina ocorre já nos 
minutos seguintes. O óvulo passa das terminações das 
fímbrias à região ampular, onde permanece por 1 -2 
dias, período em que poderá ocorrer a fertilização. O 
óvulo fertilizado atravessa o istmo da trompa uterina e 
fica retido na junção istmo-útero, completando o 
período de 3 dias desde a ovulação. Durante este 
estágio, estrogênios e progesterona vão agir sobre o 
endométrio, na preparação à implantação. A etapa 
final da movimentação ocorre 3-4 dias após a ovulação, 
quando o óvulo fertilizado chega à cavidade uterina. 
Movimentação e Capacitação dos Espermatozoides 
Após a ejaculação, os espermatozoides deixam a 
vagina em direção ao colo uterino. Na região ampular 
é onde ocorre a fertilização. A movimentação dos 
espermatozoides é muito mais rápida que a do óvulo. 
Dos milhões de espermatozoides depositados na 
vagina, apenas 50 a 1 00 conseguem migrar por todo o 
trato reprodutivo feminino para alcançar o oócito, na 
junção istmoampular da trompa uterina. 
Capacitação. O contato do espermatozoide com a zona 
pelúcida induz o início da reação acrossômica → fusão 
do acromossoma com a membrana plasmática do 
espermatozoide e a exocitose do seu conteúdo 
enzimático (rico em proteases e glicosidases). Durante 
a capacitação, os espermatozoides apresentam 
aumento de motilidade. 
Fertilização 
Os espermatozoides mantêm a capacidade de 
fertilização por cerca de 48 a 72 horas após adentrarem 
o trato genital feminino. O óvulo é viável para 
fertilização por cerca de 24 a 48 horas após a ovulação. 
Sem fertilização→ óvulo e espermatozoides se 
degeneram no trato reprodutivo feminino. 
A fusão da cabeça do espermatozoide com o óvulo 
completa a segunda divisão meiótica deste e também 
dispara mecanismos que impedem a fertilização por 
múltiplos espermatozoides. Com a fertilização 
reconstitui-se o número de 2n=46 → zigoto. A partir 
daí inicia-se o desenvolvimento de um embrião. 
Durante a migração do zigoto pela trompa uterina em 
direção ao sítio de implantação na cavidade do útero, 
mitoses sucessivas formam a mórula cerca de 96 horas 
após a fertilização. A mórula deixa a trompa uterina e 
alcança o útero em torno de quatro dias após a 
fertilização, permanece suspensa na cavidade uterina 
enquanto se desenvolve em blastocisto e é nutrida por 
constituintes do fluido uterino neste período. As 
células externas do blastocisto, denominadas 
trofoblastos, participam do processo de implantação e 
formam os componentes da placenta. 
Implantação 
O blastocisto implanta-se na parede uterina 
aproximadamente 7 a 8 dias após a fertilização → 
janela de implantação. A implantação apresenta 
características similares às de um processo 
inflamatório, incluindo a indução de moléculas de 
adesão no endométrio, seguida de invasão e 
angiogênese. 
Antes da implantação, o blastocisto separa-se da zona 
pelúcida; assim, as células trofoblásticas, aderem ao 
endométrio, via glicoproteínas de superfície. 
Microvilos das células trofoblásticas interdigitam-se e 
formam complexos juncionais com as células 
endometriais. Na presença de progesterona 
proveniente do corpo lúteo, o endométrio sofre a 
decidualização, propiciando as condições para a 
implantação. Desse modo, 8 a 12 dias após a ovulação 
o embrião penetra no epitélio uterino estando 
embebido no estroma endometrial. 
A partir do 13º dia de desenvolvimento, o mesoderma 
somático extra-embriônico surge na superfície dos 
trofoblastos e juntos formam o saco coriônico. Os 
trofoblastos do córion mantêm contato direto com as 
células decidualizadas do endométrio, formando duas 
populações celulares distintas: 1) o citotrofoblasto, 
que vai compor as células do vilo no início da gestação, 
e 2) o sinciciotrofoblasto, uma camada de células 
constituídas pela fusão da membrana de células do 
citotrofoblasto. Este sincício multinuclear é altamente 
diferenciado e inicia a secreção de gonadotrofina 
coriônica (hCG), que será fundamental para a 
manutenção do corpo lúteo. 
No final da segunda semana de fertilização, os vilos 
coriônicos desenvolvem-se como cordões epiteliais 
dos citotrofoblastos. A vascularização desses cordões 
ocorre a partir do sistema vascular embrionário. Do 
lado materno formam-se os sinusoides sanguíneos em 
torno destes cordões trofoblásticos, cujas células 
desenvolvem as vilosidades placentárias que são 
invadidas por capilares fetais. Nesta interface ocorrem 
as trocas gasosas entre o sangue materno e o sangue 
fetal. O sangue fetal chega aos capilares das vilosidades 
Natália Parduci 
placentárias pelas duas artérias umbilicais e, após as 
trocas com o sangue materno através da membrana 
placentária, retorna ao feto através da veia umbilical. 
O corpo lúteo se mantém funcional de 7 a 9 semanas. 
 
Gestação 
Placenta 
A gestação humana prolonga-se, em média, por 280 
dias (40 semanas) a partir da data da última 
menstruação. Entretanto, considerando-se a data da 
fertilização, a gestação dura cerca de duas semanas 
menos. 
A placenta é um órgão transitório e funciona como 
interface entre os organismos materno e fetal. Esta 
estrutura complexa é constituída por um componente 
materno (a decídua), formada por células endometriais 
e um componente fetal formado por células 
trofoblásticas. Ela desempenha várias funções 
indispensáveis ao desenvolvimento fetal: nutricional 
(nutrientes: mãe → feto), respiratória (trocas gasosas 
de O2 e CO2), excretora (eliminação de metabólitos 
fetais) e endócrina (síntese de hormônios com ações 
na mãe e no feto). Através da membrana placentária 
ocorre difusão de nutrientes e O2 da mãe para o feto e 
de metabólitos e CO2 do feto para a mãe. 
Função endócrina da placenta 
Envolve a produção de substâncias com atividades 
biológica e imunológica similares aos hormônios 
hipotalâmicos (como GnRH, ACTH e GHRH) e aos 
hipofisários (TSH, PRL, GH e a POMC). A placenta 
secreta também fatores de crescimento, citocinas e 
hormônios esteroides. Dentre todos os hormônios 
produzidos pela placenta, os principais são a 
gonadotrofina coriônica - hCG, a somatotrofina 
coriônica - hPL, o estrogênio e a progesterona 
Gonadotrofina Coriônica Humana (hCG). O 
aparecimento de hCG no sangue e na urina 24 horas 
após a implantação do embrião constitui o primeiro 
sinal detectável de gestação. 
A secreção de hCG aumenta gradativamente até atingir 
valores máximos de concentração plasmática durante 
o terceiro mês de gestação, quando começa a diminuir 
paulatinamente até estabilizar-se no último trimestre 
de gestação. Este hormônio tem vida média longa, 
cerca de 24 horas, devido à presença de ácido siálico 
na molécula, e age por meio de receptores com 
afinidade elevada, que se expressam em células do 
corpo lúteo. A ação luteotrófica da hCG é fundamental 
para manutenção da gestação especialmente no 
primeiro trimestre, já que neste período a placenta não 
está completamente desenvolvida. Tal ação promove 
aumento da secreção de estrogênios e progesterona, 
hormônios indispensáveis para manter as condições 
adequadas no endométrio para implantação e 
manutenção do futuro embrião. 
Em fetos masculinos, a hCG estimula células 
intersticiais responsáveis pela secreção de 
testosterona, que em parte é convertida pela ação da 
enzima 5α-redutase em outroandrogênio, a 
diidrotestosterona. Estes dois androgênios são 
responsáveis pela diferenciação das estruturas genitais 
masculinas internas e externas. 
Somatotrofina Coriônica (hPL). Este hormônio, 
também chamado de lactogênio placentário, começa a 
ser produzido mais tardiamente que a hCG, por volta 
da sexta semana de gestação. As ações da 
somatotrofina coriônica teriam o objetivo de 
disponibilizar quantidade maior de substrato 
energético ao feto. 
Estrogênios e Progesterona. A síntese de esteroides 
placentários depende de esteroides produzidos pela 
gestante e pelo feto. Apesar de a placenta produzir 
muita progesterona, ela é incapaz de convertê-la em 
estrogênio devido à deficiência da enzima 17α-
hidroxilase. Os estrogênios placentários são 
sintetizados a partir da conversão dos androgênios 
desidroepiandrosterona (DHEA) e 16OH-DHEA, 
secretados pelas adrenais fetais e maternas. Entre as 
principais ações estrogênicas incluem-se: aumento do 
útero materno pelo aumento do miométrio (estímulo 
da síntese de proteínas), acúmulo de líquido (retenção 
de água e eletrólitos) e aumento da vascularização 
(indução de angiogênese). Outras ações significativas 
ocorrem nas glândulas mamárias, principalmente no 
crescimento e desenvolvimento do sistema de ductos, 
preparando-as para a lactação pós-parto. 
A progesterona facilita a manutenção do embrião no 
útero, impedindo as contrações uterinas para evitar o 
aborto espontâneo. Também tem ação significativa nas 
glândulas mamárias, principalmente no crescimento e 
desenvolvimento dos alvéolos, onde ocorre a produção 
do leite por ação estimuladora da prolactina. 
Natália Parduci 
 
Outros parâmetros funcionais estão aumentados, 
como ventilação, retenção de água e eletrólitos, taxa 
de filtração glomerular, ingestão de água, metabolismo 
basal (consumo maior de energia), volume sanguíneo, 
metabolismo de cálcio e fosfato, demanda de ferro e 
vitaminas D e K. 
Parto 
O parto é o processo durante o qual ocorre a expulsão 
do feto, placenta e anexos fetais do interior da 
cavidade uterina. 
A contratilidade uterina durante a gestação e o parto 
compreende três fases distintas. A fase 0 é aquela em 
que o útero é mantido em quiescência durante a 
gestação, principalmente por efeito da progesterona. 
Outros fatores incluem: prostaciclina, relaxina e 
hormônio liberador de corticotrofina (CRH). O início do 
parto corresponde à transição da fase 0 para a fase 1. 
A fase 1 relaciona-se com a ativação da função uterina 
ocasionada pelo estiramento e tensão provocados pelo 
crescimento do feto, pela ativação do eixo hipotálamo-
hipófise-adrenal fetal e pelo aumento de 
prostaglandinas, entre outros fatores. A fase 2 
caracteriza-se por contrações uterinas mais intensas, 
sendo estimulada pela ocitocina, CRH e 
prostaglandinas, especialmente as produzidas 
intraútero. Estas são fundamentais no início e 
progressão do parto, que ocorrem na fase 2. 
Finalmente, a fase 3 corresponde à involução uterina 
no pós-parto, que está associada principalmente com a 
ocitocina. 
Além das contrações uterinas, os primeiros sinais do 
trabalho de parto incluem também alterações do colo 
uterino, que se torna amolecido e mais fino. A dilatação 
do colo uterino ajusta-se a outras alterações 
anatômicas, como afrouxamento de ligamentos de 
ossos da bacia, elasticidade vaginal e maior 
distensibilidade dos músculos da região vulvar-perineal 
para constituir o chamado canal do parto. As 
contrações provocam, ainda, a ruptura da bolsa 
amniótica, com a perda de líquido; isto facilita o acesso 
do feto ao canal de parto, contribuindo para distensão 
do colo uterino. Esta estimulação do colo uterino 
aciona uma via sensorial ascendente, através da 
medula espinal até os neurônios ocitocinérgicos do 
hipotálamo, cujos terminais na neuro-hipófise liberam 
ocitocina para a circulação sistêmica. Este hormônio 
aumenta a contratilidade do miométrio uterino, o que 
impulsiona o feto no sentido do colo uterino, gerando 
mais estímulos para secreção de ocitocina. Forma-se 
assim um mecanismo de retroalimentação positiva que 
é interrompido pela expulsão do feto. 
A secreção de ocitocina não aumenta na mãe e no feto 
antes de iniciado o trabalho de parto, mas sim durante 
este. A contração uterina pós-parto, além de reduzir o 
sangramento, tem o efeito de cisalhamento e 
deslocamento da placenta da parede uterina, para que 
seja também expulsa. A administração de ocitocina 
exógena para facilitar o trabalho de parto é 
procedimento frequente nos serviços obstétricos. 
Contraindicada: mulheres previamente submetidas a 
cesárea ou miomectomia, com história de gestações 
múltiplas e em caso de desproporção cefalopélvica etc. 
Por outro lado, a presença de ocitocina materna parece 
não ser indispensável para o trabalho de parto. 
O estrogênio e a progesterona têm ações inversas 
sobre o miométrio. A progesterona causa 
hiperpolarização do miométrio e reduz a síntese de 
receptores para ocitocina, inibindo a contratilidade. O 
estrogênio promove contratilidade uterina associada 
ao aumento de receptores para ocitocina. Assim, a 
alteração da razão estrogênio: progesterona pode 
facilitar ou dificultar a expressão de receptores para 
ocitocina, influenciando, portanto, a ação da ocitocina 
na expulsão do feto. 
Outras substâncias estão envolvidas no trabalho de 
parto, como prostaglandinas e catecolaminas. O ácido 
araquidônico, presente no âmnion e no córion em 
concentrações elevadas, é precursor das 
prostaglandinas. O aumento da produção de 
prostaglandinas está associado à facilitação do 
trabalho de parto. A administração de prostaglandinas 
a gestantes causa amaciamento e dilatação do colo 
uterino, além de induzir contrações uterinas. Por outro 
lado, a progesterona inibe a formação de 
prostaglandinas e inibidores destas impedem o parto 
prematuro. As catecolaminas atuantes em receptores 
alfa2 estimulam as contrações uterinas, enquanto em 
receptores beta2 inibem o trabalho de parto. A 
progesterona aumenta a razão entre receptores beta e 
receptores alfa no miométrio, favorecendo a 
manutenção da gestação. 
Puerpério 
O puerpério é o período de seis semanas pós-parto no 
qual o organismo retorna progressivamente à condição 
não-gestacional. Diversas modificações funcionais e 
Natália Parduci 
algumas estruturais que ocorreram durante a gestação 
são revertidas no puerpério, por exemplo: a redução 
do tamanho do útero com redução do miométrio e 
recomposição do endométrio, o afrouxamento dos 
ligamentos pélvicos, o aumento de volume sanguíneo, 
o aumento da metabolização hepática e renal de 
substâncias, o aumento das concentrações plasmáticas 
totais de hormônios tireoidianos e corticoides, entre 
outras. 
Durante o período de puerpério há ausência de 
menstruação (amenorreia), que pode prolongar-se por 
mais ou menos tempo, na dependência de a mulher 
estar ou não amamentando. A maioria das mulheres 
que não amamentam retoma o ciclo menstrual normal 
com ovulação em tomo de seis semanas pós-parto. A 
amamentação pode prolongar a amenorreia pós-parto, 
devido à ação antigonadotrófica indireta da prolactina, 
inibindo a secreção de GnRH pelo hipotálamo. 
Entretanto, a amamentação não garante um estado de 
anovulação, mesmo que a mulher puérpera esteja em 
amenorreia, principalmente se não é fonte exclusiva de 
alimentação do lactente e, portanto, o número de 
mamadas é menor 
Lactação 
A lactação é a fase final do ciclo reprodutivo completo 
dos mamíferos. 
O processo de lactação pode ser dividido em três 
estágios: 1) a mamogênese ou o crescimento e 
desenvolvimento da glândula mamária, que ocorre 
durante todo o período gestacional e a torna capaz de 
produzir leite; 2) a lactogênese, que é a síntese de leite 
pelas células alveolares e a sua secreção no lume do 
alvéolo, iniciando-se com a queda dos esteroides 
placentários após o parto, e a lactopoese, que é a 
manutenção da lactação já estabelecida e que depende 
da duração e da frequência do hábito deamamentar; 
3) a ejeção de leite, que é a passagem do leite do lume 
alveolar para o sistema de duetos até duetos maiores 
e a ampola, culminando com a liberação do leite para 
o bebê. 
Mamogênese 
A unidade fundamental secretória da mama é o 
alvéolo, que é aí produzido e secretado para o lúmen 
do alvéolo por ação da prolactina. Os aIvéolos 
mamários são rodeados por células mioepiteliais, que 
têm função contrátil, e se reúnem em grupos formando 
os lóbulos mamários. Cada alvéolo drena o seu 
conteúdo para um pequeno ducto; os ductos de vários 
alvéolos confluem em duetos maiores que se abrem 
nas ampolas, pequenos reservatórios de leite de onde 
saem os ductos lactíferos, por onde o leite é ejetado A 
ejeção do leite dos alvéolos para os ductos e então para 
o exterior ocorre como consequência da contração de 
células mioepiteliais em resposta à ocitocina. 
Os alvéolos se desenvolvem na puberdade, bem como 
também há o aumento da aréola e o crescimento das 
mamas, em decorrência do acúmulo de gorduras e 
crescimento desses sistemas de ductos supracitados. 
Quando se iniciam os ciclos menstruais, a exposição 
contínua da mama aos estrogênios e à progesterona 
promove aumento adicional da arborização e do 
comprimento dos ductos e acelera o desenvolvimento 
dos alvéolos. 
 
Durante a gestação a glândula mamária passa por um 
processo de preparação para a lactação. A mama 
cresce sob influência de estrogênios, progesterona, 
glicocorticoides, prolactina, hPL, GH, IGF- I e insulina. 
Há aumento do tecido adiposo, da vascularização e da 
rede de células mioepiteliais que envolve os alvéolos. 
O sistema de ductos cresce e arboriza-se, o número de 
alvéolos aumenta e formam-se muitos lóbulos. No 
entanto, a produção de leite não ocorre antes do parto 
devido às concentrações elevadas de estrogênios e 
progesterona, que impedem a ação da prolactina nas 
células alveolares. 
Durante a amamentação há proliferação adicional dos 
alvéolos e do sistema de ductos que, associada ao 
acúmulo de leite nos alvéolos, promove o aumento das 
mamas. Após cessar a amamentação a glândula regride 
rapidamente, mas os alvéolos persistem. Portanto, a 
mama de uma mulher que já amamentou é diferente 
das nulíparas. 
Lactogênese e Lactopoese 
Lactogênese 
Após a eliminação da placenta, as concentrações dos 
estrogênios e da progesterona caem abruptamente → 
início da lactação, que ocorre 36 a 48 horas após o 
parto, estimulada principalmente pela prolactina. A 
composição do leite varia no período pós-parto. Nos 
primeiros dias uma secreção amarelada e mais espessa 
é secretada. É o colostro que contém menos vitaminas 
hidrossolúveis (C e complexo B), gordura e açúcar que 
leite, mas que possui maiores quantidades de 
Natália Parduci 
proteínas e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e 
imunoglobulinas (IgG). No decorrer das próximas 2-3 
semanas as concentrações das IgG e proteínas 
diminuem, enquanto as de lactose e gordura 
aumentam, tomando o leite com valor calórico maior 
do que o do colostro. Após este período de transição, 
o leite é uma solução aquosa contendo água, açúcar (o 
principal é a lactose), gordura (principal fonte 
energética), aminoácidos (incluindo aminoácidos 
essenciais), proteínas (a caseína é a principal proteína 
do leite), minerais (cálcio, ferro, magnésio, potássio, 
sódio, fósforo e enxofre) e vitaminas (A, B1 , B2, B 12, 
C, D, E e K). 
1. Via Secretória (Exocitose) 
Síntese de proteínas do REG → Golgi → 
empacotamento em vesículas secretórias → secreção 
no lúmen do alvéolo por exocitose. 
A água entra na vesícula por osmose. 
A membrana basal das células alveolares capta 
imunoglobulinas (especialmente a IgA) da mãe, por um 
processo de endocitose mediado por receptor. O 
complexo IgA-receptor internaliza-se em vesículas, 
sendo estas transportadas pela célula até a membrana 
apical, onde são secretadas por exocitose. 
2. Via dos Lipídeos 
Os ácidos graxos formam gotículas que se movem em 
direção à membrana apical ao mesmo tempo em que 
vão aumentando de tamanho. A gotícula empurra a 
membrana, que se distende e perde suas 
microvilosidades no local; em seguida a gotícula é 
envolvida pela membrana. Por fim, a membrana pinça 
o citoplasma e se funde de forma a envolver 
totalmente a gotícula, que é então eliminada para o 
lume do alvéolo envolta em membrana. 
3. Transporte Transcelular de Água e Sal 
A água se move através da célula por gradiente 
osmótico, gerado primariamente pela lactose e em 
menor extensão pelos eletrólitos. Os íons 
monovalentes seguem a água por gradiente 
eletroquímico. 
4. Via Paracelular 
Por causa das tight junctions as substâncias 
normalmente não passam entre as células dos 
alvéolos. Mas durante a sucção estas junções se 
tornam mais frouxas, permitindo a passagem de sais e 
água para o leite, bem como de células tipo leucócitos 
e imunoblastos que secretam IgA. Este processo é 
dependente de estradiol, progesterona e prolactina, 
que favorecem esta migração. Água e sais também 
podem se mover para o lume do alvéolo via gap 
junctions. 
A prolactina é produzida por lactotrofos da adeno-
hipófise. Uma vez secretado, este hormônio alcança a 
circulação sistêmica e se liga a seus receptores de 
membrana, localizados nas células secretoras dos 
alvéolos, induzindo assim a síntese de componentes do 
leite e a sua secreção para o lume alveolar 
(Iactogênese), A secreção de prolactina é tonicamente 
inibida pelo hipotálamo, por ação da dopamina. A 
dopamina é liberada na eminência mediana por 
terminais neuronais próximas ao plexo primário de 
capilares do sistema porta-hipofisário, alcançando, via 
vasos porta longos, a adeno-hipófise, onde inibe a 
secreção de prolactina nos lactotrofos. 
OBS: Lembrar que a lactogênese só acontece quando 
as [estrogênio e progesterona] caem. 
Lactopoese 
Após o parto, grandes quantidades de prolactina são 
secretadas pelos lactotrofos em resposta à sucção do 
mamilo. Se não houver sucção, as concentrações deste 
hormônio caem lentamente, e apenas uma pequena 
quantidade de leite pode ainda ser secretada por 3 a 4 
semanas após o parto. No entanto, se houver o 
aleitamento, as concentrações de prolactina se 
manterão elevadas. Em 2 a 5 dias a produção de leite 
estará plenamente estabelecida, e a manutenção da 
secreção copiosa de leite (lactopoese) dependerá 
estritamente do estímulo frequente da sucção. Neste 
caso, a sucção manterá as concentrações plasmáticas 
de prolactina altas durante as primeiras 8 - 12 semanas. 
No entanto, com o passar do tempo, a secreção basal 
de prolactina diminui, e a sucção já não provoca 
aumentos desta secreção na mesma magnitude; 
mesmo que a mulher continue amamentando, a 
produção de leite diminui gradativamente, e a 
reposição de prolactina é inefetiva para restaurá-la. 
Ejeção do leite 
A sucção, além de induzir a liberação de prolactina 
garantindo a lactogênese, constitui o estímulo mais 
importante para a liberação de ocitocina, responsável 
pela ejeção do leite. Este hormônio é produzido nos 
neurônios magnocelulares do núcleo para ventricular 
(PVN) e supraóptico (SON) do hipotálamo. Após sua 
síntese nos corpos celulares, a ocitocina é transportada 
em grânulos até os terminais desses neurônios, 
localizados na neuro-hipófise, onde é armazenada. O 
processo de liberação de ocitocina é desencadeado 
pela despolarização dos neurônios do PNV e SON, e a 
sucção é um dos estímulos mais poderosos para que 
ela ocorra. Em consequência à despolarização desses 
neurônios, a ocitocina é liberada por exocitose junto 
aos capilares da neuro-hipófise, onde não há BHE. O 
hormônio então atravessa a parede destes capilares 
fenestrados e alcança a circulação sistêmica. Nas 
células mioepiteliais que envolvem os alvéolos 
mamários, a ocitocina se liga aos seus receptores de 
membrana induzindo a contração destas células, o que 
força o leite a sair dos alvéolos para os ductos. 
Natália Parduci 
 
Reflexo neuroendócrino da lactação. 1) A sucção 
deforma os mecanorreceptorespresentes no mamilo, 
ativando-os. 2) Os sinais sensoriais aí originados 
trafegam por nervos torácicos entrando no sistema 
nervoso central pela raiz dorsal da medula espinal. 3) 
Estes sinais ascendem via coluna ântero-Iateral para o 
tronco cerebral, onde estabelecem sinapses. Os 
neurônios que participam desta via polissináptica se 
projetam: 4) para os núcleos paraventricular (PVN) e 
supra-óptico (SON), estimulando-os a secretar 
ocitocina dos seus terminais na neuro-hipófise, 5) para 
os neurônios dopaminérgicos, em especial do núcleo 
arqueado (ARC), inibindo a liberação de dopamina na 
eminência mediana, e 6) para os neurônios que 
produzem fatores Iiberadores de prolactina (PRF), 
estimulando-os a secretarem seus produtos que irão, 
direta ou indiretamente, estimular a secreção de 
prolactina. 7) Sem o controle inibitório, os lactotrofos 
secretam prolactina, que alcança a circulação 
sistêmica. 8) Nas células alveolares a prolactina liga-se 
aos seus receptores de membrana, induzindo a síntese 
de leite e sua secreção para o lume do alvéolo. 9) A 
ocitocina liberada pelos terminais neuronais na neuro-
hipófise alcança a circulação sistêmica. 10) A ocitocina 
liga-se aos seus receptores nas membranas das células 
mioepiteliais do alvéolo mamário, induzindo sua 
contração e expulsão do leite do lume para os duetos 
alveolares. 
Amenorreia durante a lactação 
A duração da amenorreia pós-parto parece estar 
diretamente relacionada à duração, à frequência e à 
intensidade da amamentação. Assim, o efeito inibitório 
da amamentação nos ciclos reprodutivos explica a 
cultura popular de que a amamentação funciona como 
um contraceptivo natural; entretanto, na vida 
moderna em muitos países isso não mais corresponde 
à realidade, uma vez que atualmente houve uma 
diminuição da intensidade, da frequência e da duração 
da amamentação 
Métodos Contraceptivos 
Os métodos que se baseiam em prevenir o acesso dos 
espermatozoides à vizinhança do óvulo incluem, 
basicamente, os métodos de barreira: condom e 
diafragma. Quando associados com agentes 
espermicidas, estes métodos apresentam eficácia 
praticamente similar aos anticoncepcionais orais. São 
incluídos também nesta categoria métodos menos 
eficazes, como o coito interrompido e o método do 
ritmo (abstinência no período provável em que o óvulo 
esteja na trompa uterina). 
Os anticoncepcionais hormonais contêm estrogênios 
sintéticos em combinação com diferentes classes de 
progestogênios. O mecanismo de ação é o bloqueio da 
ovulação pelos componentes hormonais do 
anticoncepcional, inibindo o pico pré-ovulatório do LH. 
Embora os anticoncepcionais orais sejam os mais 
populares e mais frequentemente usados, diferentes 
formulações utilizando outras vias de administração 
que não a oral estão disponíveis, como os adesivos, o 
anel vaginal ou os injetáveis. É possível ainda optar-se 
pela administração subcutânea de depósito, em que os 
hormônios vão sendo liberados de forma constante, 
durante até cinco anos. Alguns anticoncepcionais 
podem conter apenas o progestogênio em doses mais 
baixas, sendo denominados minipílulas. Seu 
mecanismo de ação não é bloquear a ovulação, mas 
sim tornar mais espesso o muco cervical e diminuir a 
peristalse da trompa uterina, dificultando a 
movimentação dos espermatozoides ao longo do trato 
reprodutivo. Esta classe de anticoncepcional é 
recomendada para mulheres com contraindicação 
para o uso de estrogênios, como aquelas que estão 
amamentando, entre outros exemplos. 
Outros anticoncepcionais atuam interferindo com o 
transporte do zigoto ou com o processo de 
implantação. O dispositivo intrauterino (DIU) se 
enquadra na categoria dos métodos que impedem a 
implantação, promovendo inflamação do endométrio 
e produção de prostaglandinas. A eficácia do DIU 
também é elevada, especialmente aqueles contendo 
cobre, zinco ou progestogênio. 
Os anticoncepcionais ditos pós-coitais são formulações 
com doses elevadas de estrogênios e progestogênios; 
devem ser utilizados até 72 horas após a atividade 
sexual não protegida, em 2 doses no intervalo de 1 2 
horas. Eles alteram as condições intrauterinas, 
dificultando o movimento e a implantação de um 
possível concepto. 
A vasectomia corresponde à secção dos dois duetos 
deferentes, impedindo a passagem dos 
espermatozoides para o ejaculado. A ligadura tubária é 
realizada pela ligação das trompas uterinas. Cirurgias 
para promover a restauração dos duetos deferentes ou 
das trompas uterinas podem ser realizadas, mas com 
sucesso limitado. Por isso, ambos são considerados 
métodos irreversíveis.

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