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O TEATRO ANTIGO

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O teatro antigo
Fernando Tremoço
O teatro antigo→
manifestação religiosa
Na Grécia antiga, o teatro está inserido em um
conjunto de manifestações religiosas: “Os gregos
honravam seus deuses de várias maneiras. Uma
delas consistia em lhes consagrar oferendas –
oferendas perecíveis, que podiam ir de um simples
bolo ao sacrifício de dezenas de bois, ou oferendas
duráveis, que variavam de uma pobre 3 estátua em
terracota à construção de suntuosos templos de
mármore. Uma outra era oferecer-lhes espetáculos
de cantos, de músicas ou de danças. Uma terceira,
enfim, era organizar concursos nos quais artistas e
atletas rivalizavam em diversas provas, conforme
regras previamente definidas. A organização de tais
manifestações e a participação nelas como
concorrente ou espectador eram consideradas como
elementos essenciais do helenismo”. (MORETTI,
2001, p. 27)
• No decorrer da época arcaica, as competições esportivas e artísticas tornam-se regulares e podem ser
agrupadas em três categorias: Provas hípicas, provas de ginástica e provas de teatro
• Esses festivais ou jogos, nos quais havia concursos esportivos (provas de hipismo e de ginástica, estas
últimas abrangendo atletismo e lutas) e musicais, podiam ser pan-helênicos (abrangendo toda a Grécia) ou
locais, isto é, específicos de uma cidade. Os festivais pan-helênicos eram em 4: Olímpicos; píticos; nemeus e
ístmicos
Concurso
Provas hípicas hipódromo
Provas 
ginásticas
estádio
Provas musicais
músicas
poemas
danças
cantos
dramas
satíricos
trágicos
cômicos
teatro
Jogos pan-helênicos
✓ Os dois primeiros ocorriam a cada quatro anos, os dois últimos, a cada dois. 
✓ Os jogos olímpicos, que teriam se iniciado no ano de 776 a. C., compreendiam apenas provas esportivas (hipismo e 
ginásticas).
✓ Os demais, que começaram por volta do ano 580 a. C., provas esportivas e musicais. 
✓ Os nossos Jogos Olímpicos modernos, que são uma renovação dos jogos olímpicos gregos, tiveram sua primeira 
edição em 1896.
Jogos pan-
helênicos
Olímpicos
Em Olímpia
Realizados a 
cada 4 anos
Píticos
Em Delfos
Nemeus
Em Nemeia
Realizados a 
cada dois 
anos
Ístmicos
Em Corinto
Dionísio
✓ Os festivais dramáticos atenienses estão intimamente associados ao 
deus Dioniso.
✓ Ele é o deus da videira, do vinho, do delírio místico e do teatro, 
celebrado em animadas procissões que seriam a origem da 
comédia; deus de origem rural e, por isso, popular.
✓ Está associado à fertilidade, o que é corroborado pelas falofórias 
(procissões em que se levava um grande falo em honra ao deus) 
que havia, por exemplo, nas Dionísias Rurais. 
✓ Ele aparece, em certas, representações, acompanhado de sátiros e 
mênades. Os sátiros e as mênades representam o exagero, 
inclusive sexual, tanto masculino como feminino, resultante da 
influência dionisíaca
Sátiros e Mênades
Os sátiros são seres míticos que estão ligados ao culto de 
Dioniso e que são representados como um misto de homem e 
cavalo ou de homem e bode, tendo orelhas e cauda longa. Nas 
iconografia, aparecem geralmente com o membro sexual em 
ereção e, por vezes, em proporção exagerada. 
As mênades são mulheres míticas que serviam a Dioniso. A 
forma grega μαινάδες está ligada ao verbo μαίνομαι (maínomai 
– estar possuído por um delírio divino; estar louco) e ao 
substantivo μανία (manía – delírio profético ou divino; loucura). 
É deste último que derivam as nossas palavras “mania” 
e“maníaco”. 
As mênades eram, portanto, assim chamadas por estarem 
tomadas de um delírio divino que as impulsionava a um 
comportamento exagerado e a uma agitação incontrolável, 
expressão de uma sexualidade cheia de furor.
A ESTRUTURA FÍSICA E MATERIAL DO TEATRO
O NOME TEATRO → Nosso termo “teatro” vem do grego θέατρον
(théatron), que está ligado ao verbo θεάομαι (theáomai), que
significa “observar”, e ao substantivo θέα (théa), que significa
“observação”. Θέατρον (théatron) quer dizer “lugar de
observação”, “observatório”.
É exatamente o primeiro conceito que os gregos tinham de teatro:
um lugar qualquer aonde se ia para observar algo. Primitivamente,
o théatron não era um prédio ou uma estrutura mais elaborada.
Poderia ser um lugar simples, já existente na cidade, uma praça,
por exemplo, na qual o povo se reunia para assistir a um
espetáculo.
Há uma diferença crucial entre auditório e observatório. Auditório é
o lugar aonde você vai para ouvir (do verbo latino “audio”, ouvir).
Observatório é o lugar aonde você vai para observar. E o que
exatamente se observava no teatro? O espetáculo, ou seja, aquilo
que é objeto de observação.
“Spectaculum”
• A origem latina, de “spectaculum”, que está ligado ao
verbo “specto”, que significa “observar”. O termo
“spectaculum”, em latim, quer dizer “aquilo que você
observa, que você vê” e o lugar ao qual você vai para
observar é o théatron, o observatório.
• Uma outra palavra muito importante para nosso dia a dia
está ligado a “spectaculum”: o espelho. Em latim,
“speculum” (espelho) vem do verbo “specio”, “ver”.
“Specio” e “specto” estão, obviamente, ligados. Espelho,
por conseguinte, é o objeto que você usa para se ver.
• Tem-se ainda um adjetivo, de uso mais poético, que
deriva dessa família de palavras latinas: especioso, que
significa “de bela aparência” e, portanto, “belo”, ou “de
aparência enganadora”, ou seja, “enganador, ilusório”
Teatro é drama, poesia, ação.
Ao contrário dos outros gêneros poéticos que imperava apenas o som e, portanto, a
audição, no gênero dramático importa a imagem e, logo, a visão. O fato de o teatro
depender da visão explica muito de seu sucesso, já que, de nossos cinco sentidos, a
visão é aquele que melhor nos permite conhecer e que nos dá muito prazer.
Modernamente, é possível observar um fato que ilustra bastante isso. O rádio era um
meio de comunicação de massa. Com a televisão, que traz a imagem e que apela,
portanto, para nossa visão, esta tornou-se o meio de comunicação de massa por
excelência. E, deixando de lado o aspecto religioso e mítico que permeava e sustentava o
teatro, este era, para os gregos aquilo que a TV é para nós: um meio de comunicação e
de diversão em massa.
Se a visão era e é algo fundamental no teatro, fica evidente que, por mais que seja
interessante a leitura de uma peça teatral, a verdadeira experiência consiste em vê-la, em
assistir a sua encenação. Ler uma peça de teatro é algo incompleto, mas, por vezes, é
tudo o que se pode fazer.
O teatro não foi feito para ser lido, foi feito para ser visto. Não há surpresa se ele é
tido como um gênero literário (isto é, para ser lido), pois o mesmo ocorreu com a poesia,
que em suas origens era endereçada a um auditório, era feita para ser ouvida, pois era
recitada ou cantada. E a peça teatral, na verdade, era um poema que devia ser
acompanhado de música, dança e imagens.
Todo esse conjunto não era algo estático, pois tinha movimento, tinha ação. E os gregos
usavam para esse conceito o termo δράμμα (drámma), que deu o nosso “drama”. Por isso
se diz que o teatro pertence ao gênero dramático. O teatro é drama, isto é, “ação”; teatro é
poesia em movimento, em ação.
A ESTRUTURA 
FÍSICA
A importância dos espetáculos teatrais era tão grande que deu origem
ao teatro como prédio físico. O espetáculo teatral não era apenas
divertimento, era um meio de circulação da cultura tradicional, dos
mitos, e também fazia parte de um culto religioso. Era um evento
coletivo, público, de todos os cidadãos.
O teatro foi construído em forma de um semicírculo de frente para o
palco. Para que os que estivessem atrás pudessem ver a ação, a
construção subia pouco a pouco, utilizando-se de degraus que
formavam uma arquibancada. No nível do chão, há um semicírculo,
do qual partem os degraus que formam as arquibancadas. Esse
semicírculo é a chamada orquestra, lugar que era reservado para o
coro. Ao lado do semicírculo há o proscênio. Ele ficava a uma altura
de cerca de três a cinco degraus do chão, estando quase que no
mesmo nível da orquestra, onde o coro cantava e dançava. O
proscênio era o palco.O nome vem do fato de que ele ficava diante
(pro) da skené (σκηνή). Skené significa, em grego, barraca ou tenda,
era uma espécie de tenda que servia de bastidores ou coxias, onde os
atores trocavam de roupa e por onde entravam e saíam do palco.
Estar na skené era estar fora de cena, pois o que se chama
modernamente de cena era o proscênio. Assim, entrar na skené
significava sair de cena e sair da skené, entrar em cena. A skené
servia, também, como um meio físico de se colocar um cenário ou
decoração relativa à peça
A estrutura de um teatro 
típico da Grécia antiga
O proscênio ocupa o lugar do palco
(proscênio, aliás, é sinônimo, em português,
de palco) e que a skené equivale à parte
que está atrás das cortinas em nossos
teatros, ou seja, às coxias. O teatro,
théatron, onde o público ficava e de onde
se via a ação corresponde às
arquibancadas.
Caráter religioso dos 
teatros.
O caráter religioso dos festivais teatrais
fica bem evidenciado pela presença de
um altar na orquestra, como podemos ver
na imagem seguinte, que retrata o teatro
de Dioniso, em Atenas
MÁSCARAS E FIGURINO
Máscara, em grego, diz-se πρόσωπον (prósopon), composto de πρός (prós), “diante de”,
e ὤψ (óps), olho. Isto é, "aquilo que está diante dos olhos (de outro)”, ou seja, o rosto, a
face e, no teatro, o rosto artificial, a máscara. A palavra designaria também “pessoa”. O
termo latino para máscara é “persona”, que, ao contrário do grego, não tem o sentido de
rosto ou face, mas que significa também “pessoa”.
Os atores usavam roupas características, o que hoje chamaríamos de figurino, e
máscaras. Por vezes usavam revestimento para criar uma barriga ou nádegas maiores.
Podiam ter também um pênis pendurado na cintura, com função cômica, feito
normalmente de couro e geralmente avantajado.
Esses elementos permitiam a caracterização e, portanto, a melhor identificação dos
personagens. Era fundamental que o público, parte do qual estava muitas vezes distante
do proscênio, pudesse identificar facilmente os personagens.
As máscaras permitiam, também, criar efeitos semelhantes à nossa moderna maquiagem,
com cores, presença ou ausência de cabelo (para simular a calvície), de barba, traços
indicando velhice ou juventude etc. Podia cobrir apenas o rosto ou também o crânio e era
amarrada com fios ou correias na parte posterior da cabeça.
As máscaras permitiam que entrassem em cena personagens femininos. No teatro grego,
os atores são sempre homens e os personagens femininos eram por eles representados.
O uso de máscaras viabilizava tecnicamente a presença de “mulheres” na cena. Havia,
ainda, outra função importante: a pluralidade de personagens. No teatro grego clássico,
havia somente três atores para toda a peça (fora o coro, que ficava na orquestra e podia
contar com cerca de uma ou duas dezenas de componentes). Os três atores faziam um
revezamento nos diversos papéis que havia em cada peça. Era comum um mesmo ator
fazer mais de um papel → as máscaras tornavam isso possível.
AUTORES E 
OBRAS
Nos vários séculos que abarcaram a produção teatral da Antiguidade, que evolui e 
muda pouco a pouco, inúmeros foram os dramaturgos e ainda mais numerosas as 
peças de teatro por eles compostas. No entanto, a maior parte dessa enorme 
produção teatral se perdeu ou chegou até nós sob a forma de fragmentos. Algumas 
obras, no entanto, se conservaram e imortalizaram o nome de seus autores. 
Na Grécia, três tragediógrafos e dois comediógrafos tiveram algumas de suas obras 
conservadas através dos séculos. São eles: Ésquilo, Sófocles, Eurípides 
(tragediógrafos), Aristófanes e Menandro (comediógrafos). 
Em Roma, dois comediógrafos, Plauto e Terêncio, e um tragediógrafo, Sêneca, são 
os mais conhecidos.
• I. Ésquilo (séc. VI e V a. C. - Grécia) 1. Persas 2. Sete contra Tebas 3. Suplicantes
Oresteia, uma trilogia (a única que chegou a nós) composta de: 4. Agamêmnon 5.
Coéforas 6. Eumênides 7. Prometeu acorrentado
• II. Sófocles (séc. V a. C. - Grécia) 1. Ájax 2. Antígona 3. Traquínias 4. Édipo rei 5.
Electra 6. Filoctetes 7. Édipo em Colona
• III. Eurípides (séc. V a. C. - Grécia) 1. Alceste 2. Medeia 3. Heráclidas 4. Hipólito 5.
Andrômaca 6. Hécuba 7. Suplicantes 8. Electra 9. Troianas 10. Héracles furioso 11.
Ifigênia em Táuris 12. Íon 13. Helena 14. Fenícias 15.Orestes 16. Bacantes 17. Ifigênia
em Áulis 18. Ciclope (drama satírico)
• IV. Aristófanes (séc. V e IV a. C. - Grécia) 1. Acarnenses 2. Cavaleiros 3. Nuvens 4.
Vespas 5. Paz 6. Pássaros 7. Lisístrata 8. Tesmoforiantes (=mulheres que celebram o
festival das Tesmofórias) 9. Rãs 10. Mulheres na assembleia 11. Pluto (= o deus da
riqueza)
• V. Menandro (séc. IV e III a. C. - Grécia) 1. O rabugento (única integralmente
conservada) Conservadas pela metade ou quase completas: 2. O escudo 3. Arbitragem
4. A moça de Samos 5. Os siciônios 6. A moça de cabelos cortados
• VI. Plauto (Roma – séc. III e II a. C.) 1. Anfitrião 2. A comédia da marmita23 3. Os
Menecmenos 4. O soldado fanfarrão 5. Os cativos 6. A comédia do cestinho 7. A amarra
8. A comédia dos asnos 9. Cásina 10. Truculento 11. Impostor 12. Epídico 13. Estico 14.
O homem com três moedas 15. As Báquides 16. O gorgulho 17. O comerciante 18. A
comédia do fantasma 19. O pequeno cartaginês 20. O persa
• VII. Terêncio (Roma – séc. II a. C.) 1. A jovem de Andros 2. O eunuco 3. A sogra 4. O
punidor de si mesmo 5. Fórmio 6. Os irmãos
• VIII. Sêneca (Roma – séc. I a. C.) 1. Medeia 2. Édipo 3. Agamêmnon 4. Fedro 5. Tieste
6. Hércules furioso 7. As troianas 8. As fenícias 9. Hércules no Eta
Sêneca Eurípedes
O que seria “Drama”?
Nossa palavra “drama” vem do grego, e δράμμα (drámma) que dizer simplesmente
“ação”.
Se o teatro é ação, isso ocorre porque os atores, ao encenarem, imitam de modo direto
o agir dos indivíduos encarnados nas personagens.
Para existir efetivamente o teatro, não basta um texto, são necessários outros
elementos: atores (em número de três, na forma que ficou consagrada no séc. V, em
Atenas), um coro, que funciona como um contraponto aos atores e participa
ativamente da ação, um figurino, com o uso de máscaras, um espaço físico (palco –
proscênio – e orquestra) com um cenário específico, música e dança.
Já na Antiguidade havia efeitos especiais. Para fazer, por exemplo, com que um deus
aparecesse na cena, os gregos desenvolveram o uso, no teatro, da chamada μηχανή
(mekhané), transcrita para o latim como “machina”e que equivalia a nosso guindaste
ou grua. Era, portanto, uma grua usada para fazer com que um ator voasse em cena.
No teatro, o “deus ex machina” era um recurso dramatúrgico utilizado para solucionar,
no final da peça, uma situação intrincada que tinha se constituído durante a peça e que
se mostrava insolúvel do ponto de vista prático. Introduzia-se, então, um elemento
divino que trazia a solução para o problema.
Do termo grego μηχανή (mekhané) derivam palavras portuguesas como “máquina”,
“mecânico”, “mecanismo”
Drama, subgênero da 
poesia.
O gênero dramático está, portanto, muito
distante de um gênero literário em sentido
estrito. Ele é um subgênero da poesia e,
além da música, comporta toda uma série
de elementos que lhe são característicos.
Uma parte importante desses elementos é
ligada ao sentido da visão: atores em
ação, cenário, figurino. A preeminência
do aspecto visual, como vimos, rendeu ao
teatro o seu nome
Dentro do gênero dramático, pode-se ter
alguns subgêneros.
Os dois mais famosos na Antiguidade
eram a tragédia e a comédia.
Tragédia
Tragédia, em grego, diz-se τραγῳδία, que é um termo
composto de τράγος (trágos) e de ᾠδή (oidé, cognato de
ἀείδω (aeído), o verbo cantar, que deu “aedo”, em
português). Este último termo deu, em português, a
palavra ode, que significa propriamente “canto”. A
tragédia e a comédia são, portanto, cantos.
Mas o que significa τράγος (trágos)? A resposta é
bastante simples: τράγος (trágos) quer dizer “bode”.
Tragédia seria algo como “o canto do bode”. O sentido
da palavra tragédia é manifestamente obscuro. Há,
entretanto, um fato a ser notado: o bodeé um animal
que está associado ao deus Dioniso e a tragédia,
como forma de expressão teatral, está inserida no
culto a essa divindade. Algumas hipóteses foram
levantadas para explicar o significado do termo tragédia:
a) o “canto do bode” poderia ser o canto realizado por
um coro no momento de um sacrifício religioso cuja
vítima era um bode;
b) o canto poderia ser executado por um coro
fantasiado de bode em cerimônias ou procissões
consagradas a Dioniso;
c) o bode aparece mencionado, em uma inscrição do
séc. III a. C. (mármore de Paros), como o prêmio do
concurso teatral em Atenas desde o ano 530 a. C.
(cf. DEMONT e LEBEAU, 1996, p. 27)
Comédia O termo comédia, em grego, é κωμῳδία
(comoidía). O segundo elemento é, obviamente,
o mesmo ᾠδή (oidé) que encontramos em
“tragédia”. Na primeira parte da palavra
encontramos o radical κωμ- (kom-). Algumas
hipóteses foram levantadas para tentar explicar o
sentido dele:
a) comédia viria de κῶμος (kômos), que era um
cortejo ou procissão que percorria as ruas,
com cantos e danças em honra a Dioniso;
b) o radical vem do termo κῶμα (kôma), que
significa “sono profundo” (deu origem ao
termo médico “coma”), pois a comédia teria
se originado do fato de grupos de
camponeses irem à cidade, de madrugada,
quando todos dormiam, para cantar cânticos
com críticas e ofensas a figuras importantes
da vida pública;
c) c) o radical está ligado a κώμη (kóme), que
significa “vilarejo”; os a utores de farsas, que
não eram tolerados na cidade e eram
impedidos de nela exercer sua arte,
passaram a apresentar seus cantos nos
vilarejos (κῶμαι – kômai); essa etimologia é
mencionada por Aristóteles em sua Poética
Recapitulando
A tragédia tem sua origem ligada ao culto de
Dioniso, o que mostra com clareza o caráter
religioso dos festivais de teatro.
A comédia também está ligada, em sua origem,
ao culto de Dioniso, tendo suas raízes na vida
rural (aldeias) e caracterizando-se, também, pela
crítica.
Podemos reforçar o caráter poético do drama.
As peças teatrais são compostas em versos de
metros variados.
O teatro antigo é poesia, mas poesia posta em
ação, transformada em algo visual. As falas são
recitadas ou cantadas, dependendo do trecho.
Origem 
O teatro teria se originado de apresentações cantadas
por coros, o que faz com que ele esteja, em sua base,
ligado ao gênero lírico. Em um determinado momento,
introduziu-se um ator para dividir o espaço com o coro.
Em grego, ἀγωνιστής (agonistés) é o termo utilizado
para designar um combatente, um competidor ou um
ator (pois o ator competia nos concursos realizados
nos festivais). Depois, passou a participar da ação um
segundo ator. Por fim, incluiu-se um terceiro,
constituindo-se, assim, a forma clássica do teatro
grego: três atores no proscênio dividindo a ação
com o coro, que ficava na orquestra.
Em grego, primeiro diz-se πρῶτος (prôtos), segundo,
δεύτερος (deúteros ), terceiro, τρίτος (trítos). Assim, o
primeiro ator é o προταγονιστής (protagonistés), o
segundo, o δευτεραγονιστής (deuteragonistés), o
terceiro, o τριταγονιστής (tritagonistés). Daqui
chamamos, em português, o personagem principal de
protagonista. Há também as formas deuteragonista e
tritagonista. E não nos esquecemos do termo
antagonista, que é o personagem (de ator – agonistés)
que se opõe (ἀντί – antí: preposição que significa “em
frente a” ou “em oposição a”) ao protagonista na trama
teatral e, por extensão, em todo e qualquer enredo
Tragédia X Comédia
A tragédia tem uma temática tradicional, mítica. ). A
tragédia busca seus temas em uma fonte bastante
antiga. A tragédia explora sempre os grandes mitos
A comédia, ao contrário, tem uma temática atual
(embora possa eventualmente servir-se do mito
tradicional como ponto de partida para o ridículo. A
comédia explora, frequentemente, a atualidade e a
novidade, inovando constantemente seu arcabouço
temático.
Essa diferença é ironicamente vista como uma
dificuldade para o comediógrafo, que não tem a sua
disposição toda uma série de temas prontos.
Temática da Tragédia
A tragédia grega clássica tem como fonte de
seus temas os grandes mitos, salvo raras
exceções, nas quais se abordam temas
históricos. E isso ela tem em comum com a
épica.
Não há espaço para inovação temática. Os
temas são tradicionais, tirados dos principais
mitos da cultura helênica.
A arte da tragédia não repousa sobre a
inovação temática, mas sobre a diversidade de
tratamentos dados ao mesmo tema. Um mesmo
mito era explorado várias vezes por diferentes
tragediógrafos. O mito tem um núcleo básico,
central, que não muda, mas há elementos
secundários que podem ser modificados e há
espaço para criação de novos elementos.
E é nesse campo que os tragediógrafos podiam
exercer suas habilidades e sua criação-
inovação. A arte do tragediógrafo, sua
excelência, consistia na capacidade de dar um
tratamento inovador a um mito tradicional.
A inovação não reside no tema, mas na
abordagem que dele se faz.
Temática da Comédia
A comédia tem uma temática variada. E, por vezes, ela se serve da
tragédia como escada, parodiando tragédias conhecidas do público e,
por assim dizer, transformando-as em algo digno de riso.
A comédia pode servir-se de mitos tradicionais, mas de um modo bem
diverso daquele utilizado regularmente na tragédia.
Os tragediógrafos exploram o mito em sua profundidade e
contradição, um comediógrafo vai parodiá-lo para retirar-lhe o caráter
sério e trágico e transformá-lo em algo cômico e ridículo.
A comédia, por vezes, colocava os próprios deuses em situações
ridículas e, para nossa sensibilidade, humilhantes, mas, para os
gregos, não havia nisso nenhuma impiedade, ao contrário, isso se
fazia no âmbito de um festival religioso
Comédia Política X 
Comédia de Costumes.
A comédia tem, via de regra, uma temática atual.
Existe uma dupla possibilidade: comédia política ou comédia de costumes.
A chamada comédia antiga, da qual Aristófanes (séc. V a. C.) é o
representante cujas obras melhor conhecemos, aborda, geralmente, a situação
política lato sensu. Aristófanes explora questões políticas, econômicas,
sociais e culturais de seu tempo, apresentando uma visão bastante crítica em
relação aos problemas enfrentados pelos atenienses e às soluções
apresentadas pelos políticos e homens influentes. Um tema muito explorado
nas comédias aristofânicas é a guerra do Peloponeso, que contrapôs Atenas
(cidade de Aristófanes) e Esparta e trouxe resultados nefandos para a
primeira. As desgraças trazidas pelo conflito modificam substancialmente a
vida dos atenienses, principalmente dos que vivem na região rural. O
comediógrafo manifesta constantemente seu desejo de uma paz duradora, que
traga consigo prosperidade. Portanto, o binômio guerra-paz é recorrente nas
comédias aristofânicas.
Atual é também a temática da chamada comédia nova, cujo representante
melhor conhecido por nós é Menandro (séc. IV e III a. C.). Se a comédia antiga
aborda assuntos do âmbito social, a comédia nova, ao contrário, concentra-se
em temas privados, na comédia de costumes, partindo frequentemente do
âmbito da vida familiar. Menandro explora as relações familiares (pais e filhos,
irmãos etc.) ou de vizinhança. Ele exprime, em uma certa medida, a atualidade
dessas relações, conforme elas eram vivenciadas em sua época e lugar. Mas
elas, por sua própria natureza, apresentam também um certo caráter universal
e atemporal. O relacionamento entre pais e filhos, entre familiares e entre
vizinhos é algo que se vê basicamente em todas as culturas através do tempo
e do espaço. É, portanto, uma temática muito mais acessível do que a social,
que pressupõe um conhecimento de detalhes específicos relativos à história, à
política e à cultura de um determinado tempo e lugar

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