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Análise crítica da narrativa histórica 1492 a conquista do paraíso

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Análise crítica da narrativa histórica 1492: a conquista do paraíso
O roteiro do filme 1492: a conquista do paraíso busca retratar o percurso de colonização espanhola protagonizado por Cristóvão Colombo, navegador e explorador italiano que trabalhou ao lado da Espanha no processo de exploração e descoberta da américa e colonização hispânica. 
O filme possui uma narração em que Colombo é a figura central a ser retratada em seu processo de pré e pós colonização com o desenvolvimento de planejamento, idealização, aprovação e finalmente exploração até a conquista. A narrativa vai retratar a igreja católica e sua soberania e influência monárquica no processo de aprovação dos planos de exploração marítima de Colombo em busca do “novo mundo”. 
Colombo sem a aprovação e auxílio dos monarcas parlamentares encontra asilo na Coroa Espanhola e assim com os devidos investimentos inicia-se a navegação exploradora rumo ao norte e as terras inexploradas deixando sempre em destaque a não intenção de proliferação da palavra de Deus, mas usando as cruzadas católicas como escudo para suas reais intenções.
No então momento de chegada as novas terras a narrativa do filme passa a agir de forma confusa em detrimento aos acontecimentos e territórios explorados pelos colonizadores espanhóis. Nesse contexto então a tripulação juntamente de Colombo vai desembarcar no futuro porto de San Salvador e a partir desse momento a narrativa se torna confusa, pois Cristóvão com seus “soldados” partem dali para outras terras, passando de ilhas a ilhas convivendo com diversas tribos indígenas e é nesse ponto que podemos perceber a primeira talvez contradição da construção cinematográfica histórica do filme. 
Colombo após atracar em Guanahani no dia 12 de outubro de 1492 e realizar seu processo exploratório colonizador nessa localização encaminhou-se a outras ilhas costeiras chegando em Cuba no dia 29 do mesmo mês, após no dia 15 de dezembro desembarcou no Haiti, mais conhecido como Hispaniola e nesta deixou ali algum de seus homens. Podemos então identificar que se formos olhar o contexto do filme dentro desses eventos Colombo então teria voltado ao Haiti e não a San Salvador, pois aquele foi o último território explorado. 
O segundo ponto questionador da narrativa cinematográfica é a fácil recepção do nativo índio ao estranho homem de roupas, no caso os espanhóis que assim que atracaram em território americano e iniciaram sua exploração receberam total atenção dos nativos que ali encontraram e sua receptividade de forma muito fácil e acolhedora e assim foi a visão passada pelo filme ao decorrer dos encontros com outras tribos nativas, mostrando então o “novo mundo” como o paraíso. Sendo assim não se é presente na narrativa informações sobre como a conquista foi verdadeiramente feita, passando uma visão de submissão por parte dos nativos a soberania europeia. Matthew Restall nos mostrará uma visão totalmente diferente da colonização em seu livro sobre os sete mitos da conquista espanhola, (mais especificamente no capítulo dos guerreiros invisíveis), essa feita através de seus principais guerreiros, sendo assim: “a busca de aliados nativos era um dos procedimentos ou rotinas corriqueiros das atividades espanholas de conquista nas Américas.”. Podemos então afirmar o que vemos no filme com veemência que os nativos não sentiram estranhezas e inseguranças diante dos novos visitantes já que aqueles povos nativos já possuíam suas divisões e lutas internas em seus territórios? 
Seguindo a linha de Restall, “o exemplo mais óbvio de como os espanhóis buscavam aliados nativos, procuravam detectar divisões entre os índios e delas tiravam imenso proveito...” foi então dessa forma que os colonizadores adquiriram grande parte de suas alianças. Tendo em vista essa ideia podemos então detectar que no processo de primeiro contato exploratório nos novos territórios Cristóvão e sua tripulação conheceu distintas tribos onde podemos considerar o contato de amizade e inimizade entre esses, acentuando então a aliança ou distanciamento de ambas as partes. 
O filme nos apresenta um índio aliado (amigo) que passa a viajar juntamente com Colombo para os demais territórios, “o deslocamento de aliados indígenas de uma zona de conquista para a seguinte foi uma prática instituída desde os primórdios das atividades nas Américas”, sendo assim podemos identificar através da visão do espanhol que a tribo de origem deste índio além de seus aliados se tornaram seus colonos. Os índios então no processo de colonização atribuíam cargos como carregadores, auxiliares e futuramente saldados, entretanto esses índios eram voluntários, pois até então a visão de “irmandade” era mutua, diferentemente de épocas futuras que tratará essa relação como escravista. Podemos também vislumbrar a notória desconfiança de alguns caciques em relação a aproximação amigável do europeu, essa questão fica clara em uma das cenas em que ocorre o contato com uma tribo notoriamente mais afastada onde os espanhóis buscam ajuda para um de seus companheiros doente, o cacique em questão mesmo oferecendo amparo não deixa de demostrar sua desconfiança com os estrangeiros deixando claro o interesse deles pelas suas terras, mulheres e ouro, quando os conquistadores não possuíam nada a contribuir ou oferecer aos índios. 
Entramos então em outra contradição do roteiro, no período de colonização os povos colonizadores tenderam a carregar juntamente com eles em seus navios indiretamente as doenças europeias, sendo assim na colonização espanhola não foi diferente e o vírus que teve maior aderência em território americano foi a varíola, sendo assim o óbito entre os nativos se tornou crescente por consequência das doenças desconhecidas, sendo assim o filme relata o contrário, um cidadão europeu infectado por uma doença americana, já que os nativos eram os únicos que conheciam seus precedentes e remédios para tratamento. 
Esse primeiro contato expressado no filme entre Colombo e um líder indígena-cacique remete-nos não visivelmente a questão da nobreza indígena trabalhada por Ronald Raminelli onde o mesmo vai falar, “as alianças entre Cortés e as chefias indígenas tornaram-se estratégias vitais para o avanço e a manutenção das conquistas em territórios nem sempre hospitaleiros”. Ronald retratar relações que acontecem anos mais tarde, entretanto o contexto é o mesmo desde sempre; também teremos através de suas palavras a afirmativa de que, “das armas de fogo não garantiam vitórias as primeiros conquistadores. [...] O flagelo da fome e as epidemias também não bastavam para assegurar aos castelhanos o controle sobre os domínios [...].” Nos é então aqui reafirmado e assegurado as estratégias ocultos não contados no filme, mas que não deixaram de fazer parte do plano conquistador ao longo do processo colonizador. 
Ronaldo nos apresentará em seu estudo a questão de negociação de interesses que acontecia entre os colonizadores e os caciques naturais, essa troca acontecia em sua maioria como forma de garantia e aliados para uns e concessão de territórios para outros, sendo assim “as alianças entre Cortés e as chefias indígenas tornaram-se estratégias vitais para o avanço e a manutenção das conquistas em território nem sempre hospitaleiro.”. Como já apresentado anteriormente o número de tribos eram múltiplos e já existiam nesses territórios intrigas e conflitos entre os nativos. “[...] recorreram às chefias como intermediárias a fim de viabilizar a administração colonial.”, nesse trecho Ronald nos apresenta a estratégia administrativa colonizadora dos espanhóis para manter o controle dos povos e terras enquanto o processo de expansão colonizadora continuava a acontecer. Tenhamos então em mente que para esse “controle” espanhol acontecer ambas as partes deveriam estar de acordo, sendo assim as negociações e reconhecimento da nobreza indígena. 
A vassalagem é a estratégia tomada para realizar a união entre o rei e as comunidades indígenas, entretanto não encontramos no roteiro cinematográfico nenhum sinal dessa relação entre ospovos. Dando continuidade à autoridade possuída pelos indígenas e as relações estabelecidas entre esses com os espanhóis faremos gancho ao processo de expansão e construção que é iniciada na américa espanhola após o retorno de Cristóvão da Espanha com a devida autorização da Corte Espanhola e os monarcas que com ele retornaram a América.
Inicia-se então a construção da capital Hispaniola, o primeiro berço de civilização espanhol na América e para acontecer tais mudanças e urbanização do território é necessário mão-de-obra construtora e nesse quesito o filme retrata de forma clara o uso do nativo índio como trabalhador, que podemos dizer escravo juntamente com os espanhóis trabalhadores que atracaram na América com a monarquia espanhola. A princípio o auxílio dos índios era voluntário entretanto como vai ressaltar Restall, “os grupos nativos que não tinham o costume de prestar tributos ou agenciar mão-de-obra para os senhores, [...] ao que a resposta hispânica era a escravidão.” Uma das cenas do filme onde um índio acaba perdendo sua mão pelo corte de uma espada espanhola nos mostra a questão levantada por Matthew, da escravidão e soberania exercida pela corte espanhola nos remete a essa relação escravista que não tardou a ser banida pela Coroa espanhola, porém essa proibição demorou para acontecer, pois nos primeiros anos da conquista os nativos eram tratados como escravos na companhia dos espanhóis.
Para levantamento de análise do último ponto retratado no roteiro cinematográfico voltaremos ao início da narrativa onde Cristóvão Colombo apresenta seus planos marítimos para aprovação e entendimento de todos fazendo alusão a descoberta de novas terras, povos e principalmente a propagação da palavra de Deus, sendo assim buscava aprovação também da igreja católica para desempenhar seus planos colonizadores alegando que esses novos eram de certa forma não pecadores, livres do pecado, “[...] os índios eram páginas em branco e aceitaram prontamente a conversão por não serem contaminados pelo islão e judaísmo.”, “Os índios seriam, assim, recebidos como cristãos sinceros, leais à Igreja[...].”, essa questão da evangelização que deveria fazer parte do plano colonizador foi pouco explorado no filme, mas não deixamos de lembrar que a evangelização do índio não foi tão pacífica como previsto, pois os nativos já eram dotados de suas próprias religiões, fator esse que foi visto de forma desagradável pela igreja católica, entretanto para a Coroa espanhola o que importava verdadeira mente eram as riquezas do “Novo Mundo”. 
O filme então conclui sua narrativa com o descobrimento do continente americano através de um navegador chamado Américo Vespúcio contratado pela Coroa espanhola para este serviço, sendo assim Colombo além de perder sua posição como vice-rei da colônia Hispaniola também deixa de receber seu devido crédito em seu tempo de vida, sua história só passa então a ser conhecida anos após sua morte através do relato escrito de um de seus filhos. 
Concluindo o roteiro trata de forma geral o processo de descobrimento e colonização nos primeiros anos dando ênfase nos acontecimentos que norteiam o personagem Colombo acompanhando seu processo desde planejamento, até seu afastamento e velhice, seus primeiros momentos na América, contatos com os nativos, dificuldades, experiências e injustiças, mantendo seu sonho de descobrimento do continente.
Referências Bibliográficas:
RAMINELLI, Ronaldi, Nobreza Indígena na Nova Espanha. Alianças e conquistas.
RESTALL, Matthew, Guerreiros invisíveis
Rio de Janeiro 01 de março de 2020

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