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Administração Financeira e Orçamento Empresarial PAULO DIAS RAPOSO FILHO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTO EMPRESARIAL 1ª Edição Taubaté Universidade de Taubaté 2014 Copyright©2014.Universidade de Taubaté. Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade. Administração Superior Reitor Prof.Dr. José Rui Camargo Vice-reitor Prof.Dr. Marcos Roberto Furlan Pró-reitor de Administração Prof.Dr.Francisco José Grandinetti Pró-reitor de Economia e Finanças Prof.Dr.Luciano Ricardo Marcondes da Silva Pró-reitora Estudantil Profa.Dra.Nara Lúcia Perondi Fortes Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof.Dr. José Felício GoussainMurade Pró-reitora de Graduação Profa.Dra.Ana Júlia Urias dos Santos Araújo Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof.Dr.Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira Coordenação Geral EaD Profa.Dra.Patrícia Ortiz Monteiro Coordenação Acadêmica Profa.Ma.Rosana Giovanni Pires Coordenação Pedagógica Profa.Dra.Ana Maria dos Reis Taino Coordenação Tecnológica Profa. Ma. Susana Aparecida da Veiga Coordenação de Mídias Impressas e Digitais Profa.Ma.Isabel Rosângela dos Santos Ferreira Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Ma. Fabrina Moreira Silva Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti Coord. de Curso de Pedagogia Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Revisão ortográfica-textual Projeto Gráfico Diagramação Autor Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira Profa. Dra. Lídia Maria Ruv Carelli Barreto Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Ferreira Me.Benedito Fulvio Manfredini Prof. Me. José de Oliveira Filho Prof. Me. Paulo Dias Raposo Filho Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março,432-Centro Taubaté – São Paulo CEP:12.020-270 Central de Atendimento:0800557255 Polo Taubaté Polo Ubatuba Polo São José dos Campos Avenida Marechal Deodoro, 605–Jardim Santa Clara Taubaté–São Paulo CEP:12.080-000 Telefones: Coordenação Geral: (12)3621-1530 Secretaria: (12)3625-4280 Av. Castro Alves, 392 – Itaguá – CEP: 11680-000 Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 13h às 17h / 18h às 22h Av Alfredo Ignácio Nogueira Penido, 678 Parque Residencial Jardim Aquarius Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 8h às 22h Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU R219a Raposo Filho, Paulo Dias Administração financeira e orçamento empresarial / Paulo Dias Raposo Filho. Taubaté: UNITAU, 2011. 106p. : il. ISBN 978-85-62326-76-9 Bibliografia 1. Administração financeira. 2. Orçamento empresarial. 3. Decisões operacionais. 4. Ética nas organizações. 5. Responsabilidade social. I. Universidade de Taubaté. II. Título. v PALAVRA DO REITOR Palavra do Reitor Toda forma de estudo, para que possa dar certo, carece de relações saudáveis, tanto de ordem afetiva quanto produtiva. Também, de estímulos e valorização. Por essa razão, devemos tirar o máximo proveito das práticas educativas, visto se apresentarem como máxima referência frente às mais diversificadas atividades humanas. Afinal, a obtenção de conhecimentos é o nosso diferencial de conquista frente a universo tão competitivo. Pensando nisso, idealizamos o presente livro- texto, que aborda conteúdo significativo e coerente à sua formação acadêmica e ao seu desenvolvimento social. Cuidadosamente redigido e ilustrado, sob a supervisão de doutores e mestres, o resultado aqui apresentado visa, essencialmente, a orientações de ordem prático-formativa. Cientes de que pretendemos construir conhecimentos que se intercalem na tríade Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de forma responsável, porque planejados com seriedade e pautados no respeito, temos a certeza de que o presente estudo lhe será de grande valia. Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa leitura. Bons estudos! Prof. Dr. José Rui Camargo Reitor vi vii Apresentação Prezado Aluno, A área de administração e planejamento financeiro vem ganhando cada vez mais atenção por parte da administração geral, uma vez que, dentro de um cenário extremamente volátil, as definições têm de ser tomadas em tempo hábil e muitas são as opções a serem analisadas para uma condução mais eficaz dos recursos disponíveis. Um dos principais bordões da área financeira diz respeito à necessidade de as empresas tomarem decisões, de anteverem um provável futuro, pois, sem a necessidade de tomada de decisão, não haveria razão para a existência da administração financeira. Todos os processos de gestão de uma empresa acabam consumindo recursos, que, financeiramente, devem ser mensurados para uma definição adequada da escolha da política de negócios na sua operacionalização. Independentemente do porte da empresa, as áreas e os processos necessitam de análises financeiras para definir a relação de custo-benefício da escolhida. Essa escolha implica termos financeiros que foram rejeitados em outras tantas ações, daí a necessidade de se formalizar de forma adequada a relação de risco e o retorno das decisões a serem tomadas. O presente livro-texto irá abordar as principais práticas e ferramentas relacionadas à gestão, ao planejamento e à execução financeira e orçamentária, fornecendo aos leitores um valioso subsídio à interpretação e definição de políticas a serem observadas na condução dos negócios, valendo-se do uso de uma linguagem simples e objetiva dos principais processos que consumam recursos financeiros. Paulo Dias Raposo Filho viii ix Sobre o autor PAULO DIAS RAPOSO FILHO é mestre em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade de Taubaté. Atualmente, é professor do Programa de MBA da Universidade de Taubaté e há mais de quinze anos é professor da Universidade de Taubaté lecionando nos cursos de Administração de Empresas, Contabilidade e Economia. Atua na área financeira contábil há mais de vinte anos, tendo trabalhado em grandes companhias, como a Ernst Young Auditoria, Cervejarias Kaiser, Fuji Film do Brasil, entre outras. Foi diretor financeiro do Hospital Universitário de Taubaté e atua como consultor de empresas nas áreas de controladoria, planejamento, finanças, contabilidade e custos. E-mail: pdrf@uol.com.br x xi Caros(as) alunos(as), Caros(as) alunos(as) O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande experiência adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição. Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais preparada especificamente para este fim, e porconteúdo presente em salas virtuais. A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo estudado. Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais atores desta formação. Para todos, os nossos desejos de sucesso! Equipe EAD-UNITAU xii xiii Sumário Palavra do Reitor ............................................................................................................ v Apresentação ................................................................................................................. vii Sobre o autor .................................................................................................................. ix Caros(as) alunos(as) ...................................................................................................... xi Ementa ............................................................................................................................. 1 Objetivos .......................................................................................................................... 2 Introdução ....................................................................................................................... 3 Unidade 1. O ambiente e as expectativas de ação da administração financeira ....... 5 1.1 Conceitos e papel da administração financeira........................................................... 6 1.2 O administrador financeiro ......................................................................................... 8 1.2.1 Competências financeiras empresariais ................................................................... 9 1.3 Mercados .................................................................................................................. 10 1.4 Sistema financeiro nacional ...................................................................................... 11 1.5 Rentabilidade e liquidez ........................................................................................... 17 1.6 Síntese da Unidade ................................................................................................... 19 1.7 Para saber mais ......................................................................................................... 20 1.8 Atividades ................................................................................................................ 21 Unidade 2. Decisões operacionais (planejamento, análise e controle) ..................... 23 2.1 Fluxo operacional ..................................................................................................... 23 2.2 Ciclos operacionais e financeiros ............................................................................. 27 2.3 Capital de giro .......................................................................................................... 29 2.4 Análise de índices financeiros .................................................................................. 30 2.5 O processo de planejamento financeiro .................................................................... 33 2.5.1 Planos Financeiros de Longo Prazo....................................................................... 33 2.5.2 Planos financeiros de médio e curto prazo ............................................................ 34 2.6 Administração de caixa ............................................................................................ 34 2.6.1 Estratégias de caixa ............................................................................................... 35 2.6.2 Saldo mínimo de caixa .......................................................................................... 35 2.6.3 Modelo financeiro de projeção de necessidades de caixa ..................................... 36 xiv 2.6.4 Fontes de caixa ...................................................................................................... 42 2.7 Administração de clientes – contas a receber ........................................................... 43 2.7.1 Concessão de crédito ............................................................................................. 44 2.7.2 Flexibilização do crédito ....................................................................................... 45 2.7.3 Ponderação como avaliação na concessão do crédito ........................................... 48 2.8 Administração de estoques ....................................................................................... 49 2.8.1 Principais classificações dos estoques ................................................................... 50 2.8.2 Custos dos estoques ............................................................................................... 50 2.8.3 Sistemas de administração de estoques ................................................................. 51 2.8.4 Controles financeiros sobre os estoques ................................................................ 55 2.9 Administração de passivos ....................................................................................... 56 2.9.1 Passivos espontâneos ............................................................................................. 57 2.9.2 Financiamentos sem garantias ............................................................................... 58 2.9.3 Financiamentos com garantias .............................................................................. 58 2.9.4 Financiamentos com empresas do mesmo grupo – conglomerado ....................... 59 2.10 Instrumentos financeiros......................................................................................... 59 2.10.1 Conceitos e definições ......................................................................................... 60 2.10.2 Alguns tipos de derivativos ................................................................................. 64 2.11 Para saber mais ....................................................................................................... 68 2.12 Atividades ............................................................................................................... 68 Unidade 3. Decisões de investimento e financiamento .............................................. 71 3.1 Incerteza, risco e retorno .......................................................................................... 71 3.2 Payback ..................................................................................................................... 73 3.3 Valor presente líquido .............................................................................................. 74 3.3.1 Payback descontado ............................................................................................... 76 3.3.2 Taxa Interna de Retorno – TIR .............................................................................. 77 3.3.3 Taxa Interna de Retorno Modificada – TIR-m ...................................................... 78 3.3.4 Financiamentos ou captação de recursos ...............................................................80 3.4 Para saber mais ......................................................................................................... 81 3.5 Atividades ................................................................................................................. 81 Unidade 4. Orçamento empresarial ............................................................................ 83 4.1 Planejamento e orçamento – aspectos gerais ............................................................ 83 xv 4.2 Conceitos de orçamentos .......................................................................................... 87 4.3 Orçamento operacional ............................................................................................. 89 4.3.1 Orçamento de vendas............................................................................................. 90 4.4 Orçamento de produção ............................................................................................ 91 4.5 Orçamento de materiais e estoques .......................................................................... 92 4.6 Orçamento de mão de obra direta ............................................................................. 93 4.7 Orçamento de custos indiretos de fabricação ........................................................... 94 4.8 Orçamento de despesas administrativas e comerciais .............................................. 95 4.9 Para saber mais ......................................................................................................... 96 4.10 Atividades .............................................................................................................. 96 Referências ................................................................................................................... 103 Referências complementares ........................................................................................ 105 xvi 11 Administração Financeira e Orçamento Empresarial Ementa EMENTA Funções da administração financeira. Mercado financeiro: estrutura e funcionamento. Fluxos financeiros. Rentabilidade e liquidez. Fluxo de caixa operacional. Fluxos de investimentos e financiamentos. Orçamento empresarial. ORGANIZE-SE!!! Você deverá usar de 3 a 4 horas para realizar cada Unidade. 22 Objetivo Geral Fornecer aos alunos um embasamento teórico e prático das principais técnicas utilizadas na área de finanças e orçamentos, imprescindíveis ao processo empresarial de tomada de decisões. Objetivos Objetivos Específicos Alcançar a compreensão da organização empresarial e do contexto financeiro externo, por meio da aplicação das funções financeiras. Utilização das principais técnicas e ferramentas para gestão financeira; Compreender as principais correlações e avanços verificados na administração financeira aplicáveis às características das empresas, face ao ambiente competitivo em que estão inseridas; Analisar os processos decisórios relacionados à captação e aplicação de recursos no contexto do mercado financeiro brasileiro e internacional, particularmente no concernente à mensuração do risco que interfere nas taxas de juros utilizadas na avaliação de ativos e passivos financeiros; Elaborar e entender os processos de planejamento, enfatizando ainda a importância de se planejar, controlar e monitorar a gestão empresarial. 33 Introdução A importância da gestão financeira das empresas é tema central a ser desenvolvido neste livro-texto. Sempre as empresas sofreram os mais diferentes tipos de pressão para gerir seus recursos, porém diversos fatores permitiam que as empresas não se preocupassem com a gestão financeira, pois era fácil repassar para os preços finais ineficiências de gestão. Atualmente, é vital para as empresas procederem a análises tempestivas de avaliação financeira antes de tomarem decisões. Os recursos sempre serão escassos e, ao serem investidos em qual projeto, de uma maneira ou de outra, sacrificam outras tantas opções que poderiam ser escolhidas. Daí a necessidade de avaliarmos o custo financeiro de nossas decisões. Neste livro-texto, veremos ao longo de quatro unidades como funcionam as principais terminologias e quais são as principais. Também abordaremos conceitos e práticas que a administração financeira utiliza para municiar aos gestores uma melhor compreensão das variáveis que devem merecer atenção no processo de avaliação, de tomadas de decisão e de monitoramento das ocorrências reais em ralação ao que foi projetado. Na primeira Unidade, estudaremos a estrutura em que normalmente se dá a administração financeira, o papel do administrador financeiro, os principais agentes que participam e regulam o funcionamento dos mercados. Na segunda Unidade, estudaremos como administrar as variáveis que determinam o fluxo operacional de uma empresa, a partir dos três principais processos que impulsionam o ciclo operacional e financeiro: processo de compras, processo de estocagem e processo de vendas. Na terceira Unidade, o enfoque será dado aos fluxos de investimento e financiamento das operações, à necessidade de projeto das principais variáveis dos negócios, as suas projeções de resultado e de caixa e à comparabilidade dos projetos, a partir da determinação de uma taxa mínima de atratividade ou custo de oportunidade. 44 Na quarta Unidade, dar-se-á atenção ao processo de planejamento e orçamento das operações, utilizando-se da ferramenta do orçamento empresarial para a simulação e análise de políticas a serem implantadas, o ordenamento e a parametrização de variáveis de desempenho a serem monitorados, o controle e a gestão das operações reais com os cenários que foram projetados, o aproveitamento de oportunidades e a minimização de riscos. 55 Unidade 1 Unidade 1 . O ambiente e as expectativas de ação da administração financeira A administração financeira destaca-se nas funções de gestão e controle pela necessidade que as empresas têm de gerenciar os recursos disponíveis. As práticas e ferramentas são destacadas para que se possam desenvolver projeções que melhor representem as relações de custo- beneficio e risco-retorno dos investimentos. A análise e mensuração financeira acabam por ser um dos parâmetros mais objetivos de se validar a viabilidade de um projeto, empreendimento, produto, etc., e para melhor se abastecer de informações a área financeira. Seus profissionais necessitam de uma visão abrangente do ambiente em que estão inseridas, bem como do contexto financeiro operacional do mercado. Esta Unidade explorará os principais requisitos na formação dos administradores financeiros, bem como fará uma abertura sob o ambiente em que as decisões ocorrem e os principais agentes que atuam no mercado financeiro. Figura 1.1 – Ambiente financeiro Fonte:<http://www.google.com.br/imag es?um=1&hl=pt-BR&client=firefox- a&rls=org.mozilla%3Apt- BR%3Aofficial&channel=s&biw=1440 &bih=707&tbm=isch&sa=1&q=>. Acesso em 13 abr. 2011 66 1.1 Conceitos e papel da administração financeira A arte de administrar financeiramente remonta às sociedades mais antigas, quando, ainda, de forma rudimentar, havia troca ou escambo de produtos e serviços, sendo que o peso das transferências nem sempre transpareciam os adequados valores transacionados. Os estudos e a publicação do frade franciscano Luca Pacciolli, considerado o pai da Contabilidade como a conhecemos, correspondem a um marco na história das finanças Por volta de 1 500 d.C., ele desenvolveu o método das partidas dobradas, no qual os principais pontos abordados diziam respeito à necessidadede fornecer aos proprietários do capital informações sobre seus ativos e suas exigibilidades. Nessa época, não se tinha como objetivo a continuidade dos empreendimentos, uma vez que cada investimento era encerrado no final de seu ciclo quando se apurava o resultado econômico. Em decorrência, não havia necessidade de depreciações, provisões, deferimentos, apuração de encargos ou reconhecimento de juros etc. A administração financeira moderna obteve significativa ascensão depois da grande depressão americana dos anos 1929/30, quando as empresas passaram a se monitorar com maior ênfase e a discutir as melhores opções a serem escolhidas entre diversas oportunidades que surgiam. Estudos de fluxos de caixa, investimentos e retornos foram transformando a teoria da administração financeira em uma ciência independente. A dissociação total está ligada aos estudos de Modigliani e Miller, aos quais se convencionou chamar Moderna Teoria de Finanças. Por fim, os estudos de risco que se desenvolveram a partir da Teoria do Portfólio, patrocinada principalmente por Markowitz e Sharpe, permitiram fechar o esboço no qual trafega a moderna administração financeira. Assaf e Lima (2010) destaca que a Administração Financeira é a ciência cuja finalidade é maximizar a riqueza dos proprietários, gerindo com competência seus recursos. A empresa deverá proporcionar aos seus donos o maior retorno possível sobre seus investimentos. 77 O que observamos é que a Administração Financeira vale-se de outras ciências e, às vezes, confunde-se com outras com o intuito de melhor se municiar de informações para sua gestão. Dentre outras, destacamos as seguintes: Contabilidade: é a ciência que subsidia as decisões financeiras com os dados históricos. Nas empresas, funciona como o grande banco de dados históricos, no qual todas as informações que geram dados financeiros acabam sendo registradas, fornecendo uma valiosa fonte de informações sobre dados ocorridos na empresa; • Matemática Financeira e Estatística: é a ciência que situa os números das finanças no tempo e facilita seu entendimento. Por meio dela, podem-se evidenciar, de diversas maneiras, os dados históricos registrados na contabilidade. Os dados podem ser simulados e manipulados, a fim de se obter melhores projeções e, consequentemente, melhores informações na tomada de decisão; • Economia e Direito: são ciências que ensinam como a empresa deve se colocar dentro das variáveis econômicas e legais, bem como se projetar nesses cenários. As empresas não são ilhas isoladas do mundo. Diversas variáveis podem ser monitoradas a fim de melhor se sensibilizar e tomar melhores decisões ou, ainda, se antever situações, a fim minimizar riscos e ameaças, e aproveitar oportunidades; • Tecnologia da Informação: trata-se de uma ciência mais recente, mas de grande utilidade para o administrador financeiro, devido a sua rapidez, seu monitoramento e sua confiabilidade no ordenamento de dados e na elaboração de relatórios; • Marketing: é a ciência que analisa o mercado em que a empresa está inserida. Os eventos projetados para a continuidade e sustentabilidade da empresa necessitam ser constantemente revisados sob a ótica de viabilidade mercadológica, o que implica termos informações do ambiente em que a empresa ira desenvolver-se; • Ética: é a ciência que estuda o modo de viver humano, com vistas tanto para o comportamento individual quanto para o coletivo. O administrador financeiro no exercício de suas atividades profissionais, tanto em organizações da administração pública como nas da iniciativa privada, necessita zelar pelas boas práticas, manter uma conduta e uma postura condizentes, participando da formulação, da implantação e da gestão das estratégias e políticas necessárias à realização dos objetivos institucionais. 88 1.2 O administrador financeiro A administração financeira tem de ser guiada independente e segregada dos recursos dos agentes financiadores (capital próprio ou de terceiros); para tanto, faz-se necessário que processos e ferramentas sejam implantados de forma ordenada para que os analistas e gestores se posicionem para tomar as decisões do seu funcionamento. Essas decisões podem ser divididas: operacionais, de investimento e de financiamento. As decisões operacionais envolvem a administração rotineira das operações da empresa e consistem em visualizar no futuro as consequências financeiras dos atos presentes, escolher as políticas a serem adotadas e analisar os resultados apresentados por meio do controle e da avaliação da performance. Trata-se da gestão do capital de giro da empresa, da preocupação com o desenvolvimento equilibrado das principais operações, da administração mais eficiente, dos ativos e passivos correntes e dos processos de contas a receber, contas a pagar e estocagem. As decisões de investimento existem em função das decisões político-administrativas da empresa e delimitam o montante de recursos a serem aplicados em decorrência daquelas decisões. Como veremos mais adiante, a oportunidade de se decidir por determinados investimentos está condicionada a uma série de análises de cenários e ao que se espera do mínimo desempenho dos empreendimentos. As decisões de financiamento compreendem a validação da forma mais adequada de mobilização de recursos, procurando o menor custo para viabilização das decisões de investimento. Aqui cabe a análise dos fatores de risco e a remuneração do capital próprio e de terceiros, bem como os prazos envolvidos e o fluxo de caixa projetado. Para executar essas funções, o administrador financeiro deve se valer de vários conhecimentos, tais como: cenários envolvidos, análise financeira, formação de custos, expectativas dos financiadores, administração da liquidez e política de preços. 99 1.2.1 Competências financeiras empresariais A complexidade dos controles requeridos e dos sistemas operacionais utilizados pelas empresas é que determina o quanto é necessário investir em termos de pessoas e controles informatizados necessários para atender às rotinas financeiras. Em empresas de menor porte, os sócios incumbem-se de muitas dessas competências e a contabilidade, geralmente, é terceirizada. Nas grandes empresas, as competências se subdividem, na maioria das vezes, conforme organograma a seguir: As atribuições do administrador financeiro, tanto dentro das competências de tesouraria quanto das de controladoria, devem atender às atividades financeiras da empresa, entre as quais se destacam: planejamento financeiro: a partir dos demonstrativos contábeis, projetam-se cenários e simulação de dados, elabora-se orçamentos para decisão e provação e, posteriormente, acompanhamento. Por meio dele, o administrador financeiro terá em mãos ferramentas para orientar financeiramente a empresa; análise e controle financeiro: analisa os relatórios contábeis e gerenciais e denuncia possíveis desvios de roteiro, que devem ser corrigidos nas proporções e tempo requeridos; administração de ativos: administra os ativos tangíveis e intangíveis que são uma constante preocupação na administração financeira. A aquisição, a depreciação, o risco, o retorno devem ser questionados como forma de manter a melhor produtividade e os menores custos. Outra preocupação importantíssima diz respeito a sua exposição a variáveis e riscos não suportáveis pela empresa; administração de passivos: os financiamentos a longo e curto prazo devem ser pesquisados para se evitar custos desnecessários. O equilíbrio do Balanço Figura 1.2 – Organograma típico Fonte: elaborado pelo autor Presidência Comercial Produção Administração Financeiro Tesouraria Controller 1100 Patrimonial deve ser sempre perseguido. Aqui também reside a preocupação com a sua exposição a variáveis e riscos não suportáveispela empresa; reportings e prestação de contas: dizem respeito às informações que serão disponibilizadas pela empresa, tanto em nível interno como externo, atentando para prazos, formatos, moedas etc; atendimento a órgãos reguladores: diz respeito ao atendimento a terceiros que por ventura venham a se utilizar das informações processadas, tais como auditorias, fiscalizações governamentais, órgãos de classe etc. 1.3 Mercados A Administração Financeira está inclusa em complexos mecanismos de funcionamento que se denominam mercados. Os mercados estão distribuídos da seguinte maneira: mercado monetário: é o mercado de curto e curtíssimo prazo. Caracteriza- se pelas políticas de controle da oferta da moeda e das taxas de juros que garantem sua liquidez. Quem executa e controla essas políticas é o Banco Central, praticando a chamada política monetária; mercado de crédito: é o mercado que tem como objetivo suprir as necessidades de recursos da economia por meio dos agentes econômicos entre os quais se destacam os bancos comerciais e múltiplos. O Banco Central do Brasil é o principal órgão responsável pelo controle, normatização e fiscalização desse mercado; mercado de capitais: é um mercado predominantemente de longo prazo. Seu principal ambiente é a bolsa de valores. Divide-se em primário, quando as operações são realizadas ali pela primeira vez, e secundário, quando são realizadas nas demais oportunidades. As operações também podem ser realizadas por instituições financeiras e seus recursos podem ser destinados ao giro ou ao permanente das empresas; mercado cambial: é o mercado que envolve a contrapartida do mercado internacional. Inclui agentes econômicos variados, como importadores, exportadores, investidores e instituições financeiras. O Banco Central do Figura 1.3 – Mercado financeiro Fonte: <http://www.google.com.br/imgres?i mgurl=http://www.assessoriafinanceira.com/ images/pneusremold/internet- gestor_financeiro.jpg&imgrefurl=http>. Acesso em 13 abr. 2011 1111 Brasil é o responsável pela administração, fiscalização e controle das operações de câmbio e da taxa de câmbio, atuando por meio de sua política cambial. 1.4 Sistema financeiro nacional O sistema financeiro nacional é um conjunto de instituições que se organizam para disciplinar e entender as entidades participantes, promovendo o mercado financeiro, propiciando condições favoráveis ao fluxo de recursos entre investidores e poupadores, sendo os principais agentes identificados: 1- Sistema normativo Conselho Monetário Nacional (CMN): é o órgão superior do sistema financeiro nacional. Foi criado pela Lei 4 595, de 31 de dezembro de 1964, e sofreu algumas alterações em sua composição ao longo dos anos. O CMN tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito, objetivando a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do país. Sua composição atual é: Ministro da Fazenda, como presidente do conselho; Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão; Presidente do Banco Central do Brasil; Banco Central (BACEN): é o principal órgão executivo do CMN, funcionando como secretaria executiva. Compete ao BC organizar e assessorar as sessões deliberativas (preparar, assessorar e dar suporte durante as reuniões, elaborar as atas e manter seu arquivo histórico); Comissão de Valores Mobiliários: constitui no colegiado que define políticas e estabelece práticas a serem implantadas e desenvolvidas no mercado de capitais. Suas principais funções são: 1122 assegurar o funcionamento eficiente e regular os mercados de bolsa e de balcão; proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias ou de administradores de carteira de valores mobiliários; evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado; assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido; assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; Superintendência de Seguros Privados (SUSEP): é o órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro. Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda criada pelo Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, que também instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados, as sociedades autorizadas a operar em seguros privados e capitalização, as entidades de previdência privada aberta e os corretores habilitados; Banco do Brasil: até janeiro de 1986, assemelhava-se a uma autoridade monetária mediante ajustamentos da conta movimento do Banco Central (BACEN) e do Tesouro Nacional. Hoje, atua como um banco comercial comum, embora seja o responsável pela compensação de cheques, o que consiste no acerto de contas entre os bancos, acerto este referente aos cheques depositados em estabelecimentos diferentes dos sacados. A Centralizadora de Compensação de Cheques (Compe) é regulamentada pelo Banco Central do Brasil e dela 1133 participam todos os bancos com carteira comercial e caixas econômicas existentes no Brasil. A Compe (e o respectivo processamento de dados) presta serviços ou atividades essenciais (Lei 7.783, de 28/06/1989), tendo o Banco do Brasil como executante da compensação, fornecendo o espaço físico e o apoio logístico necessários ao seu funcionamento, seja para a troca física de documentos, nas situações em que isso ocorre, seja para a compensação eletrônica de todas as obrigações (Lei 4.595, de 31/12/1964); Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): foi fundado em 1952. Trata-se de uma empresa pública federal. Hoje é o principal instrumento de financiamento de longo prazo para a realização de investimentos em todos os segmentos da economia, numa política que inclui as dimensões social, regional e ambiental. A principal incumbência é a de fomentar, por meio de financiamentos, projetos de investimentos, aquisição de equipamentos e exportação de bens e serviços. Além disso, atua no fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e destina financiamentos não reembolsáveis a projetos que contribuam para o desenvolvimento social, cultural e tecnológico. Alem disso, o BNDES também é responsável pela política de investimentos de longo prazo do governo e pela gestão do processo de privatização; Caixa Econômica Federal (CEF): fundada em 1861, é o principal agente das políticas públicas do governo federal. Atua como um banco comercial, atendendo não só os seus clientes bancários como também todos os trabalhadores formais do Brasil, nos casos de pagamento de FGTS, PIS e seguro-desemprego; benefícios de programas sociais; apostas das loterias. Além disso, é a principal via de acesso ao crédito dos setores de habitação, saneamento básico, infraestrutura e prestação de serviços; 2- Sistema de intermediação Os principais agentes de intermediação das operações financeiras entre as empresas e os órgãos que compõem o sistema normativo são: 1144 Bancos comerciais e múltiplos: são intermediários (agentes) financeiros que transferem recursos por meio da captação e do financiamento de recursos, mecanismo esse que acaba criando moeda por meio do efeito multiplicador. Têm como principais operações os recebimentos de depósitos à vista em contas de movimento, empréstimos, curto e médio prazo, comércio, indústria, empresas prestadoras de serviços e pessoas físicas, além de prestarem serviços de cobrança bancáriamediante o pagamento de comissões e taxas de transferência de fundos de uma praça para outra. São constituídos como sociedade anônima e consta na sua denominação social o termo "banco"; Bancos de desenvolvimento: o principal agente é o já citado BNDES, dentro do âmbito do governo federal. Destacam-se ainda os bancos regionais de desenvolvimento, como, por exemplo, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), o Banco da Amazônia (BASA) e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDES), conforme Resolução 394/1976 do Conselho Monetário Nacional; Bancos de investimento: captam recursos por meio de emissão de CDB e RDB. Esses recursos são direcionados a empréstimos e financiamentos específicos na aquisição de bens de capital pelas empresas ou subscrição de ações e debêntures, utilizando-se, para isso, de capital (recursos) de terceiros. Os bancos de investimento não podem destinar recursos a empreendimentos mobiliários e têm limites para investimentos no setor estatal, conforme Resolução n. 2.624/99 do Conselho Monetário Nacional (para saber mais sobre essa resolução, consulte o site http://www.bcb.gov.br); Sociedades de crédito financiamento e investimentos: conhecidas como “financeiras”, são instituições privadas constituídas em forma de sociedade anônima, com o objetivo de realizar financiamentos para aquisição de bens e serviços e para capital de giro. São as populares empresas de "crediários", que oferecem recursos para a compra de bens de consumo durável ou para crédito direto ao consumidor. As financeiras obtêm os recursos por meio da emissão de letras de câmbio no nome da pessoa física ou jurídica que adquire o crediário. É 1155 preciso o aceite da financeira na letra emitida para o repasse ao contratante. Para estreitar a relação e facilitar o acesso ao crediário pelo consumidor final, o lojista e as financeiras podem criar as promotoras de venda em seus estabelecimentos. São sociedades civis com poderes especiais, com a possibilidade de sacar letras de câmbio na qualidade de procuradores dos financiamentos e como garantia dos contratos intermediados; Sociedades de arrendamento mercantil: trabalham com operações denominadas “leasing”, que nada mais é que um contrato de arrendamento mercantil. As partes desse contrato são denominadas arrendador e arrendatário: de um lado um banco ou sociedade de arrendamento mercantil e do outro o cliente. O objeto do contrato é a aquisição, por parte do arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário. O arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto, durante a vigência do contrato, são do arrendatário. O contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a opção de compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador, diferentemente de um contrato de financiamento, quando o bem, objeto da operação, já é de propriedade do comprador; Cooperativas de crédito: equiparam-se às instituições financeiras. São sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeita à falência, constituída para prestar serviços aos associados. Sem finalidade lucrativa, prestam serviços financeiros e de crédito aos seus associados. Para saber mais, acesse o site indicado, e obtenha maiores informações sobre as exigências e os procedimentos de funcionamento das cooperativas, veja as Resoluções nº 3.106, de 25/06/2003; 3.140, de 27/11/2003; Lei nº 5.764, de 16/12/1971 e Lei nº 4.595, de 31/12/1964 (para saber mais sobre essa resolução, acesse http://www.bcb.gov.br/?SFN); Bolsas de valores: são instituições administradoras de mercados. No caso brasileiro, a BM&FBOVESPA S/A - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBOVESPA) é a principal bolsa de valores, administrando os mercados de Bolsa e de Balcão Organizado. A diferença entre esses mercados está nas regras de negociação estabelecidas para os ativos registrados em cada um deles. A 1166 BM&FBOVESPA também é responsável por administrar o mercado de bolsa de derivativos e de futuros. A principal função de uma bolsa de valores é proporcionar um ambiente transparente e líquido, adequado à realização de negócios com valores mobiliários. Somente por meio das corretoras, os investidores têm acesso aos sistemas de negociação para efetuar suas transações de compra e venda desses valores; Sociedades corretoras e distribuidoras: são instituições credenciadas pelas Bolsas de Valores que têm licença para operar em seus pregões por conta própria e com autorização de seus clientes, por meio de negociações com títulos e valores mobiliários; Sociedades de fomento comercial: são conhecidas como “factoring” e operam na venda de um direito de crédito, feita diretamente pelo detentor desse crédito (o sacador - empresa) a uma instituição compradora (o factor). A instituição fornece os recursos ao sacador mediante ao pagamento de um prêmio, que pode ser até um deságio sobre o valor de face da transação, por exemplo, uma duplicata ou cheque. A operação é semelhante à operação de desconto de duplicatas oferecidas pelos bancos comerciais, porém, na maioria das vezes, o valor das despesas pago pela empresa é superior, por estarem embutidos os valores de riscos de inadimplência dos papéis transacionados; Administradoras de cartão: não são apenas empresas financeiras, são empresas prestadoras de serviços que fazem a intermediação entre os portadores de cartão junto aos estabelecimentos afiliados às bandeiras (Visa, Mastercard, American Express etc) das instituições financeiras; Consórcios: trata-se da união de pessoas físicas ou jurídicas, em grupo fechado, para a aquisição de bens. Os participantes de cada grupo fechado, também chamados de cotistas, contribuem com parcelas mensais para a formação de uma poupança comum. Periodicamente, de acordo com o previsto em contrato, as contribuições pagas ao grupo são destinadas a contemplar seus cotistas. Trata-se de uma maneira de autofinanciamento dos participantes, sob controle e 1177 coordenação de sociedades denominadas administradoras de consórcios, que são empresas constituídas, controladas e fiscalizadas pelo Banco Central. A constituição e o funcionamento de grupos de consórcio são regulamentados pela Circular nº 3.432/09 e pela Circular nº 3.433/09, que dispõem sobre a concessão de autorizações, a aprovação de nomes para o exercício de cargos nas administradoras de consórcio e a instrução dos respectivos processos; Entidades abertas ou fechadas de previdência complementar: são instituições constituídas para garantir a determinado grupo de contribuintes uma aposentadoria complementar. Embora integre o Sistema Financeiro Nacional, não são consideradas instituições financeiras, razão pela qual não são auditadas pelo Banco Central do Brasil que apenas regula a aplicação das reservas técnicas, cujas normas são expedidas pelo CMN. As Entidades Abertas de Previdência Privada são constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário, concedidos em forma de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas físicas. São regidas pelo Decreto-Lei 73, de 21 de novembro de 1966, e pela Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001. Ao contrário das entidades abertas, as entidades fechadas de previdência complementar não têm natureza comercial. Quanto à forma jurídica, as entidades fechadas de previdência complementar são necessariamente organizadas sob a forma de fundação (privada) ou sociedade civil, sem fins lucrativos (LC 109/01, art. 31, § 1º, e LC108/01, art. 9º, parágrafo único). 1.5 Rentabilidade e liquidez O principal objetivo do administrador financeiro é o aumento da riqueza dos proprietários. Para isso, ele pondera as alternativas de investimentoe financiamento, planeja e administra, além de analisar demonstrativos e propor soluções. Para alcançar seu objetivo, é necessário atentar para dois fatores importantes que afetam as finanças: a rentabilidade e a liquidez. 1188 Enquanto que, por um lado, a contabilidade faz da apuração do resultado do exercício e, conseqüente, da apuração de lucro ou prejuízo via Demonstração do Resultado do Exercício, a área financeira faz do Demonstrativo de Fluxo de Caixa o meio de apurar se o resultado foi superavitário ou deficitário. Metaforicamente, enquanto o banco de dados da contabilidade funciona como uma fotografia de vários momentos da empresa, a análise financeira funciona mais como uma bola de cristal, onde precisamos prever o melhor futuro a ser seguido, daí a necessidade de simularmos cenários operacionais e prováveis consequências. Ao contrário do que se pensa, nem sempre uma empresa rentável está livre de um processo falimentar. Para ilustrar o que estamos afirmando, transcrevemos o exemplo a seguir: A empresa Meta S.A. vendia por R$ 20,00, com prazo de 30 dias, o artigo que comprava a R$ 15,00, pagando seus custos à vista. Como era nova, não tinha crédito na praça para levantar empréstimos ou fundos de qualquer espécie. Em dezembro de determinado ano, tinha os seguintes saldos no circulante: Caixa R$ 4.500,00 Estoque R$ 15.000,00 Contas a receber R$ 20.000,00 Animada pela margem de contribuição de R$ 5,00 (20,00 – 15,00), em janeiro vendeu 800 unidades e adquiriu 1 200. Em fevereiro, vendeu 1 200 unidades e comprou 1 500. Em março, vendeu 1 500 unidades e fez nova aquisição - de 2 000 unidades. De repente, se viu em dificuldades financeiras. Observe em seguida os quadros demonstrativos: Evento Caixa Estoques Contas a Receber Dez 4.500 12.000 20.000 Jan Recebimento 20.000 20.000 Jan Compra 18.000 18.000 Jan Venda 12.000 16.000 1199 Fev Recebimento 16.000 16.000 Fev Compra 22.500 22.500 Fev Venda 22.500 30.000 Mar Recebimento 30.000 30.000 Mar Compra 30.000 30.000 Mar Venda 30.000 40.000 Subtotal 70.500 70.500 82.500 64.500 106.000 66.000 Saldo - Mar 0 18.000 40.000 Evento Vendas Custos Resultado Jan Venda 20.000 15.000 5.000 Fev Venda 25.000 18.750 6.250 Mar Venda 30.000 22.500 7.500 Saldo - Mar 0 75.000 56.250 18.750 Muito embora a empresa esteja operando com níveis de lucratividade (gerando receitas com retorno de 25%), o planejamento de prazos inadequados determinou insuficiência de caixa, denominada insolvência, pois não mantém recursos (dinheiro) para efetuar novas compras de produtos e insumos necessários à manutenção de suas operações. 1.6 Síntese da Unidade Nesta Unidade, transcorremos e apresentamos a estrutura operacional em que a administração financeira está inserida, as principais competências requeridas aos profissionais de finanças e ao ambiente econômico em que a empresa opera, os principais agentes financeiros que regulam os mercados. O intuito dessa apresentação é proporcionar uma visão mais abrangente da área e dos principais agentes e movimentos a serem monitorados. Fica demonstrado o quanto temos de monitorar fatores e variáveis externos às operações das empresas, que podem impactar de forma significativa a condução dos negócios. insolvência Lucro 2200 Por último, vimos a importância da área financeira na condução das atividades em conjunto com as outras áreas, na busca de um fluxo de operações com liquidez, desenvolvendo não só a busca de resultados satisfatórios em termos de rentabilidade, mas também se aprimorando para manter o “caixa” com resultados superavitários. 1.7 Para saber mais Livros ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 2002. BRIGHAM, E. F.; HOUSTON, E. Fundamentos da moderna administração financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1996. FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 18. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Education, 2006. GITMAN, L. J.; MADURA, J. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São Paulo: Pearson Education, 2003. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira: essencial. 2. ed. Porto Alegre: Bookman Editora, 2002. Sites http://www.bcb.gov.br http://www.bmfbovespa.com.br http://www.cvm.gov.br/ http://www.susep.gov.br http://www.bb.com.br http://www.bndes.gov.br http://www.caixa.gov.br 2211 1.8 Atividades 1) Releia os tópicos referentes à área financeira e suas competências e resuma, em poucas palavras, a principais características a serem observadas pelos administradores financeiros na sua formação. 2) Em relação ao mercado e ao sistema financeiro, dentro das expectativas de desenvolvimento na área de atuação, o que deveria ser monitorado de maneira mais focada? 3) Reflita sobre rentabilidade e liquidez e destaque alguns pontos que mereçam atenção e acompanhamento por parte da área financeira?Para reforçar o aprendizado, responda as questões abaixo: 2222 2233 Unidade 2 Unidade 2 . Decisões operacionais (planejamento, análise e controle) As decisões operacionais dizem respeito à administração financeira do grupo de contas contábeis que compreendem o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, que inclusive recebem esses nomes por contemplar os registros contábeis que serão realizáveis em até 360 dias. O enfoque que será dado recai sobre os processos que irão efetivamente operacionalizar uma empresa: compras, estocagem e vendas, cuja adequada gestão implicará uma melhor administração do fluxo de caixa e dos prazos médios praticados nesses processos, quando obteremos definições de ciclos operacionais e financeiro, bem como a necessidade de caixa e capital de giro. 2.1 Fluxo operacional O objetivo da administração financeira de curto prazo é tratar o gerenciamento das contas que compõem o capital de giro da empresa, que é apurado pela diferença das contas que compõem o ativo circulante da empresa (caixa, aplicações financeiras, contas bancárias duplicatas a receber, estoque etc) e os passivos circulantes (duplicatas a pagar, contas a pagar, impostos a recolher, empréstimos de curto prazo, provisões e contingências etc). Figura 2.1 – Decisões financeiras Fonte:<http://www.google.com.br/search?hl =pt-BR&rlz=1I7ADFA_pt- BR&biw=1003&bih=492&site= search&tbm=isch&sa=1&q=planejamento& aq=f&aqi=&aql=&oq=>. Acesso em 13 abr. 2011 2244 Quando a soma das contas que compõem o ativo circulante supera a soma das contas que compõem o passivo circulante, a empresa tem Capital Circulante Líquido (CCL) positivo. Caso contrário, passivos circulantes superiores aos ativos circulantes, o Capital Circulante Líquido (CCL) é negativo. De uma forma geral, quanto maior for a margem com que os ativos circulantes de uma empresa cobrem suas obrigações em curto prazo, mais apta ela estará para pagar suas contas nos vencimentos. Em ambos os casos, por conta de a equação patrimonial ser equilibrada, a contrapartida do saldo apurado demonstra o quanto a empresa está sendo financiada (no caso de CCL positiva) ou está aplicando (no caso de CCL negativa) a longo prazo. Na condução das análises do fluxo das operações, normalmente os analistas financeiros se valem da interpretação das demonstrações financeiras públicas feitas pelas empresas, sendo que, dependendo do porte da empresa e das necessidades recorrentes, a análise pode determinar maior abrangência ou maior escopo dos trabalhos requeridos. A contabilidade passa por um período de intensa modernização diante do processo de convergência internacional.No Brasil, a Lei 11.638/07, já está em vigor, e o IFRS - International Financial Reporting Standards (padrões de relatórios financeiros internacionais) já são praticados na maioria das empresas, pois se trata de um processo de padronização mundial das informações contábeis. As empresas, por intermédio de seus profissionais contábeis e financeiros, precisam adequar-se rapidamente às melhorias provenientes dessa padronização. São elementos das demonstrações financeiras elaboradas conforme o IFRS: Balanço patrimonial; Demonstração de resultados; Demonstração dos fluxos de caixa; Demonstração das alterações do patrimônio líquido; Demonstração dos lucros abrangentes; Notas explicativas. O reconhecimento dos indicadores financeiros das demonstrações financeiras normalmente é um dos primeiros passos a serem observados quando se faz a análise de desempenho de uma determinada empresa. 2255 A partir das observações preliminares (revisão analítica) coletadas na análise desses indicadores, pode-se direcionar os exames a serem efetuados, bem como se evidenciar situações que mereçam melhor atenção. As tabelas apresentadas a seguir visam a demonstrar e corroborar o entendimento de determinados índices-chave da análise do desempenho financeiro de uma empresa: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO 31-12-X1 31-12-X2 VARIAÇÕES CIRCULANTE Disponível 3.000 8.960 5.960 Contas a Receber 12.000 19.300 7.300 Outras Contas a Receber 1.200 1.900 700 Estoques 28.500 36.000 7.500 Total do Circulante 44.700 66.160 21.460 NÃO CIRCULANTE Empréstimos a Coligadas 7.800 1.200 -6.600 Investimento 11.800 15.800 4.000 Imobilizado 9.100 17.000 7.900 (-) Depreciação Acumulada -2.400 -3.600 -1.200 Total do Não Circulante 26.300 30.400 4.100 TOTAL DO ATIVO 71.000 96.560 25.560 PASSIVO 31-12-X1 31-12-X2 VARIAÇÕES CIRCULANTE Fornecedores 7.700 5.900 -1.800 Contas a Pagar 1.500 2.460 960 Empréstimos 6.000 9.000 3.000 Obrigações Fiscais 2.300 7.000 4.700 Outras Obrigações 7.100 5.740 -1.360 Total do Circulante 24.600 30.100 5.500 NÃO CIRCULANTE Empréstimos 12.000 6.000 -6.000 Total do Não Circulante 12.000 6.000 -6.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital 21.000 42.300 22.800 Reserva Legal 5.000 2.550 -2.450 Reserva p/ Contingências 750 260 -490 Reserva de Lucros a Realizar 1.050 1.990 940 Reserva Estatutária 900 1.300 400 Lucros Acumulados 5.700 12.060 6.360 Total do Patrimônio Líquido 34.400 60.460 26.060 TOTAL DO PASSIVO 71.000 96.560 25.560 2266 Para os mesmos períodos, foram apurados os seguintes resultados, conforme exemplificamos: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 31-12-X1 31-12-X2 VARIAÇÃO RECEITA BRUTA 100.000 114.000 14.000 (-) Deduções -11.900 -13.600 -1.700 Receita Líquida 88.100 100.400 12.300 (-) Custo das Mercadorias Vendidas -49.800 -52.400 -2.600 Lucro Operacional Bruto 38.300 48.000 9.700 (-) Despesas Operacionais -21.377 -28.000 -6.623 Comerciais -9.200 -11.500 -2.300 Administrativas -11.100 -15.200 -4.100 Despesas com Depreciações -1.200 -1.200 0 Financeiras -600 -700 -100 Resultado de Equivalência Patrimonial 723 600 -123 Lair 16.923 20.000 3.077 Provisão IR / Contr. Social -5.923 -7.000 -1.077 Lucro Líquido 11.000 13.000 2.000 DEMONSTRAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Movimentações Capital Reservas de Lucros Lucros Acumulados Total Reserva Legal Reserva de Lucros a Realizar Reserva Estatutária Saldo em 31-12-X-1 21.000 5.000 1.800 900 5.700 34.400 Ajustes de Exercício Anterior 1.500 1.500 Aumento de Capital I 16.800 -3.100 -900 12.800 Aumento de Capital II 4.500 4.500 Reversão de Reservas -1.800 1.800 0 Lucro Líquido do Exercício 13.000 13.000 Distribuição Proposta: Reserva Legal 5% 650 -650 0 Reserva Estatutária 10% 1.300 -1.300 0 Reserva de Lucros a Realizar 1.990 -1.990 0 Dividendos a distribuir -5.740 -5.740 Saldo em 31-12-X2 42.300 2.550 1.990 1.300 12.320 60.460 2277 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA 31-12-X2 ATIVIDADES OPERACIONAIS Lucro Líquido do Exercício 13.000 (+) Depreciação 1.200 (+) Ajuste do Lucro 1.500 (-) Equivalência Patrimonial -600 Aumento de Contas a Receber -7.300 Aumento de Outras Contas a Receber -700 Aumento de Estoques -7.500 Redução de Fornecedores -1.800 Aumento de Contas a Pagar 960 Aumento de Empréstimos 3.000 Aumento de Obrigações Fiscais 4.700 Redução de Outras Obrigações -1.360 Caixa Gerado nos Negócios 5.100 ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS Aquisição de novos investimentos -3.400 Aquisição de novo imobilizado -7.900 Transf. de empréstimos p/ o Passivo Circulante -6.000 ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS -17.300 Integralização de capital em dinheiro 17.300 Recebimento de Empréstimos a Coligadas (AC) 6.600 Distribuição de Dividendos -5.740 RESULTADO FINAL DO CAIXA 18.160 AUMENTO LIQUIDO DO SALDO DISPONIVEL 5.960 Saldo existente em 31-12-X1 3.000 Saldo existente em 31-12-X2 8.960 2.2 Ciclos operacionais e financeiros Pelo que pudemos observar, os recursos financeiros movimentam-se sempre dentro de uma determinada sequência e por repetidas vezes, constituindo-se em ciclos (períodos que se repetem). Graficamente, os ciclos financeiros de uma empresa podem ser assim representados: 2288 Suponhamos que uma empresa disponha dos seguintes dados de Balanço em reais: Ano X Ano X1 Estoques 260 320 Duplicatas a receber 145 255 Compras 1.800 Duplicatas a pagar 120 180 Vendas 3.000 Calcular: Prazo Médio de Pagamento (PMP) ou giro do Contas a Pagar (GCP); Prazo Médio de Estoques (PME) ou Giro dos Estoques (GE); Prazo Médio de Recebimento (PMR) ou Giro do Contas a Receber (GCR); Ciclo Operacional (CO); Ciclo Financeiro (CF). Cálculos: Prazo Médio de Pagamento Giro do Contas a Pagar PMP = (CP- Médio) X Período . Compras GCP = Compras . (CP-Médio) PMP = (150) X 360 . 1.800 GCP = 1.800 . 150 PMP = 30 dias GCP = 12 vezes no ano Ciclo Financeiro PMP PMR PME Ciclo Operacional compra venda Recbto da venda Pgto da compra 2299 Prazo Médio dos Estoques Giro dos Estoques PME = (Estoques- Médio) X Período . Custos das vendas GE = Custos das Vendas . (Estoques-Médio) PME = (290) X 360 . 1.740 GE = 1.740 . 290 PME = 60 dias GE = 6 vezes no ano Custos das Vendas = Estoque Inicial + Compras – Estoques Finais Custos das Vendas = 260 + 1.800 – 320 = 1.740 Prazo Médio de Recebimento Giro do Contas a Receber PMR = (CR- Médio) X Período . Compras GCR = Compras . (CR-Médio) PMR = (200) X 360 . 3.000 GCR = 3.000 . 200 PMR = 24 dias GCR = 15 vezes no ano Ciclo Operacional = PME + PMR Ciclo Operacional = 60 + 24 = 84 dias Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional – PMP Ciclo Financeiro = 84 -30 = 54 dias 2.3 Capital de giro O conhecimento do capital de giro é fundamental para o administrador financeiro e para os profissionais que atuam na área financeira. Serve como facilitador no entendimento das estruturas básicas da análise. O principal objetivo da análise de liquidez de uma empresa reside em identificar sua capacidade de honrar seus compromissos de curto prazo. Muitos especialistas argumentam que as empresas “quebram” por terem problemas de liquidez, o que é óbvio, pois, se não houver dificuldade financeira, não há razão para 3300 quebrar. O relevante é identificar as causas que levam uma empresa a ter problemas de liquidez. O problema da dificuldade financeira de alguém decorre de ganhar pouco ou de gastar muito ou, ainda, da combinação desses dois fatores. Por isso, entendemos que a situação de liquidez de uma empresa é efeita da combinação de diversos fatoresde caráter operacional e de decisões estratégicas tomadas pela sua direção. 2.4 Análise de índices financeiros Para os autores Weston e Brigham (2000, p. 50), “as demonstrações financeiras divulgam tanto a posição de uma empresa em um ponto do tempo quanto suas operações no decorrer de algum período passado”. A análise dos índices financeiros pode servir como base para o planejamento financeiro, além de fornecer instrumento de monitoramento do desempenho passado, modelos de gestão e práticas contábeis utilizadas pelos gestores. A análise de índices financeiros permite evidenciar a condição global de uma empresa, entretanto a análise financeira é mais significativa quando tem alguns padrões pelos quais os índices da empresa podem ser mensurados. Não basta visualizar a rentabilidade, a liquidez, a posição de suas dívidas e as relações de atividades se elas, em patamares compatíveis com as operações, se mantêm num padrão ao longo dos últimos exercícios e se estão melhorando ou não. Precisa-se determinar como a empresa está se saindo diante dos seus concorrentes e do ambiente econômico como um todo. Dentre os principais índices utilizados na análise do Capital de Giro das empresas, destacamos: 3311 Índice de Liquidez Uma das formas mais comumente utilizadas para se analisar o grau de liquidez e risco de uma empresa é o seu volume de Capital Circulante Líquido(CCL). Quanto maior sua magnitude, maior a margem de segurança e menor o grau de risco. Segundo Assaf Neto e Silva (2002), é importante destacar que a avaliação da liquidez com base no valor do CCL não é suficiente para conclusões mais definitivas, o que é explicado principalmente por seu volume depender das características operacionais de atuação da empresa política de estalagem, prazo de produção e venda etc., das condições de seu setor de atividade e da sincronização entre pagamentos e recebimentos (ASSAF NETO e SILVA, 2003, p. 29). Para Gitman (2006, p. 46), “a liquidez refere-se à solvência da situação financeira global da empresa – a facilidade com a qual ela pode pagar suas contas”. Os índices de liquidez permitem ao gestor financeiro identificar a capacidade da empresa em honrar seus compromissos. São índices de liquidez: 1- Índice de liquidez corrente O índice mostra a capacidade da empresa em gerar fundos para amortizar as decidas de curto prazo, por meio do confronto do Ativo Realizável a Curto Prazo e do Exigível a Curto Prazo. O índice de liquidez corrente permite ao gestor identificar a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo. Segundo Gitman (2006. p. 46), “um índice de liquidez corrente de 2,0 é mencionado ocasionalmente como aceitável, mas a aceitabilidade do valor do índice depende, em grande parte, da indústria na qual a empresa opera”. Ainda consoante Gitman (2006. p. 46), a fórmula do índice de liquidez corrente é expressa por: circulantePassivo circulanteAtivo ILC 3322 2- Índice de liquidez seco Refere-se a uma tentativa de suprir as deficiências de risco do índice de liquidez corrente. Nas palavras de Weston e Brigham (2000. p. 51), o “índice de liquidez seca é calculado deduzindo os estoques dos ativos circulantes e então se dividindo o restante pelo passivo circulante”. O índice de liquidez seca é semelhante ao índice de liquidez corrente, com uma única diferença: este índice exclui os estoques do ativo circulante da empresa por ser, geralmente, "o ativo de menor liquidez", portanto mostra a capacidade da empresa em amortizar dívidas a curto prazo, desconsiderando o que ela tem em estoque. O estoque é um ativo de baixa liquidez, até o efetivo das vendas dos estoques corre o risco de ser roubado, perdido (produtos perecíveis), danificado e, na sua venda, pode ser concedido prazo ao cliente gerando uma duplicata a receber e aumentando seu risco de liquidez. Ocasionalmente, é recomendado um índice de liquidez seca igual ou maior que 1,0. Mas, da mesma forma que para o índice de liquidez corrente, um valor aceitável depende muito da empresa analisada. Seu resultado orienta a análise, demonstrando, principalmente, a representatividade e a relevância do estoque na capacidade de pagamento da empresa. De acordo com Gitman (2002. p. 135), a fórmula do índice de liquidez seco é expressa por: circulantePassivo estoquescirculanteAtivo ILS Capital Circulante Líquido Gitman (2002, p. 135) utiliza-se da seguinte argumentação para definir o índice de liquidez corrente: “uma medida de liquidez calculada, subtraindo-se o passivo circulante do ativo circulante”. O índice demonstra a capacidade de liquidação dos compromissos correntes, com a utilização das disponibilidades. Quanto maior a sua magnitude, maior será a capacidade 3333 da empresa em saldar seus compromissos, apenas com recursos de caixa. Para Gitman (2002, p. 134), a fórmula do Capital Circulante Líquido é expressa por: Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante - Passivo Circulante 2.5 O processo de planejamento financeiro O administrador financeiro deve se valer de mecanismos que direcionem, controlem e critiquem os objetivos traçados pela alta administração sejam atingidos. Para tanto, as atividades e operações devem ser planejadas. Esse processo inicia-se com os planos financeiros de longo prazo (estratégicos), continua com a formulação de planos e orçamentos de médio prazo (táticos) e termina com os planos de curto prazo (operacionais). 2.5.1 Planos Financeiros de Longo Prazo São as ações planejadas para períodos superiores a um ano, chegando, muitas vezes, a alcançar períodos muito mais longos, acompanhadas da previsão de seus reflexos financeiros. Devem estar em sintonia com o planejamento estratégico da empresa para os próximos anos. Normalmente, nas empresas de grande porte, as definições estratégicas são elaboradas com uma perspectiva de futuro, pois envolvem diretrizes que demandam maiores aplicações de recursos (por exemplo, a implantação de novas unidades fabris, o desenvolvimento de novos produtos, a entrada em novos mercados etc). Inclui-se aí as definições e aspirações que a empresa impõe ao seu futuro (tais como as definições de missão, visão e valores), fazendo generalizações pautadas em expectativas que deverão ser monitoradas dentro de uma visão não imediatista (prazos normalmente anuais). A esse ‘volume’ de informações, as empresas denominam Planejamento Estratégico. 3344 2.5.2 Planos financeiros de médio e curto prazo São ações planejadas, de forma diária e mensal, normalmente com a expectativa de até um ano, acompanhadas da previsão de seus reflexos financeiros. Compõem-se normalmente das atividades de Tesouraria, tais como administração das Contas a Receber e a Pagar, financiamentos de curto prazo, administração de superávits e déficits de caixa, controles sobre ativos e passivos expostos etc. Agregando os planos financeiros de longo e curto prazo em demonstrativos contábeis, como Balanços Patrimoniais, Demonstrativos de Resultado do Exercício, Orçamento de Caixa etc, e partindo da previsão de vendas, pode-se montar um fluxograma de planejamento. De acordo com as projeções operacionais de vendas, inicia-se a projeção de receitas, custos, despesas, necessidades de investimentos e financiamentos e demais necessidades operacionais. Todo esse processo constitui no que se denominou Planejamento orçamentário ou simplesmente orçamento. Sobre a elaboração e o sistema de projeções orçamentárias, veremos nos próximos tópicos. 2.6 Administração de caixa A rubrica caixa representa os ativos que têm como principal característica a liquidez imediata, ou seja, são valores em moeda, mantidos na tesouraria da empresa ou depositados em contas-corrente bancárias de liquidez imediata e, em sua maior parte, livres para serem usados a qualquer momento.Nos balanços das empresas, também é reconhecido como Disponível. A lógica é baseada nos princípios contábeis e na condição de que todos os bens do Ativo serão convertidos em caixa em algum momento da vida da empresa, assim como todos os passivos de terceiros gerarão saídas de caixa em futuro próximo. A gestão de caixa é a atividade da administração financeira que operacionaliza o gerenciamento dos recursos financeiros, integrados às demais atividades da empresa. É 3355 a atividade de tesouraria mais comum da empresa, que acompanha os reflexos das demais políticas de vendas, crédito, compras, pagamentos e investimentos. Consequentemente, controla a sobra (superávit) ou a falta (déficit) e a demanda de recursos. O gestor do caixa participa das definições dessas políticas, orientando-as para que não ofereçam problemas de liquidez para a empresa. Alguns controles mais comuns para melhor operacionalização dessas atividades são os inventários (surpresa ou não) de caixa, a validação de práticas de prazos de contas a receber e a pagar, os controles sobre conversão de moedas, a segregação de funções, o fac símile de assinaturas, a hierarquia de aprovações, a circularização junto aos bancos e exames de follow-up de documentos. 2.6.1 Estratégias de caixa As empresas, com o intuito de administrar eficientemente o caixa, seguem algumas táticas. Dependendo do momento em que a economia, como um todo, sinalizar, pode-se valer de determinadas estratégias e políticas para obtenção de vantagens financeiras, entre as quais podemos destacar: Aproveitar os descontos favoráveis junto aos credores; Promover ações que acelerem o giro dos estoques; Acelerar o recebimento de valores; Reduzir os prazos administrativos por meio de processos de melhoria; Obter vantagens pela reciprocidade bancária. 2.6.2 Saldo mínimo de caixa Assaf Neto (2002, p. 88) destaca que as empresas necessitam manter um determinado valor em dinheiro no caixa para atender às necessidades diárias de pagamento. Para tanto, por vezes, valem-se de determinados modelos para o estabelecimento desses montantes, tais como: Modelo de caixa mínimo operacional Modelo de Baumol Modelo de Miller e Orr Modelo de dia da semana 3366 Tais modelos visam a corroborar com um processo de definição de valores que resguarde as necessidades do caixa da empresa, para melhor proveito na definição de políticas de crédito e financiamento, bem como na definição de montantes excedentes que possam ser canalizados para outras aplicações. A determinação dessa quantia mínima que é de difícil mensuração. Mesmo com o advento dos computadores e a previsão de pagamentos diários informatizados, os processos decisórios da empresa incluem e excluem pagamentos cotidianamente. Numa tentativa generalista, poderíamos dizer que essa quantia é igual aos desembolsos periódicos dividido pelo giro de caixa no mesmo período. Assim, se for previsível o desembolso mensal de $ 120 000 e o giro de caixa no mesmo período for de 4, por exemplo, o saldo mínimo seria de $ 30 000 ($ 120.000/4). 2.6.3 Modelo financeiro de projeção de necessidades de caixa Suponha-se agora que uma empresa em início de operação (portanto sem saldos anteriores de balanço) tenha as seguintes previsões e condições: Mês Vendas Compras Outras Entradas Outras Saídas ABR 500 650 450 MAI 700 400 JUN 800 220 270 JUL 360 200 AGO 300 320 160 310 SET 500 350 OUT 600 350 450 NOV 650 360 190 Figura 2.2 – Decisões financeiras Fonte:<http://www.google.com.br/imgres?Imgurl=http://fi epb.com.br/images/noticias/3058/image/Fluxo%2520de%2 520caixa.jpg&imgrefurl=http://fiepb.com.br/noticias/2009/ 08/17/dtcom_discute_fluxo_de_caixa_em_teleaula2>. Acesso em 13 abr. 2011 3377 DEZ 700 600 170 Condições de Recebimento e Pagamento Operação A vista 30 dias 60 dias 90 dias Vendas 40% 30% 30% - Compras 25% 50% 25% - Outras entradas 100% - - - Outras saídas 100% - - - Outras informações Despesas fixas mensais: $130 Saldo Inicial de caixa $ 40 Saldo mínimo exigido $ 40 Custo médio de empréstimo 5% am Rendimento médio de aplicações 2% am Fazer previsão de caixa até o final do período com os dados anteriores: Solução 1- Elaboraremos o mapa de recebimentos e pagamentos por meio do quadro denominado “Aging List” para o Contas a Receber (ordenados das vendas) e o Contas a Pagar (originados das compras), conforme segue: Aging List de Contas a Receber Mês ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Vendas 500 700 800 360 300 500 600 650 700 Rec. Vista 200 280 320 144 120 200 240 260 280 Rec. 30 dias 150 210 240 108 90 150 180 195 210 Rec. 60 dias 150 210 240 108 90 150 180 195 210 Total 500 700 800 360 300 500 600 650 700 Recebimento 200 430 680 594 468 398 480 590 655 Saldo a Receber 300 570 690 456 288 390 510 570 615 3388 Aging List de Contas a Pagar Mês ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Compras 650 400 220 200 320 350 350 360 600 Pag. Vista 163 100 55 50 80 88 88 90 150 Pag. 30 dias 325 200 110 100 160 175 175 180 300 Pag. 60 dias 163 100 55 50 80 88 88 90 150 Total 650 400 220 200 320 350 350 360 600 Pagamento 163 425 418 260 235 298 343 353 418 Saldo a Pagar 488 463 265 205 290 343 350 358 540 Outros Contas a Receber e a Pagar Mês ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Outras Entradas 450 160 190 Outras Saídas 270 310 450 170 Despesas Fixas 130 130 130 130 130 130 130 130 130 Fluxo de Caixa Mensal Mês ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Saldo Inicial 40 40 40 40 40 40 41 40 40 Recebimento 200 430 680 594 468 398 480 590 655 Outras Entradas 450 - - - 160 - - 190 - Total de Entradas 650 430 680 594 628 398 480 780 655 Pagamento 163 425 418 260 235 298 343 353 418 Despesas Fixas 130 130 130 130 130 130 130 130 130 Outras Saídas - - 270 - 310 - 450 - 170 Total de Saídas 293 555 818 390 675 428 923 483 718 Fluxo Operacional 358 -125 -138 204 -47 -30 -443 298 -63 Aplicações -358 125 138 -204 47 30 253 -99 63 3399 Empréstimos - - - - - 189 -198 Saldo Final 40 40 40 40 40 41 40 40 40 APLICAÇÕES Mês ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Saldo Inicial - 358 240 107 313 272 248 - 99 Rendimentos - 7 5 2 6 5 5 - 2 Entradas / Saídas 358 -125 -138 204 -47 -30 -253 99 -63 Saldo Final 358 240 107 313 272 248 - 99 38 EMPRÉSTIMOS Mês ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Saldo Inicial - - - - - - - 189 - Despesas com Juros - - - - - - - 9 - Entradas / Saídas - - - - - - 189 -198 Saldo Final - - - - - - 189 - - As projeções de fluxos de caixa permitem às empresas programarem os ingressos e os desembolsos de caixa de forma mais precisa, permitindo determinar o período em que deverá ocorrer sobras de caixa (superávits) e a aplicação de forma mais rentável. Por outro lado, quando da carência de recursos (déficit), dispor a empresa de tempo suficiente para as medidas necessárias. Exercício de projeção de necessidades de caixa Suponha-se agora que uma empresa já em operação apresente o seguintes dados em 31 de março e solicite a elaboração de fluxo de caixa para os demais meses do ano em curso. Seguem as informações financeiras de balanço: Conta Saldo Conta Saldo Caixa 36.000 Contas a Pagar 180.000 Aplicações Financeiras 19.608 Empréstimos 19.048 4400 Contas a Receber 405.000 Outras Contas a Pagar 410.000 Outras Contas a Receber 115.000 As informações orçamentárias para os próximos meses são as seguintes: Mês Vendas Compras Investimentos Despesas fixas Outras entradas Outras Saídas ABR 450.000 140.000 180.000 85.000 MAI 420.000 130.000 150.000 85.000 JUN 380.000 110.000 120.000 85.000 180.000 JUL 350.000 120.000 105.000 AGO 360.000 135.000 105.000 50.000 SET 400.000 170.000
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