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IST + DIPA IST - INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS - alerta-se a população sobre a possibilidade de ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas → estratégias de atenção integral, eficaz e resolutiva. ★ Herpes Genital ★ Cancróide ou Cancro mole ★ Linfogranuloma Venéreo ★ Donovanose ou Granuloma Inguinal ★ Cervicites/Uretrites por gonococo e clamídia ○ CERVICITE ○ Definição - colo → 2 tipos diferentes de células epiteliais: epitélio escamoso (ectocervice) e epitélio colunar (endocervice) - ectopia é um processo fisiológico frequente na fase reprodutiva da mulher, caraterizado pela presença de epitélio glandular na ectocérvice, expondo o frágil epitélio colunar ao meio vaginal, o que favorece o acesso aos vasos sanguíneos e linfáticos, diminuindo as barreiras contra infecções e favorecendo a aquisição de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). - ectopia também pode ser um importante fator secundário na transmissão de infecções genitais - A causa de inflamação cervical depende do tipo do epitélio afetado. - A cervicite ou cervicite mucopurulenta ou endocervicite é a inflamação do epitélio colunar endocervical, ou seja, do epitélio colunar do colo uterino. ○ Etiologia - + frequente → Chlamydia trachomatis e a Neisseria gonorrhoeae → infectam apenas o epitélio glandular → endocervicite mucopurulenta. ❖ Neisseria gonorrhoeae - diplococo Gram-negativo intracelular, não flagelada, não formadora de esporos, encapsulada, e anaeróbia facultativa. - sequelas, como infertilidade, gravidez ectópica, DIP, trabalho de parto prematuro ou prematuridade - tropismo pelo epitélio colunar e transicional do TGU - capaz de infectar faringe, conjuntiva e articulações. - Além de ser o agente das uretrites gonocócicas, é um dos patógenos primários da doença inflamatória pélvica. - a infecção pelo gonococo facilita a transmissão do HIV - decorrência do processo inflamatório desencadeado, a cervicite por NG costuma ser quase sempre muito mais exuberante e sintomática - Exsudato purulento ou mucopurulento endocervical visível no canal endocervical ou em uma amostra de swab endocervical (vulgarmente designado por “cervicite mucopurulenta” ou cervicite) - Sangramento endocervical facilmente induzido pela passagem suave de um cotonete ou escovinha através do orifício endocervical. Um ou ambos os sinais podem estar presentes. O colo fica edemaciado e aumenta seu volume, ficando com aspecto congesto - Outras queixas: Corrimento e/ou sangramento vaginal irregular no período intermenstrual e sangramento pós-coito, Fluxo vaginal anormal ou disúria, Bartholinite, Doença inflamatória pélvica ❖ Chlamydia trachomatis - bacilo Gram-negativo intracelular obrigatório - tropismo pelas células epiteliais da conjuntiva, uretra, endocérvice e tuba. - agente mais comum das uretrites não gonocócicas e é um dos patógenos primários da doença inflamatória pélvica. - alto grau de morbidade e potencial de complicação (de trabalho de parto prematuro, endometrite puerperal, DIP aguda, esterilidade conjugal e dor pélvica crônica) - 70% assintomática - quadro clínico, podem ocorrer: colo edemaciado (volume aumentado), hiperemiado, com mucorreia (eventualmente purulenta), friável (sangra fácil ao toque); acentuação do ectrópio (mácula rubra), dor no ato sexual e à mobilização do colo uterino ao exame ginecológico - Há 17 sorotipos diferentes. - sorotipos D a K → infecções geniturinárias, e os L1, L2 e L3 → linfogranuloma venéreo. ❖ Mycoplasma hominis ❖ Ureaplasma ❖ urealiticum herpes-simplex vírus ❖ bactérias da flora vaginal ❖ Trichomonas vaginalis. ○ Fatores de risco - mulheres sexualmente ativas < 25 anos - novas ou múltiplas parcerias sexuais - parcerias com IST - história prévia ou presença de outra IST - uso irregular de preservativo URETRITE ★ são ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) → inflamação da uretra acompanhada de corrimento, apresentando características epidemiológicas, clínicas, etiologia e fatores de risco muito semelhantes aos das cervicites ★ fatores de risco: idade jovem, baixo nível socioeconômico, múltiplas parcerias ou nova parceria sexual, histórico de IST e uso irregular de preservativos. ★ etiologia: N. gonorrhoeae e a C. trachomatis. Outros agentes, como T. vaginalis, U. urealyticum, enterobactérias (nas relações anais insertivas), M. genitalium, HSV e infecções não sexualmente transmissíveis como adenovírus e Candida spp. são menos frequentes. ★ Na maioria das vezes, os patógenos causadores das uretrites podem ser transmitidos por relação sexual vaginal, anal e oral ★ clínica: corrimento uretral pode ter aspecto que varia de mucoide a purulento, com volume variável, estando associado a dor uretral, prurido, eritema e disúria ○ Clínica - Cervicite - assintomática - 70-80% (se n tto → complicações) → endometrite, doença inflamatória pélvica, maior risco p/ HIV e CA cervical - sintomática → corrimento vaginal, sangramento intermenstrual ou pós-coito, dispareunia, disúria, polaciúria e dor pélvica crônica. - exame físico → dor à mobilização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo, edema cervical e sangramento ao toque da espátula ou swab (friabilidade do colo uterino) - pode tbm síndrome uretral e sangramento vaginal pós-coito (sinusiorragia). ○ Clínica - Uretrites - uretrites, estas também podem ser assintomáticas ou acompanhadas de corrimento uretral com aspecto que varia de mucoide a purulento, com volume variável, estando associado a dor uretral (independentemente da micção), disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de meato uretral. ○ Abordagem etiológica - custo p/ identificar os agentes → alto → tto conjunto p/ gonococo e clamídia é + conveniente e econômico. ➢ cervicite por gonococo - mulher → coloração Gram tem uma sensibilidade de 30% → não é indicada. - pode ser diagnosticada pela cultura do gonococo em meio seletivo (Thayer-Martin modificado), pelas amostras endocervicais. - diagnóstico laboratorial da cervicite pela C. trachomatis e N. gonorrhoeae→ método de biologia molecular (NAAT). - resultado → infecção por algum desses patógenos → tto parcerias sexuais e pct - ausência de laboratório → manejo das cervicites por clamídia e gonococo → tto das parcerias sexuais de homens portadores de uretrite. - oftalmia neonatal gonocócica → esfregaço corado de exsudato conjuntival pelo método Gram (↑ sensível e específico) - td criança com oftalmia neonatal → tto para gonococo e clamídia. - conjuntivite → marcador de infecção neonatal generalizada. - excluída infecção sistêmica, instituindo-se medidas para prevenção de infecção hospitalar. - mãe e a parceria sexual → tratadas p/ gonorreia e infecção por clamídia, submetidas a exame genital e testadas para sífilis, HIV e HBV. ➢ cervicite por clamídia - diagnóstico definitivo → cultura em células de McCoy (pouco acessível na prática e muito complexa sua realização) e pela imunofluorescência direta de material coletado do colo uterino (leitura do resultado é subjetiva e a confiabilidade depende do técnico, com sensibilidade e especificidade semelhante ao ELISA). - Os testes de triagem de clamídia mais sensíveis p/ populações de baixo risco → DNA de amostra urinária. - PCR e o ELISA de material endocervical têm 88,6% e 65% de sensibilidade - amostra urinária atingem 96,5% e 38% de sensibilidade. - A triagem da infecção por clamídia, independentemente dos sintomas, para grupos e/ou situações clínicas específicas, é outra estratégia a ser buscada, a depender de recursos financeiros, materiais e pessoais → priorizar as gestantes (pelo risco de complicações) e as adolescentes (prevenir a infertilidade futura, no grupo com maior prevalência). - MS → adolescentes e jovens (≤ 30 anos) para se checar a frequência conforme os subgrupos populacionais ou práticas sexuais - CDC → rastreamento anual em sexualmente ativas < 25 anos, > 25 anos + fatores de risco (vários parceiros, exposição a outras IST, história prévia de DIP, idade precoce da 1ª relaçãosexual ou troca recente de parceiro) ou gestantes. - oftalmia neonatal → corante Giemsa em células epiteliais da conjuntiva → inclusões intracitoplasmáticas de C. trachomatis (difícil aplicação na atenção básica). Outra opção diagnóstica é a Imunofluorescência Direta (IFD) → C. trachomatis no RN (serviços de saúde - exame disponível p/ testagem em larga escala). ○ Diagnóstico ➔ Técnicas de biologia molecular: a PCR e a detecção de DNA e ampliação do sinal (captura híbrida) são testes mais sensíveis do que a cultura para o diagnóstico de cervicite e uretrite por CT/NG ➔ Cultura (meio de McCoy): é considerado o teste de referência para a detecção de CT. sensibilidade da cultura pode ser prejudicada - RARO ➔ Bacterioscopia de secreção endocervical: swab endocervical disposto em esfregaço corado pelo Gram. Procurar diplococos Gram (-) no citoplasma de polimorfonucleares neutrófilos. A coloração das amostras pelo Gram, embora tenha sensibilidade na mulher de apenas 50%, pode ser realizada com muita facilidade em qualquer local que disponha de microscópio óptico ➔ Cultura em meio de Thayer-Matin: cultivar a secreção endocervical diretamente no meio ou usar meio de transporte apropriado (anaerobiose); ➔ Imunofluorescência direta: o uso de anticorpos poli/monoclonais conjugados com substâncias fluorescentes, como a fluoresceína, identifica componentes da membrana externa da clamídia. É uma técnica que pode ser influenciada por problemas de coleta e fixação do material. Materiais com pouca quantidade de células epiteliais e presença de sangue propiciam resultados falsos-negativos ➔ Métodos imunoenzimáticos: os testes EIA (enzyme immunoassay) e ELISA (enzymelinked immunosorbent assay) permitem a pesquisa de CT em grande número de amostras. Têm menor sensibilidade que a cultura celular e os métodos de biologia• molecular. Um teste ELISA conjugado com tecnologia automatizada oferece ótimos resultados. Porém, o elevado preço do equipamento, dos reagentes e componentes do conjunto inviabiliza o seu uso rotineiro ➔ Detecção de anticorpos: a pesquisa de anticorpos tem valor diagnóstico nas infecções complicadas, como linfogranuloma venéreo, tracoma, endometrite, salpingite, periepatite, síndrome de Reiter e pneumonia. Não é usada em diagnóstico de infecções superficiais como uretrite e cervicite. ○ Tratamento ❖ MS - Infecção gonocócica não complicada (uretra, colo do útero, reto e faringe) → Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única + Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única. - Infecção gonocócica disseminada → Ceftriaxona 1 g, IM ou IV/dia, completando ao menos 7 dias de tratamento + Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única. - Conjuntivite gonocócica no adulto → Ceftriaxona 1 g, IM, dose única. - Infecção por clamídia → Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única OU Doxiciclina 100 mg, VO, 2×/dia, 7 dias (exceto gestantes). ❖ CDC ➢ Cervicite, uretrite e infecção retal por gonococo ■ Ceftriaxona 250 mg, IM, dose única. Alternativa ■ Cefixime 400 mg, VO, dose única ➢ cervicite por clamídia ■ Azitromicina 1 g, VO, dose única OU ■ Doxiciclina 100 mg, VO, 12/12h, por 7 dias Alternativas ■ Base de eritromicina 500 mg, 4×/dia, por 7 dias; ou ■ Etilsuccinato de eritromicina 800 mg, VO, 4×/dia, por 7 dias; ■ Levofloxacina 500 mg, VO, dose única por 7 dias ou ■ Ofloxacina 300 mg, VO 2x/d por 7 dias ❏ GESTANTES COM CERVICITE e URETRITE ➢ Infecção gonocócica - risco de prematuridade, rotura prematura de membranas, perdas fetais, crescimento intrauterino restrito e febre puerperal. - RN → conjuntivite, septicemia, artrite, abscessos de couro cabeludo, pneumonia, meningite, endocardite e estomatite. ➢ Infecção por clamídia - partos prematuros, amniorrexe prematura, endometrite puerperal, além de conjuntivite e pneumonias do RN - RN de mãe → com infecção da cérvice por clamídia corre alto risco de adquirir a infecção durante a passagem pelo canal de parto → quinolonas, o estolado de eritromicina e doxiciclina são contraindicados na gravidez !!! - tto da gonorreia na gestação → cefalosporina, e em casos de alergia, recomenda-se a dessensibilização da paciente ➢ Clamídia - Azitromicina 1 g em dose única. Alternativas: - Amoxicilina 500 mg, 8/8h, por 7 dias; ou - Base de eritromicina 500 mg, 6/6h, por 7 dias; ou - Base de eritromicina 250 mg, 6/6h, por 14 dias; ou - Etilsuccinato de eritromicina 800 mg, VO, 6/6h, por 7 dias; ou - Etilsuccinato de eritromicina 400 mg, VO, 6/6h, por 14 dias. ➢ Gonorreia - Ceftriaxona 250 mg, IM, dose única; ou - Espectinomicina 2 g, IM, dose única (alergia à cefalosporina). → oftalmia neonatal = conjuntivite purulenta do RN (1º mês de vida) → cegueira, especialmente quando causada pela N. gonohrroeae. - tratada imediatamente → prevenir dano ocular. - RN é levado ao serviço de saúde pelo eritema e edema de pálpebras e conjuntiva e/ou presença de material mucopurulento nos olhos. - conjuntivite por clamídia é bem menos grave e seu período de incubação varia de 5 a 14 dias. A frequência relativa da infecção pelos dois agentes etiológicos depende da prevalência dessas IST em gestantes e do uso da profilaxia ocular na primeira hora após o nascimento a qual é efetiva contra N. gonorrhoeae, mas frequentemente não o é contra C. trachomatis. - Na ocasião do parto vaginal, o risco de transmissão vertical situa-se entre 30 e 50%, tanto para N. gonorrhoeae como para C. trachomatis. ★ DIPA
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